Ministerio de Salud Pública Escuela Nacional de Salud Pública Caracterização da morbidade e mortalidade pediátrica. Hospital "Dona Regina". Tocantins, Brasil. Junho – agosto; 2001. Autor: Marcus Tutor: Henrique Wächter Dr. Héctor Bayarre Vea Trabalho para optar pelo título de mestre em Saúde Pública Cidade de Habana - Cuba 2002 Se não há frutas, Valeu a beleza das flores. Se não há flores, Valeu a sombra das folhas. Se não há folhas, Valeu a intenção da semente. Henfil ( 1944 – 1988 ) 2 A memória de meu Pai, Ruthi Rodolfo Wächter, que de forma aberta e desinteressada Acompanhou-me nesta viagem pelo mundo. A Angélica e a Marcus Vinícius, pelo carinho e amor com que retribuíram minhas incompreensões. Ao Dr. Eduardo Medrado, por sua visão privilegiada do futuro e pela oportunidade de aprender a seu lado em todos estes anos. Ao Dr. Héctor Bayarre Vea, 3 pelo apoio nas horas difíceis e pelo exemplo de disciplina e Desprendimento docente. Aos queridos professores do Mestrado, por ajudarem a fazer melhor e mais humano, o mundo da saúde. A todos aqueles que convivem e conviveram comigo e que de alguma forma influíram no modo de ver o mundo. 4 Introdução 1 Objetivos 12 Método 13 Desenvolvimento 18 Considerações Finais 38 Recomendações 39 Referências Bibliográficas 40 Bibliografia 43 Anexos 5 Resumo As estatísticas de morbidade e mortalidade hospitalar têm uma importância fundamental no planejamento sanitário, enquanto produzem indicadores que medem aspectos qualitativos e quantitativos da assistência dispensada a uma população determinada. Com a finalidade de caracterizar as internações realizadas no Hospital "Dona Regina" da cidade de Palmas, Tocantins, Brasil, durante o trimestre junho – agosto do ano de 2001, realizou-se um estudo observacional descritivo, de corte transversal. A informação se obteve das Histórias Clínicas dos pacientes internados no hospital de referência. Confeccionou-se uma Base de dados no Microsoft Excel, que se processou com o Pacote de Programas SPSS em sua versão 10.1 para o Windows. A informação é apresentada através de medidas de resumos, dispostas em variáveis qualitativas e quantitativas. Entre as altas hospitalares verificadas houve um predomínio de lactentes, com ligeira vantagem para o sexo masculino, da zona urbana do município de Palmas. Entre os principais diagnósticos de alta se destacam as doenças do aparelho respiratório, seguidas pelas digestivas e as doenças infecciosas e parasitárias, exceto nos recémnascidos, cujo maior volume foi de algumas afecções originadas no período perinatal. A mortalidade hospitalar constatada se deveu a doenças do aparelho respiratório associada em alguns casos a septicemia ou insuficiência renal, afetando exclusivamente recém-nascidos e lactentes. A falta de correspondência entre o tipo de tratamento dispensado e o serviço no momento da alta, especificamente naqueles pacientes com tratamento cirúrgico, sugere a presença de problemas no fluxo de informação do Sistema de Informação Estatística do Hospital. Recomenda-se colocar os resultados à disposição das autoridades competentes, bem como continuar investigações desta temática, cujos resultados poderiam aperfeiçoar a gestão em saúde. 6 Introdução O planejamento de uma política de saúde é um processo destinado a realizar mudanças sociais deliberadas ou pretendidas. Este trabalha com uma estrutura de valores da sociedade ou que a sociedade considera importante, uma vez que leva em conta um indicativo idealista dos requerimentos futuros para essa mesma sociedade em matéria de serviços e recursos de saúde. Para a realização de uma adequada política de saúde, requer-se em primeiro lugar o estabelecimento de metas e critérios a médio e longo prazo, a partir da consideração de múltiplos fatores, com destaque para os seguintes: políticos, históricos, culturais, econômicos, científicos, tecnológicos e epidemiológicos. Incluise entre os últimos, informação relativa a mortalidade e morbidade (estado de doença). 1 A importância da medição e análise da mortalidade e morbidade, entre outros aspectos, além de ser um destacado instrumento de aferição das condições de saúde de uma população é também essencial para a administração científica dos serviços de saúde de um país, estado, município ou instituição, pois é preciso contar com informação básica, objetiva e diretamente ligada aos propósitos que se perseguem em cada instância. É notório que grande parte do conhecimento e dos indicadores para as ações em saúde são obtidos através do estudo da morbidade e da mortalidade, pois a interpretação destes dados tem um papel destacado no dia-a-dia da saúde e na padronização de medidas na área da prevenção.2 Entretanto, o planejamento dos serviços hospitalares no Brasil se realiza, geralmente, a partir da quantidade populacional que estes devem atender, sem levar em conta outras variáveis de importância, não obstante não haverem informações necessárias acerca destas ou não estarem adequadamente disponíveis, ou simplesmente, não serem utilizadas. Considerando o exposto, o Ministério de Saúde do Brasil estabeleceu que se devem realizar entre sete e nove internações hospitalares por grupo de 100 habitantes cada ano, não permitindo que os prestadores de serviços, tanto públicos quanto privados apresentem os relatórios de faturamento e estatísticos das internações que ultrapassarem o teto acima mencionado. 3 7 Com isto se limita a capacidade oficial de realizar internações em instituições públicas (ao menos em termos de registro estatístico), não considerando características importantes como a estrutura por idade e sexo, sistema de referência e contra-referência, bem como dados históricos acerca da morbidade e mortalidade de cada região, o desenvolvimento econômico e social alcançado e outros aspectos relevantes, o que pode gerar iniqüidades nos estados e municípios com relação às internações hospitalares nos serviços de saúde. Segundo opinião de especialistas, a política posta em prática a nível nacional tem ocasionado nos Estados com certo desenvolvimento da Saúde Pública, a emissão de estatísticas “falsas” ao Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH / SUS), quer dizer, em muitos destes estados e municípios se interna toda a demanda existente, ou até que a disponibilidade de recursos o permita, entretanto, só figuram na estatística (computada pelo SUS) os dados cujo volume esteja adequado ao preconizado pela cota imposta pelo Ministério da Saúde. Tal fato não possibilita um correto planejamento dos serviços e recursos de saúde, caso existisse real interesse neste sentido pelo gestor do nível nacional. O exposto anteriormente não reflete o teor da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada no ano 1988. Nesta se destaca que “a saúde é um direito de todos e dever estado, garantida mediante políticas sociais e econômicas que procurem a redução do risco de enfermidade e outros danos e o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, amparo e recuperação.4 Por outra parte, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPS), destaca que o Brasil dispõe de dados de morbidade geral, obtidos através das estatísticas do SIH/SUS. Através destas se estima que o sistema público atenda ao redor de 80 por cento da assistência hospitalar que se produz no país, com aproximadamente 1,2 milhões de internações mensais por esta via; vaticínio que pode estar afetado pela emissão de estatísticas “falsas” assinaladas com antecedência. Esta mesma fonte revela que se estima um sub-registro ao redor de 20 por cento das mortes anuais que ocorrem no país, com diferenças importantes entre regiões (com 50 por cento na região norte e nordeste, não se verificando sub-registro importante nas regiões sul e sudeste). As razões atribuídas para o sub-registro estimado incluem entre outras: a falta de tempo ou número insuficiente de locais para registro de falecimentos, a existência de cemitérios clandestinos, a deficiência quantitativa e qualitativa de profissionais 8 de saúde e justiça, a falta de esclarecimento à população da existência, importância e obrigatoriedade do registro. A falta de interesse (quando não há bens a deixar para herdeiros), as grandes distâncias a percorrer para proceder ao enterro e a falta de assistência médica são também fatores que estimulam a existência do subregistro. 2 Uma revisão das estatísticas hospitalares de distintos países revela que o número de altas hospitalares anuais por cada 100 habitantes, de países industrializados selecionados, ocorridas entre 1973 e 1977 varia entre 9.7 altas, correspondente a Inglaterra em 1975 e 18.2, consignado pela Austrália entre 1976 y1977, destacando o fato de que a maioria dos países estudados mostram cifras superiores a 14.0 altas por cada grupo de 100 habitantes. Entretanto, a mesma fonte revela que o Brasil, três décadas depois (2001), só contabiliza 7.1 altas por cada 100 habitantes, com diferenças entre as distintas regiões, estados e municípios. 1 O Estado do Tocantins apresentou, em 1997, 8.7 internações hospitalares por cada grupo de 100 habitantes (ano), com discreta redução no ano de 2001, com 8.0 internações por cada 100 habitantes, internando em média 7.921 pacientes mensalmente. Estes dados não são congruentes com a política de saúde do Estado do Tocantins, considerando que nos últimos anos foi uma preocupação constante elevar o Estado de Saúde da população. Em colaboração com o governo da República de Cuba, fortaleceu o Sistema de Atenção Primária, capacitou o pessoal de saúde e criou uma rede de hospitais comunitários cuja eficiente gestão cobre a quase totalidade da demanda de serviços públicos de saúde, atendendo inclusive casos de maior complexidade que em anos anteriores eram derivados a outros Estados. 