DÉLIO FREIRE DOS SANTOS: O PIONEIRO NAS VISITAÇÕES MONITORADAS EM CEMITÉRIOS EQUIPE CEMITÉRIOSP LARA ALINE AC Délio Freire dos Santos, nasceu em São Paulo em 28/05/1923. Formou-se como advogado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco em São Paulo em 1948. Foi secretário geral da Academia Brasileira de História, Sócio Emérito do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e Diretor da Biblioteca Afonso de Taunay e da Hemeroteca de Júlio de Mesquita no mesmo local. Foi professor dos cursos de Genealogia e Heráldica, promovidos pelo Instituto Geográfico Brasileiro. Apresentou palestras, escreveu artigos sobre diversos temas como Museologia, Esculturas de São Paulo além de assuntos relacionados às Necrópoles Paulistas.. Participou da organização, pesquisa e escrita de diversas obras, entre elas Câmara Municipal de São Paulo, em parceria com José Eduardo Ramos Rodrigues. O Professor Délio Freire foi o pioneiro nas visitações monitoradas em Cemitérios por mais de 40 anos. Como Administrador do Cemitério da Consolação, posto que ocupou por cerca de 30 anos, não gostava de falar em morte, mas sim de exaltar a história da cidade através das personalidades enterradas no local e da história social refletida nas esculturas e jazigos. Simpático, sempre tinha uma história sobre fatos pitorescos para contar, fatos esses, que não são encontrados em livro algum. Para nossa sorte, o Professor Délio Freire passou muito de seus conhecimentos sobre a Arte Cemiterial para o hoje conhecido Popó. Francivaldo Almeida Gomes é cearence e quando chegou em São Paulo passou por muitas dificuldades até que soube da abertura de vaga para coveiro no Cemitério da Consolação. Aprovado, conheceu o Professor Délio, então administrador e com ele aprendeu sobre a história das principais famílias que ali possuem seus jazigos. Popó foi mais além, nas horas vagas descia até a Biblioteca Mário de Andrade em busca de mais informações sobre os escultores das obras daquele campo santo, das personalidades ali enterradas e da história da cidade de São Paulo. Em 09/10/2001 aconteceu a primeira exposição de História e Arte Tumular no Shopping Ligth em São Paulo. Organizada pelo Profº Délio, a exposição fez parte de um projeto para estimular o turismo cemiterial. Apresentou cerca de vinte fotos e painéis explicativos com as principais obras do Cemitério da Consolação, como as de Vitor Brecheret, Luigi Brizzolara, Rodolfo Bernardelli, Galileu Emendabili, entre outros. No mesmo ano Délio Freire ministrou cursos sobre arte tumular em São Paulo que foi assistido por mais de 300 pessoas. Após muito esforço em levantar dados, a vida pessoal do Professor Délio permanece preservada pela família e amigos. O pouco que sabemos dele está relacionado aqui neste simples artigo, mas já podemos ter uma idéia de que ele foi uma pessoa fascinante. Délio Freire foi sepultado, como não poderia deixar de ser, no Cemitério da Consolação em 12/04/2002 aos 78 anos. Em seu túmulo não há foto ou obra de arte, mas há uma placa que o homenageia, cedida pelos funcionários do Serviço Funerário do Estado de São Paulo. Imagem: Giane Brandão Obras organizadas e escritas pelo Professor Délio Freire: O Cabrião e a Imprensa Humorística do Império (organizador e autor do texto introdutório “Primórdios da imprensa caricata paulistana, o Cabrião”); As relações e imunidades diplomáticas; Escritores rotários dos clubes de São Paulo (bibliografia rotária contida em livros, revistas, folhetins e boletins publicados entre 1924 e 1974; Titulares do Império da Província de São Paulo; Acréscimos ao Ensaio Estatístico da Província de São Paulo (1835-1836, estudo em relação aos moradores, famílias, número de escravos, agregados, produção das propriedades de todos os municípios, inclusive os da 5º Comarca, atual Estado do Paraná); Cabrião (Semanário Humorístico editado por Ângelo Agostini, Américo de Campos e Antonio Manoel dos Reis 1866-1867, em segunda reimpressão); História dos Vinte e dois Cemitérios Municipais de São Paulo; Índice da “Revista Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo” (colaboração); Câmara Municipal de São Paulo: 4 séculos de História; Recordando Academia Paulista de Letras e seus Fundadores; Novas Formas de Turismo Cultural de São Paulo (III Semana de Turismo); Campinas, Pintores do Século XIX. Diante da variedade de assuntos abordados nas obras do ou com a participação do Professor Délio, podemos observar que ele foi um pesquisador nato além de um apaixonado pelo Estado de São Paulo. Veja uma prévia de O Cabrião, elaborada por Pablo Bráulio de Souza, graduado em História pela Universidade Federal de Ouro Preto: A dança dos mortos e a moral pública burguesa Corria o ano de 1866 e na primeira semana de novembro o Cabrião estava no sexto número. Publicara-se ali, desde setembro, não