UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Educação Financeira: uma ferramenta para melhorar a qualidade
de vida da família naval.
Por: Maria Eliâne Alencar Rocha Borges
Orientadora
Professora Fabiane Muniz da Silva
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Educação Financeira: uma ferramenta para melhorar a qualidade
de vida da família naval.
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Cândido Mendes – como
requisito parcial para obtenção do grau de especialista
em Terapia de Família.
Por: Maria Eliâne Alencar Rocha Borges
3
AGRADECIMENTOS
A Deus pela oportunidade em compartilhar conhecimento e experiência
neste Curso, fazendo-me perceber a relevância de temas que não faziam parte,
até então, da minha vida pessoal e profissional, de maneira sistematizada e
técnica.
Ao meu revisor, MAURO BORGES, meu esposo, sem o qual esta
monografia não teria a mesma qualidade.
Às colegas da Seção de Assistência do Presídio da Marinha pela
colaboração na elaboração e tabulação dos questionários aplicados, em especial à
LIA TOYOKO YAMADA, pelas orientações em nossas corridas matinais, no Aterro
do Flamengo.
À tripulação do Presídio da Marinha, pela cooperação para captação de
dados empíricos, por ocasião da aplicação do questionário, sendo atores principais
nesse processo de descobertas.
Ao Diretor do Presídio da Marinha, o Capitão-de-Fragata Fuzileiro Naval
PAULO ROBERTO INNOCENCIO, pelas facilidades proporcionadas na
elaboração deste Estudo, o que fez com que esta monografia se desenvolvesse
com qualidade, em especial pela autorização na aplicação dos questionários aos
militares integrantes desta Organização Militar ímpar e, em especial, por entender
a importância do trabalho ora desenvolvido.
Às colegas do Curso de Terapia de Família, integrantes da Turma N28,
Campus Niterói, pelas boas risadas e em especial pela espontaneidade na troca
de informações, numa demonstração de coleguismo, profissionalismo e
solidariedade.
Aos professores do Curso, pela troca constante de informações.
À minha orientadora, a professora Fabiane Muniz da Silva, pelo incentivo,
simpatia e presteza no auxílio às atividades e discussões acerca do andamento e
normatização desta monografia.
4
DEDICATÓRIA
A
MAURO
BORGES,
meu
marido,
amigo
e
companheiro, amor da minha vida, que com sua
exigência positiva e construtiva, me fez ver o mundo de
maneira diferente.
A JÚLIA, minha filha amada, pessoinha que me fez
amadurecer e a dar mais valor a pequenas coisas da
vida.
Obrigada a vocês dois por fazerem parte da minha vida
e por se constituírem pessoas igualmente diferentes,
belas
e
admiráveis
em
essência,
que
me
impulsionaram a buscar vida nova a cada dia, em
especial por terem aceitado se privarem de minha
companhia aos sábados, por um período de 1 ano,
para que eu pudesse freqüentar a minha PósGraduação
com
tranqüilidade,
concedendo-me
oportunidade de realização profissional.
a
5
RESUMO
O tema educação financeira no Brasil vem ganhando espaço há pouco
mais de 10 anos, apesar do assunto ser antigo. A hiperinflação em que o País
encontrava-se mergulhado impulsionava uma prática de gastar rápido o dinheiro
para não perder valor. Não era viável à população poupar, muito menos fazer
planos a médio e longo prazos.
Com a entrada do Plano Real na década de 90, inauguramos a
estabilização da economia e baixos índices de inflação mensal, porém, a
sociedade continuou com os velhos hábitos e sem educação financeira.
A educação financeira tem como sua maior premissa orientar o indivíduo na
correta gestão de recursos financeiros em suas especificidades, visando à
melhoria de seu bem estar, a fim de que possa alcançar os objetivos inicialmente
traçados. É a chave de tudo para que as pessoas possam ter acesso a
informações financeiras de maneira responsável e ética.
Em geral , as dificuldades financeiras vivenciadas pelos militares estão
associadas à falta da educação financeira. Tanto faz se o militar ganha R$
1.000,00 ou R$ 4.000,00. Independente da quantia, os problemas seguirão
aparecendo e, quase sempre, com gravidade cada vez maior. Logo, saber ganhar
e gastar, tudo isso sob a ótica da ética, são habilidades que todos nós precisamos
desenvolver, de modo a manter nossa vida em harmonia.
O objetivo deste trabalho é mostrar a importância da Educação Financeira
como uma ferramenta de melhoria de qualidade de vida da família naval, indicando
solução a longo prazo, por meio de uma política institucional voltada à implantação
do tema citado no currículo do Ensino Naval.
6
METODOLOGIA
Os instrumentos utilizados nesse trabalho para a coleta de dados contaram
com o estudo de prontuários sociais do ano de 2008 de militares no Presídio da
Marinha, atendidos no Programa de Ação do Serviço Social (PASS), normatizado
pela Diretoria de Assistência Social da Marinha (DASM) à família naval, com
pesquisa bibliográfica acerca do tema estudado e com a aplicação de um
questionário, contendo 23 questões, direcionado aos militares, preservando-se o
sigilo profissional e ético adotado pelo Serviço Social.
O questionário foi submetido à apreciação dos profissionais lotados na
Seção de Assistência do Presídio da Marinha (Assistentes Sociais e Psicóloga),
para que pudessem detectar algum problema relativo às questões propostas,
tendo o mesmo sido aprovado.
Por ocasião da aplicação do questionário foi informado ao público alvo da
pesquisa a sua natureza, o seu propósito e seus objetivos, bem como preservado
o anonimato dos respondentes.
Os questionários foram aplicados no período de 14 a 22 de maio do ano de
2009 a 77 militares lotados no Presídio da Marinha, equivalente a 88% do pessoal
lotado nessa Organização Militar.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
08
CAPÍTULO I - Programa de Educação Financeira no mundo e no Brasil
09
1.1 Conceituando a Educação Financeira
1.2 Retrospectiva da Educação Financeira
1.2.1 Estados Unidos
1.2.2 Reino Unido
1.2.3 Outros Países
1.2.4 Brasil
12
13
13
13
13
14
CAPÍTULO II – Família e crise financeira
17
2.1 – Entendendo a família
2.2 – Família enquanto espaço de conflito. O que fazer?
17
20
CAPÍTULO III - Educação Financeira: uma ferramenta para melhorar
a qualidade de vida da família naval
23
3.1 Resultados e Discussão
3.2 Descrição da Amostra
3.2.1 Prontuários sociais
3.2.2 Questionários
3.2.2.1 Militar no Posto de Oficial
3.2.2.2 Militar na Graduação de Suboficial e Sargento
3.2.2.3 Militar na Graduação de Cabo e Soldado
3.3 Como está a qualidade de vida da Família Naval?
3.4 O que fazer para melhorar a qualidade de vida da Família Naval?
24
24
24
25
25
27
29
30
32
CONCLUSÃO
34
BIBLIOGRAFIA
36
WEBGRAFIA
38
ANEXO 1
39
ANEXO 2
43
ANEXO 3
44
ÍNDICE
45
FOLHA DE AVALIAÇÃO
47
8
INTRODUÇÃO
Com base nos levantamentos originados dos prontuários sociais e nos
questionários, procuramos analisar de que forma a disseminação da educação
financeira nos lares trará benefícios à família, no que se refere à qualidade de vida.
E de que forma pode-se dar esta inserção, por entendermos a importância deste
tema, na busca da melhoria da qualidade de vida do militar e dos seus membros.
Este trabalho se divide em três capítulos. No primeiro, é conceituado o
tema educação financeira, bem como abordada a trajetória da educação financeira
no Brasil e no Mundo, para entendermos a importância deste tema em nossa
sociedade, apesar dos 15 anos de estabilidade econômica.
No Capítulo 2, traçamos um paralelo entre família e crise financeira, a fim
de entendermos o quão perigoso torna-se a falta de educação financeira na
gerência dos conflitos originados na família, principalmente em decorrência de
dificuldades financeiras. No Capítulo 3, analisamos os resultados extraídos dos
prontuários sociais e dos questionários aplicados à tripulação do Presídio da
Marinha, com o intuito de verificar a situação financeira desses militares, bem
como analisar as causas geradoras dos problemas financeiros.
Na opinião de Cássia D´aquino (2007), a falta de educação financeira
pode ter conseqüências desastrosas, que vão desde oscilações financeiras e
consumismo irresponsável até uma vida inteira sacrificada pelas dívidas.