3 A morbidade é um termo pouco preciso para medição por seu caráter relativo, já que uma pessoa pode sentir-se mais doente que outra que tem os mesmos sintomas objetivos. Mas sem dúvida o evento mais usualmente utilizado para o estudo da morbidade é a enfermidade, a qual pode representar um dado que mede em termos bastante exatos a duração, o grau de incapacidade, sintomas, causas e conseqüências.2 O estudo da morbidade apresenta algumas dificuldades, uma delas é porque a mesma não ocorre sozinha, as pessoas podem estar doentes de várias enfermidades de uma vez e, além disso, porque nela incidem diferentes aspectos conceituais, como é o caso do conceito saúde – enfermidade, que é um fenômeno dialético em que não há uma linha divisória entre saúde e enfermidade e é difícil determinar o que cada pessoa considera como completo equilíbrio bio-psico-social. A saúde poderia ser definida como “ausência de enfermidade” e enfermidade como “falta ou perturbação da saúde”, concepção simplista e pouco usada. A Organização Mundial da Saúde (OMS), definiu a saúde como um completo estado 9 de bem-estar físico, mental e social e não a mera ausência de enfermidade. Esta definição, embora mais completa que a anterior, dado o caráter dos conceitos que emprega, cria grandes dificuldades para se definir e medir um bem-estar completo. 5 Na atualidade, considera-se a saúde como um produto social, como resultado de todo processo de desenvolvimento social, entendido este último como sinônimo de desenvolvimento humano. 6 A definição de enfermidade se expressa como o conjunto de fenômenos desenvolvidos no organismo, associados a uma característica ou série de características comuns, que diferenciam esses organismos dos normais da mesma espécie e os coloca em situação biologicamente desvantajosa com relação aqueles;7 a medida de uma enfermidade consiste na contagem de sua freqüência, na identificação de suas características relacionadas com uma população específica. Mesmo considerando a imprecisão existente nas definições de morbidade, neste contexto utilizaremos a seguinte: “morbidade é o conjunto de enfermidades, traumatismos e suas seqüelas, incapacidades e outras alterações da saúde diagnosticadas ou detectadas na população durante um período de tempo”, pois a nosso ver é a mais completa entre as existentes na bibliografia consultada. 8 A morbidade é um fenômeno bio-psico-social dinâmico e cambiante. Em face da constante interação com fatores dos mais variados tipos, a vigência dos conhecimentos é relativa. Em ocasiões uma enfermidade desaparece com facilidade e aparecem outras, e inclusive algumas já erradicadas surgem de novo em diferentes contextos. Exemplo disso são as chamadas enfermidades emergentes e re-emergentes, que tanto preocupam no mundo de hoje. Na América Latina e no Caribe ao longo das duas últimas décadas do século XX se verificaram avanços significativos nos principais indicadores de saúde. Entre os mais destacados está a erradicação da poliomielite. Não obstante, quando se analisam as médias regionais e nacionais desses indicadores, podemos observar marcadas desigualdades existentes entre países e ao interior dos mesmos. Tal situação de iniqüidade, unida às transformações do perfil epidemiológico e à profunda mutação do estado observável das enfermidades, exige uma reorientação nas estratégias de ação do setor saúde e da sociedade em seu conjunto, a fim de garantir o cumprimento das propostas da Conferência de Alma Ata (1978) e da Cúpula Mundial em favor da infância.9 De maneira geral a morbidade utilizada pelos profissionais da saúde se refere a dois aspectos básicos.2 A morbidade referida, ou seja, percebida pelos indivíduos e relatada por eles em uma entrevista, e a morbidade observada ou diagnosticada por um profissional de saúde, utilizando métodos apropriados e cientificamente aprovados. Outro aspecto importante que terá que se ter em conta é a morbidade desconhecida ou não tratada, em ocasiões em que as pessoas não acorrem ao médico por diversas causas e no pior dos casos quando estas não têm acesso aos 10 serviços de saúde, aspecto significativo para aqueles lugares onde as condições sócio-econômicas e a cobertura dos serviços de saúde têm problemas. Não há dúvida que a característica de maior importância para a análise dos dados de mortalidade e morbidade é a causa da morte ou do estado mórbido das pessoas. Não basta identificar quem, quando e onde se está mais exposto ao risco de morrer ou adoecer, mas sim o fundamental é saber do que se morre ou do que mais se adoece. 10 Está perfeitamente estabelecido que os dados de morbidade e mortalidade são de importância fundamental para o planejamento sanitário, pois produzem indicadores que medem o estado de saúde da população, uma vez que permitem conhecer as demandas de serviços de saúde desta. 11 Por outra parte a informação relativa à mortalidade é fundamental para o planejamento da necessidade de leitos hospitalares e serviços médicos, pois parte importante dos falecimentos que se produzem em um território são aferidos pelos hospitais, e é nestes locais que muitas pessoas passam seus últimos momentos, afligidos por enfermidades que em algumas ocasiões dão fim a suas vidas. Tal situação não é diferente no Estado do Tocantins. Nele, aproximadamente 60.0 por cento das mortes de todos os grupos etários pertencentes ao território ocorrem no âmbito hospitalar. 12 Outro aporte importante das estatísticas de mortalidade se produz ao permitir interpretar em que momento epidemiológico se encontra determinado território, região ou país. Quer dizer, através dos dados de mortalidade pode-se ter uma idéia aproximada em que fase da transição epidemiológica se encontra a população que originou aquela mortalidade. Sendo assim, conhecemos que no Brasil os territórios do sul e sudeste já concluíram ou estão em fase conclusiva da transição epidemiológica, no entanto as regiões norte e nordeste se encontram no início desta transição. Isto pode servir para o planejamento dos serviços, pois em virtude do volume e tipo de enfermidades predominantes se podem realizar vaticínios adequados sobre as necessidades de recursos e serviços, assim como os principais serviços a desenvolver em cada território. 13 Embora nem sempre é fácil definir o que é uma morte evitável ou “excessiva”, parece claro que, ao menos em teoria, pode-se almejar taxas de mortalidade infantil e materna igual ou tendente a zero.14 Disso se depreende que não basta trabalhar para reduzir estes indicadores. Devemos trabalhar para evitar estas mortes, quer dizer, reduzi-las a zero. A mortalidade intra-hospitalar tem sido considerada como um indicador da qualidade do serviço prestado, ao refletir o número de falecimentos chamados institucionais. Naturalmente, para a comparação da mortalidade intra-hospitalar entre instituições terá que se ter o cuidado de comparar hospitais semelhantes em aspectos tais como: características da população atendida (idade,sexo, condições de vida, etc), critérios de alta hospitalar e recursos tecnológicos disponíveis, entre outros. 11 Apesar do que foi mencionado em parágrafos anteriores, são poucos os estudos verificados na literatura revisada (últimos cinco anos) acerca da morbidade e mortalidade hospitalares no Brasil. Entre os estudos encontrados, aparece somente um realizado em hospitais pediátricos do Estado de Minas Gerais, entre os anos 1994 e 1995. Neste estudo se evidencia que a maior morbidade recai em crianças do sexo masculino, com exceção do grupo de 15-19 anos, onde preponderaram as afecções relacionadas com a gravidez. Nos grupos etários restantes, preponderaram as doenças do aparelho respiratório, seguidas por enfermidades gastrointestinais. 15 O Estado do Tocantins, localizado na região norte, possui uma estrutura por idade (pirâmide demográfica)considerada jovem, quer dizer, ainda não se encontra em transição demográfica, e ligado a este fato, encontra-se em fase inicial da transição epidemiológica. Em vista disto, em relação a morbidade preponderam as enfermidades infecto-contagiosas, com maiores riscos para a infância. Alia-se a isso uma elevada mortalidade infantil, produzida fundamentalmente por enfermidades que podem prevenidas, que afetam sobre tudo às primeiras etapas do ciclo vital. 13, 2 O exposto anteriormente é um elemento cardeal a considerar na realização de um planejamento em saúde com eqüidade, pois neste se evidencia a necessidade de destinar maior quantidade e qualidade dos recursos disponíveis para aqueles grupos vulneráveis ou de maior risco de enfermidade e morte, entre os que justamente se encontra a infância. O governo do Estado do Tocantins tem priorizado desde sua fundação a atenção à infância. Para isso incluiu dentro de sua política o desenvolvimento de diversos programas sociais de grande impacto sobre este grupo populacional. Entre eles se destaca o programa “Pioneiros Mirins”, que estabelece um apoio extracurricular ao estudante, uma vez que garante a alimentação, o calçado e as roupas necessárias a crianças em desvantagem social e econômica. Também criou o programa “Amigos do meio ambiente” com atividades semelhantes ao anterior, mas circunscrito ao município de Palmas. Existem creches, onde se cuidam, alimentam e educam os filhos das mães trabalhadoras, garantindo a assistência adequada nos períodos em que as mães se envolvem no trabalho. 12 O exposto anteriormente serve para ilustrar o enorme esforço que realiza o Estado a favor das crianças, embora tenha-se que esclarecer, ainda não suficiente para garantir o desenvolvimento harmônico e eqüitativo de toda a infância residente no Estado. A política estatal também estabelece, em relação a saúde, a necessidade de privilegiar a infância nos serviços que se oferecem. Para isso há o fortalecimento da Atenção Primária, de maneira que haja a garantia do cumprimento dos programas dirigidos à população infantil, entre eles se destaca o Programa Nacional de Imunizações (PNI), direcionado a reduzir a incidência de enfermidades imunopreveníveis da infância e o Programa Materno Infantil, cujo propósito é reduzir a mortalidade e a morbidade da mãe e da criança. 