GERAL
CORREIO DO POVO
Eletrocar mantém
o abastecimento
Os seis municípios atendidos pelas Centrais Elétricas de Carazinho
(Eletrocar) foram alguns dos raros
do Centro-Sul do país que não enfrentaram o blecaute de quinta-feira. Mesmo produzindo só 20% de toda a energia que distribui, a Eletrocar conseguiu segurar o fornecimento. Houve sobrecarga na rede durante alguns segundos, provocando a
seguir uma queda repentina. Isso
acabou apagando apenas as luzes
da rua, que voltaram instantes depois. A empresa fornece energia para Carazinho, Coqueiros do Sul,
Santo Antônio do Planalto, Chapada, Selbach e Colorado.
Estado faz balanço após a escuridão
Blecaute deixou 300 mil sem água na região Metropolitana. O Hospital Centenário atendeu sem luz
blecaute de quinta-feira deixou 300 mil moradores da região Metropolitana de Porto AleO
gre sem água. Segundo a Corsan, as cidades mais atingidas foram Gravataí e Cachoeirinha, onde
se localizam os sistemas de captação e estação de
tratamento da Companhia. A falta de abastecimento foi provocada pela paralisação da estação
de Cachoeirinha, por mais de 8 horas, ocasionando a queda nos níveis dos 22 reservatórios que integram o sistema que atende os municípios. Somente na madrugada deste sábado é que o serviço de fornecimento de água deveria voltar totalmente ao normal nessas duas cidades.
Apesar de a maioria do Estado, incluindo a
Capital, ter normalizado o abastecimento de luz
AE / CP
até o início da madrugada, algumas cidades, como Cachoeirinha, Gravataí e Glorinha, tiveram
ainda ontem cortes de energia elétrica em alguns
bairros, causados por problemas em dois transformadores na Subestação Gravataí II. Segundo o
presidente da Companhia Estadual de Energia
Elétrica, Vicente Rauber, o blecaute que atingiu
quase todos os municípios gaúchos foi provocado
pelo corte de toda a energia que o RS compra do
sistema interligado. Ele informou que o Estado
conseguiu manter cerca de 800 megawatts em
funcionamento nas suas hidrelétricas, num horário em que quase 3 mil megawatts são consumidos. Antes das 23h, vários bairros de Porto Alegre
já recebiam energia. Rauber não acredita na hipó-
O presidente da Eletrobrás disse
ontem que há risco de novos blecautes no país. Segundo Firmino Sampaio, o “apagão” desta quinta-feira
pode ter sido causado por um fenômeno climático. “Riscos há sempre
em qualquer sistema desse porte.”
Representantes do Programa de
Planejamento Energético da Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia da UFRJ (Coppe) e do Instituto de Estudos Estratégicos do Setor Energético, integrada por engenheiros e técnicos de Furnas, afirmam, por sua vez, que o problema
pode se repetir porque o setor está
desorganizado e precisa de investimentos e quadro técnico. O professor Maurício Tolmasquin, da Coppe,
disse que, com a privatização das
distribuidoras, o setor ficou desestruturado. A reunião para discutir o
blecaute ontem, no Rio, foi realizada
às escuras porque faltou luz.
Congresso poderá
convocar ministro
Dois parlamentares de oposição
pediram a convocação do ministro
das Minas e Energia, Rodolpho Tourinho, devido ao blecaute de quintafeira no Sul, Sudeste e Centro-Oeste
do país. Na Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) pretende levar requerimento à Comissão do
Consumidor e Meio Ambiente, para
que ele explique a pane no setor. O
parlamentar quer perguntar a Tourinho se há controle sobre as distribuidoras de energia para evitar novos blecautes como o de quinta.
Já o senador Eduardo Suplicy
(PT-SP) pediu para que seja chamado também o presidente da Agência
Nacional de Energia Elétrica, José
Mário Abdo, na convocação do ministro. Requerimento semelhante do
senador José Eduardo Dutra (PTSE) já havia sido apresentado por
motivos anteriores ao blecaute.
tese de sabotagem, mas não a descarta. “O sistema gaúcho de energia vem trabalhando no limite
da precariedade”, afirmou, salientando que o sistema nacional está estrangulado.
Durante o blecaute, que durou cerca de meia
hora em São Leopoldo, pacientes do Hospital
Centenário receberam socorro no escuro. Nada
grave ocorreu na UTI neonatal, apesar da lotação
esgotada. Na UTI adulto, foram utilizados aparelhos eletrônicos. Na emergência, três mortes foram anunciadas no momento do blecaute, mas,
aparentemente, nenhuma atribuída ao problema.
Os veradores Emílio Diniz (PSB) e Aníbal Moacir
da Silva (PSDB) reivindicam a imediata istalação
de gerador próprio no Hospital Centenário.
Assaltos, incêndios, acidentes: o caos sob trevas
O blecaute da última quinta-feira provocou danos nos
principais Estados do país. No Rio de Janeiro, durante as
cinco horas em que a cidade ficou sem luz, ocorreram vários incêndios, assaltos, acidentes e várias pessoas ficaram presas em elevadores. Um turista austríaco acabou
sendo assaltado duas vezes em dez minutos. No Hospital
Souza Aguiar, o número de pacientes aumentou durante
o blecaute, e a quantidade de cirurgias foi reduzida.
A Usina Nuclear Angra I, que fornece 10 a 12% da
energia consumida no Rio, também foi afetada. Ela parou por volta de 22h, quando operava a 100% de sua capacidade. O superintendente de produção, Kleber Consenza, explicou que a usina se desliga automaticamente
quanto é verificado algum problema no sistema Furnas.
Na cidade de Andradina, interior de São Paulo, uma
Houve quem seguisse trabalhando no Rio, mas muitos, com medo, fecharam as portas família perdeu tudo devido a um incêndio que começou
País corre o risco
de novos ‘apagões’
SÁBADO, 13 de março de 1999 — 7
na tomada da geladeira. Segundo o delegado Emílio Paschoal, que acompanhou a perícia, “caberá à companhia
de energia, e não às vítimas da tragédia, provar que os
estragos não foram provocados por descarga elétrica”.
Em Sorocaba, também no interior de São Paulo, duas
escolas foram depredadas por vândalos durante o blecaute. Na capital paulista, pontos de ônibus ficaram lotados, o trânsito ficou caótico por causa dos semáforos
apagados e houve fila nos orelhões. O metrô retirou os
passageiros dos trens e parou por mais de uma hora. Os
quiosques do Banco 24 Horas deixaram de efetuar 7 mil
operações e movimentar R$ 630 mil devido à falta de luz.
Em Foz do Iguaçu, a subestação de Furnas parou de
funcionar por cerca de uma hora. Das 18 turbinas da Hidrelétrica de Itaipu, duas estavam em manutenção de rotina, e as outras 16 tiveram que ser desligadas.
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