VIII Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar
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A INTERDISCIPLINARIDADE/TRANSDISCIPLINARIDADE BENEFICIANDO
OS INDIVÍDUOS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL: UMA EXPERIÊNCIA NO ESTÁGIO BÁSICO
Stelyus Leônidas Mariano Silveira, Jane Heringer Padilha
Porto Alegre/RS, Internação Pediátrica do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas
Introdução. A transdisciplinaridade se caracteriza por um trabalho conjunto dos profissionais da área da
saúde, onde não existe um isolamento entre as diferentes práticas, ou seja, as profissões perdem os
limites e se confundem em sentido. ‘Pensar’ o cliente/usuário/paciente, portanto, sob uma visão transdisciplinar permitiria uma avaliação biopsicossocial (visão holística do problema) qualificada por parte de
todos os membros da equipe, algo a beneficiar a resolubilidade dos serviços. O estado de vulnerabilidade
social, por sua vez, é compreendido como a condição na qual a pessoa não possui controle sobre as
variáveis que regem a sua vida, estando assim, ‘vulnerável’ as condições que se impõem diariamente. A
Psicologia integra essa equipe hospitalar, tendo grande capacidade de colaboração, afinal o psicólogo
tem como norteador do seu ‘devir’, a compreensão de todas as facetas do indivíduo. Material e métodos.
Relatos de experiência que fizeram parte do diário de campo de um acadêmico do 2º ano de Psicologia
da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, cujo estágio básico I foi realizado, em
2010, na Internação Pediátrica do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas (HMIPV). A partir disso,
o aluno fez uma revisão bibliográfica e a análise dos benefícios de uma abordagem interdisciplinar/
transdisciplinar para a resolução de dois casos presenciados durante o estágio. Resultados e discussão.
No primeiro caso relatado, a equipe multiprofissional aproximou-se dos familiares de um paciente/cliente
internado, ao qual, todos os membros da equipe, se mostravam preocupados com as condições de vida
relatadas pela mãe e avó. A equipe então, durante as reuniões por mim presenciadas, elaborou um planejamento no qual cada profissional teria de avaliar os pontos fortes e fracos da relação entre cliente e família, gerando assim uma visão integral dos fatos, sob diferentes perspectivas. Contrariada com algumas
atitudes ‘protetivas’ por parte da equipe, a mãe retirou a criança do hospital antes da ‘alta’ ser dada, algo
que frustrou a equipe – institucionalizariam a criança. No segundo caso relatado, a equipe mostrou-se
preocupada em relação ao filho de 6 meses de uma mãe adolescente cujos membros da família estavam
na drogadição e criminalidade. A equipe, durante reunião, discutiu qual seria o melhor destino para essa
criança: permanecer na família ou ser encaminhada para uma instituição? Passadas duas semanas, a
equipe se articulou em relação aos outros níveis de apoio que a rede assistencial do município oferecia,
a fim de conseguirem vaga num abrigo para infantil (objetivo alcançado).
Conclusões. As experiências de estágio, em conjunto com a reflexão feita, permitiram concluir que as
ações inter/transdisciplinares dentro de uma ala hospitalar de internação infantil ainda geram desconforto
nos profissionais. A equipe na qual estive inserido, contudo, apresentava um serviço interdisciplinar e ortogonal bem consolidado: as diferentes especialidades se debruçavam sobre os problemas emergentes
em busca de soluções, resultando em inúmeras interpretações complementares em relação a um mesmo
fato. Entendo que a interdisciplinaridade/transdisciplinaridade propicia a não-fragmentação do cliente/
paciente e, por conseguinte, uma visão micro e macrossistêmica da situação, algo fundamental em casos
de vulnerabilidade social.
Palavras-chave: Psicologia Hospitalar, Equipe Transdisciplinar, Relato de Experiência.
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