Neste sentido, a leitura deste trabalho mostrará as maneiras que temos
para atingir os nossos objetivos e metas traçados em nossa vida familiar e
financeira, oferecendo reflexões com o intuito de melhorarmos a nossa educação
financeira com a participação de todos os membros de nossa família.
9
CAPÍTULO I
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO MUNDO E NO BRASIL
“Educação financeira sempre foi importante aos
consumidores, para auxiliá-lo a orçar e gerir a sua
renda, a poupar e investir, e a evitar que se tornem
vítimas de fraudes. No entanto, sua crescente
relevância nos últimos anos vem ocorrendo em
decorrência
do
financeiros,
e
desenvolvimento
das
mudanças
dos
mercados
demográficas,
econômicas e políticas”. (Extraído da Revista de
Administração Pública, V.41, nº 6, RJ, Nov/Dez 2007).
Este capítulo traz o conceito e a importância da educação financeira, bem
como aborda a trajetória da educação financeira no mundo e no Brasil.
Com base no trecho transcrito acima, partimos do princípio de que sujeitos
informados favorecem a criação de um mercado competitivo e eficiente, onde os
consumidores “conscientes” demandarão por produtos condizentes com suas
necessidades financeiras, bem como dando a direção às entidades financeiras
para a criação de produtos que melhor correspondam às suas demandas, seja a
curto, médio ou a longo prazo.
Três forças nos últimos 20 anos produziram estas mudanças no mundo: a
globalização1, o desenvolvimento tecnológico2 e a política neoliberal3. Nos países
desenvolvidos houve uma redução financeira significativa nos programas de
seguridade social, bem como o rompimento do modelo do Estado Social.
No Brasil, foi somente
depois
da
implantação
do
Plano
de
1
É um processo econômico e social que estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo todo.
Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam idéias, realizam transações financeiras e
comerciais e espalham aspectos culturais pelo mundo.
2
Seja no lar, na escola, na indústria ou na igreja, na cultura ou no lazer, seja qual for nosso campo de atuação,
a tecnologia nos trouxe uma nova linguagem, um novo conhecimento, um novo pensamento, uma nova forma
de expressão.
3
Estado mínimo deveria suceder o Estado de Bem Estar. Esta proposta devolve ao indivíduo, segundo os
neoliberais, o poder de decisão econômica e social, garantiria a eficácia das instituições públicas desgastadas
pelo Estado de Bem Estar.
10
Estabilização Econômica (Plano Real), no início dos anos 90, que se passou a
pensar em educação financeira.
“As pessoas foram ensinadas a gastar o dinheiro
imediatamente em vez de criar reservas e consumir
depois – uma das conseqüências dos mais de 20 anos
de inflação do país”. (Louis Frankenberg, Formado em
Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC/RS. Autor de
livros
sobre
Finanças
Pessoais).
Segundo Cláudio Boriola4, Consultor Financeiro, a análise atual da
educação financeira no Brasil, ainda é incipiente em relação aos países
desenvolvidos, como os Estados Unidos e o Reino Unido. Tal fato explica-se pelo
longo período de inflação no Brasil, que levou a uma preocupação maior com a
preservação do poder aquisitivo do patrimônio em detrimento do planejamento de
longo prazo.
Entretanto, com o processo de estabilização e de abertura econômica, o
mercado financeiro nacional se modernizou, de modo que os indivíduos e as suas
famílias passaram a demandar conhecimento e informação atualizada para
tomarem as suas decisões financeiras.
A educação financeira, nesse sentido, funcionaria como uma ferramenta de
inclusão social, de melhoria de vida do cidadão e de promoção da estabilidade,
concorrência e eficiência do sistema financeiro do país.
No Brasil, não diferente do Mundo, a globalização, as inovações
tecnológicas e a implementação de uma política neoliberal favoreceu uma
discussão das entidades financeiras públicas e privadas acerca da importância do
tema educação financeira, num país que emerge de uma revolução cultural e de
costumes. Entendendo esta revolução como o modo de interagir da sociedade.
4
Especialista em economia doméstica e direitos do consumidor. Extraído do site WWW.boriola.com.br.
11
1.1 – Conceituando a Educação Financeira
Para melhor compreender a importância do tema educação financeira na
sociedade contemporânea, faz-se necessário ter bem definido o conceito deste
tema.
Para a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico
(OCDE)5, a educação financeira é definida como um
“... processo pelo qual consumidores e investidores
melhoram seu entendimento sobre os conceitos e os
produtos
financeiros
e,
através
da
informação,
instrução e/ou conselhos objetivos, desenvolvam as
habilidades e a confiança para conhecer melhor os
riscos e as oportunidades financeiras, e assim
tomarem decisões fundamentadas que contribuam
para melhorar seu bem-estar financeiro”. (OCDE,
2005).
A educação financeira torna os sujeitos mais conscientes da procura por
produtos e serviços condizentes com suas necessidades financeiras, permitindolhes tomar decisões esclarecidas, o que influencia diretamente no bem estar
econômico da família.
Para a OCDE a educação financeira beneficia todas as pessoas,
independente de renda. Ela ajuda os indivíduos a exercerem a disciplina no
poupar, propiciando, assim, uma melhor qualidade de vida à família, como
financiar os estudos dos filhos, adquirir casa própria e etc.
Na sociedade contemporânea, os indivíduos necessitam aprimorar o tema
educação financeira, com o intuito de buscar conhecimento técnico acerca do
5
A Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma organização internacional
dos países comprometidos com os príncipios da democracia representativa e da economia de livre mercado. A
sede da organização fica em Paris, na França. A OCDE influencia a política econômica e social de seus
membros. Entre os objetivos está o de ajudar o desenvolvimento econômico e social no mundo
inteiro,estimulando investimentos nos países em desenvolvimento.
12
assunto. Este aprimoramento auxiliará na melhor gerência da sua renda,
principalmente em decorrência das mudanças do mercado financeiro, econômicas
e políticas, provocadas pela globalização, desenvolvimento tecnológico e pela
política neoliberal, implementada, principalmente, pelos países desenvolvidos e em
desenvolvimento.
A título de exemplo poderíamos citar as mudanças ocorridas no sistema
de previdência social com uma tendência de privatização, obrigando o indivíduo a
se preocupar com sua aposentadoria, aderindo a planos de previdência privada.
Quanto mais esclarecidos estiverem os indivíduos, em relação ao tema
educação financeira, mais atuantes estarão na discussão do seu projeto
econômico, e consequentemente, podendo proporcionar uma melhor qualidade de
vida para si e seus familiares.
Para Cássia D´aquino (2007)6 a educação financeira proporciona uma
mentalidade inteligente e saudável sobre dinheiro. Cria consciência dos limites.
Aprende-se a ganhar, gastar, poupar, investir e doar o seu dinheiro. É a
capacidade de administrar o seu rico dinheiro. É fazer tudo o que se deseja com
responsabilidade, ética e maturidade.
Uma sociedade bem informada (educada) cria mercados competitivos e
eficientes, bem como estimula a formação de consumidores conscientes, onde
produtos e serviços serão produzidos no mercado para atender demandas reais a
consumidores que buscam atender necessidades reais.
1.2 – Retrospectiva da Educação Financeira
Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia são os
países onde a educação financeira está bem adiantada. Estes países perceberam
a importância do tema e, por conta disso, passaram a incentivar a execução de
programas voltados à área da educação financeira, no âmbito público e no privado.
Entretanto, a questão orçamentária para viabilizar esses Programas, ainda são
entraves para o seu pleno êxito.
13
1.2.1 - Estados Unidos
Nos Estados Unidos o tema é bem divulgado em sites de instituições
financeiras privadas envolvidas com esse processo, bem como um percentual
significativo dos estados instituíram a educação financeira obrigatória na grade
curricular da rede de ensino.
Instituições governamentais e não governamentais vêm atuando de
maneira significativa no levantamento de dados acerca da educação financeira,
voltados aos trabalhadores, estudantes e à população em geral.
Bernheim, Garret e Maki (1997) em estudos realizados nos estados
americanos, concluíram em pesquisa que a educação financeira contribui para que
o indivíduo “poupe e acumule riqueza na fase adulta”. Concluíram também que
proporciona crescimento pessoal, capaz de trazer benefícios para a sociedade
como um todo a longo prazo.
1.2.2 – Reino Unido
No Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte), a
educação financeira é facultativa no currículo escolar, no entanto, o seu conceito é
transmitido por meio de outras disciplinas regulares e obrigatórias.
Há uma disseminação do tema e de ações por meio das entidades não
governamentais e de entidades financeiras e outras associações do setor
financeiro, voltados à ampliação de informações acerca do tema.