16 No entanto as autoridades de saúde do Estado constatam que nem todos os municípios cumprem com a política estatal em matéria de saúde. Entre as insuficiências encontradas se incluem: o descumprimento no número e qualidade dos controles pré-natais, as ausências reiteradas das grávidas e das crianças às consultas programadas, frente a isto se observa uma atitude contemplativa por parte dos médicos, a falta de acesso a métodos complementares de diagnóstico visando estabelecer conduta diagnóstica e terapêutica adequadas, a não utilização de técnicas para a promoção e educação para a saúde, e o funcionamento inadequado do sistema de referência e contra-referência. 17 Por outra parte, destinaram-se recursos para o fortalecimento da Atenção Secundária. Este enfoque incluiu a criação de um Hospital Materno Infantil em 1999, situado em Palmas, cidade capital do Estado, nosocômio que serve de base ao presente estudo. O mesmo conta com serviços de alta especialização no diagnóstico e atenção a pacientes com enfermidades que anteriormente eram remetidos a outros estados. O processo de criação do hospital foi acompanhado por intensa capacitação do pessoal médico e para-médico e também a agregação de especialistas procedentes de outros estados. Sem dúvida, em um Estado que se almeja como objetivo essencial obter a máxima satisfação das necessidades de saúde de sua população, é fundamental estabelecer com a maior precisão possível suas prioridades, de forma tal que se alcance a máxima eficiência, eficácia e eqüidade em seus programas e ações de saúde. O exposto anteriormente se reveste de extrema importância no Estado do Tocantins, o qual foi constituído recentemente com o propósito de, paulatinamente, 13 contribuir para a erradicação das condições tão marcadas de pobreza e desamparo que ainda persistem na região norte do Brasil. De forma semelhante ao que acontece nas demais instituições hospitalares do país, na rede de hospitais comunitários do Estado do Tocantins muito pouco se estudou a respeito das estatísticas de morbidade e mortalidade, não existindo intercâmbio deste tipo de informação entre os diversos níveis de assistência, quer seja na esfera municipal e regional ou mesmo entre instituições de saúde, o que limita o feedback necessário ao sistema e dificulta a tomada de decisão, ocorrendo muitas vezes a repetição de erros e pouco incentivo para aquelas atividades que obtiveram êxito. No caso de Palmas esta situação, dada a recente criação da cidade e de seu sistema de saúde, é ainda mais crítica pois não há estudos a respeito da morbidade e da mortalidade da população que possam oferecer informações validadas sobre aspectos como: o volume das mortes evitáveis no hospital; as internações hospitalares e sua relação com as atividades de atenção primária nos municípios; o dimensionamento do número de leitos hospitalares destinadas à atenção da população; o número de internações em comparação com outras regiões do país e a impossibilidade de verificar se o perfil de enfermidades de Palmas se assemelha ao existente em outras partes do país. Nos últimos anos diminuiu o sub-registro na notificação da mortalidade no Estado, desde cifra tão elevada como 51.8 por cento em 1993, até 38.8 por cento no ano de 2000; entretanto ainda existe um elevado número de falecidos classificados segundo causa de falecimento na categoria “ignorados”, o que possivelmente seja uma das razões pela qual só recentemente se iniciou o estudo da mortalidade no Estado. 12, 18 Este panorama reflete a necessidade e importância de procurar alternativas para solucionar algumas dessas questões, que permitam dar uma idéia precisa e cientificamente fundamentada de qual é a situação da morbidade e da mortalidade nas unidades hospitalares de Palmas. Uma alternativa de encaminhamento seria estudar alguns destes aspectos em toda a população ou em algum grupo em particular, tomando como base uma unidade assistencial de importância para o município, cujos resultados pudessem servir de referência a outros, pois segundo MAC Mahon, “é impossível formular 14 generalizações apoiando-se em casos individuais, enquanto que é possível generalizar a partir de casos semelhantes reunidos em grupos”. 1 O Estado do Tocantins foi constituído com a promulgação da Constituição do país, no ano de 1988. A localização da capital do novo Estado se deu em uma região desabitada situada ao centro, cuja construção foi iniciada em 1989. Nos 13 anos de história que transcorreram desde sua criação, edificaram-se muitas obras, proporcionando uma infra-estrutura de serviços sociais, tanto públicos quanto privados, e dentre estes, o avanço mais importante foi a consolidação de um sistema de saúde cujo objetivo é alocar serviços de saúde acessíveis à população. Bem nos primórdios da criação do Estado, no ano de 1991, a cidade de Palmas já contava com 24.334 habitantes e no ano de 2000, segundo o censo, a população residente na cidade chegou a 133.199 habitantes, 19 apresentando um crescimento médio anual de 10.887 habitantes. Há que se destacar que o crescimento da cidade de Palmas teve sua base na migração da população proveniente de outros Estados do país e de cidades do próprio Estado do Tocantins. Desde o início, em Palmas, foram criados muitos novos serviços públicos de atenção à saúde, especialmente na área da atenção primária. Neste sentido cabe assinalar que o Estado não dispunha dos profissionais necessários para o desenvolvimento dos programas de saúde que garantissem boa cobertura e qualidade na atenção, situação esta que foi sendo melhorada com a busca de profissionais em outros Estados da Federação. No ano 1998 o Governo do Estado adquiriu um hospital em construção, que depois de passar por obras de adaptação e remodelação teve sua inauguração oficial em junho de 1999, passando a chamar-se Hospital Dona Regina, constituindo-se em centro de referência para a área materno-infantil da região centro e sul do Estado. Com o advento do novo hospital, Palmas passou a dispor de 231 leitos, havendo-se incrementado por tanto, a possibilidade de oferecer uma melhor atenção médica à população no segundo nível de assistência do sistema público. 20 A abertura do novo hospital permitiu oferecer melhores condições de assistência nas áreas de pediatria, obstetrícia e à unidade de terapia intensiva neonatal. Com o incremento dos leitos hospitalares se viabilizou a atenção a pacientes internados, a urgências médicas e ao serviço ambulatorial, contribuindo assim com a melhoria dos indicadores de morbidade e mortalidade do município. 15 O conhecimento do perfil de morbidade e mortalidade de uma população pode ser obtido através das informações provenientes das internações hospitalares, da rede de atenção primária e de investigações realizadas tanto na comunidade quanto no âmbito hospitalar. Entretanto, ainda não existe informação proveniente de investigações neste ou qualquer outro hospital do Estado. O presente trabalho de pesquisa gerará dados e informações, embora não contemplando toda a mortalidade existente na população pediátrica da cidade de Palmas, representará uma informação importante para a gestão hospitalar e da saúde e também paa incentivar o início de outros estudos similares a este em outros serviços ou níveis de atenção. Não podemos esquecer que a essência da administração reside na tomada de decisões. O administrador/gestor funciona como receptor e leitor de informações ou sinais do ambiente. Estas podem ser “concretas” (formais) ou “suaves” (subjetivas). Em qualquer dos casos ele processará algum tipo de informação e baseando-se na(as) mesma(as) é que fixará o eixo central para a tomada de suas decisões. É preciso também considerar que um dos papéis da epidemiologia na administração dos serviços de saúde é oferecer algumas destas informações “concretas”, como base para a tomada de decisões. Não há dúvida de que existe uma barreira entre o epidemiólogo e o administrador, entre o mundo da epidemiologia e o mundo da gestão dos serviços. Há dificuldade por parte desta última em definir suas necessidades de informação, ou por ignorar a importância da epidemiologia ou por falta de interesse pelos dados epidemiológicos e a possível repercussão destes na gestão do dia-a-dia. 21 Como se destacou em parágrafos anteriores, o hospital Dona Regina foi criado recentemente e nele o Estado realizou um importante investimento para contribuir com à melhoria da saúde da população tocantinense, por isso cremos que é necessário que o mesmo possa dispor, desde seu início, de estudos que agreguem conhecimentos epidemiológicos sobre a assistência do hospital e que permitam adotar critérios acerca da qualidade dos serviços prestados pela instituição. Isso contribuiria, sem lugar a dúvida, para aperfeiçoar suas estratégias de desenvolvimento e propor ações que garantam uma melhor qualidade nos serviços prestados. 16 O que se expôs até aqui reflete a necessidade de iniciar estudos sobre a morbidade e mortalidade da população no Estado do Tocantins, a partir de informações disponíveis, o que agregará maior conteúdo às análises realizadas, objetivando garantir saúde para todos com adequada qualidade e eficiente gestão. Em vista disto este trabalho se propôs a oferecer respostas às seguintes perguntas: Que características sociais e demográficas possuem as crianças internadas no hospital Dona Regina, no período compreendido entre em 1 de junho e 31 de agosto do 2001? Que atributos caracterizam o diagnóstico, a atenção médica e a alta hospitalar das crianças internadas no hospital Dona Regina, no período compreendido entre em 1 de junho e em 31 de agosto do 2001? 17 Objetivos: 1. Descrever a hospitalização de crianças no Hospital Dona Regina, em virtude das variáveis: idade, sexo, município de procedência e zona de residência, ocorridas entre em 1 de junho e 31 de agosto do 2001. 2. Descrever a população pediátrica hospitalar internada no Hospital Dona Regina no período de estudo, segundo características do diagnóstico e da alta hospitalar. 3. Descrever a população pediátrica hospitalar, internada no Hospital Dona Regina no período de estudo, através de aspectos relacionados com a Atenção Médica. 