COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Compactação de Diferentes Resíduos no Aterro Sanitário de Belo Horizonte Cícero Antônio Antunes Catapreta Superintendência de Limpeza Urbana, Belo Horizonte, Brasil, [email protected] Gustavo Ferreira Simões UFMG, Belo Horizonte, Brasil, [email protected] RESUMO: O monitoramento da compactação de resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários é uma ferramenta importante no controle e avaliação do comportamento de aterros sanitários. No entanto, pouca atenção tem sido dada ao controle do peso específico de diversos tipos de resíduos que são dispostos em aterros sanitários. Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir os resultados obtidos na compactação dos resíduos sólidos urbanos (RSU), resíduos de construção e demolição (RCD) e resíduos de serviços de saúde (RSS) dispostos no aterro sanitário de Belo Horizonte, Brasil. O peso específico observado para os RSU variou entre 7 e 11 kN/m3, com um valor médio de 9 kN/m3. Para os RCD verificou-se uma média de 16 kN/m3. Em relação aos resíduos de saúde, provavelmente devido ao alto teor de plásticos, os resultados obtidos foram mais baixos, com valores médios de 2,9 kN/m3. Apesar da importância deste tipo de parâmetro durante a concepção e operação de aterros sanitários, os dados operacionais como os aqui apresentados não são comuns na literatura especializada. PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos, Aterro Sanitário, Compactação, Peso Específico. 1. INTRODUÇÃO estabilidade, principalmente no caso de aterros que possuem altura elevada. O peso específico inicial de resíduos sólidos dispostos nos aterros varia com o seu modo de operação, as características de compactação dos componentes individuais de resíduos sólidos, bem como a composição de resíduos. Se os resíduos dispostos no aterro são espalhados em finas camadas e compactados contra uma superfície inclinada, uma alta eficiência da compactação pode ser alcançada. Com um mínimo de compactação, o peso específico inicial será um pouco menor que o compactado em um veículo de coleta (Tchobanouglos et al., 1993). O tipo, tamanho e número de equipamentos compactadores também podem influenciar diretamente a eficiência do processo de compactação. Os equipamentos empregados na compactação de resíduos sólidos, no Brasil, mesmo em grandes aterros, são os tratores de pequeno e médio peso sobre esteiras com lâmina. Esses equipamentos apresentam alguns aspectos de operação que, associadas às A geração e o gerenciamento de resíduos sólidos nas grandes cidades configuram-se como um dos grandes problemas ambientais, sociais, econômicos e de infra-estrutura a ser equacionado nesses centros urbanos. Eles vêm sendo causa de transtornos para os gestores públicos, já que esses se deparam com a grande dificuldade em se encontrar áreas adequadas para disposição final desses resíduos, assim como necessita de técnicos especializados para lidar com o manejo desses resíduos. A adequada compactação dos resíduos nos aterros sanitários é uma etapa de extrema importância dentre as atividades relacionadas à disposição final, pois é um método eficiente para otimizar a utilização do espaço nessas unidades e aumentar seu tempo de vida útil. No que se refere às propriedades geomecânicas dos resíduos, a compactação reduz a compressibilidade e a permeabilidade, e aumenta a resistência dos resíduos, proporcionando melhores condições de 1 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. forma não muito sistemática e regular. No aterro sanitário de Belo Horizonte, este controle vem sendo realizado desde o ano 2000 e tem-se mostrado eficiente. Neste trabalho são apresentados e comentados os resultados obtidos ao longo dos