1.2.3 – Outros Países
Em alguns países integrantes da OCDE (República Tcheca, Hungria,
Polônia e Eslováquia) e países não integrantes, tais quais: Bulgária, Lituânia,
Macedônia e Ucrânia, de acordo com Holzmann e Miralles (2005), utiliza-se a
6
Educadora, Especialista em educação financeira. Membro sul-americano da Internacional Association for
Citzenship, Social and Economical Education (Associação Internacional para Cidadania e Educação
Econômica e Financeira).
14
mídia como sendo a maior disseminadora da educação financeira, ainda em
estágio incipiente.
1.2.4 - Brasil
No Brasil, não há um trabalho consolidado acerca da educação financeira,
há ações isoladas por parte de instituições financeiras, de ensino, de associações
e mídia, ainda de maneira não sistematizada, tais quais: Ministério de Educação e
Cultura (MEC), Banco Central do Brasil (BACEN), Comissões de Valores
Mobiliários (CVM), Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), Federação
Brasileira de Bancos (FEBRABAN), SERASA, Associação Nacional dos Bancos de
Investimento (ANBID) e Mídia.
Outra iniciativa deu-se por meio do governo e de entidades privadas com a
criação da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), cujo objetivo foi o
Projeto Nacional de Educação Financeira. E em setembro de 2008 foi realizado
em Brasília um Seminário cujo tema foi “Brasil: a educação financeira na escola”.
Porém não se verifica por parte do MEC uma preocupação em tornar
obrigatória a educação financeira nas grades curriculares de ambos os ensinos
(fundamental e médio), nem tão pouco o desenvolvimento deste tema por parte
das entidades financeiras brasileiras (Bancos). Os demais órgãos citados possuem
projetos já em execução, porém, aquém do necessário para qualificar o indivíduo
acerca do tema.
Em suma, apesar de algumas iniciativas descritas, as ações são ainda
incipientes, tanto por parte do governo, como por parte de entidades privadas7.
Ressalta-se que tais ações são insuficientes para alterar os paradigmas
existentes da educação financeira no país, principalmente pelos aspectos da
estabilização da moeda e redução da inflação. Essa transição não acontece de
maneira automática; os sujeitos têm que se conscientizar para uma nova ótica da
gerência de seus recursos, de seus bens pessoais.
7
Foi desenvolvido um site para divulgar as ações acerca do tema educação financeira no Brasil:
www.vidaedinheiro.gov.br. Nesta página está disponível um formulário para a tabulação de estatística, onde
instituições que realizam algum tipo de atividade ligada à educação financeira, sem ônus para o consumidor, se
cadastrem e informem ao governo as suas ações.
15
Para Savóia8, o Brasil, para alterar o seu rumo social, deve seguir três
princípios básicos na busca do estímulo à educação financeira:
1) os programas de educação financeira devem ter início no ensino
fundamental.
2) instruções apropriadas e livres de interesses, devem permear a
informação.
3) Os programas de educação financeira devem incentivar o planejamento
financeiro do indivíduo adulto, tal qual: poupança, aposentadoria, endividamento e
aquisição de casa própria.
Tais princípios têm como pano de fundo a situação preocupante em que
vivemos: um País com má distribuição de renda.
Outrossim, o modelo financeiro nacional alterou-se significativamente: a
realidade atual demanda amplo conhecimento dos indivíduos sobre os produtos e
serviços ofertados pelas entidades financeiras.
A OCDE criou um programa para estudar a educação financeira em seus
países membros, com a finalidade de analisar a efetividade das iniciativas já
existentes, e compartilhá-las com outros países. Este programa estabeleceu as
seguintes premissas, conforme agrupamento realizado por Sabóia9:
1) A educação financeira deve ser embasada em instruções apropriadas e
livres de interesses particulares;
2) Os programas de educação financeira devem se adequar à realidade de
cada país;
3) O processo de educação financeira deve ser considerado pelo governo
como um instrumento de estabilidade econômica do país;
8
José Roberto Savóia é professor doutor do Departamento de Administração da FEA/USP e professor visitante
da Columbia University. Extraído do site http://www.scielo.br/scielo.
9
Extraído do site http://www.scielo.br/scielo.
16
4) O governo deve estimular as instituições financeiras ao processo de
educação financeira, voltado aos usuários;
5) A educação financeira deve ser um processo contínuo;
6) A educação financeira deve ser incentivado por meio da mídia
campanhas de educação financeira em âmbito nacional;
7) A educação financeira deverá integrar-se ao currículo escolar; e
8) As instituições financeiras devem ser incentivadas a certificar que seus
clientes leiam e compreendam todas as informações repassadas na divulgação de
seus produtos e serviços.
Se tais fundamentos forem aplicados teremos a longo prazo uma
importante ferramenta para melhorar a qualidade de vida das pessoas: a educação
financeira disseminada e aplicada nos lares brasileiros.
17
CAPÍTULO II
FAMÍLIA E CRISE FINANCEIRA
“Tem gente demais gastando dinheiro que não ganha,
para comprar coisas que não quer, para impressionar
pessoas das quais não gosta”.
(Will Rogers, ator americano – 1879- 1935).
Neste capítulo discorremos acerca do conceito de família e de crise
financeira, bem como esta relação de conflito se dá na família, e quais soluções
são buscadas por todos os membros dessa família, no enfrentamento da crise
financeira.
Nas classes A e B10, 50% dos casais brigam por dinheiro, em virtude de um
dos dois gastar além do que pode. Nas classes C e D11, para 55% dos casais, o
motivo das brigas refere-se exatamente à falta de dinheiro12. Milhões de brasileiros
sentem-se “quebrados” financeiramente: gastam mais do que ganham e assistem
ao endividamento crescer num ritmo frenético.
De acordo com o Banco Central13, há no Brasil hoje cerca de 80 milhões de
pessoas endividadas, das quais cerca de 15 milhões devem mais de R$ 5.000,00.
Tal
endividamento
traz
sérias
conseqüências
emocionais
às
pessoas,
influenciando em muitos casos a sua auto-estima e sua saúde.
No Presídio da Marinha, local onde a pesquisa foi desenvolvida, não é
diferente; cerca de 85% dos atendimentos sociais realizados pelo Serviço Social
estão relacionados a dificuldades financeiras do militar e seus familiares.
2.1 – Entendendo a família
Falar de família é entendê-la como um sistema complexo de relações, no
qual os membros compartilham um mesmo contexto social. É o lugar de
reconhecimento das diferenças, do unir-se e separar-se, das
primeiras trocas
10
Classe A renda de R$ 9.733,47 e Classe B renda de R$ 3.479,36. (Fonte LSE 2005 – IBOPE Mídia).
11
Classe C renda de R$ 1.194,53 e Classe D renda de R$ 484,97. (Fonte LSE 2005 – IBOPE Mídia).
12
Dados divulgados na Revista Meu Dinheiro em JUN2008.
13
Dados divulgados na Folha de São Paulo em 22/06/2008.
18
afetivas e emocionais e de construção de identidade. Simplificando: na família
nascemos e nela morremos, podendo ou não dar nascimento a uma nova família.
Trata-se de um sistema em constante transformação em decorrência da
sua história14, ciclo de vida15 e das mudanças sociais16. É nesse contexto familiar
que aprendemos a nos definir como seres diferentes no enfrentamento dos
conflitos de crescimento inerente a cada família.
Com o processo de globalização, principalmente nas duas últimas décadas
no Brasil, observamos mudanças socioeconômico-culturais que interferiram
diretamente na estrutura familiar, alterando o padrão tradicional de organização
dessa família, a família nuclear.
A família nuclear, que consiste num homem, numa mulher e nos seus
filhos, biológicos ou adotados, e que residem em ambiente familiar comum, dá
espaço “às novas famílias” constituídas17, tais quais: famílias recompostas,
famílias monoparentais, famílias homossexuais, famílias sem filhos, famílias de
adoção, dentre outras.
Famílias recompostas: são constituídas de homens e mulheres dos quais,
um pelo menos já foi casado, teve um ou mais filhos, divorciou-se, enviuvou-se e
uniu-se novamente.
Família monoparental conforme preceitua a Constituição Federal em seu
artigo 226, §4º, é tida como a “comunidade formada por qualquer dos pais
e seus descendentes”. Ou seja, famílias formadas por um dos pais e seus
descendentes que organizam-se tanto pela vontade de assumir a maternidade ou
paternidade sem a participação do outro genitor, seja por circunstâncias alheias à
14
Mito, memória e transmissão.
15
Sistema vivo que se modifica no tempo. Passa por períodos previsíveis, de estabilidade e transição, de
equilíbrio e adaptação.
