2 GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO PODER EXECUTIVO Blairo Borges Maggi Governador do Estado de Mato Grosso Iraci Araújo Moreira Vice Governadora do Estado de Mato Grosso Secretários de Estado Yênes Jesus de Magalhães Terezinha de Souza Maggi Planejamento e Coordenação Geral Trabalho Emprego, Cidadania e Assistência Social Waldir Júlio Teis Augustinho Moro Fazenda Saúde Cloves Felício Vettorato Celio Wilson de Oliveira Desenvolvimento Rural Justiça e Segurança Pública João Virgílio do N. Sobrinho Antônio Kato Procurador-Geral Chefe da Casa Civil Ana Carla Muniz Geraldo Aparecido de Vitto Júnior Educação Administração Ilma Grisoste Barbosa Alexandre Herculano C. de S. Furlan Ciência e Tecnologia Indústria, Comércio, Minas e Energia Marcos Henrique Machado Vilceu Francisco Marchetti Meio Ambiente Infra-Estrutura Orestes Teodoro de Oliveira Yêda Marli de Oliveira Assis Chefe da Casa Militar Desenvolvimento de Turismo João Carlos Vicente Ferreira José Carlos Dias Cultura Comunicação Social Sírio Pinheiro da Silva Laércio Vicente de Arruda e Silva Auditor Geral Esportes e Lazer Louremberg Nunes Rocha Extraordinário de Ação Política Outros Poderes e Órgãos Auxiliares Silval Barbosa José Jurandir de Lima Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso Paulo Roberto Jorge do Prado José Carlos Novelli Procurador-Geral de Justiça do Estado de Mato Grosso Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso Fábio César Guimarães Neto Defensor Público-Geral do Estado de Mato Grosso SUMÁRIO 1. Introdução................................................................................................. 6 2. Organização do Território Mato-Grossense .......................................... 9 2.1 Ciclos de Expansão e Formação do Território Mato-Grossense................................ 10 2.2 Concentração Econômica, Social e Demográfica ...................................................... 12 2.3. Ocupação Antrópica .................................................................................................. 16 2.4 Tendências de Desconcentração Regional ................................................................ 18 REGIÃO NOROESTE 1 - JUÍNA ........................................................................ 25 1. Apresentação ............................................................................................. 26 2. Estratégia de Desenvolvimento da Região - A Construção do Futuro............... 27 2.1.Panorama da Situação Atual da Região..................................................................... 27 2.2. Perspectivas Futuras para a Região – Aonde Queremos Chegar ............................ 30 2.3. O que pode ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento da Região de Juína ............... 32 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento - Região de Juína................. 36 3.1. Eixos Estratégicos de Desenvolvimento.................................................................... 37 REGIÃO NORTE – ALTA FLORESTA .................................................................. 55 1. Apresentação ....................................................................................................... 56 2. Estratégia de Desenvolvimento da Região A Construção do Futuro................. 57 2.1. Panorama da Situação Atual da Região.................................................................... 57 2.2. Perspectivas Futuras para a Região – Aonde Queremos Chegar ............................ 60 2.3 O que pode ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento da Região de Alta Floresta..... 62 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento - Região de Alta Floresta ..... 66 3.1. Eixos Estratégicos de Desenvolvimento.................................................................... 68 REGIÃO NORDESTE – VILA RICA...................................................................... 81 1. Apresentação ....................................................................................................... 82 2. Estratégia de Desenvolvimento da Região - A Construção do Futuro................. 83 2.1. Panorama da Situação Atual da Região.................................................................... 83 2.2. Perspectivas Futuras para a Região – Aonde Queremos Chegar ............................ 86 2.3. O que pode ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento da Região de Vila Rica.......... 87 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento - Região de Vila Rica ........... 91 3.1. Eixos Estratégicos de Desenvolvimento.................................................................... 92 4 REGIÃO LESTE – BARRA DO GARÇAS ............................................................ 103 1. Apresentação ..................................................................................................... 104 2. Estratégia de Desenvolvimento da Região - A Construção do Futuro............... 105 2.1. Panorama da Situação Atual da Região.................................................................. 105 2.2. Perspectivas Futuras para a Região – Aonde Queremos Chegar .......................... 108 2.3. O que pode ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento da Região de Barra do Garças ................................................................................................................................. 110 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento - Região de Barra do Garças ........................................................................................................................... 115 3.1. Eixos Estratégicos de Desenvolvimento.................................................................. 117 REGIÃO SUDESTE – RONDONÓPOLIS ............................................................. 127 1. Apresentação ..................................................................................................... 128 2. Estratégia de Desenvolvimento da Região - A Construção do Futuro............... 129 2.1. Panorama da Situação Atual da Região.................................................................. 129 2.2. Perspectivas Futuras para a Região – Aonde Queremos Chegar .......................... 132 2.3. O que Pode Ajudar ou Atrapalhar o Desenvolvimento da Região de Rondonópolis ................................................................................................................................. 134 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento - Região de Rondonópolis . 138 3.1. Eixos Estratégicos de Desenvolvimento.................................................................. 140 REGIÃO SUL – CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE....................................................... 151 1. Apresentação ..................................................................................................... 152 2. Estratégia de Desenvolvimento da Região - A Construção do Futuro............... 153 2.1. Panorama da Situação Atual da Região.................................................................. 153 2.2. Perspectivas Futuras para a Região – Aonde Queremos Chegar .......................... 157 2.3. O que pode ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento da Região de Cuiabá/Várzea Grande....................................................................................... 158 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento Região de Cuiabá/Várzea Grande................................................................................. 163 3.1 Eixos Estratégicos De Desenvolvimento .................................................................. 165 REGIÃO SUDOESTE – CÁCERES..................................................................... 180 1. Apresentação ..................................................................................................... 181 2. Estratégia de Desenvolvimento da Região - A Construção do Futuro............... 182 2.1. Panorama da Situação Atual da Região.................................................................. 182 2.2. Perspectivas Futuras para a Região – Aonde Queremos Chegar .......................... 185 2.3. O que pode ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento da Região de Cáceres......... 187 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento - Região de Cáceres .......... 191 3.1. Eixos Estratégicos de Desenvolvimento.................................................................. 193 REGIÃO OESTE – TANGARÁ DA SERRA .......................................................... 206 1. Apresentação ..................................................................................................... 207 2. Estratégia de Desenvolvimento da Região - A Construção do Futuro............... 208 2.1. Panorama da Situação Atual da Região.................................................................. 208 2.2. Perspectivas Futuras para a Região – Aonde Queremos Chegar .......................... 211 2.3. O que pode ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento da Região de Tangará da Serra ................................................................................................................................. 213 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento - Região de Tangará da Serra ........................................................................................................................... 217 3.1. Eixos Estratégicos de Desenvolvimento.................................................................. 219 REGIÃO CENTRO-OESTE – DIAMANTINO......................................................... 229 1. Apresentação ..................................................................................................... 230 2. Estratégia de Desenvolvimento da Região - A Construção do Futuro............... 231 2.1. Panorama da Situação Atual da Região.................................................................. 231 2.2. Perspectivas Futuras para a Região – Aonde Queremos Chegar .......................... 234 2.3. O que pode ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento da Região de Diamantino.... 236 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento - Região de Diamantino ..... 240 3.1. Eixos Estratégicos de Desenvolvimento.................................................................. 242 REGIÃO CENTRO - SORRISO .......................................................................... 252 1. Apresentação ..................................................................................................... 253 2. Estratégia De Desenvolvimento da Região - A Construção do Futuro .............. 254 2.1. Panorama da Situação Atual da Região.................................................................. 254 2.2. Perspectivas Futuras para a Região – Aonde Queremos Chegar .......................... 257 2.3. O que pode ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento da Região de Sorriso........... 259 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento - Região de Sorriso ............ 263 3.1. Eixos Estratégicos de Desenvolvimento.................................................................. 265 REGIÃO NOROESTE 2 - JUARA ...................................................................... 277 1. Apresentação ..................................................................................................... 278 2. Estratégia De Desenvolvimento da Região - A Construção do Futuro .............. 279 2.1. Panorama da Situação Atual da Região.................................................................. 279 2.2. Perspectivas Futuras para a Região – Aonde Queremos Chegar .......................... 282 2.3. O que pode ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento da Região de Juara ............. 284 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento - Região de Juara .............. 289 3.1. Eixos Estratégicos de Desenvolvimento.................................................................. 291 REGIÃO CENTRO-NORTE - SINOP .................................................................. 307 1. Apresentação ..................................................................................................... 308 2. Estratégia De Desenvolvimento da Região - A Construção do Futuro .............. 309 2.1. Panorama da Situação Atual da Região.................................................................. 309 2.2. Perspectivas Futuras para a Região – Aonde Queremos Chegar .......................... 312 2.3. O que pode ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento da Região de Sinop............. 314 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento - Região de Sinop .............. 318 3.1 Eixos Estratégicos de Desenvolvimento................................................................... 320 Bibliografia ............................................................................................... 333 6 1. Introdução PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL 7 O Plano de desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20) tem como um dos seus principais eixos estratégicos a “descentralização e desconcentração territorial e estruturação de uma ampla rede urbana”, no qual procura expressar a intenção de promover desenvolvimento equilibrado no território mato-grossense, integrar as regiões, desconcentrar o dinamismo econômico e nivelar os indicadores sociais. Para explicitar esta idéia o MT+20 foi estruturado em duas partes, a primeira apresenta os macro-cenários, mundial e nacional, e os cenários de Mato Grosso bem como as Estratégias de Desenvolvimento do Estado; a segunda parte apresenta a Estratégia de Desenvolvimento das Regiões de Planejamento, explicitando os planos de ação (programas e projetos) de cada uma das regiões, de acordo com suas potencialidades e estrangulamentos e refletindo as escolhas da sociedade regional. Os planos regionais com suas prioridades representam uma regionalização do MT+20, expressando o que cada região considera necessário e relevante para promover o seu desenvolvimento e sua integração no desenvolvimento do Estado; desta forma, os planos regionais são, em certa medida, uma distribuição territorial dos programas e projetos do Plano Estadual que promove uma reorganização do território mato-grossense e contribui para a desconcentração regional da economia, da riqueza e da qualidade de vida. Para a elaboração dos planos regionais foram realizadas oficinas com representantes da sociedade organizada de cada Região de Planejamento, procurando confrontar as suas características internas com as condições externas expressas nos cenários de Mato Grosso1. Esta análise foi realizada tendo como referência os Eixos Estratégicos preliminarmente definidos para o Estado, procurando identificar as especificidades de cada território e, a partir delas, as propostas de ação para o desenvolvimento regional. O material gerado nas oficinas regionais, entendido como o conjunto de propostas de ações para promover o desenvolvimento da região, foi organizado, sistematizado e consolidado utilizando-se a mesma estrutura do MT+20, ou seja, grandes eixos de desenvolvimento que se desdobram em programas que, por seu turno, organizam e dão sentido de unidade às ações e projetos específicos. As formulações geradas nas oficinas regionais foram também importantes insumos para dar maior precisão, ou mesmo complementar, as escolhas definidas (programas e projetos), preliminarmente, para o Plano do Estado (MT+20), refletindo a contribuição das regiões para a estratégia de desenvolvimento de Mato Grosso; e dando, ao mesmo tempo, coerência e consistência entre o todo e as partes, nas formulações estratégicas. 1 As oficinas regionais utilizaram como método de trabalho a Matriz de Planejamento (também utilizada na formulação da estratégia do Estado), que organiza os fatores internos com os processos externos. Trabalhando em painel, os participantes da oficina regional formularam propostas de ações para preparar a região para os desafios do futuro: enfrentar os estrangulamentos e explorar melhor as potencialidades para possibilitar o aproveitamento das oportunidades e a defesa das ameaças. INTRODUÇÃO 8 Para expressar, nas regiões, a estratégia de desenvolvimento de Mato Grosso, por meio da formulação de planos de ação diferenciados, foi adotado um recorte territorial que divide o Estado em 12 Regiões de Planejamento com suas características próprias em termos econômicos, sociais e ambientais, com base nos levantamentos do estudo de Zoneamento Socioeconômico Ecológico (mapa 1). Esta regionalização facilita a gestão e a organização das iniciativas e projetos de desenvolvimento no do território2. Mapa 1 - Regiões de Planejamento do Estado de Mato Grosso Fonte: ZSEE de Mato Grosso – SEPLAN/MT, 2002. 2 As doze regiões de planejamento de Mato Grosso são: Região Noroeste 1 (Juína), Região Norte (Alta Floresta), Região Nordeste (Vila Rica), Região Leste (Barra do Garças), Região Sudeste (Rondonópolis), Região Sul (Cuiabá/Várzea Grande), Região Sudoeste (Cáceres), Região Oeste (Tangará da Serra), Região Centro-Oeste (Diamantino), Região Centro (Sorriso), Região Noroeste 2 (Juara), e Região Centro-Norte (Sinop). 9 2. Organização do Território Mato-Grossense PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL 10 2.1 CICLOS DE EXPANSÃO E FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO MATO-GROSSENSE Do isolamento à primeira onda de imigrantes A organização do território de Mato Grosso resulta da forma como se deu a ocupação econômica e dos movimentos migratórios, definindo diferentes ritmos e papéis para as suas regiões. Este movimento acompanha os ciclos de formação da economia do Estado e de integração comercial e econômica com a economia brasileira, e mais diretamente a natureza e ritmo de expansão da malha de transporte no território estadual. Até meados do século passado, quando Mato Grosso apresentava vínculos frágeis com os centros econômicos dinâmicos do Brasil e tinha sua economia voltada para a Bacia do Prata, os mais importantes centros econômicos e demográficos situavam-se a oeste do Estado, a partir de Cuiabá e ao longo do Rio Paraguai; a mineração e a pecuária concentravam-se próximas à região pantaneira com amplos vazios demográficos ao norte e no nordeste do Estado. As regiões de maior peso na economia e na população do que hoje é Mato Grosso eram: Cuiabá, Cáceres e, em menor medida, Tangará da Serra. As regiões de Barra do Garças e Rondonópolis, pela proximidade de Goiás tinham também uma presença importante na economia mato-grossense, mas com limitados vínculos com o resto do Estado. A parte sul que viria formar, mais tarde, Mato Grosso do Sul, consolidou importantes cidades ao longo do rio Paraguai e recebeu mais cedo o processo de irradiação da economia paulista, com integração à economia e formação de novos pólos a leste do Estado, como Dourados e Três Lagoas. O movimento intensifica-se com a dinamização das regiões a leste do atual Mato Grosso do Sul, com a chamada “Marcha para o Oeste”, lançada no governo Getúlio Vargas. O impacto da Marcha para o Oeste no território do atual Mato Grosso é, porém, limitado e tardio, de modo que até o final da década de cinqüenta, o Estado tinha apenas duas diferentes áreas econômicas articuladas por Cuiabá: uma a oeste, formada por Cuiabá-Cáceres, e outra a leste, formada por Cuiabá-Rondonópolis-Barra do Garças. O primeiro ciclo importante de integração e modernização econômica de Mato Grosso coincide com a construção de Brasília e a implantação da rede de rodovias de integração da capital ao resto do país, inclusive Mato Grosso. A abertura de grandes rodovias federais, principalmente a BR 070, ligando o oeste do Estado ao Sudeste brasileiro, e a BR 163, no sentido Sul-Norte, reforçou o papel de pólo urbano de Cuiabá. Destas vias de acesso, mesmo precário, originaram os primeiros ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO MATO-GROSSENSE 11 fluxos migratórios de peso para Mato Grosso, abrindo uma nova fronteira agrícola no Brasil3. O território ainda hoje está fortemente concentrado, até porque Cuiabá reforçou seu papel de pólo econômico estadual, mas começam a surgir novas áreas de expansão econômica nos cerrados e em parte da floresta norte. Nas regiões consolidadas a economia diversifica-se com leve processo de industrialização e crescimento dos serviços; enquanto isso, nas regiões de fronteira domina a atividade agropecuária e destaca-se também o garimpo como atividade importante no extremo norte do Estado. A segunda onda de imigrantes e o boom do agronegócio A partir da década de setenta, com a ampliação da malha viária e pavimentação de várias importantes rodovias, o movimento de agricultores migrantes em busca de oportunidades avança para o norte e para o centro do território mato-grossense. Apoiados nos incentivos fiscais e financeiros da SUDECO e nos projetos do POLONOROESTE, incluídos projetos de colonização privada de áreas agrícolas, Mato Grosso passa por uma terceira fase de reorganização territorial, com importante desconcentração da economia e da população. Combinando a expansão da malha de rodovias com a intensa inovação tecnológica e aumento da produtividade agropecuária, amplia-se o movimento de penetração de grandes contingentes demográficos para o extremo norte e noroeste de Mato Grosso, onde são implantados novos centros produtores de pecuária e grãos, além de madeira. Neste terceiro ciclo da economia, tende a haver uma consolidação das economias ao sul, e de leste a oeste, com mudança da estrutura produtiva que acompanha a urbanização, processos incipientes de industrialização e ampliação dos serviços, formando-se os grandes pólos regionais de serviços, particularmente Cuiabá, Rondonópolis, Cáceres, Barra do Garças e Tangará da Serra. Ao mesmo tempo, as regiões ao centro e norte do território mostram grande dinamismo econômico, acompanhado de forte expansão demográfica, crescendo em ritmo superior à média do Estado (gráfico 1), fortemente dominados pela agropecuária. 3 Além de promoverem novo dinamismo às regiões de Cuiabá, Cáceres, Tangará da Serra, Rondonópolis e Barra do Garças, estimularam um movimento migratório na direção norte e nordeste, ampliando a base econômica do Estado; as regiões de Diamantino e de Sorriso passam a receber novos contingentes de agricultores migrantes do sul, implantando empresas modernas e comunidades de agro-pecuaristas que dinamizaram suas economias. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL 12 2.2 CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA, SOCIAL E DEMOGRÁFICA4 Mato Grosso apresenta, hoje, uma distribuição muito desigual da população e do dinamismo econômico, ambos refletem a penetração da moderna agropecuária que se forjou no movimento migratório e na diversidade ambiental do Estado. A Região de Planejamento de Cuiabá/Várzea Grande tem a maior concentração de população e é a mais rica do Estado, destacando-se como centro comercial e de serviços da economia estadual e contando com parcela importante da indústria mato-grossense5. O dinamismo da moderna agropecuária, principalmente de grãos, manifesta-se mais fortemente nas regiões polarizada por Alta Floresta, Rondonópolis, Cáceres, Sorriso, Tangará da Serra, e Diamantino. Além dos grãos, as regiões registram também presença importante da pecuária, particularmente Rondonópolis, e de uma emergente agroindústria associada aos grãos, especialmente na Região de Sorriso. Destas regiões, Rondonópolis é a que tem maior peso na economia de Mato Grosso, depois de Cuiabá - Várzea Grande; em terceiro lugar vêm empatadas as regiões de Cáceres e Sorriso (ambas com 10% do PIB). A atividade pecuária mais dinâmica concentra-se nas regiões polarizadas por Juína, Barra do Garças, Juara, e Vila Rica (que também se destaca pela qualidade e porte do rebanho leiteiro). A região de planejamento polarizada por Sinop conta por seu turno com uma atividade industrial importante, e é pólo destacado da indústria madeireira do Estado. A distribuição da economia mato-grossense nas regiões de planejamento, representada pela participação no PIB (Gráfico 1, dados de 2004), mostra a concentração econômica na região polarizada por Cuiabá, com 25,9% do total, seguida da região de Rondonópolis, com 19,54% do PIB; em terceiro lugar, praticamente empatadas vem as Regiões de Cáceres (10,08%) e Sorriso (9,096%). Apenas estas quatro regiões respondem por quase 65,48% do PIB estadual e 62 % da população; quatro regiões apresentam participação no PIB estadual inferior a 5%, Juína, Vila Rica, Diamantino e Juara. 4 A fonte de dados e informações para esta seção foi o relatório Informativo Socioeconômico de Mato Grosso, 2005, da Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral. 5 Responde por 28% do valor adicionado do Estado, embora tenha reduzido sua participação relativa, nos últimos anos. ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO MATO-GROSSENSE 13 Gráfico 1 - - Distribuição Regional do PIB e da População (em % Total MT - ano base 2004) Fonte: Relatório Produto Interno Bruto (e população) dos Municípios (IBGE, 2004). A taxa de crescimento econômico, expressa pela variação do PIB das regiões, no período 2000-2004, tem sido relativamente desigual, revelando um possível movimento de redistribuição e, em certa medida, de desconcentração regional da produção, uma vez que no período, para os quais existem dados regionalizados, três das 12 regiões de planejamento registraram taxa de crescimento inferior à média do Estado (20,1% ao ano em termos nominais), a despeito de os respectivos ritmos de crescimento serem altos. Dentre as regiões, a de Cuiabá/Várzea Grande foi a que apresentou o menor crescimento (12,3% ao ano contra 20,1% do Estado), seguida de Alta Floresta (18%) e Juína (19,4% anuais); A região de Tangará da Serra quarto maior PIB apresentou um crescimento médio anual de 20,5%, apenas ligeiramente acima da média estadual; dentre as maiores participações no PIB estadual, apenas a Região de Cuiabá, apresentou queda na participação com redução de 33,9%, em 2000, para 25,9%, em 2004. As duas maiores, logo abaixo de Cuiabá, isto é, Rondonópolis e Cáceres, elevaram a suas participações de 17% para 19,5%, e de 9,7% para 10,1%, respectivamente, de 2000 para 2004. Registra-se que a Região de Sorriso com a maior taxa de crescimento médio anual (33,6%) elevou sua participação de 6,5%, em 2000, para 10% em 2004, PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL 14 passando de 5º para 3º lugar no ranking estadual (empatando com Cáceres); além de Sorriso, as taxas de crescimento mais expressivas foram registradas nas Regiões de Juara (27,7%), Diamantino (25,8%) e Rondonópolis (24,4%). Das regiões com menor PIB do Estado, apenas Juína apresentou uma taxa de crescimento no período inferior à média estadual (19,4% contra 20,1%), mas mesmo assim bastante alta. Gráfico 2 - Taxas Médias Anuais de Crescimento do PIB e População das Regiões (2000-2004) Fonte: Informativo Socioeconômico de Mato Grosso, 2005. A distribuição da população no Estado reflete, aproximadamente, a distribuição regional do PIB (gráfico 2, com dados de 2004), embora com uma participação maior em algumas regiões como a polarizada por Cuiabá que congrega 32,97% da população e 25,9% do PIB e Cáceres com 10,65% da população e 10,1% do PIB. Anteriormente, a região de Rondonópolis, segunda economia do Estado (19,5% do PIB) reúne cerca de apenas 14,54 % da população; porém, a situação mais singular é a da região de Sorriso que detém 10% do PIB estadual contra uma população de apenas 3,8% do total. Quando se confronta a distribuição diferenciada do PIB e da população de Mato Grosso, percebe-se coerência entre as regiões (exceto Sorriso), na medida em que as ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO MATO-GROSSENSE 15 de maior base econômica também tendem a apresentar grande concentração populacional, o que se reflete na distribuição do PIB per capita. Com efeito, em alguns casos, como a região de Cuiabá, a posição na participação no PIB estadual não se mantém no PIB per capita, passa ao nono lugar, porque tem um percentual da população maior do que da economia. O PIB per capita das regiões, em 2004, flutua entre R$ 6.247,00 (Juína) e R$ 14.537,00 (Diamantino), excetuando a Região polarizada por Sorriso que se descola completamente das outras, ao registrar PIB per capita de R$ 27.103,006. A desigualdade nos indicadores sociais, quando medida pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), tende a ser bem menor que o desequilíbrio registrado na participação regional da economia mato-grossense7. Ao trabalhar com a média do IDH dos seus municípios8, percebe-se que nove regiões têm IDH entre 0,700 e 0,800. Apenas uma, Sorriso, apresenta índice levemente acima do patamar mais alto (0,804) e duas estão abaixo de 0,700, Vila Rica e Alta Floresta. As regiões com municípios de mais alto IDH (entre 0,780 e 0,824) são Sorriso e Sinop, territórios com baixo peso na economia estadual, mas com atividades dinâmicas e relativamente uniformes. As duas maiores regiões em termos econômicos, Cuiabá e Rondonópolis apresentam grande dispersão de IDH dos seus municípios; as regiões com quantidade maior de municípios com mais baixo indicador são, precisamente estas duas maiores além de Barra das Garças e Vila Rica, esta última com menor IDH do Estado. Tangará da Serra apresenta um predomínio de alto IDH, mas registra também alguns municípios com o baixo índice; Cáceres tem um conjunto de municípios com índice de desenvolvimento humano mais equilibrado, com pouca presença de IDH mais alto. 6 Os dados de PIB e PIB per capita das regiões de planejamento foram atualizados para 2005 com base nos valores do último relatório de Contas Regionais do IBGE, que define o PIB de Mato Grosso em 2004. 7 Cabe notar que o crescimento econômico diferenciado de algumas regiões, como Cuiabá, Sorriso, Juara e Diamantino, entre 2000 e 2004, pode ter alterado a situação relativa das mesmas no ranking do DH no contexto estadual. 8 A média dos IDH dos municípios membros não expressa, com precisão, o IDH das regiões por se tratar de um índice composto de três indicadores e não de valores absolutos, mas é aceitável para o propósito deste trabalho. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL 16 Gráfico 3 - PIB Per Capita de Mato Grosso e Regiões de Planejamento Fonte: Informativo Socioeconômico de Mato Grosso, 2005 e Multivisão. 2.3. OCUPAÇÃO ANTRÓPICA9 O crescimento da economia e a natureza das atividades econômicas dominantes em cada região definem a intensidade e o perfil das pressões antrópicas sobre os seus ecossistemas. As regiões de planejamento mais antropizadas são precisamente as de maior peso no PIB do Estado, em grande parte como decorrência da expansão da moderna agropecuária, com processos consolidados de ocupação humana. Nas regiões situadas ao norte, onde predominam floresta e área de transição de savana, com processo de ocupação mais recente, principalmente Juína e Alta Floresta, a taxa de antropização ainda é baixa, com moderada ou pouca alteração do ambiente natural. A região de Vila Rica também apresenta áreas com alta conservação ou baixa antropização, mas tem predomínio de ambientes de savana 9 Esta seção foi extraída dos documentos do ZSEE de Mato Grosso. ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO MATO-GROSSENSE 17 classificados como alterados ou muito alterados, apesar de ser a região com a segunda menor participação na base econômica mato-grossense. A região de Barra do Garças, de ocupação mais antiga, é dominada por ambiente savânico e conta com a forte presença da pecuária extensiva e moderna; na região são identificadas algumas áreas pouco alteradas, mas predominam moderada a alta alteração no ambiente natural, com predisposição à erosão. Em Rondonópolis, com savana e áreas de transição, a taxa de antropização é mais alta que em Barra do Garças, registrando-se algumas com alteração muito alta do ambiente natural, embora tenha também unidades conservadas e pouco alteradas. Vale notar que a região de Rondonópolis tem o segundo maior PIB de Mato Grosso resultado de uma forte presença da agricultura moderna e da agroindústria. Na região com maior base econômica e taxa de urbanização mais elevada, Cuiabá/Várzea Grande, predominam média taxa de antropização e moderada alteração do ambiente natural. Entretanto, no aglomerado urbano de Cuiabá e Várzea Grande constata-se um ambiente savânico muito alterado com qualidade ambiental baixa, especialmente em relação às águas subterrâneas. Combinando ambiente savânico e pantaneiro, a região de Cáceres, tem áreas em ótimo estado de conservação, mas têm também, no outro extremo, espaços com alta taxa de antropização e muito degradados. Esta região tem o terceiro maior PIB de Mato Grosso, onde predomina a pecuária. Com ambiente de savana e floresta, a região de Tangará da Serra, no oeste, combina pecuária com agricultura moderna, registrando taxa de alteração ambiental média a alta. As outras duas regiões situadas no centro do território mato-grossense, Diamantino e Sorriso têm características similares com agricultura e pecuária modernas e alguma pecuária extensiva. No geral, as áreas apresentam moderada alteração do ambiente natural, excetuadas algumas unidades com ambiente bastante alterado e manchas de alta predisposição à erosão. Embora a região de Sorriso tenha uma participação maior no PIB do Estado que Diamantino, os processos de alteração do ambiente natural nesta última região são mais intensos. A região de Juara, no noroeste do Estado e próxima de Juína e Alta Floresta, é formada por ambiente de floresta com algumas áreas de transição savânica, sob pressão antrópica mais recente como conseqüência da penetração da atividade agropecuária e madeireira. De um modo geral, o ambiente natural da região está pouco alterado, com moderada antropização em Juara; destaca-se a unidade de Serra dos Caiabis em ótimo estado de conservação e alto potencial biótico. As condições ambientais de Sinop são semelhantes às de Juara, embora com taxa de antropização mais alta, especialmente na área do município pólo (Sinop), com médio processo antrópico decorrente da agricultura moderna e moderada alteração do ambiente natural. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL 18 2.4 TENDÊNCIAS DE DESCONCENTRAÇÃO REGIONAL As transformações previstas nas diferentes alternativas (cenários) de futuros de Mato Grosso tendem a produzir impactos diferenciados na organização do território estadual, consolidar a tendência de concentração ou intensificar o processo em sentido oposto. A distribuição da economia e da população nas regiões, assim como a diferença de nível e qualidade de vida, dependem do comportamento futuro de três variáveis centrais da evolução do ambiente mato-grossense que, por sua vez, está condicionado pelo comportamento dos contextos mundial e nacional: • Volume e amplitude dos investimentos em infra-estrutura econômica, principalmente em transportes, nas diversas modalidades • Abrangência e eficácia da gestão ambiental do território, definindo nas regiões os espaços e o perfil das atividades econômicas e de ocupação humana • Orientação das políticas públicas com a descentralização dos serviços públicos e com o equilíbrio regional dos indicadores sociais As características dos três Cenários Alternativos de Mato Grosso contemplam de forma muito diferente essas três variáveis e, portanto, promovem distintas configurações do território mato-grossense. O pior cenário para Mato Grosso10 deve combinar no futuro: baixo crescimento econômico, uso predatório dos recursos naturais e degradação ambiental, aprofundamento das desigualdades sociais e condições externas desfavoráveis - inclusive restrições fiscais federais; o resultado será um quadro de baixo nível de investimento na infra-estrutura de Mato Grosso, levando o sistema viário do Estado ao total estrangulamento, atrasando a desconcentração da economia e o dinamismo e expansão demográfica das regiões de menor porte. Ao mesmo tempo, a política ambiental tem baixa eficácia e deixa o Estado carente de regulação na ocupação do território e na utilização dos recursos naturais. As políticas sociais são compensatórias e limitadas pela própria restrição de recursos, não permitindo uma desconcentração dos investimentos no território, com sobrecarga das cidades-pólos. Do ponto de vista da estrutura produtiva este cenário não deve apresentar avanços na diversificação produtiva, continua o predomínio do agronegócio de baixo valor agregado na maioria das regiões, com limitado adensamento das cadeias que levariam a um crescimento da indústria e ampliação dos serviços. 10 Para melhor compreensão sugerimos a leitura do capítulo de cenários do Relatório Técnico do MT+20 ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO MATO-GROSSENSE 19 Uma alternativa de futuro ao mencionado cenário, pode vir a ser o resultado da combinação de condições mundiais favoráveis com postura passiva e dependente de Mato Grosso e dos atores sociais, em meio a um quadro de dificuldades e limitações no ambiente nacional; nessas condições é plausível supor que ocorra retomada apenas moderada do investimento em infra-estrutura no Estado, suficiente apenas para melhora parcial e pontual do sistema viário e da oferta de energia. Este cenário deve contar com política ambiental eficaz no controle e fiscalização, mas reativa e inibidora, que apenas delimita o que não pode ser feito para aproveitamento do potencial de recursos naturais e cênicos das regiões. No plano econômico mais estrito, a estrutura de produção apresenta uma moderada diversificação e adensamento das principais cadeias produtivas mais importantes, sobretudo, nas regiões de maior peso econômico e com alguma base industrial de partida. As políticas sociais não contêm clara orientação de descentralização e desconcentração no território, embora contemplem ações estruturantes parciais, não obstante um tanto desarticuladas, para enfrentamento dos grandes problemas sociais do Estado. A alternativa de cenário que representa, verdadeiramente, um futuro de grandes mudanças e transformações de Mato Grosso11, cujo resultado final será a ampliação significativa da qualidade de vida no Estado, deverá resultar, com certeza, da combinação da implantação de grandes investimentos em infra-estrutura; em especial, na formação de amplo e eficiente sistema multimodal de transportes, articulando as regiões entre si e reforçando a integração externa de Mato Grosso; ao mesmo tempo em que o Estado executa competente e pró-ativa gestão ambiental, combinada com políticas ativas de descentralização administrativa e de desconcentração dos investimentos e dos serviços públicos no território estadual. Nos próximos 20 anos, Mato Grosso experimenta adensamento da malha rodoviária, ao mesmo tempo em que amplia a rede de transmissão e distribuição de energia elétrica nas cidades mais distantes, atendendo às necessidades de produção e consumo das famílias. A política ambiental assegura os usos alternativos dos ecossistemas, em base tecnológica adequada, e orienta a utilização em bases sustentáveis dos recursos e potencialidades de cada região. Neste ambiente de grandes realizações, Mato Grosso deve experimentar também intenso processo de diversificação da estrutura e adensamento das cadeias produtivas, com o crescimento da indústria – a montante e a jusante do agronegócio – com diferentes papéis das regiões na economia estadual. A diversificação tenderá a ampliar o turismo e, principalmente, o ecoturismo, e o surgimento de novas formas sustentáveis de aproveitamento dos recursos naturais, estimulando a economia das regiões com maior potencial de recursos naturais e belezas cênicas. 11 Este cenário foi utilizado como referência para a definição da estratégia de desenvolvimento de Mato Grosso, o MT+20. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL 20 Em todas as regiões deve acontecer, ao menos parcialmente, algum processo de beneficiamento industrial da produção agropecuária, de acordo com suas características, e a emergência de serviços urbanos de suporte à população e às atividades econômicas. A configuração de uma rede urbana integrada e hierarquizada define os papéis das regiões que constituem pólos de serviços de diferentes escalas e complexidades; além dos grandes centros urbanos, principalmente Cuiabá/Várzea Grande, Rondonópolis, Cáceres, Barra do Garças, e Tangará da Serra, consolidam-se cidades de porte médio como centros de prestação de serviços nas regiões menores, particularmente Sinop, Sorriso, Vila Rica, Diamantino, Alta Floresta, Juína e Juara. Nessas condições, Mato Grosso deverá ser palco de intensa desconcentração da economia e da população, levando à convergência do PIB per capita regional e ao equilíbrio territorial dos indicadores sociais. A forma com que esta desconcentração econômica e demográfica manifesta-se em cada região depende das suas condições próprias em termos de vantagens locacionais e competitivas futuras e de limitações de ordem ambiental, definidas pela política ambiental implementada (ver Quadro 1). As condições de contorno socioeconômicas, tecnológicas e ambientais estabelecidas neste cenário devem provocar transformações profundas nas regiões, mediadas em certa medida pelos respectivos estágios de desenvolvimento econômico e de competitividade; de todo modo, o impacto será o de aceleração do crescimento econômico com mudanças significativas no perfil das respectivas estruturas produtivas, ampliação da base tecnológica, respeito ao meio ambiente, e melhoria dos indicadores sociais. Embora todas as regiões tendam a registrar dinamismo econômico muito alto, com taxas de crescimento médio anual acima de 8,8%, os ritmos serão diferenciados em função dos impactos do cenário de referência no território (principalmente a ampliação da infra-estrutura de transporte) e das condições internas de partida de cada região (potencialidades e restrições ambientais). Nas condições de mudança e transformação estabelecidas no cenário de referência, as regiões que apresentam taxas de crescimento econômico acima da média de crescimento do Estado (9,21%), devem também atrair contingentes migratórios expressivos, embora diferenciados pelo perfil das atividades econômicas; de outro lado, algumas regiões devem crescer forte, mas abaixo da média estadual e reduzir, ao final, a sua participação na economia do Estado. 21 Fonte: Multivisão ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO MATO-GROSSENSE Quadro 1 - Dinâmica Futura das Regiões de Planejamento no Cenário de Referência PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL ... Continuação Fonte: Multivisão 22 ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO MATO-GROSSENSE 23 Esta dinâmica diferenciada da economia é acompanhada de importantes transformações na estrutura produtiva das regiões, com diversificação e agregação de valor; de modo que, mesmo as regiões com menor ritmo de expansão da base produtiva, apresentam ganho de qualidade no perfil da economia, consolidam novos segmentos que melhoram a renda e moderam os impactos ambientais. Nessas condições, a distribuição da economia e do PIB per capita de Mato Grosso nas regiões de planejamento, refletem o processo de desconcentração econômica e redefine o peso relativo das mesmas no contexto estadual. Quadro 2 – Participação Regional no PIB e Taxas Médias Anuais de Crescimento Estado e Regiões (2005 e 2006) 2005 mil R$ % PIB MT 2026 mil R$ % PIB MT Crescimento 2005-2026 631,98 2,17% 4.090,04 2,21% 9,30% Norte - Alta Floresta 1.545,85 5,31% 11.223,24 6,06% 9,90% Nordeste - Vila Rica 685,08 2,35% 4.973,88 2,69% 9,90% Leste - Barra do Garças 1.884,47 6,47% 12.195,90 6,59% 9,30% Sudeste - Rondonópolis 5.688,87 19,54% 36.116,17 19,51% 9,20% Sul - Cuiabá/Várzea Grande 7.538,93 25,90% 44.741,11 24,17% 8,85% Sudoeste - Cáceres 2.934,67 10,08% 17.585,12 9,50% 8,90% Oeste - Tangará da Serra 1.985,67 6,82% 11.898,50 6,43% 8,90% 946,98 3,25% 5.674,49 3,06% 8,90% 2.899,07 9,96% 21.047,98 11,37% 9,90% 524,19 1,80% 3.593,43 1,94% 9,60% 1.841,12 6,33% 13.624,74 7,36% 10,00% 291,07 100% 1.851,43 100,00% 9,21% REGIÕES Noroeste 1 - Juína Centro Oeste - Diamantino Centro - Sorriso Noroeste 2 - Juara Centro Norte - Sinop MATO GROSSO Fonte: Multivisão Os dinamismos diferenciados das regiões levam à alteração das posições relativas na economia estadual; algumas regiões melhoram a sua participação enquanto outras reduzem, apesar de apresentarem taxas elevadas de crescimento. Como a população, em grande parte, acompanha o movimento econômico, mediada pelas políticas públicas voltadas para a desconcentração da economia, o PIB per capita regional tende a gradual convergência, uma vez que tanto às regiões com PIB per capita acima PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL 24 da média do Estado quanto às posicionadas abaixo reduzem a diferença para a média, em razão de o crescimento destas ser superior ao daquelas12 . A convergência do PIB per capita das regiões contribui para um maior equilíbrio territorial dos indicadores sociais, particularmente o IDH, na medida em que os investimentos públicos e os projetos sociais devem se distribuir no território de forma a reduzir as desigualdades na qualidade de vida. 12 A diferença entre a região de maior PIB per capita em 2005, Sorriso, e a de menor PIB per capita, no mesmo ano, Vila Rica, cai de 3,2 vezes para cerca de 2,6 vezes em 20 anos; ainda é uma diferença muito grande mas indica um movimento de desconcentração e convergência regional para a média estadual. PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE25 MATO GROSSO – MT+20 Região Noroeste 1 - JUÍNA Juína Aripunã Colniza Cotriguaçu Juruena Castanheira Rondolândia 26 1. Apresentação O Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20) desdobra-se em doze planos regionais13 que orientam a implementação das ações estratégicas para integrar o território mato-grossense e promover uma desconcentração da economia e dos indicadores sociais do Estado. Este documento apresenta o Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Noroeste 1 (Juína), como parte do MT+20 que explicita os projetos prioritários para a região e organiza a formulação da sociedade na estrutura estratégica do MT+20. Desta forma, o plano regional é um detalhamento do MT+20 no território, de acordo com as especificidades locais, seus problemas e suas potencialidades. O Plano de Desenvolvimento da Região é o referencial para negociação dos seus projetos e o acompanhamento da implementação do MT+20 no território. Foi elaborado com o envolvimento da sociedade, procurando fazer uma articulação entre a estratégia geral para Mato Grosso e as características de cada região, suas necessidades e suas contribuições para o desenvolvimento conjunto do Estado. Ao mesmo tempo em que formula propostas para compor o plano de desenvolvimento de Mato Grosso, a estratégia do Estado (MT+20) define as bases para as prioridades do Estado. A Região de Planejamento polarizada por Juína conta agora com seu plano de desenvolvimento de longo prazo que deve orientar as ações nos próximos 20 anos, desenvolver a região e, ao mesmo tempo, intensificar sua interação com as transformações futuras de Mato Grosso. Nesse sentido deve, ao mesmo tempo, dar suporte aos propósitos de desenvolvimento do Estado mediante impactos gerais no território de Juína. 13 Refletindo a divisão do território de Mato Grosso, foram realizados planos regionais para as regiões Noroeste 1 (Juína), Norte (Alta Floresta), Nordeste (Vila Rica), Leste (Barra do Garças), Sudeste (Rondonópolis), Sul (Cuiabá/Várzea Grande), Sudoeste (Cáceres), Oeste (Tangará da Serra), Centro-Oeste (Diamantino), Centro (Sorriso), Noroeste 2 (Juara), e Centro-Norte (Sinop). 27 2. Estratégia de Desenvolvimento da Região A Construção do Futuro 2.1.PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL DA REGIÃO Caracterização Geral da Região de Planejamento Noroeste 1 (JUÍNA) A Região Noroeste 1, polarizada por Juína, é formada por sete municípios – Juína, Aripunã, Colniza, Cotriguaçu, Juruena, Castanheira, Rondolândia – e abriga cerca de 99 mil habitantes, em 2004. Reúne cerca de 3,6% da população de MT, num território de 108 mil km2 (12% do território estadual), evidencia um certo vazio populacional14 que se reflete na menor densidade demográfica do Estado (0,86 hab/km2). A agropecuária é a principal atividade econômica da região, destacando-se pelo seu rebanho bovino, responsável pela participação do setor com 37,65% do PIB regional, além da exploração madeireira (a indústria representa 15,77%, e os serviços alcançam 46,57% do PIB da Região). Juína contribui com 3,07% na composição do PIB agropecuário estadual, bem acima da sua participação no total da economia. A economia regional cresceu, entre 2000 e 2004, um pouco abaixo da média registrada pelo conjunto do Estado (19,4% contra 20,1%), mas tem baixa participação (2,2%) no PIB mato-grossense, em penúltimo lugar entre as regiões. Nos anos recentes (2000-2004), a região registrou moderada taxa de crescimento demográfico (2,76%), embora três dos seus municípios tenham apresentado expansão a taxas superiores a 5% ao ano na última década; no mesmo período, o Estado apresentou uma ampliação da população de, aproximadamente, 2,05% ao ano, pouco mais da metade da expansão regional. A população do município pólo, Juína, quase não cresceu no período 2000/2004, com aumento de, apenas, 0,68% ao ano, e Castanheira chegou a perder população, com queda de 2%; este movimento foi compensado pela rápida expansão demográfica de Cotriguaçu (9,08%), Aripuanã (6,06%), Colniza (6,01%) e Rondolândia (5,18%), o que pode sugerir migração intraregional. 14 Os dados utilizados neste capítulo são do Governo do Estado de Mato Grosso, 2005 PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 1 – JUÍNA 28 Gráfico 4 - PIB dos Municípios da Região (mil de R$, 2004) Fonte: IBGE, 2006 – Relatório PIB Municipais. Como a população regional representa 3,6% de Mato Grosso, a região de Juína coloca-se na última posição no ranking do PIB per capita regional, com o valor de R$ 6.247,00, que corresponde a tão somente 61% do PIB per capita estadual (R$10.361,00). Internamente existe equilíbrio no PIB per capita dos municípios, na medida em que a população tende também a se concentrar nos municípios de maior base econômica; assim, o município de Juína, que se destaca com grande participação no PIB regional, cai para o quinto lugar no PIB per capita, de modo que Rondolândia, com a menor base econômica da região, lidera o PIB per capita da região. O IDH da região (dados de 2000), estimado em 0,747, também tem distribuição muito desigual na região; o nível mais alto é o do município de Juína, com 0,749, e o mais baixo, registrado em Cotriguaçu, com 0,691 (classificado como muito baixo) como mostra o gráfico a seguir. Os outros municípios situam-se no nível intermediário: Aripuña, pode ser classificado como baixo (0,704) e Castanheira e Juruena alcançam nível de desenvolvimento humano médio (respectivamente 0,730 e 0,732); em todo caso, o único município com IDH abaixo de 0,700 é Cotriguaçu. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 29 Apesar da recente expansão da economia, grande parte do território regional de Juína ainda apresenta um ambiente bastante conservado, com a floresta oscilando entre a condição de preservado e conservado. Apenas em parte do município pólo, Juína, e em Rondolândia, o ambiente natural é considerado muito alterado e antropizado, precisamente onde é mais forte a presença da pecuária, da mineração e da atividade madeireira. A região divide-se em nove Unidades Socioeconômicoe Ecológica15 com níveis muito diferenciados de antropização e alteração do ambiente natural. As unidades de Panelas, Colniza Oeste, Cotrigaçu/Jureana, e Serra da Providência apresentam ambiente de floresta preservado ou conservado com grande potencial biótico, embora a última sofra pressão de desmatamento provocada pela exploração madeireira; duas unidades têm pouca ou média alteração – Aripuaña e Juína Sul – e duas apresentam ambiente muito alterado, Juína e Rondolândia. A região tem um grande potencial de recursos naturais, especialmente a biodiversidade que pode servir de base para produtos bióticos, além da disponibilidade de recursos minerais e madeireiros, em fase inicial de exploração não sustentada. Em Juína convive a agropecuária de grande e pequeno porte, com a presença de médios e pequenos pecuaristas. A região de planejamento ainda conta com alguns vazios demográficos e tem uma rede urbana precária e com baixo nível de habitabilidade. Para assegurar a conservação ambiental da região, o Zoneamento Socioeconômico e Ecológico definiu alternativos do território regional segundo as categorias centrais, basicamente os usos restritos e controlados e as áreas legalmente protegidas, como mostra o mapa a seguir. 15 As USEEs de Juína são: Panelas, Colniza Oeste, Serra da Providência, Rondolândia, Cotriguaçu/Juruena, Aripuanã, Juína, Juína Sul e Juína Extremo. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 1 – JUÍNA Mapa 2 - 30 Usos Alternativos das Unidades Socioeconômico Ecológicas da Região de Juína Fonte: ZSEE 2.2. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A REGIÃO – AONDE QUEREMOS CHEGAR Nas condições definidas pelo cenário de referência - desconcentração da economia estadual e convergência territorial dos indicadores sociais – a região de Juína experimenta, nas próximas duas décadas, crescimento muito alto (média de 9,3% ao ano), ligeiramente acima da média estadual. Como resultado da combinação da exploração sustentável do potencial madeireiro, mineral e biótico, na atual base produtiva, com o asfaltamento da BR 170 (com prioridade para os trechos Juína Colniza; Juína – Campo Novo do Parecis) e melhoria do acesso aos grandes eixos rodoviários de escoamento do Estado (BRs 163 e 364); a região deve receber um impulso de crescimento e diversificação econômica, mas com moderado beneficiamento industrial da produção primária e da madeira, além da implantação de importantes projetos de reflorestamento para venda de crédito de carbono; esta tendência, contudo, é moderada pela gestão ambiental, considerando que tem mais ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 31 da metade do território destinado a uso restrito, aproximadamente 1/4 de áreas indígenas e o restante para uso controlado. Nos próximos dez anos, a economia de Juína cresce a taxas muito altas com diversificação produtiva e exportação competitiva, exploração madeireira controlada, aproveitamento biótico e adensamento da pecuária. Em 2026, o PIB da região deve alcançar R$ 4.090,00 milhões (a preços de 2004), com leve aumento da participação na economia mato-grossense (de 2,17% em 2005 para 2,21%, em 2026), e o PIB per capita chega a R$ 27.034,00, mais de quatro vezes superior ao atual, considerando uma taxa de expansão demográfica de 1,7% ao ano, pouco acima da média estadual. Mesmo assim, em 2026, o PIB per capita de Juína ainda será 62% do valor alcançado por Mato Grosso no mesmo ano, representando pequena melhora relativa. Gráfico 5 - Evolução do PIB da Região e da Participação no PIB de MT 2,22% 5.000,00 2,21% 4.000,00 2,20% 3.000,00 2,19% 2,18% 2.000,00 2,17% 1.000,00 2,16% - 2,15% 2005 2010 Participação no PIB de MT Fonte: Multivisão 2015 2020 2026 PIB em mi R$, 2004 PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 1 – JUÍNA 32 2.3. O QUE PODE AJUDAR OU ATRAPALHAR O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE JUÍNA Vantagens Competitivas/Potencialidades O desenvolvimento da região será bastante determinado por sua capacidade de atrair e reter investimentos, de modo a aproveitar as oportunidades criadas no ambiente externo, sobretudo o estadual, mediante a mobilização de suas vantagens competitivas16. Portanto, identificar de forma correta as potencialidades ou vantagens competitivas da região é o primeiro grande passo para a definição de uma estratégia capaz de produzir o desenvolvimento regional esperado. Assim, para a região polarizada por JUÍNA foram identificadas as seguintes vantagens/potencialidades: 1. Diversidade cultural dos imigrantes, seu espírito empreendedor, sua perseverança e sua capacidade de adaptação às condições particulares da região 2. Capacidade e tradição empresarial em pecuária e agricultura 3. População jovem e em idade produtiva 4. Boa estrutura de assistência básica à saúde 5. Organização da sociedade em grande número de associações; cooperativas, sindicatos, conselhos - prática de parceria entre entidades e atuação de ONGs 6. Diversidade de empresas nos ramos de agricultura, pecuária, indústria, comércio e agronegócio da madeira e ampla base de agroindústria e agricultura familiar 7. Disponibilidade de matéria-prima para a indústria de alimentos e da madeira 8. Capacidade de adaptação empresarial às exigências do mercado e do desenvolvimento sustentável 9. Atividades econômicas sustentáveis de manejo, certificação da produção orgânica, pastagem ecológica, sistemas agroflorestais e reflorestamento 10. Grande quantidade e diversidade de recursos naturais renováveis 11. Região com grande potencial para pesquisas ambientais 12. Potencial turístico, com rico folclore regional 16 Estas vantagens ou potencialidades são entendidas como as características internas diferenciadas da região que podem constituir base para o seu desenvolvimento, se devidamente exploradas. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 33 13. Controle ambiental rígido e programas de incentivo para a valorização dos recursos naturais, com consciência do desenvolvimento sustentável para um número crescente de pessoas 14. Grandes extensões de terras agricultáveis e clima favorável 15. Região com potencial para receber projetos de seqüestro de carbono 16. Ampla biodiversidade e espécies florestais 17. Oferta adequada de infra-estrutura (energia elétrica, estradas; linha aérea, comunicação) Problemas e Estrangulamentos De outro lado, a capacidade de atrair, ou mesmo reter investimentos, para a região será bastante dificultada pela presença de problemas e estrangulamentos que colocam a região em situação de desvantagem em relação a outros territórios nacionais, inibindo os investimentos e atrasando o seu desenvolvimento17. Foram destacados para a região os seguintes problemas e estrangulamentos. 1. Degradação ambiental, resultado da exploração predatória dos recursos naturais, poluição dos rios e desmatamento desordenado, alto índice de queimadas e degradação de áreas de preservação 2. Baixa escolaridade e mão-de-obra sem qualificação e técnicos insuficientes e com formação defasada da realidade regional e do desenvolvimento sustentável 3. Frágil estrutura de ensino e falta de cursos profissionalizantes, além de insuficiência de extensão universitária nos municípios da região e ausência de instituições de ensino superior 4. Pobreza e desigualdade social 5. Empresários sem formação gerencial e com cultura do lucro imediato; 6. Desvalorização e não integração da cultura indígena 7. Baixa presença de líderes que atuem como agentes de transformação; 8. Infra-estrutura social insuficiente para a demanda 9. Empobrecimento do solo e solo em formação, restringindo a agricultura convencional 17 Os problemas e estrangulamentos são as condições ou situações internas à região que são indesejadas e atrapalham ou impedem o desenvolvimento da região se não forem devidamente equacionadas e alteradas. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 1 – JUÍNA 34 10. Grande número de empresas operando na informalidade 11. Custo elevado e distância dos mercados de consumo 12. Pouca diversificação da atividade industrial, concentrada em serrarias e laminadoras de baixo valor agregado / produção orientada para produtos primários, com baixos índices de industrialização e de valor agregado 13. Alto custo da mão-de-obra na produção agrícola 14. Pecuária predominantemente extensiva 15. Atraso tecnológico na maioria das atividades produtivas (altos índices de desperdício e baixa produtividade do setor madeireiro, combinado com despreparo tecnológico do produtor e altos índices de desperdícios, incluindo a falta de rotatividade de culturas) Oportunidades do Ambiente Externo O desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência cria uma série de oportunidades de negócios que podem ser capitalizadas pela região desde que a mesma tenha capacidade para tal. Estas condições futuras externas “favoráveis” à Região abrem perspectivas que orientam a definição da estratégia de desenvolvimento. Foram identificadas as seguintes oportunidades externas à região de JUÍNA: 1. Redução de barreiras alfandegárias para produtos agropecuários 2. Formação da ALCA com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 3. Consolidação do Mercosul com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 4. Ampliação da demanda mundial de alimentos 5. Crescimento da demanda mundial e nacional por produtos orgânicos 6. Crescimento da demanda de água e recursos naturais com forte aumento da demanda de hidroeletricidade no Brasil; 7. Aumento da demanda de energia renovável, biocombustível com mudança da matriz energética incluindo biomassa e 8. Ampliação de mercado de crédito de carbono 9. Crescimento da demanda de produtos da biotecnologia e biodiversidade 10. Expansão do fluxo turístico mundial com destaque para o ecoturismo 11. Integração da infra-estrutura da América do Sul, incluindo a Saída para o Pacífico ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 35 12. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento público nacional 13. Formação de ambiente microeconômico favorável ao investimento produtivo nacional (lei de regulamentação do setor de saneamento, por exemplo) 14. Implementação de mecanismos de indução da desconcentração regional 15. Expansão da capacidade de consumo do mercado interno nacional 16. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento do setor privado Ameaças do Ambiente Externo De modo similar, o desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência traz consigo muitas ameaças que podem prejudicar o desenvolvimento da região, caso ela não tenha capacidade adequada de defesa. Essas situações externas “desfavoráveis” quando corretamente identificadas fornecem, por seu turno, uma orientação importante para a definição da estratégia de desenvolvimento. Assim, foram identificadas as seguintes ameaças externas à região de JUÍNA: 1. Controle monopolístico das tecnologias pelas multinacionais 2. Manifestação de mudanças climáticas globais 3. Intensificação da concorrência mundial com base em novas tecnológicas 4. Recorrência e ampliação de epidemias e endemias em vegetais e animais 5. Ampliação de barreiras comerciais não tarifárias, com alta exigência de qualidade e de controle 6. Risco de queda das demandas de matérias primas, insumos e alimentos em razão de eventuais quedas no crescimento econômico 7. Instabilidade dos preços internacionais de produtos naturais e alimentícios 8. Ampliação da biopirataria com a retirada de amostras da biodiversidade 9. Intensificação da concorrência de países do MERCOSUL no agronegócio 10. Expansão do narcotráfico nas regiões de fronteira do Brasil 11. Instabilidade política em países vizinhos, especialmente Bolívia 36 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento Região de Juína As próximas duas décadas serão de grandes transformações estruturais, nos campos social e econômico, na Região Nordeste 1 (JUÍNA), cujos reflexos far-se-ão sentir em termos de geração de oportunidades de emprego e negócios e na melhoria da qualidade de vida. Os graves estrangulamentos em infra-estrutura econômica serão superados com a construção de vias de transportes capazes de escoar a produção da região a custos competitivos; os destaques desta expansão do sistema viário fica por conta do asfaltamento das MTs 170 e 208, uma vez que integarm de forma definitiva a Região aos principais eixos rodoviários do Estado (BR 163 e Br 364); a estrutura de produção deverá passar por mudanças com a entrada de unidades industriais de processamento da produção agropecuária e fornecimento de insumos à montante da cadeia; pequenos produtores devem se organizar em arranjos produtivos locais ampliando a capacidade competitiva em segmentos como apicultura, piscicultura, madeira e móveis, e outros; investimentos em infra-estrutura social serão realizados de modo a mudar para melhor o quadro atual dos indicadores sociais. Mapa 3 - Mapa Ilustrativo da Mudança na Estrutura Produtiva da Região de Juína (situação atual e futura) Fonte: Multivisão PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 1 - JUÍNA 37 Toda esta transformação será fruto da implementação da estratégia de desenvolvimento da Região, formulada a partir de intensas discussões com representantes da sociedade regional, confrontando as condições internas – potencialidades e estrangulamentos – com os processos e tendências externas – oportunidades e ameaças. As propostas de ação definidas nas discussões foram organizadas e sistematizadas em eixos estratégicos, compondo programas e projetos de importância para a Região. Os projetos destacados estão apresentados a seguir segundo a mesma estrutura definida para o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso.18. 3.1. EIXOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO Eixo 1 – Uso sustentável dos recursos naturais O eixo estratégico de Uso Sustentável dos Recursos Naturais articula o conjunto das ações que podem reduzir as pressões antrópicas da expansão da economia, contribuindo para a conservação do meio ambiente e reorientando o modelo de aproveitamento das riquezas naturais na região de planejamento de Juína. O eixo se desdobra em programas e projetos, como apresentado abaixo: 1. Programa de fortalecimento do sistema de gestão ambiental. Projetos 18 • Aperfeiçoamento dos mecanismos controle ambiental • Ampliação da fiscalização ambiental e sanitária • Implantação da policia ambiental, com sistema de informações interligados entre os escritórios regionais ou os pólos • Fortalecimento dos órgãos municipais para implantação de sistemas municipais de planejamento e gestão participativa • Fortalecimento do controle e da fiscalização ambiental com disponibilização “on line” sobre normas e regras que gerenciam o controle e a fiscalização • Controle da conservação do solo e da erosão nas áreas afetadas pelas estradas estaduais, municipais e vicinais, disponibilizando recursos para a implantação dos PRAD´s • Realização de auditorias periódicas nas áreas técnicas dos órgãos ambientais (aferição do trabalho de campo) Os eixos e os programas são os mesmos do MT+20, diferenciando-se os projetos específicos para a Região. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 38 • Descentralização da estrutura administrativa dos órgãos ambientais com criação de postos avançados e fortalecimento dos postos existentes • Formação de Conselho Regionais (pólos) para atuarem juntos com os Conselhos e Secretarias Municipais de Meio Ambiente para a preservação e conservação ambiental (especialmente do Pantanal) • Controle das atividades pesqueiras para contenção da pesca predatória, disponibilizando recursos aos municípios para efetivação da fiscalização pesqueira 2. Programa de criação, implantação e manutenção de unidades de conservação. Projetos • Ampliação e garantia da integridade das áreas protegidas como fonte de material genético para biotecnologia • Criação de barreiras ambientais naturais - corredores de vento • Criação de Conselhos Municipais de Meio Ambiente (obrigatoriedade) para atuarem sobre as reservas da região com vistas à proteção a biodiversidade 3. Programa de promoção do uso sustentável dos recursos naturais. Projetos • Manejo e enriquecimento de área de reserva legal e área de preservação permanente • Educação ambiental incluindo oficinas periódicas de conscientização ambiental e sensibilização dos empresários, com conscientização da população sobre a importância da manutenção dos nossos recursos naturais, da conservação e recuperação das bacias/nascentes que abastecem as cidades (especialmente os moradores do entorno das estradas municipais) • Capacitação de produtores, desenvolvimento sustentável • Promoção da utilização de técnicas sustentáveis de exploração agrícola como culturas permanentes e sistemas agroflorestais, incluindo o sistema de produção altamente diversificado (SAF) para conservação do solo • Fomento à aplicação de praticas conservacionistas e protecionistas com exploração sustentáveis • Introdução de manejo sustentável do meio ambiente, incluindo manejo sustentável da flora técnicos e empresários em PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 1 - JUÍNA 4. 