18 Método A presente investigação se classifica como estudo observacional descritivo, de corte transversal, pois só se propõe a oferecer informação que permita caracterizar as hospitalizações realizadas no Hospital Dona Regina, entre em 1 de junho e 31 de agosto de 2001, cujos dados foram coletados no momento final do período de referência. Coletou-se informação de todos os pacientes compreendidos entre 0 e 14 anos de idade, cuja alta hospitalar ocorreu no período de referência. Para abordar os objetivos propostos se estudaram as variáveis seguintes: Objetivo 1 ESCALA DE DEFINICIÇÃO OPERACIONAL DA ESCALA CLASIFICAÇÃO Sexo Masculino Segundo características biológicas, ou sexo Feminino biológico a que pertençam. Idade <1 Considerou-se no grupo <1, a todo paciente (anos) 1-4 cuja alta hospitalar tenha se dado antes de 5-9 completar seu primeiro aniversário. 10 – 14 Classificou-se no grupo 1-4, a todo paciente cuja faixa etária, no ato da alta hospitalar, tenha se situado entre um ano de idade e não tenha completado cinco anos de idade. Classificou-se no grupo 5-9, a todo paciente cuja faixa etária, no ato da alta hospitalar, tenha se situado entre cinco anos de idade e não tenha completado dez anos de idade. Classificou-se no grupo 10-14, a todo paciente cuja faixa etária, no ato da alta hospitalar, tenha se situado entre dez anos de idade e não tenha completado quinze anos de idade. Palmas Segundo município de residência do paciente Município de Porto Nacional cuja alta hospitalar tenha acontecido, Procedência Novo Acordo atendendo a divisão político administrativa do Paraíso Estado do Tocantins. Tocantínia, Outros. Zona de Urbana Classificou-se como categoria urbana a todo residência Rural paciente com alta hospitalar que resida em uma zona considerada como urbana segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e rural no caso contrário. VARIÁVEL 19 Objetivo 2 VARIÁVEL Diagnóstico da alta hospitalar Grupo etário Idade (anos) Município de Procedência Idade (horas, dias, meses, anos) ESCALA DE CLASSIFICAÇÃO DEFINIÇÃO OPERACIONAL DA ESCALA Segundo a Décima Classificação Em virtude da categoria de três Internacional de Doenças dígitos da CID-10, em que se (CID-10). Ver anexo. classifique a enfermidade no ato da alta hospitalar. <28 dias Classifica-se no grupo <28 dias, 28 dias – 11 meses paciente que no ato da alta hospitalar não tenha mais de 27 dias de nascido, e no grupo 28 dias – 11 meses, se ao dar alta hospitalar, o paciente tenha idade entre 28 dias e menos de um ano de vida. <1 Classifica-se no grupo <1, todo 1-4 paciente que tenha alta da unidade 5-9 hospitalar e não tenha completado 10 - 14 seu primeiro aniversário. Classificase no grupo 1-4, todo paciente que no dia da alta da unidade hospitalar, tenha completado seu primeiro aniversário e não tenha completado cinco anos de idade. Classificou-se no grupo 5-9, a todo paciente cuja faixa etária, no ato da alta hospitalar, tenha se situado entre cinco anos de idade e que não tenha completado dez anos de idade. Classificou-se no grupo 10-14, a todo paciente cuja faixa etária, no ato da alta hospitalar, tenha se situado entre dez anos de idade e não tenha completado quinze anos de idade. Palmas Segundo município de residência Porto Nacional do paciente cuja alta hospitalar Novo Acordo tenha acontecido, atendendo a divisão político administrativa do Paraíso Tocantinia Estado do Tocantins. Outros <24 horas Classifica-se como < 24 horas se 1 – 6 dias no ato da internação hospitalar 7 – 27 dias tenha menos de um dia de nascido; 28 – 11 meses 1 – 6 dias se no ato da internação 1 – 14 anos tenha completado um dia de nascimento e ainda não tenha sete dias de idade; 7 – 27 se no ato da 20 internação tenha entre 7 e 27 dias de nascido; 28 dias – 11 meses, se no ato da internação tenha entre 28 dias de idade e não tenha completado um ano de vida; em 114 anos, se no ato da internação tenha completado 1 ano de vida e não tenha alcançado a idade de 15 anos. Estado da Vivo Segundo condição do paciente no alta Morto momento da alta hospitalar. Zona de Urbana Classificou-se na categoria urbana residência Rural a todo paciente com alta hospitalar que resida em uma zona considerada como urbana segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e em rural em caso contrário. Estadia <24 Segundo tempo de permanência no (horas) 24 - 48 hospital, ou seja, do momento da internação até a alta hospitalar. Causa da Doença Respiratória Motivo do óbito mencionado na Morte Doença Respiratória + septicemia causa básica da declaração de Doença Respiratória + óbito, segundo CID-10. insuficiência renal (Não se incluem outras causas, pois não se apresentaram entre os óbitos do estudo.) 21 Objetivo 3 VARIÁVEL Tratamento Idade (anos) Serviço Estadia ESCALA DE CLASSIFICAÇÃO Médico Cirúrgico <1 1-4 5-9 10 – 14 Pediatria Neonatologia Obstetricia Cirurgia Em dias DEFINIÇÃO OPERACIONAL DA ESCALA Segundo conduta médica ou cirúrgica recebida. Considerou-se no grupo <1, a todo paciente que tenha alta hospitalar da unidade hospitalar e não tenha completado seu primeiro aniversário. Classificou-se no grupo 1-4, a todo paciente que no ato da alta hospitalar tenha completado um ano de idade e não tenha alcançado a idade de cinco anos. Classificou-se no grupo de 5-9, a todo paciente que no ato da alta hospitalar tenha completado cinco anos de idade e não tenha alcançado a idade de dez anos. Classificou-se no grupo de 10-14, a todo paciente que no ato da alta hospitalar tenha completado dez anos de idade e não tenha alcançado a idade de quinze anos. Segundo o serviço em que o paciente tenha dado alta hospitalar. Segundo a média de tempo de permanência no hospital. Ética Solicitou-se aos Diretores Geral e Técnico do Hospital Dona Regina, consentimento formal para a realização da investigação (ver anexo). No documento redigido se faz alusão ao tema do estudo e seus objetivos, comprometendo-se a somente utilizar os resultados com fins investigativos e científicos. Técnicas e procedimentos • Da coleta dos dados: Revisaram-se as histórias clínicas dos pacientes internados no Hospital “Dona Regina” no período de estudo. Esta atividade foi realizada pelo autor e um auxiliar 22 de investigação, que foi treinado e orientado previamente. Para consecução do trabalho foi elaborada uma ficha guia (anexo) a partir da qual se recolheram todos os dados necessários para dar cumprimento aos objetivos. • Do processamento e análise: O tratamento da informação se realizou mediante o emprego da Planilha de Cálculo Microsoft Excel, com a qual se confeccionou uma Base de dados, onde foram inseridas todas as variáveis previstas no protocolo de investigação. O processamento dos dados se realizou através do pacote de programas SPSS em sua versão 10.1 para Windows. Com ele se calcularam medidas de resumo para variáveis qualitativas (freqüências absolutas, percentagens e excepcionalmente taxas) e para variáveis quantitativas (média aritmética, média e desvio). • De apresentação dos resultados: Os resultados são apresentados em forma de quadros estatísticos, os quais, através de sua interpretação e discussão, permitiram alcançar as conclusões e apresentar as recomendações. 23 Desenvolvimento Principais Limitações do Estudo No Tocantins, o último Estado a ser criado no Brasil, tem se trabalhado mais de uma década em importantes transformações econômicas e sociais, buscando impulsionar o desenvolvimento do Estado, na luta contra a pobreza e ao abandono que se impunha historicamente a toda a região onde se localiza geograficamente o Estado. O surgimento do Tocantins como Estado, trouxe por uma parte a perda de quase toda a informação contida nos sistemas de informação de saúde anteriormente existentes (enquanto Estado de Goiás), e por outra, a necessidade de criar e utilizar adequadamente sistemas de informação, e de complementar a informação através de estudos investigativos, cujos resultados sejam incorporados para a tomada de decisão pelos gerentes e diretores do setor. A situação referida nos parágrafos anteriores é justamente a razão pela qual se desenhou e executou este estudo. Entretanto, o fato de contar com pouca ou nenhuma informação anterior limita a comparação com estudos realizados mediante a utilização de metodologias semelhantes ou no contexto de referência. Por outra parte, durante a revisão bibliográfica realizada (últimos cinco anos), só foram encontrados cinco documentos com informação relativa a morbidade e mortalidade no Brasil, dos quais somente um realizado no âmbito hospitalar, o que também limita a comparação destes resultados com outros territórios do país. No entanto, à margem das limitações assinaladas, consideramos que o estudo gera informação válida sobre a mortalidade e a morbidade pediátrica no âmbito hospitalar, que poderá ser útil para o planejamento dos serviços e recursos necessários para a atenção ao paciente pediátrico, de uma vez que permite reorientar as políticas de saúde caso assim se fizer necessário. 