16
“A família é um caleidoscópio de relações que muda no tempo de sua constituição e consolidação em cada
geração, que se transforma com a evolução da cultura, de geração para geração”. (Giselle Groeninga).
17
Ressalta-se que a estrutura nuclear tem uma grande capacidade de adaptação, reformulando a sua
constituição, quando necessário, por exemplo, a família ampliada (consanguínea) que consiste nos parentes
diretos ou colaterais, existindo uma extensão das relações entre pais e filhos para avós, pais e netos.
19
vontade humana, entre as quais a morte, a separação, o abandono do lar, por um
dos cônjuges18.
Nas famílias homossexuais existe uma ligação conjugal ou marital entre
duas pessoas do mesmo sexo, que podem incluir crianças adotadas ou filhos
biológicos de um ou ambos os parceiros. Ressalta-se que a Lei nº 8.069/90,
Estatuto da Criança e do Adolescente, que regulamenta o artigo 227 da
Constituição Federal, materializa o direito da criança e do adolescente de terem
asseguradas a convivência familiar e comunitária19.
Famílias sem filhos têm como base uma aliança entre duas pessoas que
resolvem viver juntas sob o mesmo teto e não fazem do casamento uma atividade
de procriação.
Os
casais
sem
filhos
podem
ser
de sexos
diferentes
(heterossexuais) ou do mesmo sexo (homossexuais).
As famílias de adoção têm a garantia legal prevista na Constituição Federal,
em seu artigo 227, §6º, onde é tida como uma entidade familiar, com a proteção
do Estado, incluídos também nessa categoria a mãe ou pai que vive só com seu
filho adotivo.
A família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência e da
proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo
familiar ou da forma como vêm se estruturando. Desempenha um papel
decisivo na educação formal e informal dos seus membros, transmitindo-lhe
valores éticos e morais, bem como aprofundam os laços de solidariedade com os
seus membros (KALOUSTIAN & FERRARI,1994).
18
Como exemplo desta nova reoorganização familiar, temos por exemplo o caso das mães solteiras onde cada
vez um número maior de mulheres vive só por opção, porém sem abrir mão da maternidade, até como forma de
realização pessoal. Um outro exemplo é a separação onde o pai assume a guarda dos filhos menores e a mãe
conserva o direito de visita, ou vice-versa.
19
No aspecto legal não há impedimento de adoção por homossexuais. No processo de adoção os pais ou o
indivíduo são avaliados por profissionais do serviço social e da psicologia, e em relatório será inferido se essa
família ou indivíduo é capaz de prover a uma criança um ambiente saudável, afetivo e que supra as
necessidades físicas e psicológicas para o seu bom desenvolvimento.
20
Para AMARAL (2001), família é uma construção social que se forma a partir
de um emaranhado de emoções e ações pessoais, familiares e culturais, e que
varia de acordo com a época, compondo assim, o universo do mundo familiar.
Uma forma concreta da existência de uma família, por exemplo: morar sob
o mesmo teto. A noção de casa implica convivência familiar, trazendo consigo
complexidades, encontros, desencontros e conflitos. Porém, em tese, a casa
continua sendo um espaço de proteção e de harmonia entre os seus membros.
Entretanto, quando a casa deixa de ser esse espaço de proteção para ser
um espaço de conflito é necessário rever conceitos para enfrentamento da crise,
no intuito de que os membros da família possam se reestruturar.
2.2 – Família enquanto espaço de conflito. O que fazer?
Com base no acima exposto vamos discorrer o tema conflito conjugal e
familiar em decorrência de dificuldades financeiras enfrentadas pelo casal e
demais membros da família.
Em uma pesquisa datada de 2004 a Revista Você S/A trouxe o seguinte
dado estatístico envolvendo o tema conflito conjugal: 38% dos casais entrevistados
brigam por causa de dinheiro. As principais razões apontadas para as brigas são
falta de dinheiro e despesas excessivas dos cônjuges.
Identificou-se também que depois da infidelidade e traição, os problemas
financeiros do casal ocupam lugar de destaque na eclosão de uma crise conjugal.
Quando o problema financeiro aparece, o casal tem que se gostar muito para
permanecer unido, pois, na crise financeira, aparecem questões de irritabilidade,
estresses, cobranças mútuas, falhas na comunicação e baixa auto-estima.
Uma vida planejada e com objetivos trará, em tese, proteção e harmonia
aos membros da família. A questão financeira tem que ser tratada em família, com
a família, e de maneira preventiva, pois, de outra forma, poderá tomar proporções
incontroláveis, contribuindo, inclusive para a desagregação familiar. Assim como o
físico e a mente padecem de doenças, nosso "corpo" financeiro também.
21
O planejamento familiar é uma previsão de receitas (renda, juros, aluguéis,
etc.) e despesas num determinado período de tempo (mês, trimestre, ano, etc.).
Esta previsão permite a visualização organizada de como estão suas contas hoje
e como elas ficarão num determinado período de tempo à frente. Para que este
planejamento seja bem feito, faz-se necessária a presença da educação
financeira.
Como já dizia Eubie Blake “se eu soubesse que iria viver tantos anos, teria
cuidado mais de mim”.
O ser humano, ao gastar seu dinheiro, sempre o faz com alguma finalidade
específica. Assim, quando vai ao supermercado para comprar carne e arroz, por
exemplo, estará gastando seu dinheiro com a finalidade específica de atender às
suas necessidades básicas de alimentação. Mas não é tão simples. Além da
satisfação das nossas necessidades, somos movidos também por desejos, às
vezes incontroláveis. É assim quando compramos por impulso, quando cedemos à
pressão da propaganda, de amigos ou de familiares, entre outras causas.
As pessoas são normalmente estimuladas a consumir por necessidade ou
por desejo. É importante que você tenha conhecimento da medida de suas
necessidades, para poder atendê-las de maneira equilibrada, bem como saber
distinguir necessidade de desejo20.
A falta de disciplina na execução deste planejamento ocorre principalmente
com as compras por impulso. Algumas pessoas adotam soluções especiais para
este problema, como, por exemplo, sair de casa sem talões de cheque, cartões de
débito, crédito ou até mesmo dinheiro, não passar em determinados lugares e etc;
outras evitam levar crianças para as compras.
20
Entende-se por necessidade: necessidades primárias, associadas à própria sobrevivência. Consumo essencial
à vida. Por desejo entende-se: vontade, anseio ou ambição por alguma coisa, geralmente associadas a luxo.
Consumo supérfluo.
22
A procura pelo equilíbrio financeiro exige mudança de comportamento,
controle sobre impulsos consumistas e melhor administração do orçamento
doméstico. A administração conjunta e consciente, por todos os membros da
família, melhora as relações familiares, gerando maior união e comprometimento
por todos os membros, contribuindo de maneira significativa para a educação das
futuras gerações, além de propiciar menos estresse, melhor desempenho no
trabalho, e maior auto-estima, gerando, portanto, mais qualidade de vida à família.
Neste cenário, é preciso rever as crenças, os paradigmas de vida, de
responsabilidade, de ética e de maturidade a fim de que possamos criar novos
modelos na busca de uma melhoria na qualidade de vida da família.
23
CAPÍTULO III
EDUCAÇÃO FINANCEIRA: UMA FERRAMENTA PARA MELHORAR A
QUALIDADE DE VIDA DA FAMÍLIA NAVAL
“Empregado endividado, não trabalha! As empresas
procuram de todas as maneiras soluções para o
crescente endividamento de seus empregados, mas
vira-e-mexe
lá
há
novo
endividamento
do
profissional. A produtividade cai ou não atinge o
esperado
após
investimentos
em
treinamento,
equipamentos e motivação. O que esperar de um
profissional
endividado?
Planejamento
Financeiro
Pessoal e Familiar é a mais moderna e eficiente
ferramenta
para
transformar
uma
equipe
de
endividados em investidores, com altos níveis de
produtividade e orgulho de sua empresa, que em
última estância conseguiu devolver a dignidade e a
honra de seus profissionais.”
(Borkenhagen,
Soluções
Contábeis,
Coluna
Mensageiro).
Este capítulo traz a descrição da amostra trabalhada na pesquisa, por
ocasião da análise dos prontuários sociais do ano de 2008, dos questionários
aplicados, bem como os resultados e discussão acerca da educação financeira
como uma ferramenta para melhorar a qualidade de vida da família naval.
A qualidade de vida do militar e de seus familiares está diretamente
relacionada a uma boa saúde financeira. Problemas nessa área podem refletir-se
na qualidade da alimentação, do sono, do lazer, da produtividade no trabalho, por
exemplo. No ambiente de trabalho, não é incomum encontrarmos militares com
alto grau de insatisfação e estresse gerados por problemas familiares, não raro
com origem nas dificuldades financeiras.