39 • Exploração ordenada dos recursos naturais nas áreas de preservação de forma consorciada • Preservação das árvores nativas nas pastagens reduzindo os custos operacionais dos pastos (pasto natural) Programa de hidrográficas. recuperação, preservação e manejo das bacias Projetos • Estudo por microbacia para implantar UDLS • Criação de reservatórios para armazenamento de água • Recuperação da mata ciliar com reflorestamento com envolvimento dos municípios • Criação de áreas de conservação ambiental em matas ciliares reflorestadas • Preservação da bacia hidrográfica da região • Conservação de nascente e mata ciliar incluindo manejo junto às empresas produtoras de resíduos (frigoríficos, laticínios entre outras) para conservação dos rios da Região 5. Programa de reflorestamento de áreas degradadas. Projetos • Instalação de viveiros de distribuição de mudas para o reflorestamento e matas ciliares • Ampliação do acesso aos programas de crédito de carbono • Capacitação de técnicos da região para elaboração de projetos para acessar recursos do mercado de carbono (reflorestamento e lixões urbanos) em parceria com universidades estadual e federal • Reflorestamento de áreas degradadas com plantas nativas e exóticas adaptáveis para a região • Reflorestamento com espécies adequadas à produção de celulose e também com espécies nativas da região do Cerrado • Criação de câmara setorial de crédito de carbono Eixo 2 - Conhecimento e inovação tecnológica Educação e inovação tecnológica são dois fatores centrais do desenvolvimento e da competitividade sistêmica de um território, contribuindo para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. A educação, além de ser pré- ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 40 requisito para a ciência e tecnologia, constitui também um elemento decisivo para ampliar e democratizar as oportunidades da sociedade, na medida em que prepara o cidadão para a vida e para o mercado de trabalho, principalmente quando associados à capacitação profissional. Desta forma, o eixo estratégico de Conhecimento e Inovação é parte central da estratégia de desenvolvimento de Mato Grosso e, particularmente de Juína, expressando-se através dos programas apresentados a seguir. 1. Programa de ampliação da capacidade de pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico. Projetos • Criação de centro de pesquisa da biodiversidade • Implantação de centro de pesquisas ambientais • Implantação de centro de pesquisa do agronegócio, com destaque para o melhoramento genético de espécies adaptáveis à região (bovino, suíno, caprino, etc.) • Criação de um centro de pesquisa de alevinos incluindo espécies da região 2. Programa de inovação e difusão de tecnologias para as cadeias produtivas. Projetos • Desenvolvimento de pesquisas sobre uso sustentável de recursos e biodiversidade • Controle zoofitosanitáro e controle biológico de pragas nas áreas de pastagem e produção agrícola, biotecnologia, produtos fitoterápicos, plantas exóticas e medicinais regionais • Desenvolvimento de tecnologia de aproveitamento de produtos naturais, biodíesel, e ciências da computação para controle estatístico da qualidade • Promoção de feiras para divulgar novas tecnologias • Catalogação da biodiversidade e da informação genética • Valorização do conhecimento ribeirinho-indígena • Assistência técnica aos médios e pequenos produtores rurais em melhoramento genético, produção de biogás, aproveitamento de crédito de carbono, etc. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 1 - JUÍNA 41 3. Programa de certificação de produtos e processos e registro de patentes. Projetos • Articulação de Centros de Pesquisa com Centro de Certificação de Produtos • Criação e certificação de marcas de produtos orgânicos (selo de qualidade para produtos oriundos de produção ecologicamente correta) • Criação de Escritório Regional para registro de patentes de produtos animais e vegetais 4. Programa de melhoria da qualidade do ensino básico. Projetos • Ampliação da educação básica • Ampliação e melhoria do transporte escolar • Ampliação do serviço de atendimento de educação de jovens e adultos • Implantação de laboratórios de informática, física, química, artes plásticas e cênicas, e línguas • Implantação de bibliotecas públicas nas cidades do pólo, contendo salas de estudo e pesquisa (virtual e não virtual) com orientadores educacionais • Implantação de salas especiais para atendimento a alunos portadores de necessidades especiais (visual e auditiva) • Capacitação e valorização do corpo docente, incluindo capacitação de pessoal para atenderem as sala de Proinfo • Implantação de metodologias e currículos condizentes com a realidade, incorporando língua estrangeira do MERCOSUL e temas transversais (cidadania, meio ambiente, cooperativismo, ética na política, etc.) • Atendimento de eletricidade das escolas e comunidades rurais para implementação do EJA • Implantação de sistema de tele-vídeo-conferência em todas as escolas da rede estadual (ensinos fundamental e médio) com salas de Proinfo • Remuneração com adicional de transporte/locomoção/acomodação e outros para incentivo ao corpo docente do meio rural • Capacitação diferenciada/especial para atender o corpo docente do meio rural e currículo escolar para as escolas de meio rural, voltada às suas necessidades específicas • Revitalização das escolas existentes nas comunidades rurais, para capacitação dos pequenos produtores ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 42 5. Programa de ampliação da educação profissional e tecnológica. Projetos • Promoção da educação profissionalizante • Capacitação sustentável • Implantação do colégio agrícola federal na região (nível técnico) e revitalização das Escolas Agrotécnicas da região como centro de capacitação e treinamento • Inclusão da informática na educação formal, profissionalizante e informal • Implantação de laboratório de reprodução de alevinos nas Escolas Agrícolas da região • Implantação de curso técnico profissionalizante de nível médio voltado às especificidades locais • Capacitação de docentes para área de profissionalizantes (parceria UNEMAT/UFMT) • Implantação de escola técnica federal • Formação de técnicos para assistência • Contratação de profissionais docentes específicos para escolas agrícolas - formados nas áreas afins • Ampliação da oferta de cursos de línguas estrangeiras para operação de equipamentos e maquinários importados • Capacitação de mão-de-obra para a produção de matéria prima e seus produtos e subprodutos farmacológicos • Cursos de capacitação de mão-de-obra rural para uso de novas tecnologias de técnicos e empresários em desenvolvimento cursos técnicos e 6. Programa de consolidação, expansão e democratização do ensino superior. Projetos • Implantação na região de cursos de graduação na área de biotecnologia e biodiversidade • Implantação de instituições públicas de ensino superior • Implantação dos cursos de zootecnia, agronomia, veterinária, química, biologia e turismo no campus da UNEMAT • Implantação no campus universitário com cursos de especialização (mestrado e doutorado) em áreas de conhecimentos ligadas às especificidades regionais (utilização de aulas de videoconferência, PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 1 - JUÍNA 43 como forma de oportunizar, otimizar custos e viabilizar o acesso do docente) Eixo 3 – Infra-estrutura econômica e logística A Região de Planejamento apresenta alguns estrangulamentos na infra-estrutura econômica, particularmente nos transporte para sua integração econômica e para escoamento da produção estadual para o mercado nacional e mundial. A economia regional tem apresentado grande competitividade internacional apesar dos estrangulamentos nos transporte e na logística, que elevam o custo de produto no mercado e o tempo de entrega dos produtos. No futuro, a região pode ter sua competitividade comprometida se não tomar providências para ampliação e recuperação da infra-estrutura econômica e da logística. O eixo estratégico de desenvolvimento (Eixo 3) procura responder diretamente a estes estrangulamentos, melhorando o desempenho atual e preparando Mato Grosso e a Região de Juína para os desafios do futuro, por meio dos programas: 1. Programa de recuperação e ampliação do sistema de transporte rodoviário. Projetos • Recuperação das condições de tráfego das rodovias MT 170 e MT206 de acesso ao Estado de Rondônia e interligação com a BR 174 • Recuperação e ampliação da rede de estradas vicinais da região • Ampliação e pavimentação da MT 319 com vistas à interligação com a BR 174 (em Vilhena - RO) • Asfaltamento da MT 170 nos trechos Juína-Colniza e Juína-Campo Novo dos Parecis (interligação com a BR 364) • Asfaltamento das MT 208 no trecho Aripuanã até a rodovia MT 170 em Juruena 2. Programa de recuperação e ampliação do sistema multimodal de transporte. Projetos • Integração do sistema de hidrovias da região à malha rodoviária • Ampliação e melhoria do sistema regional de portos e aeroportos • Ampliação e melhoria do sistema regional de carga e descarga de mercadorias e de armazenagem • Construção de aeroporto de padrão internacional, interligando aos grandes centros comerciais ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 44 3. Programa de ampliação da estrutura de logística. Projetos • Ampliação, renovação e recuperação da estrutura regional de logística especialmente para grãos e produtos agropecuários • Criação de centros de estocagem e distribuição de insumos de grande utilização, para redução de custos e otimização na agropecuária • Criação de ponto de concentração do sistema multimodal no Vale do Arinos • Fomento às feiras de agronegócio 4. Programa de expansão do sistema de oferta de energia elétrica. Projetos • Expansão do sistema de geração de energia elétrica com construção de mini e pequenas usinas hidrelétricas, com destaque para a PCH no Rio Apiacazinho (potencial de 5 MW) • Expansão do sistema regional de transmissão de energia elétrica • Aumento da oferta de energia elétrica com expansão do sistema de distribuição da CEMAT (aceleração e expansão do Projeto “Luz para Todos”) 5. Programa de diversificação da matriz energética. Projetos • Produção de biodíesel com matérias primas locais (soja e outros) • Produção de energia elétrica a partir de resíduos de madeira e bagaço de cana. • Aproveitamento de resíduos da suinocultura e da bovinocultura para produção de gás metano e geração de energia 6. Programa de ampliação do sistema de comunicações. Projetos • Implantação de projetos de telefonia popular • Implantação de sistemas de telecomunicações para a rede escolar (salas de videoconferência) Eixo 4 - Diversificação e adensamento das cadeias produtivas A agropecuária é a base do dinamismo da economia da Região de Planejamento de Juína, concentrando a produção e as exportações em produtos de baixo valor PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 1 - JUÍNA 45 agregado. Esta característica da economia regional diminui o impacto econômico e social das exportações e torna o território, como de resto, o Estado de Mato Grosso, vulnerável a flutuações internacionais de demanda e preços das commodities. Diante disso, o plano estratégico deve promover a diversificação da estrutura produtiva e a agregação de valor dos produtos do agronegócio. 1. Programa de fortalecimento extrativismo e silvicultura. e diversificação da agropecuária, Projetos • Adoção de novas tecnologias voltadas à modernização das praticas de manejo das atividades agropecuárias, melhoramento genético do rebanho, melhoria do aproveitamento dos pastos e manejo do gado, controle de erosão e recuperação de áreas degradadas, e ampliação da capacidade produtiva • Adoção de meios de rastreabilidade de baixo custo • Criação de sistema de monitoramento, fiscalização, e controle nas fronteiras • Capacitação de agentes para disseminação do aproveitamento econômico dos produtos in natura (madeira/carne/fitoterápicos) • Criação de peixes em cativeiros (animais silvestres) em fazendas pesqueiras • Introdução de culturas perenes • Utilização de defensivos naturais na agropecuária • Recuperação da capacidade de pastagens já implantadas e degradadas • Investimento em agro-silvicultura com reflorestamento, agregando valor aos produtos extrativistas • Instalação de usinas que utilizem resíduos sólidos para produção de adubo orgânico • Promoção de feiras para divulgar produtos regionais • Difusão da cultura de girassol, amendoim, cana-de-açúcar, abacaxi e outras culturas voltadas à produção do biocombustível • Instalação de pequenas indústrias através de cooperativas • Uso de caldas (venenos naturais) para produção de produtos orgânicos 2. Programa de reestruturação fundiária e desenvolvimento da agricultura familiar. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 46 Projetos • Implantação de reforma agrária com infra-estrutura, assistência técnica para produção e comercialização e organização gerencial dos assentados, com criação de cinturão verde para atender consumo local • Demarcação de propriedades com GPS e georeferenciamento baseado na cadeira dominial • Incorporação de tecnologias adaptadas à agricultura familiar, incluindo facilidade para aquisição de maquinários (trator, máquina de beneficiar arroz, triadeira) • Introdução de selo de qualidade para mercado interno e externo na agropecuária e agricultura familiar • Introdução de espécies agrícola compatíveis com assentamento, incluindo fruticultura e plantas nativas • Colonização com áreas produtivas pequenas ligadas à agricultura familiar e vinculadas às cooperativas de produção e comercialização de alimentos • Estímulo ao associativismo e ao cooperativismo dos agricultores familiares interligadas aos centros de distribuição e comercialização • Profissionalização da produção rural para qualificação do produto no mercado • Criação de assistência técnica e difusão de tecnologia para agricultura familiar (municipal) • Incorporação de tecnologias na agricultura familiar a área do 3. Programa de adensamento das cadeias produtivas. Projetos • Implantação de agroindústrias de alimentos com adensamento das cadeias de grãos, frutas, carne, leite e pescado • Criação de pólos industriais para atender o consumo interno com excedentes exportáveis • Industrialização do couro e seus derivados • Criação de parque moveleiro industrial para processar a produção de madeira da região • Instalação de indústrias de aproveitamento e beneficiamento dos subprodutos (restos de madeira, couro, outros) 4. Programa de diversificação da estrutura produtiva do estado. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 1 - JUÍNA 47 Projetos • Industrialização dos produtos farmacológicos • Implementação de Indústria de aproveitamento de oleaginosas de plantas locais (biodíesel) • Promoção do plantio, industrialização e comercialização de buchas e vassouras naturais • Implantação de indústria de bioprodutos • Criação de incubadora para viabilizar novos empreendimentos nas atividades sustentáveis • Implantação de usinas que utilizem resíduos sólidos para produção de adubo orgânico 5. Programa de desenvolvimento do turismo. Projetos • Criação de pólo regional turístico contemplando ecoturismo, turismo rural, turismo de aventura, e turismo de pesca • Introdução de turismo ecológico e antropológico com visitas a aldeias indígenas visando divulgar sua cultura e seus artefatos • Criação de centros de atendimento aos turistas nos pólos regionais • Criação de infra-estrutura e logística do ecoturismo • Capacitação de recursos humanos em turismo e ecoturismo • Criação de sistema “on line” estadual com vistas à divulgação dos centos turístico do Estado • Instalação de balneários com hotel-trilha terrestre e fluvial • Criação de agência regional de turismo 6. Programa de fortalecimento dos arranjos produtivos locais. Projetos • Formação de arranjos produtivos locais em avicultura, movelaria, agricultura, e artesanato • Criação de um viveiro de mudas com produção de flores da região (orquídeas, bromélias e árvores nativas) • Capacitação de técnicos e produtores dos arranjos produtivos locais • Instalação de pólos de distribuição e venda do artesanato regional e dos produtos dos APL´s • Organização de cooperativa de produtores como instrumentos de qualificação do arranjo produtivo local e combate aos intermediários ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 48 7. Programa de diversificação da pauta de exportações. Projetos • Criação no pólo regional de cooperativas que promovam exportações de produtos tradicionais • Criação de centros de excelência de comércio exterior Eixo 5 - Qualidade de vida, cidadania, cultura e segurança O desenvolvimento sustentável tem como objetivo central a melhoria da qualidade de vida da população expressa no acesso aos bens e serviços públicos, na segurança pública e paz social, na cidadania e no desenvolvimento cultural. Para alcançar este objetivo, o Estado de Mato Grosso e, particularmente a Região de Planejamento de Juína, ainda tem que melhorar muito as condições de vida da população, realizando iniciativas e investimentos nos diferentes segmentos sociais que se beneficiam também dos resultados alcançados nos outros eixos estratégicos de desenvolvimento, particularmente no que trata de educação e do crescimento da economia, gerando oportunidades de emprego. De qualquer forma, a estratégia de desenvolvimento regional implementa um eixo estratégico diretamente nos segmentos sociais que elevam a qualidade de vida da população, por meio dos seguinte programas: 1. Programa de fomento à geração de emprego e renda. Projetos • Qualificação da mão-de-obra e fortalecimento dos sindicatos de classes • Realização de campanhas de informação e de regularização de empresas para legalização de micro, pequenas e grandes empresas • Formação e capacitação de lideranças (associações, cooperativas, câmara, vereadores e prefeitos) em gestão e liderança • Atendimentos especiais aos territórios ocupados por comunidades tradicionais, demarcando estas zonas com regras específicas, com garantia de direitos a estas comunidades e sua diversidade cultural • Preservação das áreas de interesse histórico cultural, relevantes para a identidade dos municípios • Criação de associações e cooperativas de trabalho do jovem • Promoção da integração empresa / escola (estágios) • Criação de cursos profissionalizantes e criação de um balcão de empregos • Realização de um circuito de empreendedor com o balcão SEBRAE • Promoção da produção envolvimento das mulheres artesanal visando principalmente o PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 1 - JUÍNA • 49 Aproveitamento de terrenos baldios para hortas comunitárias 2. Programa de cidadania e respeito aos direitos humanos. Projetos • Implantação de para atendimentos de saúde, educação e lazer • Construção de centros de convivência nos municípios da região • Criação de pólo regional de serviços públicos de referência para atendimento do cidadão com núcleos rurais • Criação de Centros de Reintegração de crianças e adolescentes infratores, em parceria com entidades filantrópicas (Lions Clube, Rotary Clube, Maçonarias, etc.) • Implantação de Projetos “Fim de Semana na Escola”com atividades culturas e esportivas • Criaçao de salas “on line” popular nos Centros Culturais • Criação de Projetos “Guarda - Mirim” em parceria com entidades educacionais e filantrópicas • Implantação do Projeto Aprendiz nas empresas com mais de 50 funcionários • Capacitação de pessoal e melhoria da infra-estrutura do Procon para o atendimento ao público e para desenvolvimento de projetos de conscientização do consumidor e do fornecedor • Criação de Centros de Reintegração regionais de mulheres vítimas de violências • Projeto de divulgação do ECA nas escolas, empresas e órgãos municipais • Implantação de centros multifuncionais comunitários nos bairros e distritos • Criação de uma cultura de responsabilidade social 3. Programa de promoção da cultura, esportes e lazer. Projetos • Valorização e registro do patrimônio e das diversidades culturais da região • Construção de um centro cultural regional com teatro, musica, coral, danças regionais e de salão, espaço para terceira idade, sala para capacitação de instrutores, sala destinada acervo cultural do estado e da região ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 50 • Construção centros olímpicos e poliesportivos e culturais com orientadores técnicos nas vilas e distritos, com apoio de ônibus e carro para organização dos eventos esportivos • Organização de campeonatos com calendário no circuito estadual de pesca esportiva, como alternativas de ocupação e lazer para a população, principalmente para os jovens • Construção de parques e jardins públicos, zoológico e jardim botânico, para a criação de eventos desportivos com esportes radicais (arborismo, corredeiras, rally savanas, caiaque) • Organização de eventos culturais regionais diversificados visando divulgar talentos artísticos e geração de renda 4. Programa de saneamento e habitação. Projetos • Criação de consórcios intermunicipais num raio de 50 km para ações de gestão integrada para o resíduo sólido (lixo) acondicionamento, (coleta seletiva) • Coleta seletiva do lixo, sendo distribuído para uma cooperativa de trabalho de catadores com comercialização • Implantação de sistemas de tratamento de esgotos • Promoção de habitação e da casa própria para população de baixa renda • Transporte, reciclagem, compostagem de lixo orgânico, aterro sanitário para o rejeito e tratamento de chorume e geração de biogás • Criação de reservatórios para armazenamento de água • Campanhas para uso racional da água 5. Programa de estruturação e implementação de um sistema integrado de redução da criminalidade. Projetos • Aumento do efetivo policial nas cidades • Renovação de frota policial (carro-motos-bicicleta) • Implantação de sistema de monitoramento e inteligência interligado ao sistema estadual/nacional • Implantação de polícia técnica especializada (IML) • Capacitação profissional dos efetivos da policia no Estado e nos Municípios PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 1 - JUÍNA 51 • Construção de uma Delegacia de Polícia e ampliação de presídio na região, incluindo construção de um prédio - extensão de delegacia no Distrito de Paranorte e na Comunidade Nova Fronteira • Interligação das Secretarias Estaduais e Municipais de Assitência e Promoção Social • Capacitação dos recursos humanos das Secretarias de Assistência e Promoção Social, para desenvolver projetos de recuperação e reintegração dos presos. • Disponibilização de espaço especial e seguro, nas instituições carcerárias, para o desenvolvimento dos projetos de reintegração dos presos • Implantação do Corpo de Bombeiros em áreas de risco 6. Programa de saúde. Projetos • Universalização da atenção básica a saúde • Capacitação de pessoal administrativos da saúde • Criação de centro regional de saúde • Orientação alimentar da população para saúde familiar “Kit natureza saúde” interligado com o Conselho de Segurança Alimentar • Centro de recuperação de dependentes químicos na região • Fortalecimento da articulação entre PSF com programa de vigilância sanitária e saneamento ambiental • Implantação do CEREST - Centro de Referência da saúde do Trabalhador • Ampliação das ações de prevenção da saúde incluindo contratação de profissionais nas diversas especialidades • Introdução de novas tecnologias e capacitação 7. Programa de proteção, respeito e apoio às nações indígenas. Projetos • Valorização econômica da sua produção e criação de centro de divulgação e comercialização dos produtos artesanais indígenas • Criação de centros culturais e de divulgação da cultura indígena • Criação de centros educacionais “on line” nas principais comunidades indígenas das regiões, disponibilizando ensino superior e profissionalizante • Recuperação de estradas vicinais que dão acesso às aldeias ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 52 • Promoção da comunidade indígena, nos termos da legislação em vigor, incluindo capacitação profissional e assistência às nações indígenas • Valorização e aproveitamento do saber indígena • Promoção do manejo sustentável em áreas indígenas • Integração cultural entre índios e não índios na formação da pluralidade cultural na região Eixo 6 - Governabilidade e gestão pública. A análise das políticas públicas brasileiras – válidas também para Mato Grosso costuma destacar como um dos seus grandes problemas a baixa eficiência e eficácia das ações e dos investimentos, gerando enorme desperdício de recursos e limitada implementação dos projetos. Por outro lado, apesar dos avanços recentes e de muito propalada, a participação da sociedade ainda é muito restrita, o que termina reduzindo o impacto e a efetividade das políticas públicas. O desenvolvimento sustentável de Mato Grosso e da Região de Planejamento de Juína depende da capacidade dos governos (estadual e municipais) representarem as aspirações da sociedade e da qualidade gerencial que assegure a implementação das ações com os menores custos e a maior eficácia. O eixo “Governabilidade e Gestão Pública” articula as ações que procuram enfrentar os problemas de gestão pública no Estado e na Região, ampliando a eficiência, a eficácia e efetividade de todos os programas e projetos previstos pelo plano: 1. Programa de modernização da estrutura e métodos da administração pública regional. Projetos • Melhoria da infra-estrutura dos órgãos de governo na região aumentando e capacitando servidores públicos • Criação de sistemas municipais de planejamento participativo com instrumentos organizacionais permanentes de participação da sociedade civil • Melhoria da excelência ética e profissional nos serviços públicos (destaque para a fiscalização fundiária e ambiental) • Criação de sistema eletrônico de comércio e arrecadação para evitar sonegação e reduzir impostos para empresas cadastradas • Criação de sistemas de monitoramento de ações 2. Programa de democratização, descentralização e transparência da gestão pública. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 1 - JUÍNA 53 Projetos • Inclusão das organizações (conselhos e associações) monitoramento da aplicação adequada de recursos públicos • Aperfeiçoamento dos conselhos municipais setoriais com os canais permanentes de gestão participativa • Fortalecimento da atuação dos conselhos gestores (municipais) • Identificação de lideranças naturais na sociedade e incentivo à sua capacitação para gestão participativa • Desburocratização do sistema público possibilitando acesso as informações • Implantação de consórcio intermunicipal no Vale do Arinos para atendimento ao desenvolvimento rural sustentável • Criação de rede de acesso “on line” e sites populares • Fortalecimento de movimentos sociais no 3. Programa de fortalecimento do sistema estadual de regulação, monitoramento e fiscalização regional. Projetos • Criação de escritório regional de regulação • Capacitação para os órgãos fiscalizadores Eixo 7 – Descentralização do território e estruturação da rede urbana A expansão da economia regional tende a gerar algum processo de concentração no território, respondendo às condições diferenciadas da competitividade e segundo a eficiência econômica do mercado. A estratégia de desenvolvimento regional deve compensar este movimento, criando condições para uma distribuição equilibrada da riqueza e das condições de vida no território, implementando projetos e tomando iniciativas de descentralização e desconcentração regional. Por outro lado, a organização do território mato-grossense e regional passa pela formação de uma rede urbana que articula os diferentes territórios, numa hierarquia de múltiplas funções no espaço. Desta forma, estratégia de desenvolvimento deve incorporar programas e projetos, articulados nos Eixos de Descentralização territorial e estruturação da rede urbana, promovendo a reorganização do território estadual. 1. Programa de desenvolvimento regional integrado. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 54 Projetos • Promoção do desenvolvimento rural combatendo os efeitos das aglomerações desordenadas • Criação de Secretarias Especiais de Planejamento e Execução Regional com representantes dos governos estadual e municipal 2. Programa de fortalecimento da rede urbana. Projetos • Implantação de infra-estrutura urbana (asfaltamento, rede de água e luz) • Implantação de projetos de canalização de águas pluviais e preservação dos córregos dentro das áreas urbanas dos municipios • Remanejamento de moradores em áreas de risco e/ou de preservação, das áreas urbanas • Aplicação do ordenamento das ZEIS - Zonas Especiais de Interesse Social PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE55 MATO GROSSO – MT+20 Região Norte – Alta Floresta Alta Floresta Colider Guarantã do Norte Matupá Peixoto de Azevedo Nova Canaã do Norte Terra Nova do Norte Paranaíta Novo Mundo Nova Monte Verde Carlinda Nova Bandeirantes Apiacás Nova Guarita Nova Santa Helena 56 1. Apresentação O Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20) desdobra-se em doze planos regionais19 que orientam a implementação das ações estratégicas para integrar o território mato-grossense e promover uma desconcentração da economia e dos indicadores sociais do Estado. Este documento apresenta o Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Norte (ALTA FLORESTA), como uma parte do MT+20 que explicita os projetos prioritários para a região, organizando a formulação da sociedade na estrutura estratégica do MT+20. Desta forma, o plano regional é um detalhamento do MT+20 no território, de acordo com as especificidades locais, seus problemas e suas potencialidades. O Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Norte (ALTA FLORESTA), é o referencial da Região para negociação dos seus projetos e o acompanhamento da implementação do MT+20 no território. Foi elaborado com o envolvimento da sociedade, procurando fazer uma articulação entre a estratégia geral para Mato Grosso e as características de cada região, suas necessidades e suas contribuições para o desenvolvimento conjunto do Estado. Ao mesmo tempo em que formularam propostas para compor o plano de desenvolvimento de Mato Grosso, a estratégia do Estado (MT+20) definia as bases para as prioridades do Estado. A Região de Planejamento polarizada por ALTA FLORESTA, conta agora com seu plano de desenvolvimento de longo prazo que deve orientar as ações nos próximos 20 anos, capaz de desenvolver a região e, ao mesmo tempo, intensificar sua interação com as transformações futuras de Mato Grosso. Nesse sentido, deve ao mesmo tempo dar suporte aos propósitos de desenvolvimento do Estado e mediante os impactos gerais na região. 19 Refletindo a divisão do território de Mato Grosso, foram realizados planos regionais para as regiões Noroeste 1 (Juína), Norte (Alta Floresta), Nordeste (Vila Rica), Leste (Barra do Garças), Sudeste (Rondonópolis), Sul (Cuiabá/Várzea Grande), Sudoeste (Cáceres), Oeste (Tangará da Serra), Centro-Oeste (Diamantino), Centro (Sorriso), Noroeste 2 (Juara), e Centro-Norte (Sinop). 57 2. Estratégia De Desenvolvimento da Região A Construção do Futuro 2.1. PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL DA REGIÃO Caracterização Geral da Região de Planejamento Norte Formada por 15 municípios - Alta Floresta, Apiacás, Carlinda, Colíder, Guarantã do Norte, Matupá, Nova Bandeirantes, Nova Canaã do Norte, Nova Guarita, Nova Monte Verde, Nova Santa Helena, Novo Mundo, Paranaíta, Peixoto de Azevedo e Terra Nova do Norte – a Região de Planejamento Norte (Alta Floresta) situa-se no extremo norte de Mato Grosso na fronteira com o Estado do Amazonas, num território de 97.500 Km2, cerca de 10,96% do território estadual. Com uma população de cerca de 220 mil habitantes, em 200420, equivalente a 8,29% do total do Estado, a região tem uma densidade demográfica de 2,24 hab/km2, refletindo a existência de alguns vazios demográficos no território regional. A economia da região Norte é dominada pela agropecuária, que representa 7,94% da composição do PIB agropecuário estadual, muito acima da participação regional no conjunto da economia mato-grossense (apenas 5,71%, em 2002). No setor primário da economia regional destaca-se a pecuária e constata-se a presença de garimpo e produção madeireira, aproveitando as vantagens competitivas que decorrem da disponibilidade de terras e dos recursos naturais. No PIB regional a agropecuária representa 39,5% enquanto a indústria alcança 14,92% e os serviços chegam a 45,63%21. A região de Alta Floresta tem, em 2005, um PIB estimado em R$ 1.545,00 milhões, equivalente a 5,71% da economia do Estado, constituindo a quinta maior base econômica de Mato Grosso. Medido pelo PIB a preços correntes, a região registrou a segunda pior taxa média anual de crescimento econômico (18%), no período 2000/2004, situando-se acima apenas da região de Cuiabá (12,3%), e abaixo do desempenho médio do Estado (20,1%); no período, a região perdeu 0,4 pontos percentuais na participação no PIB estadual. A economia regional é bastante concentrada, com o município de Alta Floresta contribuindo com 22,5% do PIB regional, seguido de Colíder e Guarantã do Norte que 20 Relatório de PIB municipais, IBGE, 2004 21 Tabela 7, do Relatório de dados Socioeconômicos da SEPLAN/MT, 2005 PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORTE – ALTA FLORESTA 58 juntos respondem por cerca de 23% do PIB; Matupá e Peixoto de Azevedo contribuem com cerca de 7% e 6,4% da economia da região Norte, respectivamente, e os demais municípios com participações abaixo de 5% do PIB. Gráfico 6 - PIB dos Municípios da Região (mil de R$, 2004) 400.000 350.000 300.000 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 a N ov Pe ix ot o de do ra nt ã A ze ve C an do a ã Te do rr a N N or ov te a do N o Pa rte ra na íta N ov o N M ov un a do M on te Ve rd e C ar N lin ov da a Ba nd ei ra nt e A s pi ac ás N ov a N G ov ua a rit Sa a nt a He le na N or te M at up á er id C ol G ua A lt a Fl or es t a 0 Fonte: Relatório PIB municipais do IBGE, ano base 2004 A taxa geométrica de crescimento populacional regional no período 2000-2004 foi de apenas 0,11%, bem inferior à do MT (2,1%), com decréscimo em outros municípios, indicando a existência de grandes vazios populacionais na região. Entretanto, como a população da região representa 8% do total de Mato Grosso, bem mais que os 5,3% do PIB estadual, o PIB per capita regional tende a ser menor que a média matogrossense; em 2005, o PIB per capita regional era de R$ 6.870,00, representando 67% do PIB per capita estadual. Internamente observa-se que há um equilíbrio no PIB per capita dos municípios membros da região Norte, mesmo porque o município com maior base econômica (Alta Floresta) tem também a mais alta população regional; o município de Novo Mundo, que tem um dos menores PIB da região, destaca-se com o mais alto PIB per capita, acima de R$ 6.000,00, enquanto o município de Alta Floresta ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 59 aproxima-se de R$ 5.000,00; apenas Colíder mantém-se em segundo lugar no PIB per capita regional. A região Norte tem o menor IDH de Mato Grosso (calculado pela média dos índices dos municípios que compõem a região), estimado em 0,642, com razoável equilíbrio entre os seus municípios. Apenas dois municípios apresentam IDH igual ou superior a 0,700, Alta Floresta com 0,779, e Carlinda, com 0,700, mesmo assim abaixo do índice do Estado, vale dizer, 0,767. Como mostra o gráfico a seguir, todos os outros municípios têm IDH entre 0,600 e 0,700, sendo Novo Mundo o mais baixo de todos, com 0,605, apesar de ter o PIB per capita mais elevado. Excetuando a Unidade Socioeconômica e Ecológica em torno do município de Alta Floresta (USEE Alta Floresta), com a maior base econômica e mais intensa presença da pecuária, predomina na região ambiente com floresta conservada e muito conservada, incluindo algumas áreas de vazio demográfico. A região Norte foi organizada em seis Unidades Socioeconômico e ecológica dominadas por florestas e ambiente de contato Floresta/Savana, na USEE de Kurumaru, com grande diversidade de paisagens e alta biodiversidade, além de potencial madeireiro. As USEEs de Nova Bandeirantes, Iriri Novo e Kurumaru apresentam ambiente conservado e a unidade de Apiacás Norte foi considerada muito conservada; a unidade de Peixoto-Xingu tem ambiente florestal pouco alterado, enquanto a de Alta Floresta, densamente ocupada em fronteira recente, com pecuária, agroindústria e beneficiamento de ouro e madeira, o ambiente apresenta alteração moderada. Diante das futuras pressões antrópicas que podem ocorrer sobre as unidades socioeconômicas e ecológicas da região, o ZSEE - Zoneamento Socioeconômico e Ecológico estabeleceu as regras e modos alternativos ocupação do território regional segundo as categorias centrais, basicamente os usos restritos e controlados e as áreas legalmente protegidas. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORTE – ALTA FLORESTA 60 Mapa 4 - Usos Alternativos das Unidades Socioeconômico Ecológicas da Região de Alta Floresta Fonte: ZSEE 2.2. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A REGIÃO – AONDE QUEREMOS CHEGAR Nas próximas duas décadas a Região deve registrar acelerado crescimento econômico e expansão da população, como resultado dos impactos do cenário de referência no território mato-grossense, impulsionando a desconcentração da economia estadual e a convergência dos indicadores sociais no Estado. A combinação das vantagens competitivas regionais nos segmentos da pecuária, madeira, mineração e recursos bióticos com a ampliação e melhoria do sistema viário de escoamento da produção devem imprimir um forte dinamismo à economia regional. Pela importância estratégica, destaca-se o asfaltamento da MT 208 no sentido leste para interligação com a BR 163, e no sentido oeste para interligação com a MT 170; além da melhoria das condições de tráfego da MT 320 - conexão alternativa com BR 163; todas, contribuindo para a integração da região aos mercados nacional e internacional, promovem um grande dinamismo regional; como, por outro lado, são limitadas as restrições ambientais, sendo a maior parte do território destinado a usos a adequar, a ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 61 economia de Alta Floresta deve crescer a taxas bem superiores (9,9%aa) à média Estadual, (9,3% ao ano) contemplando a expansão e beneficiamento da silvicultura e da produção madeireira controlada e com beneficiamento industrial, incluindo reflorestamento para crédito de carbono, aproveitamento biótico e adensamento da pecuária, assim como ampliação do turismo. Desta forma, em 2026, a região de Alta Floresta deve alcançar um PIB de R$ 11.220,00 milhões, elevando a participação na economia de Mato Grosso dos atuais 5,3% para cerca de 6,1%. Mesmo com a população crescendo em ritmo superior à média do Estado, cerca de 1,9% ao ano (contra uma média estadual de 1,68%), o PIB per capita da região se eleva para R$ 32 mil, em 2026, quase cinco vezes superior ao registrado em 2005. Mesmo assim, em 2026, Alta Floresta terá um PIB per capita equivalente a 81%, abaixo da média do Estado, mas oito pontos percentuais acima da participação atual (estimada em 73%); a evolução do PIB de Alta Floresta nos próximos 20 anos está expressa no gráfico a seguir. Gráfico 7 - Evolução do PIB da Região e da Participação no PIB de MT 6,2% 12.000,00 6,0% 10.000,00 5,8% 8.000,00 5,6% 6.000,00 5,4% 4.000,00 5,2% 5,0% 2.000,00 4,8% 2005 2010 Participação no PIB de MT Fonte: Multivisão 2015 2020 2026 PIB em mi R$, 2004 PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORTE – ALTA FLORESTA 62 2.3 O QUE PODE AJUDAR OU ATRAPALHAR O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE ALTA FLORESTA Vantagens Competitivas/Potencialidades O desenvolvimento da região será bastante determinado por sua capacidade de atrair e reter investimentos, de modo a aproveitar as oportunidades criadas no ambiente externo, sobretudo o estadual, mediante a mobilização de suas vantagens competitivas22. Portanto, identificar de forma correta as potencialidades ou vantagens competitivas da região é o primeiro grande passo para a definição de uma estratégia capaz de produzir o desenvolvimento regional esperado. Assim, para a região polarizada por ALTA FLORESTA foram identificadas as seguintes vantagens/potencialidades: 1. Produção agropecuária diversificada com culturas permanentes e nativas, agricultura orgânica e pecuária de corte e leiteira 2. Base tecnológica adequada, incluindo manejo florestal 3. Base para o desenvolvimento de APL (artesanatos/piscicultura/fruticultura regional) 4. Disponibilidade de matéria-prima para indústria de alimentos 5. Base para o desenvolvimento da indústria madeireira 6. Base para a indústria do turismo e empreendimentos ecoturísticos (RPPN) 7. Base para a indústria de bioprodutos (fitoterápicos, fármacos,cosméticos) 8. Potencial hídrico para usos múltiplos:geração de energia, navegação e esca esportiva 9. Boa estrutura de educação básica e superior com potencial educacional para pesquisa 10. Sistema de transporte intermodal (rodovia, hidrovia, porto e aeroporto) 11. Boa organização social com cooperativismo, associativismo, organização regional, e sindicalismo 12. Assentamentos consolidados Problemas e Estrangulamentos De outro lado, a capacidade de atrair, ou mesmo reter investimentos, para a região será bastante dificultada pela presença de problemas e estrangulamentos que 22 Estas vantagens ou potencialidades são entendidas como as características internas diferenciadas da região que podem constituir base para o seu desenvolvimento, se devidamente exploradas. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 63 colocam a região em situação de desvantagem em relação a outros territórios nacionais, inibindo os investimentos e atrasando o seu desenvolvimento23. Foram destacados para a região os seguintes problemas e estrangulamentos: 1. Precária estrutura de apoio para a agricultura regional, envolvendo pesquisa, assistência técnica, comercialização e crédito 2. Baixos índices de industrialização e de agregação de valor 3. Economia agrícola concentrada em poucos produtos 4. Tecnologia de produção arcaica e inadequada com modelo de pecuária extensiva 5. Frágil infra-estrutura turística (acesso, logística, divulgação potencialidades; projetos turísticos e calendários de eventos regionais) das 6. Indefinição do ZSEE combinada com deficiência de política florestal, orientadora da ação do setor (corte seletivo e reposição florestal) 7. Degradação ambiental e exploração desordenada da madeira 8. Gestão ambiental ineficaz e baixa consciência ecológica 9. Baixa escolaridade e qualificação da mão-de-obra 10. Malha viária precária para o escoamento da produção / distância dos mercados consumidor e abastecedor 11. Disponibilidade limitada de canais de comercialização 12. Baixa organização social com cultura individualista e baixa participação política da comunidade nas decisões da administração pública local e regional 13. Baixos dinamismo e adensamento da agropecuária 14. Produtor descapitalizado 15. Baixa qualidade de vida e de habitabilidade 16. Baixa capacidade de consumo do mercado 17. Baixa capacidade de investimento dos setores público e privado local Oportunidades do Ambiente Externo O desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência cria uma série de oportunidades de negócios que podem ser capitalizadas pela região desde que a mesma tenha capacidade para tal. Estas condições futuras externas “favoráveis” à Região abrem perspectivas que orientam a definição da estratégia de desenvolvimento. 23 Os problemas e estrangulamentos são as condições ou situações internas à região que são indesejadas e atrapalham ou impedem o desenvolvimento da região se não forem devidamente equacionadas e alteradas. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORTE – ALTA FLORESTA 64 Foram identificadas as seguintes oportunidades externas à região de JUÍNA: 1. Redução de barreiras alfandegárias para produtos agropecuários 2. Formação da ALCA com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 3. Consolidação do Mercosul com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 4. Ampliação da demanda mundial de alimentos 5. Crescimento da demanda mundial e nacional por produtos orgânicos 6. Crescimento da demanda de água e recursos naturais com forte aumento da demanda de hidroeletricidade no Brasil 7. Aumento da demanda de energia renovável, biocombustível com mudança da matriz energética incluindo biomassa e 8. Ampliação de mercado de crédito de carbono 9. Crescimento da demanda de produtos da biotecnologia e biodiversidade 10. Expansão do fluxo turístico mundial com destaque para o ecoturismo 11. Integração da infra-estrutura da América do Sul, incluída a saída para o Pacífico 12. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento público nacional 13. Formação de ambiente microeconômico favorável ao investimento produtivo nacional (lei de regulamentação do setor de saneamento, por exemplo) 14. Implementação de mecanismos de indução da desconcentração regional 15. Expansão da capacidade de consumo do mercado interno nacional 16. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento do setor privado Ameaças do Ambiente Externo De modo similar, o desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência traz consigo muitas ameaças que podem prejudicar o desenvolvimento da região, caso ela não tenha capacidade adequada de defesa. Essas situações externas “desfavoráveis” quando corretamente identificadas fornecem, por seu turno, uma orientação importante para a definição da estratégia de desenvolvimento. Assim, foram identificadas as seguintes ameaças externas à região: 1. Controle monopolístico das tecnologias pelas multinacionais 2. Manifestação de mudanças climáticas globais 3. Intensificação da concorrência mundial com base em novas tecnológicas 4. Recorrência e ampliação de epidemias e endemias em vegetais e animais ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 65 5. Ampliação de barreiras comerciais não tarifárias, com alta exigência de qualidade e de controle 6. Risco de queda das demandas de matérias primas, insumos e alimentos em razão de eventuais quedas no crescimento econômico 7. Instabilidade dos preços internacionais de produtos naturais e alimentícios 8. Ampliação da biopirataria com a retirada de amostras da biodiversidade 9. Intensificação da concorrência de países do MERCOSUL no agronegócio 10. Expansão do narcotráfico nas regiões de fronteira do Brasil 11. Instabilidade política em países vizinhos, especialmente Bolívia 66 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento Região de Alta Floresta Nos próximos vinte anos a Região de Alta Floresta deve experimentar um grande dinamismo econômico e social, refletindo e amplificando as condições muito favoráveis do contexto externo, em especial o Estadual, palco de maciços investimentos estruturadores nas áreas de transportes, energia, logística, educação e inovação tecnológica. As próximas duas décadas serão de grandes transformações estruturais na Região cujos reflexos far-se-ão sentir em termos de geração de oportunidades de emprego e negócios e na melhoria da qualidade de vida. Os graves estrangulamentos em infra-estrutura econômica serão superados com a construção de um sistema bem articulado de transportes e logística capaz de escoar a produção da região a custos competitivos; o carro chefe desta reestruturação do sistema viário regional será o asfaltamento da MT 208, uma vez que a mesma integra de forma definitiva a Região a dois dos principais eixos rodoviários do Estado, a BR 163 e a MT 170. De outro lado, a estrutura de produção deverá passar por mudanças importantes com a entrada de unidades industriais de processamento da produção agropecuária e fornecimento de insumos à montante das cadeias de grãos, carne e madeira; pequenos produtores devem se organizar em arranjos produtivos locais ampliando a capacidade competitiva em segmentos como apicultura, piscicultura, madeira e móveis, e outros; o setor de Serviços, por seu turno, deve experimentar uma ampliação e diversificação dos segmentos de prestação de serviços modernos como saúde, educação e serviços bancários e de intermediação financeira; mas, o destaque será a expansão do turismo, sobretudo do ecoturismo, em base aos investimentos em infra-estrutura econômica e social ampliando as condições de acesso, recepção e sanitárias da região. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORTE – ALTA FLORESTA 67 Mapa 5 - Mapa Ilustrativo da Mudança na Estrutura Produtiva da Região de Alta Floresta (Situação Atual e Futura) Fonte: Multivisão As mudanças e transformações estruturais serão frutos da implementação da estratégia de desenvolvimento da Região, formulada a partir de intensas discussões com representantes da sociedade regional, confrontando as condições internas – potencialidades e estrangulamentos – com os processos e tendências externas – oportunidades e ameaças. As propostas de ação definidas nas discussões foram organizadas e sistematizadas em eixos estratégicos, compondo programas e projetos de importância para a Região. Os projetos destacados estão apresentados a seguir segundo a mesma estrutura definida para o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso.24. 24 Os eixos e os programas são os mesmos do MT+20, diferenciando-se os projetos específicos para a Região. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 68 3.1. EIXOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO Eixo 1 – Uso sustentável dos recursos naturais O eixo estratégico de Uso Sustentável dos Recursos Naturais articula o conjunto das ações que podem reduzir as pressões antrópicas da expansão da economia, contribuindo para a conservação do meio ambiente e reorientando o modelo de aproveitamento das riquezas naturais na região de planejamento de ALTA FLORESTA. O eixo desdobra-se em programas e projetos, como apresentado a seguir: 1. Programa de Fortalecimento do Sistema de Gestão Ambiental. Projetos • Fiscalização e garantia do cumprimento das leis ambientais e de exploração dos recursos naturais • Criação de leis para navegar nos parques indígenas, para oportunizar este meio de transporte • Garantia de funcionamento dos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização, regulamentação e liberação da exploração dos recursos naturais dentro da lei • Aplicação rigorosa do controle na liberação da licença, na fabricação, e intensificação da fiscalização no uso de agrotóxicos • Implantação da polícia florestal 2. Programa de Criação, Implantação e Manutenção de Unidades de Conservação. Projetos • Criação do cinturão verde com apoio municipal • Criação, ampliação e implantação das Unidades de Conservação com regras diferenciadas para aproveitamento de acordo com a destinação (educação ambiental, turismo, pesquisa científica, preservação de espécies e amostras da biodiversidade) • Manutenção e controle das Unidades de Conservação PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORTE – ALTA FLORESTA 69 3. Programa de promoção do uso sustentável dos recursos naturais. Projetos 4. • Promoção do uso de técnicas corretas de manejo com sensibilização dos pecuaristas sobre a exploração do potencial ambiental das suas propriedades, apresentando alternativas viáveis e sustentáveis • Manejo de baixo impacto ao aumento do volume a ser industrializado por hectare Programa de hidrográficas. recuperação, preservação e manejo das bacias Projetos • Sensibilização para o uso e utilização dos recursos hídricos e conservação e preservação dos rios • Recuperação, Hidrográficas • Formação e implementação de comitês de bacias hidrográficas • Recuperação das margens dos rios e repovoamento com alevinos • Promoção da recuperação da mata nativa das nascentes, córregos e rios • Promoção do uso e manejo sustentável de solos e águas em bacias hidrográficas preservação, manejo e conservação das Bacias 5. Programa de reflorestamento de áreas degradadas. Projetos • Replantio de árvores nativas recuperação de áreas degradadas, em consórcio com o setor produtivo • Reflorestamento com recursos do mercado de carbono • Reflorestamento de pequenas, médias e grandes propriedades de maneira integrada, baseada na experiência regional • Criação de viveiros de mudas de espécies nativas e exóticas (desde que experimentadas por mais de 20 anos) • Recuperação de pastagem visando sistema de manejo rotacionado (voazan) • Capacitação de técnicos e empresários em elaboração de projetos para captação de recursos do mercado de crédito de carbono ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 70 Eixo 2 - Conhecimento e inovação tecnológica Educação e inovação tecnológica são dois fatores centrais do desenvolvimento e da competitividade sistêmica de um território, contribuindo para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. A educação, além de ser pré-requisito para a ciência e tecnologia, constitui também um elemento decisivo para ampliar e democratizar as oportunidades da sociedade, na medida em que prepara o cidadão para a vida e para o mercado de trabalho, principalmente quando associados à capacitação profissional. Desta forma, o eixo estratégico de Conhecimento e Inovação é parte central da estratégia de desenvolvimento de Mato Grosso e, particularmente de Alta Floresta, expressando-se através dos programas apresentados a seguir: 1. Programa de ampliação da capacidade de pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico. Projetos • Implantação de laboratório para estudos técnico científico da flora medicinal • Criação de laboratórios de pesquisa e manipulação • Centro tecnológico de pesquisa com destaque para a tecnologia da madeira • Implantação de pólo de biotecnologia • Formação e qualificação de recursos humanos para pesquisa 2. Programa de inovação e difusão de tecnologias para as cadeias produtivas. Projetos • Criação de centro de inovação, desenvolvimento e difusão de tecnologias para produtos regionais, especialmente na exploração dos recursos naturais e beneficiamento dos produtos primários • Fomento à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico em entidades públicas • Divulgação de novas tecnologias de produção através de unidades demonstrativas PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORTE – ALTA FLORESTA 71 3. Programa de certificação de produtos e processos e registro de patentes. Projetos • Criação e implantação de atestado de qualidade dos produtos regionais e melhoria da qualidade dos produtos 4. Programa de melhoria da qualidade do ensino básico. Projetos • Melhoria da qualidade de ensino • Ampliação do atendimento nas escolas públicas municipais e estaduais (educação infantil e ensino fundamental) • Melhoria da infra-estrutura da rede física escolar escolas públicas (educação infantil, básica e média) • Ampliação da oferta de ensino médio com atendimento a jovens e adultos do meio urbano e rural • Desenvolvimento e valorização dos profissionais da educação • Reestruturação da base curricular • Combate ao analfabetismo no Estado, com prioridade para o meio rural • Fortalecimento da educação rural e regional 5. Programa de ampliação da educação profissional e tecnológica. Projetos • Ampliação dos centros de formação e capacitação profissional continuada em nível técnico e superior orientada para a diversidade sócio-cultural do Estado • Criação de novas escolas agrícolas, ampliando as áreas de atuação de modo a articular com as demandas regionais • Capacitação dos pequenos produtores que residam à margem dos rios • Formação, qualificação e capacitação profissional continuada 6. Programa de consolidação, expansão e democratização do ensino superior. Projetos • Criação de curso superior técnico na região, incluindo veterinário na UNEMAT ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO • Reordenação dos sustentabilidade • Implantação de novos cursos apropriados à região currículos universitários voltados 72 para a Eixo 3 – Infra-estrutura econômica e logística A Região de Planejamento apresenta alguns estrangulamentos na infra-estrutura econômica, particularmente nos transporte para sua integração econômica e para escoamento da produção estadual para o mercado nacional e mundial. A economia regional tem apresentado grande competitividade internacional apesar dos estrangulamentos nos transporte e na logística, que elevam o custo de produto no mercado e o tempo de entrega dos produtos. No futuro, a região pode ter sua competitividade comprometida se não tomar providências para ampliação e recuperação da infra-estrutura econômica e da logística. O eixo estratégico de desenvolvimento (Eixo 3) procura responder diretamente a estes estrangulamentos, melhorando o desempenho atual e preparando Mato Grosso e a Região de Alta Floresta para os desafios do futuro. 1. Programa de recuperação e ampliação do sistema de transporte rodoviário. Projetos • Recuperação e ampliação da malha de estradas de interligação dos municípios da região • Recuperação e cascalhamento da estrada de Nova Bandeirantes a Salto Augusto • Construção da rodovia do calcário no trecho Alta Floresta a Apiacás (MT 206) • Criação de patrulha mecanizada regional • Pavimentação das rodovias MT 208 nos trechos Alta Floresta à BR163 e Alta Floresta à MT 170 em Cotriguaçu • Asfaltamento da MT 419 e construção de ponte sobre o Rio Teles Pires (Peixoto de Azevedo) no trecho Carlinda-Novo Mundo 2. Programa de recuperação e ampliação do sistema multimodal de transporte (ampliação e integração dos sistemas ferroviário, hidroviário e aeroviário). Projetos • Implantação da hidrovia Teles Pires/Juruena/Tapajós • Criação do Porto de Salto Augusto (Juruena/Tapajós) PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORTE – ALTA FLORESTA 73 • Implantação do Porto de Rasteira • Conclusão e adequação do Aeroporto de Alta Floresta para pouso de aviões das grandes empresas aéreas • Ampliação e manutenção em boas condições da malha aeroviária 3. Programa de ampliação da estrutura de logística. Projetos • Ampliação, renovação e recuperação da estrutura especialmente para grãos e produtos agropecuários • Construção de centros regionais para comercialização dos produtos • Implantação de parque de exposição e feiras para comercialização com show-room logística 4. Programa de expansão do sistema de oferta de energia elétrica (geração, transmissão e distribuição). Projetos • Implantação de hidrelétrica nos rios Peixoto e Teles Pires na queda do Bom Fim • Duplicação da Linha de Transmissão que abastece a Região • Aumento da oferta de energia elétrica com expansão do sistema de distribuição da CEMAT 5. Programa de diversificação da matriz energética. Projetos • Produção de energia por meio de fontes renováveis • Implantação de Usinas de biocombustível • Fomento à produção de matéria prima do biodíesel • Programa de energia solar em pequenas propriedades 6. Programa de ampliação do sistema de comunicações. Projetos • Universalização do acesso ao sistema de telecomunicação (fixa ou móvel) • Ampliação do acesso aos serviços de comunicação eletrônica (radio e televisão) • Massificação do acesso da população e das instituições à internet ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 74 EIXO 4 - Diversificação e adensamento das cadeias produtivas A agropecuária é a base do dinamismo da economia da Região de Planejamento de Alta Floresta, concentrando a produção e as exportações em produtos de baixo valor agregado. Esta característica da economia regional diminui o impacto econômico e social das exportações e torna o território, como de resto, o Estado de Mato Grosso, vulnerável a flutuações internacionais de demanda e preços das commodities. Diante disso, o plano estratégico deve promover a diversificação da estrutura produtiva e a agregação de valor dos produtos do agronegócio. 1. Programa de fortalecimento extrativismo e silvicultura. e diversificação da agropecuária, Projetos • Fortalecimento dos sistemas de monitoramento, fiscalização, controle e defesas sanitárias animal e vegetal nas fronteiras (segurança fitozoosanitária) e no trânsito de produtos agropecuários no Estado • Melhoramento sustentável do manejo agropecuário, extrativismo e silvicultura • Incentivo ao manejo florestal e produção de espécies nativas e exóticas para o setor madeireiro 2. Programa de reestruturação fundiária e desenvolvimento da agricultura familiar. Projetos • Regularização fundiária com titulação das terras adquiridas através das colonizações privadas e públicas. • Promoção da agricultura familiar, comercialização dos seus produtos • Fomento à pequena produção de fruticultura, da bacia leiteira e da agricultura orgânica • Promoção, apoio e fomento ao cooperativismo e o associativismo rural • Diversificação de produtos do pequeno produtor para melhor ocupação do solo com fortalecimento da PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORTE – ALTA FLORESTA 75 3. Programa de adensamento das cadeias produtivas. Projetos • Fomento à industrialização de produtos regionais • Beneficiamento da produção da pecuária de corte com agregação de valor, destacando a instalação de frigoríficos para produção de carnes especiais e embutidos e de planta industrial para curtumes, artefatos de couro e calçados, e carcaças, inclusive de pescado • Processamento e tratamento dos efluentes para venda de crédito de carbono • Implantação de indústrias de alimentos de pequeno e médio porte • Implantação de indústrias de aproveitamento dos produtos madeireiros 4. Programa de diversificação da estrutura produtiva. Projetos • Instalação de indústria de moagem de calcáreo em Apiacás • Instalação de indústrias para exploração de pedras (granitos e ornamentais) no Portal da amazônia • Implantação da biofábrica da FUNAM • Criação de ovinos e caprinos e implantação de frigoríficos • Implantação de bacia leiteira e de indústria de produtos derivados do leite • Instalação de laboratório para cria de alevinos e associações para repovoamento de rios e represas • Implantação de agroindústria de vários cultivos agrícolas • Ampliação dos serviços avançados (terciário moderno), particularmente os serviços médico-hospitalar, educacionais, de informática, inteligência e logística • Fomento ao consumo de biodíesel • Formação de sistema de comercialização dos produtos regionais 5. Programa de desenvolvimento do turismo. Projetos • Ampliação da infra-estrutura turística para os municípios com potencial turístico • Criação de calendário turístico anual com eventos regionais, culturais e ecológicos ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO • Promoção de marketing nacional e internacional • Criação de pacotes turísticos direcionados a todas as faixas etárias 76 6. Programa de fortalecimento dos arranjos produtivos locais. Projetos • Promoção dos APLs madeira, móveis, artesanato, mel silvestre e de exploração aurífera, (Portal da Amazônia) • APL dos cinturões verdes • Fortalecimento da comercialização dos produtos regionais 7. Programa de diversificação da pauta de exportações. Projetos • Promoção da participação em feiras nacionais e internacionais dos produtos regionais com valor agregado Eixo 5 - Qualidade de vida, cidadania, cultura e segurança O desenvolvimento sustentável tem como objetivo central a melhoria da qualidade de vida da população expressa no acesso aos bens e serviços públicos, na segurança pública e paz social, na cidadania e no desenvolvimento cultural. Para alcançar este objetivo, o Estado de Mato Grosso e, particularmente a Região de Planejamento de Alta Floresta, ainda tem que melhorar muito as condições de vida da população, realizando iniciativas e investimentos nos diferentes segmentos sociais que se beneficiam também dos resultados alcançados nos outros eixos estratégicos de desenvolvimento, particularmente no que trata de educação e do crescimento da economia, gerando oportunidades de emprego. De qualquer forma, a estratégia de desenvolvimento regional implementa um eixo estratégico diretamente nos segmentos sociais que elevam a qualidade de vida da população. 1. Programa de fomento à geração de emprego e renda. Projetos • Melhoria da qualidade de atendimento do SINE • Fomento e capacitação das micro e pequenas empresas para geração de emprego e renda • Compras governamentais de cooperativas/associações/organizações que prestem serviços públicos PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORTE – ALTA FLORESTA 77 2. Programa de cidadania e respeito aos direitos humanos. Projetos • Resgate dos valores e direitos humanos • Valorização dos movimentos sociais e dos projetos sociais setorizados • Incentivo a empresas com Responsabilidade Social • Implantação de centros de assistência e convivência da terceira idade • Sensibilização e conscientização da população em relação ao ECA e a outros estatutos voltados à cidadania 3. Programa de promoção da cultura, esportes e lazer. Projetos • Promoção, apoio e fomento ao desenvolvimento cultural regional • Reconhecimento do patrimônio histórico-cultural catalogação do patrimônio imaterial • Implantação, reforma e conservação de estruturas físicas esportivas • Implantação de centro de lazer • Incentivo às empresas para apoio ao esporte amador do Estado e 4. Programa de saneamento e habitação. Projetos • Expansão e melhoria do saneamento básico • Implantação de usina de compostagem • Fomento e apoio à criação de consórcios municipais (raio de 50 km) para a gestão integrada de resíduos sólidos • Ampliação do acesso à moradia das camadas mais pobres da população 5. Programa de estruturação e implementação de um sistema integrado de redução da criminalidade. Projetos • Aumento do efetivo policial na região • Qualificação e capacitação humana e técnica dos policiais • Inclusão de matéria sobre violência e criminalidade no calendário escolar • Aumento e melhoria dos equipamentos e materiais para a polícia ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 78 • Implantação de núcleos de atendimento especializados aos infratores da lei • Criação de mecanismos de envolvimento da comunidade no combate à criminalidade • Envolvimento das famílias na solução dos problemas com menores infratores 6. Programa de saúde. Projetos • Construção de hospital com centro de excelência em patologias humanas para Alta Floresta • Estruturação, ampliação e manutenção da infra-estrutura, recursos humanos e tecnológicos da rede hospitalar de saúde pública • Incentivo ao plantio e ao uso de ervas medicinais para produção de fitoterápicos no controle das doenças humanas e animais • Criação de centro de atendimento integrado de saúde e educação social • Fortalecimento da atenção básica à saúde 7. Programa de proteção, respeito e apoio às nações indígenas. Projetos • Valorização da diversidade cultural e construção da identidade indígena • Criação de alternativas na economia dos povos indígenas Eixo 6 - Governabilidade e gestão pública A análise das políticas públicas brasileiras – válidas também para Mato Grosso costuma destacar como um dos seus grandes problemas a baixa eficiência e eficácia das ações e dos investimentos, gerando enorme desperdício de recursos e limitada implementação dos projetos. Por outro lado, apesar dos avanços recentes e de muito propalada, a participação da sociedade ainda é muito restrita, o que termina reduzindo o impacto e a efetividade das políticas públicas. O desenvolvimento sustentável de Mato Grosso e da Região de Planejamento de Alta Floresta depende da capacidade dos governos (estadual e municipais) representarem as aspirações da sociedade e da qualidade gerencial que assegure a implementação das ações com os menores custos e a maior eficácia. O eixo Governabilidade e Gestão Pública articula as ações que procuram enfrentar os problemas de gestão pública no Estado e na Região, ampliando a eficiência, a eficácia e efetividade de todos os programas e projetos previstos pelo plano. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORTE – ALTA FLORESTA 79 1. Programa de modernização da estrutura e métodos da administração pública estadual. Projetos • Modernização e busca da excelência na gestão pública • Resgate, promoção e reafirmação da ética como valor nos serviços públicos • Ampliação do acesso e da prestação de serviços públicos via meios eletrônicos • Exigência de efetividade das assessorias e gestão pública 2. Programa de democratização, descentralização e transparência da gestão pública. Projetos • Democratização e participação da sociedade na gestão pública • Melhoria da qualidade dos serviços públicos com redução das reclamações e retrabalhos (revisão de processos) • Ampliação da transparência da gestão pública 3. Programa de fortalecimento do sistema estadual de regulação, monitoramento e fiscalização do estado. Projetos • Desenvolvimento e implantação de marco regulatório estadual nas diversas áreas e atividades econômicas, com destaque para meio ambiente, energia, transportes e telecomunicações • Fortalecimento da capacidade institucional de controle e fiscalização dos serviços delegados Eixo 7 – Descentralização do território e estruturação da rede urbana A expansão da economia regional tende a gerar algum processo de concentração no território, respondendo às condições diferenciadas da competitividade e segundo eficiência econômica do mercado. A estratégia de desenvolvimento regional deve compensar este movimento, criando condições para uma distribuição equilibrada da riqueza e das condições de vida no território, implementando projetos e tomando iniciativas de descentralização e desconcentração regional. Por outro lado, a organização do território mato-grossense e regional passa pela formação de uma rede urbana que articula os diferentes territórios, numa hierarquia de múltiplas funções no espaço. Desta forma, estratégia de desenvolvimento deve incorporar programas e ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 80 projetos, articulados nos Eixos de Descentralização territorial e estruturação da rede urbana, promovendo a reorganização do território estadual. 