24 Análise e Discussão dos Resultados Características sociais e demográficas dos pacientes pediátricos internados no Hospital “Dona Regina” no período de estudo A distribuição dos pacientes internados segundo idade e sexo se apresenta na tabela 1. Nesta se verifica que de forma geral predominaram os pacientes do grupo etário menores de 1 ano com 283 pacientes (55.9 por cento), seguido pelos compreendidos na faixa etária entre 1 e 4 anos com 148 pacientes (29.2 por cento). Há um discreto predomínio do sexo masculino com 270 (53.4 por cento). Constatase maior número de ingressados do sexo masculino para todos os grupos de idades, com exceção dos pacientes compreendidos entre os 10 e os 14 anos. Os resultados encontrados para a variável idade, poderiam estar ligados a um maior risco de adoecer dos recém-nascidos e lactentes, ao que se adiciona o fato de que este grupo de idade apresenta maior risco de complicação e morte também por ingressarem de forma prioritária nos serviços públicos do estado e em especial do município Palmas. O fato da população menor de um ano em 2001, representar somente 6.4 e 7.3 por cento da população pediátrica estadual e do município Palmas respectivamente,19 apóia o exposto anteriormente. Também, o maior número de internações dos mais pequenos pudesse estar ligado à carência de leitos disponíveis para assistência dos pacientes desta faixa etária na área de abrangência do Hospital e até fora dela. Por outro lado, os resultados da variável sexo se correspondem com a distribuição da população pediátrica para o Tocantins e em particular Palmas, nela se observa um ligeiro predomínio de pacientes do sexo masculino no ano de referência. Isso nos faz pensar que não existiu uma relação importante entre a internação hospitalar e o sexo. 19 O fato de não existir estudos anteriores deste tipo no Hospital Dona Regina, impede a comparação destes resultados com momentos anteriores do mesmo centro. De igual forma não encontramos estudos de morbidade e mortalidade hospitalar em hospitais pediátricos do Estado do Tocantins. Os resultados deste estudo se correspondem com os de uma investigação realizada por Abrantes, em 25 hospitalizados em Minas Gerais, no qual se constata um predomínio de menores de um ano, do sexo masculino, com exceção do grupo 15 – 19 anos, que não foi estudado na presente investigação. 15 Tabela 1 Distribuição de pacientes internados segundo idade e sexo. Idade (anos) ‹1 1–4 5–9 10 – 14 Total Sexo Masculino No. % 147 51.9 87 58.8 25 59.5 11 33.3 270 53.4 Feminino No. 136 61 17 22 236 Total % 48.1 41.2 40.5 66.7 46.6 283 148 42 33 506 Com relação ao município de procedência dos pacientes, Palmas é o de maior aporte com 438 pacientes, representando 86.5 por cento dos internados. Dos 138 municípios restantes o hospital recebeu só 68 internações (13.5 por cento), das quais o maior volume correspondeu ao município de Porto Nacional com 11 internações (2.2 por cento). (Tabela 2). Estes resultados se relacionam com o esperado, considerando que o hospital de referência pertence ao município Palmas, que a sua vez é o de maior população pediátrica do Estado do Tocantins, com 11.9 por cento do total.19 Tabela 2 Distribuição de pacientes segundo município de procedência. Município Palmas Porto Nacional Novo Acordo Paraíso do TO Tocantínia Otros Total Número Porcentagem 438 86.5 11 2.2 5 1.0 4 0.8 4 0.8 44 8.7 506 100.0 26 Na tabela 3 é apresentada a distribuição dos internados segundo grupos de idades e zona de residência. Aqui se observa de forma geral o predomínio da zona urbana, com 475, o que representa em 93.9 por cento do total, com comportamento similar para todos os grupos etários. Ao analisar a distribuição da população pediátrica do município de Palmas segundo a zona de residência, se constata um predomínio da categoria urbana, correspondendo a 97.7 por cento do total, observando que os resultados para esta variável se encontram de acordo com o esperado.19 Consideramos que o maior número de internações da zona urbana não deve relacionar-se com o maior risco de adoecer para as crianças das cidades, mas sim pelo fato de apresentar maior número de efetivos populacionais nestes grupos etários.19 A isso se acrescenta uma melhor acessibilidade aos serviços de saúde oferecidos por esta instituição, assim como uma maior conscientização dos pais em relação à necessidade de atenção a saúde de seus filhos, conseqüência do maior grau de escolarização destes. Tabela 3 Distribuição de pacientes segundo idade e zona de residência. Idade (anos) ‹1 1–4 5–9 10 – 14 Total Zona de residência Urbana Rural No. % No. 264 93.3 19 140 94.6 8 38 90.5 4 33 100.0 0 475 93.9 31 Total % 6.7 5.4 9.5 0.0 6.1 283 148 42 33 506 Características do diagnóstico e alta hospitalar no período de estudo A distribuição dos pacientes hospitalizados, menores de 1 ano de idade, segundo o diagnóstico da alta hospitalar e a idade se apresenta na tabela 4. Nos recémnascidos predominaram algumas afecções originadas no período perinatal, que estiveram presentes em 141 crianças, representando 81.0 por cento: enquanto que nos lactentes predominaram as doenças do aparelho respiratório, que afetaram a 48 crianças (44.1 por cento), seguidas pelas enfermidades do aparelho digestivo com 28 pacientes (25.8 por cento). Observe que nos lactentes predominaram as enfermidades infecto-contagiosas, produzidas por causas exógenas, as que se 27 produzem com bastante freqüência neste grupo de idade, sobre tudo em países do Terceiro Mundo, onde as crianças vivem em piores condições de vida e onde os programas de saúde estão menos desenvolvidos. Em relação a isso se assinalou que as enfermidades diarréicas agudas, as infecções respiratórias e o parasitismo intestinal são os principais motivos de consulta e internação nos pacientes menores de cinco anos em países do Terceiro Mundo, cuja presença foi associada, por diferentes autores, a um baixo nível socioeconômico da população. 22 Estes resultados coincidem com o encontrado por Abrantes, que reporta para os lactentes um predomínio de enfermidades do aparelho respiratório, seguidas por enfermidades do aparelho digestivo.15 Chama a atenção o franco predomínio de algumas afecções do período perinatal encontradas nos recém-nascidos internados. Neste grupo de enfermidades se incluem: a prematuridade e as infecções perinatais relacionadas com a atenção da gravidez, parto e puerpério, a que podem estar relacionadas. Deve-se levar isto em conta, especialmente quando se observa que mais da metade dos óbitos em menores de um ano, em todas as regiões brasileiras, são conseqüência de afecções perinatais. 23 28 Tabela 4 Distribuição de lactentes hospitalizados segundo diagnóstico da alta e grupo etário. Grupo etáreo alta < 28 dias 28 dias – 11 Total meses No. % No. % No. XVI. Algumas afeccões do período 141 81.0 0 0.0 141 perinatal. X. Doenças do aparelho 16 9.2 48 44.1 64 respiratório. Diagnóstico hospitalar * no ato da XI. Doenças do aparelho digestivo. I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias. XVIII. Sintomas, sinais e achados de exames clínicos e de laboratório não classificados em outra parte. XVII. Mal-formações congênitas, deformações e anomalias cromossômicas. VI. Doenças do sistema nervoso. % 49.8 22.6 1 0.6 28 25.8 29 10.2 9 5.2 14 12.8 23 8.1 2 1.1 5 4.6 7 2.5 3 1.7 2 1.8 5 1.8 1 0.6 4 3.7 5 1.8 2 0.7 2 0.7 2 0.7 2 0.7 1 0.4 XIV. Doenças do aparelho 1 0.6 1 0.9 geniturinário. IV. Doenças endócrinas, 0 0.0 2 1.8 nutricionais e metabólicas. III. Doenças do sangue, dos órgãos hematopoéticos e 0 0.0 2 1.8 alguns transtornos imunitários. XII. Doenças da pele e do tecido 0 0.0 2 1.8 subcutâneo. VIII. Doenças do ouvido e apófise 0 0.0 1 0.9 mastóide. Total 174 100.0 109 100.0 • Classificação Internacional de Doenças – 10a. edição (CID – 10) 283 100.0 Em relação com o diagnóstico da alta hospitalar nos restantes grupos de idades (tabela 5), observa-se que para o grupo de 1-4 anos predominaram as enfermidades do aparelho respiratório com 70 hospitalizados, em 47.2 por cento, seguidas pelas enfermidades do aparelho digestivo com 30 (20.3 por cento) e algumas enfermidades infecciosas e parasitárias com 24 (16.2 por cento). Entre os 5 e os 9 anos preponderou como causa de internação as enfermidades do aparelho 29 respiratório com 13 pacientes (30.9 por cento), seguidas por algumas enfermidades infecciosas e parasitárias com 8 (19.0 por cento) e as enfermidades do aparelho digestivo com 6 (14.3 por cento). Nas internações compreendidas entre 10 e 14 anos predominou como causa a gravidez,parto e o puerpério com 16 (48.5%), seguida pelas enfermidades do aparelho geniturinário com 8 (24.2 por cento). Estes resultados combinam com aqueles encontrados no estudo realizado em Minas Gerais. 15 Observe que nos pacientes entre 1 e 9 anos não existem grandes diferencias nos padrões de morbidade hospitalar que os afetam, entretanto, nos adolescentes as causas de internação se relacionam com a reprodução. Este fato nos faz pensar que possivelmente a gravidez na adolescência constitua um problema de saúde, suscetível de ser investigado, sobretudo pelas daninhas conseqüências que este evento tem sobre a mãe e a sua descendência. Este fato nos leva a pensar que, provavelmente, um grupo importante dos recém-nascidos que apresentam prematuridade e outras afecções perinatais, assinaladas como causas importantes de internação na análise da tabela anterior, sejam filhos de mães que pertencem a este grupo etário, considerando que é fato conhecido que o risco de prematuridade está associado à idade materna inferior aos 17 anos, 24 Em relação com o achado previamente comentado se assinalou que embora para o Brasil a fecundidade não seja um problema, a gravidez na adolescência se transformou em um problema de saúde, e que foi aumentando nos últimos anos, sobretudo nas regiões menos desenvolvidas (norte e nordeste).23 A situação referida com antecedência gerou uma grande preocupação nas autoridades do Estado do Tocantins. Basta assinalar a seguinte informação reportada no Jornal do Tocantins, datado de 17 de setembro de 2002, ilustrando a questão: “O Estado ocupa, por exemplo, lugar destacado a nível nacional no índice de gravidez na adolescência. Em 2001, 32.69% dos partos realizados no Estado eram de adolescentes entre 10 e 19 anos de idade, segundo os dados da Secretaria Estadual de Saúde”.25 Esta problemática também foi assinalada em outros países da região, e entre estes se inclui Cuba. Em torno da questão tem se verificado que nos últimos anos ocorreu uma diminuição da idade da menarca, sinal de um incremento na 30 maturação biológica das adolescentes. Entretanto, este processo não vem acompanhado de maior maturidade psicológica, que se traduz na prática precoce de relações sexuais, de maneira não responsável, que conduzem freqüentemente a gravidez não desejada e/ou enfermidades de transmissão sexual, com o conseqüente dano à saúde tanto da adolescente quanto de sua descendência.24 Em investigação realizada em Cuba, encontrou-se os seguintes fatores mais freqüentemente associados a esta conduta: a constituição da família, as condições sociais e culturais, assim como o papel dos meios de difusão em massa.26 Isso evidencia o papel da educação para a saúde e da promoção na prevenção da gravidez na adolescência, ao atuar nos distintos níveis da organização da sociedade. 