As pessoas não precisam de soluções mágicas para viver bem
financeiramente, apenas do conhecimento de algumas estratégias, além, é claro,
de disciplina, perseverança e atitude.
24
O dinheiro faz parte de nossa vida. Há quem diga que é a mola que move o
mundo. Sendo assim, estarão mais bem aparelhados para viver os que tiverem
controle sobre o próprio dinheiro, que não forem escravos, mas senhores dos
recursos financeiros de que dispõem.
3.1 – Resultados e discussão
Os resultados da aplicação dos questionários são apresentados abaixo.
Inicialmente, é feita a caracterização da amostra e, em seguida, a partir do
questionário, procura-se avaliar o nível da educação financeira dos respondentes.
3.2 – Descrição da amostra
A descrição da amostra foi extraída da análise de prontuários sociais e dos
questionários aplicados à tripulação do Presídio da Marinha.
3.2.1 - Prontuários Sociais
Na análise dos prontuários sociais referentes ao ano de 2008, no que se
refere aos atendimentos realizados pelo Serviço Social, 85% dos usuários que
procuraram o Serviço Social encontravam-se em dificuldades financeiras.
Esses usuários foram inseridos no Projeto de Assistência Financeira, nos
atendimentos de cesta básica, aquisição de medicamentos, pagamento de
condomínio em atraso e contas de água e luz em atrasos.
50% dos atendimentos foram a militares na graduação de Sargento, onde
78% são casados ou em união estável, com esposas que não exercem atividades
remuneradas. Os militares se encontram em faixa etária compreendida de 34 anos
a 46 anos de idade, onde 55% possuem o 2º grau completo e têm em média 3
pessoas em sua dependência financeira. 89% possuem empréstimos e 45%
pagam pensão de alimentos. 45% residem em imóvel próprio, 35% em imóvel
financiado e 20% em imóvel alugado (ver Tabela 1).
25
Tabela 1
Variáveis
%
Casados ou em união estável
Escolaridade – 2º grau
Empréstimos consignados
Pagamento de pensão de alimentos
Tipo de imóvel
– Próprio
- Financiado
- Alugado
78
55
89
45
45
35
20
Os outros 50% referem-se a atendimentos a militares na graduação de
Cabos e Soldados, onde 89% são casados ou em união estável, com esposas que
não exercem atividades remuneradas. Os militares se encontram em faixa etária
compreendida de 21 anos a 37 anos de idade, onde 67% possuem o 2º grau
completo, 50% têm em média 3 pessoas em sua dependência financeira, 78%
possuem empréstimos e 25% pagam pensão de alimentos. 35% residem em
imóvel próprio e 65% em imóvel alugado (ver Tabela 2).
Tabela 2
Variáveis
Casados ou em união estável
Escolaridade – 2º grau
Empréstimos consignados
Pagamento de pensão de alimentos
Tipo de imóvel
– Próprio
- Alugado
%
89
67
78
25
35
65
3.2.2 - Questionários
Os questionários foram aplicados a 77 militares de diversos postos e
graduações, equivalente a 88% do pessoal lotado no Presídio da Marinha, onde
apresentaram as seguintes características: 66 respondentes eram do sexo
masculino e 11 do sexo feminino (ver anexo 1). Os dados foram analisados
desprezando-se o sexo, em virtude da igualdade dos salários independente do
sexo, mas exclusivamente dependente do posto e/ou graduação que cada um
assume na carreira militar, conforme descrito abaixo:
3.2.2.1- Militar no Posto de Oficial
Dos 8 respondentes, o que corresponde a 100% dos oficiais, 6 são casados
ou em união estável e 2 são solteiros. 7 encontram-se em faixa etária de 30 a 59
26
anos de idade e 1 na faixa etária de 23 a 29 anos. 5 residem em imóvel próprio, 1
em imóvel alugado, 1 em imóvel cedido pela família e 1 em imóvel financiado.
Todos os respondentes possuem em média 3 pessoas que encontram-se em sua
dependência financeira.
Dos 6 militares casados, 4 dos cônjuges exercem
atividade remunerada. 2 oficiais pagam pensão de alimentos e 7 deles possuem
uma renda mensal superior a R$ 5.000,00 e 1 com uma renda mensal entre R$
3.001,00 a R$ 4.000,00. 4 têm o 3º grau completo, 2 são pós-graduados, 1 com o
3º grau incompleto e 1 com o 2º grau completo. 4 respondentes possuem mais de
10 anos de efetivo serviço na Marinha do Brasil e 4 possuem menos de 3 anos de
serviço (ver Tabela 3).
Tabela 3
Variáveis
Estado Civil
- Casados ou em união estável
- Solteiros
Faixa Etária
- 23 a 29 anos
- 30 a 59 anos
Tipo de imóvel
- Próprio
- Financiado
- Alugado
- da Família
Pensão de Alimentos
Renda Mensal
- Superior a R$ 5.000,00
- Entre R$ 3.001,00 a R$ 4.000,00
Escolaridade
- 3º grau completo
- Pós-graduado
- 3º grau incompleto
- 2º grau completo
Tempo de Serviço
- mais de 10 anos
- menos de 10 anos
Quantidade
6
2
1
7
5
1
1
1
2
7
1
4
2
1
1
4
4
100% dos entrevistados não se encontram em dificuldades financeiras,
porém em sua maioria (75%) identificaram a aquisição de casa, aquisição de carro
e educação como os fatores que mais contribuem para achatar o orçamento da
família.
27
Na opinião destes respondentes, 75% afirmam a importância de se obter
informações acerca da educação financeira, onde 50% já participaram de evento
formal cujo tema estava relacionado à educação financeira.
Na avaliação das informações que mostram como está a educação
financeira dos respondentes mais de 50% estão enquadrados como conhecedores
e aplicadores do orçamento doméstico em sua essência, tais quais: planeja o uso
do dinheiro; pratica o orçamento doméstico mensalmente; traça metas e as avalia
frequentemente; paga as contas em dia; compara preços ao realizar uma compra;
controla-se diante da compra por impulso; e o orçamento doméstico é elaborado
com a presença dos membros da família.
3.2.2.2 - Militar na Graduação de Suboficial e Sargento
Dos 27 respondentes, o que corresponde a 85% dos Suboficiais e
Sargentos, 22 são casados ou em união estável, 2 são separados ou divorciados,
1 é viúvo e 2 são solteiros. 25 encontram-se em faixa etária de 30 a 59 anos de
idade e 2 na faixa etária de 23 a 29 anos. 15 residem em imóvel próprio, 8 em
imóvel alugado, 2 em imóvel cedido pela família e 2 em imóvel financiado. 19
respondentes possuem em média de 1 a 3 pessoas que encontram-se em sua
dependência financeira, 7 possuem em média de 4 a 6 pessoas que encontram-se
em sua dependência financeira e 1 não possui pessoas que dependam
financeiramente.
Dos 22 militares casados, 7 dos cônjuges exercem atividade remunerada. 6
suboficiais/sargentos pagam pensão de alimentos. 1 deles possui uma renda
mensal entre R$ 501,00 a R$ 1.000,00, 11 deles possuem uma renda mensal
entre R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00, 10 deles possuem uma renda mensal entre R$
2.001,00 a 3.000,00, 3 deles possuem uma renda mensal entre R$ 3.001,00 a R$
4.000,00 e 2 deles possuem uma renda mensal superior a R$ 5.000,00. 2 têm o
3º grau completo, 5 com 3º grau incompleto, 19 com o 2º grau completo e 1 com o
1º grau completo. 26 respondentes possuem mais de 10 anos de efetivo serviço na
Marinha do Brasil e 1 possui menos de 10 anos de serviço (ver Tabela 4).
28
Tabela 4
Variáveis
Estado Civil
- Casados ou em união estável
- Separados/Divorciados
- Viúvo
- Solteiros
Faixa Etária
- 23 a 29 anos
- 30 a 59 anos
Tipo de imóvel
- Próprio
- Financiado
- Alugado
- da Família
Pensão de Alimentos
Renda Mensal
- Entre R$ 501,00 a R$ 1.000,00
- Entre R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00
- Entre R$ 2.001,00 a R$ 3.000,00
- Entre R$ 3.001,00 a R$ 4.000,00
- Superior a R$ 5.000,00
Escolaridade
- 3º grau completo
- 3º grau incompleto
- 2º grau completo
- 1º grau completo
Tempo de Serviço
- mais de 10 anos
- menos de 10 anos
Quantidade
22
2
1
2
2
25
15
2
8
2
6
1
11
10
3
2
2
5
19
1
26
1
78% dos entrevistados se encontram em dificuldades financeiras, onde em
sua maioria identificaram financiamento, aquisição de casa, educação, aluguel,
prestações diversas, pagamento de pensão e transporte como os fatores que mais
contribuem para achatar o orçamento da família.