1. Programa de desenvolvimento regional integrado. Projetos • Descentralização e desconcentração regional do desenvolvimento • Desconcentração da estrutura político-administrativa do Estado 2. Programa de fortalecimento da rede urbana. Projetos • Formação de um sistema de planejamento urbano estadual e municipal com base no Estatuto das Cidades e voltado para o ordenamento da ocupação do espaço urbano • Melhoria da qualidade das cidades (habitabilidade urbana) PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE81 MATO GROSSO – MT+20 Região Nordeste – Vila Rica VILA RICA Alto Boa Vista Bom Jesus do Araguaia Cana Brava do Norte Confresa Luciara Novo Santo Antonio Porto Alegre do Norte Santa Cruz do Xingu Santa Terezinha São Félix do Araguaia São José do Xingu Serra Nova Dourada 82 1. Apresentação O Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20) desdobra-se em doze planos regionais25 que orientam a implementação das ações estratégicas para integrar o território mato-grossense e promover uma desconcentração da economia e dos indicadores sociais do Estado. Este documento apresenta o Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Nordeste (VILA RICA), como uma parte do MT+20 que explicita os projetos prioritários para a região, organizando a formulação da sociedade na estrutura estratégica do MT+20. Desta forma, o plano regional é um detalhamento do MT+20 no território, de acordo com as especificidades locais, seus problemas e suas potencialidades. O Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Nordeste (VILA RICA) é o referencial da Região para negociação dos seus projetos e o acompanhamento da implementação do MT+20 no território. Foi elaborado com o envolvimento da sociedade, procurando fazer uma articulação entre a estratégia geral para Mato Grosso e as características de cada região, suas necessidades e suas contribuições para o desenvolvimento conjunto do Estado. Ao mesmo tempo em que formularam propostas para compor o plano de desenvolvimento de Mato Grosso, a estratégia do Estado (MT+20) definia as bases para as prioridades do Estado. A Região de Planejamento Nordeste conta agora com seu plano de desenvolvimento de longo prazo que deve orientar as ações nos próximos 20 anos, capaz de desenvolver a região e, ao mesmo tempo, intensificar sua interação com as transformações futuras de Mato Grosso. Nesse sentido, deve ao mesmo tempo dar suporte aos propósitos de desenvolvimento do Estado e mediante os impactos gerais no território de VILA RICA. 25 Refletindo a divisão do território de Mato Grosso, foram realizados planos regionais para as regiões Noroeste 1 (Juína), Norte (Alta Floresta), Nordeste (Vila Rica), Leste (Barra do Garças), Sudeste (Rondonópolis), Sul (Cuiabá/Várzea Grande), Sudoeste (Cáceres), Oeste (Tangará da Serra), Centro-Oeste (Diamantino), Centro (Sorriso), Noroeste 2 (Juara), e Centro-Norte (Sinop). 83 2. Estratégia De Desenvolvimento da Região A Construção do Futuro 2.1. PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL DA REGIÃO Caracterização Geral da Região de Região Nordeste – Vila Rica A região Nordeste (Vila Rica) é constituída por 13 municípios - Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia, Cana Brava do Norte, Confresa, Luciara, Novo Santo Antonio, Porto Alegre do Norte, Santa Cruz do Xingu, Santa Terezinha, São Félix do Araguaia, São José do Xingu, Serra Nova Dourada, e Vila Rica. Situa no nordeste do Estado, na fronteira com o Estado de Tocantins, a região forma um território com 71.190 Km2, equivalente a 7,88% do território de Mato Grosso, e reúne uma população de 89.128 habitantes que corresponde a apenas 3,34% do total do Estado; desta forma, apresenta uma densidade demográfica baixa de apenas 1,25 hab/km2. A economia da região polarizada por VILA RICA é dominada pela pecuária, em grande parte extensiva em pastagens naturais; a agropecuária representa 48,5% da economia regional, bem acima da média da participação do setor no valor adicionado matogrossense, estimada em 30%; a despeito desta contribuição expressiva na formação do valor adicionado regional, a região participa com apenas 3,97% do produto agropecuário do Estado. O setor serviços alcança 40,93% do valor adicionado e a indústria chega a apenas 10,51% da economia regional. O PIB da região, em 2005, foi de R$ 685,00 milhões, terceira mais baixa participação relativa no PIB estadual (2,35%). No período 2000/2004 o PIB da região cresceu 21,68% ao ano, apenas pouco acima da média estadual (20,1%) quase conservando sua participação relativa. Dentro da região há grande desigualdade em relação à base econômica; dois municípios – VILA RICA E CONFRESA – são responsáveis por quase 40% do PIB regional, sendo que o município sede (Vila Rica) representa pouco mais de um quinto do agregado regional. Quatro municípios, Vila Rica, Confresa, São Felix do Araguaia e São José do Xingu, respondem por mais de 60% da produção regional. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORDESTE – VILA RICA 84 Gráfico 8 - PIB dos Municípios da Região (mil de R$, 2004) 160.000 140.000 120.000 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 ai a Te re zi nh A a lt o B o Sa a Vi nt st a a C ru z do Xi ng u Lu Se ci ar rr a a N ov a D N ou ov ra o da Sa nt o A nt on io ra gu a A Sa nt do Je su s B om Po rt o A le g re do No rt e N or te do ua ia B ra va C an a do Fé lix Sã o Sã o Jo sé do A ra g Xi n gu fr es a C on Vi la R ic a 0 Fonte: Relatório PIB Municipais, IBGE, 2004 / Seplan/MT A população regional vem crescendo em ritmo bem mais intenso que o Estado, aumentando a defasagem em relação ao PIB per capita estadual; no período 2000/2004, a região Nordeste registrou uma expansão demográfica de 4,50% ao ano, praticamente o dobro do crescimento da população estadual; em 2005, o PIB per capita da região foi o menor dentre todas as Regiões (R$ 6.977,00), correspondendo a apenas 71% da média estadual26. Como a distribuição da população e do PIB nos municípios também é desigual, o PIB per capita dos municípios da região também apresenta desequilíbrio, destacando os municípios menores como os de melhor indicador. O município-pólo e líder econômico, Vila Rica, tem um PIB per capita de R$ 5.482 um pouco acima da média regional, mas bem abaixo de Luciara, com R$ 9.765 de PIB per capita, o mais elevado da região27. 26 27 Os dados de PIB (e do PIB per capita) municipal são de 2004 Vila Rica, na região, se situa em quarto lugar no PIB per capita e Confresa, que tem a segunda maior economia, se situa abaixo da média regional de PIB per capita (com apenas R$ 3.103) e é a antepenúltima, superior apenas a Porto Alegre do Norte e Serra Nova Dourada. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 85 Com o segundo mais baixo IDH do Estado, a região agrega o maior número de municípios com Índices de Desenvolvimento Humano muito modesto28. O município de Vila Rica, centro econômico da região e com o maior PIB regional apresenta um IDH em torno da média do Nordeste mato-grossense, com apenas 0,660. A expansão econômica e demográfica na região tem provocado pressão antrópica sobre as áreas de savana, e nas de fronteira entre savana e floresta, provocando moderada alteração, além de registros pontuais de erosão. Das oito unidades socioeconômicas e ecológicas (USEE)29 em que se divide a região, apenas uma (São Félix do Araguaia) sofreu processos fortes de alteração do ambiente natural, caracterizando um ambiente muito alterado como resultado da pecuária em fazendas de grande e médio porte30. Diante da moderada alteração ambiental e das futuras pressões antrópicas, que devem resultar da expansão econômica e demográfica, o estudo de ZSEE definiu alternativas de tratamento do território regional segundo as categorias centrais, como mostra o mapa. Mapa 6 - Usos Alternativos das Unidades Socioeconômico Ecológicas da Região de Vila Rica Fonte: ZSEE 28 A região apresenta uma relativa uniformidade nos indicadores dos municípios membros, flutuando entre 0,600 e 0,726, registrado por São Félix do Araguaia que, mesmo assim, ocupa a 71ª posição do ranking estadual de desenvolvimento humano. Além de São Félix do Araguaia, apenas Confresa e Porto Alegre do Norte ultrapassam o limite de 0,700 do IDH, apresentando, respectivamente, 0,704 e 0,709, como mostra o gráfico 14 29 As USEE do Nordeste são Fontourinha, Tapirapé, Vila Rica, Pantanal Médio-Inferior, São José do Xingu, São Félix do Araguaia, Rampa de Alto Boa Vista, e Serra Nova Dourada. 30 Em quatro unidades o ambiente apresenta moderada alteração pela expansão da pecuária, entre as quais a da Vila Rica, com grandes fazendas de pecuária, agricultura moderna e pequenos produtores, e com estrutura urbana precária, em ambiente de contato savana/floresta. Moderada alteração também foi registrada em São José do Xingu, Rampa de Alto Boa Vista, e Serra Nova Dourada. Na unidade socioeconômica e ecológica de Tapirapé o ambiente de savana e contato savana/floresta sofreu menor pressão antrópica no contexto da fronteira recente, contando com pouca alteração ambiental. Finalmente, em duas unidades – Fonourinha e Pantanal Médio Inferior – o ambiente apresenta elevado grau de conservação. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORDESTE – VILA RICA 86 2.2. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A REGIÃO – AONDE QUEREMOS CHEGAR O impacto no território estadual das mudanças e transformações pelas quais Mato Grosso vai passar nos próximos vinte anos, contemplando, dentre outros, uma desconcentração da economia e dos indicadores sociais, tende a provocar um acelerado crescimento econômico da Região, com adensamento das cadeias produtivas da agropecuária e ampliação da atividade pesqueira, comercial e esportiva, estimulando também o turismo. Apesar de a gestão ambiental destinar 2/3 do território para usos restritos e controlados, Vila Rica receberá um grande impulso econômico com o asfaltamento da BR 158 e da MT 431, articuladas com a hidrovia do Araguaia e com o asfaltamento da MT 242; ambas integradas com a BR 163, e principalmente com a implantação do ramal Lucas do Rio Verde-Palmas da Ferrovia Norte-Sul que atravessa a região. Essa combinação de fatores promove uma forte expansão da economia regional, com taxa de crescimento de, aproximadamente, 9,9% ao ano, acima da média estadual, elevando o PIB da região de Vila Rica dos atuais R$ 680,00 milhões, em 2005, para cerca de R$ 4.970,00 milhões, em 2026 (a preços de 2004). Crescendo em ritmo superior à média estadual, Vila Rica aumenta sua participação no PIB matogrossense, chegando a 2,7%, em 2026. Mesmo com a expansão demográfica, a região apresenta um rápido crescimento do PIB per capita, alcançando R$ 32.520,00, em 2026, quase cinco vezes superior ao atual (R$ 6.980,00); partindo do mais baixo PIB per capita do Estado, a região de Vila Rica melhora sua posição no Estado, passando de uma equivalência de 71% do PIB per capita de Mato Grosso, em 2005, para 79%, em 2026, refletindo a convergência regional da economia mato-grossense. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 87 Gráfico 9 - Evolução do PIB da Região e da Participação no PIB de MT 2,80% 6.000,00 2,70% 5.000,00 2,60% 4.000,00 2,50% 3.000,00 2,40% 2.000,00 2,30% 1.000,00 2,20% - 2,10% 2005 2010 2015 Participação no PIB de MT 2020 2026 PIB em mi R$, 2004 Fonte: Multivisão 2.3. O QUE PODE AJUDAR OU ATRAPALHAR O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE VILA RICA Vantagens Competitivas/Potencialidades O desenvolvimento da região será bastante determinado por sua capacidade de atrair e reter investimentos, de modo a aproveitar as oportunidades criadas no ambiente externo, sobretudo o estadual, mediante a mobilização de suas vantagens competitivas31. Portanto, identificar de forma correta as potencialidades ou vantagens competitivas da região é o primeiro grande passo para a definição de uma estratégia capaz de produzir o desenvolvimento regional esperado. 31 Estas vantagens ou potencialidades são entendidas como as características internas diferenciadas da região que podem constituir base para o seu desenvolvimento, se devidamente exploradas. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORDESTE – VILA RICA Assim, para a região vantagens/potencialidades: de Vila Rica foram identificadas 88 as seguintes 1. Excelente localização geográfica favorável para o escoamento da produção regional 2. Grande contingente de mão-de-obra de imigrantes e população jovem 3. Bom sistema de ensino, inclusive com uma faculdade na região 4. Cultura agrícola com mão-de-obra familiar e assentamentos consolidados e produtivos 5. Boa organização social fundada em parcerias e associativismo entre assentados, além de contar com sindicatos, ONG, EMPAER, associações e parcerias para programas econômicos e sociais 6. Forte pecuária extensiva e tecnificada que pode ser a base para a implantação de frigoríficos 7. Importante base industrial no segmento de alimentos com destaque para a indústria de óleos naturais, usinas de açúcar e álcool e frigoríficos 8. Base para o desenvolvimento da indústria madeireira 9. Ampla biodiversidade e clima privilegiado para o desenvolvimento da produção de bioprodutos (fármacos, cosméticos e fitoterápicos) 10. Ampla rede de produtores rurais médios e pequenos, base para o desenvolvimento de APL (piscicultura, apicultura, fruticultura) 11. Ampla base de recursos hídricos 12. Potencial para a indústria do ecoturismo em base aos sítios turísticos naturais 13. Base de recursos para a exploração das jazidas de mármore e granito 14. Potencial para adensamento da cadeia de grãos e carne 15. Clima e topografia privilegiados além de alta fertilidade das terras Problemas e Estrangulamentos De outro lado, a capacidade de atrair, ou mesmo reter investimentos, para a região será bastante dificultada pela presença de problemas e estrangulamentos que colocam a região em situação de desvantagem em relação a outros territórios nacionais, inibindo os investimentos e atrasando o seu desenvolvimento32. Foram destacados para a região os seguintes problemas e estrangulamentos. 1. Degradação do meio ambiente em razão da prática indiscriminada de queimadas, desmatamentos descontrolados, esgotamento dos solos, erosão, etc. 32 Os problemas e estrangulamentos são as condições ou situações internas à região que são indesejadas e atrapalham ou impedem o desenvolvimento da região se não forem devidamente equacionadas e alteradas. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 89 2. Baixa escolaridade e mão-de-obra desqualificada 3. Exploração dos recursos naturais com tecnológica inadequada 4. Precária infra-estrutura de serviços urbanos básicos (saúde, saneamento etc) 5. Baixa representatividade política da região 6. Economia regional baseada no modelo da pecuária extensiva 7. Deficiência de assistência técnica ao pequeno produtor 8. Estrutura fundiária concentrada (latifúndios) 9. Precária infra-estrutura de serviços para o desenvolvimento do ecoturismo, como hotéis, restaurantes etc. 10. Ausência de estrutura de promoção e comercialização da produção regional 11. Baixa capacidade de autofinanciamento dos produtores 12. Precária infra-estrutura de estradas, energia e telecomunicações 13. Reduzida agregação de valor à produção 14. Estrutura de produção industrial incipiente 15. Baixa capacidade de investimento do setor público e privado local 16. Baixa capacidade de consumo do mercado 17. Baixos indicadores sociais e de desenvolvimento humano Oportunidades do Ambiente Externo O desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência cria uma série de oportunidades de negócios que podem ser capitalizadas pela região desde que a mesma tenha capacidade para tal. Estas condições futuras externas “favoráveis” à Região abrem perspectivas que orientam a definição da estratégia de desenvolvimento. Foram identificadas as seguintes oportunidades externas à região de Vila Rica: 1. Redução de barreiras alfandegárias para produtos agropecuários 2. Formação da ALCA com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 3. Consolidação do Mercosul com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 4. Ampliação da demanda mundial de alimentos 5. Crescimento da demanda mundial e nacional por produtos orgânicos 6. Crescimento da demanda de água e recursos naturais com forte aumento da demanda de hidroeletricidade no Brasil 7. Aumento da demanda de energia renovável, biocombustível com mudança da matriz energética incluindo biomassa e PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORDESTE – VILA RICA 90 8. Ampliação de mercado de crédito de carbono 9. Crescimento da demanda de produtos da biotecnologia e biodiversidade 10. Expansão do fluxo turístico mundial com destaque para o ecoturismo 11. Integração da infra-estrutura da América do Sul, incluindo a saída para o Pacífico 12. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento público nacional 13. Formação de ambiente microeconômico favorável ao investimento produtivo nacional (lei de regulamentação do setor de saneamento, por exemplo) 14. Implementação de mecanismos de indução da desconcentração regional 15. Expansão da capacidade de consumo do mercado interno nacional 16. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento do setor privado Ameaças do Ambiente Externo De modo similar, o desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência traz consigo muitas ameaças que podem prejudicar o desenvolvimento da região, caso ela não tenha capacidade adequada de defesa. Essas situações externas “desfavoráveis” quando corretamente identificadas fornecem, por seu turno, uma orientação importante para a definição da estratégia de desenvolvimento. Assim, foram identificadas as seguintes ameaças externas à região de Vila Rica: 1. Controle monopolístico das tecnologias pelas multinacionais 2. Manifestação de mudanças climáticas globais 3. Intensificação da concorrência mundial com base em novas tecnológicas 4. Recorrência e ampliação de epidemias e endemias em vegetais e animais 5. Ampliação de barreiras comerciais não tarifárias, com alta exigência de qualidade e de controle 6. Risco de queda das demandas de matérias primas, insumos e alimentos em razão de eventuais quedas no crescimento econômico 7. Instabilidade dos preços internacionais de produtos naturais e alimentícios 8. Ampliação da biopirataria com a retirada de amostras da biodiversidade 9. Intensificação da concorrência de países do MERCOSUL no agronegócio 10. Expansão do narcotráfico nas regiões de fronteira do Brasil 11. Instabilidade política em países vizinhos, especialmente Bolívia 91 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento Região de Vila Rica Nos próximos vinte anos a região de Vila Rica deverá passar por grandes transformações estruturais em todos os campos da vida social e econômica, refletindo na geração ampla de oportunidades de emprego e negócios e na melhoria da qualidade de vida. Os graves estrangulamentos em infra-estrutura econômica serão superados com a construção de um sistema multimodal de transporte capaz de escoar a produção da região a custos competitivos; a estrutura de produção deverá passar por mudanças com a entrada de unidades industriais de processamento da produção agropecuária e fornecimento de insumos à montante da cadeia; pequenos produtores devem se organizar em arranjos produtivos locais ampliando a capacidade competitiva em segmentos como apicultura, piscicultura, madeira e móveis, e outros; investimentos em infra-estrutura social serão realizados em quantidade capaz de reverter à situação atual dos indicadores sociais. Mapa 7 - Mapa Ilustrativo das Atividades Dominantes na Região de Vila Rica (Situação Atual e Futura) Fonte: Multivisão ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 92 Toda esta transformação será fruto da implementação da estratégia de desenvolvimento da Região, formulada a partir de intensas discussões com representantes da sociedade regional, confrontando as condições internas – potencialidades e estrangulamentos – com os processos e tendências externas – oportunidades e ameaças. As propostas de ação definidas nas discussões foram organizadas e sistematizadas em eixos estratégicos, compondo programas e projetos de importância para a Região. Os projetos destacados estão apresentados a seguir segundo a mesma estrutura definida para o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso.33. 3.1. EIXOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO Eixo 1 – Uso sustentável dos recursos naturais O eixo estratégico de Uso Sustentável dos Recursos Naturais articula o conjunto das ações que podem reduzir as pressões antrópicas da expansão da economia, contribuindo para a conservação do meio ambiente e reorientando o modelo de aproveitamento das riquezas naturais na região de planejamento de Vila Rica. O eixo se desdobra em programas e projetos, como apresentado a seguir: 1. Programa de fortalecimento do sistema de gestão ambiental. Projetos • Proteção da biodiversidade regional • Preservação de espécies e amostras da biodiversidade • Monitoramento da qualidade ambiental nas indústrias • Respeito às reservas legais das propriedades 2. Programa de criação, implantação e manutenção de unidades de conservação. Projetos 33 • Criação de Unidade de Conservação na região do rio Comandante Fontoura, destinada ao corredor ecológico • Disseminação da importância da Unidade de Conservação para a Região Os eixos e os programas são os mesmos do MT+20, diferenciando-se os projetos específicos para a Região. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORDESTE – VILA RICA 93 3. Programa de promoção do uso sustentável dos recursos naturais. Projetos 4. • Assistência técnica para o aproveitamento da biodiversidade • Utilização do associativismo no aproveitamento da biodiversidade • Implementação da educação ambiental Programa de hidrográficas. recuperação, preservação e manejo • Recuperação e conservação das matas ciliares • Proteção das praias • Conservação e recuperação das nascentes • Despoluição de rios e controle das práticas poluidoras das bacias 5. Programa de reflorestamento de áreas degradadas. Projetos • Reaproveitamento de áreas de pastagem • Reflorestamento de áreas degradadas aproveitando crédito de carbono • Manejo florestal Eixo 2 - Conhecimento e inovação tecnológica Educação e inovação tecnológica são dois fatores centrais do desenvolvimento e da competitividade sistêmica de um território, contribuindo para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. A educação, além de ser pré-requisito para a ciência e tecnologia, constitui também um elemento decisivo para ampliar e democratizar as oportunidades da sociedade, na medida em que prepara o cidadão para a vida e para o mercado de trabalho, principalmente quando associada à capacitação profissional. Desta forma, o eixo estratégico de Conhecimento e Inovação é parte central da estratégia de desenvolvimento da Região de Vila Rica, expressando-se através dos programas apresentados a seguir: 1. Programa de ampliação da capacidade de pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico. Projetos • Criação de centro de pesquisa regional • Formação de professores e pesquisadores ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO • 94 Criação de centro de pesquisa sobre a biodiversidade e usos econômicos da biodiversidade 2. Programa de inovação e difusão de tecnologias para as cadeias produtivas. Projetos • Difusão de conhecimentos nas associações e cooperativas, sobre pragas e doenças • Realização de pesquisa e difusão de tecnologia em exploração dos recursos naturais, biocombustível e produção em áreas degradadas • Ampliação e qualificação dos agentes de assistência técnica • Transferência de tecnologias ambientais 3. Programa de certificação de produtos e processos e registro de patentes. Projetos • Controle dos órgãos expedidores de certificação para redução da burocracia e da corrupção • Criação de sistema ágil e efetivo de certificação 4. Programa de melhoria da qualidade do ensino básico. Projetos • Criação de núcleos de ensino para a zona rural • Criação de programas educativos na mídia regional • Melhoria da infra-estrutura escolar • Orientação da educação para a realidade de cada comunidade • Construção de escolas para atendimento a alunos do ensino médio na área rural 5. Programa de ampliação da educação profissional e tecnológica. Projetos • Criação de escolas de ensino médio profissionalizante para qualificação da mão-de-obra local • Criação de centros de formação e capacitação profissional • Criação de escolas técnicas agrícolas com formação de profissionais competitivos para o agronegócio • Difusão dos conceitos de economia solidária no processo educativo PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORDESTE – VILA RICA • 95 Formação de recursos humanos para a qualificação profissional 6. Programa de consolidação, expansão e democratização do ensino superior. Projetos • Implantação de cursos superiores relacionados às políticas públicas e comunicação social • Implantação de curso superior que atenda o agronegócio Eixo 3 – Infra-estrutura econômica e logística A Região de Planejamento apresenta alguns estrangulamentos na infra-estrutura econômica, particularmente nos transporte para sua integração econômica e para escoamento da produção estadual para o mercado nacional e mundial. A economia regional tem apresentado grande competitividade internacional apesar dos estrangulamentos nos transporte e na logística, que elevam o custo de produto no mercado e o tempo de entrega dos produtos. No futuro, a região pode ter sua competitividade comprometida se não tomar providências para ampliação e recuperação da infra-estrutura econômica e da logística. O eixo estratégico de desenvolvimento (Eixo 3) procura responder diretamente a estes estrangulamentos, melhorando o desempenho da Região para os desafios do futuro. 1. Programa de recuperação e ampliação do sistema de transporte rodoviário. Projetos • Construção e/ou conclusão de rodovias de interligação dos municípios da região • Pavimentação da BR 158 nos trechos entre Vila Rica e a divisa com o Pará e entre Vila Rica e Ribeirão Cascalheira na região de Barra do Garças • Ampliação, recuperação e manutenção das estradas vicinais da região • Asfaltamento da MT 431 no trecho Vila Rica a Santa Terezinha • Asfaltamento das MT 322 e 437 de interligação de Vila Rica à BR 163 2. Programa de recuperação e ampliação do sistema multimodal de transporte. Projetos • Expansão e revitalização do sistema hidroviário da região ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 96 • Construção de trecho de ramal da ferrovia norte-sul ligando Vila Rica à divisa de Tocantins (para ligação futura a Palmas) • Implantação de corredor multimodal de escoamento da produção para a região norte (escoamento dos grãos) • Ampliação da capacidade do aeroporto de Vila Rica para vôos internacionais • Reforma e melhoria dos aeroportos da região 3. Programa de ampliação da estrutura de logística. Projetos • Ampliação e recuperação da estrutura logística de portos, terminais, aeroportos e armazéns da região • Criação de uma central de armazenagem e comercialização na região 4. Programa de expansão do sistema de oferta de energia elétrica. Projetos • Construção de pequenas e médias centrais hidroelétricas para substituição da geração termelétrica • Construção e/ou reforço do sistema de transmissão de energia elétrica para a Região • Ampliação da cobertura do programa Luz Para Todos na região • Intensificação da eletrificação rural • Expansão do sistema de distribuição de energia elétrica na região 5. Programa de diversificação da matriz energética. Projetos • Produção de energia por meio de fontes renováveis (biomassa) • Promoção da produção e uso de biocombustível e biodíesel PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORDESTE – VILA RICA 97 6. Programa de ampliação do sistema de comunicações. Projetos • Ampliação das telecomunicações • Implantação de filiais de emissora de televisão, implantação de canal de rádio (educativo) Eixo 4 - Diversificação e adensamento das cadeias produtivas A agropecuária é a base do dinamismo da economia da Região de Planejamento de Vila Rica, concentrando a produção e as exportações em produtos de baixo valor agregado. Esta característica da economia regional diminui o impacto econômico e social das exportações e torna o território, como de resto, o Estado de Mato Grosso, vulnerável a flutuações internacionais de demanda e preços das commodities. Diante disso, o plano estratégico deve promover a diversificação da estrutura produtiva e a agregação de valor dos produtos do agronegócio. 1. Programa de fortalecimento extrativismo e silvicultura. e diversificação da agropecuária, Projetos • Introdução da produção de produtos naturais e orgânicos • Incremento da produção de grãos • Melhoria da qualidade da produção agropecuária • Aumento da produtividade das culturas locais • Intensificação da inspeção sanitária e do controle fitossanitário • Difusão das técnicas de consorciamento e rotação de culturas • Desenvolvimento de sistema de irrigação 2. Programa de reestruturação fundiária e desenvolvimento da agricultura familiar. Projetos • Realização de trabalhos educativos sobre concentração fundiária com as associações • Fortalecimento da agricultura familiar • Ampliação da assistência técnica para a agricultura familiar • Divulgação dos produtos da agricultura familiar ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 98 • Melhoria da comercialização dos produtos da agricultura familiar, incluindo estruturação de feiras livres • Certificação dos produtos da agricultura familiar 3. Programa de adensamento das cadeias produtivas. Projetos • Industrialização de produtos da pecuária regional (carnes, subprodutos, e beneficiamento do couro) • Industrialização da madeira na região • Capacitação para a comercialização dos produtos industrializados • Instalação de indústrias associativas 4. Programa de diversificação da estrutura produtiva da região. Projetos • Implantação de indústrias para atender a demanda interna • Aproveitamento das reservas minerais da região • Desenvolvimento da produção de bioprodutos • Realização de marketing dos produtos da região • Aproveitamento de resíduos da indústria madeireira • Exploração econômica do grafite • Desenvolvimento da fruticultura regional 5. Programa de desenvolvimento do turismo. Projetos • Criação de infra-estrutura turística da região • Levantamento e divulgação do potencial turístico da região 6. Programa de fortalecimento dos arranjos produtivos locais. Projetos • Implantação de centro de capacitação para produção e comercialização dos arranjos produtivos da região • Ampliação da assistência técnica aos arranjos produtivos da região PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORDESTE – VILA RICA 99 Eixo 5 - Qualidade de vida, cidadania, cultura e segurança O desenvolvimento sustentável tem como objetivo central a melhoria da qualidade de vida da população expressa no acesso aos bens e serviços públicos, na segurança pública e paz social, na cidadania e no desenvolvimento cultural. Para alcançar este objetivo, Mato Grosso e, particularmente a Região de Vila Rica, ainda tem que melhorar muito as condições de vida da população, realizando iniciativas e investimentos nos diferentes segmentos sociais que se beneficiam também dos resultados alcançados nos outros eixos estratégicos de desenvolvimento, particularmente no que trata de educação e do crescimento da economia, gerando oportunidades de emprego. De qualquer forma, a estratégia de desenvolvimento regional implementa um eixo estratégico diretamente nos segmentos sociais que elevam a qualidade de vida da população. 1. Programa de fomento à geração de emprego e renda. Projetos • Formação técnica de cooperados • Fomento ao artesanato regional • Implantação do programa de primeiro emprego 2. Programa de cidadania e respeito aos direitos humanos. Projetos • Criação de grupos de controle social para o sistema educacional • Criação de espaço de lazer e esportivo • Casa de apoio a menores em situação de risco • Implantação do Procon • Criação de delegacia especializada à proteção da mulher 3. Programa de promoção da cultura, esportes e lazer. Projetos • Construção de ginásios poliesportivos • Incentivo a ligas esportivas regionais • Criação de parque aquático regional • Diversificação das modalidades esportivas • Criação de centro cultural equipado para eventos culturais • Profissionalização e valorização da cultura regional ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO • 100 Criação de canal de TV regional 4. Programa de saneamento e habitação. Projetos • Implantação de aterros sanitários utilizando créditos de carbono • Implantação de redes de saneamento • Realização de campanha de coleta de lixo • Implantação de usina de reciclagem de lixo • Investimento na infra-estrutura e serviços básicos • Ampliação dos programas de habitação e casas populares, incluído financiamento para funcionários públicos 5. Programa de estruturação e implementação de um sistema integrado de redução da criminalidade. Projetos • Reforço do policiamento nos distritos e na rede escolar com a guarda municipal • Ampliação da atuação da justiça federal no combate ao narcotráfico • Intensificação da fiscalização contra biopirataria • Combate preventivo e repressivo ao narcotráfico e ao crime organizado • Implantação de companhia do corpo de bombeiro 6. Programa de saúde. Projetos • Promoção da saúde preventiva • Fortalecimento e melhoria do atendimento pelo SUS • Capacitação dos agentes de saúde e agentes ambientais para o tratamento preventivo de doenças tropicais e melhoria da carreira dos agentes comunitários de saúde • Implantação de um sistema de controle de zoonoses • Ampliação do número de especialidades no pólo regional de saúde • Abastecimento dos postos de saúde com medicamentos diversos • Melhoria do atendimento no transporte de doentes emergenciais • Fiscalização das condições de trabalho nas indústrias • Aquisição de equipamento médico hospitalar para os municípios PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NORDESTE – VILA RICA 101 7. Programa de proteção, respeito e apoio às nações indígenas. Projetos • Delimitação das áreas indígenas • Divulgação das áreas indígenas como potencial cultural • Fomento à produção de artesanatos indígenas • Criação de centro comercialização regional de artesanato indígena para a Eixo 6 - Governabilidade e gestão pública A análise das políticas públicas brasileiras – válidas também para Mato Grosso costuma destacar como um dos seus grandes problemas a baixa eficiência e eficácia das ações e dos investimentos, gerando enorme desperdício de recursos e limitada implementação dos projetos. Por outro lado, apesar dos avanços recentes e de muito propalada, a participação da sociedade ainda é muito restrita, o que termina reduzindo o impacto e a efetividade das políticas públicas. O desenvolvimento sustentável da Região de Vila Rica depende da capacidade dos governos municipais representarem as aspirações da sociedade, assim como da qualidade gerencial que assegure a implementação das ações com os menores custos e a maior eficácia. Este Eixo articula as ações que procuram enfrentar os problemas de gestão pública na Região, ampliando a eficiência, a eficácia e efetividade de todos os programas e projetos previstos pelo plano. 1. Programa de modernização da estrutura e métodos da administração pública. Projetos • Descentralização e transparência da gestão pública • Implantação do orçamento participativo • Implantação ouvidorias nos municípios Eixo 7 – Descentralização do território e estruturação da rede urbana A expansão da economia regional tende a gerar algum processo de concentração no território, respondendo às condições diferenciadas da competitividade e segundo eficiência econômica do mercado. A estratégia de desenvolvimento regional deve compensar este movimento, criando condições para uma distribuição equilibrada da riqueza e das condições de vida no território, implementando projetos e tomando iniciativas de descentralização e desconcentração regional. Por outro lado, a organização do território mato-grossense e regional passa pela formação de uma rede ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 102 urbana que articula os diferentes territórios, numa hierarquia de múltiplas funções no espaço. Desta forma, estratégia de desenvolvimento deve incorporar programas e projetos, articulados nos Eixos de Descentralização territorial e estruturação da rede urbana, promovendo a reorganização do território da Região. 1. Programa de desenvolvimento regional e de fortalecimento da rede urbana. Projetos • Criação de regionais político-administrativas do estado • Planejamento da infra-estrutura urbana regional • Asfaltamento das vias públicas dos municípios da região PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE103 MATO GROSSO – MT+20 Região Leste – Barra do Garças Barra do Garças Água Boa Araguaiana Araguainha Campinápolis Canarana Cocalinho General Carneiro Nova Nazaré Nova Xavantina Novo São Joaquim Pontal do Araguaia Ponte Branca Querência Ribeirão Cascalheira Ribeirãozinho Torixoréu 104 1. Apresentação O Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20) desdobra-se em doze planos regionais34 que orientam a implementação das ações estratégicas para integrar o território mato-grossense e promover uma desconcentração da economia e dos indicadores sociais do Estado. Este documento apresenta o Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Leste (Barra do Garças), como uma parte do MT+20 que explicita os projetos prioritários para a região, organizando a formulação da sociedade na estrutura estratégica do MT+20. Desta forma, o plano regional é um detalhamento do MT+20 no território, de acordo com as especificidades locais, seus problemas e suas potencialidades. O Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Leste (Barra do Garças), é o referencial da Região para negociação dos seus projetos e o acompanhamento da implementação do MT+20 no território. Foi elaborado com o envolvimento da sociedade, procurando fazer uma articulação entre a estratégia geral para Mato Grosso e as características de cada região, suas necessidades e suas contribuições para o desenvolvimento conjunto do Estado. Ao mesmo tempo em que formularam propostas para compor o plano de desenvolvimento de Mato Grosso, a estratégia do Estado (MT+20) definia as bases para as prioridades do Estado. A Região de Planejamento polarizada por BARRA DO GARÇAS, conta agora com seu plano de desenvolvimento de longo prazo que deve orientar as ações nos próximos 20 anos, capaz de desenvolver a região e, ao mesmo tempo, intensificar sua interação com as transformações futuras de Mato Grosso. Nesse sentido, deve ao mesmo tempo dar suporte aos propósitos de desenvolvimento do Estado e mediante os impactos gerais na região. 34 Refletindo a divisão do território de Mato Grosso, foram realizados planos regionais para as regiões Noroeste 1 (Juína), Norte (Alta Floresta), Nordeste (Vila Rica), Leste (Barra do Garças), Sudeste (Rondonópolis), Sul (Cuiabá/Várzea Grande), Sudoeste (Cáceres), Oeste (Tangará da Serra), Centro-Oeste (Diamantino), Centro (Sorriso), Noroeste 2 (Juara), e Centro-Norte (Sinop). 105 2. Estratégia De Desenvolvimento da Região A Construção do Futuro 2.1. PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL DA REGIÃO Caracterização Geral da Região de Região Leste – Barra do Garças A Região de Planejamento Leste (Barra do Garças) situa-se na parte leste do Estado, como o próprio nome indica, formando grande parte da fronteira de Mato Grosso com o Estado de Goiás. A região é formada por 17 municípios - Água Boa, Araguaiana, Araguainha, Barra do Garças, Campinápolis, Canarana, Cocalinho, General Carneiro, Nova Nazaré, Nova Xavantina, Novo São Joaquim, Pontal do Araguaia, Ponte Branca, Querência, Ribeirão Cascalheira, Ribeirãozinho, e Torixoréu – reunindo uma população de 170 mil habitantes (6,34% da população do Estado) num território de 112,74 mil km2 (12,48% do território de MT); com o terceiro maior número de municípios, depois de Cáceres e de Rondonópolis, Barra do Garças tem a quarta menor densidade demográfica de Mato Grosso, com 1,5 hab/km2. A economia da região de Barra do Garças tem uma forte presença da agropecuária, que representa 42,9% da produção regional, superior aos serviços, com 42,31%, e com limitada atividade industrial, equivalente a apenas 14,82% do PIB regional. A agricultura e a pecuária são a base da economia regional, que conta ainda com atividade mineral e um movimento turístico regional. A agropecuária regional representa cerca de 9,2% da produção agropecuária de Mato Grosso, destacando-se como a terceira maior contribuição para o agronegócio do Estado, superada apenas por Sorriso e Cáceres. A região de Barra do Garças apresenta em 2005 um PIB de R$ 1.880,00 milhões (a preços de 2004), que equivale a 6,5% do produto de Mato Grosso; embora tenha o terceiro produto agropecuário do Estado, Barra do Garças situa-se em sexto lugar no PIB mato-grossense, o que evidencia a concentração na produção agropecuária. O PIB da região está fortemente concentrado no município de Barra do Garças, seguido por Canarana, Água Boa e Querência; estes municípios respondem por quase 60% da produção regional35; o restante dos municípios da região tem uma contribuição limitada para a produção econômica regional, como mostra o gráfico a seguir. 35 Os dados de PIB (e do PIB per capita) municipal são de 2004. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO LESTE – BARRA DO GARÇAS 106 Gráfico 10 - PIB dos Municípios da Região (mil de R$, 2004) 400.000 350.000 300.000 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 B ar ra do G ar ç C as an ar an a Á gu a B o Q ue a N ov rê o nc Sã ia o Jo N a ov qu a Xa im G va en nt er in al a C ar ne ir R C ib oc o ei a rã lin o ho C as ca l C am h e i pi ra ná po A lis ra gu ai an a To Po rix nt or al éu do A ra R i b gu a ei rã ia oz in N ov ho a Na Po za ré nt e B ra nc A a ra gu ai nh a 0 Fonte: IBGE, 2006 – PIB municipais (ano base 2004) No período 2000/2004, a economia de Barra do Garças registrou uma taxa média de crescimento de 21,2% ao ano, um pouco acima do dinamismo do Estado, estimado em 20,1% no período. Neste período, a população regional também cresceu num ritmo inferior à expansão demográfico do conjunto de Mato Grosso, com 0,73% (no período 2000/2004) contra 2,1% ocorrido no Estado. O crescimento econômico da região, nas últimas décadas, tem sido facilitado pela sua posição geográfica e pela malha viária que corta o seu território, particularmente as BRs 158 e 070 que integram com o resto do Estado e com o resto do país; além da ligação com Brasília, o sistema viário articula a região com o oeste passando por Cuiabá e Cáceres. Embora seja a sexta economia de Mato Grosso, a região de Barra do Garças assume a sexta posição no PIB per capita do Estado com cerca de R$ 10.620,00, muito próximo da média estadual. Como a população da região tende a se concentrar nos municípios com maior base econômica, a distribuição do PIB per capita entre os municípios é bem diferente da base econômica; de tal modo que o município de Barra do Garças, principal base econômica regional, aparece na décima posição do PIB per ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 107 capita com quase a metade do registrado pelo líder regional, o pequeno município de Novo São Joaquim. O IDH-Índice de Desenvolvimento Humano tem uma distribuição relativamente equilibrada na região, sendo que o município de Barra do Garças volta a recuperar a liderança, juntamente com Pontal do Araguaia com índice muito próximo. Dos municípios da região, 14 têm um IDH acima de 0,700 e acima de 0,800, enquanto os três restantes – Campinápolis, General Carneiro, e Ribeirão Cascalheira - têm índice baixo e inferior a 0,700; o IDH mais baixo é precisamente de Campinápolis, com 0,693. A expansão da agropecuária na região tem provocado alteração antrópica no meio ambiente predominantemente savânico, ainda com intensidade e amplitude diferenciadas no território. Analisando as Unidades Socioeconômicoe ecológicas em que foi dividida a região36, constata-se que em apenas duas o ambiente está pouco alterado e, portanto, qualidade ambiental média ou alta. Todas as outras unidades apresentam, pelo menos, moderada alteração do meio ambiente, sendo que a unidade do Planalto de Barra do Garças foi classificada com alta antropização, com elevada predisposição à erosão e evidências de processos emergentes. Também a unidade de Cocalinho tem o ambiente de savana muito alterado; Rampa da Cascalheira, Norte de Cacarana, e Depressão de Campinápolis apresentam moderada alteração do ambiente. Apesar das alterações no ambiente natural, a região de Barra do Garças ainda tem um grande potencial de recursos naturais, incluída a biodiversidade para produção de produtos bióticos. Com mineração já implantada, responsável por parte da alteração antrópica, a região tem ainda grande potencial de exploração sustentável dos recursos minerais. O turismo de natureza também é uma atividade consolidada, mas com grande possibilidade de expansão, além do potencial pesqueiro da região, particularmente nas unidades do Pantanal médio superior e de Cocalinho. Para assegurar a conservação ambiental da região, controlando e moderando os impactos ambientais, o ZSEE - Zoneamento Socioeconômico e Ecológico definiu usos alternativos do território regional segundo as categorias centrais, estabelecendo os limites da ocupação econômica regional. 36 O Zoneamento Socioeconômico e Ecológico dividiu a região em doze USEEs, a saber: Barra do Garças são Querência, Ribeirão Cascalheira, Rampa de Cascalheira, Pantanal Médio Superior, Cocalinho, Norte de Canarana, Canarana, Barra do Garças, Sul de Areões, Depressão Campinápolis, e Serra Azul. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO LESTE – BARRA DO GARÇAS 108 Mapa 8 - Usos Alternativos das Unidades Socioeconômico Ecológicas da Região de Barra do Garças Fonte: ZSEE 2.2. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A REGIÃO – AONDE QUEREMOS CHEGAR O desenvolvimento da região de Barra do Garças nas próximas duas décadas será definido pelo cenário de referência que se viabiliza com a implementação do Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20). Confirmado o desempenho futuro desenhado pelo cenário, a região de planejamento Leste (Barra do Garças) entra num ciclo de crescimento econômico alto, acima da média prevista para o Estado, acompanhado da consolidação da agropecuária com diversificação e adensamento das cadeias produtivas, ampliação da pesca e, principalmente do turismo, além da exploração sustentada dos recursos minerais. O desempenho econômico será estimulado pela ampliação do bom sistema viário regional, complementado com a construção do trecho da Ferrovia Ferronorte ligando Alto Araguaia a Cuiabá; integrando com a hidrovia Araguaia e BRs 070 e 158 asfaltada, e com o asfaltamento da MT 100 nos sentidos Sul até a BR 364 próximo a Alto Araguaia, e no sentido Norte até Cocalinho no Estado de Goiás. Embora tenha ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 109 cerca de 1/3 do território destinado pelo ZSEE a uso restrito e várias áreas indígenas, a região de Barra do Garças conta com pouco mais da metade do espaço para usos a consolidar e a readequação da estrutura produtiva, compatível com o adensamento das cadeias produtivas e novas atividades econômicas, como o turismo e a pesca. Desta forma, Barra do Garças deve registrar uma taxa média de crescimento de, aproximadamente, 9,3% ao ano, consolidando o agronegócio mas, principalmente, agregando valor aos produtos primários com a instalação de unidades industriais ao longo das cadeias produtivas de carne, grãos, couro e madeira. Em 2026, a região terá um PIB de R$ 12.190,00 milhões, mantendo a sua participação na economia mato-grossense; a forte evolução da economia da região nos próximos vinte anos pode ser observada no movimento do gráfico a seguir. Gráfico 11 - Evolução do PIB da Região e da Participação no PIB de MT 6,60% 14.000,00 12.000,00 6,55% 10.000,00 8.000,00 6,50% 6.000,00 4.000,00 6,45% 2.000,00 - 6,40% 2005 2010 Participação no PIB de MT 2015 2020 2026 PIB em mi R$, 2004 Fonte: Multivisão Por outro lado, mesmo com ampliação da população pelo efeito das migrações para as áreas dinâmicas, crescimento médio de 1,9% ao ano (acima do esperado para Mato Grosso), o PIB per capita regional deve crescer de forma significativa nos próximos 20 anos, chegando a 2026 com cerca de R$ 44 mil, mais de quatro vezes superior ao atual. Mesmo assim, em termos comparativos, a região, mantém o seu PIB PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO LESTE – BARRA DO GARÇAS 110 per capita muito próximo da média do Estado,permanecendo como o sexto PIB per capita do Estado. 2.3. O QUE PODE AJUDAR OU ATRAPALHAR O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE BARRA DO GARÇAS Vantagens Competitivas/Potencialidades O desenvolvimento da região será bastante determinado por sua capacidade de atrair e reter investimentos, de modo a aproveitar as oportunidades criadas no ambiente externo, sobretudo o estadual, mediante a mobilização de suas vantagens competitivas37. Portanto, identificar de forma correta as potencialidades ou vantagens competitivas da região é o primeiro grande passo para a definição de uma estratégia capaz de produzir o desenvolvimento regional esperado. Assim, para a região polarizada por BARRA DO GARÇAS foram identificadas as seguintes vantagens/potencialidades: 1. Base para a exploração do turismo ecológico38 2. Terras produtivas e extensas, clima, quantidade e qualidade de água e solos favoráveis ao desenvolvimento da agropecuária 3. Base para o adensamento da cadeia da pecuária de corte ou de leite, com boa estrutura de frigoríficos e laticínios na medida em que a região apresenta uma estruturada de produção de porte suficiente para sustentar um processo de adensamento da cadeia de valor. 4. Viabilidade de lavouras de ciclo anual e perenes 5. Ampla oferta de mão-de-obra qualificada e jovem 6. Boa estrutura de oferta de cursos superiores e de qualificação profissional 7. Boa organização e participação social39 8. Base de produção agropecuária para a diversificação e ampliação da estrutura de produção industrial 9. Ampla agenda de eventos locais que divulgam a região e seus produtos 10. Disponibilidade de logística de armazenagem para os grãos 37 Estas vantagens ou potencialidades são entendidas como as características internas diferenciadas da região que podem constituir base para o seu desenvolvimento, se devidamente exploradas. 38 Especialmente nas modalidades aventura e pesca esportiva, aproveitando ampla rede hidrográfica da região, as belas cachoeiras, praias pluviais, águas termais e pantanal, já existindo um esforço para implantação de uma infraestrutura de apoio ao turismo receptivo. 39 Compreendendo entidades e clubes de serviço como o Rotary e o Lions, CTG, sindicatos, associações de moradores, dentre outras, além de grande capacidade associativa, sociedade mobilizada para ações comunitárias e execução de atividades integradas pelas entidades atuantes, com Universidade envolvida com a comunidade. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 111 11. Base para a indústria de artesanatos com uma ampla diversidade de material oriundo da floresta (matéria prima natural) para a produção em escala de artesanatos com a marca Amazônia visando aos mercados dos grandes centros urbanos nacionais e externos. 12. Boa oferta de serviços modernos urbanos com disponibilidade de agências bancárias e cooperativas 13. Expansão de cooperativas de crédito 14. Bases para exploração da biodiversidade, dispondo de ampla e rica biodiversidade que se constitui em oportunidade para o desenvolvimento dos segmentos produtivos nas áreas alimentícias, fármacos e cosméticos. 15. Base para o desenvolvimento de APL40, 16. Infra-estrutura de serviços urbanos de média para boa, apesar de espacialmente muito desigual, a favor de Barra do Garças, que supre a insuficiência desses serviços em outros municípios e mesmo outras regiões, o que resulta no fortalecimento dos fluxos comerciais e de pessoas, e na elevação do valor agregado desse setor da economia 17. Localização estratégica no Vale do Araguaia com vocação tipicamente comercial com fortes vínculos com os mercados regional e nacional, revelando grande potencial para sediar o serviço de logística para as demais USEE e estados fronteiriços (Mato Grosso do Sul, Pará, Goiás e Tocantins) Problemas e Estrangulamentos De outro lado, a capacidade de atrair, ou mesmo reter investimentos, para a região será bastante dificultada pela presença de problemas e estrangulamentos que colocam a região em situação de desvantagem em relação a outros territórios nacionais, inibindo os investimentos e atrasando o seu desenvolvimento41. Foram destacados para a região os seguintes problemas e estrangulamentos. 1. Degradação ambiental decorrente do desmatamento intenso, da poluição, do lixo urbano e das queimadas 2. Distância dos grandes centros consumidores onerando os custos de escoamento da produção 3. Baixa exploração do potencial turístico em razão de condições precárias da infra-estrutura de serviços urbanos (na maioria dos municípios) e não divulgação dos produtos turísticos e da falta de uma política especifica para o setor 40 A região conta com dezenas de pequenos produtores representando um potencial importante para o desenvolvimento dos arranjos de piscicultura, peixes ornamentais, apicultura, fruticultura tropical etc. 41 Os problemas e estrangulamentos são as condições ou situações internas à região que são indesejadas e atrapalham ou impedem o desenvolvimento da região se não forem devidamente equacionadas e alteradas. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO LESTE – BARRA DO GARÇAS 112 4. Desemprego estrutural e falta de oportunidades para os profissionais locais provocando uma evasão de talentos 5. Baixa escolaridade e mão-de-obra desqualificada 6. Frágil representação política regional 7. Baixo dinamismo institucional por falta de visão e preparo dos administradores 8. Quadro social urbano de dificuldades com insegurança, discriminação racial, baixos indicadores sociais, deficiência na saúde (infra-estrutura médica hospitalar deficiente), educação e lazer, deficiência das políticas voltadas ao social, e saneamento básico incipiente 9. Baixos indicadores sociais e de desenvolvimento humano, tendo os mais baixos níveis baixos de escolaridade e de qualificação da mão de obra, e altas taxas de mortalidade infantil e materna, formando um quadro de redução dos recursos para investimentos públicos e de aversão aos investidores privados 10. Empresários despreparados e não comprometidos com a região, praticando um capitalismo predatório com falta de visão empresarial 11. Baixa agregação de valor aos produtos da região com cadeias produtivas incompletas que não agregam valor à produção 12. Dificuldades de acesso ás linhas de financiamento (burocracia no acesso ao crédito) predominando financiamento restrito a poucos, e falta de incentivos fiscais, com os recursos inacessíveis aos que realmente necessitam (falta de recursos nas linhas de crédito com maior carência, juros mais baixos e acesso facilitado) 13. Baixo nível de diversificação da estrutura produtiva, sobretudo industrial com falta de empresas nos novos segmentos produtivos 14. Baixo nível de pesquisa e assistência técnica para a produção local com limitação de apoio ao pequeno produtor rural 15. Precária infra-estrutura de transportes, logística, energia e comunicações, para a maioria dos municípios, deixando os municípios isolados, especialmente falta de telecomunicações e de vias eficientes de transporte (como hidrovias), estradas precárias (como as BR 158 e BR 070 e a MT 070) e mal conservadas, pouco pavimentadas e com pontes deformadas 16. Pobreza e desigualdade intra-regional que sinaliza para a profundidade e a dimensão do desequilíbrio intra-regional, sugerindo acentuada e desigual oferta de serviços públicos sociais: habitação; transporte, saneamento básico, educação, saúde, cultura, etc., e flagrante diferença de qualidade de vida para significativa parcela dos habitantes da região42 17. Baixa capacidade de investimento do setor público local com os municípios dependendo, em sua totalidade, das transferências compulsórias e voluntárias (estadual e federal) para cobertura das despesas de custeio, com o que ficam 42 Essa desigualdade se manifesta no IDH dos municípios, apresentando, de um lado, Campinápolis com o menor (0,673) ocupando a 5ª. pior posição no ranking dos 141 municípios estaduais, e de outro Barra do Garças com índice 0,791, ocupando a 13ª. melhor posição do ranking estadual. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 113 inviabilizados investimentos sociais e de infra-estrutura e prestação de serviços sociais mínimos 18. Descapitalização dos empresários em face da crise por que passa o setor do agronegócio no Estado 19. Baixa capacidade de consumo do mercado em razão dos baixos níveis de renda e emprego que leva a região a não ter um mercado interno de porte suficiente para atrair novas atividades produtivas voltadas ao abastecimento do mercado interno Oportunidades do Ambiente Externo O desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência cria uma série de oportunidades de negócios que podem ser capitalizadas pela região desde que a mesma tenha capacidade para tal. Estas condições futuras externas “favoráveis” à Região abrem perspectivas que orientam a definição da estratégia de desenvolvimento. Foram identificadas as seguintes oportunidades externas à Região: 1. Redução de barreiras alfandegárias para produtos agropecuários 2. Formação da ALCA com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 3. Consolidação do Mercosul com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 4. Ampliação da demanda mundial de alimentos 5. Crescimento da demanda mundial e nacional por produtos orgânicos 6. Crescimento da demanda de água e recursos naturais com forte aumento da demanda de hidroeletricidade no Brasil 7. Aumento da demanda de energia renovável, incluídas biomassa e biocombustível com mudança da matriz energética 8. Ampliação de mercado de crédito de carbono 9. Crescimento da demanda de produtos da biotecnologia e biodiversidade 10. Expansão do fluxo turístico mundial com destaque para o ecoturismo 11. Integração da infra-estrutura da América do Sul, incluída a Saída para o Pacífico 12. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento público nacional 13. Formação de ambiente microeconômico favorável ao investimento produtivo nacional (lei de regulamentação do setor de saneamento, por exemplo) 14. Implementação de mecanismos de indução da desconcentração regional 15. Expansão da capacidade de consumo do mercado interno nacional PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO LESTE – BARRA DO GARÇAS 114 16. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento do setor privado Ameaças do Ambiente Externo De modo similar, o desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência traz consigo muitas ameaças que podem prejudicar o desenvolvimento da região, caso ela não tenha capacidade adequada de defesa. Essas situações externas “desfavoráveis” quando corretamente identificadas fornecem, por seu turno, uma orientação importante para a definição da estratégia de desenvolvimento. Assim, foram identificadas as seguintes ameaças externas à região: 1. Controle monopolístico das tecnologias pelas multinacionais 2. Manifestação de mudanças climáticas globais 3. Intensificação da concorrência mundial com base em novas tecnológicas 4. Recorrência e ampliação de epidemias e endemias em vegetais e animais 5. Ampliação de barreiras comerciais não tarifárias, com alta exigência de qualidade e de controle 6. Risco de queda das demandas de matérias primas, insumos e alimentos em razão de eventuais quedas no crescimento econômico 7. Instabilidade dos preços internacionais de produtos naturais e alimentícios 8. Ampliação da biopirataria com a retirada de amostras da biodiversidade 9. Intensificação da concorrência de países do MERCOSUL no agronegócio 10. Expansão do narcotráfico nas regiões de fronteira do Brasil 11. Instabilidade política em países vizinhos, especialmente Bolívia 115 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento Região de Barra do Garças Nos próximos vinte anos a Região de Barra do Garças deve experimentar um grande dinamismo econômico e social, refletindo e amplificando as condições muito favoráveis do contexto externo, em especial o Estadual, palco de maciços investimentos estruturadores nas áreas de transportes, energia, logística educação e inovação tecnológica. As próximas duas décadas serão de grandes transformações estruturais na Região cujos reflexos se farão sentir em termos de geração de oportunidades de emprego e negócios e na melhoria da qualidade de vida. As condições relativamente vantajosas da infra-estrutura econômica regional serão ampliadas com a construção de um sistema bem articulado de transportes e logística, com boa integração dos diversos modais, capaz de escoar a produção da região a custos muito competitivos; os destaques no esforço de ampliação do atual sistema viário regional será o asfaltamento da MT 100, uma vez que a mesma integra a Região, ao sul, a dois eixos estratégicos de acesso aos principais portos e mercados nacionais, a BR 364 e a Ferronorte, ambos na cidade de Alto Araguaia; ao norte a integração será com o mercado do estado de Goiás com o asfaltamento da MT 100 no trecho Barra do Graças a Cocalinho (GO). De outro lado, a estrutura de produção deverá passar por mudanças importantes com a entrada de unidades industriais de processamento da produção agropecuária e fornecimento de insumos à montante das cadeias de grãos, carne e madeira; pequenos produtores devem se organizar em arranjos produtivos locais ampliando a capacidade competitiva em segmentos como apicultura, piscicultura, madeira, fruticultura e móveis. A região deve também atrair investimentos para fornecimento de serviços ambientais para reflorestamentos e recuperação de áreas degradadas e tratamento de lixo urbano, ambos voltados ao comércio de créditos de carbono; o setor de Serviços, por seu turno, deve experimentar uma ampliação e diversificação dos segmentos de prestação de serviços modernos como saúde, educação e serviços bancários e de intermediação financeira, sobretudo em Barra do Garças; mas, o destaque será a expansão do ecoturismo, nas modalidades aventura e pesca esportiva, em base aos investimentos em infraestrutura econômica e social ampliando as condições de acesso, de recepção e sanitárias da região. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 116 Mapa 9 - Mapa Ilustrativo da Mudança na Estrutura Produtiva da Região de Barra do Garças (Situação Atual e Futura) Fonte: Multivisão As mudanças e transformações estruturais serão frutos da implementação da estratégia de desenvolvimento da Região, formulada a partir de intensas discussões com representantes da sociedade regional, confrontando as condições internas – potencialidades e estrangulamentos – com os processos e tendências externas – oportunidades e ameaças. As propostas de ação definidas nas discussões foram organizadas e sistematizadas em eixos estratégicos, compondo programas e projetos de importância para a Região. Os projetos destacados estão apresentados a seguir segundo a mesma estrutura definida para o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso.43. 43 Os eixos e os programas são os mesmos do MT+20, diferenciando-se os projetos específicos para a Região. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO LESTE – BARRA DO GARÇAS 117 3.1. EIXOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO Eixo 1 – Uso sustentável dos recursos naturais O eixo estratégico de Uso Sustentável dos Recursos Naturais articula o conjunto das ações que podem reduzir as pressões antrópicas da expansão da economia, contribuindo para a conservação do meio ambiente e reorientando o modelo de aproveitamento das riquezas naturais na região de planejamento de Barra do Garças. O eixo desdobra-se em programas e projetos, como apresentado abaixo: 1. Programa de fortalecimento do sistema de gestão ambiental. Projetos • Intensificação da fiscalização do meio ambiente com atenção especial para a conservação da biodiversidade • Integração institucional de gestão ambiental nas esferas federal, estadual e municipal • Fortalecimento da fiscalização contra a biopirataria nas reservas ambientais e territórios indígenas • Criação, implantação e manutenção de unidades de conservação 2. Programa de promoção do uso sustentável dos recursos naturais. Projetos 3. • Desenvolvimento de práticas agrícolas sustentáveis • Promoção da educação ambiental • Ordenamento do uso produtivo das terras da região Programa de hidrográficas. recuperação, preservação e manejo das bacias Projetos • Fiscalização do uso adequado da água • Reutilização de recursos hídricos (reciclagem) • Recuperação das nascentes e das matas ciliares degradadas • Criação de um consórcio Público-Privado, voltado principalmente para preservação da bacia do rio Araguaia • Controle das erosões ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 118 4. Programa de reflorestamento de áreas degradadas. Projetos • Reflorestamento de áreas degradadas com espécies nativas aproveitando crédito de carbono (pequenos e médios projetos) • Aproveitamento de áreas abandonadas ou subutilizadas para incorporar à produção Eixo 2 - Conhecimento e inovação tecnológica Educação e inovação tecnológica são dois fatores centrais do desenvolvimento e da competitividade sistêmica de um território, contribuindo para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. A educação, além de ser pré-requisito para a ciência e tecnologia, constitui também um elemento decisivo para ampliar e democratizar as oportunidades da sociedade, na medida em que prepara o cidadão para a vida e para o mercado de trabalho, principalmente quando associada à capacitação profissional. Desta forma, o eixo estratégico de Conhecimento e Inovação é parte central da estratégia de desenvolvimento de Mato Grosso e, particularmente de Barra do Garças, expressando-se através dos programas apresentados a seguir: 1. Programa de ampliação da capacidade de pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico. Projetos • Fortalecimento do sistema de pesquisa tecnológica na região • Desenvolvimento de pesquisas para recuperação de áreas degradadas, biotecnologia (aproveitamento da biodiversidade) e produção de espécies nativas 2. Programa de inovação e difusão de tecnologias para as cadeias produtivas. Projetos • Ampliação do sistema de pesquisa e assistência técnica regional • Desenvolvimento e difusão de pesquisas da biotecnologia ligada à pecuária • Implementação de pesquisas integradas para o desenvolvimento local • Divulgação dos resultados das pesquisas e dos projetos de extensão das universidades • Difusão de novas tecnologias para melhorar a qualidade e a produtividade da pecuária e da produção de grãos, com destaque de tecnologias limpas PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO LESTE – BARRA DO GARÇAS • Implementação de um sistema de informação agrometeorológica • Desenvolvimento de tecnologias para industrialização de produtos regionais 119 3. Programa de certificação de produtos e processos e registro de patentes. Projetos • Patenteamento de marcas de produtos nativos • Certificação de produtos agropecuários 4. Programa de melhoria da qualidade do ensino básico. Projetos • Criação de ensino à distância para os demais municípios • Implantação de rede de creches • Melhoria da qualidade das escolas da região incluída introdução de recursos tecnológicos • Criação de pólo educacional para a região do Araguaia • Valorização dos profissionais da educação • Investimento na educação básica indígena 5. Programa de ampliação da educação profissional e tecnológica. Projetos • Promoção da qualificação profissional da mão-de-obra regional com introdução de novas tecnologias • Ampliação da rede de ensino profissionalizante • Melhoria dos recursos tecnológicos na qualificação profissional • Investimento na escola agrícola para atendimento nas cidades pólos 6. Programa de consolidação, expansão e democratização do ensino superior. Projetos • Melhoria da estrutura das universidades públicas • Criação da Universidade Federal do Araguaia • Despolarização da oferta de cursos superiores ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 120 Eixo 3 – Infra-estrutura econômica e logística A Região de Planejamento apresenta alguns estrangulamentos na infra-estrutura econômica, particularmente nos transporte para sua integração econômica e para escoamento da produção estadual para o mercado nacional e mundial. A economia regional têm apresentado grande competitividade internacional apesar dos estrangulamentos nos transporte e na logística, que elevam o custo de produto no mercado e o tempo de entrega dos produtos. No futuro, a região pode ter sua competitividade comprometida se não tomar providências para ampliação e recuperação da infra-estrutura econômica e da logística. O eixo estratégico de desenvolvimento (Eixo 3) procura responder diretamente a estes estrangulamentos, melhorando o desempenho atual e preparando Mato Grosso e a Região de Barra do Garças para os desafios do futuro. 