Funchalenses
Muitos funchalenses tiveram lugar de honra nas áreas da ciência, das
artes e das letras. No entanto, só alguns se destacaram por serem
cidadãos e profissionais multifacetados, demonstrando interesse e
aptidão nas mais diferentes vertentes.
Alberto Artur Sarmento
“O tenente-coronel Alberto Artur Sarmento distinguiu-se particularmente como
historiador dos factos insulares, como cientista e como escritor e jornalista.
Não é fácil fixar em que campo mais se evidenciou.”1
Nasceu na freguesia de São Pedro a 7 de Julho de 1879 e frequentou o Liceu do Funchal e a Escola Politécnica durante dois
anos. Os estudos foram terminados na Escola do Exército, onde tirou o curso de infantaria. Atingiu o posto de tenente-coronel
em 1922 e reformou-se em 1929.
“Dedicou-se profundamente ao estudo das ciências naturais, e sempre se distinguiu como um investigador inteligente e probo.
São muito apreciáveis os seus trabalhos sobre as aves e os peixes da Madeira […], [para não falar no seu interesse pela
Botânica e a Mineralogia].” 2
“Em 1902 procedeu à recolha de plantas da ilha Deserta Grande, contribuindo assim para o conhecimento da sua flora
estudada pelo botânico madeirense Carlos de Menezes […]. Foi-lhe consagrada a subespécie de uma ciparácea indígena,
plantinha encontrada no Pico de São João, que recebeu o nome de «Scirpus pungens sarmentoi».” 3
“Sob o aspecto literário […] devemos distinguir na sua obra um estilo expressivo e maleável. Era um escritor vernáculo e de
largos recursos. Às vezes, uma ironia suave e delicada, emprestava à sua prosa um encanto característico e especial. […]” 4
Set. / Out. de 2008
“Colaborou na maior parte dos jornais madeirenses: «Diário de Notícias», «Diário da Madeira», «O Jornal», «Trabalho União»,
«Eco do Funchal», e nas revistas: «Revista Madeirense», «A Esperança», «Revista Portuguesa», «Das Artes e da História da
Madeira», etc., e ainda em revistas continentais e estrangeiras. […] Iniciou a publicação do «Elucidário Madeirense» no
«Heraldo da Madeira» [em 1910].” 5
“Assim recuperou para a história documentos e factos de particular interesse para a vida insular, dando,
finalmente, coesão a um todo desarticulado e só estudado, até então, sob determinados aspectos e
épocas.” 6
Faleceu a 23 de Março de 1953.
“A História da Madeira – militar, política, religiosa, do povoamento e da expansão
marítima – fica-lhe devendo algumas das suas melhores páginas.” 7
1 - “Alberto Artur Sarmento”. Das Artes e da História da Madeira. Funchal. Nº 15 (1953), p. 31
2 - Ibidem, p. 32
3 - CLODE, Luís Peter - Registo Bio-Bibliográfico de Madeirenses: Séc. XIX e XX. Funchal: Caixa Económica do Funchal, [1983]. p. 431.
4 - Das Artes e da História da Madeira, op. cit. p. 32
5 - CLODE, Luís Peter, op. cit. p. 432
6 - Das Artes e da História da Madeira, op. cit. p. 31 – 32
7 - Ibidem p. 31
© Biblioteca Pública Regional da Madeira
Luiz Peter Clode
“De seu nome completo Luiz Peter Stanton Clode, engenheiro e professor, nasceu na freguesia
de Santa Luzia […] a 1 de Abril de 1904 […].” 1
Tirou o curso do Liceu Jaime Moniz do Funchal e formou-se em Engenharia Mecânica e
Electrotécnica.
“No Funchal […] desempenhou as funções de: engenheiro-director dos Serviços Industriais,
Eléctricos e de Viação, da Junta Geral do Funchal, e chefe da Delegação do Instituto Português de
Conservas de Peixe do Centro da Madeira. Foi também professor da Escola Industrial e Comercial
do Funchal, professor no Seminário Diocesano e do Colégio Missionário do Sagrado Coração de
Jesus.
Além dos seus afazeres profissionais [dedicou-se] à música. Compôs várias obras do género profano e sacro, muitas das quais
já foram tocadas em público por pianistas de fama internacional que vieram actuar para a Sociedade de Concertos da Madeira.
[…]
Foi por sua iniciativa […] que se organizou a Sociedade de Concertos da Madeira em 1943 e mais tarde […] se fundou a
Academia de Música da Madeira.
Foi também o fundador e editor da revista «Das Artes e da História da Madeira» de que foi director desde 1950 a 1974. […]
[Colaborou] em vários jornais e revistas e [publicou] trabalhos sobre genealogia e heráldica e sobre o património artístico da
Madeira. […]
Escreveu e publicou [entre muitos outros]: «Registo dos Brasões de Armas de Famílias que passaram à Madeira», 1947;
«Registo Genealógico de Famílias que passaram à Madeira», 1952; «Registo Bio-Bibliográfico de Madeirenses», 1984.” 2
Faleceu a 6 de Abril de 1990.
Set. / Out. de 2008
António Feliciano Rodrigues
“Poeta, escritor e advogado, nasceu na freguesia de Santa Maria Maior a 9 de Junho
de 1870 e faleceu, nesta mesma freguesia, a 4 de Fevereiro de 1925. […]
Tirou o curso do Liceu do Funchal, depois do qual se matriculou na Faculdade de
Direito da Universidade de Coimbra, onde se formou. Em Coimbra recebeu pelo seu
valor de poeta, a alcunha de «Castilho», por estreita afinidade com o 1º visconde
deste nome.