Dos suboficiais/sargentos em dificuldades financeiras, 46% afirmaram que
as dificuldades financeiras vêm influenciando em seu relacionamento na família, e
36% afirmam que as dificuldades financeiras vêm influenciando em seu
desempenho profissional. Na opinião destes respondentes, 75% afirmam a
importância de se obter informações acerca da educação financeira, porém 83%
nunca participaram de evento formal cujo tema estava relacionado à educação
financeira.
29
Apesar dos dados acima retratar a problemática financeira em que os
militares nas graduações de Suboficiais e Sargentos estão inseridos, ressalta-se
que, por ocasião da análise dos dados, que mostra o modo de agir e de pensar o
orçamento doméstico, voltado à gerência das finanças dos respondentes, cerca de
75% consideram-se aplicadores e conhecedores do orçamento doméstico em sua
essência, tais quais: planeja o uso do dinheiro; pratica o orçamento doméstico
mensalmente; conhece a média aproximada de suas despesas mensais e anuais;
traça metas e as avalia frequentemente; paga as contas em dia; compara preços
ao realizar uma compra; analisa suas finanças com a família antes de fazer
alguma grande compra; controla-se diante da compra por impulso; e o orçamento
doméstico é elaborado com a presença dos membros da família.
Ressaltamos que apesar das informações acima mostrarem um nível
satisfatório de educação financeira, identificamos contradições nas percepções
dos questionários respondidos pelos militares, haja vista que 40% não estão
satisfeitos com o sistema de controle de suas finanças, 67% têm utilizado cartões
de crédito e/ou cheque especial por não possuir dinheiro disponível para as
despesas do mês, 59% não possuem reserva financeira que possa ser usada em
casos inopinados e 67% preferem comprar um produto financiado a juntar dinheiro
para comprá-lo a vista.
Tais inferições extraídas dos questionários aplicados, ao nosso olhar,
mostram-se incoerentes e contraditórias, considerando-se os elementos citados
acima, acerca do endividamento dos nossos militares.
3.2.2.3 - Militar na Graduação de Cabo e Soldado
Estes dados foram descartados por não encontrarmos percentual mínimo
de análise de dados referente a militares casados ou em união estável, bem como
não possuírem pessoas que vivam sob a sua dependência financeira. Tais dados
se analisados, considerando as graduações acima identificadas, traria prejuízos à
discussão da educação financeira como uma ferramenta para melhorar a
qualidade de vida da família naval (militar, esposa, filhos e demais pessoas
dependentes).
30
3.3 - Como está a qualidade de vida da Família Naval?
Em um passado não muito distante, no Brasil, uma prática muito comum
utilizada pelas pessoas era gastar o dinheiro o mais rápido possível, em função da
alta inflação que atingia o nosso País e corroia o nosso dinheiro, onde as
mercadorias eram reajustadas quase que diariamente. Obviamente não havia
lógica em poupar e a questão do planejamento financeiro não era pensada como
viável à conjuntura econômica da época.
A entrada do Plano Real no início da década de 1990, fez com que se
pensasse uma nova cultura financeira, considerando a baixa inflação e
estabilização da economia brasileira. Porém, muitos dos velhos hábitos,
continuaram a serem aplicados, mesmo em uma conjuntura econômica diferente
da anterior, consequentemente provocando as dificuldades financeiras nas
famílias.
Na análise dos questionários, os fatores identificados como os que mais
contribuem para as dificuldades financeiras são: financiamento, aquisição de casa,
educação, aluguel, prestações diversas, pagamento de pensão e transporte.
Ressalta-se que o fator baixo salário foi mencionado apenas por 2 respondentes,
porém, não como principal fator de endividamento.
21 dos respondentes, que corresponde a 78% dos Suboficiais e Sargentos,
encontram-se em dificuldades financeiras; a maioria encontra-se na faixa etária de
30 a 59 anos de idade, 86% são casados, 9,5% são separados e 4,5 viúvo. 57%
residem em imóvel próprio, 33% em imóvel alugado e 10% em imóvel financiado.
A maioria possui cerca de 3 pessoas sob a sua dependência financeira, 72% das
esposas não exercem atividade remunerada, 19% pagam pensão de alimentos,
48% possuem renda mensal entre R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00, 42% entre R$
2.001,00 a R$ 3.000,00, 5% renda entre R$ 3.001,00 a R$ 4.000,00 e 5% renda
superior a R$ 5.000,00. 70% dos respondentes em dificuldades financeiras
possuem o 2º grau completo, 10% o 3º grau completo, 15% o 3º grau incompleto e
5% o 1º grau (ver Tabela 5).
31
Tabela 5
Variáveis
Dificuldades financeiras
Estado Civil
- Casados ou em união estável
- Separados/Divorciados
- Viúvo
Tipo de imóvel
- Próprio
- Financiado
- Alugado
Esposas que não exercem atividade remunerada
Pensão de Alimentos
Renda Mensal
- Entre R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00
- Entre R$ 2.001,00 a R$ 3.000,00
- Entre R$ 3.001,00 a R$ 4.000,00
- Superior a R$ 5.000,00
Escolaridade
- 2º grau completo
- 3º grau completo
- 3º grau incompleto
- 1º grau completo
%
78
86
9,5
4,5
57
10
33
72
19
48
42
5
5
70
10
15
5
A maioria dos respondentes (77%) indica que realiza o planejamento
financeiro. Porém, questiona-se por que um percentual significativo de avaliados,
que realiza o orçamento doméstico, pode se encontrar em dificuldades financeiras.
O planejamento financeiro é aplicado exatamente para se evitar essas
dificuldades.
O planejamento, se devidamente aplicado, identifica e elimina despesas
que não são necessárias, buscando junto com a família soluções adequadas aos
problemas vivenciados, com uma maior tranquilidade. Tem-se que traçar objetivos
a curto, médio ou longos prazos; só que para isso acontecer de maneira salutar é
necessário que a família tenha em mente os seus objetivos e prioridades, sempre
levando em consideração necessidade e possibilidade.
É indiscutível que as dificuldades financeiras, exceto as de caráter
inopinado, são resultados de descontrole do quanto se ganha e do quanto se
gasta. Ou seja, despesa maior que a receita. Ressalta-se que a educação
financeira é a principal ferramenta para que criemos consciência dos nossos
32
limites orçamentários. E isso só ocorrerá se houver cumplicidade do casal e
demais membros da família.
Duas possibilidades possíveis de interpretação para os dados contraditórios
analisados são: o orçamento doméstico é efetivamente usado, porém por motivos
desconhecidos à família traz déficit ao orçamento traçado; e o orçamento existe,
porém é usado de maneira ineficaz, o que leva as dificuldades financeiras
relatadas. Se gasta mais do que se ganha.
3.4 – O que fazer para melhorar a qualidade de vida da Família Naval?
A qualidade de vida, na maioria das vezes, depende de nós próprios.
Depende dos objetivos e metas traçados, de quais realizações pessoais e
profissionais pretendemos, quão está a nossa auto-estima e, principalmente, o
quanto estamos dispostos a mudar comportamentos e de nos comprometer para
gerirmos mudanças. Para tal, é necessária força de vontade, disciplina e garra
para sairmos vitoriosos.
As dificuldades financeiras pontuadas nesse trabalho têm origem em
diversos fatores, já mencionados no item anterior, sendo o controle financeiro
pessoal o melhor gerente das nossas Receitas e Despesas. Entende-se por
Receita tudo que entra em nosso “bolso” e por Despesa tudo que sai do nosso
“bolso” (ver anexo 221).
Nada melhor do que o orçamento mensal para melhor entendermos a
matemática de nossas despesas. O orçamento ajuda a prever ou estimar o que
será gasto no próximo mês, para não se gastar mais do que se ganha. Dívida é
um vício; se não tomarmos uma decisão e uma ação, seremos consumidos por
ela. Todos os membros da família responsáveis por gastos e despesas precisam
estar comprometidos com o projeto de estruturação do orçamento doméstico e
dispostos a colaborar.
21
Planilha extraída do Livro Finanças Pessoais: uma questão de qualidade de vida, de Maurício Galhardo,
2008.