sete anos de monitoramento contínuo da compactação de diferentes tipos de resíduos sólidos (urbanos, construção e demolição, serviços de saúde) no aterro sanitário de Belo Horizonte, MG. características dos resíduos sólidos brasileiros, propiciam uma compactação mais eficiente desses resíduos. O uso de compactadores pesados, como os compactadores de rodas de aço, com lâmina para empurrar e espalhar os resíduos, especialmente concebido para essa finalidade, é comum em países desenvolvidos, uma vez que, como seus resíduos são mais secos (menor quantidade de matéria orgânica) que os brasileiros. Nessas condições, os equipamentos com rodas metálicas com gomos ou patas se mostram mais eficientes que as esteiras, típicas dos equipamentos comumente empregados no Brasil. Para o compactador com gomos, trabalhar no plano horizontal favorece a compactação, pois confere maiores penetrações dos gomos. Um declive suave também possibilita o desenvolvimento de maiores velocidades e, conseqüentemente, maior produtividade do equipamento. Já com o trator de esteiras, para se conseguir uma boa compactação, deve-se trabalhar no sentido ascendente, com inclinação suficiente para impor uma distribuição de cargas na base das esteiras de maneira a propiciar concentração do peso do equipamento na parte traseira do sistema de esteiras, fazendo com que o volume de resíduos seja reduzido de forma mais eficiente e garantindo desempenho e produção adequados, compatível com a velocidade de descarga dos resíduos. Outro fator que interfere na compactação dos resíduos é a sua composição. Quanto maior o teor de matéria orgânica, maior será a facilidade de promover uma melhor compactação dos RSU. Considerando a importância da compactação de resíduos em aterros sanitários e os diversos fatores que podem influenciá-la, o seu acompanhamento e monitoramento se tornam essenciais para se garantir boas condições operacionais e de segurança desses empreendimentos. Apesar da importância da compactação de resíduos sólidos em aterros sanitários, o monitoramento e a avaliação sistemática do desempenho desta atividade não são comuns. No Brasil, são poucos os aterros que possuem este controle e mesmo assim a maioria o faz de 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Aterro Sanitário de Belo Horizonte O aterro sanitário de Belo Horizonte integra a Central de Tratamento de Resíduos Sólidos (CTRS) da BR 040, localizada na região Noroeste do município. A CTRS ocupa uma área de 144 hectares, sendo que o aterro sanitário abrange cerca de 65 hectares, que foram utilizados para disposição de resíduos ao longo de sua vida útil. O aterro sanitário teve suas atividades iniciadas em 1975 e, durante 14 anos funcionou como aterro controlado, passando a energético em 1989, época em que os gases gerados passaram a ser reaproveitados. Em 1995, passou-se a adotar a técnica de biorremediação como forma de tratar a massa de resíduos aterrada e em 2002 voltou a ser operado de forma convencional. No final de 2007, quando este aterro encerrou as atividades de disposição de resíduos sólidos urbanos, o mesmo atendia a uma população de cerca de 2,5 milhões de habitantes. Estima-se que estão depositadas nesse aterro cerca de 23 milhões de metros cúbicos de RSU (18 milhões de toneladas). Nas Figuras 1 e 2 podem ser observados o lay-out e uma vista geral do Aterro Sanitário de Belo Horizonte. 2.2 Características e quantidades de resíduos gerados Na Tabela 1 são apresentadas as quantidades de resíduos gerados em Belo Horizonte, considerando os principais grupos de resíduos. 