31 Tabela 5 Distribuição de pacientes menores de 15 anos segundo diagnóstico da alta hospitalar e grupos etários. Diagnóstico da alta * Idade (anos) 1–4 5–9 No. % No. % X. Doenças do aparelho 70 respiratório. XI. Doenças do aparelho 30 digestivo. I. Algumas doenças 24 infecciosas e parasitárias. XV. Gravidez, parto e 0 puerpério. XVIII. Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de 7 laboratório não class.em outras partes. XIV. Doenças do aparelho geniturinário. VI. Doenças do sistema nervoso. XVII. Malformações Concongênitas, deformidades e anomalias cromossômicas. XIX. Lesões, envenenamento e algumas outras conseqüências de causas externas. IV. Doenças endócrinas, nutricionais e Metabólicas. III. Doenças do sangue, Órgãos hematopoéticos e Alguns transtornos imunitários. VIII. Enfermidades do ouvido e apófise mastóide. Total • 10 – 14 No. % Total No. % 47.2 13 30.9 1 3.0 84 37.8 20.3 6 14.3 1 3.0 37 16.6 16.2 8 19.0 3 9.1 35 15.7 0.0 0 0.0 16 48.5 16 7.2 4.7 5 11.9 2 6.1 14 6.3 3 2.0 3 7.1 8 24.3 14 6.3 8 5.4 2 4.8 0 0.0 10 4.5 2 1.4 2 4.8 1 3.0 5 2.2 2 1.4 0 0.0 1 3.0 3 1.3 2 1.4 1 2.4 0 0.0 3 1.3 0 0.0 1 2.4 0 0.0 1 0.4 0 0.0 1 2.4 0 0.0 1 0.4 42 100.0 33 148 100.0 100.0 223 100.0 Classificação Internacional de Doenças – 10a. edição (CID – 10) 32 Na tabela 6 se apresenta a distribuição dos internados segundo o diagnóstico da alta hospitalar e o município de procedência. Nos pacientes que residem em Palmas, predominaram as enfermidades do aparelho respiratório com 131 (29.9%), seguidas por algumas afecções originadas no período perinatal com 122 (27.9%), as enfermidades do aparelho digestivo com 62 (14.1%) e algumas enfermidades infecciosas e parasitárias com 50 (11.4%). Para os internados que residem em Porto Nacional prevaleceram as enfermidades do aparelho geniturinário com 4 (36.4%), seguidas pelas enfermidades do aparelho respiratório com 3 (27.3%) e as enfermidades do aparelho digestivo com 2 (18.2%). Os resultados obtidos para as altas hospitalares procedentes de Palmas, território com maior aporte, corresponde com o que foi registrado em uma investigação realizada no Estado de Pernambuco, situado na região nordeste do Brasil. No estudo referido se destaca que as enfermidades respiratórias são as causas mais freqüentes de consulta e internação hospitalar nos menores de cinco anos, com 9.5 episódios por ano. Embora a maioria destas enfermidades seja leve, se projeta que a importância delas resida no fato de que estas incrementam o risco de infecção respiratória grave, já que podem predispor as crianças a infecções das vias respiratórias inferiores. Em segundo lugar aparecem as enfermidades diarréicas com 2.7 episódios por ano. 22 33 Tabela 6 Distribuição de pacientes segundo diagnóstico da alta e município de procedência. Municípios Diagnóstico da alta * X. Doenças do aparelho respiratório. XVI. Algumas afecções originadas no período perinatal. XI. Doenças do aparelho digestivo. I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias. XVIII. Sintomas, sinais e achados anormais de exams clínicos e de laboratório não class. Em outra parte. XIV. Doenças do aparelho geniturinário. XV. Gravidez, parto e puerpério. VI. Doenças do sistema nervoso. XVII. Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas. IV. Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas. III. Doenças do sangue, e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários. XIX. Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas. VIII. Doenças do ouvido e apófise mastóide. XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo. Total Palmas Porto Nacional No. % Outros % No. % No. % 131 29.9 3 27.3 14 24.6 148 29.2 122 27.9 1 9.1 18 31.6 141 27.8 62 14.1 2 18.2 2 3.5 66 13.0 50 11.4 1 9.1 7 12.3 58 11.5 19 4.3 0 0.0 2 3.5 21 4.1 9 2.1 4 36.3 3 5.3 16 3.2 16 3.6 0 0.0 0 0.0 16 3.2 12 2.7 0 0.0 3 5.3 15 3.0 9 2.1 0 0.0 1 1.7 10 2.0 3 0.7 0 0.0 2 3.5 5 1.0 0 0.0 0 0.0 3 5.3 3 0.6 2 0.5 0 0.0 1 1.7 3 0.6 2 0.5 0 0.0 0 0.0 2 0.4 1 0.2 0 0.0 1 1.7 2 0.4 100.0 11 100.0 57 438 No. Total 100.0 506 100.0 34 Na tabela 7 se observa a distribuição dos pacientes internados segundo grupos de idades e estado no momento da alta hospitalar. Nela se verifica que quase a totalidade deu alta hospitalar vivo (498 ou 98.4%), com taxa de mortalidade de 1.6 falecidos por cada 100 altas. A maioria dos falecidos tinha menos de 24 horas de nascido (6 de 8), e nenhum com mais de um ano de idade. Este resultado é melhor do que aquele verificado no trimestre anterior, momento em que o risco de morrer na instituição subiu para 2.5 falecidos por 100 altas hospitalares27 e bem inferior ao resultado encontrado em um Hospital Pediátrico de Luanda no ano de 2000, onde se reporta uma taxa de 8 falecidos por 100 altas hospitalares.28 Entretanto, a taxa observada no estudo é muito mais alta do que 0.6 falecidos por 100 altas, apontada em investigação realizada no Hospital Pediátrico Juan Manuel Márquez, de Havana, no período compreendido entre 1990 e 1994, etapa mais cruel do período especial, com limitações importantes para a atenção ao paciente grave.29 Isso corrobora a idéia de que pode haver problemas na qualidade da atenção a grávida e a criança, não só no nível primário como também no secundário, sobretudo no manejo de pacientes pediátricos graves. A escassez de especialistas em neonatologia e obstetrícia pode relacionar-se com a diminuição da qualidade da atenção que se presta à grávida, ao recém-nascido e ao paciente neonatal ao verificar-se ocasiões em que médicos não especializados atuam em funções que demandam alta especialização. Os seguintes dados servem para ilustrar o exposto anteriormente. Em 1999, trabalhavam no Serviço da Neonatologia só três neonatólogos e quatro pediatras(sem especialização em neonatologia), cifras que se mantiveram no ano 2000; já no ano de 2001 houve uma redução de um pediatra. No Serviço de Obstetrícia trabalhavam 12 médicos em 1999, dos quais oito eram especialistas. Nos anos 2000 e 2001 se mantém o número de médicos (12), destes 9 com título de especialista. 35 Tabela 7 Distribuição de pacientes segundo idade e estado na alta hospitalar. Idade ‹ 24 horas 1 – 6 dias 7 – 27 dias 28 dias – 11 meses 1 – 14 anos Total Estado na alta Vivo No. % 110 94.8 41 100.0 16 94.1 108 99.1 223 100.0 498 98.4 Morto No. 6 0 1 1 0 8 Total % 5.2 0.0 5.9 0.9 0.0 1.6 116 41 17 109 223 506 Em relação com o lugar de residência dos pacientes e o estado destes no momento da alta (tabela 8), observa-se que a totalidade dos falecimentos pertencem à zona urbana. Este resultado está de acordo com a distribuição da zona de residência, ou seja, fundamentalmente a grande maioria dos pacientes internados na instituição de referência procede da zona urbana. Por outro lado, os resultados da mortalidade hospitalar por zona de residência não devem corresponder-se com os da mortalidade extra-hospitalar. Nesta última deve ocorrer uma inversão dos resultados, quer dizer, é lógico pensar que a mortalidade na idade pediátrica seja major nas zonas rurais, com menos desenvolvimento e condições de vida desfavoráveis. Destaca-se em investigações realizadas no Brasil, o seguinte: “estima-se um sub-registro ao redor de 20 por cento dos falecimentos, que pode chegar até 50 por cento nas regiões norte e nordeste, especialmente na zona rural”.13 Esta afirmação permite considerar que talvez a diferença no risco de morrer para pacientes de zona rural se encontre subestimada, gerando resultados contraditórios ao esperado. Tabela 8 Distribuição de pacientes segundo zona de residência e estado na alta hospitalar. Zona residência Urbana Rural Total de Estado na alta Vivo No. % 467 98.3 31 100.0 498 98.4 Morto No. 8 0 8 Total % 1.7 0.0 1.6 475 31 506 36 A distribuição de falecidos com menos de 1 ano de idade segundo grupo etário e permanência hospitalar se apresenta na tabela 9. Observa-se que em geral a permanência hospitalar foi curta, quer dizer, 7 falecimentos (87.5 por cento) ocorreram antes das 24 horas de permanência e a maioria dos óbitos de neonatos ocorreu antes das 24 horas de nascido. Note que não ocorreram falecimentos em pacientes internados com ao menos 1 ano de idade. Os resultados se correspondem com o esperado, pois é conhecido que em recémnascidos o maior risco de morte extra-uterina ocorre nas primeiras 24 horas de vida, e dentro delas na primeira hora de nascido, decrescendo à medida que se afasta o momento do nascimento. 30 Tabela 9 Distribuição de falecidos menores de um ano segundo grupos de idades e estadia hospitalar. Idade ‹ 24 horas 1 – 6 dias 7 – 27 dias 28 dias – 11 meses 1 – 14 anos Total Estadia hospitalar (horas) <24 24-48 No. % No. 6 100.0 0 0 0.0 0 1 100.0 0 0 0.0 1 0 0.0 0 7 87.5 1 Total % 0.0 0.0 0.0 100.0 0.0 12.5 6 0 1 1 0 8 Em relação com a distribuição das mortes infantis menores de um ano segundo a causa de morte e a estadia (tabela 10), observa-se que a totalidade das mortes apresentou alguma enfermidade respiratória, às que lhe adicionou septicemia em 2 casos e insuficiência renal em 1 caso, e a maioria apresentou uma estadia inferior às 24 horas. Consideramos que as afecções respiratórias e a insuficiência renal assinaladas podem estar relacionadas com a imaturidade pulmonar e renal próprias da prematuridade, freqüente neste grupo de pacientes, como já foi apresentado. A esta questão pode-se também adicionar a septicemia originada pela manipulação durante a gravidez ou no momento do parto. 