Como advogado dedicou-se principalmente ao foro do crime. Desempenhou os seguintes cargos: auditor administrativo,
delegado e subdelegado do Procurador da República, professor e chefe de secretaria do Liceu Central do Funchal e primeirooficial da secretaria da Junta Geral do Distrito para cujo cargo foi promovido em Outubro de 1919.
Além de poeta também se evidenciou como prosador, tendo colaborado na «Beira Baixa» do Fundão, em periódicos de Aveiro
e nos jornais madeirenses: «Jornal do Funchal», «O Direito», «Diário de Notícias» e «Diário da Madeira». Escreveu e publicou
[entre outros]: «A Escola», 1938; «A Consciência», 1897; «Versos da Mocidade», 1903; «Sonetos», 1916; «Martim de Freitas»,
1911 […].” 3
1 - CLODE, Luís Peter - Registo Bio-Bibliográfico de Madeirenses: Séc. XIX e XX. Funchal: Caixa Económica do Funchal, [1983]. p. 126.
2 – Ibidem p. 126
3 – Ibidem p. 406.
© Biblioteca Pública Regional da Madeira
João dos Reis Gomes
“Jornalista, crítico de arte, historiador, divulgador de ciência, […] João dos Reis Gomes foi o tipo do
homem romântico e tradicionalista do século passado. A sua austera elegância indumentária foi bem, na
sua velhice, o figurino do homem elegante de outrora que lidou no meio mundano e teatral. […]” 8
“Oficial do Exército, engenheiro, industrial, professor, escritor, crítico e filósofo de arte, nasceu na
freguesia de São Pedro a 5 de Janeiro de 1869 […]
Em Outubro de 1886 alistou-se como voluntário no Exército. Em 1887 seguia para Lisboa, matriculando-se na antiga Escola
Politécnica [e posteriormente na] Escola do Exército onde tirou o curso de arma de Artilharia e o diploma de engenheiro industrial. […]
No magistério do ensino secundário iniciou a sua carreira, como professor provisório do Liceu do Funchal no ano de 1900, tendo
prestado serviços durante 28 anos. […] Durante 10 anos, de 1929 a 1939, foi professor e director da Escola Industrial e Comercial do
Funchal […].
Foi o primeiro dramaturgo que em Portugal fundiu a acção do cinema com a do teatro, no último quadro da sua peça histórica «Guiomar
Teixeira» em que se desenrola ao fundo na tela uma batalha entre cristãos e muçulmanos, comentada no primeiro plano pelos
intérpretes […].
Escreveu e publicou [entre outros]: «O Teatro e o Actor», 1905; «A Filha de Tristão das Damas», novela histórica madeirense, 1909;
«Guiomar Teixeira» (peça histórica), 1912; «O Vinho da Madeira, como se Prepara um Néctar», 1937; «Casas Madeirenses», 1937;
«Através da Alemanha», 1949.
Foi antigo director do «Heraldo da Madeira» (1904-1915) e do Diário da Madeira» (1916 a 1940) [e] colaborou em vários jornais e
revistas de Lisboa, como «O Dia», «O Século» e «Serões».
Faleceu em casa de sua residência à Quinta Esmeraldo,
em São Martinho, no dia 21 de Janeiro de 1950.” 9
Fernando Augusto da Silva
Set. / Out. de 2008
“Sacerdote, investigador da história da Madeira, professor e escritor, nasceu na freguesia de Santa
Maria Maior, do Funchal, a 29 de Setembro de 1863[…].” 10
Frequentou o liceu e o seminário e ordenou-se sacerdote em 1888. As funções eclesiásticas
desempenhou-as em algumas freguesias, ficando colocado em Santo António, no Funchal.
Na mesma cidade foi professor da Escola Industrial e Comercial António Augusto de Aguiar;
desempenhou o cargo de presidente da Câmara Municipal do Funchal por duas vezes e foi
presidente da comissão da Santa Casa da Misericórdia.
“Foi redactor dos jornais «Madeira», «Diário de Notícias» e redactor principal do «Heraldo da Madeira» e teve larga
colaboração em muitos jornais e revistas. Foi sócio da Associação dos Arqueólogos Portugueses, do Instituto Português de
Arqueologia, História e Etnografia e sócio-correspondente da Academia Portuguesa de História.[…]
Escreveu e publicou [entre outros]: «Elucidário Madeirense», de colaboração com os escritores Carlos Azevedo de Meneses,
Adolfo César Noronha e Alberto Artur Sarmento […], «Dicionário Corográfico do Arquipélago da Madeira», 1934; «Camões e
a Madeira», 1934 […]; «As Levadas da Madeira», 1944; […] «Pela História da Madeira», 1947 […]; «Vocabulário
Madeirense», 1950.
Faleceu na cidade do Funchal a 18 de Outubro de 1949. […]” 11
8 - VIEIRA, G. Brazão – “João dos Reis Gomes: um grande vulto que a morte levou”. Das Artes e da História da Madeira. Funchal. Nº 2 (1951), p. 17
9 - CLODE, Luís Peter - Registo Bio-Bibliográfico de Madeirenses: Séc. XIX e XX. Funchal: Caixa Económica do Funchal, [1983]. p. 400-401.
10 - Ibidem p. 443
11 – Ibidem p. 443-444
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