2 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Cór ATERRO EXPERIMENTAL reg o dos Coq ueir os PM6 PM5 CX GUA D ´A PM8 CO LC HÃ O RE NO PM9 PSP 1 PM7 ETC - AMARELA Pá tio PM4 de co mpo stag em Pátio de RUA PAMPULHA com pos tagem II I DISP. RESIDUOS SERVIÇOS DE SAÚDE LA GO A CON LAGOA EM TAG ATERRO DE INERTES/RCD PM3 PSP 1 VIA DE RA TER BR 040 HOR BELO IZONTE VIA D E VENDA NOVA VIA AC ES SO NORTE PE REPRESA DA PAMPULHA RIME TR AL ÁREAS DE DISPOSIÇÃO DE RSU NORDESTE PAMPULHA ATERRO SANITÁRIO BELO HORIZONTE NOROESTE LESTE PM1 OESTE CENTRO-SUL ESTADO DE MINAS GERAIS BARREIRO Figura 1 – Lay-out geral do Aterro Sanitário de Belo Horizonte Figura 2 – Aterro Sanitário de Belo Horizonte Ano Tabela 1 – Quantidade de resíduos sólidos gerados em Belo Horizonte (2005 – 2009) Resíduos de Resíduos de Resíduos Sólidos Resíduos Sólidos Total Construção e Serviços de Saúde Domiciliares Públicos Demolição(1) ton % ton % ton % ton % ton % 2005 590.061 47,3 324.295 26,0 316.599 25,4 17.889 2006 557.674 42,7 350.353 26,9 381.976 29,3 14.925 2007 599.171 35,4 323.395 19,9 755.711 44,6 16.788 2008 574.171 32,1 463.987 25,9 740.864 41,4 11.680 2009(2) 298.366 21,5 180.195 13,0 894.764 64,6 12.280 Total 2.619.443 1.642.225 3.089.914 73.562 (1) Inclui resíduos enviados para processamento nas estações de reciclagem (2) Resíduos domiciliares e públicos: informações até junho de 2009. 2.2.1 Resíduos sólidos urbanos – RSU 1,4 1.248.844 100,0 1,1 1.304.928 100,0 1,0 1.695.065 100,0 0,7 1.790.702 100,0 0,9 1.385.605 100,0 - 7.425.144 - A Tabela 2 apresenta uma classificação dos resíduos encaminhados ao aterro sanitário de Belo Horizonte segundo a origem. A Tabela 3 apresenta a composição gravimétrica média dos resíduos sólidos domiciliares. Destaca-se o percentual de resíduos de construção e demolição – RCD (40,3%) que representam grande parcela dos resíduos Em 2007, quando o aterro sanitário de Belo Horizonte encerrou as atividades, eram dispostas cerca de 4.000 t/d de resíduos sólidos urbanos, gerados por uma população de aproximadamente 2,5 milhões de habitantes. 3 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. gerados no município. Este material, quando da operação do aterro sanitário, era utilizado na manutenção de vias internas do aterro sanitário e como cobertura diária. O excedente era disposto em aterro específico para este tipo de resíduo ou encaminhado para reciclagem nas Estações de Reciclagem de RCD existentes em Belo Horizonte. Em relação aos resíduos sólidos domiciliares, verifica-se um alto percentual de material orgânico (61,6%). Em estudo realizado em 1995, este percentual correspondia a aproximadamente 65% (Mercedes, 1995). Como pode ser observado em Catapreta e Simões (2008), o percentual de matéria orgânica gerada em Belo Horizonte, não apresentou variação muito significativa ao longo dos últimos 30 anos. para disposição e coleta adequadas do entulho até alternativas para seu reaproveitamento. Além do pioneirismo dessas ações, o fato de um programa municipal ter continuidade por mais de 10 anos é um diferencial significativo, pois outros municípios brasileiros que também implantaram ações semelhantes não conseguiram mantê-las ao longo do tempo. Foram também implantados programas alternativos, que consistiram na instalação de 3 Usinas de Reciclagem de Entulhos e 29 Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes (URPV), para recebimento de pequenos volumes carregados por pequenos transportadores de entulho, em especial os carroceiros. Entretanto, grande parte dos RCD gerados era encaminhada ao aterro sanitário e utilizada como matéria prima, na cobertura diária dos RSU e na manutenção de vias. Com a desativação do aterro sanitário em 2007, os RCD passaram a ser dispostos em um aterro preparado exclusivamente para esta finalidade. Esse aterro possui capacidade para receber até 276.000 m3 de RCD (SLU, 2005) e vida útil estimada em 3 anos. Na