1. Programa de recuperação e ampliação do sistema de transporte rodoviário. Projetos • Recuperação e ampliação da rede de estradas de interligação dos municípios da Região • Asfaltamento da MT 100 no sentido sul até a BR 364 na cidade de Alto Araguaia • Asfaltamento da MT 100 no sentido Norte até a cidade de Cocalinho em Goiás • Construção do anel viário de Barra do Garças 2. Programa de recuperação e ampliação do sistema multimodal de transporte. Projetos • Ampliação e recuperação do sistema hidroviário da região • Ampliação e recuperação do sistema de portos e aeroportos da região • Construção de aeroporto de padrão internacional PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO LESTE – BARRA DO GARÇAS 121 3. Programa de ampliação da estrutura logística. Projetos • Ampliação da capacidade de armazenamento para pequenos e médios produtores • Ampliação da logística de distribuição de grãos e produtos • Recuperação das unidades de armazenagem da EMPAER / CASEMAT 4. Programa de expansão do sistema de oferta de energia elétrica (geração, transmissão e distribuição). Projetos • Construção de pequenas centrais hidrelétricas • Construção de rede de transmissão de energia de Querência - Vila Rica • Ampliação do sistema de eletrificação rural 5. Programa de diversificação da matriz energética. Projetos • Instalação de rede de biodigestores na região para aproveitamento da combustão do lixo urbano • Aproveitamento da biomassa da região para produção de energia, sobretudo no meio rural • Instalação de plantas de produção de biodíesel 6. Programa de ampliação do sistema de comunicação. Projetos • Massificação do acesso da população e das instituições à internet • Universalização do acesso à telefonia fixa. Eixo 4 - Diversificação e adensamento das cadeias produtivas A agropecuária é a base do dinamismo da economia da Região de Planejamento de Barra do Garças, concentrando a produção e as exportações em produtos de baixo valor agregado. Esta característica da economia regional diminui o impacto econômico e social das exportações e torna o território, como de resto, o Estado de Mato Grosso, vulnerável a flutuações internacionais de demanda e preços das commodities. Diante disso, o plano estratégico deve promover a diversificação da estrutura produtiva e a agregação de valor dos produtos do agronegócio. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 1. Programa de fortalecimento extrativismo e silvicultura. e diversificação da 122 agropecuária, Projetos • Recuperação das pastagens da região • Aumento do melhoramento genético do rebanho • Melhoria da qualidade da produção agrícola • Melhoria do sistema de controle sanitário e defesa animal e vegetal • Implantação de sistema de estocagem de produtos • Fomento à produção de orgânicos e nativos • Diversificação agrícola com a promoção da piscicultura, da ovinocultura, da avicultura, da apicultura, da olericultura, e da fruticultura • Aproveitamento de áreas degradadas através da agricultura • Apoio à horticultura regional e local 2. Programa de reestruturação fundiária e desenvolvimento da agricultura familiar. Projetos • Fortalecimento dos assentamentos de reforma agrária • Fortalecimento da agricultura familiar e da pequena agroindústria 3. Programa de adensamento das cadeias produtivas. Projetos • Implantação de agroindústrias de derivados de carne • Industrialização de processamento do couro • Instalação de indústrias de processamento de grãos e produção de alimentos • Criação de agroindústrias de derivados do leite • Industrialização do manancial de água potável local PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO LESTE – BARRA DO GARÇAS 123 4. Programa de diversificação da estrutura produtiva regional. Projetos • Aproveitamento sustentável da biodiversidade para produtos bioindústriais • Desenvolvimento do artesanato • Promoção da produção de biodíesel (girassol e soja) • Industrialização do manancial de água potável local • Criação de um parque de Informática regional 5. Programa de desenvolvimento do turismo. Projetos • Capacitação de recursos humanos para o turismo, incluídaformação de guias turísticos (língua estrangeira, espanhol) • Ordenamento jurídico e controle sobre as áreas de interesse turístico • Organização de calendário de eventos turísticos • Preservação dos espaços com potencial turístico com base em estudos da capacidade suporte (proteção ambiental das rotas turísticas) • Recuperação de áreas estratégicas para turismo • Criação de produtos turísticos com credenciamento na EMBRATUR • Criação do turismo de agronegócios valorizando culinária regional • Criação da infra-estrutura adequada para o turismo • Criação de rota turística regional • Criação de centro de eventos de porte regional 6. Programa de fortalecimento dos arranjos produtivos locais. Projetos • Capacitação da mão-de-obra dos arranjos produtivos locais • Assistência aos APLs para a melhoria da qualidade e aumento da produtividade Eixo 5 - Qualidade de vida, cidadania, cultura e segurança O desenvolvimento sustentável tem como objetivo central a melhoria da qualidade de vida da população expressa no acesso aos bens e serviços públicos, na segurança pública e paz social, na cidadania e no desenvolvimento cultural. Para alcançar este ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 124 objetivo, o Estado de Mato Grosso e, particularmente a Região de Planejamento de Barra do Garças, ainda tem que melhorar muito as condições de vida da população, realizando iniciativas e investimentos nos diferentes segmentos sociais que se beneficiam também dos resultados alcançados nos outros eixos estratégicos de desenvolvimento, particularmente no que trata de educação e do crescimento da economia, gerando oportunidades de emprego. De qualquer forma, a estratégia de desenvolvimento regional implementa um eixo estratégico diretamente nos segmentos sociais que elevam a qualidade de vida da população. 1. Programa de fomento à geração de emprego e renda. Projetos • Promoção do empreendedorismo • Qualificação para o artesanato nas escolas • Capacitação dos empresários para negócios 2. Programa de cidadania e respeito aos direitos humanos. Projetos • Desenvolvimento de ações educativas para fortalecer a cidadania • Formação de lideranças para a participação • Criação de centros integrados de atendimento ao cidadão e de assistência social • Sensibilização das empresas para a responsabilidade social • Utilização dos espaços escolares para a inclusão social 3. Programa de promoção da cultura, esportes e lazer. Projetos • Criação de espaços de esporte cultura e lazer • Aproveitamento e valorização da diversidade cultural e da história local • Realização de feiras culturais • Criação de calendário cultural regional • Fortalecimento de grupos e manifestações culturais regionais • Incentivo ao esporte amador PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO LESTE – BARRA DO GARÇAS 125 4. Programa de saneamento e habitação. Projetos • Coleta seletiva e reciclagem de lixo nos municípios • Destinação de resíduos sólidos utilizando crédito de carbono • Ampliação do saneamento básico 5. Programa de estruturação e implementação de um sistema integrado de redução da criminalidade. Projetos • Construção de centro de detenção regional • Formação de pessoal qualificado para apoio ao combate á criminalidade 6. Programa de saúde. Projetos • Ampliação da cobertura do Programa de Saúde da Família • Melhoria da qualidade do atendimento do sistema de saúde • Estruturação dos pólos e da rede de saúde regional • Melhoria do atendimento do Programa de Saúde da Família na região 7. Programa de proteção, respeito e apoio às nações indígenas. Projetos • Valorização da cultura indígena como parte da diversidade cultural da região • Aceleração do processo de demarcação das reservas ambientais e terras indígenas Eixo 6 - Governabilidade e Gestão Pública A análise das políticas públicas brasileiras – válidas também para Mato Grosso costuma destacar como um dos seus grandes problemas a baixa eficiência e eficácia das ações e dos investimentos, gerando enorme desperdício de recursos e limitada implementação dos projetos. Por outro lado, apesar dos avanços recentes e de muito propalada, a participação da sociedade ainda é muito restrita, o que termina reduzindo o impacto e a efetividade das políticas públicas. O desenvolvimento sustentável de Mato Grosso e da Região de Planejamento de Barra do Garças depende da capacidade dos governos (estadual e municipais) representarem as aspirações da ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 126 sociedade e da qualidade gerencial que assegure a implementação das ações com os menores custos e a maior eficácia. O eixo Governabilidade e Gestão Pública articula as ações que procuram enfrentar os problemas de gestão pública no Estado e na Região, ampliando a eficiência, a eficácia e efetividade de todos os programas e projetos previstos pelo plano. 1. Programa de modernização da estrutura e métodos da administração pública regional. Projetos • Capacitação dos servidores públicos da região • Ampliação do acesso aos serviços públicos via on line • Promoção e reafirmação da ética como valor no serviço público 2. Programa de democratização, descentralização e transparência da gestão pública. Projetos • Participação da sociedade na gestão pública através de audiências regulares • Transparência da gestão pública utilizando internet como meio de divulgação • Fortalecimento do sistema estadual de regulação, monitoramento e fiscalização da região • Fomento à elaboração e implementação de planos diretores com base no estatuto das cidades para ordenamento da ocupação e uso do solo urbano PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE127 MATO GROSSO – MT+20 Região Sudeste – Rondonópolis Rondonópolis Alto Araguaia Alto Garças Alto Taquari Campo Verde Dom Aquino Gaúcha do Norte Guiratinga Itiquira Jaciara Juscimeira Paranatinga Pedra Preta Poxoréu Primavera do Leste Santo Antonio do Leste São José do Povo São Pedro da Cipa 128 1. Apresentação O Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20) desdobra-se em doze planos regionais44 que orientam a implementação das ações estratégicas para integrar o território mato-grossense e promover uma desconcentração da economia e dos indicadores sociais do Estado. Este documento apresenta o Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Sudeste - RONDONÓPOLIS, como uma parte do MT+20 que explicita os projetos prioritários para a região, organizando a formulação da sociedade na estrutura estratégica do MT+20. Desta forma, o plano regional é um detalhamento do MT+20 no território, de acordo com as especificidades locais, seus problemas e suas potencialidades. O Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Sudeste (RONDONÓPOLIS), é o referencial da Região para negociação dos seus projetos e o acompanhamento da implementação do MT+20 no território. Foi elaborado com o envolvimento da sociedade, procurando fazer uma articulação entre a estratégia geral para Mato Grosso e as características de cada região, suas necessidades e suas contribuições para o desenvolvimento conjunto do Estado. Ao mesmo tempo em que formularam propostas para compor o plano de desenvolvimento de Mato Grosso, a estratégia do Estado (MT+20) definia as bases para as prioridades do Estado. A Região de Planejamento polarizada por RONDONÓPOLIS, conta agora com seu plano de desenvolvimento de longo prazo que deve orientar as ações nos próximos 20 anos, capaz de desenvolver a região e, ao mesmo tempo, intensificar sua interação com as transformações futuras de Mato Grosso. Nesse sentido, deve ao mesmo tempo dar suporte aos propósitos de desenvolvimento do Estado e mediante os impactos gerais na região. 44 Refletindo a divisão do território de Mato Grosso, foram realizados planos regionais para as regiões Noroeste 1 (Juína), Norte (Alta Floresta), Nordeste (Vila Rica), Leste (Barra do Garças), Sudeste (Rondonópolis), Sul (Cuiabá/Várzea Grande), Sudoeste (Cáceres), Oeste (Tangará da Serra), Centro-Oeste (Diamantino), Centro (Sorriso), Noroeste 2 (Juara), e Centro-Norte (Sinop). 129 2. Estratégia De Desenvolvimento da Região A Construção do Futuro 2.1. PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL DA REGIÃO Caracterização Geral da Região de Região Sudeste - Rondonópolis A Região de Planejamento Sudeste, polarizada pelo município de Rondonópolis, é a segunda maior do Estado em termos econômicos e demográficos, tendo também a segunda maior densidade demográfica e o segundo maior número de municípios (19). Os municípios que compõem a região são Alto Araguaia, Alto Garças, Alto Taquari, Campo Verde, Dom Aquino, Gaúcha do Norte, Guiratinga, Itiquira, Jaciara, Juscimeira, Paranatinga, Pedra Preta, Poxoréu, Primavera do Leste, Rondonópolis, Santo Antonio do Leste, São José do Povo, São Pedro da Cipa e Tesouro. A região tem uma área total de 106 mil km2, correspondentes a 11,8% do território do Estado, onde vive uma população de 400 mil habitantes, cerca de 14,36% da população mato-grossense, resultando numa densidade demográfica de 3,6 hab/km2 (pouco acima da média estadual estimada em 2,96 hab/km2). A agropecuária constitui uma base importante da economia regional, responsável por 34,5% do produto total da Região e contribuindo com 23% da toda produção agropecuária mato-grossense. Pecuária e agricultura moderna de grãos são as principais atividades econômicas da região; em todo caso, a região é também um pólo industrial e um centro de serviços do Estado, atividades concentradas no município sede, Rondonópolis. A produção industrial da Região é a segunda do Estado, ficando atrás apenas da Região Cuiabá/Várzea Grande; por outro lado, a cidade-pólo da região, Rondonópolis, é um importante centro de logística e distribuição de Mato Grosso que conta com estradas com boa capacidade de tráfego para escoamento da produção e intercâmbio com os demais municípios da região e do Estado; sua localização estratégica constitui uma vantagem competitiva importante. Com a segunda maior economia de Mato Grosso, a região de Rondonópolis tem um PIB estimado em R$ 5,7 bilhões (2005), equivalentes a quase 20% do PIB estadual, abaixo apenas da região de Cuiabá/Várzea Grande (25,9%). A economia regional está fortemente concentrada no município de Rondonópolis que representa cerca de 27% de toda a produção regional; além deste município pólo, destaca-se Primavera do Leste, com pouco mais de 13% do PIB regional, Campo Verde com 11,5%, e Itiquira com pouco mais de 7%. O restante dos municípios da região tem uma contribuição em torno ou abaixo de 5%,como mostra o próximo gráfico. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDESTE – RONDONÓPOLIS 130 Gráfico 12 - PIB dos Municípios da Região (mil de R$, 2004) 1.600.000 1.500.000 1.400.000 1.300.000 1.200.000 1.100.000 1.000.000 900.000 800.000 700.000 600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000 R on Pr do im nó av po er lis a do C am Les po te Ve rd e Iti qu A ira lto Ta A qu lto ar i A ra gu Pe ai dr a a Pr Pa et a ra na Sa tin nt ga o Ja A ci nt ar on a io do Le Po ste xo ré A lto u G ar ça G s ui ra t in D ga om A qu Ju in o sc G im aú ei ch ra a do N or Sã Te te o so Jo ur sé o do Po vo 0 Fonte: IBGE – Relatório PIB municipais (ano base 2004); SEPLAN/MT No período recente (2000/2004) para o qual se tem dados regionais, a economia da Região Sudeste teve um crescimento de, aproximadamente, 24,4% ao ano, medido pelo PIB a preços correntes; esta expansão econômica regional foi mais de 4,0 pontos percentuis acima do desempenho médio da economia mato-grossense, que cresceu 20,1% ao ano. Enquanto isso, a população da região crescia a taxas médias levemente acima do Estado (2,3% contra 2,1%). A região de Rondonópolis tem o terceiro maior PIB per capita de Mato Grosso com cerca de R$ 13.920,00 (estimativa para 2005 a partir de 2004), equivalente a 134% da média do Estado que tem pouco mais de R$ 10.000,00. Como a população tende a se concentrar nos municípios com maior base econômica, Rondonópolis tem o maior PIB (27%), mas também a maior população (40% do total), o que lhe confere um PIB per capita bem abaixo da média da região (cerca de R$ 9 mil); Primavera do Leste se posiciona em torno da média com pouco mais de R$ 13 mil de PIB per capita, enquanto os pequenos Santo Antônio do Leste e Alto Taquari se apresentam com PIB per capita respectivamente iguais a R$ 81 mil (seis vezes a média regional) e R$ 56 mil (quatro vezes a média regional); na formação do PIB regional vale registrar que Alto Taquari tem o quinto maior PIB da região e Santo Antônio do Leste é apenas a ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 131 décima economia regional. Vale notar que apenas quatro municípios (Rondonópolis, Primavera do Leste, Campo Verde e Itiquira) concentram, simultaneamente, 60% da produção e da população. O Índice de Desenvolvimento Humano da região é calculado em 0,754 (média dos índices dos municípios), tendo dois dos seus municípios – Primavera do Leste (0,805) e Alta Taquari (0,804) – com IDH alto, ligeiramente acima de 0,800. O município de Rondonópolis, com PIB per capita bem abaixo da média regional, tem um IDH de 0,791, acima da média regional, em quinto lugar na ordem decrescente, perdendo ainda para Campo Verde, com 0,800, e Alto Garças, com 0,795. Embora haja uma certa desigualdade no IDH dos municípios da região Sudeste, todos os outros municípios têm índice igual ou acima de 0,700, não registrando casos de baixo desenvolvimento humano. O ambiente da Região Sudeste, predominantemente savânico com algumas áreas de transição e contato com floresta, apresenta média a alta alteração pela penetração da pecuária e da agricultura empresarial. Seis das treze USEE - Unidades Socioeconômicas e Ecológicas45 em que foi dividida a região contam com alta taxa de antropização e têm ambiente altamente alterados, quase sempre com maior desempenho na economia regional, como Planalto de Primavera do Leste, Alcantilados de Guiratinga, Depressão de Rondonópolis, Serra da Estrela, Itaquira/Alto Araguaia, e Depressão do Alto Taquari. Em todo caso, a região tem unidades com baixa alteração do ambiente, como Gaúcha do Norte, dominada pela pecuária em grandes fazendas e pequenos produtores de alimentos, Noroeste de Paranatinga, com ambiente de savana pouco alterado, e Província Serra Leste, registrando vazio demográfico. Mesmo com taxas médias a altas de alteração do meio ambiente, a região de Rondonópolis conserva ainda um grande potencial de recursos naturais distribuídos nas USSEs. Além das condições favoráveis para a pecuária e a agricultura moderna, já instaladas na região, Rondonópolis apresenta um grande potencial biótico e mineral, com domínio de rochas calcárias, além da variedade de fisionomias savânicas e belezas cênicas para aproveitamento turístico. O aproveitamento econômico das riquezas naturais da região pode ser ampliado e melhorado seguindo as alternativas de uso diferenciado definidas pelo ZSEE - Zoneamento Socioeconômico e Ecológico, segundo apresentado a seguir. 45 As USEEs da Região Sudeste são Paranatinga-Cerrado, Gaúcha do Norte, Noroeste de Paranatinga, Depressão de Paranatinga, Província Serrana Leste, Santo Antônio do Leste, Planalto de Primavera do Leste, Alcantilados do Guiratinga, Depressão Rondonópolis, Serra da Estrela, Itiquira/Alto Araguaia, Córrego do Lobo/Morro de Aguadinha, e Depressão do Alto Taquari PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDESTE – RONDONÓPOLIS 132 Mapa 10 - Usos Alternativos das Unidades Socioeconômico e Ecológicas da Região de Rondonópolis Fonte: ZSEE 2.2. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A REGIÃO – AONDE QUEREMOS CHEGAR O desempenho futuro da economia regional será definido pelos desdobramentos do cenário de referência no território mato-grossense, acompanhado de uma desconcentração territorial e redefinição da base econômica das regiões. Segundo a análise anterior do impacto do bom desempenho das economias externas, em especial a de Mato Grosso, a região Sudeste (Rondonópolis) deve passar por um período de 20 anos de alto crescimento econômico, acompanhando a média da dinâmica estadual; neste cenário deve ocorrer uma combinação do processo de consolidação e o adensamento da cadeia da agropecuária e expansão da mineração controlada, com a diversificação da estrutura produtiva decorrente da formação de um parque industrial de agregação de valor à produção primária, mas também de produção de insumos e de bens de consumo regional; além da ampliação da capacidade logística e o desenvolvimento dos serviços avançados (terciário moderno), incluindo a presença do turismo. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 133 A dinâmica futura da economia da região Sudeste deve acontecer, principalmente da sua posição estratégica na confluência da BR 364 e da BR 163 que será asfaltada, com acesso à BR 070, completada pela ampliação da Ferronorte; esta combinação da infra-estrutura torna a região um espaço de integração territorial, reforçando o papel de centro logístico e de distribuição em Mato Grosso. Além disso, a gestão ambiental do território não constitui grande impedimento para a expansão das atividades, tendo pouco mais da metade de usos a consolidar e readequar na estrutura produtiva, aproximadamente 1/3 de uso controlado e faixa de uso restrito. Assim, nas duas décadas, a região deve apresentar uma taxa média de crescimento de 9,2% ao ano, que lhe permite dobrar o PIB a cada 7 anos, mas com leve redução do seu peso relativo na economia estadual. Em 2026, o PIB da região de Rondonópolis deve alcançar cerca de R$ 36 bilhões, bem acima dos atuais R$ 5,7 bilhões, como mostra o gráfico a seguir. Gráfico 13 – Evolução do PIB da Região e da Participação no PIB de MT 19,55% 40.000,00 35.000,00 19,54% 30.000,00 19,53% 25.000,00 19,52% 20.000,00 19,51% 15.000,00 19,50% 10.000,00 19,49% 5.000,00 19,48% 2005 2010 2015 Participação no PIB de MT 2020 2026 PIB em mi de R$, 2004 Fonte: Multivisão Como a população da região também cresce a taxas elevadas, refletindo a sua posição estratégica de integração logística do Estado, e por conseqüência de atração de população, o PIB per capita regional eleva-se em ritmo mais moderado que a PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDESTE – RONDONÓPOLIS 134 média de Mato Grosso; nessas condições, deve passar dos atuais R$ 14 mil para quase R$ 50 mil, mesmo assim, sendo o terceiro maior PIB per capita do Estado. 2.3. O QUE PODE AJUDAR OU ATRAPALHAR O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE RONDONÓPOLIS Vantagens Competitivas/Potencialidades O desenvolvimento da região será bastante determinado por sua capacidade de atrair e reter investimentos, de modo a aproveitar as oportunidades criadas no ambiente externo, sobretudo o estadual, mediante a mobilização de suas vantagens competitivas46. Portanto, identificar de forma correta as potencialidades ou vantagens competitivas da região é o primeiro grande passo para a definição de uma estratégia capaz de produzir o desenvolvimento regional esperado. Assim, para a região polarizada por RONDONÓPOLIS foram identificadas as seguintes vantagens/potencialidades: 1. Disponibilidade de recursos naturais – solo rico, fértil e com diversidade de aptidão, recursos hídricos (incluindo água potável), matas exuberantes, para múltiplos usos como agricultura (incluindo irrigação), pecuária, e turismo; 2. Clima favorável e existência de grande biodiversidade na região 3. Pluralidade cultural (efeito da migração) 4. Existência de instituições para preparação e capacitação profissional, incluindo faculdades locais 5. Agricultura diversificada (soja, milho, algodão, arroz), pecuária de corte e leite consolidadas, em base a propriedades rurais bem estruturadas e empresas agrícolas pujantes, com grande participação na economia regional 6. Agropecuária regional moderna com elevada produtividade 7. Base para ampliação do adensamento das cadeias produtivas da agropecuária 8. Forte espírito empreendedor e determinação da população da região 9. Agropecuária assentada em base tecnológica de ponta. 10. Disponibilidade de logística de armazenagem e distribuição de grãos 11. Mercado consumidor de porte em base a renda per capita alta 12. Boa estrutura de serviços bancários e de intermediação financeira 46 Estas vantagens ou potencialidades são entendidas como as características internas diferenciadas da região que podem constituir base para o seu desenvolvimento, se devidamente exploradas. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 135 13. Boa presença do terceiro setor em projetos sociais (Projetos de cidadania, Projeto Conviver, Pastorais, etc.) 14. Boa organização e participação social47 15. Base para a exploração do turismo ecológico Problemas e Estrangulamentos De outro lado, a capacidade de atrair, ou mesmo reter investimentos, para a região será bastante dificultado pela presença de problemas e estrangulamentos que colocam a região em situação de desvantagem em relação a outros territórios nacionais, inibindo os investimentos e atrasando o seu desenvolvimento48. Foram destacados para a região os seguintes problemas e estrangulamentos. 1. Degradação do meio ambiente, com desmatamento desordenado queimadas, irrigação sem controle, erosão do solo, poluição e lixo, resultante da falta de consciência ambiental e da má utilização dos recursos naturais, e uso indiscriminado da terra 2. Limitação nas condições de vida da população, com desigualdade social, concentração de renda e persistência de fome, discriminação, alto índice de analfabetismo, atendimento sem dignidade na saúde, e falta de segurança pública 3. Existência de desemprego e precariedade do trabalho 4. Deficiência de infra-estrutura viária, com falta de rodovias pavimentadas e carência de energia elétrica 5. Existência de grandes espaços vazios, elevada distância dos centros consumidores e dos pontos estratégicos para escoamento da produção e difícil acesso aos locais naturais 6. Frágil base industrial de processamento da produção agropecuária 7. Desvalorização dos profissionais e dificuldade de acesso ao ensino superior 8. Baixa consciência política da população 9. Base produtiva vulnerável às oscilações de preços e de mercado 10. Descapitalização dos produtores 11. Baixo nível investimento privado e investimentos mal avaliados 12. Infra-estrutura de serviços sociais insuficiente frente a demanda (creches, abrigos, etc.), 47 Compreendendo entidades e clubes de serviço como o Rotary e o Lions, CTG, sindicatos, associações de moradores, dentre outras, além de grande capacidade associativa, sociedade mobilizada para ações comunitárias e execução de atividades integradas pelas entidades atuantes, com Universidade envolvida com a comunidade. 48 Os problemas e estrangulamentos são as condições ou situações internas à região que são indesejadas e atrapalham ou impedem o desenvolvimento da região se não forem devidamente equacionadas e alteradas. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDESTE – RONDONÓPOLIS 136 13. Baixa escolaridade e mão-de-obra desqualificada (dificuldade de acesso ao sistema de educação formal e profissionalizante) 14. Produtor descapitalizado 15. Baixa capacidade de investimento dos setores público e privado local 16. Pobreza, desigualdade social e desemprego estrutural Oportunidades do Ambiente Externo O desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência cria uma série de oportunidades de negócios que podem ser capitalizadas pela região desde que a mesma tenha capacidade para tal. Estas condições futuras externas “favoráveis” à Região abrem perspectivas que orientam a definição da estratégia de desenvolvimento. Foram identificadas as seguintes oportunidades externas à Região: 1. Redução de barreiras alfandegárias para produtos agropecuários 2. Formação da ALCA com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 3. Consolidação do Mercosul com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 4. Ampliação da demanda mundial de alimentos 5. Crescimento da demanda mundial e nacional por produtos orgânicos 6. Crescimento da demanda de água e recursos naturais com forte aumento da demanda de hidroeletricidade no Brasil 7. Aumento da demanda de energia renovável, biocombustível com mudança da matriz energética incluindo biomassa e 8. Ampliação de mercado de crédito de carbono 9. Crescimento da demanda de produtos da biotecnologia e biodiversidade 10. Expansão do fluxo turístico mundial com destaque para o ecoturismo 11. Integração da infra-estrutura da América do Sul, incluindo a Saída para o Pacífico 12. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento público nacional 13. Formação de ambiente microeconômico favorável ao investimento produtivo nacional (lei de regulamentação do setor de saneamento, por exemplo) 14. Implementação de mecanismos de indução da desconcentração regional 15. Expansão da capacidade de consumo do mercado interno nacional 16. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento do setor privado ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 137 Ameaças do Ambiente Externo De modo similar, o desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência traz consigo muitas ameaças que podem prejudicar o desenvolvimento da região, caso ela não tenha capacidade adequada de defesa. Essas situações externas “desfavoráveis” quando corretamente identificadas fornecem, por seu turno, uma orientação importante para a definição da estratégia de desenvolvimento. Assim, foram identificadas as seguintes ameaças externas à região: 1. Controle monopolístico das tecnologias pelas multinacionais 2. Manifestação de mudanças climáticas globais 3. Intensificação da concorrência mundial com base em novas tecnológicas 4. Recorrência e ampliação de epidemias e endemias em vegetais e animais 5. Ampliação de barreiras comerciais não tarifárias, com alta exigência de qualidade e de controle 6. Risco de queda das demandas de matérias primas, insumos e alimentos em razão de eventuais quedas no crescimento econômico 7. Instabilidade dos preços internacionais de produtos naturais e alimentícios 8. Ampliação da biopirataria com a retirada de amostras da biodiversidade 9. Intensificação da concorrência de países do MERCOSUL no agronegócio 10. Expansão do narcotráfico nas regiões de fronteira do Brasil 11. Instabilidade política em países vizinhos, especialmente Bolívia 138 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento Região de Rondonópolis Nos próximos vinte anos a Região de Rondonópolis deve experimentar um grande dinamismo econômico e social, refletindo e amplificando as condições muito favoráveis do contexto externo, em especial o Estadual, palco de maciços investimentos estruturadores nas áreas de transportes, energia, logística, educação e inovação tecnológica. As próximas duas décadas serão de grandes transformações estruturais na Região cujos reflexos far-se-ão sentir em termos de geração de oportunidades de emprego e negócios e na melhoria da qualidade de vida. As condições relativamente vantajosas da infra-estrutura econômica regional serão ampliadas com a construção de um sistema bem articulado de transportes e logística, com boa integração dos diversos modais, capaz de escoar a produção da região a custos muito competitivos; os destaques neste esforço de ampliação do atual sistema viário regional será o reforço da capacidade de escoamento dos principais eixos rodoviários da Região, BRs 163 e 364, uma vez que estas rodovias integram a Região com os principais portos e mercados nacionais; de outro lado, com a construção do ramal da Ferronorte ligando Alto Araguaia a Cuiabá, com passagem por Rondonópolis, deve ampliar as vantagens competitivas da região em termos de logística e transporte. Além disso, a estrutura de produção deverá passar por mudanças importantes com a entrada de unidades industriais de processamento da produção agropecuária e fornecimento de insumos à montante das cadeias de grãos, carne e madeira; pequenos produtores devem se organizar em arranjos produtivos locais ampliando a capacidade competitiva em segmentos como apicultura, piscicultura, madeira, fruticultura e móveis. A região deve também atrair investimentos para fornecimento de serviços ambientais para reflorestamentos e recuperação de áreas degradadas e tratamento de lixo urbano, ambos voltados ao comércio de créditos de carbono; o setor de Serviços, por seu turno, deve experimentar uma ampliação e diversificação dos segmentos de prestação de serviços modernos como saúde, educação e serviços bancários e de intermediação financeira, sobretudo em Rondonópolis; mas, o destaque será a expansão do ecoturismo, nas modalidades aventura e pesca esportiva, em base aos investimentos em infra-estrutura econômica e social ampliando as condições de acesso, de recepção e sanitárias da região. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDESTE - RONDONÓPOLIS 139 Mapa 11 - Mapa Ilustrativo da Mudança na Estrutura Produtiva da Região de Rondonópolis (Situação Atual e Futura) Fonte: Multivisão As mudanças e transformações estruturais serão frutos da implementação da estratégia de desenvolvimento da Região, formulada a partir de intensas discussões com representantes da sociedade regional, confrontando as condições internas – potencialidades e estrangulamentos – com os processos e tendências externas – oportunidades e ameaças. As propostas de ação definidas nas discussões foram organizadas e sistematizadas em eixos estratégicos, compondo programas e projetos de importância para a Região. Os projetos destacados estão apresentados a seguir segundo a mesma estrutura definida para o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso.49. 49 Os eixos e os programas são os mesmos do MT+20, diferenciando-se os projetos específicos para a Região. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 140 3.1. EIXOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO Eixo 1 – Uso sustentável dos recursos naturais O eixo estratégico de Uso Sustentável dos Recursos Naturais articula o conjunto das ações que podem reduzir as pressões antrópicas da expansão da economia, contribuindo para a conservação do meio ambiente e reorientando o modelo de aproveitamento das riquezas naturais na região de planejamento de RONDONÓPOLIS. O eixo se desdobra em programas e projetos, como apresentado a seguir: 1. Programa de fortalecimento do sistema de gestão ambiental. Projetos • Fortalecimento dos órgãos estaduais e municipais de controle ambiental • Integração institucional de gestão ambiental • Melhoramento dos instrumentos de fiscalização e controle do meio ambiente e das atividades econômicas • Monitoramento da qualidade ambiental e das atividades de grande impacto ambiental • Divulgação da legislação referente à biopirataria 2. Programa de criação, implantação e manutenção de unidades de conservação. Projetos • Criação, ampliação e implantação das Unidades de Conservação com regras diferenciadas para aproveitamento de acordo com a destinação (educação ambiental, turismo, pesquisa científica, preservação de espécies e amostras da biodiversidade) • Formação e capacitação de pessoal em gestão de Unidade de Conservação 3. Programa de promoção do uso sustentável dos recursos naturais. Projetos • Fomento ao uso econômico sustentável da biodiversidade • Difusão de técnicas de manejo sustentável para melhoria do solo • Implantação de novas tecnologias limpas • Conscientização da preservação da biodiversidade PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDESTE - RONDONÓPOLIS 4. 141 • Estruturação de um sistema de educação ambiental na região • Conscientização da sociedade da valorização e preservação da biodiversidade Programa de hidrográficas. recuperação, preservação e manejo das bacias Projetos • Promoção de ações integradas nas bacias hidrográficas • Recuperação de mananciais degradados • Recuperação das matas ciliares degradadas 5. Programa de reflorestamento de áreas degradadas. Projetos • Definição de novas finalidades para áreas improdutivas, através do reflorestamento de espécies nativas e de valor econômico, visando a geração de crédito de carbono • Formação e capacitação de pessoal na elaboração de projetos de desenvolvimento limpo e seqüestro de carbono Eixo 2 - Conhecimento e inovação tecnológica Educação e inovação tecnológica são dois fatores centrais do desenvolvimento e da competitividade sistêmica de um território, contribuindo para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. A educação, além de ser pré-requisito para a ciência e tecnologia, constitui também um elemento decisivo para ampliar e democratizar as oportunidades da sociedade, na medida em que prepara o cidadão para a vida e para o mercado de trabalho, principalmente quando associada à capacitação profissional. Desta forma, o eixo estratégico de Conhecimento e Inovação é parte central da estratégia de desenvolvimento de Mato Grosso e, particularmente de Rondonópolis, expressando-se através dos programas apresentados a seguir: 1. Programa de ampliação da capacidade de pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico. Projetos • Pesquisa, identificação e classificação da biodiversidade • Preservação de amostras da biodiversidade • Implantação de sistema de comunicação e informação entre os órgãos de pesquisa, constituindo redes de pesquisa nas áreas prioritárias ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 142 2. Programa de inovação e difusão de tecnologias para as cadeias produtivas. Projetos • Promoção da pesquisa sobre usos alternativos da biodiversidade, sobre os recursos naturais e sobre epidemias/endemias • Dinamização da assistência técnica, especialmente na produção orgânica e nos serviços ambientais • Difusão de tecnologias limpas e novas tecnologias para a produção de grãos, para a agroindústria e para a indústria regional • Expansão da infra-estrutura e da capacidade de assistência técnica às cadeias produtivas atuando nas seguintes áreas: commodities agrícolas, pecuária diversificada, hortigranjeiros, fruticultura, produção orgânica e pequenas culturas e pequenas criações 3. Programa de certificação de produtos e processos e registro de patente. Projetos • Divulgação dos órgãos e sistemas de certificação • Criação de centro de certificação de produtos orgânicos • Patenteamento das espécies da biodiversidade regional e dos produtos naturais • Certificação das unidades de produção • Qualificação dos produtores para o uso de sistema de certificação (qualidade) 4. Programa de melhoria da qualidade do ensino básico. Projetos • Universalização do ensino médio na região • Incentivo aos projetos de diversidade cultural nas escolas • Inclusão de conceitos de gestão pública associativismo e cooperativismo na educação transparente e de PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDESTE - RONDONÓPOLIS 143 5. Programa de ampliação da educação profissional e tecnológica. Projetos • Estruturação de centros de formação técnica na região • Capacitação e formação profissional em biotecnologia e biodiversidade, usos diferenciados na produção, agroindústria e técnicas de produção orgânica • Capacitação tecnológica para empreendedores • Qualificação de cooperados em gestão de negócios e administração 6. Programa de consolidação, expansão e democratização do ensino superior. Projetos • Ampliação de cursos universitários de qualidade na região • Oferta de apoio logístico para as Instituições de ensino superior redistribuídas • Consolidação da Universidade Federal de Rondonópolis • Ampliação da pós-graduação das universidades de Mato Grosso, com criação de novos mestrados e doutorados nas áreas prioritárias Eixo 3 – Infra-estrutura econômica e logística A Região de Planejamento apresenta alguns estrangulamentos na infra-estrutura econômica, particularmente nos transportes para sua integração econômica e para escoamento da produção estadual para o mercado nacional e mundial. Apesar disso a economia regional tem apresentado grande competitividade internacional apesar dos estrangulamentos nos transporte e na logística, que elevam o custo de produto no mercado e o tempo de entrega dos produtos. No futuro, a região pode ter sua competitividade comprometida se não tomar providências para ampliação e recuperação da infra-estrutura econômica e da logística. O eixo estratégico de desenvolvimento (Eixo 3) procura responder diretamente a estes estrangulamentos, melhorando o desempenho atual e preparando Mato Grosso e a Região de Rondonópolis para os desafios do futuro. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 144 1. Programa de recuperação e ampliação do sistema de transporte rodoviário. Projetos • Construção e conclusão da malha de viária de integração dos municípios da Região • Duplicação dos principais eixos rodoviários de escoamento da produção regional (BRs 163 e 364) • Criação de acessos rodoviários aos locais de turismo da Região 2. Programa de recuperação e ampliação do sistema multimodal de transporte (ampliação e integração dos sistemas ferroviário, hidroviário e aeroviário). Projetos • Expansão e revitalização do sistema de transporte hidroviário da Região • Ampliação do sistema de portos e aeroportos da Região 3. Programa de ampliação da estrutura de logística. Projetos • Ampliação, adensamento, renovação e recuperação da estrutura logística especialmente para grãos e produtos agropecuários • Ampliação e melhoria da estrutura de armazenamento, especialmente para os pequenos produtores • Integração da infra-estrutura viária 4. Programa de expansão do sistema de oferta de energia elétrica (geração, transmissão e distribuição). Projetos • Expansão do sistema de geração de energia elétrica através de construção PCH • Expansão do sistema de transmissão de energia elétrica • Aumento da oferta de energia elétrica com expansão do sistema de distribuição da CEMAT PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDESTE - RONDONÓPOLIS 145 5. Programa de diversificação da matriz energética. Projetos • Produção de energia por meio de fontes renováveis, com destaque para o biocombustível • Aumento da oferta de gás natural 6. Programa de ampliação do sistema de comunicações. Projetos • Massificação do acesso da população e das instituições à internet EIXO 4 - Diversificação e adensamento das cadeias produtivas A agropecuária é à base do dinamismo da economia da Região de Planejamento de Rondonópolis, concentrando a produção e as exportações em produtos de baixo valor agregado. Esta característica da economia regional diminui o impacto econômico e social das exportações e torna o território, como de resto, o Estado de Mato Grosso, vulnerável a flutuações internacionais de demanda e preços das commodities. Diante disso, o plano estratégico deve promover a diversificação da estrutura produtiva e a agregação de valor dos produtos do agronegócio. 1. Programa de fortalecimento extrativismo e silvicultura. e diversificação da agropecuária, Projetos • Estímulos à produção de produtos naturais e orgânicos • Qualificação da produção agropecuária e de alimentos • Promoção e fiscalização da sanidade animal e vegetal, incluindo fiscalização nas fronteiras 2. Programa de reestruturação fundiária e desenvolvimento da agricultura familiar. Projetos • Fortalecimento da agricultura familiar e da pequena agroindústria • Fortalecimento ao associativismo e cooperativismo rural ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 146 3. Programa de adensamento das cadeias produtivas. Projetos • Implantação de indústrias para processamento dos produtos regionais • Industrialização dos produtos naturais e da agropecuária (grãos e carnes) • Promoção do aproveitamento do excedente da biomassa • Implantação de sistema de controle de qualidade nas agroindústrias 4. Programa de diversificação da estrutura produtiva do estado. Projetos • Utilização das reservas naturais e dos serviços ambientais como fonte de renda regional • Divulgação dos produtos manufaturados naturais • Ampliação da produção de alimentos para o consumo interno • Criação de indústrias de reciclagem • Consorciamento de diferentes produtos na mesma área 5. Programa de desenvolvimento do turismo. Projetos • Capacitação das comunidades e formação técnica de nível médio em turismo • Inclusão da língua espanhola na formação escolar • Estruturação do turismo ecológico e cultural na região • Ampliação da infra-estrutura de turismo e serviço • Implementação de assistência técnica em ecoturismo • Conversão de áreas recuperadas em locais de pesquisa e divulgação turística • Difusão de práticas de turismo agro industrial • Divulgação dos pontos turísticos • Exploração do turismo científico e tecnológico PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDESTE - RONDONÓPOLIS 147 6. Programa de fortalecimento dos arranjos produtivos locais. Projetos • Capacitação e assistência técnica aos APLs, para melhoria da qualidade e aumento da produtividade • Criação dos centros de comercialização das APLs 7. Programa de diversificação da pauta de exportações. Projetos • Ampliação do estoque regulador (MERSOCUL) • Diversificação da produção regional visando à concorrência no Mercosul • Ampliação da exportação de alimentos EIXO 5 - Qualidade de vida, Cidadania, Cultura e Segurança O desenvolvimento sustentável tem como objetivo central a melhoria da qualidade de vida da população expressa no acesso aos bens e serviços públicos, na segurança pública e paz social, na cidadania e no desenvolvimento cultural. Para alcançar este objetivo, o Estado de Mato Grosso e, particularmente a Região de Planejamento de Rondonópolis, ainda tem que melhorar muito as condições de vida da população, realizando iniciativas e investimentos nos diferentes segmentos sociais que se beneficiam também dos resultados alcançados nos outros eixos estratégicos de desenvolvimento, particularmente no que trata de educação e do crescimento da economia, gerando oportunidades de emprego. De qualquer forma, a estratégia de desenvolvimento regional implementa um eixo estratégico diretamente nos segmentos sociais que elevam a qualidade de vida da população. 1. Programa de fomento à geração de emprego e renda. Projetos • Capacitação de micros e pequenos empresários para a comercialização 2. Programa de cidadania e respeito aos direitos humanos. Projetos • Incentivo a projetos de diversidade cultural nas escolas • Capacitação e inclusão digital dos jovens • Erradicação do trabalho escravo e infantil ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 148 3. Programa de promoção da cultura, esportes e lazer. Projetos • Implementação de atividades culturais para os jovens • Realização de feiras culturais • Divulgação dos produtos culturais regionais 4. Programa de saneamento e habitação. Projetos • Implantação de usinas de triagem de lixo • Ampliação da rede de saneamento para a região • Ampliação do alcance dos programas habitacionais 5. Programa de estruturação e implementação de um sistema integrado de redução da criminalidade. Projetos • Envolvimento das entidades sociais no combate ao narcotráfico • Regulamentação e divulgação da legislação para o combate à biopirataria • Intesificação da fiscalização nas barreiras para reduzir o narcotráfico • Implantação de polícia comunitária • Qualificação do sistema prisional da região • Estruturação das estradas para melhor fiscalização (redução do narcotráfico) 6. Programa de saúde. Projetos • Fortalecimento do consórcio regional de saúde • Melhoria e manutenção do hospital regional • Implantação de centro e de unidades especializadas de saúde, com destaque para nefrologia e endocrinologia • Ampliação do corpo médico especializado (inclusive em PNE) • Ampliação da distribuição regional de medicamentos, especialmente medicamentos de uso continuado 7. Programa de proteção, respeito e apoio às nações indígenas. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDESTE - RONDONÓPOLIS 149 Projetos • Promoção da garantia dos direitos sociais básicos dos povos indígenas da região Eixo 6 - Governabilidade e gestão pública A análise das políticas públicas brasileiras – válidas também para Mato Grosso costuma destacar como um dos seus grandes problemas a baixa eficiência e eficácia das ações e dos investimentos, gerando enorme desperdício de recursos e limitada implementação dos projetos. Por outro lado, apesar dos avanços recentes e de muito propalada, a participação da sociedade ainda é muito restrita, o que termina reduzindo o impacto e a efetividade das políticas públicas. O desenvolvimento sustentável de Mato Grosso e da Região de Planejamento de Rondonópolis depende da capacidade dos governos (estadual e municipais) representarem as aspirações da sociedade e da qualidade gerencial que assegure a implementação das ações com os menores custos e a maior eficácia. O eixo Governabilidade e Gestão Pública articula as ações que procuram enfrentar os problemas de gestão pública no Estado e na Região, ampliando a eficiência, a eficácia e efetividade de todos os programas e projetos previstos pelo plano. 1. Programa de modernização da estrutura e métodos da administração pública regional. Projetos • Descentralização da perícia criminal para as sub-regiões • Desconcentração dos núcleos urbanos 2. Programa de democratização, descentralização e transparência da gestão pública. Projetos • Melhoria da qualidade dos serviços públicos com redução das reclamações e retrabalhos (revisão de processos) • Ampliação da transparência da gestão pública, através do mecanismo de controle interno ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 150 3. Programa de fortalecimento do sistema estadual de regulação, monitoramento e fiscalização do estado. Projetos • Fortalecimento da capacidade institucional de controle e fiscalização dos serviços delegados • Fortalecimento das agências de regulação estaduais Eixo 7 – Descentralização do território e estruturação da rede urbana A expansão da economia regional tende a gerar algum processo de concentração no território, respondendo às condições diferenciadas da competitividade e segundo eficiência econômica do mercado. A estratégia de desenvolvimento regional deve compensar este movimento, criando condições para uma distribuição equilibrada da riqueza e das condições de vida no território, implementando projetos e tomando iniciativas de descentralização e desconcentração regional. Por outro lado, a organização do território mato-grossense e regional passa pela formação de uma rede urbana que articula os diferentes territórios, numa hierarquia de múltiplas funções no espaço. Desta forma, estratégia de desenvolvimento deve incorporar programas e projetos, articulados nos Eixos de Descentralização territorial e estruturação da rede urbana, promovendo a reorganização do território estadual. 1. Programa de desenvolvimento regional integrado. Projetos • Distribuição da infra-estrutura social para os municípios da região 2. Programa de fortalecimento da rede urbana. Projetos • Implantação de Planos Diretores nos municípios da região PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE151 MATO GROSSO – MT+20 Região Sul – Cuiabá/Várzea Grande Cuiabá / Várzea Grande Acorizal Barão de Melgaço Chapada dos Guimarães Jangada Nobres Nossa Senhora do Livramento Nova Brasilândia Planalto da Serra Poconé Rosário Oeste Santo Antonio de Leverger 152 1. Apresentação O Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20) desdobra-se em doze planos regionais50 que orientam a implementação das ações estratégicas para integrar o território mato-grossense e promover uma desconcentração da economia e dos indicadores sociais do Estado. Este documento apresenta o Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Sul (CUIABÁ/VARZEA GRANDE), como uma parte do MT+20 que explicita os projetos prioritários para a região, organizando a formulação da sociedade na estrutura estratégica do MT+20. Desta forma, o plano regional é um detalhamento do MT+20 no território, de acordo com as especificidades locais, seus problemas e suas potencialidades. O Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Sudeste (CUIABÁ/VARZEA GRANDE), é o referencial da Região para negociação dos seus projetos e o acompanhamento da implementação do MT+20 no território. Foi elaborado com o envolvimento da sociedade, procurando fazer uma articulação entre a estratégia geral para Mato Grosso e as características de cada região, suas necessidades e suas contribuições para o desenvolvimento conjunto do Estado. Ao mesmo tempo em que formularam propostas para compor o plano de desenvolvimento de Mato Grosso, a estratégia do Estado (MT+20) definia as bases para as prioridades do Estado. A Região de Planejamento polarizada por CUIABÁ/VARZEA GRANDE, conta agora com seu plano de desenvolvimento de longo prazo que deve orientar as ações nos próximos 20 anos, capaz de desenvolver a região e, ao mesmo tempo, intensificar sua interação com as transformações futuras de Mato Grosso. Nesse sentido, deve ao mesmo tempo dar suporte aos propósitos de desenvolvimento do Estado e mediante os impactos gerais na região. 50 Refletindo a divisão do território de Mato Grosso, foram realizados planos regionais para as regiões Noroeste 1 (Juína), Norte (Alta Floresta), Nordeste (Vila Rica), Leste (Barra do Garças), Sudeste (Rondonópolis), Sul (Cuiabá/Várzea Grande), Sudoeste (Cáceres), Oeste (Tangará da Serra), Centro-Oeste (Diamantino), Centro (Sorriso), Noroeste 2 (Juara), e Centro-Norte (Sinop). 153 2. Estratégia De Desenvolvimento da Região A Construção do Futuro 2.1. PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL DA REGIÃO Caracterização Geral da Região de Região Sul – Cuiabá/Várzea Grande A Região de Planejamento Sul (Cuiabá/Várzea Grande) é formada por 13 municípios, incluindo a capital do Estado, com a maior concentração populacional do Estado. Além de Cuiabá, a região inclui os municípios de Acorizal, Barão de Melgaço, Chapada dos Guimarães, Jangada, Nobres, Nossa Senhora do Livramento, Nova Brasilândia, Planalto da Serra, Poconé, Rosário Oeste, Santo Antonio de Leverger, e Várzea Grande. A região tem uma população de 900 mil habitantes, representando cerca de 1/3 do total de habitantes de Mato Grosso; com um território de 78,33 mil Km2, 8.6% do território estadual. A região de Cuiabá/Várzea Grande tem a mais alta taxa de densidade demográfica do Estado, com 11,19 hab/km2. A Região Sul tem a maior economia e a mais diversificada base econômica de Mato Grosso, com uma presença marcante da indústria que responde por mais de 40% da produção industrial do Estado e cerca de 1/3 da estrutura produtiva da região. Ao contrário das outras regiões, em Cuiabá/Várzea Grande a agropecuária é pouco significativa, sendo responsável por menos de 5% do PIB regional e contribuindo com cerca de 4% da produção estadual do setor. O setor serviços tem o mais elevado peso na economia regional, com pouco mais de 61% do total, refletindo a sua posição de principal centro de serviços e do terciário moderno do Estado de Mato Grosso. A economia da Região tem um PIB de R$ 7,2 bilhões (2004), contribuindo com 25,9% para o total da riqueza produzida em Mato Grosso. Entretanto, esta base econômica regional está fortemente concentrada no município de Cuiabá, pólo econômico do Estado, com cerca de 80% de toda produção da região; apenas o município de Várzea Grande tem um significado econômico, mesmo assim com o PIB que representa, aproximadamente, um quarto da economia cuiabana. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUL – CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE 154 Gráfico 14 - PIB dos Municípios da Região (mil de R$, 2004) 6.000.000 5.500.000 5.000.000 4.500.000 4.000.000 3.500.000 3.000.000 2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 riz al A co ga da Ja n m ar ãe R os s Se ár nh i o or O a es do te Li vr am Pl en an to al to da Se N ov rr a a B ra s B ilâ ar nd ão ia de M el ga ço re s N os sa G ui N ob do s C ha pa da Sa n to A nt o ni o de Le ve rg er on é Po c á C ui ab Vá rz ea G ra nd e 0 Fonte: IBGE – PIB municipais 2004; SEPLAN/MT Nos últimos anos (2000 a 2004) a economia da Região registrou o menor crescimento, dentre as regiões do Estado, com oito pontos percentuais abaixo da média estadual (12% contra 20%). Embora o período não seja longo, pode representar uma tendência de desconcentração regional da economia mato-grossense, mas também o fato de a região ser mais vulnerável ao desempenho da economia nacional, reconhecidamente baixo nos últimos anos, em razão de estar mais integrada ao contexto nacional. De todo modo, a região é a mais dinâmica do Estado, e com maior população, seguida de perto por Rondonópolis. Enquanto o PIB regional cresceu muito pouco (e bem abaixo da média estadual), a população de Cuiabá/Várzea Grande se expandiu a taxas relativamente altas, próxima da média de Mato Grosso; o município de Cuiabá, sede da região, apresentou um crescimento demográfico de 1,8% ao ano (2000/2004) contra 2,1% do Estado, no mesmo período. A participação da região na população total (33%) é bem superior à participação na formação do PIB de Mato Grosso (25,9%); como resultado, o PIB per capita de Cuiabá/Várzea Grande, que alcança pouco mais R$ 8 mil (estimada para 2005), corresponde a pouco menos de 80% do estadual (R$ 10.316,00). Vale dizer ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 155 que com quase um terço do PIB mato-grossense, a região tem apenas o nono PIB per capita do Estado, inferior ao de Sorriso, Diamantino, Rondonópolis, Tangará da Serra, Sinop, Barra do Garças, Cáceres e Juara. A grande concentração da base econômica no interior da região, com Cuiabá e Várzea Grande responsáveis por quase 90% do PIB regional, reduz-se de forma significativa quando se trata do PIB per capita. Com efeito, Planalto da Serra com pequena base econômica (0,6% do total regional) tem o maior PIB per capita da região Sul (cerca de R$ 14 mil) acima do município de Cuiabá que aparece em segundo lugar (embora tenha 72% do PIB regional e quase 60% da população) com R$ 10 mil; Várzea Grande é o segundo PIB da região (quase 17% do total), mas apenas o sétimo em PIB per capita por que abriga quase 27% da população regional. A desigualdade intra-regional é menor ainda quando se trata de IDH-Índice de Desenvolvimento Humano. Com um dos mais baixos índices de desenvolvimento humano do Estado (medido pelo valor médio dos índices municipais), o IDH da região Sul foi estimado em 0,716, dentro da qual se destacam os dois grandes municípios, Cuiabá e Várzea Grande, com 0,821 e 0,790, respectivamente; além desses dois, apenas três municípios pequenos têm IDH acima da média regional: Planalto da Serra, com 0,738, Nobres, com 0,724, e Santo Antônio de Leverger, com 0,717. Dos 13 municípios, apenas cinco têm IDH abaixo de 0,70 e apenas um, Cuiabá, alcançou índice levemente superior a este patamar. De um modo geral, a Região apresenta taxa média de antropização pelas atividades econômicas e pela concentração urbana, com ocupação e usos do solo inadequados, queimadas, deficiente tratamento de lixo e saneamento básico, assim como poluição pelos dejetos industriais. Em ambiente que combina savana, transição savana/floresta, e savânico associado a pantanais, com presença de formações florestais, a região tem elevada relevância ecológica pela diversidade de paisagens, grande biodiversidade e belezas cênicas, mas apresenta média a alta alteração ambiental, com poluição e assoreamento de rios que formam o Pantanal e degradação da qualidade de vida urbana. Das oito USEE - Unidades Socioeconômicas e Ecológicas em que foi dividida a região51, apenas a Baixada Cuiabá tem o ambiente savânico altamente alterado; com ocupação consolidada em aglomerado urbano e principal atividade industrial do Estado, a Baixa Cuiabana apresenta comprometimento da qualidade das águas superficiais e baixa qualidade do ambiente natural. Todas as outras unidades, com predomínio de pecuária, além do turismo e da pesca, apresentam média taxa de antropização com ambiente natural com moderada alteração. A indústria e os serviços avançados, concentrados no aglomerado urbano de Cuiabá e Várzea Grande, são as principais atividades econômicas da região, assim como as 51 O Zoneamento Socioeconômico e Ecológico dividiu a região Sul nas seguintes USEEs: Província Serrana, Baixada Cuiabana, Pé de Serra Norte, Sul de Nova Brasilândia, Planalto do Casca, Pantanal de Cuiabá-São Lourenço, Serra Solitária, e Terras Altas Pantaneiras. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUL – CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE 156 grandes potencialidades futuras. Mas desponta também como atividade promissora o turismo, que já tem uma presença importante na economia regional, assim como a mineração. O dinamismo e expansão da economia regional no futuro devem ser, contudo, organizados em base a critérios e regras de aproveitamento diferenciado das unidades socioeconômicas e ecológicas para impedir o aumento das pressões antrópicas. Para tanto, o ZSEE - Zoneamento Socioeconômico e Ecológico definiu diferentes usos alternativos do território regional segundo as categorias centrais e considerando as características do meio ambiente, a maior parcela considerada de uso restrito e de unidades de conservação, como mostra abaixo. Mapa 12 - Usos Alternativos das Unidades Socioeconômico e Ecológicas da Região de Cuiabá/Várzea Grande Fonte: ZSEE As regras de gestão ambiental do território da Região Sul devem condicionar a expansão futura da economia regional sob o impacto das condições definidas pelo cenário de referência orientado para a desconcentração da economia e a convergência dos indicadores sociais no Estado. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 157 2.2. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A REGIÃO – AONDE QUEREMOS CHEGAR O desempenho futuro da economia regional será definido pelos desdobramentos do cenário de referência no território mato-grossense, acompanhado de uma desconcentração territorial e redefinição da base econômica das regiões. O impacto regional do desempenho da economia estadual deve levar a região, nos próximos 20 anos, a uma expansão vigorosa com alto crescimento econômico, acompanhando a média da dinâmica estadual; este cenário compreende a combinação da ampliação e diversificação da estrutura produtiva decorrente da formação de um parque industrial voltado ao processamento da produção agropecuária e à produção de bens de consumo para o mercado interno; a região deve experimentar uma expansão qualificada do setor de serviços avançados (terciário moderno) com destaque para saúde, educação e turismo, aproveitando-se de sua posição muito privilegiada, como ponto de passagem e apoio logístico, com vistas aos mercados do Norte do país, dos países vizinhos e mesmo do exterior, via porto de Santarém (PA). A dinâmica futura da economia da região decorre, principalmente da sua posição na confluência das BR 364 e 070, e a BR 163, que será asfaltada até Santarém, completada pela ampliação da Ferronorte; esta combinação da infra-estrutura torna a região uma espaço de integração territorial, reforçando o papel de centro logístico e de distribuição em Mato Grosso. Além disso, a gestão ambiental do território não constitui grande impedimento para a expansão das atividades, tendo pouco mais da metade de usos a consolidar e a readequar na estrutura produtiva, aproximadamente 1/3 de uso controlado e faixa de uso restrito. Nestas condições, a região deve registrar, nos próximos 20 anos, uma taxa média de crescimento de, aproximadamente, 8,85% ao ano, elevando o PIB regional dos atuais R$ 7,5 bilhões para cerca de R$ 44,7 bilhões, em 2026; como a média de crescimento estimada para o Estado é de 9,21%, no futuro, a região declina seu peso na economia estadual para 24,2%, perdendo quase dois pontos percentuais. Assim, nas duas décadas, a região deve apresentar uma taxa média de crescimento de 9,2% ao ano, com leve redução do seu peso relativo na economia estadual. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUL – CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE 158 Gráfico 15 - Evolução do PIB da Região e da Participação no PIB de MT 26,50% 50.000,00 26,00% 40.000,00 25,50% 30.000,00 25,00% 24,50% 20.000,00 24,00% 10.000,00 23,50% 23,00% 2005 2010 2015 Participação no PIB de MT 2020 2026 PIB em mi de R$, 2004 Fonte: Multivisão A localização e as características urbanas dominantes na região tendem a promover também uma expansão demográfica ligeiramente superior à média estadual, o que provoca uma moderação no crescimento do PIB per capita; mesmo assim, o PIB per capita da região Sul (Cuiabá/Várzea Grande) se eleva de R$ 8 mil, estimado para 2005, para cerca de R$ 32 mil, em 2026. 2.3. O QUE PODE AJUDAR OU ATRAPALHAR O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE Vantagens Competitivas/Potencialidades O desenvolvimento da região será bastante determinado por sua capacidade de atrair e reter investimentos, de modo a aproveitar as oportunidades criadas no ambiente externo, sobretudo o estadual, mediante a mobilização de suas vantagens ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 159 competitivas52. Portanto, identificar de forma correta as potencialidades ou vantagens competitivas da região é o primeiro grande passo para a definição de uma estratégia capaz de produzir o desenvolvimento regional esperado. Assim, para a região polarizada por Cuiabá foram identificadas as seguintes vantagens/potencialidades: 1. Forte estrutura de atividades de comércio e serviços urbanos no conglomerado urbano Cuiabá/ Várzea Grande, concentração do comércio (atacadista e varejista) e de prestação de serviços do Estado 2. Forte base industrial de produção regional 3. Forte presença de atividades extrativas minerais para exploração e transformação mineral de cimento e calcário, ouro, diamante e rocha bruta ornamental. 4. Alta oferta de infra-estrutura de apoio urbano 5. Belezas cênicas e destinos turísticos com destacada infra-estruturas e serviços turísticos, incluindo ecoturismo, turismo rural e turismo pesqueiro 6. Ampla biodiversidade com território inserido nos biomas do Pantanal e do Cerrado, dispondo, portanto, de rica biodiversidade, que se constitui em enormes oportunidades de negócios nas áreas alimentícias, farmacológica e turística 7. Localização geográfica estratégica com ampla infra-estrutura viária que articula o território estadual e abre caminho para a integração de Mato Grosso à economia nacional e aos mercados internacionais 8. Elevadas reservas de recursos vegetais, faunísticos e minerais dos biomas do Pantanal e Cerrado, e recursos hídricos abundantes provenientes dos rios que banham a região e deságuam no Pantanal, dentre eles o rio Cuiabá 9. Integração viária e oferta de energia elétrica, com a maioria dos municípios servida pela BR 364 (rodovia pavimentada), se caracteriza como um corredor estratégico de desenvolvimento regional, e também pela BR 070, e oferta de energia elétrica assegurada, predominantemente, pelo sistema elétrico interligado 10. Base para o desenvolvimento de arranjos produtivos locais com dezenas de pequenos produtores nos segmentos da apicultura, vestuário, pesca esportiva, artesanatos e piscicultura representando um potencial importante para o desenvolvimento de APL 11. Base para comércio de créditos de carbono nas grandes extensões de áreas degradadas e grandes depósitos de lixo urbano formando a base para investimentos na produção de certificados para comercialização no mercado mundial de créditos de carbono 52 Estas vantagens ou potencialidades são entendidas como as características internas diferenciadas da região que podem constituir base para o seu desenvolvimento, se devidamente exploradas. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUL – CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE 160 Problemas e Estrangulamentos De outro lado, a capacidade de atrair, ou mesmo reter investimentos, para a região será bastante dificultada pela presença de problemas e estrangulamentos que colocam a região em situação de desvantagem em relação a outros territórios nacionais, inibindo os investimentos e atrasando o seu desenvolvimento53. Foram destacados para a região os seguintes problemas e estrangulamentos. 1. Limitações de usos dos recursos naturais definidas no ZSSE destacando áreas de Usos a Readequar para Recuperação Ambiental, que requerem ações de recuperação ambiental e promoção de usos compatíveis, áreas de “Usos Restritos em Ambientes Pantaneiros” e áreas consideradas de interesse à manutenção e/ou melhoria do seu estado de conservação 2. Desigualdade Intra-regional em termos econômicos e sociais e de oferta de infra-estrutura urbano-institucional 3. Baixo nível de escolaridade e deficiente qualificação da mão-de-obra embora superiores à maioria das demais regiões, dificultando ou mesmo impedindo a atração de investimentos no setor de turismo e em certos segmentos industriais dependentes de melhor qualificação da mão de obra 4. Baixa dinâmica e eficiência econômica, dentro do contexto das limitações e inadequações de usos dos solos, dos custos elevados do transporte de cargas e da fragilidade da logística 5. Baixa rentabilidade da pecuária praticada e do manejo em nível tecnológico insatisfatório, elevado o custo do capital investido 6. Frágil integração regional contando-se municípios da região sem articulação direta com a Capital, sendo mediados pelo município de Várzea Grande, que, pela localização, atua como uma espécie de bolsão protetor da capital, na margem direita do Rio Cuiabá, situação que se agrava no período das chuvas 7. Limitado adensamento da agropecuária com baixo valor agregado, o que limita a alternativa da pecuária intensiva 8. Pequena produção agrícola empresarial ocupando área muito reduzida, fato que não favorece o adensamento da cadeia produtiva nem o alcance de escala de produção suficientemente rentável 9. Disposição à erosão das terras, solos rasos, pedregosos ou com excesso de concreções, caracterizando áreas impróprias para exploração agrícola, com necessidade de correções químicas, associado ao uso inadequado, ora por sobre-utilização, ora por subutilização 10. Impactos ambientais importantes decorrentes das atividades econômicas, ocupação e usos inadequados do solo, queimadas, limitado tratamento de lixo e saneamento básico, esgotamento de dejetos industriais, etc., gerando poluição e assoreamento de rios que formam o Pantanal 53 Os problemas e estrangulamentos são as condições ou situações internas à região que são indesejadas e atrapalham ou impedem o desenvolvimento da região se não forem devidamente equacionadas e alteradas. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 161 11. Concentração excessiva da infra-estrutura social no conglomerado Cuiabá/Várzea Grande, esgotando a infra-estrutura social da região e centralizando os recursos públicos destinados aos programas e ações sociais que seriam de toda a região 12. Carência de centros urbanos prestadores de serviços sociais em algumas USEE, o que limita a oferta de infra-estruturas urbano-institucionais, comprometendo a dinâmica da economia no setor terciário, a agregação de valor aos serviços prestados e a intensidade dos fluxos comerciais 13. Lentidão na efetivação dos investimentos em infra-estrutura e saneamento programados para a região (Projeto BID/Pantanal), prejudica e agrava as ações de recuperação ambiental, deixando de beneficiar amplo contingente populacional e atrasando o desenvolvimento de atividades no ramo turístico Oportunidades do Ambiente Externo O desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência cria uma série de oportunidades de negócios que podem ser capitalizadas pela região desde que a mesma tenha capacidade para tal. Estas condições futuras externas “favoráveis” à Região abrem perspectivas que orientam a definição da estratégia de desenvolvimento. Foram identificadas as seguintes oportunidades externas à Região: 1. Redução de barreiras alfandegárias para produtos agropecuários 2. Formação da ALCA com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 3. Consolidação do Mercosul com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 4. Ampliação da demanda mundial de alimentos 5. Crescimento da demanda mundial e nacional por produtos orgânicos 6. Crescimento da demanda de água e recursos naturais com forte aumento da demanda de hidroeletricidade no Brasil 7. Aumento da demanda de energia renovável, biocombustível com mudança da matriz energética incluindo biomassa e 8. Ampliação de mercado de crédito de carbono 9. Crescimento da demanda de produtos da biotecnologia e biodiversidade 10. Expansão do fluxo turístico mundial com destaque para o ecoturismo 11. Integração da infra-estrutura da América do Sul, incluindo a saída para o Pacífico 12. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento público nacional 13. Formação de ambiente microeconômico favorável ao investimento produtivo nacional (lei de regulamentação do setor de saneamento, por exemplo) 14. Implementação de mecanismos de indução da desconcentração regional PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUL – CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE 162 15. Expansão da capacidade de consumo do mercado interno nacional 16. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento do setor privado Ameaças do Ambiente Externo De modo similar, o desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência tráz consigo muitas ameaças que podem prejudicar o desenvolvimento da região, caso ela não tenha capacidade adequada de defesa. Essas situações externas “desfavoráveis” quando corretamente identificadas fornecem, por seu turno, uma orientação importante para a definição da estratégia de desenvolvimento. Assim, foram identificadas as seguintes ameaças externas à região: 1. Controle monopolístico das tecnologias pelas multinacionais 2. Manifestação de mudanças climáticas globais 3. Intensificação da concorrência mundial com base em novas tecnológicas 4. Recorrência e ampliação de epidemias e endemias em vegetais e animais 5. Ampliação de barreiras comerciais não tarifárias, com alta exigência de qualidade e de controle 6. Risco de queda das demandas de matérias primas, insumos e alimentos em razão de eventuais quedas no crescimento econômico 7. Instabilidade dos preços internacionais de produtos naturais e alimentícios 8. Ampliação da biopirataria com a retirada de amostras da biodiversidade 9. Intensificação da concorrência de países do MERCOSUL no agronegócio 10. Expansão do narcotráfico nas regiões de fronteira do Brasil 11. Instabilidade política em países vizinhos, especialmente Bolívia 163 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento Região de Cuiabá/Várzea Grande Nos próximos vinte anos a Região deve experimentar um grande dinamismo econômico e social, refletindo e amplificando as condições muito favoráveis do contexto externo, em especial o Estadual, palco de maciços investimentos estruturadores nas áreas de transportes, energia, logística educação e inovação tecnológica. As próximas duas décadas serão de grandes transformações estruturais na Região cujos reflexos far-se-ão sentir em termos de geração de oportunidades de emprego e negócios e na melhoria da qualidade de vida. As condições relativamente vantajosas da infra-estrutura econômica regional serão ampliadas com a construção de um sistema bem articulado de transportes e logística, com boa integração dos diversos modais, capaz de escoar a produção da região a custos muito competitivos; os destaques neste esforço de ampliação do atual sistema viário regional será o reforço da capacidade de escoamento dos principais eixos rodoviários da Região, BRs 070, 163 e 364, uma vez que estas rodovias integram a Região com os principais portos e mercados nacionais; de outro lado, com a construção do ramal da Ferronorte ligando Alto Araguaia a Cuiabá, deve ampliar as vantagens competitivas da região em termos de logística e transporte. Além disso, a estrutura de produção deverá passar por mudanças importantes com a entrada de unidades industriais de processamento da produção agropecuária e fornecimento de insumos à montante das cadeias de grãos, carne e madeira; pequenos produtores devem se organizar em arranjos produtivos locais ampliando a capacidade competitiva em segmentos como apicultura, piscicultura, madeira, fruticultura e móveis. A região deve também atrair investimentos para fornecimento de serviços ambientais para reflorestamentos e recuperação de áreas degradadas e tratamento de lixo urbano, ambos voltados ao comércio de créditos de carbono; o setor de serviços, por seu turno, deve experimentar uma ampliação e diversificação dos segmentos de prestação de serviços modernos como saúde, educação e serviços bancários e de intermediação financeira, sobretudo em Cuiabá; mas, o destaque será a expansão do ecoturismo, nas modalidades aventura e pesca esportiva, em base aos investimentos em infra-estrutura econômica e social ampliando as condições de acesso, de recepção e sanitárias da região. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 164 Mapa 13 - Mapa Ilustrativo da Mudança na Estrutura Produtiva da Região de Cuiabá/Várzea Grande (Situação Atual E Futura) Fonte: Multivisão As mudanças e transformações estruturais serão frutos da implementação da estratégia de desenvolvimento da Região, formulada a partir de intensas discussões com representantes da sociedade regional, confrontando as condições internas – potencialidades e estrangulamentos – com os processos e tendências externas – oportunidades e ameaças. As propostas de ação definidas nas discussões foram organizadas e sistematizadas em eixos estratégicos, compondo programas e projetos de importância para a Região. Os projetos destacados estão apresentados a seguir segundo a mesma estrutura definida para o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso. 54. 54 Os eixos e os programas são os mesmos do MT+20, diferenciando-se os projetos específicos para a Região. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUL – CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE 165 3.1 EIXOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO Eixo 1 – Uso sustentável dos recursos naturais O eixo estratégico de Uso Sustentável dos Recursos Naturais articula o conjunto das ações que podem reduzir as pressões antrópicas da expansão da economia, contribuindo para a conservação do meio ambiente e reorientando o modelo de aproveitamento das riquezas naturais de Mato Grosso, particularmente na região de planejamento de Cuiabá/Várzea Grande. O eixo se desdobra em programas e projetos, como apresentado abaixo: 1. Programa de fortalecimento do sistema de gestão ambiental. Projetos • Fortalecimento dos órgãos estaduais que atuam na região e dos órgãos municipais de controle ambiental • Conservação das formações florestais que protegem as escarpas da chapada dos Guimarães • Melhoramento dos instrumentos de fiscalização e controle do meio ambiente e das atividades econômicas • Controle e fiscalização da pesca e da atividade mineral • Criação de sistema de fiscalização adequado para coibir a biopirataria • Proibição do uso de defensivos agrícolas em faixa de em torno do Pantanal 2. Programa de criação, implantação e manutenção de unidades de conservação. Projetos • Criação, ampliação e implantação das Unidades de Conservação com regras diferenciadas para aproveitamento de acordo com a destinação (educação ambiental, turismo, pesquisa científica, preservação de espécies e amostras da biodiversidade) • Manutenção e controle das Unidades de Conservação • Promoção da conservação do Pantanal 3. Programa de promoção do uso sustentável dos recursos naturais. Projetos • Fomento e disciplinamento do uso sustentável do potencial dos recursos naturais da região ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 4. • Promoção da educação ambiental formal e informal • Fomento a projetos para o mercado de crédito de carbono • Aplicação de procedimentos de engenharia conservação de estradas no ambiente pantanal Programa de hidrográficas. recuperação, preservação e adequados manejo das 166 para bacias Projetos • Proteção das cabeceiras e áreas alagadas do Pantanal frente ao desmatamento, ao assoreamento e à contaminação das águas • Intensificação da fiscalização dos ecossistemas aquáticos e terrestres pantaneiros • Recuperação das áreas de bacias degradadas, córregos e rios • Recuperação dos rios poluídos em função de atividades econômicas urbanas e rurais • Controle da erosão e manejo de solo e água em microbacias críticas • Promoção de ações de mitigação e compensação dos danos provocados pelo uso intenso dos recursos hídricos 5. Programa de reflorestamento de áreas degradadas. Projetos • Recuperação e reflorestamento de áreas degradadas, incluindo a recuperação da capacidade de suporte das pastagens plantadas e degradadas do Pantanal • Recuperação das áreas de garimpo da região • Capacitação de técnicos e empresários em elaboração de projetos para captação de recursos do mercado de crédito de carbono Eixo 2 - Conhecimento e inovação tecnológica Educação e inovação tecnológica são dois fatores centrais do desenvolvimento e da competitividade sistêmica de um território, contribuindo para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. A educação, além de ser pré-requisito para a ciência e tecnologia, constitui também um elemento decisivo para ampliar e democratizar as oportunidades da sociedade, na medida em que prepara o cidadão para a vida e para o mercado de trabalho, principalmente quando associada à capacitação profissional. Desta forma, o eixo estratégico de Conhecimento e Inovação é parte central da estratégia de desenvolvimento de Mato Grosso e, particularmente de Cuiabá/Várzea Grande, expressando-se através dos programas apresentados a seguir: PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUL – CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE 167 1. Programa de ampliação da capacidade de pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico. Projetos • Fortalecimento da capacidade de pesquisa e dos recursos humanos da região • Implantação de centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico nas áreas de interesse regional • Fomento à rede de pesquisa regional • Implantação de sistema de comunicação e informação entre os órgãos de pesquisa 2. Programa de inovação e difusão de tecnologias para as cadeias produtivas. Projetos • Criação de centro de desenvolvimento e difusão de tecnologias (articulando rede de pesquisa no Estado) com atuação nas áreas de maior demanda das cadeias produtivas regionais • Expansão da infra-estrutura e da capacidade de assistência técnica às cadeias produtivas • Criação de banco de dados sobre a diversidade bio-sócio-cultural regional 3. Programa de certificação de produtos e processos e registro de patentes. Projetos • Criação de centro de certificação de produtos e emissão de selos de qualidade ambiental com sistema de certificação descentralizado, destacando os produtos da agricultura familiar e os produtos orgânicos • Implantação de medidas de certificação para produtos naturais, matérias primas, propriedade intelectual e cultural do Pantanal • Criação de certificação de qualidade de produtos da região • Implantação de centro de metrologia, calibração e certificação de qualidade ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 168 4. Programa de melhoria da qualidade do ensino básico. Projetos • Melhoria da infra-estrutura da rede física escolar das escolas públicas (educação infantil, básica e média) • Ampliação da oferta de ensino médio, ampliando o atendimento a jovens e adultos do meio urbano e rural • Reestruturação da gestão escolar • Reforço de temas transversais na educação, como saúde (higiene, alimentação), valores (moral+social+ética), biopirataria, etc. • Reestruturação da base curricular • Combate ao analfabetismo na região, com prioridade para o meio rural 5. Programa de ampliação da educação profissional e tecnológica. Projetos • Qualificação e capacitação dos recursos humanos, com destaque para turismo, aspectos sanitários da produção, produtos orgânicos, e agronegócio • Fortalecimento do ensino técnico profissionalizante 6. Programa de consolidação, expansão e democratização do ensino superior. Projetos • Descentralização do Ensino Superior (faculdades e universidades) • Expansão da capacidade de atendimento das instituições superiores com cursos nas áreas turística e farmacológica • Ampliação do acesso à educação superior Eixo 3 – Infra-estrutura econômica e logística A Região de Planejamento apresenta alguns estrangulamentos na infra-estrutura econômica, particularmente nos transporte para sua integração econômica e para escoamento da produção estadual para o mercado nacional e mundial. Apesar disso a economia regional têm apresentado grande competitividade internacional No futuro, a região pode ter sua competitividade comprometida se não tomar providências para ampliação e recuperação da infra-estrutura econômica e da logística. O eixo estratégico de desenvolvimento (Eixo 3) procura responder diretamente a estes PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUL – CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE 169 estrangulamentos, melhorando o desempenho atual e preparando Mato Grosso e a Região de Cuiabá/Várzea Grande para os desafios do futuro. 1. Programa de recuperação e ampliação do sistema de transporte rodoviário. Projetos • Ampliação e recuperação das vias de integração dos municípios da região • Duplicação da BR 364 nos trechos Cuiabá-Rondonópolis e Cuiabá Nova Mutum e Rodovia dos Imigrantes • Pavimentação de Rodovias, especialmente Antônio/Barão de Melgaço (Pantanal) • Complementação das vias de acessos terrestres da região da bacia do rio Cuiabá o trecho Santo 2. Programa de recuperação e ampliação do sistema multimodal de transporte (ampliação e integração dos sistemas ferroviário, hidroviário e aeroviário). Projetos • Expansão e revitalização do sistema multimodal de transportes para integração nacional e com países vizinhos • Ampliação do sistema de transporte e logística hidroviário • Ampliação da capacidade aeroportuária regional, com melhoria dos serviços do aeroporto de Vargem Grande/Cuiabá (ponto de conexões com a região Norte e Países Andinos) 3. Programa de ampliação da estrutura de logística. Projetos • Criação de plataformas logísticas interligadas com integração dos pólos produtivos e conexão Pacífico e Atlântico • Ampliação, renovação e recuperação da estrutura especialmente para grãos e produtos agropecuários • Criação de Centro de distribuição regional, contemplando centro de distribuição de alimentos (CEAMT) e venda do produtor ao consumidor • Implantação de quatro pontos de concentração do sistema intermodal (norte, sul, leste e Centro-Oeste) • Implantação de parque de exposição e feiras para comercialização com show-room logística ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 170 4. Programa de expansão do sistema de oferta de energia elétrica (geração, transmissão e distribuição. Projetos • Expansão do sistema de geração de energia elétrica • Expansão do sistema de transmissão de energia elétrica • Aumento da oferta de energia elétrica com expansão do sistema de distribuição da CEMAT 5. Programa de diversificação da matriz energética. Projetos • Produção de energia por meio de fontes renováveis (energia limpa, como H-bio) • Aumento da oferta de gás natural na região 6. Programa de ampliação do sistema de comunicações. Projetos • Universalização do acesso ao sistema de telecomunicação (fixa ou móvel) • Ampliação do acesso aos serviços de comunicação eletrônica (radio e televisão) • Massificação do acesso da população e das instituições à internet Eixo 4 - Diversificação e adensamento das cadeias produtivas, compreendendo os inúmeros projetos. A agropecuária é à base do dinamismo da economia da Região de Planejamento de Cuiabá/Várzea Grande, concentrando a produção e as exportações em produtos de baixo valor agregado. Esta característica da economia regional diminui o impacto econômico e social das exportações e torna o território, como de resto, o Estado de Mato Grosso, vulnerável a flutuações internacionais de demanda e preços das commodities. Diante disso, o plano estratégico deve promover a diversificação da estrutura produtiva e a agregação de valor dos produtos do agronegócio. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUL – CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE 1. Programa de fortalecimento extrativismo e silvicultura. e diversificação da 171 agropecuária, Projetos • Elevação da eficiência da pecuária e da policultura em pequenos e médios produtores • Reforço do controle de zoonose • Estímulo à melhoria das pastagens • Promoção da otimização da agropecuária em solos e pastagens plantadas de melhor aptidão • Readequação do uso da terra através do desenvolvimento da pecuária e da policultura • Desenvolvimento da fruticultura, da produção orgânica, e da piscicultura • Criação de animais silvestres (jacaré, capivaras, etc.) em cativeiro sob controle ambiental 2. Programa de reestruturação fundiária e desenvolvimento da agricultura familiar. Projetos • Regularização fundiária com titulação das terras do Estado • Consolidação e fortalecimento dos assentamentos de reforma agrária • Fortalecimento da agricultura familiar e da pequena agroindústria com agregação de valor • Fomento às pequenas propriedades com foco em agricultura familiar para o abastecimento estadual, incluindo produtos orgânicos • Fortalecimento da atividade de hortifrutigranjeiros (entorno cuiabano para atendimento da demanda urbana) • Desenvolvimento do associativismo e do cooperativismo para fortalecer a pequena propriedade rural 3. Programa de adensamento das cadeias produtivas. Projetos • Beneficiamento da produção de grãos com agregação de valor, destacando a implantação de unidades de produção de óleo comestível e tortas e agroindústria de alimentos • Beneficiamento da produção da pecuária de corte com agregação de valor, destacando a instalação de frigoríficos para produção de carnes ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 172 especiais e embutidos e de planta industrial para curtumes, artefatos de couro e calçados, e carcaças, inclusive de pescado • Beneficiamento da produção do algodão com agregação de valor, através da implantação de tecelagens e indústria de confecções • Beneficiamento da produção agro-florestal com agregação de valor através de unidades de painéis e laminados de madeira prensada e para a produção de móveis e produção de biomassa, indústria química e resíduos para geração de energia elétrica e adubo • Instalação de unidades industriais para a produção de matérias primas, insumos, implementos, máquinas e equipamentos para as cadeias produtivas (a montante), principalmente da agropecuária • Processamento e tratamento dos efluentes para venda de crédito de carbono 4. Programa de diversificação da estrutura produtiva regional. Projetos • Desenvolvimento da indústria de bens e consumo de Mato Grosso na região • Ampliação dos serviços avançados (terciário moderno), particularmente os serviços médico-hospitalar, educacionais, de informática, inteligência e logística • Desenvolvimento e organização da mineração regional 5. Programa de desenvolvimento do turismo. Projetos • Ampliação da capacidade hoteleira regional • Criação de uma rota de turismo fluvial no Rio Cuiabá • Profissionalização do turismo na região • Desenvolvimento do ecoturismo, do turismo científico nos parques nacionais, do turismo de negócios, e do turismo rural • Criação de pólos e roteiros turísticos • Organização do trade turístico • Implantação de infra-estrutura e dos serviços turísticos PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUL – CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE 173 6. Programa de fortalecimento dos arranjos produtivos locais. Projetos • Fomento aos APLs de gemas e jóias (extração, artesão e fabricação), artesanato, confecções, e gastronomia, • Formação e capacitação profissional dos arranjos produtivos locais • Criação de um centro de comercialização de APL • Montagem de sistema de comercialização e distribuição da produção 7. Programa de diversificação da pauta de exportações. Projetos • Industrialização de doces e sucos tipo exportação • Abertura de novos mercados nacionais e internacionais • Acordos bilaterais com os países vizinhos Eixo 5 - Qualidade de vida, cidadania, cultura e segurança O desenvolvimento sustentável tem como objetivo central a melhoria da qualidade de vida da população expressa no acesso aos bens e serviços públicos, na segurança pública e paz social, na cidadania e no desenvolvimento cultural. Para alcançar este objetivo, o Estado de Mato Grosso e, particularmente a Região de Planejamento de Cuiabá/Várzea Grande, ainda tem que melhorar muito as condições de vida da população, realizando iniciativas e investimentos nos diferentes segmentos sociais que se beneficiam também dos resultados alcançados nos outros eixos estratégicos de desenvolvimento, particularmente no que trata de educação e do crescimento da economia, gerando oportunidades de emprego. De qualquer forma, a estratégia de desenvolvimento regional implementa um eixo estratégico diretamente nos segmentos sociais que elevam a qualidade de vida da população. 1. Programa de fomento à geração de emprego e renda. Projetos • Estímulo à economia solidária, incluindo criação de centro de formação em economia solidária • Incentivo aos pequenos comercialização) • Criação de centros de formação profissional nas periferias para capacitação da população vulnerável produtores artesanais (produção e ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 174 • Fomento e capacitação das micro e pequenas empresas para geração de emprego e renda • Compras governamentais de cooperativas/associações/organizações que prestem serviços públicos • Fomento à implantação de projetos cooperativos de associações e organizações de moradores. 2. Programa de cidadania e respeito aos direitos humanos. Projetos • Promoção da inclusão social e digital • Implementação de medidas de proteção aos idosos. • Monitoramento de populações habitantes em áreas de risco e remoção por órgãos de segurança • Fortalecimento dos órgãos de defesa civil • Fortalecimento das instituições atuantes em projetos sociais • Melhoria do controle da migração • Controle e fiscalização de organismos não governamentais • Incentivo ao trabalho liberais/empresas) • Ampliação de ações preventivas nas escolas Educação Básica contra drogas e narcotráfico entre adolescentes • Erradicação do trabalho escravo e infantil • Proteção e assistência social às vitimas e testemunhas ameaçadas • Incentivo a empresas para a responsabilidade social • Implantação de centros de assistência e convivência da terceira idade • Implantação de sistema de proteção do direito do consumidor • Combate à violência contra a mulher • Sensibilização e conscientização da população em relação ao ECA e outros estatutos voltados à cidadania • Regularização e demarcação das terras de quilombo voluntário da sociedade (profissionais 3. Programa de promoção da cultura, esportes e lazer: Projetos • Implantação de infra-estrutura e equipamentos sociais nas sedes dos municípios PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUL – CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE 175 • Promoção da cultura regional e difusão da cultura tradicional e das manifestações folclóricas • Criação de um roteiro cultural vinculado ao turismo • Incentivo à pesca artesanal e de lazer • Registro do patrimônio imaterial 4. Programa de saneamento e habitação, compreendendo os seguintes projetos: Projetos • Destinação adequada do destino dos resíduos sólidos e efluentes, com proibição da deposição em margens e bacias do rio Cuiabá • Implantação de coleta seletiva do lixo • Implantação das redes de saneamento básico • Promoção de reforma fundiária urbana com ampliação da habitação de baixa renda • Ampliação da habitação rural 5. Programa de estruturação e implementação de um sistema integrado de redução da criminalidade. Projetos • Qualificação profissional das polícias militar e civil • Unificação das Polícias • Fortalecimento da estrutura dos sistemas de segurança pública, particularmente logística, inteligência e tecnologia • Combate preventivo e repressivo ao narcotráfico e ao crime organizado, melhorando a capacidade de atuação dos setores de segurança (incluindo controle de fronteira) • Formação de conscientização de segurança pública nas instituições e na comunidade • Implantação de ações permanentes de vigilância e controle no tráfego • Reforço do policiamento na rede escolar com guarda municipal • Criação de medidas de recuperação e prevenção de drogas envolvendo família/igreja/escola ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 176 6. Programa de saúde, compreendendo os seguintes projetos: Projetos • Ampliação da oferta de serviços de saúde na região • Melhoria da infra-estrutura dos estabelecimentos assistenciais de saúde • Promoção de ações educativas em saúde • Implantação de medidas continuadas de saúde pública e vigilância de endemias de veiculação hídrica, acidentes ofídicos, controle de roedores e de animais peçonhentos • Desenvolvimento de ações de prevenção • Garantia da referência estadual e municipal dos serviços ambulatoriais e hospitalares (epidemias e endemias) • Implantação de infra-estrutura de saúde para atender demandas locais (adensamento de postos) 7. Programa de proteção, respeito e apoio às nações indígenas, compreendendo os seguintes projetos: Projetos • Garantia da integridade do patrimônio territorial, ambiental e cultural das nações indígenas de Mato Grosso • Valorização da diversidade cultural e construção da identidade indígena • Garantia plena dos direitos sociais básicos dos povos indígenas de MT • Melhoria da qualidade de vida das populações indígenas e tradicionais de Mato Grosso • Ampliação do acesso das nações indígenas à educação • Criação de alternativas na economia dos povos indígenas • Articulação institucional e participação Eixo 6 - Governabilidade e gestão pública A análise das políticas públicas brasileiras – válidas também para Mato Grosso costuma destacar como um dos seus grandes problemas a baixa eficiência e eficácia das ações e dos investimentos, gerando enorme desperdício de recursos e limitada implementação dos projetos. Por outro lado, apesar dos avanços recentes e de muito propalada, a participação da sociedade ainda é muito restrita, o que termina reduzindo o impacto e a efetividade das políticas públicas. O desenvolvimento sustentável de Mato Grosso e da Região de Planejamento de Cuiabá/Várzea Grande depende da capacidade dos governos (estadual e municipais) representarem as aspirações da PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUL – CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE 177 sociedade e da qualidade gerencial que assegure a implementação das ações com os menores custos e a maior eficácia. O eixo Governabilidade e Gestão Pública articula as ações que procuram enfrentar os problemas de gestão pública no Estado e na Região, ampliando a eficiência, a eficácia e efetividade de todos os programas e projetos previstos pelo plano. 1. Programa de modernização da estrutura e métodos da administração pública estadual. Projetos • Capacitação dos órgãos municipais na área de tributação • Fortalecimento dos sistemas Desenvolvimento Urbano. • Modernização da estrutura administrativa e busca na excelência na gestão pública dos municípios • Implantação de modelos de gestão voltados para os objetivos organizacionais • Formação contínua e treinamento do pessoal em nível regional • Ampliação do acesso e da prestação de serviços públicos via meios eletrônicos • Desestatização dos serviços públicos e setores não essenciais • Implantação da flexibilização do trabalho no setor público municipais de Planejamento e 2. Programa de democratização, descentralização e transparência da gestão pública. Projetos • Combate à impunidade e à corrupção na administração pública regional • Ampliação das ações de transparência da gestão pública, com destaque para o controle social • Resgate, promoção e reafirmação da ética como valor nos serviços públicos. 3. Programa de fortalecimento do sistema estadual de regulação, monitoramento e fiscalização • Fortalecimento da capacidade institucional de controle e fiscalização dos serviços delegados a nível regional. • Fortalecimento da atuação das agências de regulação estaduais em nível regional. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 178 Eixo 7 – Descentralização do território e estruturação da rede urbana A expansão da economia regional tende a gerar algum processo de concentração no território, respondendo às condições diferenciadas da competitividade e segundo eficiência econômica do mercado. A estratégia de desenvolvimento regional deve compensar este movimento, criando condições para uma distribuição equilibrada da riqueza e das condições de vida no território, implementando projetos e tomando iniciativas de descentralização e desconcentração regional. Por outro lado, a organização do território mato-grossense e regional passa pela formação de uma rede urbana que articula os diferentes territórios, numa hierarquia de múltiplas funções no espaço. Desta forma, estratégia de desenvolvimento deve incorporar programas e projetos, articulados nos Eixos de Descentralização territorial e estruturação da rede urbana, promovendo a reorganização do território estadual. 1. Programa de desenvolvimento regional integrado. Projetos • Descentralização, diversificação e especialização da rede de prestação de serviços públicos • Institucionalização do planejamento estratégico regional com a formação do Conselho Regional de Desenvolvimento e estruturação de Institutos Municipais de Planejamento Urbano-Regional • Implementação do sistema de gestão da bacia do Rio Cuiabá 2. Programa de fortalecimento da rede urbana. Projetos • Elaboração do Plano Diretor da Região Metropolitana de Cuiabá envolvendo todos os municípios da região • Fortalecimento das funções urbanas do pólo regional Cuiabá/Várzea Grande, formando novas centralidades (redes de cidades) • Fortalecimento institucional do Aglomerado Urbano de Cuiabá-Várzea Grande • Controle do uso e ocupação do solo urbano para impedir degradação e ordenar a distribuição das habitações • Integração viária dos municípios conurbados com implantação de sinalização adequada • Fortalecimento do consórcio intermunicipal da região • Apoio à estruturação de uma rede de cidades mais equilibrada do ponto de vista do desenvolvimento Socioeconômico e da redução das desigualdades regionais. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUL – CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE 179 • Implementação de Planos Diretores Municipais e seus conselhos das cidades. • Implantação de transporte metropolitano e inter-regional de qualidade, e sistema de transporte entre as cidades da região. • Ampliação e maximização dos investimentos públicos na infra-estrutura urbana - saneamento, energia, resíduos sólidos, transportes coletivos, regularização fundiária, habitação e mobilidade urbana – com prioridade para os municípios carentes • Criação de mecanismos para a organização e mobilização social com a finalidade de instituir comitês, conselhos, cooperativas e associações no espaço urbano PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE180 MATO GROSSO – MT+20 Região Sudoeste – Cáceres Cáceres Araputanga Campos de Julio Comodoro Conquista D’Oeste Curvelândia Figueirópolis D’Oeste Glória D’Oeste Indiavaí, Jauru Lambari D’Oeste Mirassol D’Oeste Nova Lacerda Pontes e Lacerda Porto Espiridião Reserva do Cabaçal Rio Branco Salto do Céu São José dos Quatros Marcos, Sapezal Vale de São Domingos Vila Bela da Santíssima Trindade 181 1. Apresentação O Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20) desdobra-se em doze planos regionais55 que orientam a implementação das ações estratégicas para integrar o território mato-grossense e promover uma desconcentração da economia e dos indicadores sociais do Estado. Este documento apresenta o Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Sudoeste (Cáceres), como uma parte do MT+20 que explicita os projetos prioritários para a região, organizando a formulação da sociedade na estrutura estratégica do MT+20. Desta forma, o plano regional é um detalhamento do MT+20 no território, de acordo com as especificidades locais, seus problemas e suas potencialidades. O Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Sudoeste (Cáceres) é o referencial da Região para negociação dos seus projetos e o acompanhamento da implementação do MT+20 no território. Foi elaborado com o envolvimento da sociedade, procurando fazer uma articulação entre a estratégia geral para Mato Grosso e as características de cada região, suas necessidades e suas contribuições para o desenvolvimento conjunto do Estado. Ao mesmo tempo em que formularam propostas para compor o plano de desenvolvimento de Mato Grosso, a estratégia do Estado (MT+20) definia as bases para as prioridades do Estado. A Região de Planejamento polarizada por Cáceres, conta agora com seu plano de desenvolvimento de longo prazo que deve orientar as ações nos próximos 20 anos, capaz de desenvolver a região e, ao mesmo tempo, intensificar sua interação com as transformações futuras de Mato Grosso. Nesse sentido, deve ao mesmo tempo dar suporte aos propósitos de desenvolvimento do Estado e mediante os impactos gerais na região. 55 Refletindo a divisão do território de Mato Grosso, foram realizados planos regionais para as regiões Noroeste 1 (Juína), Norte (Alta Floresta), Nordeste (Vila Rica), Leste (Barra do Garças), Sudeste (Rondonópolis), Sul (Cuiabá/Várzea Grande), Sudoeste (Cáceres), Oeste (Tangará da Serra), Centro-Oeste (Diamantino), Centro (Sorriso), Noroeste 2 (Juara), e Centro-Norte (Sinop). 182 2. Estratégia De Desenvolvimento da Região A Construção do Futuro 2.1. PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL DA REGIÃO Caracterização Geral da Região de Região Sudoeste – Cáceres A Região Sudoeste, polarizada pelo município de Cáceres, está localizada no Pantanal mato-grossense e em zona fronteiriça internacional na divisa com a Bolívia, contando com dois pontos de alfândega, San Mathias e Porto Esperidião (Ponta do Aterro). Formada por vinte e dois municípios, maior aglomerado municipal das regiões de Mato Grosso (Araputanga, Cáceres, Campos de Julio, Comodoro, Conquista D’Oeste, Curvelândia, Figueirópolis D’Oeste, Glória D’Oeste, Indiavaí, Jauru, Lambari D’Oeste, Mirassol D’Oeste, Nova Lacerda, Pontes e Lacerda, Porto Espiridião, Reserva do Cabaçal, Rio Branco, Salto do Céu, São José dos Quatros Marcos, Sapezal, Vale de São Domingos, e Vila Bela da Santíssima Trindade). A região de Cáceres tem também a maior área territorial do Estado, com 115,72 mil km2, o que representa 12,6% do território estadual. Com a terceira maior população dentre as regiões de planejamento, cerca de 293 mil habitantes, ou 10,6% da população de Mato Grosso, a região tem uma densidade demográfica de 2,47 hab/km2, inferior à média estadual, calculada em 2,96 hab/km2. A agropecuária, particularmente a pecuária, é à base da economia regional, contribuindo com quase 40% do PIB da Região (39,4%), mas conta também com uma importante atividade industrial correspondente a 17,86% da produção regional. A produção agropecuária da região Sudoeste representa 13,5% de todo PIB setorial de Mato Grosso, o que lhe confere a segunda posição na contribuição para o setor no Estado, abaixo apenas da região de Sorriso. A região de Cáceres tem Produto Interno Bruto total estimado em R$ 2,9 bilhões (2005), equivalente a 10,1% da economia mato-grossense, terceira maior contribuição para o produto do Estado, inferior apenas às regiões de Cuiabá/Várzea Grande e de Rondonópolis, e praticamente empatado com a região de Sorriso. A força da atividade agropecuária regional fica evidente pelo fato da sua contribuição para o produto setorial do Estado ser quase o dobro da participação no PIB total mato-grossense. Internamente à região, o PIB se distribui de forma relativamente equilibrada, embora a maioria dos municípios não alcance 5% do total regional; como mostra o gráfico a seguir, o município com maior PIB da região, Sapezal, responde por 23,3% do total, e ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 183 os cinco maiores, entre os quais Cáceres com 15%, representam cerca de 63% do produto regional. Gráfico 16 - PIB dos Municípios da Região (mil de R$, 2004) 700.000 600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000 C Sa pe z am Cá al po ce Vi r s Po la de es nt B el J e ul s a i e da La o Sa A ce nt ra pu rda ís si ta m ng a Sã a Tr i o C nda Jo M o sé m de ira od ss do or o s l o Q D’ ua O es tr Po os te rt Ma o Es rco pi s rid La iã m o ba Ja ur ri u D ’ N ov Oe s a te Fi L gu Sa ace ei rd ró lto po do a lis C G D éu ló ’O ria es D’ te O C on Rio est Va qu B e le r i de sta anc o D’ Sã O o Do est e m C i ng ur ve os lâ R nd es ia er I n va di a do va í Ca ba ça l 0 Fonte: Relatório PIB Municipais, IBGE, 2006 Nos períodos, 2000/2004, a economia regional cresceu a uma taxa média anual de 21,3% (variação nominal do PIB), pouco acima do crescimento do Estado de Mato Grosso, estimado em 20,1% no período. A expansão demográfica da região de Cáceres foi inferior à media registrada pelo Estado, com 1,21% de taxa geométrica anual, contra 2,1% de crescimento da população de Mato Grosso no qüinqüênio 2000/2004. Com a terceira maior população e a terceira economia do Estado (R$ 2,9 bilhões em 2005), a região de Cáceres tem PIB per capita de R$ 9.800 mil, bem abaixo da média estadual e situada na sétima posição no indicador; o PIB per capita da região representava, na estimativa de 2005, apenas 94% da média de Mato Grosso. Como a população regional se distribui de forma desigual nos municípios, o PIB per capita no interior da região Sudoeste é bastante equilibrado, embora com dois municípios se destacando da média regional. Campos de Julio e Sapezal têm PIB per capita muito superior à média regional, oito e seis vezes a média regional, respectivamente; o que chama a atenção é o fato do PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDOESTE – CÁCERES 184 município de Cáceres, pólo da região Sudoeste, ter o mais baixo PIB per capita do conjunto. A região Sudoeste tem um dos mais baixos IDH - Índice de Desenvolvimento Humano do Mato Grosso (medido pela média dos índices municipais), estimado em 0,715, superior apenas às regiões de Alta Floresta e Vila Rica. A distribuição interna do IDH nos municípios da região é bastante desigual, com dois municípios com índice alto (acima de 0,800), Sapezal e Cáceres; considerando que este último tem o mais baixo PIB per capita da região (e supondo que corresponde à renda per capita), Cáceres deve apresentar posição muito favorável nos outros dois indicadores do IDH (longevidade e escolaridade). Com a terceira economia do Estado, combinando a atividade pecuária com indústria e constituindo ponto de concentração de cargas e entroncamento de transporte multimodal (BRs 174 e 070 e hidrovia do Paraguai), a região Sudoeste (Cáceres) sofre pressão antrópica, embora bastante desigual no ambiente savânico associado com pantanais. Sete das dezesseis unidades socioeconômicas e ecológicas (definidas no ZSEE)56 registram baixa alteração ambiental, particularmente as unidades Baías e Lagoas do Paraguai e Pantanal do Paraguai, ambas com ocupação consolidada e ambiente savânico e pantaneiro conservado; mesmo considerando que a unidade Pantanal do Paraguai inclui o município de Cáceres, pólo regional e importante centro industrial e de logística do Estado. Ainda com baixa antropização e alteração do ambiente contam-se as unidades da Serra do Guaporé, Rampas do Guaporé, Pantanal do Guaporé, Altas Vertentes do Guaporé, Superfície Circumplanática do Alto Rio Juruena, e Planalto do Comodoro, algumas das quais, contudo, com alta predisposição à erosão. Em contrapartida, seis das unidades socioeconômicas e ecológicas da região Sudoeste apresentam alta ou muito alta alteração do ambiente, como resultado das pressões antrópicas; entre as unidades com mais intensa alteração do ambiente destacam-se Planalto de Jauru, Planalto de Salto do Céu, e Sapezal/Campos de Júlio. Considerando as características ambientais da região e as prováveis pressões antrópicas futuras, o Zoneamento Socioeconômicoe Ecológico definiu alternativas diferenciadas de uso e ocupação do território da região Sudoeste, de modo a recuperar e conservar o meio ambiente. De acordo com a classificação do ZSEE, a região destina cerca de uma quarta parte do território com área indígena ou de uso restrito, além de duas Unidades de Conservação; o restante, em áreas de ocupação antigas ou consolidadas, destina-se a usos a consolidar ou para readequar com novas atividades produtivas (ver distribuição no mapa a seguir). 56 A região foi dividida nas seguintes USEEs: Baías e Lagoas do Paraguai, Pantanal do Paraguai, Planície de Cáceres, Planalto de Juaru, Planalto de Salto do Céu, Planalto do Paraguai Noroeste, Serra do Guaporé, Rampas do Guaporé, Pantanal do Guaporé, Planície do Guaporé, Nova Lacerda, Baixas Vertentes do Guaporé, Altas Vertentes do Guaporé, Superfície Circumplanáltica do Alto do Rio Juruena, Planalto do Comodoro, e Sapezal/Campos de Júlio ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 185 Mapa 14 - Usos Alternativos das Unidades Socioeconômico e Ecológicas da Região de Cáceres Fonte: ZSEE - SEPLAN/MT 2.2. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A REGIÃO – AONDE QUEREMOS CHEGAR O desenvolvimento futuro da região Sudoeste depende dos impactos do cenário de referência (MT+20) no território que, por seu turno, decorrem das características da própria região. Como foi mencionado, o cenário de referência contempla um processo de desconcentração e integração territorial, associado com políticas públicas, incluindo a gestão ambiental nos termos definidos pelo ZSEE. Considerando as potencialidades regionais, os projetos que ampliam a sua infra-estrutura econômica e as restrições ambientais, a região de Cáceres deve registrar, nos próximos 20 anos, crescimento alto, mas levemente abaixo da média do Estado (8,9% ao ano, contra 9,2% ao ano); ao mesmo tempo a região se consolida como centro regional de serviços avançados e de logística, com industrialização e adensamento das cadeias produtivas e importante diversificação com expansão do turismo, aproveitando o grande potencial de belezas cênicas. O dinamismo regional é estimulado pela ampla malha de transporte multimodal, ampliada com novos investimentos e abertura do acesso para rota sul- PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDOESTE – CÁCERES 186 americana, através da hidrovia Paraná/Paraguai (Porto de Arica-Chile). Neste cenário a região deve experimentar uma forte expansão, a despeito da definição de usos alternativos das unidades ambientais estabelecerem limites quantitativos para a expansão econômica, embora favoreça a qualificação do aproveitamento dos recursos naturais. Nestas condições, a economia da região de Cáceres deve crescer em média 8,9% ao ano nas próximas décadas, elevando o PIB regional dos atuais R$ 2,9 bilhões para cerca de R$ 17,6 bilhões, em 2026 (como mostra o gráfico a seguir). Nessas condições, a região registra um leve, mas continuado declínio da sua participação relativa na economia mato-grossense, de 10,1%, estimado para 2005, para 9,5%, em 2026. Gráfico 17 - Evolução do PIB da Região e da Participação no PIB de MT 10,20% 20.000,00 10,00% 15.000,00 9,80% 10.000,00 9,60% 5.000,00 9,40% 9,20% - 2005 2010 2015 Participação no PIB de MT 2020 2026 PIB em mi de R$, 2004 Fonte: Multivisão A população da região Sudoeste deve crescer a taxas bem inferiores ao ritmo de expansão do PIB e pouco abaixo da média do Estado, com novas frentes importantes de penetração demográfica. A combinação do crescimento moderado do PIB com relativamente baixa expansão demográfica provoca uma aumento do PIB per capita ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 187 regional, devendo alcançar R$ 42 mil, mais do que quadruplicando em 20 anos; assim, aumenta sua participação no PIB per capita de Mato Grosso, chegando a 2026 próximo de 85% da média do Estado. 2.3. O QUE PODE AJUDAR OU ATRAPALHAR O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE CÁCERES Vantagens Competitivas/Potencialidades O desenvolvimento da região será bastante determinado por sua capacidade de atrair e reter investimentos, de modo a aproveitar as oportunidades criadas no ambiente externo, sobretudo o estadual, mediante a mobilização de suas vantagens competitivas57. Portanto, identificar de forma correta as potencialidades ou vantagens competitivas da região é o primeiro grande passo para a definição de uma estratégia capaz de produzir o desenvolvimento regional esperado. Assim, para a região de polarizada por Cáceres foram identificadas as seguintes vantagens/potencialidades: 1. Elevado patrimônio natural e cultural, com diversidade dos ecossistemas (Pantanal, Cerrado e Floresta) e da fauna e flora, grande beleza cênica e abundância de recursos hídricos e sítios arqueológicos 2. Existência de infra-estrutura econômica de logística de transporte, com facilidade de acesso através de meios multimodais de transporte (incluindo os rios da Amazônia, Paraguai e Guaporé-madeira,) acesso aos principais eixos rodoviários de Mato Grosso (BRs 070, 174,163 e 364) 3. Diversidade de fontes para produção de energia elétrica (Gás natural;energia solar; PCHs, biomassa,álcool e biodíesel) 4. Base produtiva para adensamento das cadeias produtiva da agropecuária (leite,corte e couro, de bovino e jacaré), 5. Riqueza cultural focada em folclore e artesanato regionais, inclusive com a cultura das populações ribeirinhas 6. Existência de arranjos produtivos na região, com destaque para indústria moveleira e oleira, piscicultura, apicultura, com potencial para a criação de jacarés em cativeiro, panificação, fruticultura e a avicultura 7. Comércio e serviços diversificados com demanda reprimida nas áreas de saúde, educação e turismo 57 Estas vantagens ou potencialidades são entendidas como as características internas diferenciadas da região que podem constituir base para o seu desenvolvimento, se devidamente exploradas. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDOESTE – CÁCERES 188 8. Existência de estrutura de ensino superior e de qualificação profissional na região, (com presença da UNEMAT e instituições locais, como SENAI, SENAR, SESC SEBRAE, EMPAER, entre outras) 9. Visão empreendedora da sociedade regional 10. Sociedade organizada em sindicatos, associações, clubes de serviços, cooperativas, conselhos e ONGs 11. Base para o desenvolvimento do turismo com existência de estrutura de hotéis, restaurantes e pousadas em alguns municípios da região 12. Potencial extrativista mineral e vegetal diversificada 13. Existência de infra-estrutura hospitalar diferenciada de apoio à região Problemas e Estrangulamentos De outro lado, a capacidade de atrair, ou mesmo reter investimentos, para a região será bastante dificultada pela presença de problemas e estrangulamentos que colocam a região em situação de desvantagem em relação a outros territórios nacionais, inibindo os investimentos e atrasando o seu desenvolvimento58. Foram destacados para a região os seguintes problemas e estrangulamentos 1. Forte degradação do meio ambiente regional 2. Pouco investimento na área de desenvolvimento de tecnologia sobre a biodiversidade e recursos naturais 3. Descapitalização do produtor rural 4. Alto índice de desigualdade social 5. Elevada concentração fundiária 6. Baixa produtividade dos agricultores familiares e dos assentamentos rurais 7. Frágil infra-estrutura de saneamento básico 8. Degradação ambiental por acúmulo de lixo 9. Deficiência do sistema de atendimento preventivo e curativo à saúde 10. Baixa representação política da região advinda do baixo nível de politização e participação da população 11. Reduzida formação e qualificação profissional 12. Deficiência da infra-estrutura urbana de turismo, com desvalorização e degradação do patrimônio histórico e cultural da região 13. Sobrecarga em alguns municípios na prestação de serviços sociais para fins de atendimento à população (educação, saúde, etc.) 58 Os problemas e estrangulamentos são as condições ou situações internas à região que são indesejadas e atrapalham ou impedem o desenvolvimento da região se não forem devidamente equacionadas e alteradas. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 189 14. Deficiência da rede de estradas de interligação dos municípios da região 15. Insegurança na região de fronteira (contrabando e trafico de drogas) 16. Violência urbana e rural, inclusive com roubo de cargas 17. Conflitos de interesses entre logística de transporte e legislação ambiental (rodovia e hidrovia) 18. Altos índices de desemprego e subemprego 19. Desatualização do cadastro de imóveis urbano e rural 20. Atuação irregular das ONGs 21. Estagnação e fuga de investimentos da região de fronteira (Brasil-Bolívia) 22. Sonegação fiscal e queda nos investimentos (excessiva carga tributária) Oportunidades do Ambiente Externo O desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência cria uma série de oportunidades de negócios que podem ser capitalizadas pela região desde que a mesma tenha capacidade para tal. Estas condições futuras externas “favoráveis” à Região abrem perspectivas que orientam a definição da estratégia de desenvolvimento. Foram identificadas as seguintes oportunidades externas à Região: 1. Redução de barreiras alfandegárias para produtos agropecuários 2. Formação da ALCA com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 3. Consolidação do Mercosul com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 4. Ampliação da demanda mundial de alimentos 5. Crescimento da demanda mundial e nacional por produtos orgânicos 6. Crescimento da demanda de água e recursos naturais com forte aumento da demanda de hidroeletricidade no Brasil 7. Aumento da demanda de energia renovável, biocombustível com mudança da matriz energética incluindo biomassa e 8. Ampliação de mercado de crédito de carbono 9. Crescimento da demanda de produtos da biotecnologia e biodiversidade 10. Expansão do fluxo turístico mundial com destaque para o ecoturismo 11. Integração da infra-estrutura da América do Sul, incluída a saída para o Pacífico 12. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento público nacional 13. Formação de ambiente microeconômico favorável ao investimento produtivo nacional (lei de regulamentação do setor de saneamento, por exemplo) PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDOESTE – CÁCERES 190 14. Implementação de mecanismos de indução da desconcentração regional 15. Expansão da capacidade de consumo do mercado interno nacional 16. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento do setor privado Ameaças do Ambiente Externo De modo similar, o desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência traz consigo muitas ameaças que podem prejudicar o desenvolvimento da região, caso ela não tenha capacidade adequada de defesa. Essas situações externas “desfavoráveis” quando corretamente identificadas fornecem, por seu turno, uma orientação importante para a definição da estratégia de desenvolvimento. Assim, foram identificadas as seguintes ameaças externas à região: 1. Controle monopolístico das tecnologias pelas multinacionais 2. Manifestação de mudanças climáticas globais 3. Intensificação da concorrência mundial com base em novas tecnológicas 4. Recorrência e ampliação de epidemias e endemias em vegetais e animais 5. Ampliação de barreiras comerciais não tarifárias, com alta exigência de qualidade e de controle 6. Risco de queda das demandas de matérias primas, insumos e alimentos em razão de eventuais quedas no crescimento econômico 7. Instabilidade dos preços internacionais de produtos naturais e alimentícios 8. Ampliação da biopirataria com a retirada de amostras da biodiversidade 9. Intensificação da concorrência de países do MERCOSUL no agronegócio 10. Expansão do narcotráfico nas regiões de fronteira do Brasil 11. Instabilidade política em países vizinhos, especialmente Bolívia 191 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento Região de Cáceres Nos próximos vinte anos a Região deve experimentar um grande dinamismo econômico e social, refletindo e amplificando as condições muito favoráveis do contexto externo, em especial o Estadual, palco de maciços investimentos estruturadores nas áreas de transportes, energia, logística, educação e inovação tecnológica. As próximas duas décadas serão de grandes transformações estruturais na Região cujos reflexos far-se-ão sentir em termos de geração de oportunidades de emprego e negócios e na melhoria da qualidade de vida. As condições relativamente vantajosas da infra-estrutura econômica regional serão ampliadas com a construção de um sistema bem articulado de transportes e logística, com boa integração dos diversos modais, capaz de escoar a produção da região a custos muito competitivos; os destaques neste esforço de ampliação do atual sistema viário regional será o reforço da capacidade de escoamento dos principais eixos rodoviários da Região, BRs 070, 174, 364 e 163, uma vez que estas rodovias integram a Região com os principais portos e mercados nacionais; de outro lado, com a construção do ramal da Ferronorte ligando Alto Araguaia a Cuiabá, deve ampliar as vantagens competitivas da região em termos de logística e transporte, em vista de sua proximidade com a capital do estado. Além disso, a estrutura de produção deverá passar por mudanças importantes com a entrada de unidades industriais de processamento da produção agropecuária e fornecimento de insumos à montante das cadeias de grãos, carne e madeira; pequenos produtores devem se organizar em arranjos produtivos locais ampliando a capacidade competitiva em segmentos como apicultura, piscicultura, madeira, fruticultura e móveis. A região deve também atrair investimentos para fornecimento de serviços ambientais para reflorestamentos e recuperação de áreas degradadas e tratamento de lixo urbano, voltados ao comércio de créditos de carbono; o setor de serviços, por seu turno, deve experimentar uma ampliação e diversificação dos segmentos de prestação de serviços modernos como saúde, educação e serviços bancários e de intermediação financeira, sobretudo em Cáceres; mas, o destaque será a expansão do ecoturismo, nas modalidades aventura e pesca esportiva, em base aos investimentos em infra-estrutura econômica e social ampliando as condições de acesso, de recepção e sanitárias da região. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 192 Mapa 15 - Mapa Ilustrativo da Mudança na Estrutura Produtiva da Região (Situação Atual e Futura) Fonte: Multivisão As mudanças e transformações estruturais serão frutos da implementação da estratégia de desenvolvimento da Região, formulada a partir de intensas discussões com representantes da sociedade regional, confrontando as condições internas – potencialidades e estrangulamentos – com os processos e tendências externas – oportunidades e ameaças. As propostas de ação definidas nas discussões foram organizadas e sistematizadas em eixos estratégicos, compondo programas e projetos de importância para a Região. Os projetos destacados estão apresentados a seguir segundo a mesma estrutura definida para o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso.59. 59 Os eixos e os programas são os mesmos do MT+20, diferenciando-se os projetos específicos para a Região. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDOESTE – CÁCERES 193 3.1. EIXOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO Eixo 1 – Uso sustentável dos recursos naturais O eixo estratégico de Uso Sustentável dos Recursos Naturais articula o conjunto das ações que podem reduzir as pressões antrópicas da expansão da economia, contribuindo para a conservação do meio ambiente e reorientando o modelo de aproveitamento das riquezas naturais de Mato Grosso, particularmente na região de planejamento de Cáceres. O eixo se desdobra em programas e projetos, como apresentado abaixo. 1. Programa de fortalecimento do sistema de gestão ambiental. Projetos • Criação de fórum ambiental permanente (presencial e on-line) na região • Descentralização da gestão ambiental com participação dos municípios no controle ambiental e criação de postos avançados dos órgãos estaduais • Conselhos Municipais de Meio Ambiente para atuarem sobre as reservas da região com vistas à proteção da biodiversidade • Ampliação e melhoria da infra-estrutura dos órgãos de gestão, fiscalização e controle do meio ambiente • Aumento do controle sobre o extrativismo vegetal e mineral na região 2. Programa de criação, implantação e manutenção de unidades de conservação. Projetos • Criação de estações parques ecológicos • Construção de um aquário municipal 3. Programa de promoção do uso sustentável dos recursos naturais. Projetos • Valorização das ações ambientalmente corretas na agricultura e na pecuária empresariais • Criação de centro de educação ambiental na região • Utilização econômica de forma racional dos rios com hidrovias sustentáveis ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 4. 194 • Promoção da educação ambiental com conscientização da população sobre a importância da manutenção dos nossos recursos naturais, recuperação das bacias/nascentes que abastecem as cidades, especialmente moradores do entorno das estradas municipais • Promoção do manejo sustentável nas atividades econômicas, incluindo manejo da flora, e exploração ordenada dos recursos naturais nas áreas de preservação de forma consorciada • Controle das atividades pesqueiras para contenção da pesca predatória, Programa de hidrográficas. recuperação, preservação e manejo das bacias Projetos • Criação de um órgão especifico na região para fiscalização dos rios quanto ao uso sustentável • Recuperação ambiental do rio Guaporé, Paraguai, Cabaçal, Jaurú, Sepotubá • Criação de comitês intermunicipais para a gestão das bacias hidrográficas • Conservação de nascente e mata ciliar • Recuperação da mata ciliar com reflorestamento 5. Programa de reflorestamento de áreas degradadas. Projetos • Criação de áreas especificas de reflorestamento para recebimento de créditos de carbono • Reflorestamento de áreas degradadas com plantas nativas e exótica adaptáveis para a região Eixo 2 - Conhecimento e inovação tecnológica Educação e inovação tecnológica são dois fatores centrais do desenvolvimento e da competitividade sistêmica de um território, contribuindo para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. A educação, além de ser pré-requisito para a ciência e tecnologia, constitui também um elemento decisivo para ampliar e democratizar as oportunidades da sociedade, na medida em que prepara o cidadão para a vida e para o mercado de trabalho, principalmente quando associada à capacitação profissional. Desta forma, o eixo estratégico de Conhecimento e Inovação é parte central da estratégia de desenvolvimento de Mato Grosso e, particularmente de Cáceres, expressando-se através dos programas apresentados a seguir: PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDOESTE – CÁCERES 195 1. Programa de ampliação da capacidade de pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico. Projetos • Ampliação da iniciação cientifica e tecnológica nas instituições de ensino e pesquisa • Criação de centro de estudo e pesquisa agropecuária • Criação de centro de pesquisa social, ambiental e econômica da UNEMAT na região 2. Programa de inovação e difusão de tecnologias para as cadeias produtivas. Projetos • Desenvolvimento de pesquisa de preservação das espécies • Catalogação das espécies da flora e fauna • Desenvolvimento de pesquisa em biotecnologia e aproveitamento da biodiversidade • Estímulo à inovação tecnológica nas pequenas e medias empresas 3. Programa de certificação de produtos e processos e registro de patentes. Projetos • Criação de banco de dados para catálogo do patrimônio imaterial • Patenteamento da biodiversidade dos biomas, com destaque para plantas medicinais da região 4. Programa de melhoria da qualidade do ensino básico. Projetos • Ampliação da educação básica e melhoria da rede física das escolas com laboratórios de informática, física, química, artes plásticas e cênicas, e línguas, áreas esportivas e de lazer • Ampliação das escolas em tempo integral • Polarização e setorização dos níveis de ensino, formando núcleos de excelência • Capacitação e valorização dos professores com revisão dos planos de carreira dos profissionais da educação, flexibilização da carga horária, capacitação continuada, avaliação do desempenho dos professores e realização de concurso público ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 196 • Implantação de metodologias e currículos condizente com a realidade, incorporando língua estrangeira do MERCOSUL e temas transversais e de reflexão social (cidadania, meio ambiente, patrimônio cultural, cooperativismo, ética na política, filosofia, sociologia, etc.) • Adequação dos currículos à realidade rural, incluindo capacitação diferenciada/especial para atender o docente do meio rural • Democratização da gestão escolar com envolvimento de conselhos deliberativos nas escolas com participação da comunidade escolar • Ampliação e melhoria do transporte escolar 5. Programa de ampliação da educação profissional e tecnológica. Projetos • Ampliação dos cursos de capacitação voltados para a vocação regional • Instalação de laboratórios de ciências e informática • Capacitação em biotecnologia e aproveitamento da biodiversidade • Capacitação técnica e gerencial de empregados e empregadores de pequenas e medias empresas 6. Programa de consolidação, expansão e democratização do ensino superior. Projetos • Criação de novos cursos superiores na UNEMAT/UFMT para a região, com destaque para zootecnia, agronomia, veterinária, química e turismo • Criação de centro de educação ambiental na UNEMAT na região EIXO 3 – Infra-estrutura econômica e logística A Região de Planejamento apresenta alguns estrangulamentos na infra-estrutura econômica, particularmente nos transportes para sua integração econômica e para escoamento da produção estadual para o mercado nacional e mundial. Apesar disso a economia regional tem apresentado grande competitividade internacional. No futuro, a região pode ter sua competitividade comprometida se não tomar providências para ampliação e recuperação da infra-estrutura econômica e da logística. O eixo estratégico de desenvolvimento (Eixo 3) procura responder diretamente a estes estrangulamentos, melhorando o desempenho atual e preparando Mato Grosso e a Região de Cáceres para os desafios do futuro. 1. Programa de recuperação e ampliação do sistema de transporte rodoviário. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDOESTE – CÁCERES 197 Projetos • Recuperação, manutenção e melhoria da malha rodoviária de interligação dos municípios da região • Pavimentação de rodovias de ligação de Cáceres a Barra do Bugre (MT343) com vistas ao acesso às BRs 163 e 364 • Manutenção e sinalização das vias estaduais e federais 2. Programa de recuperação e ampliação do sistema multimodal de transporte. Projetos • Expansão e revitalização do sistema multimodal de transportes para integração nacional e com países vizinhos • Ampliação do sistema de transporte e logística hidroviário • Modernização do porto e pavimentação das vias de acesso ao pacífico • Ampliação e revitalização do sistema e da infra-estrutura de transporte aeroviário 3. Programa de ampliação da estrutura de logística. Projetos • Ampliação, renovação e recuperação da estrutura especialmente para grãos e produtos agropecuários: • Implantação de estações intermodais hidro-rodoviárias em pontos estratégicos para embarque e desembarque da produção logística 4. Programa de expansão do sistema de oferta de energia elétrica (geração, transmissão e distribuição). Projetos • Expansão do sistema de geração de energia elétrica com exploração sustentável dos recursos hídricos • Expansão do sistema de transmissão de energia elétrica • Expansão do sistema de distribuição da CEMAT ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 198 5. Programa de diversificação da matriz energética. Projetos • Produção de energia de fontes renováveis • Instalação de usinas de produção do biocombustível (especialmente biodíesel) utilizando inclusive a soja • Aumento da oferta de gás natural 6. Programa de ampliação do sistema de comunicações. Projetos • Implantação da infra-estrutura de telecomunicações Eixo 4 - Diversificação e adensamento das cadeias produtivas A agropecuária é a base do dinamismo da economia da Região de Planejamento de Cáceres, concentrando a produção e as exportações em produtos de baixo valor agregado. Esta característica da economia regional diminui o impacto econômico e social das exportações e torna o território, como de resto, o Estado de Mato Grosso, vulnerável a flutuações internacionais de demanda e preços das commodities. Diante disso, o plano estratégico deve promover a diversificação da estrutura produtiva e a agregação de valor dos produtos do agronegócio. 