33
Pesquisas mostram que 70% de compras são efetuadas de forma
impulsiva22. É da natureza do ser humano a busca pela satisfação imediata a
todas as suas necessidades. Ou seja, mais pela emoção que pela razão. Para
mudarmos esta estatística que não é diferente dos dados da pesquisa ora
analisados, é necessário inserirmos a educação financeira em nossas vidas, em
nossos lares, haja vista que a maturidade financeira só será alcançada com
educação financeira.
Analise antes de comprar. Fique atento aos novos produtos lançados na
mídia. Faça a seguinte pergunta antes de adquirir um produto ou serviço: estou
comprando porque quero? Ou porque preciso? Controle e bom senso são ótimos
exercícios para medirmos a quanto anda a nossa educação financeira. Ela nos dá
instrumentos para domarmos o imediatismo, nos conduzindo à maturidade
financeira tão necessária no sistema capitalista que vivemos.
Nunca é tarde para iniciarmos o processo de aprendizagem desta
maturidade
financeira,
que
independe
de
idade
e
de
sexo.
Depende,
principalmente, de boa vontade.
Na atual década, pessoas educadas financeiramente possuem mais
habilidades para tomar decisões fundamentadas e seguras, melhorando o
gerenciamento de suas despesas pessoais, e consequentemente ampliando o
seu bem estar social (ver anexo 3).
22
Fonte: Herrero Consultoria (2008).
34
CONCLUSÃO
Neste trabalho, partiu-se da hipótese da importância da educação financeira
nos lares para que as famílias (pessoas) aprendam a gastar, investir, poupar e
doar o seu dinheiro corretamente. A educação financeira deve ser utilizada como
uma das ferramentas para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, tendo-se
observado que muitas situações de estresse são agravadas por dificuldades
financeiras vivenciadas nas famílias.
Famílias de todos os níveis de renda partilham a mesma aspiração: uma
melhor qualidade de vida para seus membros, educando os filhos, adquirindo casa
própria, carro, viagens, etc. Para que esse objetivo seja atingido não basta auferir
renda; é necessário saber administrar essa renda da melhor forma possível, pois,
caso contrário, além de não alcançar seus objetivos, podem se envolver em um
complicado emaranhado financeiro, já tão conhecido nos tempos modernos. Ao
aprender as boas práticas de administração do dinheiro, as pessoas aumentam
suas possibilidades de sucesso material e, consequentemente, uma melhor
qualidade de vida.
A educação financeira tem como sua maior premissa orientar o indivíduo na
correta gestão de recursos financeiros em suas especificidades (obter, gastar,
poupar, aplicar, doar, etc), visando à melhoria de seu bem estar, a fim de que
possa alcançar os objetivos inicialmente traçados. Esta percepção é complexa,
pois requer aprendizagem desde cedo, envolvendo todos os membros da família
(adulto, jovem, criança).
Considerando que a educação financeira é um instrumento para melhorar a
qualidade de vida da família naval, é preocupante o percentual de militares com
dificuldades financeiras. Baseada nos resultados da pesquisa, pontuo os seguintes
aspectos como os mais relevantes, na confirmação dessa hipótese:
a) a renda mensal não é a causadora das dificuldades financeiras
apontadas. Há militares, por exemplo, com renda superior a R$ 5.000,00 que se
encontram com dívidas, porém, temos militares com renda entre R$ 1.001,00 a R$
2.000,00 sem dificuldades financeiras;
b) as dificuldades financeiras são causadas quando ocorrem despesas
superiores à receita da família, independente da renda auferida;
35
c) o nível de escolaridade não influencia no aspecto financeiro apresentado.
Identificamos
militares
nas
diversas
graduações
apresentando problemas
financeiros, por exemplo, possuidores do 3º grau completo;
d) o fato do cônjuge exercer atividade remunerada não é determinante para
obter-se situação financeira favorável, apenas auxilia no aumento da receita
mensal, conforme dados extraídos da análise dos questionários;
e) as dificuldades financeiras influenciam diretamente no relacionamento
familiar e no desempenho profissional;
f) baixos salários não foram identificados como fator que contribua para as
dificuldades financeiras; e
g) os respondentes reconhecem as dificuldades financeiras, afirmam que
praticam o orçamento doméstico, porém, na análise dos dados observamos que o
fazem de maneira ineficaz.
Entendemos que a educação financeira melhorará os hábitos de consumo e
de poupança dos nossos militares, e esta educação tem que ser estendida aos
familiares, haja vista que estes fazem parte do processo.
Mediante o exposto, e considerando a falta de uma política pública
brasileira na área da educação fundamental, mas apenas exemplos isolados em
escolas públicas e privadas voltadas a ensinar economia do lar a nossas crianças,
sugerimos que seja pensado na Marinha do Brasil a criação, dentro dos órgãos
formadores de Oficiais e Praças, no currículo oficial de ensino, o módulo Economia
do Lar, ou outro nome que melhor se adéqüe à Instituição, no sentido de fomentar
na família naval o interesse, conhecimento e aplicação da Educação Financeira
em seus lares.
Para as famílias, pode-se pensar uma forma de disseminar informações
acerca do tema, por meio de palestras, seminários ou mini cursos, contratando e
convidando profissionais da área para ministrar os eventos.
36
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adolescentes. Fortaleza: Ed. UFC, 2001.
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39
A
EXO 1
QUESTIONÁRIO
A aplicação deste questionário tem por objetivo inferir se a educação financeira
em nossa família trará qualidade de vida para a família naval (militar e seus
membros). Esta pesquisa é requisito para conclusão de Pós-Graduação em Terapia
de Família “Lato Sensu”. Todos os dados coletados serão utilizados única e
exclusivamente para a pesquisa em questão e trabalhados de forma a proteger o seu
anonimato. Por favor, seja o (a) mais honesto (a) possível ao responder o
questionário. Obrigada pela sua participação nesta pesquisa.
COMO ESTÁ A SUA EDUCAÇÃO FINANCEIRA?
Para Cássia D´Aquino, “educação financeira é proporcionar uma mentalidade
inteligente e saudável sobre dinheiro. É criar consciência dos limites. É saber ganhar,
gastar, poupar, investir e doar o seu dinheiro. É a capacidade de administrar o seu
rico dinheiro. “É fazer tudo o que se deseja com responsabilidade, ética e
maturidade”.
Para efeitos deste questionário, consideramos dificuldade financeira a situação
em que a pessoa ou a família gasta mais do que ganha. Situação esta
invariavelmente relacionada à falta de um planejamento doméstico.
Fale um pouco sobre você.
1) Eu sou:
( )Oficial
( )Suboficial/Sargento
( )Cabo
( )Soldado/Marinheiro
2) Idade:
( ) 22 ou menos
( ) 23 a 29
( ) 30 a 39
( ) 40 a 59
3) Estado Civil:
( ) solteiro
( ) casado ou em união estável
( ) separado ou divorciado
( ) Viúvo
4) Tipo de moradia:
( ) própria
( ) própria financiada
( ) alugada
( ) Outro: __________________
5) Quantas pessoas dependem financeiramente de você (filhos, cônjuge, enteados,
pais, etc.)? _________
40
6) O cônjuge exerce atividade remunerada?
( ) sim
( ) não
( ) não se aplica
7) Com quem você reside atualmente? (filhos, enteados, cônjuge, pais, irmãos etc)
_________________________________________________________________
8) Você paga pensão de alimentos?
( ) sim
( ) não
( ) não se aplica
9) Qual alternativa melhor descreve a sua média de renda mensal (incluindo a do
cônjuge, outros familiares ou outra fonte)?
( ) R$ 500,00 ou menos
( ) R$ 501,00 a R$ 1.000,00
( ) R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00
( ) R$ 2.001,00 a R$ 3.000,00
( ) R$ 3.001,00 a R$ 4.000,00
( ) mais que R$ 5.000,00
10) Sua escolaridade:
( )3º Grau completo
( )3º Grau incompleto
( )2º Grau completo
( )2º Grau incompleto
( )1º Grau completo
( ) outro _______________
11) Tempo de serviço na MB: ______________
12) Você considera que se encontra em dificuldades financeiras:
( ) sim
( ) não
13) Relacione, do mais para o menos importante, os fatores que contribuem para as
suas dificuldades financeiras (Liste apenas os que considere relevantes):
Aquisição casa / Pagamento aluguel / Compra carro / Saúde / Alimentação /
Educação / Baixo salário / Prestações diversas / Financiamento / Pagamento de
Pensão de alimentos / água / luz / telefone / transporte / lazer
1. ______________________________
2. ______________________________
3. ______________________________
4. ______________________________
5. ______________________________
6. ______________________________
7. ______________________________
8. ______________________________
9. ______________________________
10. ______________________________
11. ______________________________
12. ______________________________
13. ______________________________
14. ______________________________
41
15. ______________________________
14) Na sua opinião, suas dificuldades financeiras vêm influenciando em seu
relacionamento familiar:
( ) sim
( ) não
( ) não se aplica
15) Na sua opinião, suas dificuldades financeiras vêm influenciando em seu
desempenho profissional:
( ) sim
( ) não
( ) não se aplica
16) Na sua opinião, obter informações voltadas à educação financeira é:
( ) muito importante
( ) importante
( ) pouco importante
( ) sem importância
17) Com que freqüência você procura informações sobre o tema educação
financeira?