Figura 3 pode ser observada uma vista geral desse aterro de RCD. Tabela 2 – Resíduos encaminhados ao aterro sanitário de Belo Horizonte, segundo a origem (SLU, 2009) Componente Resíduos da Coleta Domiciliar Resíduos de Serviços de Saúde Resíduos Públicos Resíduos de Coletas Particulares Resíduos da Construção e Demolição Outros Total % em massa 29,9 0,8 24,0 4,8 40,3 0,3 100,0 Tabela 3 – Composição gravimétrica dos resíduos domiciliares de Belo Horizonte (SMLU, 2004) Componente Matéria orgânica Papel Plástico Metal Vidros Outros Total % em massa (base úmida) 61,6 9,5 10,9 2,3 2,9 12,9 100,00 Figura 3 – Vista geral do aterro de RCD Os resíduos da construção e demolição que eram encaminhados para disposição no aterro de RCD são aqueles classificados como “Classe A” pela Resolução 307 do CONAMA (CONAMA, 2002), ou seja, aqueles passíveis de serem reutilizados ou reciclados. 2.2.2 Resíduos de construção e demolição (RCD) Segundo Fiúza et al. (2007), Belo Horizonte é considerada referência nacional na gestão de resíduos da construção civil, principalmente, pelo fato de ter implementado, no início dos anos 90, um programa de gestão de resíduos de construção civil que incluía desde alternativas 2.2.3 Resíduos de serviços de saúde Entre os anos de 1975 e 1999 os resíduos de serviços de saúde foram dispostos em áreas 4 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. especiais, preparadas para essa finalidade. Em 1999, essas áreas exauriram-se, passando os RSS a serem co-dispostos com os RSU no aterro sanitário. Em 2006, com a reestruturação do aterro sanitário, visando à ampliação de sua vida útil, os RSS passaram a ser dispostos em uma área específica. Essa área constitui-se de uma Célula Hospitalar, com dimensões de internas de 150 m x 150 m, e altura de 5,0 m, a qual foi impermeabilizada com uma camada argilosa compactada de 0.60 cm de espessura subjacente a uma geomembrana de PEAD de espessura de 2,0 mm e uma camada de proteção mecânica com espessura de 0.60 m. A forma de disposição desses resíduos tem exigido que sejam adotados procedimentos especiais, que visem à segurança dos operadores e trabalhadores da frente de operação. Nas Figuras 4 e 5 são apresentadas uma vista geral da Célula de RSS e a operação de aterragem desses resíduos. papéis, vidros e pequenas quantidades de matéria orgânica. 2.3 Metodologia de compactação A metodologia empregada para a compactação dos resíduos sólidos urbanos (RSU) e de serviços de saúde (RSS) é a mesma e envolve o controle de alguns aspectos operacionais. O processo de aterragem consistia na descarga e espalhamento dos resíduos, em camadas de até 0,5 m, na frente de operações do aterro sanitário, em rampas com inclinações de aproximadamente 1 (Vertical) : 3 (Horizontal). Posteriormente, o equipamento compactador passava sobre os resíduos de 3 a 5 vezes, de forma a promover a sua compactação. Ao longo do dia, era realizada a cobertura dos resíduos dispostos e, ao final do dia, era feita a cobertura da rampa de aterragem. Todos os resíduos que eram descarregados na frente de operações eram pesados e, semanalmente, era aferido o volume de resíduos compactados, por meio de levantamentos topográficos convencionais. A compactação era realizada com tratores de esteiras com lâminas, com massa de 17 t, podendo exercer uma pressão de até 4 t/m2, aproximadamente. Para os RSU e RSS, a compactação ocorria no sentido ascendente e para os RCD no sentido descendente da rampa de aterragem. Destaca-se que em função das características dos RCD’s, não era necessário a realização de cobertura diária e final. O peso específico dos resíduos foi determinado por meio do controle topográfico convencional da frente de operação, onde era determinado o volume de resíduos