1. Programa de fortalecimento extrativismo e silvicultura. e diversificação da agropecuária, Projetos • Qualificação da mão-de-obra rural para uso de novas tecnologias • Assistência técnica ao produtor rural • Melhoria da qualidade e da produtividade da agropecuária regional • Diversificação das culturas agrícolas, incluindo fruticultura 2. Programa de reestruturação fundiária e desenvolvimento da agricultura familiar. Projetos • Implantação de infra-estrutura para a oferta de educação de qualidade nos assentamentos • Fomento à produção de produtos orgânicos através das associações de agricultores familiares PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDOESTE – CÁCERES 199 • Estímulo ao uso da energia alternativa (solar, biodíesel, eólica, etc) nas atividades produtivas, em especial na irrigação da agricultura familiar • Aumento da assistência aos produtores familiares • Implementação da infra-estrutura básica para os assentamentos • Regularização fundiária e reforma agrária com infra-estrutura, assistência técnica para produção e comercialização e organização gerencial • Estímulo à formação de cooperativas de produtores • Certificação dos produtos locais (selos de qualidade) 3. Programa de adensamento das cadeias produtivas. Projetos • Instalação de indústrias de processamento de produtos agrícolas com desenvolvimento da agroindústria regional de alimentos com adensamento das cadeias de grãos, frutas, carne, leite e pescado • Implantação de unidades de beneficiamento e aproveitamento industrial do couro e seus derivados na região 4. Programa de diversificação da estrutura produtiva da região. Projetos • Aumento da produção de cana de açúcar e instalação de usinas de álcool, exceto no Pantanal • Implantação de indústrias têxteis para aproveitar a matéria prima da região • Implantação de indústrias de bens de consumo com base em matéria prima • Aproveitamento e produção de plantas medicinais • Ampliação da exploração mineral com mapeamento do potencial mineral da região • Industrialização dos produtos farmacológicos e bioprodutos • Aproveitamento de pedras e minerais da região, incluindo uso para pavimentação urbana • Divulgação e marketing dos produtos ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 200 5. Programa de desenvolvimento do turismo. Projetos • Criação de infra-estrutura e logística do ecoturismo, incluindo centros de atendimento aos turistas • Conservação do patrimônio histórico de valor turístico da região • Formação profissional na área de turismo em todos os níveis • Construção e operação de centros de eventos nos principais pólos turísticos da região • Divulgação do potencial turístico, incluindo sistema “on line” • Realização de feiras empresariais ofertando o produto turístico local • Fomento à criação de produtos turísticos na região • Melhoria da qualidade do turismo • Criação de consórcios intermunicipais para estruturação do turismo regional 6. Programa de fortalecimento dos arranjos produtivos locais. Projetos • Desenvolvimento do plantio de girassol com aproveitamento na apicultura e na produção de biodíesel • Promoção do cooperativismo e do associativismo nos arranjos produtivos locais • Certificação de origem dos produtos artesanais regionais e outros com selo de origem (verde, cultural, orgânico, etc.) • Criação de um centro de divulgação e comercialização dos produtos artesanais 7. Programa de diversificação da pauta de exportações. Projetos • Criação de uma carteira de produtos exportáveis da região • Desburocratização do processo de criação de empresas exportadoras Eixo 5 - Qualidade de vida, cidadania, cultura e segurança O desenvolvimento sustentável tem como objetivo central a melhoria da qualidade de vida da população expressa no acesso aos bens e serviços públicos, na segurança pública e paz social, na cidadania e no desenvolvimento cultural. Para alcançar este PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDOESTE – CÁCERES 201 objetivo, o Estado de Mato Grosso e, particularmente a Região de Planejamento de Cáceres, ainda tem que melhorar muito as condições de vida da população, realizando iniciativas e investimentos nos diferentes segmentos sociais que se beneficiam também dos resultados alcançados nos outros eixos estratégicos de desenvolvimento, particularmente no que trata de educação e do crescimento da economia, gerando oportunidades de emprego. De qualquer forma, a estratégia de desenvolvimento regional implementa um eixo estratégico diretamente nos segmentos sociais que elevam a qualidade de vida da população. 1. Programa de fomento à geração de emprego e renda. Projetos • Implantação de um centro de formação e qualificação de mão-de-obra • Criação de cooperativas, associações para pequenos produtores (artistas, escultores, etc.), para viabilizar a exposição e comercialização dos seus produtos • Criação de associações e cooperativas de catadores de lixo • Criação de cursos profissionalizantes vinculado a um balcão de empregos 2. Programa de cidadania e respeito aos direitos humanos. Projetos • Fortalecimento do protagonismo social • Capacitação de entidades para projetos sociais com crianças e adolescentes • Criação de centros sócio educativos para crianças e adolescentes • Realização de campanhas institucionais com temas como trafico de seres humanos, prostituição infantil, violência domestica, escravidão, etc. 3. Programa de promoção da cultura, esportes e lazer. Projetos • Sensibilização da população regional em eventos culturais • Criação de secretarias municipais do patrimônio natural e cultural • Criação de centro cultural e de eventos na região para utilização coletiva nos municípios (teatro, com salas para oficina de teatro, musica, coral, danças regionais, espaço para terceira idade, sala de capacitação de Instrutores, etc.) • Catalogação do patrimônio imaterial de cada município ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO • Criação de áreas de lazer nos bairros dos municípios • Valorização de patrimônio e das diversidades naturais e culturais 202 4. Programa de saneamento e habitação. Projetos • Implantação de sistemas de tratamento de esgotos • Implantação de usinas de tratamento e reciclagem de lixo • Criação de usina reciclagem de resíduos sólidos nos municípios • Implantação de coletas seletivas de lixos nos municípios 5. Programa de estruturação e implementação de um sistema integrado de redução da criminalidade. Projetos • Criação de núcleos de apoio aos profissionais da segurança publica na região • Criação de guarda municipal nos municípios da região • Reestruturação do sistema carcerário regional • Melhoria dos equipamentos dos policiais com armas não lesivas • Implantação de redes de atendimento a crianças e adolescentes nos municípios da região • Criação de núcleos de apoio à vitima de violência • Criação do laboratório forense, seções de identificação veicular, documentoscopia, balística, meio ambiente e engenharia legal na polícia regional • Ampliação e capacitação da policia comunitária • Intensificação da fiscalização na área de fronteira com aumento do efetivo, capacitação continuada, instalações prediais, equipamentos, etc. dos órgãos da segurança publica • Estruturação dos municípios da região com veículos, contingentes, equipamento e prédios para o corpo de bombeiros e polícia • Criação de banco de dados em segurança publica na região integrado ao sistema do Estado e dos países vizinhos PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDOESTE – CÁCERES 203 6. Programa de saúde, contemplando os seguintes projetos. Projetos • Implantação de infra-estrutura para resgate aéreo para politraumatismo • Instalação de uma estação fluvial volante no atendimento da saúde da população ribeirinha • Instalação de centro regional de oncologia na região • Criação de centro regional de saúde e pólos nos municípios, incluindo pólo de apoio ao hospital Bom Samaritano • Qualificação dos ACS e do pessoal administrativos da saúde • Fortalecimento e ampliação do Programa de Saúde da Família, articulando com projetos de vigilância sanitária e saneamento ambiental • Criação de centros de treinamento e capacitação regionais em saúde. • Modernização dos equipamentos de exames médicos na região • Aumento do número de leitos hospitalares • Fortalecimento dos consórcios intermunicipais de saúde • Reestruturação dos centros de saúde nos municípios, reforçando a desconcentração dos serviços de saúde Eixo 6 - Governabilidade e gestão pública A análise das políticas públicas brasileiras – válidas também para Mato Grosso costuma destacar como um dos seus grandes problemas a baixa eficiência e eficácia das ações e dos investimentos, gerando enorme desperdício de recursos e limitada implementação dos projetos. Por outro lado, apesar dos avanços recentes e de muito propalada, a participação da sociedade ainda é muito restrita, o que termina reduzindo o impacto e a efetividade das políticas públicas. O desenvolvimento sustentável de Mato Grosso e da Região de Planejamento de Cáceres depende da capacidade dos governos (estadual e municipais) representarem as aspirações da sociedade e da qualidade gerencial que assegure a implementação das ações com os menores custos e a maior eficácia. O eixo Governabilidade e Gestão Pública articula as ações que procuram enfrentar os problemas de gestão pública no Estado e na Região, ampliando a eficiência, a eficácia e efetividade de todos os programas e projetos previstos pelo plano. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 204 1. Programa de modernização da estrutura e métodos da administração pública regional. Projetos • Modernização da máquina administrativa na região • Criação de mecanismos de controle da sonegação fiscal nos municípios da região em parcerias com as secretarias de fazenda (sistema eletrônico de comércio e arrecadação) • Melhoria do sistema de gestão pública das prefeituras 2. Programa de democratização, descentralização e transparência da gestão pública. Projetos • Estabelecimento de parcerias da sociedade com poderes públicos para resolução de conflitos de interesses, especialmente envolvendo meio ambiente e logística de transporte • Integração do poder público e da sociedade civil organizada na gestão de projetos • Estímulo à integração da sociedade civil organizada, incluindo cadastramento das ONGs nos municípios da região • Fortalecimento das instâncias de controle social e de participação da sociedade • Revitalização e capacitação dos conselhos • Implantação e ampliação do Orçamento participativo nos municípios • Formação de assembléias municipais de avaliação das estratégias governamentais • Fortalecimento do sistema estadual de regulação, monitoramento e fiscalização regional Eixo 7 – Descentralização do território e estruturação da rede urbana A expansão da economia regional tende a gerar algum processo de concentração no território, respondendo às condições diferenciadas da competitividade e segundo eficiência econômica do mercado. A estratégia de desenvolvimento regional deve compensar este movimento, criando condições para uma distribuição equilibrada da riqueza e das condições de vida no território, implementando projetos e tomando iniciativas de descentralização e desconcentração regional. Por outro lado, a organização do território mato-grossense e regional passa pela formação de uma rede urbana que articula os diferentes territórios, numa hierarquia de múltiplas funções no PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO SUDOESTE – CÁCERES 205 espaço. Desta forma, estratégia de desenvolvimento deve incorporar programas e projetos, articulados nos Eixos de Descentralização territorial e estruturação da rede urbana, promovendo a reorganização do território estadual. 1. Programa de fortalecimento da rede urbana. • Recadastramento da área urbana e rural da região • Implantação de infra-estrutura urbana (asfaltamento, rede de água e luz), canalização e preservação dos córregos dentro das áreas urbanas dos municípios PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE206 MATO GROSSO – MT+20 Região Oeste – Tangará da Serra Tangará da Serra Barra do Bugres Brásnorte Campo Novo do Parecis Denise Nova Olímpia Porto Estrela Santo Afonso 207 1. Apresentação O Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20) desdobra-se em doze planos regionais60 que orientam a implementação das ações estratégicas para integrar o território mato-grossense e promover uma desconcentração da economia e dos indicadores sociais do Estado. Este documento apresenta o Plano de Desenvolvimento da Região de Oeste (Tangará da Serra), como uma parte do MT+20 que explicita os projetos prioritários para a região, organizando a formulação da sociedade na estrutura estratégica do MT+20. Desta forma, o plano regional é um detalhamento do MT+20 no território, de acordo com as especificidades locais, seus problemas e suas potencialidades. O Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Oeste (Tangará da Serra) é o referencial da Região para negociação dos seus projetos e o acompanhamento da implementação do MT+20 no território. Foi elaborado com o envolvimento da sociedade, procurando fazer uma articulação entre a estratégia geral para Mato Grosso e as características de cada região, suas necessidades e suas contribuições para o desenvolvimento conjunto do Estado. Ao mesmo tempo em que formularam propostas para compor o plano de desenvolvimento de Mato Grosso, a estratégia do Estado (MT+20) definia as bases para as prioridades do Estado. A Região de Planejamento polarizada por Tangará da Serra conta agora com seu plano de desenvolvimento de longo prazo que deve orientar as ações nos próximos 20 anos, capaz de desenvolver a região e, ao mesmo tempo, intensificar sua interação com as transformações futuras de Mato Grosso. Nesse sentido, deve ao mesmo tempo dar suporte aos propósitos de desenvolvimento do Estado e mediante os impactos gerais na região. 60 Refletindo a divisão do território de Mato Grosso, foram realizados planos regionais para as regiões Noroeste 1 (Juína), Norte (Alta Floresta), Nordeste (Vila Rica), Leste (Barra do Garças), Sudeste (Rondonópolis), Sul (Cuiabá/Várzea Grande), Sudoeste (Cáceres), Oeste (Tangará da Serra), Centro-Oeste (Diamantino), Centro (Sorriso), Noroeste 2 (Juara), e Centro-Norte (Sinop). 208 2. Estratégia De Desenvolvimento da Região A Construção do Futuro 2.1. PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL DA REGIÃO Caracterização Geral da Região de Região Oeste – Tangará da Serra A região de planejamento Oeste, polarizada pelo município de Tangará da Serra, é formada por oito municípios; além do pólo regional, reúne os municípios de Barra do Bugres, Brásnorte, Campo Novo do Parecis, Denise, Nova Olímpia, Porto Estrela, e Santo Afonso, formando uma área de 50,77 Km2, que equivale a 5,62% do território mato-grossense. No conjunto de municípios da região vivem cerca de 170 mil habitantes, ou 6% da população total de Mato Grosso. Em sexto lugar no tamanho da população do Estado, a região tem a terceira maior densidade demográfica, depois da região Sul (Cuiabá/Várzea Grande) e da região Sudeste (Rondonópolis), com 3,09 habitantes por Km2. A agropecuária é a atividade econômica principal da região de Tangará da Serra, representando 34,5% do PIB regional e contribuindo com 8,6% para o total da produção do setor no Estado, sendo participação na agropecuária mato-grossense, depois de Rondonópolis, Sorriso e Cáceres. Apesar do predomínio da agropecuária, a região tem uma base industrial ampla e relativamente diversificada (a maior dentre as regiões) que contribui com 25% para a formação do PIB regional; complementando a estrutura de produção vem o setor de serviços com uma participação modesta de 40% mas com grande potencial de crescimento, sobretudo nos segmentos de turismo e de saúde, educação e financeiro. A região tem um PIB estimado em R$ 2 bilhões (2005), com uma participação de 7% na economia estadual, despontando como a quinta maior economia das regiões de Mato Grosso, mas praticamente empatada com Sinop. Nos últimos anos (2000-2004) a economia da região de Tangará da Serra cresceu a uma taxa média de 20,5% ao ano, levemente acima do desempenho médio do Estado, estimado em 20,1% ao ano no período. No plano da região, a economia está concentrada em dois municípios, Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, que são responsáveis por 61% do PIB regional61 (o primeiro com 27% e o segundo com 34%), como mostra o gráfico a seguir; dois dos oito municípios – Ponto Estrela e Santo Afonso - têm produto inferior a 61 Os valores de PIB per capita municipal do gráfico são de 2004, atualizados com os dados recentes das Contas Regionais do IBGE, o que não altera a distribuição da base econômica nos municípios. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO OESTE – TANGARÁ DA SERRA 209 1,5% do total regional, Denise alcança cerca de 3,2% do total e os três restantes – Barra do Bugres, Nova Olímpia e Brásnorte - se situam em torno de 10% da economia da região. Socioeconômico Gráfico 18 - PIB dos Municípios da Região (mil de R$, 2004) 700.000 600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000 0 Campo Novo Tangará da do Parecis Serra Brásnorte Barra do Nova Olimpia Denise Porto EstrelaSanto Afonso Bugres Fonte: Relatório PIB Municipais – Ano 2004; IBGE, 2006. No período recente, 2000/2004, a população da região de Tangará da Serra vem crescendo a taxas superiores à média estadual, com 3,53% contra cerca de 2,1% ao ano de Mato Grosso. Com quase 7% do PIB e 6% da população do Estado, a região tem um PIB per capita superior ao de Mato Grosso, alcançando R$ 11,5 mil (2005), pouco mais de 10% acima à média estadual; a região Oeste se destaca como o quarto maior PIB per capita de Mato Grosso, abaixo apenas de Sorriso, Diamantino e Rondonópolis. Como a população tende a se distribuir nos municípios acompanhando, parcialmente, a base econômica, o PIB per capita está menos concentrado em termos no âmbito da região que o PIB; o município de Campo Novo do Parecis tem o maior PIB per capita, quase 3,5 vezes a média regional, mas Tangará da Serra que tem o 2º maior PIB, cai para o sexto lugar porque abriga mais de 40% da população; os municípios com pequena base produtiva não estão muito longe da média regional. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – A CONSTRUÇÃO DO FUTURO 210 A desigualdade interna é menor ainda no IDH - Índice de Desenvolvimento Humano, embora mais uma vez o município Campo Novo do Parecis se destaque como a melhor posição na região, com 0,809. Em todo caso, dos oitos municípios, apenas Porto da Estrela tem um IDH abaixo de 0,700; além dele, três municípios tem indicador abaixo da média da região, calculada em 0,740. O município de Tangará da Serra tem o segundo maior IDH da região, mesmo assim, abaixo de 0,80 que indica um nível alto de desenvolvimento humano. O crescimento da economia e da população da região vem gerando uma pressão no ambiente predominantemente savânico e de contato Floresta/savana do Oeste de Mato Grosso. De qualquer forma, os níveis de antropização são diferenciados nas unidades socioeconômicas e ecológicas da região, provocando diversos graus de alteração e conservação ambiental62. As unidades Planalto de Tangará, Noroeste de Tangará da Serra, Superfície Circumplanáltica Rio do Papagaio e Rio do Sangue, e Brasnorte apresentam pouca alteração do ambiente e qualidade ambiental que oscila entre boa e moderada. Em compensação, as unidades Planalto de Denise, Planalto de Tangará, e Campo Novo/Chapadão têm alta taxa de antropização e elevada alteração do ambiente savânico e floresta/savana muito alterado pela agricultura moderna, pecuária extensiva e pesca comercial. A análise das pressões antrópicas sobre a região e das características sócioambientais do território levou a uma definição de usos alternativos do meio ambiente do Oeste (Tangará da Serra) que recupere e assegure a conservação ambiental. Segundo a classificação do ZSEE, apresentada no mapa a seguir, a região deve destinar aproximadamente um quarto do território de área indígena, um quarto de uso a consolidar, e o restante, cerca de metade da região, a uso controlado e restrito. 62 O ZSEE - Zoneamento Socioeconômico e Ecológico dividiu a região em sete USEEs: Oeste do Planalto de Tangará, Planalto de Denise, Planalto de Tangará, Noroeste de Tangará, Campo Novo–Chapadão, Superfície Circumplanáltica Rio do Papagaio e Rio do Sangue, e Brasnorte PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO OESTE – TANGARÁ DA SERRA 211 Mapa 16 - Usos Alternativos das Unidades Socioeconômico e Ecológicas da Região de Tangará da Serra Fonte: ZSEE 2.2. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A REGIÃO – AONDE QUEREMOS CHEGAR A dinâmica futura da economia da região de Tangará da Serra depende dos impactos no território no cenário de referência do MT+20 mediado pelas potencialidades, pela ampliação da infra-estrutura e pelas restrições ambientais definidas nos usos alternativos. A região tem como principais potencialidades a agroindústria, a mineração, a biodiversidade e as belezas naturais, assim como áreas para reflorestamento. O aproveitamento futuro dessas potencialidades deve ser estimulado pela ampliação e adensamento do sistema de transporte que integrará a região aos grandes mercados nacionais e mundiais. Neste caso cabe destacar a ampliação da MT 358 que conecta a região com a BR 364 e o asfaltamento desta, no sentido leste, até encontrar com a BR 163, e a oeste até encontrar a BR 174, dois dos mais importantes eixos rodoviários do Estado; de outro lado deve ocorrer uma ampla recuperação e ampliação da rede de rodovias de integração dos municípios da região com destaque para a ligação do município de Tangará da Serra a Barra do Bugres e desta com as cidades de Lambari do Oeste (via MT 247) e com Cáceres (via MT 343). ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – A CONSTRUÇÃO DO FUTURO 212 O impulso da economia regional deve, contudo, ser vigoroso e ordenado pela gestão ambiental que destaca uma quarta parte do território para usos a consolidar e metade para uso controlado e restrito. A combinação desses processos – potencialidades, ampliação dos transportes e restrições ambientais – deve promover um crescimento forte da economia regional, nas próximas décadas, com consolidação da agropecuária e com alto adensamento e agregação de valor pela expansão da agroindústria de alimentos. A região de Tangará da Serra deve apresentar também ampliação e diversificação da estrutura produtiva com crescimento do turismo, da mineração e da produção de biocombustível (biodíesel e álcool). Nessas condições, a região de Tangará da Serra deve ter um crescimento econômico médio de 8,9% ao ano nos próximos 20 anos, pouco abaixo da média do Estado, estimada em 9,21%, registrando, em 2026, um PIB de R$ 11,9 bilhões. Desta forma, a região declina levemente sua participação relativa no PIB de Mato Grosso, alcançando, em 2026, cerca de 6,4% do total da economia matogrossense. Gráfico 19 - Evolução do PIB da Região e da Participação no PIB de MT 6,90% 14.000,00 6,80% 12.000,00 6,70% 10.000,00 6,60% 8.000,00 6,50% 6.000,00 6,40% 4.000,00 6,30% 2.000,00 6,20% 2005 2010 2015 Participação no PIB de MT Fonte: Multivisão 2020 2026 PIB em mi de R$, 2004 PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO OESTE – TANGARÁ DA SERRA 213 O crescimento da economia estimula um movimento migratório para a região, favorecido pela melhoria da infra-estrutura de transporte, levando a uma expansão demográfica pouco acima da média estadual. Em vinte anos, o PIB per capita da passa dos atuais R$ 11,5 mil para pouco mais de R$ 46 mil. Com crescimento econômico pouco abaixo da média mato-grossense e expansão demográfica superior, reduz-se a participação relativa da região no PIB per capita de Mato Grosso, de 126%, estimado para 2005, para 121%, em 2026; mesmo assim, Tangará da Serra ainda terá o terceiro maior PIB per capita do Estado, abaixo apenas de Sorriso e Rondonópolis, que também diminuem o percentual frente ao Estado. 2.3. O QUE PODE AJUDAR OU ATRAPALHAR O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE TANGARÁ DA SERRA Vantagens Competitivas/Potencialidades O desenvolvimento da região será bastante determinado por sua capacidade de atrair e reter investimentos, de modo a aproveitar as oportunidades criadas no ambiente externo, sobretudo o estadual, mediante a mobilização de suas vantagens competitivas63. Portanto, identificar de forma correta as potencialidades ou vantagens competitivas da região é o primeiro grande passo para a definição de uma estratégia capaz de produzir o desenvolvimento regional esperado. Assim, foram identificadas as seguintes vantagens/potencialidades: 1. Alta disponibilidade de recursos hídricos, com existência de nascentes formadoras das bacias hidrográficas da Amazônia e do Prata 2. Ampla biodiversidade do cerrado e existência de solo produtivo 3. Sociedade com novos conhecimentos e grande diversidade cultural 4. Existência de entidades associativas organizadas 5. Grande produção pecuária e ampla capacidade industrial instalada 6. Localização geográfica privilegiada e estratégica 7. Base para a exploração sustentável do pescado 8. Infra-estrutura de serviços sociais e institucionais com segurança para os cidadãos e existência de hospital público com bom funcionamento 9. Potencial para expansão da infra-estrutura e logística 10. Forte base produtiva centrada na agropecuária e na silvicultura 63 Estas vantagens ou potencialidades são entendidas como as características internas diferenciadas da região que podem constituir base para o seu desenvolvimento, se devidamente exploradas. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – A CONSTRUÇÃO DO FUTURO 214 11. Base para o desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais (piscicultura, peixes ornamentais, apicultura, fruticultura tropical, etc.) 12. Condições naturais e culturais favoráveis ao turismo 13. Grande disponibilidade de mão-de-obra 14. Grande oferta de matéria-prima para a indústria de alimentos 15. Base para a indústria de artesanatos 16. Base para adensamento da cadeia de grãos e carne 17. Existência de mercado interno capaz de dar sustentação à implantação de indústrias de produção de bens de consumo 18. Vasta extensão territorial da região 19. Oferta satisfatória do ensino médio e escola agrícola municipal 20. Alta disponibilidade de recursos minerais, base para o desenvolvimento da indústria extrativa 21. Presença de entidades governamentais (Receita Federal, EMPAER, IBAMA, INDEA, etc.) Problemas e Estrangulamentos De outro lado, a capacidade de atrair, ou mesmo reter investimentos, para a região será bastante dificultada pela presença de problemas e estrangulamentos que colocam a região em situação de desvantagem em relação a outros territórios nacionais, inibindo os investimentos e atrasando o seu desenvolvimento64. Foram destacados para a região os seguintes problemas e estrangulamentos. 1. Fraca consciência de cidadania, de responsabilidade social, ambiental e de participação 2. Exploração não sustentada - predatória dos recursos naturais 3. Pouca rastreabilidade da produção pecuária, restringindo sua comercialização para o mercado externo 4. Modelo de produção agrícola e pecuária intensivo de capital, com baixo índice de aproveitamento da mão-de-obra local, reforçado pela monocultura, gerando empregos sazonais 5. Fraca infra-estrutura de serviços de apoio à atividade turística 6. Frágil integração entre os municípios da região 7. Despreparo dos empresários no tocante potencialidades da região e gestão dos negócios 64 ao aproveitamento das Os problemas e estrangulamentos são as condições ou situações internas à região que são indesejadas e atrapalham ou impedem o desenvolvimento da região se não forem devidamente equacionadas e alteradas. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO OESTE – TANGARÁ DA SERRA 215 8. Pobreza e desigualdade intra-regional (baixos indicadores sociais principalmente em relação à mortalidade infantil e analfabetismo funcional) 9. Moderado adensamento das cadeias produtivas / limitado beneficiamento industrial dos produtos primários produzidos na região 10. Deficiente Infra-estrutura saneamento básico de serviços sociais urbanos /deficiência de 11. Baixo nível de integração e de articulação da sociedade (parcerias entre governo x iniciativa privada x sociedade organizada) 12. Frágil estrutura governamental de apoio e fomento aos micro e pequenos empresários 13. Baixa capacidade de investimento dos setores público e privado local 14. Baixa escolaridade e qualificação da mão-de-obra (escassez de mão-de-obra especializada) 15. Infra-estrutura de rodovias mal conservadas e estradas vicinais sem pavimentação 16. Concentração da propriedade da terra em alguns municípios da região 17. Alto nível desemprego e informalidade 18. Assistência técnica deficiente para a agricultura familiar Oportunidades do Ambiente Externo O desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência cria uma série de oportunidades de negócios que podem ser capitalizadas pela região desde que a mesma tenha capacidade para tal. Estas condições futuras externas “favoráveis” à Região abrem perspectivas que orientam a definição da estratégia de desenvolvimento. Foram identificadas as seguintes oportunidades externas à Região: 1. Redução de barreiras alfandegárias para produtos agropecuários 2. Formação da ALCA com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 3. Consolidação do Mercosul com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 4. Ampliação da demanda mundial de alimentos 5. Crescimento da demanda mundial e nacional por produtos orgânicos 6. Crescimento da demanda de água e recursos naturais com forte aumento da demanda de hidroeletricidade no Brasil 7. Aumento da demanda de energia renovável, biocombustível com mudança da matriz energética 8. Ampliação de mercado de crédito de carbono incluindo biomassa e ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – A CONSTRUÇÃO DO FUTURO 216 9. Crescimento da demanda de produtos da biotecnologia e biodiversidade 10. Expansão do fluxo turístico mundial com destaque para o ecoturismo 11. Integração da infra-estrutura da América do Sul, incluída a saída para o Pacífico 12. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento público nacional 13. Formação de ambiente microeconômico favorável ao investimento produtivo nacional (lei de regulamentação do setor de saneamento, por exemplo) 14. Implementação de mecanismos de indução da desconcentração regional 15. Expansão da capacidade de consumo do mercado interno nacional 16. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento do setor privado Ameaças do Ambiente Externo De modo similar, o desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência traz consigo muitas ameaças que podem prejudicar o desenvolvimento da região, caso ela não tenha capacidade adequada de defesa. Essas situações externas “desfavoráveis” quando corretamente identificadas fornecem, por seu turno, uma orientação importante para a definição da estratégia de desenvolvimento. Assim, foram identificadas as seguintes ameaças externas à região: 1. Controle monopolístico das tecnologias pelas multinacionais 2. Manifestação de mudanças climáticas globais 3. Intensificação da concorrência mundial com base em novas tecnológicas 4. Recorrência e ampliação de epidemias e endemias em vegetais e animais 5. Ampliação de barreiras comerciais não tarifárias, com alta exigência de qualidade e de controle 6. Risco de queda das demandas de matérias primas, insumos e alimentos em razão de eventuais quedas no crescimento econômico 7. Instabilidade dos preços internacionais de produtos naturais e alimentícios 8. Ampliação da biopirataria com a retirada de amostras da biodiversidade 9. Intensificação da concorrência de países do MERCOSUL no agronegócio 10. Expansão do narcotráfico nas regiões de fronteira do Brasil 11. Instabilidade política em países vizinhos, especialmente Bolívia 217 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento Região de Tangará da Serra Nos próximos vinte anos a Região deve experimentar um grande dinamismo econômico e social, refletindo e amplificando as condições muito favoráveis do contexto externo, em especial o Estadual, palco de maciços investimentos estruturadores nas áreas de transportes, energia, logística educação e inovação tecnológica. As próximas duas décadas serão de grandes transformações estruturais na Região cujos reflexos se farão sentir em termos de geração de oportunidades de emprego e negócios e na melhoria da qualidade de vida. As condições relativamente vantajosas da infra-estrutura econômica regional serão ampliadas com a construção de um sistema bem articulado de transportes e logística, com boa integração dos diversos modais, capaz de escoar a produção da região a custos muito competitivos; os destaques neste esforço de ampliação do atual sistema viário regional será o reforço da capacidade de escoamento das principais rodovias de acesso às BRs 163, 364 e 174, uma vez que estas rodovias integram a Região com os principais portos e mercados nacionais; de outro lado, com a construção do ramal da Ferronorte ligando Alto Araguaia a Cuiabá, deve ampliar as vantagens competitivas da região em termos de logística e transporte, em vista de sua proximidade com a capital do estado. Além disso, a estrutura de produção deverá passar por mudanças importantes com a ampliação e diversificação da boa estrutura de produção industrial da região e atrair unidades industriais de processamento da produção agropecuária e fornecimento de insumos à montante das cadeias de grãos, carne, couro e madeira; pequenos produtores devem se organizar em arranjos produtivos locais ampliando a capacidade competitiva em segmentos como apicultura, piscicultura, madeira, fruticultura e móveis. A região deve também atrair investimentos para fornecimento de serviços ambientais para reflorestamentos e recuperação de áreas degradadas e tratamento de lixo urbano, ambos voltados ao comércio de créditos de carbono; o setor de serviços, por seu turno, deve experimentar uma ampliação e diversificação dos segmentos de prestação de serviços modernos como saúde, educação e serviços bancários e de intermediação financeira, sobretudo na cidade-pólo; mas, o destaque será a expansão do ecoturismo, nas modalidades aventura e pesca esportiva, em base aos investimentos em infra-estrutura econômica e social ampliando as condições de acesso, de recepção e sanitárias da região. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO OESTE – TANGARÁ DA SERRA 218 Mapa 17 - Mapa Ilustrativo da Mudança na Estrutura Produtiva da Região (Situação Atual e Futura) Fonte: Multivisão As mudanças e transformações estruturais serão frutos da implementação da estratégia de desenvolvimento da Região, formulada a partir de intensas discussões com representantes da sociedade regional, confrontando as condições internas – potencialidades e estrangulamentos – com os processos e tendências externas – oportunidades e ameaças. As propostas de ação definidas nas discussões foram organizadas e sistematizadas em eixos estratégicos, compondo programas e projetos de importância para a Região. Os projetos destacados estão apresentados a seguir segundo a mesma estrutura definida para o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso.65. 65 Os eixos e os programas são os mesmos do MT+20, diferenciando-se os projetos específicos para a Região. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 219 3.1. EIXOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO Eixo 1 - Uso sustentável dos recursos naturais O eixo estratégico de Uso Sustentável dos Recursos Naturais articula o conjunto das ações que podem reduzir as pressões antrópicas da expansão da economia, contribuindo para a conservação do meio ambiente e reorientando o modelo de aproveitamento das riquezas naturais de Mato Grosso, particularmente na região de planejamento de Tangará da Serra. O eixo se desdobra em programas e projetos, como apresentado abaixo: 1. Programa de fortalecimento do sistema de gestão ambiental. Projetos • Melhoria da estrutura das instituições de gestão ambiental na região, incluindo municípios • Descentralização da estrutura administrativa dos órgãos ambientais com criação de postos de apoio na região • Criação de controle e monitoramento mais rigoroso e eficaz, especialmente no manejo de recursos naturais e minerais • Educação dos jovens para o uso sustentável e racional da água • Criação do comitê de bacia Eixo 2 - Conhecimento e inovação tecnológica Educação e inovação tecnológica são dois fatores centrais do desenvolvimento e da competitividade sistêmica de um território, contribuindo para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. A educação, além de ser pré-requisito para a ciência e tecnologia, constitui também um elemento decisivo para ampliar e democratizar as oportunidades da sociedade, na medida em que prepara o cidadão para a vida e para o mercado de trabalho, principalmente quando associado à capacitação profissional. Desta forma, o eixo estratégico de Conhecimento e Inovação é parte central da estratégia de desenvolvimento de Mato Grosso e, particularmente de Tangará da Serra, expressando-se através dos programas apresentados a seguir: 1. Programa de ampliação da capacidade de pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico. Projetos • Criação de um campo experimental da EMBRAPA em Tangará da Serra PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO OESTE – TANGARÁ DA SERRA • 220 Criação de centro de pesquisa minerais 2. Programa de inovação e difusão de tecnologias para as cadeias produtivas. Projetos • Realização de pesquisas sobre potencial para exploração mineral, ervas medicinais nativas, agropecuária, e extração de produtos naturais • Pesquisa universitária voltada para a produção familiar local 3. Programa de certificação de produtos e processos e registro de patentes. Projetos • Aumento do controle na extração de plantas nativas e/ou medicinais • Patenteamento e registro do bioma cerrado 4. Programa de melhoria da qualidade do ensino básico. Projetos • Melhoria da qualidade do ensino com reestruturação da escola em termos de conteúdo e metodologia desde o ensino fundamental • Reformulação do plano de carreiras e salários para professores e funcionários (estadual e municipal) • Capacitação e avaliação contínua dos professores • Introdução do período integral com redução de números de dias e horário escolar • Ajuste do calendário escolar para o período de sazonalidade do trabalhador (8 meses) • Adequação das matérias e dos processos pedagógicos à cultura locaI (incluindo espanhol no currículo escolar) 5. Programa de ampliação da educação profissional e tecnológica. Projetos • Criação de um centro de triagem e capacitação de mão-de-obra em cada município da região • Implantação da escola técnica federal na região • Capacitação da sociedade civil formando dirigentes ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 221 6. Programa de consolidação, expansão e democratização do ensino superior. Projetos • Criação de curso superior na área mineral na região • Reformulação do sistema de ensino superior para atender as demandas setoriais Eixo 3 – Infra-estrutura econômica e logística A Região de Planejamento apresenta alguns estrangulamentos na infra-estrutura econômica, particularmente nos transporte para sua integração econômica e para escoamento da produção estadual para o mercado nacional e mundial. Apesar disso a economia regional têm apresentado grande competitividade internacional. No futuro, a região pode ter sua competitividade comprometida se não tomar providências para ampliação e recuperação da infra-estrutura econômica e da logística. O eixo estratégico de desenvolvimento (Eixo 3) procura responder diretamente a estes estrangulamentos, melhorando o desempenho atual e preparando Mato Grosso e a Região de Tangará da Serra para os desafios do futuro. 1. Programa de recuperação e ampliação do sistema de transporte rodoviário. Projetos • Construção e conclusão de rodovias de integração dos municípios da região • Ampliação da fiscalização nas rodovias de escoamento da produção • Recuperação e melhoria das rodovias de acesso às BRs 163, 364 e 174 • Recuperação e reforço dos trechos de ligação de Tangará da Serra a Barra do Bugres e à Cáceres 2. Programa de recuperação e ampliação do sistema multimodal de transporte. Projetos • Expansão e revitalização do sistema multimodal de transportes para integração nacional e com países vizinhos • Ampliação do sistema de transporte e logística hidroviário • Viabilização de rodovias e hidrovias modernas até os centros de distribuição e portos • Ampliação do sistema de transporte aeroviário PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO OESTE – TANGARÁ DA SERRA 222 3. Programa de ampliação da estrutura de logística. Projetos • Ampliação, renovação e recuperação da estrutura especialmente para grãos e produtos agropecuários • Criação de centros de distribuição de produtos agrícolas logística 4. Programa de expansão do sistema de oferta de energia elétrica (geração, transmissão e distribuição). Projetos • Expansão do sistema de geração de energia elétrica • Expansão do sistema de transmissão de energia elétrica • Aumento das linhas de distribuição da CEMAT 5. Programa de diversificação da matriz energética. Projetos • Produção de energia de fontes renováveis • Aumento da oferta de gás natural • Ampliação da produção do biocombustível com aproveitamento das usinas de álcool Eixo 4 - Diversificação e adensamento das cadeias produtivas A agropecuária é a base do dinamismo da economia da Região de Planejamento de Tangará da Serra, concentrando a produção e as exportações em produtos de baixo valor agregado. Esta característica da economia regional diminui o impacto econômico e social das exportações e torna o território, como de resto, o Estado de Mato Grosso, vulnerável a flutuações internacionais de demanda e preços das commodities. Diante disso, o plano estratégico deve promover a diversificação da estrutura produtiva e a agregação de valor dos produtos do agronegócio. 1. Programa de fortalecimento extrativismo e silvicultura. e diversificação da agropecuária, Projetos • Adoção de meios de rastreabilidade de baixo custo • Apoio à produção rural regional • Assistência técnica (EMPAER e INDEA) à agricultura e à pecuária, principalmente no combate a epidemias ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 223 • Integração entre pecuária e agricultura • Melhoria continuada da qualidade produtiva dos animais existentes e novos criatórios • Suporte técnico para comercialização dos produtos agrícolas • Promoção da plantação de oleaginosas 2. Programa de reestruturação fundiária e desenvolvimento da agricultura familiar. Projetos • Fomento à agricultura familiar com assistência técnica e qualificação de mão-de-obra • Viabilização de rede de abastecimento de água nos assentamentos • Criação do comitê da terra órgão gestor dos projetos de uso e ocupação da terra 3. Programa de adensamento das cadeias produtivas. Projetos • Criação de um pólo regional das indústrias de alimentos • Beneficiamento dos produtos do setor primário da região, especialmente carne • Criação de incubadoras para apoio à formação de empresas industriais 4. Programa de diversificação da estrutura produtiva regional Projetos • Ampliação da exploração mineral na região, com planejamento e criação de comitê regional de exploração mineral • Ampliação da produção regional voltada para o mercado consumidor • Promoção da piscicultura • Criação de distritos industriais nos municípios da região • Criação de um centro de recebimento e comercialização do pescado (somente criatório) • Criação de um centro de distribuição e pesquisa de alevinos e treinamento para produtores 5. Programa de desenvolvimento do turismo. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO OESTE – TANGARÁ DA SERRA 224 Projetos • Criação de roteiros turísticos integrando as diversas modalidades de turismo • Fomento ao aproveitamento dos atrativos turísticos naturais e culturais da região • Resgate das raízes culturais da região para desenvolvimento do turismo • Qualificação da mão-de-obra e capacitação de empresários para o turismo 6. Programa de fortalecimento dos arranjos produtivos locais. Projetos • Organização dos produtores locais • Criação de central de compras e abastecimento aos diversos APLs • Capacitação gerencial dos empresários do APL • Capacitação de mão-de-obra para os APLs 7. Programa de diversificação da pauta de exportações. Projetos • Levantamento e organização dos produtores locais • Capacitação dos produtores para a entrada no mercado externo • Criação de estrutura governamental voltada para o mercado externo Eixo 5 - Qualidade de vida, cidadania, cultura e segurança O desenvolvimento sustentável tem como objetivo central a melhoria da qualidade de vida da população expressa no acesso aos bens e serviços públicos, na segurança pública e paz social, na cidadania e no desenvolvimento cultural. Para alcançar este objetivo, o Estado de Mato Grosso e, particularmente a Região de Planejamento de Tangará da Serra, ainda tem que melhorar muito as condições de vida da população, realizando iniciativas e investimentos nos diferentes segmentos sociais que se beneficiam também dos resultados alcançados nos outros eixos estratégicos de desenvolvimento, particularmente no que trata de educação e do crescimento da economia, gerando oportunidades de emprego. De qualquer forma, a estratégia de desenvolvimento regional implementa um eixo estratégico diretamente nos segmentos sociais que elevam a qualidade de vida da população. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 225 1. Programa de fomento à geração de emprego e renda, contemplando a implementação dos seguintes projetos estratégicos: Projetos • Construção da Casa do Produtor para divulgação e comercialização da produção • Criação de selo com produto de qualidade regional • Fomento ao artesanato regional desenvolvimento e distribuição • Requalificação e capacitação dos artesãos • Estruturação dos centros profissionalizantes na região, com mercado de trabalho com criação de núcleos de 2. Programa de cidadania e respeito aos direitos humanos. Projetos • Implementação de projetos comunitários que o exercício da cidadania • Implantação de centro de serviços sociais • Reestruturação e redefinição assistência social na região da atuação de organizações 3. Programa de promoção da cultura, esportes e lazer. Projetos • Reativação das atividades esportivas e de lazer regionais • Criação de espaços de lazer, esporte e cultura nos assentamentos • Criação de intercâmbios culturais intra-regionais 4. Programa de saneamento e habitação. Projetos • Ampliação das moradias nos assentamentos • Implantação de rede de saneamento básico • Promoção da coleta seletiva de lixo • Implantação de aterro sanitário de PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO OESTE – TANGARÁ DA SERRA 226 5. Programa de estruturação e implementação de um sistema integrado de redução da criminalidade. Projetos • Combate à indústria de grileiros • Construção, ampliação e reforma de quartéis delegacias e cadeias públicas na região • Fortalecimento da logística de segurança, com melhoria do armamento, dos equipamentos e das viaturas • Aumento do efetivo policial na região 6. Programa de saúde. Projetos • Fomento à utilização de plantas medicinais da região • Criação de um hospital regional em Tangará da Serra com sistema de gestão integrada • Ampliação do PSF com profissionais capacitados • Criação de estrutura mínima hospitalar para os municípios da região 7. Programa de proteção, respeito e apoio às nações indígenas. Projetos • Definição de mecanismos de exploração justa e sustentável nas áreas indígenas Eixo 6 - Governabilidade e gestão pública A análise das políticas públicas brasileiras – válidas também para Mato Grosso costuma destacar como um dos seus grandes problemas a baixa eficiência e eficácia das ações e dos investimentos, gerando enorme desperdício de recursos e limitada implementação dos projetos. Por outro lado, apesar dos avanços recentes e de muito propalada, a participação da sociedade ainda é muito restrita, o que termina reduzindo o impacto e a efetividade das políticas públicas. O desenvolvimento sustentável de Mato Grosso e da Região de Planejamento de Tangará da Serra depende da capacidade dos governos (estadual e municipais) representarem as aspirações da sociedade e da qualidade gerencial que assegure a implementação das ações com os menores custos e a maior eficácia. O eixo Governabilidade e Gestão Pública articula as ações que procuram enfrentar os problemas de gestão pública no Estado e na Região, ampliando a eficiência, a eficácia e efetividade de todos os programas e projetos previstos pelo plano. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 227 1. Programa de aperfeiçoamento da gestão e das políticas públicas. Projetos • Fomento à formação de consórcios em todas as áreas de interesse comum • Fomento à criação de equipes técnicas inter-municipal para consórcios • Melhoria da qualidade na prestação dos serviços públicos 2. Programa de democratização, descentralização e transparência da gestão pública, contemplando a implementação dos seguintes projetos estratégicos: Projetos • Descentralização dos processos de implantação de reforma agrária • Criação e fomento de associações de prefeitos regionais • Instalação de escritório da Receita Federal e do IBAMA na região • Instalação de delegacia da polícia federal regional • fortalecimento do sistema estadual de regulação, monitoramento e fiscalização do Estado: Eixo 7 – Descentralização do território e estruturação da rede urbana A expansão da economia regional tende a gerar algum processo de concentração no território, respondendo às condições diferenciadas da competitividade e segundo eficiência econômica do mercado. A estratégia de desenvolvimento regional deve compensar este movimento, criando condições para uma distribuição equilibrada da riqueza e das condições de vida no território, implementando projetos e tomando iniciativas de descentralização e desconcentração regional. Por outro lado, a organização do território mato-grossense e regional passa pela formação de uma rede urbana que articula os diferentes territórios, numa hierarquia de múltiplas funções no espaço. Desta forma, estratégia de desenvolvimento deve incorporar programas e projetos, articulados nos Eixos de Descentralização territorial e estruturação da rede urbana, promovendo a reorganização do território estadual. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO OESTE – TANGARÁ DA SERRA 228 1. Programa de desenvolvimento regional integrado. Projetos • Descentralização, diversificação e especialização da rede de prestação de serviços públicos • Institucionalização do planejamento estratégico regional com a formação do Conselho Regional de Desenvolvimento e estruturação de Institutos Municipais de Planejamento Urbano-Regional 2. Programa de fortalecimento da rede urbana. Projetos • Implantação de infra-estrutura urbana (asfaltamento, rede de água e luz) • Implantação de projetos de canalização de águas pluviais e preservação dos córregos dentro das áreas urbanas dos municipios • Remanejamento de moradores em áreas de risco e/ou de preservação, das áreas urbanas • Aplicação do ordenamento das ZEIS - Zonas Especiais de Interesse Social 229 PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE MATO GROSSO – MT+20 Região Centro-Oeste – Diamantino Diamantino Alto Paraguai Arenápolis Nortelândia Nova Marilândia Nova Maringá São José do Rio Claro 230 1. Apresentação O Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20) desdobra-se em doze planos regionais66 que orientam a implementação das ações estratégicas para integrar o território mato-grossense e promover uma desconcentração da economia e dos indicadores sociais do Estado. Este documento apresenta o Plano de Desenvolvimento da Região de Centro-Oeste (Diamantino), como uma parte do MT+20 que explicita os projetos prioritários para a região, organizando a formulação da sociedade na estrutura estratégica do MT+20. Desta forma, o plano regional é um detalhamento do MT+20 no território, de acordo com as especificidades locais, seus problemas e suas potencialidades. O Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Centro-Oeste (Diamantino) é o referencial da Região para negociação dos seus projetos e o acompanhamento da implementação do MT+20 no território. Foi elaborado com o envolvimento da sociedade, procurando fazer uma articulação entre a estratégia geral para Mato Grosso e as características de cada região, suas necessidades e suas contribuições para o desenvolvimento conjunto do Estado. Ao mesmo tempo em que formularam propostas para compor o plano de desenvolvimento de Mato Grosso, a estratégia do Estado (MT+20) definia as bases para as prioridades do Estado. A Região de Planejamento polarizada por Diamantino conta agora com seu plano de desenvolvimento de longo prazo que deve orientar as ações nos próximos 20 anos, capaz de desenvolver a região e, ao mesmo tempo, intensificar sua interação com as transformações futuras de Mato Grosso. Nesse sentido, deve ao mesmo tempo dar suporte aos propósitos de desenvolvimento do Estado e mediante os impactos gerais na região. 66 Refletindo a divisão do território de Mato Grosso, foram realizados planos regionais para as regiões Noroeste 1 (Juína), Norte (Alta Floresta), Nordeste (Vila Rica), Leste (Barra do Garças), Sudeste (Rondonópolis), Sul (Cuiabá/Várzea Grande), Sudoeste (Cáceres), Oeste (Tangará da Serra), Centro-Oeste (Diamantino), Centro (Sorriso), Noroeste 2 (Juara), e Centro-Norte (Sinop). 231 2. Estratégia De Desenvolvimento da Região A Construção do Futuro 2.1. PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL DA REGIÃO Caracterização Geral da Região Centro-Oeste – Diamantino A Região de Planejamento Centro Oeste, polarizada pelo município de Diamantino, é a menor região de Mato Grosso em território, com apenas 30,17 mil Km2. A região é formada por sete municípios - Alto Paraguai, Arenápolis, Diamantino, Nortelândia, Nova Marilândia, Nova Maringá, e São José do Rio Claro – e tem uma população total de 93,8 mil habitantes, correspondente a, aproximadamente, 3,51% do total de habitantes de Mato Grosso. A região tem uma densidade demográfica próxima de 3,11 hab/km2, terceira maior do Estado, inferior apenas a Cuiabá/Várzea Grande e Rondonópolis. A economia de Diamantino tem uma forte presença da agropecuária, responsável por 52,6% do PIB regional, a segunda maior participação do setor de todas as regiões (juntamente com Sorriso, praticamente com mesmo percentual). No entanto, a contribuição da região para a produção agropecuária de Mato Grosso foi de apenas 5,2%, quase o dobro, contudo, da participação regional no PIB do Estado. A região de Diamantino tem uma das menores economias de Mato Grosso, alcançando um PIB de, aproximadamente, R$ 946 milhões, equivalente a 3,25% da produção total do Estado, superior apenas às regiões de Juara, Juína e Vila Rica. No período recente, 2000/2004, a economia de Diamantino apresentou uma taxa média de crescimento de 25,8% ao ano, um pouco acima da registrada pelo conjunto do Estado (20,1%). O PIB regional está fortemente concentrado no município pólo, Diamantino, responsável por mais de 51% do total produzido na região; o segundo município em volume de produção é São José do Rio Claro, com quase 20% do PIB regional; em terceiro lugar vem Nova Maringá com pouco mais de 10%; assim apenas 03 municípios respondem por mais de 80% da produção regional (o gráfico a seguir mostra a concentração da economia regional nos dois municípios). PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-OESTE – DIAMANTINO 232 Gráfico 20 - PIB dos Municípios da Região (mil de R$, 2004) 500.000 450.000 400.000 350.000 300.000 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 0 Diamantino São José do Rio Claro Nova Maringá Nova Marilândia Nortelândia Arenápolis Alto Paraguai Fonte: Relatório PIB Municipais – ano 2004; IBGE, 2006 Com a economia crescendo um pouco acima da média do Estado e a população muito abaixo do desempenho médio estadual (- 0,45% contra 2,1%) a região alcançou em 2005 um PIB per capita da ordem de R$ 14 mil (2005), cerca de 40% acima da média de Mato Grosso. A distribuição interna do PIB per capita nos municípios da região não segue, no geral, a estrutura de participação do município na formação do PIB regional; vale dizer, o município de Diamantino, que tinha mais da metade de toda produção regional, apresenta o segundo maior PIB per capita da região, enquanto que Nova Maringá com apenas 10% da produção regional apresenta o maior PIB per capita (R$ 23.900,00), muito na frente de São José do Rio Claro que tem segunda maior base econômica, mas um PIB per capita de apenas R$ 12,5 mil. A região de Diamantino, com um IDH de 0,732 (média dos IDHs municipais) , pouco abaixo do IDH de Mato Grosso, 0,767, apresenta um relativo equilíbrio interno no índice de qualidade de vida, na medida o IDH de todos os municípios se situam no intervalo 0,70 e 0,80. Ainda liderado pelo município de Diamantino, com 0,788, o nível de desenvolvimento humano mais baixo é do município de Nova Marilândia, 0,701. A qualidade do meio ambiente natural da região não é uniforme na região de Diamantino, refletindo a diferença da base econômica no território com suas pressões ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 233 antrópicas. Com efeito, a região tem unidades socioeconômicas e ecológicas em bom estado de conservação, como Nova Maringá/Floresta com ambiente de confluência da flora amazônica, estacional e savânica, mas também unidades com ambiente savânico bastante alterado e manchas de alta predisposição à erosão, como a unidade Chapada São José do Rio Claro67. As unidades Planície do Alto Paraguai e Planalto de Tapirapuã apresentam ambiente (savânico e floresta/savana) alterados; a unidade de Diamantino se caracterizam por ambiente savânico moderadamente alterado, com alta predisposição à erosão e processos intensos de erosão, e, finalmente, Sul da Chapada é uma unidade pouco alterada. Com base nesse diagnóstico sócio-ambiental e considerando as características das unidades socioeconômicas e ecológicas, o ZSEE definiu padrões diferenciados para uso alternativos dos recursos naturais da região. Como mostra a seguir, quase 2/3 do território da região de Diamantino são destinados a usos a consolidar, e o restante a uso controlados, evidenciando potencial de aproveitamento dos recursos ambientais. Mapa 18 - Usos Alternativos das Unidades Socioeconômico Ecológicas da Região de Diamantino Fonte: ZSEE 67 O ZSEE - Zoneamento Socioeconômico e ecológico dividiu a região de Diamantino em cinco Unidades Socioeconômicas e ecológicas: Planície do Alto Paraguai, Planalto de Tapirapuã, Sul da Chapada, Chapada São José do Rio Claro, Diamantino, e Nova Maringá – Floresta. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-OESTE – DIAMANTINO 234 2.2. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A REGIÃO – AONDE QUEREMOS CHEGAR Nas próximas duas décadas, a região de Diamantino deve continuar um movimento de crescimento econômico e reorganização da estrutura produtiva, resultado do impacto diferenciado do cenário de referência (implementação do MT+20) no território de Mato Grosso. O cenário de referência contempla um processo de integração do território e desconcentração regional da economia mato-grossense, com convergência regional dos indicadores sociais. Considerando as potencialidades da região – turismo e indústria madeireira, além da agropecuária consolidada e competitiva – e a excelente localização geográfica, uma vez que é praticamente cortada por dois dos principais eixos rodoviários do estado, a BR 163 e a BR 364, dando acesso aos principais portos e mercados nacionais; Diamantino tende a se integrar ao ritmo de crescimento e modernização da economia mato-grossense. Como cerca de um terço do território é destinado a uso controlado, segundo o ZSEE, as novas atividades econômicas devem concentrar-se nos 2/3 de uso a consolidar, levando à reestruturação da agropecuária e, principalmente, ao adensamento do agronegócio com agregação de valor; ao mesmo tempo, deve se expandir a produção madeireira, também com agregação de valor, e o turismo nas modalidades aventuram pesca e cultural. Esta combinação de fatores leva a região de Diamantino a um ritmo moderado de crescimento econômico nos próximos 20 anos, estimado em torno de 8,9% ao ano, muito acima da média brasileira, mas ligeiramente abaixo do previsto para o Estado de Mato Grosso (9,21%). Desta forma, o PIB da região se eleva dos atuais R$ 946 milhões (2005) para cerca de R$ 5,7 bilhões, em 2026, como mostra o gráfico abaixo. Com um crescimento pouco abaixo do estadual, nas duas décadas, Diamantino reduz sua participação no PIB de Mato Grosso, alcançando cerca de 3,1% em 2026 (pouco menos dos atuais 3,25%). ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 235 Gráfico 21 - Evolução do PIB da Região e da Participação no PIB de MT 3,30% 6.000,00 3,25% 5.000,00 3,20% 4.000,00 3,15% 3.000,00 3,10% 2.000,00 3,05% 3,00% 1.000,00 2,95% 2005 2010 2015 Participação no PIB de MT 2020 2026 PIB em mi de R$, 2004 Fonte: Multivisão A população da região continua também se expandindo a taxas próximas da média de crescimento demográfico de Mato Grosso embora levemente superiores devido à consolidação da sua malha viária e à sua proximidade dos grandes centros urbanos do Estado. Em 20 anos, o PIB per capita deve aumentar de forma significativa, saltando dos atuais R$ 14,5 mil para cerca de R$ 58,4 mil. Apesar deste crescimento (mais de quatro vezes), a região de Diamantino declina sua posição em relação à média do PIB per capita de Mato Grosso, passando de 1,4 (estimativa para 2005) para 1,3, em 2026, refletindo o processo de desconcentração e convergência dos indicadores econômicos e sociais. Mesmo assim, em 2026 a região Centro Oeste (Diamantino) ainda terá o segundo maior PIB per capita do Estado de Mato Grosso, abaixo apenas de Sorriso. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-OESTE – DIAMANTINO 236 2.3. O QUE PODE AJUDAR OU ATRAPALHAR O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE DIAMANTINO Vantagens Competitivas/Potencialidades O desenvolvimento da região será bastante determinado por sua capacidade de atrair e reter investimentos, de modo a aproveitar as oportunidades criadas no ambiente externo, sobretudo o estadual, mediante a mobilização de suas vantagens competitivas68. Portanto, identificar de forma correta as potencialidades ou vantagens competitivas da região é o primeiro grande passo para a definição de uma estratégia capaz de produzir o desenvolvimento regional esperado. Assim, foram identificadas as seguintes vantagens/potencialidades: 1. Grande biodiversidade e recursos hídricos, com nascentes e afluentes dos rios que abastecem o pantanal, o rio Paraguai e a bacia amazônica, com potencial de utilização múltipla (produção de energia, turismo e pesca) 2. Existência de terras férteis e disponibilidade de áreas agricultáveis 3. Localização geográfica favorável para a instalação de indústrias 4. Diversidade cultural e patrimônio histórico, com potencial para o turismo cultural 5. Disponibilidade de pousadas e de eventos de pesca para a indústria turística 6. Existência de indústrias já implantadas, como indústria madeireira, algodoeira e usina de borracha 7. Alta produtividade da agropecuária regional 8. Região como pólo educacional com CENFOR e Faculdades 9. Grande movimentação de capital e chegadas de novas empresas com implantação de projetos empresariais 10. Excedente de mão de obra 11. Existência e criação de assentamentos 12. Organização da população com existência de associações e de sindicatos atuantes 13. Receptividade da comunidade a mudanças 14. Boa presença de movimentos sociais não governamentais 68 Estas vantagens ou potencialidades são entendidas como as características internas diferenciadas da região que podem constituir base para o seu desenvolvimento, se devidamente exploradas. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 237 Problemas e Estrangulamentos De outro lado, a capacidade de atrair, ou mesmo reter investimentos, para a região será bastante dificultada pela presença de problemas e estrangulamentos que colocam a região em situação de desvantagem em relação a outros territórios nacionais, inibindo os investimentos e atrasando o seu desenvolvimento69. Foram destacados para a região os seguintes problemas e estrangulamentos. 1. Acelerada degradação ambiental (erosão, desmatamento, queimadas e garimpo), decorrente do modelo de produção inadequado na utilização dos recursos naturais, reforçado pela falta de conscientização ecológica 2. Deficiência da infra-estrutura econômica, com falta de energia e precariedade do sistema viário, principalmente estradas vicinais, agravado pela distância dos portos, prejudicando o ecoturismo 3. Baixo índice de escolaridade e baixa formação e qualificação da mão-de-obra 4. Limitada participação, envolvimento e mobilização social, e baixa capacidade associativa (convergência para pontos/problemas comuns), com carência de liderança e dificuldades das entidades representativas (associações e sindicatos de trabalhadores rurais) definirem e cumprirem seus objetivos 5. Baixa oferta de oportunidades de emprego, predomínio de empregos temporários e péssima remuneração paga pelas empresas da região 6. Limitada organização da produção e comercialização 7. Inexistência de um parque industrial compatível com a produção agropecuária 8. Existência de latifúndios 9. Deficiência do sistema de planejamento local e regional 10. Modelo de produção excludente e com geração restrita de emprego nas atividades industriais 11. Presença de cartel na comercialização da borracha e da madeira 12. Região pouco conhecida pelos investidores 13. Baixa educação ambiental por falta de programas governamentais 14. Baixa qualificação profissional por falta mecanismos de incentivo à formação profissional Oportunidades do Ambiente Externo O desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência cria uma série de oportunidades 69 Os problemas e estrangulamentos são as condições ou situações internas à região que são indesejadas e atrapalham ou impedem o desenvolvimento da região se não forem devidamente equacionadas e alteradas. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-OESTE – DIAMANTINO 238 de negócios que podem ser capitalizadas pela região desde que a mesma tenha capacidade para tal. Estas condições futuras externas “favoráveis” à Região abrem perspectivas que orientam a definição da estratégia de desenvolvimento. Foram identificadas as seguintes oportunidades externas à Região: 1. Redução de barreiras alfandegárias para produtos agropecuários 2. Formação da ALCA com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 3. Consolidação do Mercosul com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 4. Ampliação da demanda mundial de alimentos 5. Crescimento da demanda mundial e nacional por produtos orgânicos 6. Crescimento da demanda de água e recursos naturais com forte aumento da demanda de hidroeletricidade no Brasil 7. Aumento da demanda de energia renovável, biocombustível com mudança da matriz energética incluindo biomassa e 8. Ampliação de mercado de crédito de carbono 9. Crescimento da demanda de produtos da biotecnologia e biodiversidade 10. Expansão do fluxo turístico mundial com destaque para o ecoturismo 11. Integração da infra-estrutura da América do Sul, incluída a saída para o Pacífico 12. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento público nacional 13. Formação de ambiente microeconômico favorável ao investimento produtivo nacional (lei de regulamentação do setor de saneamento, por exemplo) 14. Implementação de mecanismos de indução da desconcentração regional 15. Expansão da capacidade de consumo do mercado interno nacional 16. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento do setor privado Ameaças do Ambiente Externo De modo similar, o desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência traz consigo muitas ameaças que podem prejudicar o desenvolvimento da região, caso ela não tenha capacidade adequada de defesa. Essas situações externas “desfavoráveis” quando corretamente identificadas fornecem, por seu turno, uma orientação importante para a definição da estratégia de desenvolvimento. Assim, foram identificadas as seguintes ameaças externas à região: 1. Controle monopolístico das tecnologias pelas multinacionais 2. Manifestação de mudanças climáticas globais ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 239 3. Intensificação da concorrência mundial com base em novas tecnológicas 4. Recorrência e ampliação de epidemias e endemias em vegetais e animais 5. Ampliação de barreiras comerciais não tarifárias, com alta exigência de qualidade e de controle 6. Risco de queda das demandas de matérias primas, insumos e alimentos em razão de eventuais quedas no crescimento econômico 7. Instabilidade dos preços internacionais de produtos naturais e alimentícios 8. Ampliação da biopirataria com a retirada de amostras da biodiversidade 9. Intensificação da concorrência de países do MERCOSUL no agronegócio 10. Expansão do narcotráfico nas regiões de fronteira do Brasil 11. Instabilidade política em países vizinhos, especialmente Bolívia 240 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento Região de Diamantino Nos próximos vinte anos a Região deve experimentar um grande dinamismo econômico e social, refletindo e amplificando as condições muito favoráveis do contexto externo, em especial o Estadual, palco de maciços investimentos estruturadores nas áreas de transportes, energia, logística educação e inovação tecnológica. As próximas duas décadas serão de grandes transformações estruturais na Região cujos reflexos se farão sentir em termos de geração de oportunidades de emprego e negócios e na melhoria da qualidade de vida. As condições relativamente vantajosas da infra-estrutura econômica regional serão ampliadas com a construção de um sistema bem articulado de transportes e logística, com boa integração dos diversos modais, capaz de escoar a produção da região a custos muito competitivos; os destaques neste esforço de ampliação do atual sistema viário regional será o reforço da capacidade de escoamento das principais rodovias de acesso às BRs 163, 364 e 174, uma vez que estas rodovias integram a Região com os principais portos e mercados nacionais; de outro lado, com a construção do ramal da Ferronorte ligando Alto Araguaia a Cuiabá, deve ampliar as vantagens competitivas da região em termos de logística e transporte, em vista de sua proximidade com a capital do estado. Além disso, a estrutura de produção deverá passar por mudanças importantes com a ampliação e diversificação da boa estrutura de produção industrial da região, atraído unidades industriais de processamento da produção agropecuária e fornecimento de insumos à montante das cadeias de grãos, carne, couro e madeira; pequenos produtores devem se organizar em arranjos produtivos locais ampliando a capacidade competitiva em segmentos como apicultura, piscicultura, madeira, fruticultura e móveis. A região deve também atrair investimentos para fornecimento de serviços ambientais para reflorestamentos e recuperação de áreas degradadas e tratamento de lixo urbano, ambos voltados ao comércio de créditos de carbono; o setor de Serviços, por seu turno, deve experimentar uma ampliação e diversificação dos segmentos de prestação de serviços modernos como saúde, educação e serviços bancários e de intermediação financeira, sobretudo na cidade-pólo; mas, o destaque será a expansão do ecoturismo, nas modalidades aventura e pesca esportiva, em base aos investimentos em infra-estrutura econômica e social ampliando as condições de acesso, de recepção e sanitárias da região. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 241 Mapa 19 - Mapa Ilustrativo da Mudança na Estrutura Produtiva da Região (Situação Atual e Futura) Fonte: Multivisão As mudanças e transformações estruturais serão frutos da implementação da estratégia de desenvolvimento da Região, formulada a partir de intensas discussões com representantes da sociedade regional, confrontando as condições internas – potencialidades e estrangulamentos – com os processos e tendências externas – oportunidades e ameaças. As propostas de ação definidas nas discussões foram organizadas e sistematizadas em eixos estratégicos, compondo programas e projetos de importância para a Região. Os projetos destacados estão apresentados a seguir segundo a mesma estrutura definida para o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso.70. 70 Os eixos e os programas são os mesmos do MT+20, diferenciando-se os projetos específicos para a Região. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-OESTE – DIAMANTINO 242 3.1. EIXOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO Eixo 1 – Uso sustentável dos recursos naturais O eixo estratégico de Uso Sustentável dos Recursos Naturais articula o conjunto das ações que podem reduzir as pressões antrópicas da expansão da economia, contribuindo para a conservação do meio ambiente e reorientando o modelo de aproveitamento das riquezas naturais de Mato Grosso, particularmente na região de planejamento de Diamantino. O eixo se desdobra em programas e projetos, como apresentado abaixo: 1. Programa de fortalecimento do sistema de gestão ambiental. Projetos • Intensificação da fiscalização do desmatamento nas áreas proibidas • Implantação do zoneamento Socioeconômico e ecológico regional • Estruturação dos órgãos de fiscalização ambiental fortalecendo ações integradas entre órgãos com atuação na região (INCRA/IBAMA/INDEA/EMPAER, etc.) 2. Programa de criação, implantação e manutenção de unidades de conservação. Projetos 3. Criação de APAs 4. Definição de regras que assegurem as reservas em áreas contínuas 3. Programa de promoção do uso sustentável dos recursos naturais. Projetos • Promoção da educação ambiental, incluindo qualificação de líderes comunitários para educação ambiental nas comunidades • Aumento da fiscalização nos rios para diminuir a caça e a pesca predatória • Aproveitamento dos tanques degradados pelo garimpo para piscicultura • Limitação do tamanho das áreas de exploração agropecuária • Utilização de técnicas de manejo sustentável para exploração de recursos naturais • Criação e manutenção de espaços verdes ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 4. Programa de hidrográficas. recuperação, preservação e manejo das 243 bacias Projetos • Proteção das bacias dos rios Paraguai e Prata • Recuperação de áreas degradadas das nascentes e matas ciliares dos nossos rios e ribeirões • Reflorestamento das nascentes dos rios da região • Preservação dos mananciais e das nascentes e cabeceiras dos rios na região • Recuperação do rio Ribeirão do Ouro, verificando a poluição de corpos d’água por esgotos domésticos e comerciais • Gestão das bacias hidrográficas 5. Programa de reflorestamento de áreas degradadas. Projetos • Levantamento das áreas passíveis de reflorestamento com vistas ao mercado de carbono • Implantação de projeto piloto de reflorestamento com vistas ao mercado de carbono Eixo 2 - Conhecimento e inovação tecnológica Educação e inovação tecnológica são dois fatores centrais do desenvolvimento e da competitividade sistêmica de um território, contribuindo para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. A educação, além de ser pré-requisito para a ciência e tecnologia, constitui também um elemento decisivo para ampliar e democratizar as oportunidades da sociedade, na medida em que prepara o cidadão para a vida e para o mercado de trabalho, principalmente quando associado à capacitação profissional. Desta forma, o eixo estratégico de Conhecimento e Inovação é parte central da estratégia de desenvolvimento de Mato Grosso e, particularmente de Diamantino, expressando-se através dos programas apresentados a seguir: 1. Programa de ampliação da capacidade de pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico. Projetos • Implantação de unidade de pesquisa e produção científica de sistemas de produtos agropecuários adaptado ao Chapadão dos Parecis PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-OESTE – DIAMANTINO 244 • Criação de banco de dados com vistas à disseminação dos resultados das pesquisas 2. Programa de inovação e difusão de tecnologias para as cadeias produtivas. Projetos • Desenvolvimento de pesquisas sobre as potencialidades regionais • Desenvolvimento de tecnologia para exploração da piscicultura (Alto Paraguai) • Racionalização científica dos métodos de exploração da minhocultura • Certificação de produtos e processos e registro de patentes 4. Programa de melhoria da qualidade do ensino básico, certificação de produtos e processos e registro de patentes. Projetos • Alfabetização do homem do campo • Ampliação da educação infantil e básica • Aquisição de transporte escolar • Comprometimento dos pais na educação dos filhos • Inclusão da educação ambiental, turismo e educação para o trânsito nas escolas 5. Programa de ampliação da educação profissional e tecnológica. Projetos • Funcionamento do Ceprotec local. • Capacitação dos gestores e de equipes de trabalho públicos e privados • Implantação da escola agrotécnica para a região • Implantação de cursos profissionalizantes para estudante de nível médio 6. Programa de consolidação, expansão e democratização do ensino superior. Projetos • Qualificação dos profissionais das diversas áreas com especializações, mestrados e doutorados • Instalação de faculdade pública na região ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 245 • Implantação de campus das universidades federal e estadual • Criação de cursos superiores voltados para a economia regional Eixo 3 – Infra-estrutura econômica e logística A Região de Planejamento apresenta alguns estrangulamentos na infra-estrutura econômica, particularmente nos transporte para sua integração econômica e para escoamento da produção estadual para o mercado nacional e mundial. Apesar disso a economia regional têm apresentado grande competitividade internacional. No futuro, a região pode ter sua competitividade comprometida se não tomar providências para ampliação e recuperação da infra-estrutura econômica e da logística. O eixo estratégico de desenvolvimento (Eixo 3) procura responder diretamente a estes estrangulamentos, melhorando o desempenho atual e preparando Mato Grosso e a Região de Diamantino para os desafios do futuro. 1. Programa de recuperação e ampliação do sistema de transporte rodoviário. Projetos • Ampliação e recuperação da rede de estradas de interligação dos municípios da região • Asfaltamento e recuperação das rodovias que dão acesso às BRs 163 e MT 170 • Ampliação e recuperação da rede de estradas secundárias e vicinais da região 2. Programa de recuperação e ampliação do sistema multimodal de transporte e logística. Projetos • Ampliação e recuperação do sistema hidroviário da região • Implantação de sistema de armazenagem, comercialização e distribuição dos produtos regionais • Implantação de parque de exposição 5. Programa de diversificação da matriz energética. Projetos • Fomento da produção de energia renovável (biodíesel) • Produção de H-Bio na região com base em derivado da soja • Implantação de indústria energética extraída de grãos PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-OESTE – DIAMANTINO 246 • Ampliação da distribuição de redes de fornecimento de energia elétrica Eixo 4 - Diversificação e adensamento das cadeias produtivas A agropecuária é a base do dinamismo da economia da Região de Planejamento de Diamantino, concentrando a produção e as exportações em produtos de baixo valor agregado. Esta característica da economia regional diminui o impacto econômico e social das exportações e torna o território, como de resto, o Estado de Mato Grosso, vulnerável a flutuações internacionais de demanda e preços das commodities. Diante disso, o plano estratégico deve promover a diversificação da estrutura produtiva e a agregação de valor dos produtos do agronegócio. 1. Programa de fortalecimento extrativismo e silvicultura. e diversificação da agropecuária, Projetos • Implantação de silvicultura para produção de madeira e celulose de uso industrial • Fortalecimento dos sistemas de sanidade animal visando a proteção do rebanho bovino • Estímulo à produção orgânica e cultivares irrigados 2. Programa de reestruturação fundiária e desenvolvimento da agricultura familiar. Projetos • Ampliação dos serviços de assessoria, capacitação e assistência técnica aos assentamentos rurais • Implantação de agroindústrias visando o fortalecimento da agricultura familiar • Implantação de reforma agrária e ampliação dos assentamentos visando eliminar grandes latifúndios improdutivos, incluindo a Camargo Correa Arrossental Agropecuária S/A • Realocação dos assentados nas parcelas (rural) • Definição de limite constitucional da extensão territorial das propriedades privadas, independentemente da natureza jurídica da ocupação das terras (proprietário, posseiro, arrendatário, etc.) • Promover a regularização fundiária rural e urbana • Promoção do cultivo de culturas que utilizam mão-de-obra familiar, com destaque para produtos naturais • Fortalecimento dos assentamentos e da pequena propriedade ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 247 • Apoio na estruturação do sistema de comercialização na agricultura familiar • Cinturão verde central de abastecimento 3. Programa de adensamento das cadeias produtivas. Projetos • Instalação de parque industrial de agronegócios • Implantação de frigorífico • Criação de alambique • Implantação de indústrias para beneficiar subprodutos da agropecuária 4. Programa de diversificação da estrutura produtiva da região. Projetos • Implantação de usinas de álcool e açúcar na região. • Instalação de laticínios na região para beneficiamento do leite produzido na região • Criação da Central de sebo para biodíesel/perfume 5. Programa de desenvolvimento do turismo Projetos • Melhoria da infra-estrutura turística no destino receptor • Criação de uma rota turística Amazônia/Pantanal/Pacífico (roteiro turístico integrado para a região), incluindo calendário das festas culturais e religiosas • Capacitação em gastronomia com comida típica regional • Divulgação dos pontos turísticos da região • Estruturação de hotéis e pousadas • Qualificação da mão-de-obra voltada para o turismo • Desenvolvimento do ecoturismo, do turismo rural da agricultura familiar e do turismo pesqueiro, organizando festivais de pesca • Promoção a agências de viagens e turismo 6. Programa de fortalecimento dos arranjos produtivos locais. Projetos • Organização dos APLs em associações/cooperativas de produtores (comercialização, compras, financiamento) PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-OESTE – DIAMANTINO 248 • Fortalecimento dos APLs (cadeias produtivas regionais). • Criação de APL da piscicultura e da avicultura Eixo 5 - Qualidade de vida, cidadania, cultura e segurança O desenvolvimento sustentável tem como objetivo central a melhoria da qualidade de vida da população expressa no acesso aos bens e serviços públicos, na segurança pública e paz social, na cidadania e no desenvolvimento cultural. Para alcançar este objetivo, o Estado de Mato Grosso e, particularmente a Região de Planejamento de Diamantino, ainda tem que melhorar muito as condições de vida da população, realizando iniciativas e investimentos nos diferentes segmentos sociais que se beneficiam também dos resultados alcançados nos outros eixos estratégicos de desenvolvimento, particularmente no que trata de educação e do crescimento da economia, gerando oportunidades de emprego. De qualquer forma, a estratégia de desenvolvimento regional implementa um eixo estratégico diretamente nos segmentos sociais que elevam a qualidade de vida da população. 1. Programa de fomento à geração de emprego e renda Projetos • Promoção de feiras de artesanato nos municípios da região • Promoção da reciclagem e requalificação da força de trabalho da região 2. Programa de cidadania e respeito aos direitos humanos. Projetos • Capacitação para famílias em situação de vulnerabilidade social (complemento de renda) • Organização da sociedade e conscientização da população para questões de segurança, saúde, educação e meio ambiente • Adequação dos transportes públicos aos portadores de necessidade especiais ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 249 3. Programa de promoção da cultura, esportes e lazer. Projetos • Promoção das atividades esportivas, incluindo prática de esportes na rede pública de ensino • Reconhecimento do patrimônio histórico da região • Divulgação da importância da cultura regional. • Fomento a atividades recreativas/educativas nas comunidades, incluindo envolvimento de pessoas idosas 4. Programa de saneamento e habitação. Projetos • Reciclagem de lixo • Construção de estação de captação e tratamento de esgoto e lixo em toda região • Implantação da rede de esgoto da região 5. Programa de estruturação e implementação de um sistema integrado de redução da criminalidade, contemplando os seguintes projetos: • Aumento do policiamento nas ruas • Combate à violência doméstica combinando ações da polícia, da assistência social, judicial, conselho tutelar, e promotoria • Implantação de delegacia do adolescente e da mulher. • Fortalecimento da polícia investigativa no serviço reservado 6. Programa de saúde, contemplando os seguintes projetos. Projetos • Implantação de hospital regional para referência em média e alta complexidade • Conclusão do pronto atendimento de Diamantino. • Aperfeiçoamento da gestão regional da saúde com a câmara regional de gestão da saúde • Consolidação e fortalecimento do consórcio regional de saúde • Capacitação de agentes de saúde voltados para a prevenção de doenças • Criação de curso de extensão de medicina PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-OESTE – DIAMANTINO 250 • Implementação de especialidades médicas na região (otorrinolaringologista, cardiologista, dermatologista e geriatria) Eixo 6 - Governabilidade e gestão pública A análise das políticas públicas brasileiras – válidas também para Mato Grosso costuma destacar como um dos seus grandes problemas a baixa eficiência e eficácia das ações e dos investimentos, gerando enorme desperdício de recursos e limitada implementação dos projetos. Por outro lado, apesar dos avanços recentes e de muito propalada, a participação da sociedade ainda é muito restrita, o que termina reduzindo o impacto e a efetividade das políticas públicas. O desenvolvimento sustentável de Mato Grosso e da Região de Planejamento de Diamantino depende da capacidade dos governos (estadual e municipais) representarem as aspirações da sociedade e da qualidade gerencial que assegure a implementação das ações com os menores custos e a maior eficácia. O eixo Governabilidade e Gestão Pública articula as ações que procuram enfrentar os problemas de gestão pública no Estado e na Região, ampliando a eficiência, a eficácia e efetividade de todos os programas e projetos previstos pelo plano. 1. Programa de modernização, democratização, descentralização transparência da gestão pública. e Projetos • Implantação de cursos profissionalizantes para qualificação profissional voltada para a área pública • Fomento à participação da sociedade de forma mais efetiva e tomada de decisões • Fortalecimento do sistema de regulação, monitoramento e fiscalização do município Eixo 7 – Descentralização do território e estruturação da rede urbana A expansão da economia regional tende a gerar algum processo de concentração no território, respondendo às condições diferenciadas da competitividade e segundo eficiência econômica do mercado. A estratégia de desenvolvimento regional deve compensar este movimento, criando condições para uma distribuição equilibrada da riqueza e das condições de vida no território, implementando projetos e tomando iniciativas de descentralização e desconcentração regional. Por outro lado, a organização do território mato-grossense e regional passa pela formação de uma rede urbana que articula os diferentes territórios, numa hierarquia de múltiplas funções no espaço. Desta forma, estratégia de desenvolvimento deve incorporar programas e ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 251 projetos, articulados nos Eixos de Descentralização territorial e estruturação da rede urbana, promovendo a reorganização do território estadual. 1. Programa de desenvolvimento regional integrado e fortalecimento da rede urbana regional Projetos • Integração dos municípios da região para fortalecimento da economia regional • Criação e implementação do Código de Postura Municipal 252 PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE MATO GROSSO – MT+20 Região Centro - Sorriso Sorriso Lucas do Rio Verde Nova Mutum Santa Rita do Trivelato Tapurah 253 1. Apresentação O Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20) desdobra-se em doze planos regionais71 que orientam a implementação das ações estratégicas para integrar o território mato-grossense e promover uma desconcentração da economia e dos indicadores sociais do Estado. Este documento apresenta o Plano de Desenvolvimento da Região de Centro (SORRISO), como uma parte do MT+20 que explicita os projetos prioritários para a região, organizando a formulação da sociedade na estrutura estratégica do MT+20. Desta forma, o plano regional é um detalhamento do MT+20 no território, de acordo com as especificidades locais, seus problemas e suas potencialidades. O Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Centro (SORRISO) é o referencial da Região para negociação dos seus projetos e o acompanhamento da implementação do MT+20 no território. Foi elaborado com o envolvimento da sociedade, procurando fazer uma articulação entre a estratégia geral para Mato Grosso e as características de cada região, suas necessidades e suas contribuições para o desenvolvimento conjunto do Estado. Ao mesmo tempo em que formularam propostas para compor o plano de desenvolvimento de Mato Grosso, a estratégia do Estado (MT+20) definia as bases para as prioridades do Estado. A Região de Planejamento polarizada por SORRISO conta agora com seu plano de desenvolvimento de longo prazo que deve orientar as ações nos próximos 20 anos, capaz de desenvolver a região e, ao mesmo tempo, intensificar sua interação com as transformações futuras de Mato Grosso. Nesse sentido, deve ao mesmo tempo dar suporte aos propósitos de desenvolvimento do Estado e mediante os impactos gerais na região. 71 Refletindo a divisão do território de Mato Grosso, foram realizados planos regionais para as regiões Noroeste 1 (Juína), Norte (Alta Floresta), Nordeste (Vila Rica), Leste (Barra do Garças), Sudeste (Rondonópolis), Sul (Cuiabá/Várzea Grande), Sudoeste (Cáceres), Oeste (Tangará da Serra), Centro-Oeste (Diamantino), Centro (Sorriso), Noroeste 2 (Juara), e Centro-Norte (Sinop). PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO - SORRISO 254 2. Estratégia De Desenvolvimento da Região A Construção do Futuro 2.1. PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL DA REGIÃO Caracterização Geral da Região Centro – Sorriso A Região de Planejamento Centro (Sorriso) é formada por apenas cinco município Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Santa Rita do Trivelato, Sorriso, e Tapurah numa área de 30,9 mil Km2, correspondendo a, aproximadamente, 3,42% do território de Mato Grosso. Na segunda menor região de Mato Grosso em área, maior apenas que a região de Diamantino, vivem cerca de 105 mil habitantes, numa densidade demográfica de 3,06 habitantes por Km2. A região Centro (Sorriso) tem a mais moderna e dinâmica agropecuária do Estado, os melhores indicadores sociais e um grande equilíbrio econômico interno entre os cinco municípios. A agropecuária é a força da economia regional, representando 54,4% do PIB da região e contribuindo com quase 15% do produto setorial do Estado; na contribuição para a formação da agropecuária de Mato Grosso a região de Sorriso perde apenas para Rondonópolis, com 23%, que tem uma área mais três vezes superior. Com apenas 3,42% da área do Estado, a região Centro é responsável por quase 10% do produto mato-grossense. Porém, a região tem uma incipiente indústria pouco integrada na cadeia produtiva de grãos e carne da região, representando pouco mais de 8% do PIB regional, que conta ainda com um setor de serviços pouco desenvolvido cuja contribuição para formação do PIB regional é de apenas 37%. Apesar de relativamente pequena, em área e população, a região de Sorriso tem, empatado com Cáceres, o terceiro maior PIB do Estado, estimado em R$ 2,9 bilhões (2005), representando 10% da economia mato-grossense. Também se caracteriza pelo crescimento econômico espetacular e forte expansão demográfica, nos anos recentes; no período 2000/2004, a economia da região registrou uma taxa média anual de crescimento de 33,6%, bem acima do dinamismo econômico do Estado no mesmo período, estimado em 20,1%. No âmbito da região, a economia apresenta moderada concentração, apesar da liderança do município de Sorriso que é responsável por 41% da produção regional (como mostra o gráfico a seguir); o município de Santa Rita de Trivelato, criado recentemente, tem uma participação modesta na economia regional, mas os outros municípios têm um peso relevante na produção total da região, com Nova Mutum em segundo lugar (20,5%), Lucas do Rio Verde em terceiro (17,4%) e Tapurah em quarto (15,2%). ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 255 Gráfico 22 - PIB dos Municípios da Região (mil de R$, 2004) 1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 0 Sorriso Nova Mutum Lucas do Rio Verde Tapurah Santa Rita do Trivelato Fonte: Relatório PIB Municipais – Ano 2004; IBGE, 2006 Acompanhando o dinamismo regional, a região de Sorriso registrou, nos anos recentes, uma rápida expansão demográfica, muito superior à média do Estado (5,6% a.a. contra 2,1% a.a.). Mesmo assim, a região tem o mais alto PIB per capita de Mato Grosso, estimado em R$ 27,1 mil (2005), quase três vezes a média estadual (R$ 10,3 mil). Como a população se distribui nos municípios de acordo com o peso dos mesmos na economia, refletindo oportunidades de ocupação, o PIB per capita no interior da região não corresponde com a posição relativa do município na formação do PIB regional;assim, o município de Santa Rita Trivelato, com o mais baixo PIB da região (5,8% do total) aparece com o maior PIB per capita (R$ 100 mil), muito acima dos outros municípios que apresentam valores muito equilibrados e mais próximos da média. A região Centro (Sorriso) tem o mais alto índice de desenvolvimento humano de Mato Grosso, estimado em 0,804 (média dos IDHs dos municípios), refletindo o nível de renda regional, além da mais equilibrada distribuição interna entre os seus municípios. O município de Tapurah, que tem o mais baixo IDH da região, alcança um índice de 0,783, próximo do patamar de 0,800 considerado alto IDH. Os municípios de Sorriso e Lucas do Rio Verde, que têm os mais altos PIB mas os menores PIB per capita, PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO - SORRISO 256 destacam-se com os melhores índices de desenvolvimento humano da região; o município de Sorriso com IDH de 0,824, também o melhor indicador do Estado de Mato Grosso. Apesar do dinamismo econômico e da forte expansão demográfica da região, que geram taxas médias e altas de antropização, o ambiente predominantemente savânico apresenta moderada alteração. Das três unidades socioeconômicas e ecológicas em que está dividida a região, a USEE de Lucas do Rio Verde/Sorriso, precisamente onde se concentra a agropecuária moderna, é a que registra as maiores pressões antrópicas, com ambiente de savana moderadamente alterado, com qualidade do ambiente natural média-baixa e processos erosivos emergentes. A USEE Superfície Circumplanáltica Alto Arinos, também com predomínio da agropecuária em grandes e médios estabelecimentos, ocorre média alteração, mas a qualidade do ambiente é considerada média-alta. Finalmente, na USEE Lucas do Rio Verde/Sorriso as atividades econômicas modernas implantam-se em áreas anteriormente desmatadas no entorno da BR 163, mas o ambiente de floresta está pouco alterado, mantendo elevado potencial biótico e madeireiro. Analisando as pressões antrópicas e as características do meio ambiente da região, o ZSEE- Zoneamento Socioeconômico e Ecológico definiu os usos alternativos que podem assegurar a conservação ambiental mesmo com o crescimento futuro da economia regional, como apresentado no mapa. Segundo o ZSEE, todo o território de Sorriso é classificado como de uso a consolidar, permitindo a utilização econômica dos seus recursos naturais. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 257 Mapa 20 - Usos Alternativos das Unidades Socioeconômico e Ecológicas da Região de Sorriso Fonte: ZSEE 2.2. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A REGIÃO – AONDE QUEREMOS CHEGAR A combinação das potencialidades regionais com a sua posição estratégica, reforçada pela malha de transporte, leva a região de Sorriso a receber um forte impacto positivo do crescimento e modernização da economia de Mato Grosso, segundo as expectativas traçadas no cenário de expansão da economia mato-grossense (cenário de referência do MT+20). Com efeito, além da moderna base agropecuária e da incipiente indústria regional, resultado de parcial adensamento da cadeia do agronegócio, a região de Sorriso tem potencialidade para bioindústria (utilização da biodiversidade), produção de bioenergéticos, incluindo álcool e biodíesel, e turismo. Em termos logísticos, a região deve se beneficiar do asfaltamento da BR 163 e da extensa rede de rodovias transversais e, principalmente da construção do ramal da Ferrovia Norte-Sul ligando Lucas do Rio Verde a Palmas (TO). Esta combinação de fatores tende a intensificar o dinamismo da economia regional, favorecido pelo crescimento geral da economia de Mato Grosso (e do Brasil); como são limitadas as restrições ambientais na região, destinando todo o território a usos a consolidar, PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO - SORRISO 258 Sorriso deve experimentar, nos próximos 20 anos, acelerado crescimento econômico, com a expansão do agronegócio e, principalmente, da agroindústria, combinada com parcial diversificação que decorre da ampliação dos serviços, aumento da produção mineral e, em menor medida, do turismo. Nas próximas duas décadas, a região de Sorriso deve crescer a uma taxa média de 9,9% ao ano, acima do desempenho estadual (estimado em 9,2%), aumentando o PIB regional dos atuais R$ 2,9 bilhões(estimativa para 2005) para cerca de R$ 21 bilhões em 2026 (ver gráfico a seguir). No período, a região Centro (Sorriso) aumenta sua participação na economia mato-grossense, chegando em 2026 com 11,4% do PIB do Estado (atualmente estimado em 10%), ultrapassando Cáceres com a qual está empatada. Nessas condições, a região deverá ser a terceira maior na formação do PIB estadual em 2026. Gráfico 23 - Evolução do PIB da Região e da Participação no PIB de MT 11,50% 25.000,00 11,00% 20.000,00 10,50% 15.000,00 10,00% 10.000,00 9,50% 5.000,00 9,00% 2005 2010 2015 Participação no PIB de MT 2020 2026 PIB em mi de R$, 2004 Fonte: Multivisão A combinação de dinamismo econômico com ampliação dos sistemas viários que integram a região com o resto do Estado e do Brasil, estimula também um forte movimento migratório para a Sorriso, favorecido pela qualidade do espaço urbano regional. O acelerado crescimento demográfico da região modera a expansão do PIB ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 259 per capita regional, atualmente o mais elevado de Mato Grosso, contribuindo para uma maior convergência territorial do indicador. Em 20 anos, o PIB per capita da região Centro (Sorriso) passa de R$ 27mil (estimativa de 2005) para R$ 100 mil, em 2026, mais do dobro do nível esperado para Mato Grosso. 2.3. O QUE PODE AJUDAR OU ATRAPALHAR O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE SORRISO Vantagens Competitivas/Potencialidades O desenvolvimento da região será bastante determinado por sua capacidade de atrair e reter investimentos, de modo a aproveitar as oportunidades criadas no ambiente externo, sobretudo o estadual, mediante a mobilização de suas vantagens competitivas72. Portanto, identificar de forma correta as potencialidades ou vantagens competitivas da região é o primeiro grande passo para a definição de uma estratégia capaz de produzir o desenvolvimento regional esperado. Assim, foram identificadas as seguintes vantagens/potencialidades: 1. Boa estrutura de educação básica e superior e sistema educacional de porte (incluindo Centro técnico-universitário) com potencial educacional para pesquisa 2. Produtores com tradição agrícola, espírito empreendedor e capacidade de mudanças, com boas práticas e agropecuária tecnificada 3. Diversidade cultural e étnica e miscigenação de culturas regionais, combinado com a hospitalidade regional 4. Modelos novos e bem sucedidos e colonização 5. Ampla e diversificada base agroindustrial 6. Grande potencial para indústrias de reciclagem 7. Mercado consumidor interno de porte 8. Localização estratégica (eixo da BR163) 9. Potencial hídrico para auto-suficiência energética e uso múltiplo (pesca e turismo) 10. Produção agropecuária diversificada (culturas permanentes, temporárias e nativas; agricultura orgânica; pecuária de corte e leiteira) 11. Base para o desenvolvimento de APL (artesanatos/piscicultura/fruticultura regional, movelaria, etc) 72 Estas vantagens ou potencialidades são entendidas como as características internas diferenciadas da região que podem constituir base para o seu desenvolvimento, se devidamente exploradas. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO - SORRISO 260 12. Base para o desenvolvimento da indústria madeireira e moveleira 13. Base para a indústria do turismo da natureza (aventura, rural etc) 14. Base para a indústria de bioprodutos (fitoterápicos, fármacos, cosméticos) 15. Base para adensamento das cadeias de grãos, carne e couro 16. Reservas ecológicas e indígenas demarcadas com remanescente florestal 17. Solo favorável para agricultura, pecuária e extrativismo 18. Base populacional na maioria jovem Problemas e Estrangulamentos De outro lado, a capacidade de atrair, ou mesmo reter investimentos, para a região será bastante dificultada pela presença de problemas e estrangulamentos que colocam a região em situação de desvantagem em relação a outros territórios nacionais, inibindo os investimentos e atrasando o seu desenvolvimento73. Foram destacados para a região os seguintes problemas e estrangulamentos. 1. Fraca consciência de cidadania, de responsabilidade social, ambiental e de participação 2. Exploração não sustentada - predatória dos recursos naturais 3. Pouca rastreabilidade da produção pecuária, restringindo sua comercialização para o mercado externo 4. Modelo de produção agrícola e pecuária intensivo de capital, com baixo índice de aproveitamento da mão-de-obra local, gerando empregos sazonais 5. Fraca infra-estrutura de serviços de apoio à atividade turística 6. Frágil integração entre os municípios da região 7. Despreparo dos empresários no tocante potencialidades da região e gestão dos negócios ao aproveitamento das 8. Pobreza e desigualdade intra-regional 9. Moderado adensamento das cadeias produtivas 10. Deficiente Infra-estrutura de serviços sociais urbanos de saneamento básico 11. Baixo nível de integração e de articulação da sociedade 12. Frágil estrutura governamental de apoio e fomento aos micro e pequenos empresários 13. Baixa capacidade de investimento dos setores público e privado local 73 Os problemas e estrangulamentos são as condições ou situações internas à região que são indesejadas e atrapalham ou impedem o desenvolvimento da região se não forem devidamente equacionadas e alteradas. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 261 14. Baixa escolaridade e qualificação da mão-de-obra (escassez de mão-de-obra especializada) 15. Infra-estrutura de rodovias mal conservadas e estradas vicinais sem pavimentação 16. Concentração da propriedade da terra em alguns municípios da região 17. Alto nível desemprego e informalidade 18. Assistência técnica deficiente para a agricultura familiar Oportunidades do Ambiente Externo O desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência cria uma série de oportunidades de negócios que podem ser capitalizadas pela região desde que a mesma tenha capacidade para tal. Estas condições futuras externas “favoráveis” à Região abrem perspectivas que orientam a definição da estratégia de desenvolvimento. Foram identificadas as seguintes oportunidades externas à Região: 1. Redução de barreiras alfandegárias para produtos agropecuários 2. Formação da ALCA com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 3. Consolidação do Mercosul com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 4. Ampliação da demanda mundial de alimentos 5. Crescimento da demanda mundial e nacional por produtos orgânicos 6. Crescimento da demanda de água e recursos naturais com forte aumento da demanda de hidroeletricidade no Brasil 7. Aumento da demanda de energia renovável, biocombustível com mudança da matriz energética incluindo biomassa e 8. Ampliação de mercado de crédito de carbono 9. Crescimento da demanda de produtos da biotecnologia e biodiversidade 10. Expansão do fluxo turístico mundial com destaque para o ecoturismo 11. Integração da infra-estrutura da América do Sul, incluída a saída para o Pacífico 12. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento público nacional 13. Formação de ambiente microeconômico favorável ao investimento produtivo nacional (lei de regulamentação do setor de saneamento, por exemplo) 14. Implementação de mecanismos de indução da desconcentração regional 15. Expansão da capacidade de consumo do mercado interno nacional 16. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento do setor privado PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO - SORRISO 262 Ameaças do Ambiente Externo De modo similar, o desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência traz consigo muitas ameaças que podem prejudicar o desenvolvimento da região, caso ela não tenha capacidade adequada de defesa. Essas situações externas “desfavoráveis” quando corretamente identificadas fornecem, por seu turno, uma orientação importante para a definição da estratégia de desenvolvimento. Assim, foram identificadas as seguintes ameaças externas à região: 1. Controle monopolístico das tecnologias pelas multinacionais 2. Manifestação de mudanças climáticas globais 3. Intensificação da concorrência mundial com base em novas tecnológicas 4. Recorrência e ampliação de epidemias e endemias em vegetais e animais 5. Ampliação de barreiras comerciais não tarifárias, com alta exigência de qualidade e de controle 6. Risco de queda das demandas de matérias primas, insumos e alimentos em razão de eventuais quedas no crescimento econômico 7. Instabilidade dos preços internacionais de produtos naturais e alimentícios 8. Ampliação da biopirataria com a retirada de amostras da biodiversidade 9. Intensificação da concorrência de países do MERCOSUL no agronegócio 10. Expansão do narcotráfico nas regiões de fronteira do Brasil 11. Instabilidade política em países vizinhos, especialmente Bolívia 263 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento Região de Sorriso Nos próximos vinte anos a Região deve experimentar um grande dinamismo econômico e social, refletindo e amplificando as condições muito favoráveis do contexto externo, em especial o Estadual, palco de maciços investimentos estruturadores nas áreas de transportes, energia, logística educação e inovação tecnológica. Os próximos vinte anos serão de grandes transformações estruturais na Região cujos reflexos se farão sentir em termos de geração de oportunidades de emprego e negócios e na melhoria da qualidade de vida. As condições vantajosas da infra-estrutura econômica regional serão ampliadas com a ampliação e melhoria do atual sistema de transportes e logística, com integração dos diversos modais, capaz de escoar a produção da região a custos muito competitivos; os destaques neste esforço de ampliação do atual sistema viário regional será o reforço da capacidade de escoamento da principal rodovia, a BR 163, e demais transversais que formam a rede de articulação e integração dos municípios da região com a cidade-pólo e com todo o interior de Mato Grosso e eixos viários como as rodovias federais BRs 364, 070 e 174, integrando a Região com os principais portos e mercados nacionais; de outro lado, com a construção do ramal da construção do ramal da Ferrovia Norte-Sul ligando Lucas do Rio Verde a Palmas (TO), deve ampliar as vantagens competitivas da região em termos de logística e transporte. Além disso, a estrutura de produção deverá passar por mudanças importantes com a ampliação e diversificação da estrutura de produção industrial da região, e atrairunidades industriais de processamento da produção agropecuária e fornecimento de insumos à montante das cadeias de grãos, carne e couro; pequenos produtores devem se organizar em arranjos produtivos locais ampliando a capacidade competitiva em segmentos como fruticultura tropical, piscicultura, madeira e móveis. A região deve também atrair investimentos para fornecimento de serviços ambientais para reflorestamentos e recuperação de áreas degradadas e tratamento de lixo urbano, ambos voltados ao comércio de créditos de carbono; o setor de serviços, por seu turno, deve experimentar ampliação e diversificação dos segmentos de prestação de serviços modernos como saúde, educação e serviços bancários e de intermediação financeira, sobretudo na cidadepólo; mas, o destaque será a expansão do ecoturismo, nas modalidades aventura e pesca esportiva, em base aos investimentos em infra-estrutura econômica e social ampliando as condições de acesso, de recepção e sanitárias da região. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 264 Mapa 21 - Mapa Ilustrativo da Mudança na Estrutura Produtiva da Região (Situação Atual e Futura) Fonte: Multivisão As mudanças e transformações estruturais serão frutos da implementação da estratégia de desenvolvimento da Região, formulada a partir de intensas discussões com representantes da sociedade regional, confrontando as condições internas – potencialidades e estrangulamentos – com os processos e tendências externas – oportunidades e ameaças. As propostas de ação definidas nas discussões foram organizadas e sistematizadas em eixos estratégicos, compondo programas e projetos de importância para a Região. Os projetos destacados estão apresentados a seguir segundo a mesma estrutura definida para o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso.74. 74 Os eixos e os programas são os mesmos do MT+20, diferenciando-se os projetos específicos para a Região. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 265 3.1. EIXOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO Eixo 1 - Uso sustentável dos recursos naturais O eixo estratégico de Uso Sustentável dos Recursos Naturais articula o conjunto das ações que podem reduzir as pressões antrópicas da expansão da economia, contribuindo para a conservação do meio ambiente e reorientando o modelo de aproveitamento das riquezas naturais de Mato Grosso, particularmente na região de planejamento de Sorriso. O eixo se desdobra em programas e projetos, como apresentado abaixo: 1. Programa de fortalecimento do sistema de gestão ambiental. Projetos • Descentralização do gerenciamento ambiental (SEEMA) com regionalização técnica de pessoal e implantação de unidade na região • Implantação e fortalecimento dos conselhos municipais para gestão ambiental urbana em projetos de pequeno e médio porte 2. Programa de criação, implantação e manutenção de unidades de conservação. Projetos • Criação de parques de preservação em áreas de risco de degradação • Criação de parques temáticos para atividades de educação ambiental 3. Programa de promoção do uso sustentável dos recursos naturais. Projetos • Implantação de indústrias que produzam insumos biológicos e orgânicos. • Aproveitamento de restos de madeira • Aproveitamento das “sobras” (cascas/sementes/talos) • Aproveitamento racional dos produtos naturais disponíveis para uso in natura e/ou transformação em bens e serviços • Utilização de multicultura e técnicas conservacionistas • Promoção da educação ambiental formal e informal dos produtos hostifrutigranjeiros PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 4. Programa de hidrográficas. recuperação, preservação e manejo 266 das bacias Projetos • Formação e implantação de comitês de bacias hidrográficas • Promoção do uso e manejo sustentável de solos e águas em bacias hidrográficas Mato Grosso • Recuperação das matas ciliares degradadas • Recuperação dos rios poluídos em função de atividades econômicas urbanas e rurais • Controle da erosão e manejo de solo e água em microbacias críticas • Promoção de ações de mitigação e compensação dos danos provocados pelo uso intenso dos recursos hídricos 5. Programa de reflorestamento de áreas degradadas. Projetos • Reflorestamento com base em espécies que permitam utilização da madeira e exploração de frutos e sementes • Repovoamento de espécies para ampliação da biodiversidade regional • Capacitação de técnicos e empresários em elaboração de projetos para captação de recursos do mercado de crédito de carbono Eixo 2 - Conhecimento e inovação tecnológica Educação e inovação tecnológica são dois fatores centrais do desenvolvimento e da competitividade sistêmica de um território, contribuindo para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. A educação, além de ser pré-requisito para a ciência e tecnologia, constitui também um elemento decisivo para ampliar e democratizar as oportunidades da sociedade, na medida em que prepara o cidadão para a vida e para o mercado de trabalho, principalmente quando associada à capacitação profissional. Desta forma, o eixo estratégico de Conhecimento e Inovação é parte central da estratégia de desenvolvimento de Mato Grosso e, particularmente de Sorriso, expressando-se através dos programas apresentados a seguir: ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 267 1. Programa de ampliação da capacidade de pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico. Projetos • Criação de centro de pesquisa regional voltado para pesquisas em industrialização de bioprodutos, fitoterápicos, fármacos, e comésticos • Criação de centros de estudos tecnológicos na região • Implantação de sistema de comunicação e informação entre os órgãos de pesquisa, constituindo redes de pesquisa nas áreas prioritárias 2. Programa de inovação e difusão de tecnologias para as cadeias produtivas. Projetos • Desenvolvimento de pesquisas sobre recursos naturais, clima e genética • Difusão de técnicas de manejo e aproveitamento do solo visando à melhoria da produtividade e a diversificação • Fomento à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico em entidades públicas • Criação de banco de dados sobre a diversidade bio-sócio-cultural regional 3. Programa de certificação de produtos e processos e registro de patentes. Projetos • Patenteamento dos produtos e do material genético da região • Criação de Instituto para certificação de produtos regionais com criação dos selos de qualidade ambiental e de cidadania 4. Programa de melhoria da qualidade do ensino básico. Projetos • Reestruturação e melhoria da qualidade do ensino básico • Capacitação e qualificação continuada para os profissionais da educação • Inclusão de temas transversais, como meio ambiente e cidadania, na grade curricular das escolas • Implantação do sistema de tempo integral nas escolas da região PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO • Criação do transporte integrado regional para estudantes • Combate ao analfabetismo na área rural e periferia urbana • Fortalecimento da educação do campo 268 5. Programa de ampliação da educação profissional e tecnológica. Projetos • Criação de centros de formação profissional em nível técnico e tecnológico • Capacitação dos jovens nos níveis técnico e tecnológico • Qualificação profissional, especialmente em defensivo agrícola, gestão social, produção, agroindústria, industrialização e a comercialização de produtos regionais • Instalação de escolas técnicas com cursos em alimentos e saúde pública • Criação de escolas agrícolas e profissionalizantes com ênfase a qualidade total • Formação de fórum permanente para desenvolvimento de ensino técnico e superior que atenda ao mercado 6. programa de consolidação, expansão e democratização do ensino superior. Projetos • Instalação de universidades públicas - federal e estadual – introduzindo grade curricular adequada à região • Formação de consórcio intermunicipal no ensino superior • Regionalização da universidade publica estadual • Ampliação da pós-graduação das universidades, com criação de novos mestrados e doutorados nas áreas prioritárias, incluindo estímulo à iniciação científica com enfoque regional. Eixo 3 – Infra-estrutura econômica e logística A Região de Planejamento apresenta alguns estrangulamentos na infra-estrutura econômica, particularmente nos transporte para sua integração econômica e para escoamento da produção estadual para o mercado nacional e mundial. Apesar disso a economia regional têm apresentado grande competitividade internacional. No futuro, a região pode ter sua competitividade comprometida se não tomar providências para ampliação e recuperação da infra-estrutura econômica e da logística. O eixo ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 269 estratégico de desenvolvimento (Eixo 3) procura responder diretamente a estes estrangulamentos, melhorando o desempenho atual e preparando Mato Grosso e a Região de Sorriso para os desafios do futuro. 1. Programa de recuperação e ampliação do sistema de transporte rodoviário. Projetos • Construção e conclusão da malha viária de acesso a BR–163 • Recuperação, manutenção e melhoria da malha rodoviária, incluindo a conservação das estradas estaduais e vicinais da região • Pavimentação das principais rodovias de integração dos municípios da região, com destaque para : pavimentação da MT 242 trecho Sorriso a Santa Rita do Trivelato, passando por Nova Ubiratã; MTs 235 e 140 ligando Santa Rita do Trivelato a Nova Mutum • Construção de rodovia interligando Santa Rita do Trivelato à BR158 em Canarana 2. Programa de recuperação e ampliação do sistema multimodal de transporte. Projetos • Expansão e revitalização do sistema multimodal de transportes para integração nacional e com países vizinhos • Ampliação da malha ferroviária com a construção do ramal da Ferrovia Norte Sul ligando Lucas do Rio Verde a Palmas (TO) • Construção de aeroporto regional (Sorriso) com capacidade para pouso de aeronaves de grande porte 3. Programa de ampliação da estrutura de logística. Projetos • Criação de centros de recebimento, triagem e comercialização de produtos agrícolas • Estruturação de agropecuários • Criação de centros regionais de estoques de insumos (em sistema de cooperativas) • Implantação de quatro pontos de concentração do sistema intermodal (norte, sul, leste e Centro-Oeste) • Implantação de parque de exposição e feiras para comercialização com show-room mecanismos de comercialização dos produtos PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 270 4. Programa de expansão do sistema de oferta de energia elétrica (geração, transmissão e distribuição). Projetos • Expansão do sistema de geração de energia elétrica • Construção de pequenas usinas hidrelétricas • Expansão do sistema de transmissão de energia elétrica • Expansão do sistema de distribuição da CEMAT 5. programa de diversificação da matriz energética. Projetos • Produção de energia por meio de fontes renováveis, incluindo biodigestores para aproveitamento de resíduos na produção de energia, hidrogênio e adubo • Produção de biocombustível • Aumento da oferta de gás natural na região 6. Programa de ampliação do sistema de comunicações. Projetos • Universalização e consolidação do acesso telecomunicação em todo o território do estado. • Democratização do acesso à internet pela população de baixa renda como forma de inclusão social ao sistema de Eixo 4 - Diversificação e adensamento das cadeias produtivas A agropecuária é a base do dinamismo da economia da Região de Planejamento de Sorriso, concentrando a produção e as exportações concentradas em produtos de baixo valor agregado. Esta característica da economia regional diminui o impacto econômico e social das exportações e torna o território, como de resto, o Estado de Mato Grosso, vulnerável a flutuações internacionais de demanda e preços das commodities. Diante disso, o plano estratégico deve promover a diversificação da estrutura produtiva e a agregação de valor dos produtos do agronegócio. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 1. Programa de fortalecimento extrativismo e silvicultura. e diversificação da 271 agropecuária, Projetos • Diversificação da atividade primária aproveitando o potencial produtivo existente • Introdução de novas atividades agropecuárias com aproveitamento das condições climáticas e qualidade do solo. • Introdução de técnicas de manejo e aproveitamento do solo visando à melhoria da produtividade e à diversificação • Melhoria da segurança e qualidade dos alimentos e bebidas produzidos para o mercado externo e interno • Melhoria da qualidade dos insumos e serviços de suporte à agropecuária mato-grossense 2. Programa de reestruturação fundiária e desenvolvimento da agricultura familiar, compreendendo os seguintes projetos: Projetos • Assistência técnica e equipamento dando suporte às cooperativas de pequenos produtores e assentamentos para agregar valores aos produtos • Aproveitamento da matéria prima local para incremento da agroindústria familiar • Plantio de culturas “condensadas” nos assentamentos (pupunha, cupuaçu, pimenta, etc.) • Promoção da produção familiar de produtos hortifrutigranjeiros, pequena agroindústria • Diversificação das culturas produzidas nos assentamentos visando a produção de óleos vegetais 3. Programa de adensamento das cadeias produtivas. • Criação de pólo de industrialização dos produtos originários da cadeia produtiva de soja (agroindústria) • Agregação e dinamização da atividade madeireira e moveleira de forma sustentável • Implantação de indústria de confecções na região PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 272 4. Programa de diversificação da estrutura produtiva do estado. • Exploração de jazidas (roxas) de potássio e fósforo • Implantação de indústrias voltadas para o aproveitamento da matériaprima local • Implantação de indústria de bens de consumo • Instalação de empresas de aproveitamento de resíduos das atividades produtivas regionais • Implantação de indústria de softwares 5. Programa de desenvolvimento do turismo. 6. • Estruturação do turismo ecológico e turismo de pesca esportiva, conservando a fauna aquática regional • Criação de calendário turístico regional. • Capacitação e qualificação profissional para o turismo e hotelaria • Promoção e divulgação dos atrativos turísticos e do calendário de eventos turísticos dos diferentes pólos turísticos do Estado Programa de fortalecimento dos arranjos produtivos locais, contemplando a implantação dos seguintes projetos estratégicos: • Fomento à apicultura • Fomento às organizações sociais para produção e colocação no mercado (comercialização) dos produtos • Criação de arranjos produtivos (produção familiar) • Diversificação da pauta de exportações Eixo 5 - Qualidade de vida, cidadania, cultura e segurança O desenvolvimento sustentável tem como objetivo central a melhoria da qualidade de vida da população expressa no acesso aos bens e serviços públicos, na segurança pública e paz social, na cidadania e no desenvolvimento cultural. Para alcançar este objetivo, Mato Grosso e, particularmente a Região de Sorriso, ainda tem que melhorar muito as condições de vida da população, realizando iniciativas e investimentos nos diferentes segmentos sociais que se beneficiam também dos resultados alcançados nos outros eixos estratégicos de desenvolvimento, particularmente no que trata de educação e do crescimento da economia, gerando oportunidades de emprego. De qualquer forma, a estratégia de desenvolvimento regional implementa um eixo ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 273 estratégico diretamente nos segmentos sociais que elevam a qualidade de vida da população. 1. Programa de fomento à geração de emprego e renda. • Fortalecimento das organizações associativistas e cooperativas de crédito • Valorização e comercialização de produtos artesanais e caseiros • Qualificação e requalificação da população vulnerável. 2. Programa de cidadania e respeito aos direitos humanos. Projetos • Criação de centros de referência e apoio à mulher (trabalho preventivo). • Participação efetiva do jovem atuando no conselho municipal da juventude • Instalação de delegacia da mulher • Ampliação e fortalecimento do CAPS e programas similares. • Combate da exploração de crianças e adolescentes. • Conscientização e orientação ao consumidor. 3. Programa de promoção da cultura, esportes e lazer, contemplando a implantação dos seguintes projetos estratégicos: • Promoção de eventos de lazer e cultura nas comunidades, incluindo teatros regionais • Fomento de prática esportiva regional utilizando recursos hídricos • Criação de centros culturais municipais para o resgate da memória • Criação de circuito de pesca e divulgação a nível nacional dos festivais de pesca da região • Criação de centros de cultura, esporte e lazer 4. Programa de saneamento e habitação, contemplando a implantação dos seguintes projetos estratégicos: Projetos • Implantação da coleta seletiva de lixo doméstico • Instalação de usina de reciclagem regional • Formação de centros regionais de recebimento de lixo urbano e de reciclagem – processamento PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 274 • Captação e tratamento de dejetos (esgotos, lixo) • Fomento à habitacional) • Implantação do saneamento básico em todo o território • Fortalecimento dos conselhos municipais de segurança, interagindo com os poderes públicos moradia da população orientada (associativismo 6. Programa de saúde. Projetos • Implantação de centro de referência médico-hospitalar para (casos complexos) • Ampliação e fortalecimento do hospital regional (através de consórcios) • Diversificação do atendimento da área da saúde através dos consórcios regionais • Montagem de sistema controle sanitário regional • Descentralização de atendimentos de especialidades preventivamente • Implantação de centros de recuperação para dependentes químicos • Implantação de PSF • Criação de centro de reabilitação ortopedia e clínicas terapêuticas • Criação de hospital do câncer regional • Promoção de educação alimentar para melhorar os hábitos alimentares da população Eixo 6 - Governabilidade e gestão pública A análise das políticas públicas brasileiras – válidas também para Mato Grosso costuma destacar como um dos seus grandes problemas a baixa eficiência e eficácia das ações e dos investimentos, gerando enorme desperdício de recursos e limitada implementação dos projetos. Por outro lado, apesar dos avanços recentes e de muito propalada, a participação da sociedade ainda é muito restrita, o que termina reduzindo o impacto e a efetividade das políticas públicas. O desenvolvimento sustentável de Mato Grosso e da Região de Planejamento de Sorriso depende da capacidade dos governos (estadual e municipais) representarem as aspirações da sociedade e da qualidade gerencial que assegure a implementação das ações com os menores custos e a maior eficácia. O eixo Governabilidade e Gestão Pública articula as ações que procuram enfrentar os problemas de gestão pública no Estado e na Região, ampliando a eficiência, a eficácia e efetividade de todos os programas e projetos previstos pelo plano. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 275 1. Programa de aperfeiçoamento da gestão e das políticas públicas. Projetos • Modernização e busca da excelência na gestão pública • Implantação de modelo de gestão voltado para resultados • Resgate, promoção e reafirmação da ética como valor nos serviços públicos • Ampliação do acesso e da prestação de serviços públicos via meios eletrônicos • Desestatização dos serviços públicos e setores não essenciais • Regionalização dos programas de Governo 2. Programa de democratização, descentralização e transparência da gestão pública. Projetos 5. Democratização e participação da sociedade na gestão pública 6. Melhoria da qualidade dos serviços públicos com redução das reclamações e retrabalhos (revisão de processos) 7. Ampliação da transparência da gestão pública 3. Programa de fortalecimento do sistema estadual de regulação, monitoramento e fiscalização. Projetos • Descentralização e fortalecimento da capacidade institucional de controle e fiscalização dos serviços delegados • Criação de unidades Técnicas Regionais de fiscalização Eixo 7 – Descentralização do território e estruturação da rede urbana A expansão da economia regional tende a gerar algum processo de concentração no território, respondendo às condições diferenciadas da competitividade e segundo eficiência econômica do mercado. A estratégia de desenvolvimento regional deve compensar este movimento, criando condições para uma distribuição equilibrada da riqueza e das condições de vida no território, implementando projetos e tomando iniciativas de descentralização e desconcentração regional. Por outro lado, a organização do território mato-grossense e regional passa pela formação de uma rede urbana que articula os diferentes territórios, numa hierarquia de múltiplas funções no espaço. Desta forma, estratégia de desenvolvimento deve incorporar programas e PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 276 projetos, articulados nos Eixos de Descentralização territorial e estruturação da rede urbana, promovendo a reorganização do território estadual. 1. Programa de desenvolvimento regional integrado e fortalecimento da rede urbana. Projetos • Descentralização e desconcentração da estrutura político-administrativa do Estado, visando a otimização dos serviços • Formação de um sistema de planejamento urbano municipal continuado, voltado para o ordenamento da ocupação do espaço urbano, objetivando a melhor qualidade de vida 277 PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE MATO GROSSO – MT+20 Região Noroeste 2 - Juara Juara Novo Horizonte do Norte Porto dos Gaúchos Tabaporã 278 1. Apresentação O Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20) desdobra-se em doze planos regionais75 que orientam a implementação das ações estratégicas para integrar o território mato-grossense e promover uma desconcentração da economia e dos indicadores sociais do Estado. Este documento apresenta o Plano de Desenvolvimento da Região Nordeste 2 (JUARA), como uma parte do MT+20 que explicita os projetos prioritários para a região, organizando a formulação da sociedade na estrutura estratégica do MT+20. Desta forma, o plano regional é um detalhamento do MT+20 no território, de acordo com as especificidades locais, seus problemas e suas potencialidades. O Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Nordeste 2 (JUARA) é o referencial da Região para negociação dos seus projetos e o acompanhamento da implementação do MT+20 no território. Foi elaborado com o envolvimento da sociedade, procurando fazer uma articulação entre a estratégia geral para Mato Grosso e as características de cada região, suas necessidades e suas contribuições para o desenvolvimento conjunto do Estado. Ao mesmo tempo em que formularam propostas para compor o plano de desenvolvimento de Mato Grosso, a estratégia do Estado (MT+20) definia as bases para as prioridades do Estado. A Região de Planejamento polarizada por JUARA conta agora com seu plano de desenvolvimento de longo prazo que deve orientar as ações nos próximos 20 anos, capaz de desenvolver a região e, ao mesmo tempo, intensificar sua interação com as transformações futuras de Mato Grosso. Nesse sentido, deve ao mesmo tempo dar suporte aos propósitos de desenvolvimento do Estado e mediante os impactos gerais na região. 75 Refletindo a divisão do território de Mato Grosso, foram realizados planos regionais para as regiões Noroeste 1 (Juína), Norte (Alta Floresta), Nordeste (Vila Rica), Leste (Barra do Garças), Sudeste (Rondonópolis), Sul (Cuiabá/Várzea Grande), Sudoeste (Cáceres), Oeste (Tangará da Serra), Centro-Oeste (Diamantino), Centro (Sorriso), Noroeste 2 (Juara), e Centro-Norte (Sinop). 279 2. Estratégia De Desenvolvimento da Região A Construção do Futuro 2.1. PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL DA REGIÃO Caracterização Geral da Região Noroeste 2 - Juara A Região de Planejamento Noroeste 2 (Juara) reúne o menor número de municípios numa área de 38,21 mil Km2, terceira menor de Mato Grosso, acima apenas de Diamantino e Sorriso, representando 4,23% da área total do Estado. Os quatro municípios da região - Juara, Novo Horizonte do Norte, Porto dos Gaúchos, e Tabaporã – têm uma população total de 59 mil habitantes, correspondendo a apenas 2,15% da população mato-grossense (2004). A região de Juara tem a menor contingente populacional do Estado e a segunda mais baixa densidade demográfica, estimada em 1,45 habitantes por Km2. A atividade agropecuária predomina na economia regional, principalmente a pecuária bovina, representando quase 50% do PIB da região; em todo caso, como tem a menor base econômica do Estado, a região de Juara contribui com apenas 2,5% da produção agropecuária de Mato Grosso. O setor serviços representa pouco menos de 43% e a atividade industrial é muito incipiente, com cerca de 7,8% do PIB regional, a menor base industrial dentre as regiões. A região de Juara tem um PIB - Produto Interno Bruto estimado em R$ 524 milhões (2005), representando apenas 1,8% da economia mato-grossense. No período recente (2000/2004), a região teve um crescimento econômico médio anual de 27,7%, ligeiramente superior à média do Estado, estimada em 20,1% ao ano. A economia regional está fortemente concentrada no município pólo, Juara, com pouco mais de 48% de toda a produção da região, cabendo aos outros três municípios os restantes 42% do produto regional; ao pequeno município de Novo Horizonte do Norte cabe apenas 4,6% do PIB regional, como mostra o gráfico abaixo. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 2 – JUARA 280 Gráfico 24 - PIB dos Municípios da Região (mil de R$, 2004) 300.000 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 0 Juara Tabaporã Porto dos Gaúchos Novo Horizonte do Norte Fonte: Relatório PIB Municipais – Ano 2004; IBGE, 2006 Embora tenha a menor economia do Estado, a região de Juara tem um PIB per capita superior a três outras regiões com maior proporção da população, na ordem crescente Vila Rica, Juína e Alta Floresta. Em 2005 o PIB per capita de Juara foi de R$ 8.680,00 (estimativa para 2005), muito abaixo da média de Mato Grosso, estimada em R$ 10.316,00 no mesmo ano; assim, o PIB per capita da região de Juara era equivalente a apenas 73% do nível médio do Estado de Mato Grosso. A população de Juara no qüinqüênio 2000/2004 cresceu a uma taxa alta, cerca de 3,32% ao ano, pouco acima da expansão demográfica do Estado no período, estimada em 2,1% ao ano. Com a economia e a população da Região crescendo pouco acima do Estado, o PIB per capita pode manter a mesma posição relativa no conjunto de Mato Grosso. Internamente na região, a distribuição do PIB per capita é relativamente bem equilibrada, não havendo uma concentração como verificado no volume total de produção regional. Embora seja a menor economia e tenha um dos mais baixos PIB per capita do Estado, a região de Juara tem um IDH - Índice de Desenvolvimento Humano superior à maioria das outras regiões, com 0,739 (média dos índices dos municípios da região). O ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 281 desenvolvimento humano (IDH) da região é inferior ao das cinco regiões de melhor IDH, na ordem Sorriso, Sinop, Rondonópolis, Barra do Garças, e Cáceres. Internamente à região existe um grande equilíbrio no índice de desenvolvimento dos municípios, todos com IDH acima de 0,700 e o mais elevado, Porto dos Gaúchos, alcança 0,756. A recente expansão da fronteira agrícola na região tem apresentado diferente nível de antropização e graus diversos de alteração do ambiente natural, sendo mais intensa na unidade socioeconômica e ecológica de Juara, onde se destaca a atividade madeireira. Das três unidades em que se divida a região, a USEE de Juara é a única que tem moderada alteração do ambiente de confluência das floras amazônica, estacional e savânica76. A unidade de Planalto Porto dos Gaúchos mostra uma taxa de antropização média e ambiente de floresta pouco alterado. A terceira USEE, Serra dos Caiabis, foi classificada como em ótimo estado de conservação com grande diversidade de paisagens, com formações florestais e savânicas em alto potencial biótico. Com base no diagnóstico e nas características ambientais da região, o Zoneamento Socioeconômico e Ecológico definiu os usos alternativos da região que preparam para as futuras ondas de crescimento e expansão demográfica, assegurando a conservação ambiental. Como mostra o mapa a seguir, cerca de metade do território deve ser de uso restrito, enquanto a outra metade seria destinada a uso a adequar para reestruturação produtiva. 