( ) sempre procuro informações acerca do assunto
( ) procuro só quando preciso
( ) Nunca procuro informações sobre este assunto
( ) Não tinha conhecimento que existiam informações sobre esse assunto
18) Levando-se em consideração o seu tempo e a forma que você gosta de aprender,
quais dos seguintes meios de divulgação de educação financeira são mais adequados
para você? (assinale até três meios)
( ) palestras
( ) livros especializados
( ) curso ou seminário
( ) internet (sites)
( ) televisão e rádio
( ) folhetos informativos
( ) revistas e jornais
( ) outros _____________
19) Você já participou de algum evento formal cujo tema estava relacionado à
educação financeira?
( ) sim
( ) não
20) Você tem interesse em participar deste tipo de evento?
( ) sim
( ) não
21) Você sabe o que é Orçamento Doméstico?
( ) sim
( ) não
42
22) Responda as questões abaixo, de acordo com o seu modo de agir e de pensar:
Orçamento Doméstico: é uma previsão de receitas (renda, juros, aluguéis, etc.) e despesas num
determinado período de tempo (mês, trimestre, ano, etc.)
Nunca Quase Quase Sempre Não se s
aplica
Nunca sempre
a) você planeja o uso do seu dinheiro
b) você pratica regularmente o orçamento familiar
c) conhece a média aproximada de suas despesas mensais e
anuais
d) estabelece metas financeiras que influenciam na gerência
de suas finanças (ex: poupar, sair do cheque especial etc)
e) fica mais de um mês sem fazer o balanço dos seus gastos
f) está satisfeito com o sistema de controle de suas finanças
g) você traça metas e as avalia frequentemente
h) tem utilizado cartões de crédito e/ou cheque especial
por não possuir dinheiro disponível para as despesas
i) mais de 10% da renda que você recebe no mês seguinte
está comprometida com compras a crédito( exceto
financiamento de imóvel e carro)
j) paga integralmente a fatura do cartão de crédito a fim de
evitar encargos financeiros (juros e multas)
k) paga suas contas pontualmente
l) poupa visando a compra de um produto mais caro
(exemplo: carro, apartamento)
m) possui reserva financeira que possa ser usada em casos
inopinados (exemplo: doença na família)
n) compara preços ao fazer uma compra
o) analisa suas finanças com a família antes de fazer
alguma grande compra
p) consegue controlar-se diante da compra por impulso
q) prefere comprar um produto financiado a juntar dinheiro
para comprá-lo a vista
r) planeja com antecedência despesas extras, como natal,
gastos escolares, aniversários, impostos etc
s) estabelece planos para sua futura segurança financeira
23) Os itens da questão 22 são discutidos e elaborados com a presença dos
membros de sua família (cônjuge, filhos etc):
( ) nunca
( ) quase nunca
( ) quase sempre
( ) sempre
( ) não se aplica
43
ANEXO 2
PLANILHA FINANCEIRA MENSAL
1 - MORADIA
2 - EDUCAÇÃO/CULTURA
Aluguel
R$
Escola
R$
IPTU
R$
Livros
R$
Condomínio
R$
Curso de línguas R$
Gás
R$
Revistas/Jornais R$
Água
R$
Luz
R$
Faxina
R$
Manutenção
R$
TV por assinatura R$
Internet
R$
Telefone
R$
Celular
R$
3 - ALIMENTAÇÃO
4 - SAÚDE
Supermercado
R$
Assistência Médica R$
Padaria
R$
Remédios
R$
Açougue
R$
Exames
R$
Feira
R$
5 - TRANSPORTE
6 - LAZER
Ônibus
R$
Cinema/Teatro
R$
Trem/Metrô
R$
Clube
R$
Gasolina/Álcool
R$
Jogo de futebol
R$
IPVA
R$
Eventos
R$
Seguro do carro
R$
Churrasco
R$
Manutenção
R$
Restaurante
R$
Estacionamento
R$
Bar
R$
Reserva p/ férias
R$
7 - APRESENTAÇÃO PESSOAL
8 -TAXAS E IMPOSTOS
Roupas/Calçados
R$
Juros
R$
Cosméticos
R$
INSS
R$
Cabeleireiro
R$
Taxas de bancos
R$
Manicure/Pedicure R$
Academia
R$
9 - PAGAMENTO DE DÍVIDAS
10 - PRESENTES E DOAÇÕES
Consórcio
R$
Presentes
R$
Financiamento
R$
Flores
R$
Crediários
R$
Igreja
R$
Carnê de lojas
R$
Esmolas
R$
Dívida com amigo
R$
Caixinhas
R$
Inst caridade
R$
Mesada
R$
TOTAL DAS RECEITAS (A): R$
TOTAL DAS DESPESAS (B): R$
SALDO FINAL: (A-B)=
44
ANEXO 3
A LIÇÃO DO BAMBU CHINÊS
Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada, por
aproximadamente 5 anos exceto lento desabrochar de um diminuto broto,
a partir do bulbo. Durante 5 anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a
olho nu, mas uma maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e
horizontalmente pela terra está sendo construída. Então, no final do 5º. Ano, o
bambu chinês, cresce até atingir a altura de 25 metros. (COVEY).
Um escritor de nome COVEY escreveu: “muitas coisas na vida pessoal e
profissional são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz
tudo o que pode para nutrir seu crescimento, e, às vezes não vê nada por
semanas, meses, ou anos. Mas se tiver paciência para continuar trabalhando,
persistindo
e
nutrindo,
o
seu
5º
ano
chegará,
e, com ele, virão um crescimento e mudanças que você jamais esperava.
O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos
projetos, de nossos sonhos, de nosso trabalho, especialmente de um projeto
fabuloso, que envolve mudanças de comportamento, de pensamento, de cultura e
de sensibilização, devemos sempre lembrar do bambu chinês, para não
desistirmos
facilmente
diante
das
dificuldades
que
surgirão.
Procure cultivar sempre dois bons hábitos em sua vida: a Persistência e Paciência,
pois
você
merece
alcançar
todos
os
seus
sonhos!!!
É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade
para se curvar ao chão."
45
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
02
AGRADECIMENTO
03
DEDICATÓRIA
04
RESUMO
05
METODOLOGIA
06
INTRODUÇÃO
08
CAPÍTULO I - Programa de Educação Financeira no mundo e no Brasil
09
1.1 Conceituando a Educação Financeira
1.2 Retrospectiva da Educação Financeira
1.2.1 Estados Unidos
1.2.2 Reino Unido
1.2.3 Outros Países
1.2.4 Brasil
11
12
13
13
13
14
CAPÍTULO II – Família e crise financeira
17
2.1 – Entendendo a família
2.2 – Família enquanto espaço de conflito. O que fazer?
17
20
CAPÍTULO III - Educação Financeira: uma ferramenta para melhorar
a qualidade de vida da família naval
23
3.1 Resultados e Discussão
3.2 Descrição da Amostra
3.2.1 Prontuários Sociais
3.2.2 Questionários
3.2.2.1 Militar no Posto de Oficial
3.2.2.2 Militar na Graduação de Suboficial e Sargento
3.2.2.3 Militar na Graduação de Cabo e Soldado
3.3 Como está a qualidade de vida da Família Naval?
3.4 O que fazer para melhorar a qualidade de vida da Família Naval?
24
24
24
25
25
27
29
30
32
CONCLUSÃO
34
BIBLIOGRAFIA
36
WEBGRAFIA
38
ANEXO 1
39
ANEXO 2
43
ANEXO 3
44
46
ÍNDICE
45
FOLHA DE AVALIAÇÃO
47
47
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: A Vez do Mestre – Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: Educação Financeira: uma ferramenta para melhorar a
qualidade de vida da família naval.
Autora: Maria Eliâne Alencar Rocha Borges
Data da entrega: 20JUL2009.
Avaliado por: Profª Fabiane Muniz da Silva
Conceito:
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