aterrados, e dos valores diários de pesagem de resíduos nas balanças do aterro sanitário. A metodologia empregada na determinação do peso específico dos resíduos foi apresentada e discutida em Catapreta et al. (2006) A Figura 6 apresenta uma vista da frente de operações do aterro sanitário de Belo Horizonte. Figura 4 – Vista geral da Célula de disposição de RSS Figura 5 – Aterragem de RSS Esses resíduos não foram caracterizados ainda, mas quantitativamente as principais frações observadas são materiais plásticos, 5 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. 35,00 H1 30,00 H2 Frequência (%) 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 7,0< 7,0 a 8,0 8,1 a 9,0 9,1 a 10,0 10,1 a 11,0 >11,0 3 Faixa de Valores (kN/m ) Figura 7 – Distribuição de freqüência dos pesos específicos dos RSU (2000 a 2007) Figura 6 – Frente de operação do aterro sanitário de Belo Horizonte Embora possa ser verificada uma grande variação dos valores observados, dada a complexidade de execução dessa operação e os diversos fatores que podem influenciar na compactação dos resíduos, os valores apurados indicam um bom desempenho dos procedimentos operacionais empregados. A maioria dos valores observados situaram-se na faixa de 7 a 11 kN/m3, com uma de 9 kN/m3. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Resíduos sólidos urbanos (RSU) A análise da compactação dos RSU foi realizada considerando os registros do monitoramento de campo e abrangeu um período de 8,0 anos (2000 – 2007). O teor de umidade médio dos resíduos era de 60% (base úmida). A hipótese H1 considera o peso dos resíduos dispostos no aterro e a respectiva cobertura diária (0,50 m de solo), enquanto H2 representa o peso específico obtido sem considerar a cobertura diária dos resíduos. Na Tabela 4 é apresentada a distribuição de freqüência por faixa de peso específico, enquanto que a Figura 6 ilustra esses resultados. Como observado na Figura 7, as curvas de distribuição de freqüência são semelhantes para as duas hipóteses de cálculo. 18,0 16,0 Densidade (kN/m3) 14,0 <7 H1 % H2 % Faixas de peso específico (kN/m3) 7 a 8 8.1 a 9 9.1 a 10 10,1a 11 >11 63 111 95 53 34 390 8,7 16,2 28,5 24,4 13,6 8,7 100,0 6 18 44 43 21 11 143 4,2 12,6 30,8 30,1 14,7 7,7 100,0 90% 10% 8,0 Mín 6,0 Máx 4,0 75% 0,0 H1 H2 Hipótese Figura 8 – Representação gráfica da análise estatística descritiva da variação dos pesos específicos. Tabela 5 – Estatística descritiva dos pesos específicos dos RSU (kN/m3) (2000 a 2007) H2 Função H1 Mínimo 4,5 5,0 Máximo 16,6 17,1 Mediana 9,0 9,1 Média 9,1 9,3 Desvio padrão 1,6 1,7 Coef. Var 0,17 0,18 Total 34 50% 10,0 2,0 Tabela 4 – Distribuição de freqüência dos pesos específicos dos RSU (2000 a 2007) Hipótese 25% 12,0 Na Figura 8 pode ser observada a representação gráfica e na Tabela 5, os resultados da análise estatística descritiva para os resultados obtidos, durante o período monitorado, para cada hipótese considerada. Outra variável monitorada foi a inclinação da rampa da frente de operações do aterro sanitário. Os valores observados para a inclinação da rampa de compactação variaram de 1:2,2 (V:H) até 1:8,1, com média de 1:3,9. 6 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. 3.3 Resíduos de construção e demolição (RCD) A Figura 9 relaciona os pesos específicos obtidos e as inclinações da rampa de aterragem. Percebe-se que mesmo com as mais baixas inclinações, elevados pesos específicos foram obtidos. Na Tabela 7 são apresentados os resultados do peso específico dos resíduos de construção e demolição (RCD) dispostos, no período janeiro de 2008 a setembro de 2009. Como pode ser observado, os valores são superiores aos dos resíduos sólidos urbanos compactados no aterro sanitário de Belo Horizonte. Considerando que o peso específico dos RCD soltos é de 11,9 kN/m3 (valor obtido por meio de diversas amostragens) e o valor médio observado, da ordem de 16,1 kN/m3, a disposição dos resíduos tem proporcionado um ganho de 35% no peso específico. Não foram encontrados na literatura valores de referência para resíduos de construção e demolição compactados, embora os resultados obtidos sejam semelhantes aos observados para solos granulares. 