menos que cinco charges contra o Diário de S. Paulo, redigido por José Mendes de Almeida, chefe do partido Conservador. O eminente político já devia estar farto das provocações do semanário satírico e, obviamente, arrumaria um bom pretexto para sua desforra. Era o que se pretendia quando o senhor Cândido Justiniano Silva, proprietário do Diário, denunciou Joaquim Roberto de Azevedo Marques, proprietário da Tipografia Imperial, e Henrique Schröeder, proprietário da Tipografia Alemã, pela publicação de uma caricatura no Cabrião. A queixa foi apresentada ao delegado de polícia e responsabilizava os dois tipógrafos pelo crime de ofender a moral pública através de uma imagem denominada Cemitério da Consolação no dia de finados, publicada no sexto número do semanário. O denunciante incorria os denunciados no artigo 279 do Código Criminal que trata do crime policial de “ofender a moral pública em papéis impressos, litografados ou gravados, ou em estampas e pinturas que se distribuírem por mais de quinze pessoas, e bem assim a respeito destas que estejam expostas publicamente à venda” (CORDEIRO, 1861: 203). De acordo com Cândido Silva, os mortos e enterrados no cemitério público da Consolação haviam sido ridicularizados, sendo que “a religião e a moral pública não só têm imposto o respeito aos mortos, senão também têm considerado o cemitério e o túmulo como coisa sagrada” (AMARAL, 1966: 267), cabendo àquele ato a pena de crime. Ângelo Agostini. O cemitério da consolação no dia de finados. Fonte: Cabrião 6, 4/11/1866 O desenhista italiano Ângelo Agostini1 teria buscado inspiração para a caricatura na romaria do dia 2 de novembro. O Cemitério da Consolação no dia de finados representava homens de fraque e cartola, bebendo e fumando com os mortos do cemitério, todos plenamente alcoolizados após um rega-bofe, lembrando mais uma farra infernal do que uma cena do taciturno recinto da Rua da Consolação. 1. Ângelo Agostini nasceu em Varcelli, cidade da província do Piemonte (norte da Itália), em 1842 ou 1843. Sua trajetória até chegar ao Brasil, em 1854, é obscura, mas alguns autores como Antonio Luiz Cagnin, Gilberto Maringoni e Marcelo Balaban nos oferecem algumas informações importantes. Sua mãe, Raquel Agostini, era cantora lírica de renome internacional, segundo Cagnin. Após a morte do pai, Ângelo foi levado para Paris. Descrição da Ilustração: Um homem, aparentemente o mais embriagado, com trajes amarrotados e semblante de mágoas, empunha uma garrafa enquanto se apóia num esqueleto ambulante, com quem parece desabafar. Do lado esquerdo, um jovem e um cadáver brindam sentados próximos a uma sepultura. No canto direito, um cavalheiro de bengala passeia de braços dados a uma criatura fantasmagórica; ambos fumam garbosamente. Ao fundo, outra figura macilenta parece dançar ou beijar um indivíduo vivo, ao centro, uma pequena caveirinha de criança transita em meio àquela bizarra patuscada. Este era o crime. Iria julgá-lo o conselheiro Francisco Maria de Souza Furtado de Mendonça, delegado de polícia na capital da Província. Três dias após a publicação da caricatura um leitor manifestou sua indignação no Diário de São Paulo, como sendo um grande desrespeito aos mortos. o que gerou grande polêmica. O Cabrião fez graça engajada contra o Império e escravidão Délio Freire dos Santos - Ed. UNESP – R$ 72,00 a R$ 84,00. O Cabrião está de volta! Bem-vindo, Cabrião! Há mais ou menos um século e um quarto que o Brasil culto e ridente pungia saudades do Diabo Coxo e do Cabrião. Principalmente dos capítulos da inteligência mordaz, da crítica apta a sorrir enquanto morde, da crônica dos veículos impressos que marcaram estágios e avanços na maneira de pensar, escrever, noticiar, verberar, destruir. Enfim, de amolar a paciência alheia, tarefa na qual Diabo Coxo e Cabrião se tornaram especialistas com distinção e louvor. Tudo tendo por centro a pena e o talento de Ângelo Agostini que interpretou ä perfeição o papel de um e de outro: diabo e cabrião. Esclareçamos: Diabo e Cabrião foram dois jornais "humorísticos" que durante parte dos anos 60 do século XIX tiraram o sono e motivaram gargalhadas nos meios políticos, sociais, mas por escassez do oxigênio vital: os contos de réis, ao tempo. Fontes: www.terra.com.br/noticias/popular/2001/10/09/002.htm portal.prefeitura.sp.gov.br/empresas_autarquias/servico_funerario/arte_tumular/0006 www.funerariaonline.com.br/Dicas/Default.asp?idnews=3957 www.genealogiafreire.com.br/bio_delio_freire_dos_santos.htm pt.wikipedia.org/wiki/Angelo_agostini www.editoraunesp.com.br/titulo_view.asp?IDT=535 www.siciliano.com.br www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/al270620015.htm www.sebodomessias.com.br veja.abril.com.br/vejasp/311001/comportamento.html www.cemiteriosp.com.br – todos os direitos reservados – 09/04/2010