37 Tabela 10 Distribuição de falecidos menores de um ano segundo causa de morte e estadia hospitalar. Causa da morte Doença Respiratória Doença Respiratória septicemia Doença Respiratória insuficiência renal Total Estadia hospitalar (horas) <24 24-48 No. % No. 5 100.0 0 + 1 50.0 1 % 0.0 50.0 5 2 + Total 1 100.0 0 0.0 1 7 87.5 1 12.5 8 38 Aspectos relacionados com a Atenção Médica A distribuição dos pacientes estudados segundo grupos etários e serviço onde os mesmos foram internados é apresentado na tabela 11. De modo geral, prevaleceu o volume de pacientes internados no serviço de Pediatria (62.2 por cento), seguido pela Neonatologia (33.6 por cento). Por grupo de idades se observa que os menores de um ano receberam atenção fundamentalmente no serviço de neonatologia (60.1 por cento). Os pacientes que pertenciam aos grupos 1 – 4 e 5 - 9 anos, receberam atenção geralmente no serviço de Pediatria (98 por cento e 97.6 por cento respectivamente). Já os pacientes do grupo 10 - 14 anos foram atendidos nos serviços de Pediatria (51.5 por cento) e Obstetrícia (48.5 por cento). O fato de que a maior demanda de atenção hospitalar tenha recaído sobre os pacientes menores de 1 ano e que um grupo importante destes não ultrapassou um mês de vida extra-uterina, evidencia a necessidade de verificar se estão disponíveis os recursos necessários para uma atenção de qualidade e se os serviços que se emprestam apresentam a qualidade requerida. Para isso é mister avaliar a atenção do Serviço da Neonatologia, o Programa de Atenção a Gravidez no nível primário e o Serviço de obstetrícia. Isso permitirá, por um lado, realizar um planejamento sanitário eficiente, e de outro, identificar as principais insuficiências nos serviços que se oferecem a este grupo populacional, com vistas a estabelecer uma estratégia para seu aperfeiçoamento. A proposta anterior repousa no papel que se dá aos indicadores procedentes de estudos de mortalidade e morbidade para a realização de avaliações epidemiológicas de problemas de saúde, como via importante para a geração de novas políticas de saúde, incluindo também um planejamento eficiente. 1 Por outra parte, ao verificarmos que 16 pacientes (48.5 por cento) do grupo de adolescentes receberam tratamento no serviço de obstetrícia, evidencia quão freqüente é esta problemática, tal como se expôs nas tabelas anteriores. Na literatura revisada não encontramos nenhum estudo que aborde estas variáveis, o que dificulta a comparação com outros resultados. 39 Tabela 11 Distribuição de pacientes segundo idade e serviço de atenção. Idade (anos) ‹1 1–4 5–9 10 – 14 Total Serviço Pediatria % No 112 39.6 145 98.0 41 97.6 17 51.5 315 62.2 Neonatologia Obstetrícia No % No % 170 60.1 0 0.0 0 0.0 0 0.0 0 0.0 0 0.0 0 0.0 16 48.5 170 33.6 16 3.2 Cirurgia No % 1 0.3 3 2.0 1 2.4 0 0.0 5 1.0 Total 283 148 42 33 506 Em relação com o tipo de tratamento recebido pelos internatos dos distintos grupos etários (Tabela 12), observa-se um predomínio de tratamento médico (91.5 por cento). Os internados com idades inferiores aos 10 anos seguem o comportamento descrito, no entanto aqueles compreendidos entre os 10 e os 14 anos receberam quase em igual medida os tratamentos médico e cirúrgico (51.5 por cento vs. 48.5 por cento). Chama a atenção o fato de existir uma marcada diferença entre o número de pacientes que foi atendido no Serviço de Cirurgia (tabela 11) e o número de pacientes com tratamento cirúrgico (tabela 12). Observa-se que o número de pacientes que recebeu tratamento cirúrgico é muito superior ao formado pelo número de pacientes atendidos no Serviço de Cirurgia. Esta situação se apresenta em todos os grupos de idades. Isso nos leva a pensar que existem algumas dificuldades no fluxo da informação do Sistema Estatístico que contabiliza o movimento hospitalar, afetando assim as estatísticas que se geram através deste. Na literatura revisada também não encontramos nenhum estudo que aborde estas variáveis. Novamente é dificultada a comparação com outros resultados. 40 Tabela 12 Distribuição de pacientes segundo idade e tipo de tratamento. Idade (anos) ‹1 1–4 5–9 10 – 14 Total Tipo de tratamento Clínico Cirúrgico o N % No % 277 97.9 6 2.1 137 92.6 11 7.4 32 76.2 10 23.8 17 51.5 16 48.5 463 91.5 43 8.5 Total 283 148 42 33 506 A média de permanência dos pacientes por grupo etário é apresentada na tabela 13, nesta foi separado o grupo etário neonatal. A média geral de permanência dos internados no período em estudo foi de 6.8 dias, entretanto a elevada variabilidade ao redor desta medida também sugere o uso da mediana que foi de 5 dias. Os grupos de maior permanência hospitalar foram dos pacientes menores de 24 horas e os que pertencem ao grupo compreendido entre 7 e 28 dias, que permaneceram hospitalizados ao redor de 8 dias (mediana), embora quando se utiliza a taxa média de permanência a primeira (<24 horas) alcança um resultado superior com 12.0 dias, enquanto que os de menor permanência no hospital foram os pacientes da faixa etária de 1-14 anos com aproximadamente 4 dias. Na literatura revisada não encontramos nenhum estudo que aborde estas variáveis, inibindo assim a comparação com outros resultados. 41 Tabela 13 Permanência hospitalar de pacientes por grupos etários. Grupos de idades ‹ 24 horas 1 – 6 dias 7 – 27 dias 28 dias – 11 meses 1– 14 anos Total n 116 41 17 109 223 506 Permanência Desvio Média estandar 12.0 12.83 6.7 6.10 9.2 5.8 4.4 6.8 6.08 4.46 3.39 7.76 Mediana 8 5 8 5 4 5 A permanência hospitalar por serviço é apresentada na tabela 14. A maior permanência corresponde aos hospitalizados em neonatologia, com valor médio de 8 dias (mediana), seguidos pelos de pediatria, com mediana de 4 dias, enquanto que a menor estadia correspondeu aos serviços de obstetrícia e cirurgia com mediana de 2 dias. Note que se utilizarmos a média de permanência, a estadia para os serviços de pediatria e cirurgia é similar. Não se estabeleceu um valor padrão para a estadia hospitalar nas unidades assistenciais do Estado do Tocantins, sendo assim não foi possível comparar estes resultados com algum padrão pré-estabelecido. Entretanto, através das informações disponibilizadas pelos SUS, se observa que para os serviços de Pediatria e Obstetrícia, a permanência é muito parecida com a registrada em similar período pela totalidade dos serviços dos hospitais pediátricos do estado e do Brasil. Não se comparou o restante dos serviços, pois não se dispunha desta informação. 31 42 Tabela 14 Permanência hospitalar de pacientes segundo o serviço. Estadia Serviço n Pediatria Neonatologia Obstetrícia Cirurgia Total Media 315 170 16 5 506 5.0 10.6 1.8 5.0 6.8 Desvio estandar 3.84 11.32 0.91 5.15 7.76 Mediana 4 8 2 2 5 A tabela 15 apresenta a permanência hospitalar segundo a procedência dos pacientes (urbana ou rural). Assim, os procedentes de zona rural permaneceram ao redor de 5 dias (mediana), e os que procediam da zona urbana permaneceram internados ao redor de 4 dias. Não se utilizou a média de permanência por sua grande variabilidade. Na literatura revisada não encontramos nenhum estudo que aborde estas variáveis, o que dificulta a comparação com outros resultados. Tabela 15 Permanência hospitalar de pacientes segundo zona de residência. Estadia Zona de residência Urbana Rural Total n Media 475 31 506 6.7 8.0 6.8 Desvio estándar 7.60 9.93 7.76 Mediana 4 5 5 43 Considerações Finais 1. No período estudado se constata um predomínio de hospitalizações do grupo etário de menores de 1 ano, com ligeira vantagem para o sexo masculino, as que procedem em sua maioria da zona urbana do município de Palmas do Tocantins. O maior aporte de lactentes, em contraste com o escasso peso relativo deste grupo na estrutura populacional estadual e municipal, evidencia o elevado risco de adoecer para este grupo etário. 2. As doenças do aparelho respiratório, seguidas pelas do aparelho digestivo e as enfermidades infecciosas e parasitárias constituem os diagnósticos mais freqüentes para os pacientes internados no Hospital Dona Regina, no período em estudo, com exceção dos recém-nascidos, sendo eu nestes prevaleceu o diagnóstico de algumas afecções do período perinatal, com ligeiras diferenças em virtude do município de procedência. 3. A escassa mortalidade hospitalar detectada na instituição em estudo afetou exclusivamente aos lactentes e recém-nascidos, residentes na zona urbana. As enfermidades respiratórias se constituíram nas principais causas de morte entre os internados, e em alguns casos se associou a septicemia ou insuficiência renal. 4. As hospitalizações do período de referência se realizaram fundamentalmente no Serviço de Pediatria, com exceção dos menores de 1 ano que internaram na Neonatologia. 5. A falta de correspondência entre o tipo de tratamento realizado e o serviço onde ocorre a internação, nos casos atribuídos à cirurgia, pode indicar ou revelar problemas no fluxo de informação estatística do Sistema de Movimento Hospitalar. 44 Recomendações 1. Do ponto de vista metodológico recomendamos continuar realizando estudos acerca desta temática, entre os quais deverá incluir-se avaliação da qualidade da atenção dispensada a mulher grávida, ao recém-nascido e resto das crianças atendidas nos diferentes níveis de atenção e, a avaliação da qualidade Hospitalar. do Sistema de Informação Estatística de Movimento 2. Enviar os resultados do estudo às autoridades competentes, com vistas a sua utilização na gestão em saúde. 45 Referências Bibliográficas 1. - Dever GEA. A Epidemiologia na Administração dos Serviços de Saúde. 2a. ed. São Paulo:Editora Pioneira; 1988. p. 25-44. 2. - Pereira M. Epidemiologia, Teoria e Prática. 4a. ed. Rio de Janeiro:Editora Guanabara Koogan SA;1995. 3. – Ministério da Saúde do Brasil. Números da Assistência à Saúde no Brasil.Brasília: Ministério da Saúde do Brasil;1999-2001. 4. – Nunes A, Santos JRS, Barata RB, Vianna SM. Medindo as Desigualdades em Saúde no Brasil, uma Proposta de Monitoramento. Brasília: Organização PanAmericana da Saúde; 2001. 5. – Last JM. Diccionario de Epidemiología. Barcelona: Editora Salvat; 1988. 6. – Araújo R, Borroto R. El Problema de la Determinación del Proceso Salud – Enfermedad. Análisis Crítico para Su Evaluación. Rev. Ateneo Juan C. García. 1994;2 (2-3). 7. - Forattini OP. Epidemiologia Geral. 2a. ed. São Paulo:Editora Artes Médicas;1996. 