15,0 H2 3 Peso Específico (kN/m ) H1 12,0 9,0 6,0 3,0 0,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 Inclinação da Rampa de Compactação (1V:nH) Figura 9 – Inclinação das rampas de compactação e pesos específicos obtidos (2001 a 2006) 3.2 Resíduos de serviços de saúde Tabela 7 – Quantidade, volume e peso específico para os RCD (2008 e 2009) Peso Volume Peso Específico Período Compactado Compactado (ton) (m3) (kN/m3) 2008 410.010 313.199 13,1 2009(1) 482.013 17,2 279.959 Mínimo 6,0 Máximo 27,4 Média 16,1 (1) Até setembro de 2009 Na Tabela 6 são apresentados os resultados do peso específico dos RSS compactados, no período de 2006 a 2009. Como pode ser observado, os valores são inferiores aos obtidos na compactação dos RSU, provavelmente em função da grande quantidade de plásticos, em detrimento da quantidade de matéria orgânica presente nos mesmos. Considerando que o peso específico solto dos RSS pode apresentar valores que variam bastante, como 1,5 e 2,8 kN/m3 (Castro, 2006; Silva & Hoppe, 2005), pode-se dizer que o valor médio observado, da ordem de 2,6 kN/m3, indica baixa eficiência da compactação nesse tipo de resíduo. 4. CONCLUSÕES O trabalho apresentou os resultados do monitoramento da compactação e do peso específico dos resíduos sólidos dispostos no aterro sanitário de Belo Horizonte. O monitoramento compreendeu um período total de oito anos. Os valores médios de peso específico obtidos para os diferentes tipos de resíduos (9 kN/m3 para RSU; 2.6 kN/m3 para RSS e 16,1 kN/m3 para RCD) estão dentro dos valores sugeridos pela literatura, indicando que as atividades de compactação foram realizadas de forma adequada. Isso se deveu ao treinamento constante da equipe de operadores dos equipamentos e ainda ao acompanhamento Tabela 6 – Quantidade, volume e peso específico para os RSS (2006 a 2009) Período Peso Volume Compactado (m3) 2006 22.407 2007 63.225 2008 40.756 2009(1) 39.821 Média (1) Até setembro de 2009 (ton) 7.082 14.411 11.632 9.112 Peso Específico Compactado (kN/m3) 3,2 2,3 2,9 2,3 2,6 7 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. civil de Belo Horizonte: avaliação de 10 anos de experiência. Anais do 24o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Belo Horizonte: ABES. Mercedes, S. S. 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McGraw-Hill International Editions. 978p. sistemático que foi realizado pela equipe da Gerência Operacional da CTRS. Considerando que as condições de operação do aterro sanitário de Belo Horizonte são semelhantes à de diversos aterros do mesmo porte no Brasil, os resultados obtidos no estudo podem contribuir para a definição de parâmetros de projeto e de operação desses empreendimentos. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte – SLU pelo apoio na realização dos trabalhos; à Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG e ao Conselho Nacional de Pesquisa – CNPQ, pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Castro, L.B. (2006) – Avaliação do serviço de coleta de resíduos sólidos domiciliares em cidade de médio porte utilizando sistemas de informações geográficas e receptores do sistema de posicionamento por satélite. Dissertação (Mestrado) – Programa de PósGraduação em Engenharia Civil, UFU, Uberlândia. 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