8. – Castañeda I, Gran M. Generalidades de las Estadísticas de Salud. La Habana: Escuela Nacional de Salud Publica; 2000. 9. - Leal MC, Szwarcwald CL. Mortalidade Infantil em Municipio da Região Centro – Oeste Paulista. Brasil; 1997. 10. – Sydenstricker E. Estadisticas de Morbilidad. En: El Desafío de la Epidemiología, Problemas y Lecturas Seleccionadas. OPS; 1994. 11. – Novas JD, Díaz MA. Morbilidad Percibida Y Utilización de Servicios de Salud. Revista Cubana de Medicina General Integral 1996;12(3):275-8. 12. – Fava LRTN, Da Silva LFM, Sant’Ana SRJ. Sistema de Informação sobre Mortalidade: Análise dos Dados do Estado do Tocantins no período de 1993 a 2000, Palmas–TO: Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins; 2000. 13. – Organização Pan-Americana da Saúde. A saúde no Brasil. Brasília: OPS, 1998. 14. - Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Naúde. Análise de mortalidade, delineamentos básicos; 1991. 46 15. – Abrantes MM, Lamounier JA, Faria JF, Diniz CM, Cunha FAF. Causa de Internações de Crianças e Adolescentes nos Hospitais do SUS em Minas Gerais entre 1994-1995 . Belo Horizonte; 1995. 16. – Paranaguá VS. Caracterización de las Hospitalizaciones por Enfermedades Inmunoprevenibles en niños del Estado de Tocantins. [Trabajo para optar por el Título de Master] 2002. Escuela Nacional de Salud Pública, La Habana. 17. – Manual para a Organização da Atenção Básica – Secretaria de Assistência à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 1999. 18. - Sant’ana SRJ. Mortalidad Evitable en el Estado de Tocantins, Brasil. 19962000. [Trabajo para optar por el Título de Master] 2002. Escuela Nacional de Salud Pública,. La Habana. 19. - Ministério da Saúde. Censos Demográficos e Contagem Populacional. 20002001.[citado de 13/09/02]. Dispopnible en: URL:http:// www.datasus.gov.br 20. – Secretaria Municipal de Saúde de Palmas. Leitos Hospitalares do Município de Palmas, 1998-1999. 21. - Dussault G. A epidemiologia e a Gestão dos Serviços de Saúde. Boletim Epidemiológico da OPS 1995; 16(2):105. 22. – Vázquez ML, Mosquera M, Cuevas LE, González ES, Veras ICL, Da Luz EO, et al. Incidencia e fatores de Risco de Diarréia e Infecções Respiratórias Agudas em Comunidades Urbanas de Pernambuco, Brasil. Caderno de Saúde Pública;15(1):1-12 23. – Banco Mundial. Brasil – Saúde Materno Infantil.Brasília, 2002. 24. – Mendoza JP. Adolescente Embarazada: Características y Riesgos. Revista Cubana de Obstetricia y Ginecología 1997;23(1):13-17. 25. – Viana N – Governante Terá que Enfrentar Violencia Infantil. Jornal do Tocantins,17 de setembro de 2002; Coluna "o tema é ". 26. – Márquez AV, Llorente LMP, Verdecia CG, Chávez AMA, Chávez FDC. Morbilidad Y Mortalidad Perinatal en el Embarazo Precoz. Revista Cubana de Obstetricia y Ginecología 1998;24(3)137-44. 27. – Pró-Saúde - Hospital Dona Regina. Plano Estatístico Mensal;2001. 28. – Tonet W. Saúde precária – Novo Sistema Financeiro Penalisa Hospitais. Folha 8 – Luanda(Angola) 22 de setembro de 2002; reportagem: 2. 29. – Acosta I. Mortalidad hospitalaria. Estúdio de 5 años (1990-1994). Hospital pediátrico Juan Manuel Márquez. La Habana; 1996. 47 30. – Herrera León L. La Tabla Vida. Material Monográfico. La Habana:ENSAP; 1999. 31. - Ministério da Saúde. Média de Permanência Hospitalar. 2001. .[citado de 02/09/02]. Disponible en: URL:http:// www.datasus.gov.br 48 Bibliografia 1. – ZANON U. Qualidade da Assistência Médico-Hospitalar - Conceito, Avaliação e Discussão dos Indicadores de Qualidade. Rio de Janeiro: Editora Medsi. 2001. 2. –Cherubin N, Santos N. Administração Hospitalar: Fundamentos. São Paulo:CEDAS;1997. 3. – Cherubin N, Santos N. Administração Hospitalar: Um Compromisso com a Ciência e a Arte. São Paulo:Edições Loyola;1998. 4. - Laurenti R, Jorge M, Lebrão M, Gotlieb S. Estatísticas de Saúde.2a. ed. São Paulo:Editora Pedagógica e Universitária Ltda;1987. 5. – Novaes H. Ações Integradas nos Sistemas Locais de Saúde – SILOS, Análise Conceitual e Apreciação de Programas Selecionados na América Latina. São Paulo: Livraria Pioneira e Editora;1990. 6. – Abreu D , Rodrigues R. Diferenciais de Mortalidade entre as Regioões Metropolitanas de Belo Horizonte e Salvador, 1985-1995. Revista de Saúde Pública. São Paulo; 2000. 7. – Lebrão M. Determinantes da Morbilidade Hospitalar em Região do Estado de São Paulo, Revista de Saúde Pública. 1999.fevereiro. 33(1). 8. – Noronha J, Soares L. A Política de Saúde no Brasil nos Anos 90. Revista Interface – Comunicação, Saúde, Educação. 2002. fevereiro.6(10): 445-450 . 9. – Reis J, Silva A, Santos F, Saltz S, Bottin G, Araújo A. Assistência de Média e Alta Complexidade no SUS. 1995/2000 Secretaria de Assistência à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. 10. – Moraes I, Santos S. Informações para a Gestão do SUS: Necessidades e Perspectivas. Revista Informe Epidemiológico do SUS.2001. jan–março.10(1). 11. – Tomé E. Tendencias de la Mortalidad Infantil en el Municipio de Guarulhos, 1971-1998. Sao Paulo; 2000. 12. – Toledo G, Ovalle I. Estatística Básica. 2.ed. São Paulo: Ed. Atlas; 1985. 13. – Laurenti R. Buchalla C. O Uso em Epidemiologia da Família de Classificação de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Caderno Saúde Pública. 1999.15(4) :685-700.5 14. – Lira M, Júnior M. Anos Potenciais de Vida Perdidos no Brasil em 1980 e 1997. Brasília-DF. Ministério da Saúde; 2000 49 15. - Organização Mundial da Saúde. Classificação Internacional de Doenças. 3a. edição. São Paulo: OMS;1985:09 16. – Mendonza JP, Barceló JAS, Cornesa RO, Cárdenas AZ. Cesárea en la Adolescente: Morbilidad Materna Y Perinatal. Revista Cubana de Obstetricia y Ginecología 1996;22(1). 17. – Hernández MF, Buergo DR, Ramos JMP, Collazo OB, Díaz JV, Cruz NJ. Comportamiento de Indicadores Hospitalarios Durante el Decenio 1990-1999. Revista Cubana de Pediatría 2001;73(3):158-64. 18. – Márquez AV, Verdecia CG, Vicente VH, Chávez FDC, Chávez AMA. Embarazo Y Adolescencia: Factores Biológicos Materno Y Perinatal más Frecuentes. Revista Cubana de Obstetricia y Ginecología 2001;27(2)158-64. 19. – Corteguera RLR. Estrategias para Reducir la Mortalidad Infantil, Cuba 19591999. Revista Cubana de Pediatría 2000;72(3):147-64. 20. – Hernández AG, Uría RMA, Rojas ARG, González AC. Estudio de Gestantes Adolescentes y Su Repercusión en el Recién Nacido en un Área de Salud. Revista Cubana de Pediatría 2000;72(1):54-9. 21. – Macías GA, Torres MR, Valdés NP, Vidal MM. Factores Prenatales Relacionados con la Prematuridad. Revista Cubana de Pediatría 2001;73(3):11-5. 22. – Cisneros FH, Illán LG, Nordelo AR, Illán VG. Ingressos Hospitalarios em el Niño. Caracterización em um área de salud I y II. Revista Cubana de Medicina General Integral 1999;15(6):626-35. 23. – Fernández MLAG, Corteguera RLR. Mortalidad Infantil Y Sus Componentes en el Municipio Cerro, 1980-1991. Revista Cubana de Salud Pública enerojunio1995. 24. – Ryle JA. Medicina Social Y Salud Pública. En: El Desafío de la Epidemiología, Problemas y Lecturas Seleccionadas. OPS; 1994. 25. – Gordon JE. Epidemiología – Vieja y Nueva. En: El Desafío de la Epidemiología, Problemas y Lecturas Seleccionadas. OPS; 1994. 26. – Puffer RR, Griffith GW. Características de la Mortalidad Urbana. En: El Desafío de la Epidemiología, Problemas y Lecturas Seleccionadas. OPS; 1994. 27. – Ryle JA. Medicina Social Y Salud pública. En: El desafío de la Epidemiología, Problemas y Lecturas Seleccionadas. OPS; 1994. 50 28. – Mantel N, Haenszel W. Aspectos Estadísticos del Análisis de Datos de Estudios Retrospectivos de Enfermedades. En: El Desafío de la Epidemiología, Problemas y Lecturas Seleccionadas. OPAS. 1994. 29. – Cochrane AL, Leger ASSt, Moore F. Entradas de Atención de Salud y Salidas de Mortalidad en los Países Desarrollados. En: El desafío de la Epidemiología, problemas y lecturas seleccionadas. OPS; 1994. 30. – Duany N. Comportamiento de la Morbilidad en el Policlínico Elpidio Berovides del Municipio Lisa; 1988. 31. – Golubovsky A. Estudio de la Morbilidad, Algunos Aspectos Conceptuales. Folletos de bioestadística; 1974. 32. – Paim JS. A Reforma Sanitaria e os Modelos Assistenciais. En: Epidemiologia & Saúde. Medsi; 1999. 33. – Rouquayrol MZ, Filho NA. Análise de Dados Epidemiollógicos. En: Epidemiologia & Saúde. Medsi; 1999. 34. – Simões CCS. Perfis de Saúde e de Mortalidade no Brasil: Uma Análise de Seus Condicionantes em Grupos Populacionais Específicos. Brasília: OPS; 2002. 35. – Navarro FM, Anto JM, Castellanos PL, Gili M, Marset P, Navarro V. Salud Pública. Madrid. 199?. 51 Anexo 01 – Classificação Internacional de Doenças por capítulo - 2001. CAPÍTULO DA CID DESCRIÇÃO CATEGORIA DE TRÊS CARCTERES I Algumas doenças infecciosas e parasitárias. A00-B99 II Neoplasias (tumores). C00-D48 III Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos D50-D89 e alguns transtornos imunitários. IV Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas. E00-E90 V Transtornos mentais e comportamentais. F00-F99 VI Doenças do sistema nervoso. G00-G99 VII Doenças do olho e anexos. H00-H59 VIII Doenças do ouvido e apófise mastóide. H60-H95 IX Doenças do aparelho circulatório. I00-I99 X Doenças do aparelho respiratório. J00-J99 XI Doenças do aparelho digestivo. K00-K93 XII Doenças da pele e do tecido subcutâneo. L00-L99 XIII Doenças do sistema osteomuscular e do tecido M00-M99 conjuntivo. XIV Doenças do aparelho geniturinário. N00-N99 XV Gravidez, parto e puerpério. O00-O99 XVI Algumas afecções originadas no período perinatal. P00-P96 XVII Malformações congênitas, deformidades e Q00-Q99 anomalias cromossômicas. XVIII Sintomas, sinais e achados anormais de exames R00-R99 clínicos e de laboratório não classificados em outra parte. XIX Lesões, envenenamento e algumas outras S,T conseqüências de causas externas. XX Causas externas de morbidade e de mortalidade. V,W,X,Y XXI Fatores que influenciam o estado de saúde e o Z00-Z99 contato com os serviços de saúde. Fonte: Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, décima revisão, volume 01, OMS, 1997. 52