76 O ZSEE-Zoneamento Socioeconômico Ecológico dividiu a região em três USEE - Unidades Socioeconômico e ecológicas: Planalto Porto dos Gaúchos, Juara, e Serra dos Caiabis. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 2 – JUARA 282 Mapa 22 - Usos Alternativos das Unidades Socioeconômico e Ecológicas da Região de Juara Fonte: ZSEE 2.2. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A REGIÃO – AONDE QUEREMOS CHEGAR Nas próximas duas décadas, a região de Juara deve experimentar um crescimento econômico muito alto, acima da média de Mato Grosso, podendo gerar uma pressão antrópica que precisa ser controlada para assegurar a conservação ambiental. Com efeito, considerado os parâmetros do cenário de referência (MT+20), o crescimento da economia de Mato Grosso, acompanhado de importantes investimentos na infraestrutura econômica e orientado para a desconcentração da economia, promove um novo ciclo de crescimento da região de Juara, aproveitando suas potencialidades. Além da agropecuária moderna já existente, a região tem potencialidades turísticas, madeireiras e bióticas, e de geração de energia. Estas potencialidades devem ser impulsionadas fortemente pela ampliação prevista da infra-econômica, particularmente o sistema de transporte, com o asfaltamento das MT 325 ligando Juara à importante MT 170; no sentido leste cabe destacar o asfaltamento da MT 220, ligando Juara à BR 163, corredor estratégico de escoamento da produção aos mercados e portos nacionais; em direção ao sul destaca-se o asfaltamento da MT 338, ligando Juara á ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 283 BR 163 nas proximidades de Lucas do Rio Verde. Além dessas importantes obras de ampliação do sistema viário da Região há que se mencionar também importantes investimentos que devem ser feitos na ampliação e melhoria do sistema de logística da região, especialmente na ampliação e recuperação de portos, terminais e aeroportos, além de armazéns de distribuição e comercialização da produção regional. Esses fatores impulsionadores de dinamismo econômico serão moderados pelas limitações de ordem ambiental, contemplando o uso restrito de, aproximadamente, metade do território regional. Mesmo assim, e considerando a reestruturação dos usos do restante do território, a região de Juara deve crescer em média 9,3% ao ano, nos próximos 20 anos, pouco acima do dinamismo previsto para o Mato Grosso no cenário de referência (9,21% ao ano), acompanhado de parcial adensamento da agropecuária com implantação de agroindústria, e diversificação produtiva com a produção madeireira controlada e de produtos bióticos que aproveitam a biodiversidade, assim como geração de energia renovável. O PIB da região deve alcançar, em 2026, cerca de R$ 3,6 bilhões, elevando, em 20 anos, sua participação na economia matogrossense dos atuais 1,8% para, aproximadamente, 1,94%. Mesmo com o crescimento da população em taxas médias, o PIB per capita de Juara se eleva bastante, mas em ritmo inferior ao aumento do produto. De qualquer forma, a expansão demográfica da região tende a ser levemente inferior à média prevista para o Estado, considerando a distância e o arrefecimento da expansão recente da fronteira, melhorando a sua posição em relação ao PIB per capita médio de Mato Grosso. Em 20 anos, o PIB per capita da região se eleva dos atuais R$ 8.680,00 para cerca de R$ 40,5 mil, em 2026; embora continue sendo um dos mais baixos PIB per capita do Estado, Juara se aproxima da média estadual, passando de 73% (estimativa para 2005) para 93% do nível mato-grossense. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 2 – JUARA 284 Gráfico 25 - Evolução do PIB da Região e da Participação no PIB de MT 2,00% 4.000,00 3.500,00 1,95% 3.000,00 1,90% 2.500,00 1,85% 2.000,00 1.500,00 1,80% 1.000,00 1,75% 500,00 1,70% 2005 2010 2015 Participação no PIB de MT 2020 2026 PIB em mi de R$, 2004 Fonte: Multivisão 2.3. O QUE PODE AJUDAR OU ATRAPALHAR O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE JUARA Vantagens Competitivas/Potencialidades O desenvolvimento da região será bastante determinado por sua capacidade de atrair e reter investimentos, de modo a aproveitar as oportunidades criadas no ambiente externo, sobretudo o estadual, mediante a mobilização de suas vantagens competitivas77. Portanto, identificar de forma correta as potencialidades ou vantagens competitivas da região é o primeiro grande passo para a definição de uma estratégia capaz de produzir o desenvolvimento regional esperado. 77 Estas vantagens ou potencialidades são entendidas como as características internas diferenciadas da região que podem constituir base para o seu desenvolvimento, se devidamente exploradas. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 285 Assim, foram identificadas as seguintes vantagens/potencialidades: 1. Boa estrutura de educação básica 2. Produtores com tradição agrícola, espírito empreendedor e capacidade de mudanças com boas práticas 3. População majoritariamente jovem 4. Diversidade cultural e étnica e miscigenação de culturas regionais, combinados com hospitalidade da população regional 5. Novos modelos de colonização (cidades planejadas) 6. Grande potencial para indústrias de reaproveitamento (madeira e outros) 7. Localização estratégica com perspectivas de corredor de exportação através da BR 163 8. Potencial hídrico para uso múltiplo (energia, irrigação, pesca e lazer) 9. Produção agropecuária diversificada (culturas perenes, temporárias e nativas, agricultura orgânica, e pecuária de corte e leiteira) 10. Base para o desenvolvimento de APL (artesanatos, piscicultura, fruticultura regional, movelaria, etc.) 11. Base para o desenvolvimento da indústria madeireira 12. Base para a indústria do turismo da natureza (aventura, rural, etc.) 13. Base para a indústria de bioprodutos (fitoterápicos, fármacos, cosméticos) 14. Iniciativas de organização social (cooperativismo, associativismo, organização regional, sindicalismo) 15. Base para adensamento das cadeias produtivas, especialmente carne 16. Solo favorável para agricultura, pecuária e extrativismo Problemas e Estrangulamentos De outro lado, a capacidade de atrair, ou mesmo reter investimentos, para a região será bastante dificultada pela presença de problemas e estrangulamentos que colocam a região em situação de desvantagem em relação a outros territórios nacionais, inibindo os investimentos e atrasando o seu desenvolvimento78. Foram destacados para a região os seguintes problemas e estrangulamentos: 1. Degradação ambiental provocada por queimadas e uso indiscriminado de defensivos agrícolas 2. Gestão ambiental ineficaz com legislação ambiental contraditória 78 Os problemas e estrangulamentos são as condições ou situações internas à região que são indesejadas e atrapalham ou impedem o desenvolvimento da região se não forem devidamente equacionadas e alteradas. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 2 – JUARA 286 3. Conflitos pela posse da terra em razão da não regularização fundiária 4. Pouca assistência às reservas indígenas 5. Frágil infra-estrutura de serviços sociais urbanos (precária rede de saúde pública e falta de saneamento básico) 6. Baixa escolaridade e mão-de-obra desqualificada (dificuldade de acesso ao sistema de educação formal e profissionalizante) 7. Fraca consciência política e falta de representação política regional 8. Vícios étnicos e culturais, corrupção, impunidade e coronelismo 9. Crescimento demográfico desorganizado e alta mobilidade populacional 10. Pouca organização social para a construção e alcance de objetivos comuns 11. Desigualdade social e investimento insuficiente na educação 12. Baixos índices de industrialização 13. Alto custo de produção e elevados níveis de desperdício 14. Baixo investimento tecnológico para exploração racional dos recursos naturais 15. Modelo ineficaz de reforma agrária, ensejando a grilagem 16. Difícil acesso ao crédito para empreendimentos produtivos 17. Precária infra-estrutura de transportes, logística, energia e comunicações 18. Forte especulação imobiliária urbana 19. Baixo dinamismo e adensamento da agropecuária 20. Produtor descapitalizado 21. Baixa qualidade de vida e de habitabilidade 22. Baixa capacidade de consumo do mercado 23. Baixa capacidade de investimento dos setores público e privado local 24. Degradação social com ênfase na estrutura familiar (drogas, prostituição, valores morais, violência, etc.) Oportunidades do Ambiente Externo O desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência cria uma série de oportunidades de negócios que podem ser capitalizadas pela região desde que a mesma tenha capacidade para tal. Estas condições futuras externas “favoráveis” à Região abrem perspectivas que orientam a definição da estratégia de desenvolvimento. Foram identificadas as seguintes oportunidades externas à Região: 1. Redução de barreiras alfandegárias para produtos agropecuários 2. Formação da ALCA com ampliação do mercado para produtos do agronegócio ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 287 3. Consolidação do Mercosul com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 4. Ampliação da demanda mundial de alimentos 5. Crescimento da demanda mundial e nacional por produtos orgânicos 6. Crescimento da demanda de água e recursos naturais com forte aumento da demanda de hidroeletricidade no Brasil 7. Aumento da demanda de energia renovável, biocombustível com mudança da matriz energética incluindo biomassa e 8. Ampliação de mercado de crédito de carbono 9. Crescimento da demanda de produtos da biotecnologia e biodiversidade 10. Expansão do fluxo turístico mundial com destaque para o ecoturismo 11. Integração da infra-estrutura da América do Sul, incluída a saída para o Pacífico 12. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento público nacional 13. Formação de ambiente microeconômico favorável ao investimento produtivo nacional (lei de regulamentação do setor de saneamento, por exemplo) 14. Implementação de mecanismos de indução da desconcentração regional 15. Expansão da capacidade de consumo do mercado interno nacional 16. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento do setor privado Ameaças do Ambiente Externo De modo similar, o desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência traz consigo muitas ameaças que podem prejudicar o desenvolvimento da região, caso ela não tenha capacidade adequada de defesa. Essas situações externas “desfavoráveis” quando corretamente identificadas fornecem, por seu turno, uma orientação importante para a definição da estratégia de desenvolvimento. Assim, foram identificadas as seguintes ameaças externas à região: 1. Controle monopolístico das tecnologias pelas multinacionais 2. Manifestação de mudanças climáticas globais 3. Intensificação da concorrência mundial com base em novas tecnológicas 4. Recorrência e ampliação de epidemias e endemias em vegetais e animais 5. Ampliação de barreiras comerciais não tarifárias, com alta exigência de qualidade e de controle 6. Risco de queda das demandas de matérias primas, insumos e alimentos em razão de eventuais quedas no crescimento econômico 7. Instabilidade dos preços internacionais de produtos naturais e alimentícios PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO NOROESTE 2 – JUARA 8. Ampliação da biopirataria com a retirada de amostras da biodiversidade 9. Intensificação da concorrência de países do MERCOSUL no agronegócio 10. Expansão do narcotráfico nas regiões de fronteira do Brasil 11. Instabilidade política em países vizinhos, especialmente Bolívia 288 289 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento Região de Juara Nos próximos vinte anos a Região deve experimentar um razoável dinamismo econômico e social, refletindo e amplificando as condições muito favoráveis do contexto externo, em especial o Estadual, palco de maciços investimentos estruturadores nas áreas de transportes, energia, logística educação e inovação tecnológica. Os próximos vinte anos serão de transformações estruturais na Região cujos reflexos se farão sentir em termos de geração de oportunidades de emprego e negócios e na melhoria da qualidade de vida. As condições restritivas da infraestrutura econômica regional serão superadas com a ampliação e melhoria do atual sistema de transportes e logística, com integração dos diversos modais, capaz de escoar a produção da região a custos competitivos; o esforço de ampliação do atual sistema viário regional vai se concentrar no reforço da capacidade de escoamento da região através da BR 163, a leste, e pela MT 170 a oeste; demais vias que formam a rede de articulação e integração dos municípios da região com a cidade-pólo e com todo o interior de Mato Grosso e eixos viários centrais também serão objeto de investimentos na melhoria das condições operacionais, como as MTs 338, 325 e 220, integrando a Região com os principais portos e mercados nacionais. Além disso, a estrutura de produção deverá passar por mudanças importantes com a ampliação e diversificação da estrutura de produção industrial da região e atrair unidades industriais de processamento da produção agropecuária e fornecimento de insumos à montante das cadeias de grãos, madeira e carne; pequenos produtores devem se organizar em arranjos produtivos locais ampliando a capacidade competitiva em segmentos como fruticultura tropical, piscicultura, madeira e móveis. A região deve também atrair investimentos para fornecimento de serviços ambientais para reflorestamentos e recuperação de áreas degradadas e tratamento de lixo urbano, ambos voltados ao comércio de créditos de carbono; o setor de serviços, por seu turno, deve experimentar uma ampliação e diversificação dos segmentos de prestação de serviços modernos como saúde, educação e serviços bancários e de intermediação financeira, sobretudo na cidade-pólo; mas, o destaque será a expansão do ecoturismo, nas modalidades aventura e pesca esportiva, em base aos investimentos em infraestrutura econômica e social ampliando as condições de acesso, de recepção e sanitárias da região. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 290 Mapa 23 - Mapa Ilustrativo da Mudança na Estrutura Produtiva da Região (Situação Atual e Futura) Fonte: Multivisão As mudanças e transformações estruturais serão frutos da implementação da estratégia de desenvolvimento da Região, formulada a partir de intensas discussões com representantes da sociedade regional, confrontando as condições internas – potencialidades e estrangulamentos – com os processos e tendências externas – oportunidades e ameaças. As propostas de ação definidas nas discussões foram organizadas e sistematizadas em eixos estratégicos, compondo programas e projetos de importância para a Região. Os projetos destacados estão apresentados a seguir segundo a mesma estrutura definida para o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso.79. 79 Os eixos e os programas são os mesmos do MT+20, diferenciando-se os projetos específicos para a Região. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 291 3.1. EIXOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO Eixo 1 - Uso sustentável dos recursos naturais O eixo estratégico de Uso Sustentável dos Recursos Naturais articula o conjunto das ações que podem reduzir as pressões antrópicas da expansão da economia, contribuindo para a conservação do meio ambiente e reorientando o modelo de aproveitamento das riquezas naturais de Mato Grosso, particularmente na região de planejamento de Juara. O eixo se desdobra em programas e projetos, como apresentado abaixo: 1. Programa de fortalecimento do sistema de gestão ambiental. Projetos • Implantação da policia ambiental, com sistema de informações interligados entre os escritórios regionais ou os pólos • Fortalecimento do controle e da fiscalização ambiental e disponibilização “on line” das normas e regras que gerenciam o controle da fiscalização • Controle da conservação do solo e da erosão nas áreas afetadas pelas estradas estaduais, municipais e vicinais, disponibilizando recursos para a implantação dos PRAD´s. • Realização de auditorias periódicas nas áreas técnicas dos órgãos ambientais com aferição do trabalho de campo • Descentralização dos órgãos ambientais e da estrutura administrativa com criação de postos avançados e fortalecimento dos postos existentes • Fomento aos Conselhos Municipais de Meio Ambiente • Controle das atividades pesqueiras para contenção da pesca predatória, disponibilizando recursos aos municípios para efetivação da fiscalização pesqueira 2. Programa de criação, implantação e manutenção de unidades de conservação. Projetos • Criação de barreiras ambientais naturais - corredores de vento • Formação de conselho de atuação sobre as reservas da região com vistas à proteção a biodiversidade PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 292 • Formação de Conselhos Municipais de Meio Ambiente para atuarem sobre as reservas da região com vistas à proteção da biodiversidade • Formação de Conselho Regional (pólos) para atuar com os Conselhos e Secretarias Municipais de Meio Ambiente na preservação e conservação do Pantanal 3. Programa de promoção do uso sustentável dos recursos naturais. Projetos 4. • Promoção da educação ambiental com conscientização da população sobre a importância da manutenção dos nossos recursos naturais, com destaque para a educação do jovem voltada para uso sustentável e racional da água • Estímulo à aplicação de praticas conservacionista e protecionista com exploração sustentável • Introdução de manejo sustentável do meio ambiente, incluindo manejo sustentável da flora • Exploração ordenada dos recursos naturais nas áreas de preservação de forma consorciada • Preservação das árvores nativas nas pastagens reduzindo os custos operacionais dos pastos (pasto natural) Programa de hidrográficas. recuperação, preservação e manejo das bacias Projetos • Recuperação da mata ciliar com reflorestamento • Criação de áreas de conservação ambiental em matas ciliares reflorestadas • Preservação do Rio Arinos, do Rio dos Peixes e da nascente Córrego do Alcebíades • Conservação de nascente e mata ciliar • Promoção de manejo junto as empresas produtoras de resíduos (frigoríficos) para conservação dos Rios da região • Conscientização para recuperação das bacias/nascentes que abastecem as cidades, especialmente dos moradores do entorno das estradas municipais para conservação das nascentes ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 293 5. Programa de reflorestamento de áreas degradadas. Projetos • Reflorestamento de áreas degradadas com plantas nativas e exóticas adaptáveis para a região (incluindo espécies do Cerrado) • Reflorestamento com espécies adequadas à produção de celulose • Criação de Câmara setorial de crédito de carbono Eixo 2 - Conhecimento e inovação tecnológica Educação e inovação tecnológica são dois fatores centrais do desenvolvimento e da competitividade sistêmica de um território, contribuindo para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. A educação, além de ser pré-requisito para a ciência e tecnologia, constitui também um elemento decisivo para ampliar e democratizar as oportunidades da sociedade, na medida em que prepara o cidadão para a vida e para o mercado de trabalho, principalmente quando associada à capacitação profissional. Desta forma, o eixo estratégico de Conhecimento e Inovação é parte central da estratégia de desenvolvimento de Mato Grosso e, particularmente de Juara, expressando-se através dos programas apresentados a seguir: 1. Programa de ampliação da capacidade de pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico. Projetos • Criação de centro de pesquisa da Embrapa na região • Implantação de centro de pesquisa do agronegócio, incluindo pesquisa sobre melhoramento genético de espécies adaptáveis à região (bovino, suíno, caprino, etc.) • Criação de um centro de pesquisa de alevinos incluindo espécies da região 2. Programa de inovação e difusão de tecnologias para as cadeias produtivas, contemplando os seguintes projetos estratégicos: Projetos • Catalogação da biodiversidade e da informação genética • Valorização do conhecimento ribeirinho-indígenas • Realização de pesquisas sobre controle biológico de pragas nas áreas de pastagem e produção agrícola, biotecnologia, produtos fito-terápicos, plantas exóticas e medicinais regionais, tecnologia de aproveitamento PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 294 de produtos naturais, biodíesel, e ciências da computação para controle estatístico da qualidade • Implantação de Centro de Referência de Informação de Produtos Naturais - Banco de dados do Estado e de site Estadual de Comunicação e Pesquisa de acesso aberto, linkada à rede mundial de computadores, através de biblioteca de pesquisa e banco de dados do Estado • Fortalecimento da EMPAER para levantamento de dados 3. Programa de certificação de produtos e processos e registro de patentes. Projetos • Instalação de escritório regional para registro de patentes de produtos animais e vegetais certificação de marcas de produtos orgânicos (selos qualidade para produtos oriundos de produção ecológicamente correta). • Aumento do controle na extração de plantas nativas e/ou medicinais • Patenteamento do registro dos biomas (Cerrado, Pantanal e Amazônia) 4. Programa de melhoria da qualidade do ensino básico Projetos • Ampliação da educação básica • Construção de escolas para atendimento da demanda de educação básica no município de Tababorá incluindo os distritos Nova Fronteira (P.A. Mercedes) e Americana do Norte • Capacitação e valorização do corpo docente com especialização/atualização ao corpo docente usando estrutura e recursos humanos da UNEMAT, e incluindo capacitação para diretores e orientadores na área de gerenciamento e administração pública escolar • Plano de cargos e carreira dos professores, introduzindo avaliação anual de todo corpo docente (contratado ou efetivo) • Implantação de metodologias e currículos condizente com a realidade, incorporando língua estrangeira do MERCOSUL e temas transversais (cidadania, meio ambiente, cooperativismo, ética na política, etc.) • Implantação nas escolas de laboratórios de informática, física, química, artes plásticas e cênicas, e línguas • Implantação de bibliotecas públicas nas cidades contendo salas de estudo e pesquisa (virtual e não virtual) e salas para atendimento a alunos portadores de necessidades especiais • Ampliação da eletrificação para as escolas e comunidades rurais para implementação do EJA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 295 • Capacitação diferenciada/especial para atender o docente do meio rural • Adaptação do currículo escolar para as escolas de meio rural, voltado as suas necessidades específicas • Revitalização das escolas existentes nas comunidades rurais, para capacitação dos pequenos produtores 5. Programa de ampliação da educação profissional e tecnológica Projetos • Implantação de curso técnico profissionalizante de nível médio voltado as especificidades locais • Capacitação e qualificação profissional em parceria com SENAR, EMPAER e SEBRAE, para as principais cadeias produtivas, destacando a indústria moveleira • Formação de técnicos para assistência • Fomento à ampliação da oferta de cursos de línguas estrangeiras • Revitalização das escolas agrotécnicas como centro de capacitação e treinamento, incluindo contratação de docentes • Implantação de laboratório de reprodução de alevinos nas escolas agrícolas da região • Capacitação de mão-de-obra para a produção de matéria prima e seus produtos e subprodutos farmacólogicos • Capacitação de docentes profissionalizantes • Implantação e/ou revitalização das escolas das comunidades rurais e assentamentos, para capacitação dos pequenos produtores para área de cursos técnicos e 6. Programa de consolidação, expansão e democratização do ensino superior. Projetos • Implantação de campus universitário na região • Criação de curso de extensão e superior de zootecnia, agronomia, veterinária, química, biologia, e turismo • Implantação no campus universitário do Pólo, de cursos de especialização (mestrado e doutorado) em áreas de conhecimentos ligadas as especificidades regionais, com utilização de aulas de videoconferência PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 296 Eixo 3 – Infra-estrutura econômica e logística A Região de Planejamento apresenta alguns estrangulamentos na infra-estrutura econômica, particularmente nos transporte para sua integração econômica e para escoamento da produção estadual para o mercado nacional e mundial. Apesar disso a economia regional têm apresentado grande competitividade internacional. No futuro, a região pode ter sua competitividade comprometida se não tomar providências para ampliação e recuperação da infra-estrutura econômica e da logística. O eixo estratégico de desenvolvimento (Eixo 3) procura responder diretamente a estes estrangulamentos, melhorando o desempenho atual e preparando Mato Grosso e a Região de Juara para os desafios do futuro. 1. Programa de recuperação e ampliação do sistema de transporte rodoviário. Projetos • Pavimentação da MT 328 no trecho Juara - Tabaporâ - MT 220 • Pavimentação da MT 338 no trecho Juara - Porto dos Gaúchos • Pavimentação da MT 220 no trecho Porto dos Gaúchos – BR 163 • Pavimentação da MT 325 no trecho Juara - M T170 • Recuperação, manutenção e melhoria da malha rodoviária de interligação dos municípios da região • Implantação de patrulha estadual nos pólos • Consolidação dos consórcios rodoviários • Ampliação e recuperação da malha de estradas vicinais da região 2. Programa de recuperação e ampliação do sistema multimodal de transporte. Projetos • Expansão e revitalização do sistema multimodal de transportes para integração nacional e com países vizinhos • Expansão e revitalização do sistema do transporte rodoviário através da MT 170 e BR-163 (corredores de exportação)’ • Integração dos núcleos regionais (intercâmbios diversos) • Ampliação do sistema de transporte aeroviário com aeroporto nos padrões internacionais • Revitalização do sistema aeroviário na cidade Pólo, interligando aos grandes centros comerciais ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 297 3. Programa de ampliação da estrutura de logística. Projetos • Ampliação, renovação e recuperação da estrutura especialmente para grãos e produtos agropecuários: • Criação de centros de estoques de insumos de alto custo para redução de custos e otimização na agropecuária • Criação de ponto de concentração do sistema multimodal no Vale do Arinos - cidade Pólo • Promoção de feiras de agronegócio na região logística 4. Programa de expansão do sistema de oferta de energia elétrica (geração, transmissão e distribuição. • Expansão do sistema de geração de energia elétrica • Construção de mini e pequenas usinas hidrelétricas incluindo PCH no Rio Apiacazinho (5MW) • Aceleração do projeto “Luz para Todos” 5. Programa de diversificação da matriz energética. Projetos • Construção de biodigestor para geração de energia alternativa • Produção de biodíesel e aproveitamento de energia solar • Utilização de energia de baixo impacto • Aproveitamento resíduos de madeira, para geração de energia e ou bloco adensado de carvão para siderurgia • Implantação de usinas de álcool e aproveitando os resíduos para geração de energia • Aproveitamento de resíduos da suinocultura e bovinocultura para produção de gás metano e geração de energia 6. Programa de ampliação do sistema de comunicação. Projetos • Implantação de sistema de telefonia popular • Implantação de telecomunicações e salas de videoconferências popular nas escolas estaduais e salas de Proinfo (com capacitação dos funcionários para utilização do sistema) PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 298 Eixo 4 - Diversificação e adensamento das cadeias produtivas A agropecuária é a base do dinamismo da economia da Região de Planejamento de Juara, concentrando a produção e as exportações em produtos de baixo valor agregado. Esta característica da economia regional diminui o impacto econômico e social das exportações e torna o território, como de resto, o Estado de Mato Grosso, vulnerável a flutuações internacionais de demanda e preços das commodities. Diante disso, o plano estratégico deve promover a diversificação da estrutura produtiva e a agregação de valor dos produtos do agronegócio. 1. Programa de fortalecimento extrativismo e silvicultura. e diversificação da agropecuária, Projetos • Adoção de novas tecnologias voltadas à modernização das praticas de manejo das atividades agropecuárias • Adoção de meios de rastreabilidade de baixo custo • Aproveitamento econômico dos produtos naturais • Criação de peixes em cativeiros (animais silvestres) em fazendas pesqueiras • Introdução de selo de qualidade para mercado interno e externo na agropecuária e agricultura familiar • Introdução de culturas perenes • Utilização de defensivos naturais na agropecuária • Implantação e ampliação de tecnificação da agropecuária visando a ampliação da capacidade produtiva • Incorporação de tecnologias para o melhor aproveitamento dos pastos e manejo do gado • Adaptação das técnicas existentes no controle de erosão e recuperação de áreas degradadas • Uso de caldas (venenos naturais) para produção de produtos orgânicos • Recuperação da capacidade de pastagens já implantadas e degradadas • Capacitação da mão-de-obra rural para uso de novas tecnologias, melhoramento genético, combate a epidemias e pragas, incluindo disseminação do aproveitamento econômico dos produtos in natura (madeira/carne/fitoterápicos) • Criação de sistemas para o monitoramento, fiscalização, controle nas fronteiras dos municípios • Apoio à produção rural regional do pequeno produtor ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 299 2. Programa de reestruturação fundiária e desenvolvimento da agricultura familiar. Projetos • Demarcação de propriedades com GPS e georeferenciamento • Incorporação de tecnologias adaptadas à agricultura familiar • Introdução de espécies agrícolas compatíveis com a área do assentamento, incluindo fruticultura e plantas nativas • Colonização com áreas produtivas pequenas ligadas à agricultura familiar e vinculadas às cooperativas de produção e comercialização de alimentos • Reforma agrária com infra-estrutura, assistência técnica para produção e comercialização e organização gerencial dos assentados, com criação de cinturão verde para atender consumo local • Criação de um comitê da Terra como órgão gestor dos projetos de uso e ocupação da terra • Estímulo ao associativismo e o cooperativismo dos agricultores familiares interligados aos centros de distribuição e comercialização e para aquisição de maquinários e sementes • Difusão da cultura de girassol entre os pequenos produtores • Instalação de pequenas indústrias através de cooperativas • Produção de oleaginosas para biodíesel 3. Programa de adensamento das cadeias produtivas. Projetos • Implantação de agroindústrias de alimentos com adensamento das cadeias de grãos, frutas, carne, leite e pescado • Criação de parque moveleiro industrial para processar toda a produção de madeira da região • Criação de pólos industriais para atender o consumo interno com excedentes exportáveis • Industrialização de farinha de peixe • Utilização do resíduo das madeireiras através de marcenarias profissionalizantes • Industrialização de couro e seus derivados na região • Industrialização dos produtos farmacológicos • Implementação de Indústria de aproveitamento de oleaginosas de plantas locais (biodíesel) PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 300 4. Programa de diversificação da estrutura produtiva. Projetos • Promoção do plantio, industrialização e comercialização de buchas e vassouras naturais • Implantação de indústria de bioprodutos • Promoção da exploração sustentável dos recursos minerais da região • Ampliação da exploração mineral da região com criação de Comitê regional de exploração mineral 5. Programa de desenvolvimento do turismo. Projetos • Criação de pólo regional turístico contemplando ecoturismo, turismo rural, turismo de aventura, e turismo de pesca • Introdução de turismo ecológico e antropológico com visitas a aldeias indígenas visando divulgar sua cultura e seus artefatos • Criação de centrais de atendimento aos turistas • Criação de infra-estrutura e logística do ecoturismo • Capacitação de recursos humanos em turismo e ecoturismo • Instalação de balneários com hotel-trilha terrestre e fluvial • Implantação de sinalização específica do turismo • Divulgação do turismo regional incluindo criação de sistema on line estadual • Instalação de balneários com hotel-trilha terrestre e fluvial 6. Programa de fortalecimento dos arranjos produtivos locais. Projetos • Formação de arranjos produtivos locais em avicultura movelaria, agricultura, artesanato • Criação de um viveiro de mudas com produção de flores da região (ornamental, frutíferas e árvores nativas) • Capacitação de técnicos e produtores dos arranjos produtivos locais • Instalação de pólos de distribuição e venda do artesanato regional • Instalação de pólos de distribuição e venda da produção das APL´s ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 301 7. Programa de diversificação da pauta de exportação. Projetos • Criação no pólo regional de cooperativas de exportação • Criação de centros de excelência de comércio exterior Eixo 5 - Qualidade de vida, cidadania, cultura e segurança O desenvolvimento sustentável tem como objetivo central a melhoria da qualidade de vida da população expressa no acesso aos bens e serviços públicos, na segurança pública e paz social, na cidadania e no desenvolvimento cultural. Para alcançar este objetivo, o Estado de Mato Grosso e, particularmente a Região de Planejamento de Juara, ainda tem que melhorar muito as condições de vida da população, realizando iniciativas e investimentos nos diferentes segmentos sociais que se beneficiam também dos resultados alcançados nos outros eixos estratégicos de desenvolvimento, particularmente no que trata de educação e do crescimento da economia, gerando oportunidades de emprego. De qualquer forma, a estratégia de desenvolvimento regional implementa um eixo estratégico diretamente nos segmentos sociais que elevam a qualidade de vida da população. 1. Programa de fomento à geração de emprego e renda Projetos • Fortalecimento de centros comunitários • Criação de associações e cooperativas de trabalho do jovem • Criação de cursos profissionalizantes e criação de um balcão de empregos • Realização de um circuito de empreendedor com o balcão SEBRAE na Região • Promoção da produção envolvimento das mulheres • Aproveitamento de terrenos baldios para hortas comunitárias • Atendimento especiais aos territórios ocupados por comunidades tradicionais, demarcando estas zonas com regras específicas, com garantia de direitos a estas comunidades e sua diversidade cultural • Preservação das áreas de interesse histórico cultural, relevantes para a identidade dos municípios • Promoção da integração empresa / escola (estágios) artesanal visando principalmente o PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 302 2. Programa de cidadania e respeito aos direitos humanos. Projetos • Formação continuada da população • Construção de centros de convivência para a melhor idade em cada município da região • Criação de centros culturais com salas on line popular • Criação de pólo regional de serviços públicos de referencia para atendimento do cidadão (saúde, educação etc...) • Implantação de núcleos rurais para atendimentos de saúde, educação e lazer • Criação de Centros de Reintegração de crianças e adolescentes infratores, em parceria com entidades filantrópicas (Lions Clube, Rotary Clube, Maçonarias, etc.) • Criação de centro de recuperação de dependentes químicos, em parceria com entidades filantrópicas (Lions Clube, Rotary Clube, Maçonarias e outros) • Implantação de Projetos “Fim de Semana na Escola” com atividades musicais, esportivas, teatrais, etc. • Criação de Projetos Guarda-Mirim, em parceria com entidades educacionais e filantrópicas • Implantação do Projeto Aprendiz nas empresas com mais de 50 funcionários • Melhoria da infra-estrutura do PROCON e capacitação de pessoal para o atendimento ao público e conscientização do consumidor e do fornecedor • Criação de Centros de Reintegração regionais de mulheres vítimas de violencias • Divulgação do ECA nas escolas, empresas e órgãos municipais 3. Programa de promoção da cultura, esportes e lazer. Projetos • Valorização e registro do patrimônio e das diversidades culturais da região • Construção de um centro cultural regional com teatro, musica, coral, danças regionais e de salão, espaço para terceira idade, sala para capacitação de instrutores, sala destinada acervo cultural do estado e da região ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 303 • Construção centros olímpicos e poli-esportivos e culturais com orientadores técnicos nas vilas e distritos, com apoio de ónibus e carro para organização dos eventos esportivos • Organizando de campeonatos com calendário no circuito estadual de pesca esportiva, como alternativas de ocupação e lazer para a população, principalmente para os jovens • Construção de parques e jardins públicos, zoológico e jardim botânico, para a criação de eventos desportivos com esportes radicais (arborismo, corredeiras, rally savanas, caiaque) • Organização de eventos culturais regionais diversificados visando divulgar talentos artísticos e geração de renda • Criação da piscicultura nos rios da região para turismo e lazer 4. Programa de saneamento e habitação Projetos • Implantação de sistemas de tratamento de esgotos • Promoção de habitação e da casa própria para população de baixa renda • Criação de consórcios intermunicipais num raio de 50km para ações de gestão integrada para o resíduo sólido (lixo) acondicionamento (coleta seletiva) • Coleta seletiva do lixo, sendo distribuído para uma cooperativa de trabalho de catadores com comercialização • Transporte, reciclagem, compostagem de lixo orgânico, aterro sanitário par o rejeito tratamento de chorume e biogás 5. Programa de estruturação e implementação de um sistema integrado de redução da criminalidade. Projetos • Aumento do efetivo policial nas cidades • Renovação de frota policial (carro-motos-bicicleta) • Implantação de sistema de monitoramento e inteligência interligado ao sistema estadual/nacional • Implantação de polícia técnica especializada (IML) • Capacitação profissional dos efetivos da policia no Estado e nos Municípios • Construção de uma Delegacia de Polícia e ampliação de presídio na região, incluindo construção de um prédio - extensão de delegacia no Distrito de Paranorte e na Comunidade Nova Fronteira PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 304 • Interligação das Secretarias Estaduais e Municipais de Assitência e Promoção Social • Capacitação dos recursos humanos das Secretarias de Assistência e Promoção Social, para desenvolver projetos de recuperação e reintegração dos presos. • Disponibilização de espaço especial e seguro, nas instituições carcerárias, para o desenvolvimento dos projetos de reintegração dos presos • Implantação do Corpo de Bombeiros em áreas de risco 6. Programa de saúde, contemplando os seguintes projetos estratégicos: Projetos • Universalização da atenção básica a saúde • Criação de centro regional de saúde • Orientação alimentar da população para saúde familiar “Kit natureza saúde” • Capacitação de pessoal administrativos da saúde • Criação de centro regional de saúde • Fortalecimento da articulação entre PSF com programa de vigilancia sanitária e saneamento ambiental • Implantação do CEREST - centro de referência da saúde do trabalhador • Ampliação das ações de prevenção da saúde incluindo contratação de profissionais nas diversas especialidades • Introdução de novas tecnologias e capacitação 7. Programa de proteção, respeito e apoio às nações indígenas. Projetos • Valorização econômica da produção indígena e criação de centro de divulgação e comercialização dos produtos artesanais indígenas • Criação de centros culturais e de divulgação da cultura indígena • Criação de centros educacionais “on line” nas principais comunidades indígenas das regiões, disponibilizando ensino superior e profissionalizante • Recuperação de estradas vicinais que dão acesso às aldeias • Promoção da comunidade indígena, nos termos da legislação em vigor, incluindo capacitação profissional e assistência às nações indígenas • Valorização e aproveitamento do saber indígena ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 305 • Promoção do manejo sustentável em áreas indígenas • Integração cultural entre índios e não índios na formação da pluralidade cultural na região Eixo 6 - Governabilidade e gestão pública A análise das políticas públicas brasileiras – válidas também para Mato Grosso costuma destacar como um dos seus grandes problemas a baixa eficiência e eficácia das ações e dos investimentos, gerando enorme desperdício de recursos e limitada implementação dos projetos. Por outro lado, apesar dos avanços recentes e de muito propalada, a participação da sociedade ainda é muito restrita, o que termina reduzindo o impacto e a efetividade das políticas públicas. O desenvolvimento sustentável de Mato Grosso e da Região de Planejamento de Juara depende da capacidade dos governos (estadual e municipais) representarem as aspirações da sociedade e da qualidade gerencial que assegure a implementação das ações com os menores custos e a maior eficácia. O eixo Governabilidade e Gestão Pública articula as ações que procuram enfrentar os problemas de gestão pública no Estado e na Região, ampliando a eficiência, a eficácia e efetividade de todos os programas e projetos previstos pelo plano. 1. Programa de modernização da estrutura e métodos da administração pública municipal. Projetos • Melhoria da infra-estrutura dos órgãos de governo na região aumentando e capacitando servidores públicos • Criação de sistemas municipais de planejamento participativo com instrumentos organizacionais permanentes de participação da sociedade civil • Melhoria da excelência ética e profissional nos serviços públicos (destaque para a fiscalização fundiária e ambiental) • Criação de sistema eletrônico de comércio e arrecadação para evitar sonegação e para reduzir impostos para empresas cadastradas • Criação de sistemas de monitoramento de ações 2. Programa de democratização, descentralização e transparência da gestão pública. Projetos • Implantação de consórcio intermunicipal para atendimento ao desenvolvimento rural sustentável, com destaque para o Vale do Arinos • Criação de criar rede de acesso “on line” e sites populares PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO – SORRISO 306 3. Programa de fortalecimento do sistema estadual de regulação, monitoramento e fiscalização. Projetos • Criação de escritórios regulatórios regionais nos pólos • Capacitação para os órgãos fiscalizadores Eixo 7 – Descentralização do território e estruturação da rede urbana A expansão da economia regional tende a gerar algum processo de concentração no território, respondendo às condições diferenciadas da competitividade e segundo eficiência econômica do mercado. A estratégia de desenvolvimento regional deve compensar este movimento, criando condições para uma distribuição equilibrada da riqueza e das condições de vida no território, implementando projetos e tomando iniciativas de descentralização e desconcentração regional. Por outro lado, a organização do território mato-grossense e regional passa pela formação de uma rede urbana que articula os diferentes territórios, numa hierarquia de múltiplas funções no espaço. Desta forma, estratégia de desenvolvimento deve incorporar programas e projetos, articulados nos Eixos de Descentralização territorial e estruturação da rede urbana, promovendo a reorganização do território estadual. 1. Programa de desenvolvimento regional integrado. Projetos • Promoção do desenvolvimento rural combatendo os efeitos das aglomerações desordenadas • Criação de Secretarias Especiais de Planejamento e Execução Regional - representantes do governo do estado 2. Programa de fortalecimento da rede urbana. Projetos • Implantação de infra-estrutura urbana (asfaltamento, rede de água e luz) • Implantação de canalização e preservação dos córregos dentro das áreas urbanas dos municípios • Remanejamento de moradores em áreas de risco e/ou de preservação, das áreas urbanas • Aplicação do ordenamento da ZEIS - Zonas Especiais de Interesse Social • Asfaltamento das áreas urbanas dos municípios 307 PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE MATO GROSSO – MT+20 Região Centro-Norte - Sinop Sinop Cláudia União do Sul Itaúba Feliz Natal Marcelândia Nova Ubiratã Santa Carmem Vera 308 1. Apresentação O Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso (MT+20) desdobra-se em doze planos regionais80 que orientam a implementação das ações estratégicas para integrar o território mato-grossense e promover uma desconcentração da economia e dos indicadores sociais do Estado. Este documento apresenta o Plano de Desenvolvimento da Região Centro-Norte (SINOP), como uma parte do MT+20 que explicita os projetos prioritários para a região, organizando a formulação da sociedade na estrutura estratégica do MT+20. Desta forma, o plano regional é um detalhamento do MT+20 no território, de acordo com as especificidades locais, seus problemas e suas potencialidades. O Plano de Desenvolvimento da Região de Planejamento Centro-Norte (SINOP), é o referencial da Região para negociação dos seus projetos e o acompanhamento da implementação do MT+20 no território. Foi elaborado com o envolvimento da sociedade, procurando fazer uma articulação entre a estratégia geral para Mato Grosso e as características de cada região, suas necessidades e suas contribuições para o desenvolvimento conjunto do Estado. Ao mesmo tempo em que formularam propostas para compor o plano de desenvolvimento de Mato Grosso, a estratégia do Estado (MT+20) definia as bases para as prioridades do Estado. A Região de Planejamento polarizada por SINOP conta agora com seu plano de desenvolvimento de longo prazo que deve orientar as ações nos próximos 20 anos, capaz de desenvolver a região e, ao mesmo tempo, intensificar sua interação com as transformações futuras de Mato Grosso. Nesse sentido, deve ao mesmo tempo dar suporte aos propósitos de desenvolvimento do Estado e mediante os impactos gerais na região. 80 Refletindo a divisão do território de Mato Grosso, foram realizados planos regionais para as regiões Noroeste 1 (Juína), Norte (Alta Floresta), Nordeste (Vila Rica), Leste (Barra do Garças), Sudeste (Rondonópolis), Sul (Cuiabá/Várzea Grande), Sudoeste (Cáceres), Oeste (Tangará da Serra), Centro-Oeste (Diamantino), Centro (Sorriso), Noroeste 2 (Juara), e Centro-Norte (Sinop). 309 2. Estratégia De Desenvolvimento da Região A Construção do Futuro 2.1. PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL DA REGIÃO Caracterização Geral da Região Centro-Norte - Sinop Ocupando uma área de 60,26 mil Km2, a Região de Planejamento Centro Norte, polarizada por Sinop, agrupa nove municípios e reúne uma população total de 166 mil habitantes. Com uma densidade demográfica de 2,52 habitantes/km2, a região é formada pelos municípios de Cláudia, União do Sul, Itaúba, Feliz Natal, Marcelândia, Nova Ubiratã, Santa Carmem, Sinop, e Vera. O território da região de Sinop representa cerca de 6,67% do total de Mato Grosso, e sua população corresponde a 5,68% dos habitantes do Estado. A agropecuária e a indústria madeireira são as principais atividades econômicas da região, concentrando o principal pólo industrial madeireiro do Estado. A agropecuária representa 25,8% do PIB regional e a indústria alcança cerca de 23%, evidenciando uma importante industrialização na região de Sinop. A atividade agropecuária da região Centro Norte (Sinop) contribui com apenas 4,4% para o produto do setor no Estado, pouco menos que sua participação no total do PIB estadual, estimada em 5,26%. Com um PIB estimado em R$ 1,8 bilhões (2005), 6,33% do PIB estadual, a região de Sinop ocupa a sétima posição na distribuição regional da economia mato-grossense. Embora tenha sido uma economia bastante dinâmica até a década de noventa, acompanhada de forte fluxo migratório, no período mais recente (2000/2004), a região registrou uma desaceleração do crescimento, mas mesmo assim manteve um desempenho um pouco acima da média estadual; enquanto o PIB a preços correntes de Mato Grosso cresceu, entre 2000 e 2004, 20,1% ao ano, a região de Sinop teve uma expansão econômica de 23,4% ao ano. A região apresenta uma grande desigualdade econômica interna, com significativa concentração no município pólo (Sinop), com quase de 46% do PIB; o município de Nova Ubiratã vem em segundo lugar com 17% da economia e o restante se distribui entre os outros sete municípios (ver gráfico a seguir); ou seja, apenas dois municípios respondem por quase 63% da produção regional, não obstante abrigarem 61% da população. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-NORTE - SINOP 310 Gráfico 26 - PIB dos Municípios da Região (mil de R$, 2004) 800.000 750.000 700.000 650.000 600.000 550.000 500.000 450.000 400.000 350.000 300.000 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 0 Sinop Nova Ubiratã Vera Marcelândia Santa Carmem Cláudia Feliz Natal Itauba União do Sul Fonte: Relatório PIB Municipais – Ano 2004; IBGE, 2006 Enquanto a economia regional crescia, nos primeiros anos desta década, abaixo da média do Estado, a população regional vem crescendo em ritmo muito superior ao de Mato Grosso. No período recente (qüinqüênio 2000/2004), enquanto a população do Estado crescia, no período, 2,1% ao ano, a região de Sinop teve um crescimento demográfico de, aproximadamente, 4,1% ao ano. Como resultado do diferencial entre o dinamismo econômico e a expansão demográfica, a região de Sinop tem um PIB per capita de R$ 10.860,00 (estimativa para 2005), pouco acima da média do Estado (R$ 10.316,00). Internamente à região existe uma grande desigualdade no PIB per capita, da mesma forma que foi constatado em relação ao PIB, embora haja uma mudança de posição relativa devido à distribuição desigual da população. O município de Nova Ubiratã se destaca com o maior PIB per capita da região (R$ 42 mil) e Sinop que concentra quase a metade da economia regional ocupa a sexta colocação no PIB per capita, depois de Nova Ubiratã, Santa Carmen, Itaúba, Vera, e Feliz Natal. A região tem o segundo maior IDH - Índice de Desenvolvimento Humano de Mato Grosso (média dos IDHs dos municípios), com 0,776, abaixo apenas de Sorriso (0,804), indicador também distribuído de forma muito desigual entre os seus ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 311 municípios. O pequeno município de Cláudia, com baixo PIB e o menor PIB per capita da região, se destaca com o mais elevado IDH da região Centro Norte, com 0,813, e um dos mais altos dos municípios do Estado (perde apenas para Sorriso, Lucas do Rio Verde e Cuiabá). O município de Sinop, com baixo PIB per capita, assume a segunda posição no índice de desenvolvimento humano regional e é o quinto maior dos municípios mato-grossenses. Apesar da desigualdade interna, o município da região de Sinop com mais baixo IDH, Itaúba, tem um índice de 0,740, considerado médio. Apesar da rápida expansão da fronteira na região de Sinop ao longo das décadas de 70 e 90, incluindo forte imigração, o ambiente predominantemente de floresta, com formação de contato floresta/savana apresenta média a baixa alteração. Mesmo a USEE-Unidade Socioeconômica e Ecológica de Sinop81, que vem recebendo a maior pressão antrópica na região, registrando média a alta antropização, apresenta um ambiente de floresta moderadamente alterado, com alta predisposição à erosão. As outras duas unidades apresentam ambiente conservado ou pouco alterado; a USEE de Itaúba/Marcelândia registra taxa média de antropização, provocada pela pecuária e por atividades madeireiras, tendo uma ambiente de floresta pouco alterado; e a unidade Feliz Natal/Floresta apresenta ambiente de floresta e de formação de contato Floresta/Savana conservado. Para o futuro, o ZSEE define usos alternativos da região que assegurem a conservação ambiental frente às prováveis pressões antrópicas que deve decorrer do crescimento da economia e da população. Como mostra o mapa a seguir, mais da metade da região é considerada como terra indígena e cerca de 1/3 de uso controlado; o restante, apenas o equivalente a uma sexta parte do território regional deve ser utilizado para consolidação econômica e demográfica. 81 A região Centro Norte (Sinop) foi dividida pelo ZSEE - Zoneamento Socioeconômico e Ecológico em três USEEs: Feliz Natal-Floresta, Sinop, e Itaúba/Marcelândia. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-NORTE - SINOP 312 Mapa 24 - Usos Alternativos das Unidades Socioeconômico Ecológicas da Região de Sinop Fonte: ZSEE - SEPLAN/MT 2.2. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A REGIÃO – AONDE QUEREMOS CHEGAR Apesar das limitações de gestão ambiental, a região de Sinop deve entrar, no futuro, num ciclo de acelerado crescimento econômico fundamentado na indústria, com agregação de valor, e nos serviços avançados, consolidando-se como centro logístico na parte do Norte de Mato Grosso. As condições do cenário de referência de Mato Grosso (MT+20) promovem uma desconcentração da economia no território com o adensamento da malha de transporte, conferindo papel de destaque a alguns pólos logísticos, entre os quais a região Centro Norte (Sinop). As potencialidades da região, como a existência de uma indústria e de serviços urbanos, se reforçam com a ampliação da infra-estrutura de transportes, com destaque para o asfaltamento da BR 163 até o Porto de Santarém, e a extensão do ramal da Ferrovia Norte-Sul de Lucas do Rio Verde até Palmas, abrindo um importante eixo de exportação para São Luis; além disso, a ampliação e modernização do aeroporto de Sinop intensificam a confluência dos transportes na região. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 313 Desta forma, a economia da região Centro Norte (Sinop) deve crescer, em média, 10% ao ano, nas próximas duas décadas, provocando um salto no PIB regional dos atuais R$ 1,8 bilhões para, aproximadamente, R$ 13,6 bilhões, em 2026 (como mostra o gráfico). Com um crescimento acima da média do Estado, em vinte anos, a economia da região eleva a sua participação no total de Mato Grosso de 6,33% (estimado para 2005) para 7,4%, em 2026; do sétimo lugar passa a ocupar a quinta posição na hierarquia dos PIBs regionais. Como a população da região tende também a crescer mais que a média do Estado de Mato Grosso, atraída pela acelerada expansão econômica e pelas novas atividades urbanas, o PIB per capita regional se eleva de forma mais moderada; mesmo assim, a região deve alcançar, em 2026, um PIB per capita de R$ 47 mil, crescendo cerca de quatro vezes em vinte anos. Gráfico 27 - Evolução do PIB da Região e da Participação no PIB de MT 7,50% 16.000,00 14.000,00 7,00% 12.000,00 10.000,00 6,50% 8.000,00 6.000,00 6,00% 4.000,00 2.000,00 5,50% 2005 2010 2015 Participação no PIB de MT Fonte: Multivisão 2020 2026 PIB em mi de R$, 2004 - PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-NORTE - SINOP 314 2.3. O QUE PODE AJUDAR OU ATRAPALHAR O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE SINOP Vantagens competitivas/potencialidades O desenvolvimento da região será bastante determinado por sua capacidade de atrair e reter investimentos, de modo a aproveitar as oportunidades criadas no ambiente externo, sobretudo o estadual, mediante a mobilização de suas vantagens competitivas82. Portanto, identificar de forma correta as potencialidades ou vantagens competitivas da região é o primeiro grande passo para a definição de uma estratégia capaz de produzir o desenvolvimento regional esperado. Assim, foram identificadas as seguintes vantagens/potencialidades: 1. Boa estrutura de educação básica e superior com potencial educacional para pesquisa com centro técnico-universitário e sistema educacional de porte 2. Produtores com tradição agrícola, boas práticas, espírito empreendedor e capacidade de mudanças 3. Agropecuária tecnificada 4. Educação e consciência ambiental 5. Diversidade cultural e étnica e miscigenação de culturas 6. Novos modelos de colonização 7. Ampla e diversificada base agroindustrial 8. Grande potencial para indústrias de reciclagem 9. Mercado consumidor interno de porte 10. Localização estratégica (eixo da BR 163) 11. Potencial hídrico e para uso energético e pesqueiro 12. Investimentos em infra-estrutura urbana 13. Produção agropecuária diversificada 14. Base para o desenvolvimento de APL (artesanatos/piscicultura/fruticultura regional, movelaria, etc.) 15. Base para o adensamento das cadeias produtivas 16. Base para o desenvolvimento da indústria madeireira e moveleira 17. Base para a indústria do turismo da natureza (aventura, rural etc) 18. Base para a indústria de bioprodutos 82 Estas vantagens ou potencialidades são entendidas como as características internas diferenciadas da região que podem constituir base para o seu desenvolvimento, se devidamente exploradas. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 315 19. Boa organização social (cooperativismo, associativismo, organização regional, sindicalismo) 20. Reservas ecológicas e indígenas demarcadas e existência de remanescente florestal 21. Solo favorável para agricultura, pecuária e extrativismo Problemas e Estrangulamentos De outro lado, a capacidade de atrair, ou mesmo reter investimentos, para a região será bastante dificultada pela presença de problemas e estrangulamentos que colocam a região em situação de desvantagem em relação a outros territórios nacionais, inibindo os investimentos e atrasando o seu desenvolvimento83. Foram destacados para a região os seguintes problemas e estrangulamentos. 1. Degradação ambiental provocada por queimadas e uso indiscriminado de defensivos agrícolas 2. Gestão ambiental ineficaz 3. Conflitos fundiários em razão da não regularização fundiária 4. Pouca assistência às reservas indígenas 5. Frágil infra-estrutura de serviços sociais urbanos (precária rede de saúde pública/falta de saneamento básico) 6. Baixa escolaridade e mão de obra desqualificada (dificuldade de acesso ao sistema de educação formal e profissionalizante) 7. Ensino superior deficiente, pouco diversificado e divorciado das vocações regionais 8. Fraca consciência política e baixa representação política regional 9. Vícios étnicos e culturais, corrupção, impunidade e coronelismo 10. Crescimento demográfico desorganizado e alta mobilidade populacional 11. Pouca organização social para a construção e alcance de objetivos comuns (cooperativas, parcerias, associações) 12. Desigualdade social e investimento insuficiente na educação 13. Baixo investimento tecnológico para exploração racional dos recursos naturais 14. Oferta insuficiente de incentivos governamentais para a indústria turística 15. Modelo ineficaz de reforma agrária, ensejando a grilagem 16. Difícil acesso ao crédito para empreendimentos produtivos 17. Forte especulação imobiliária urbana 83 Os problemas e estrangulamentos são as condições ou situações internas à região que são indesejadas e atrapalham ou impedem o desenvolvimento da região se não forem devidamente equacionadas e alteradas. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-NORTE - SINOP 316 Oportunidades do Ambiente Externo O desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência cria uma série de oportunidades de negócios que podem ser capitalizadas pela região desde que a mesma tenha capacidade para tal. Estas condições futuras externas “favoráveis” à Região abrem perspectivas que orientam a definição da estratégia de desenvolvimento. Foram identificadas as seguintes oportunidades externas à Região: 1. Redução de barreiras alfandegárias para produtos agropecuários 2. Formação da ALCA com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 3. Consolidação do Mercosul com ampliação do mercado para produtos do agronegócio 4. Ampliação da demanda mundial de alimentos 5. Crescimento da demanda mundial e nacional por produtos orgânicos 6. Crescimento da demanda de água e recursos naturais com forte aumento da demanda de hidroeletricidade no Brasil 7. Aumento da demanda de energia renovável, biocombustível com mudança da matriz energética incluindo biomassa e 8. Ampliação de mercado de crédito de carbono 9. Crescimento da demanda de produtos da biotecnologia e biodiversidade 10. Expansão do fluxo turístico mundial com destaque para o ecoturismo 11. Integração da infra-estrutura da América do Sul, incluída a saída para o Pacífico 12. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento público nacional 13. Formação de ambiente microeconômico favorável ao investimento produtivo nacional (lei de regulamentação do setor de saneamento, por exemplo) 14. Implementação de mecanismos de indução da desconcentração regional 15. Expansão da capacidade de consumo do mercado interno nacional 16. Ampliação da poupança e da capacidade de investimento do setor privado Ameaças do Ambiente Externo De modo similar, o desenvolvimento futuro do ambiente externo (estadual, nacional e mundial) nas condições estabelecidas no cenário de referência traz consigo muitas ameaças que podem prejudicar o desenvolvimento da região, caso ela não tenha capacidade adequada de defesa. Essas situações externas “desfavoráveis” quando corretamente identificadas fornecem, por seu turno, uma orientação importante para a definição da estratégia de desenvolvimento. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – CONSTRUINDO O FUTURO 317 Assim, foram identificadas as seguintes ameaças externas à região: 1. Controle monopolístico das tecnologias pelas multinacionais 2. Manifestação de mudanças climáticas globais 3. Intensificação da concorrência mundial com base em novas tecnológicas 4. Recorrência e ampliação de epidemias e endemias em vegetais e animais 5. Ampliação de barreiras comerciais não tarifárias, com alta exigência de qualidade e de controle 6. Risco de queda das demandas de matérias primas, insumos e alimentos em razão de eventuais quedas no crescimento econômico 7. Instabilidade dos preços internacionais de produtos naturais e alimentícios 8. Ampliação da biopirataria com a retirada de amostras da biodiversidade 9. Intensificação da concorrência de países do MERCOSUL no agronegócio 10. Expansão do narcotráfico nas regiões de fronteira do Brasil 11. Instabilidade política em países vizinhos, especialmente Bolívia 318 3. Eixos, Programas e Projetos de Desenvolvimento Região de Sinop Nos próximos vinte anos a Região deve experimentar um forte dinamismo econômico e social, refletindo e amplificando as condições muito favoráveis do contexto externo, em especial o Estadual, palco de maciços investimentos estruturadores nas áreas de transportes, energia, logística, educação e inovação tecnológica. Os próximos vinte anos serão de grandes transformações estruturais na Região cujos reflexos se farão sentir em termos de geração de oportunidades de emprego e negócios e na melhoria da qualidade de vida. As condições vantajosas da infraestrutura econômica regional serão fortalecidas com a ampliação e melhoria do atual sistema de transportes e logística, com integração dos diversos modais, capaz de escoar a produção da região a custos muito competitivos; os destaques neste esforço de ampliação do atual sistema viário regional será o reforço da capacidade de escoamento da principal rodovia, a BR 163 até o porto de Santarém no Pará; demais transversais que formam a rede de articulação e integração dos municípios da região com a cidade-pólo e com todo o interior de Mato Grosso e eixos viários como as rodovias federais BRs 364, 070 e 174, integrando a Região com os principais portos e mercados nacionais, também devem receber investimentos de ampliação e melhoria das condições de tráfego; de outro lado, com a construção do ramal da construção do ramal da Ferrovia Norte-Sul ligando Lucas do Rio Verde a Palmas (TO), deve ampliar as vantagens competitivas da região em termos de logística e transporte. Além disso, a estrutura de produção deverá passar por mudanças importantes com a ampliação e diversificação da estrutura de produção industrial da região e atrair unidades industriais de processamento da produção agropecuária e fornecimento de insumos à montante das cadeias de madeira, grãos, carne e couro; pequenos produtores devem se organizar em arranjos produtivos locais ampliando a capacidade competitiva em segmentos como fruticultura tropical, piscicultura, madeira e móveis. A região deve também atrair investimentos para fornecimento de serviços ambientais para reflorestamentos e recuperação de áreas degradadas e tratamento de lixo urbano, ambos voltados ao comércio de créditos de carbono; o setor de serviços, por seu turno, deve experimentar uma ampliação e diversificação dos segmentos de prestação de serviços modernos como saúde, educação e serviços bancários e de intermediação financeira, sobretudo na cidade-pólo; mas, o destaque será a expansão do ecoturismo, nas modalidades aventura e pesca esportiva, em base aos investimentos em infra-estrutura econômica e social ampliando as condições de acesso, de recepção e sanitárias da região. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 319 Mapa 25 - Mapa Ilustrativo da Mudança na Estrutura Produtiva da Região (Situação Atual e Futura) Fonte: Multivisão As mudanças e transformações estruturais serão frutos da implementação da estratégia de desenvolvimento da Região, formulada a partir de intensas discussões com representantes da sociedade regional, confrontando as condições internas – potencialidades e estrangulamentos – com os processos e tendências externas – oportunidades e ameaças. As propostas de ação definidas nas discussões foram organizadas e sistematizadas em eixos estratégicos, compondo programas e projetos de importância para a Região. Os projetos destacados estão apresentados a seguir segundo a mesma estrutura definida para o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso.84. 84 Os eixos e os programas são os mesmos do MT+20, diferenciando-se os projetos específicos para a Região. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-NORTE - SINOP 320 3.1 EIXOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO Eixo 1 – Uso sustentável dos recursos naturais O eixo estratégico de Uso Sustentável dos Recursos Naturais articula o conjunto das ações que podem reduzir as pressões antrópicas da expansão da economia, contribuindo para a conservação do meio ambiente e reorientando o modelo de aproveitamento das riquezas naturais de Mato Grosso, particularmente na região de planejamento de Sinop. O eixo se desdobra em programas e projetos, como apresentado abaixo: 1. Programa de fortalecimento do sistema de gestão ambiental. Projetos • Fortalecimento do controle na venda de defensivos e agrotóxicos • Monitoramento de áreas especialmente protegidas (fortalecimento dos programas Proarco e Prevfogo) • Controle da ocupação em torno da BR 163 • Combate à biopirataria • Descentralização da gestão ambiental através de cooperação dos órgãos do Estado com os municípios da região 2. Programa de criação, implantação e manutenção de unidades de conservação, contemplando os seguintes projetos estratégicos: Projetos • Redefinição de áreas de produção e preservação ambiental • Implantação de novas reservas ecológicas • Formação de reservas de manejo sustentável 3. Programa de promoção do uso sustentável dos recursos naturais, contemplando os seguintes projetos estratégicos: Projetos • Promoção da educação ambiental e conscientização da população, especialmente no que se refere aos efeitos negativos das queimadas • Aproveitamento econômico da matéria-prima decorrente de desmate legalmente autorizado, • Introdução da rotação de culturas e manejo adequado na agropecuária ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 4. 321 Programa de recuperação, preservação e manejo das bacias hidrográficas, contemplando os seguintes projetos estratégicos: Projetos • Formação e implantação de comitês de bacias hidrográficas • Promoção do uso e manejo sustentável de solos e águas em bacias hidrográficas Mato Grosso • Recuperação das matas ciliares degradadas, através dos viveiros municipais • Recuperação dos rios poluídos em função de atividades econômicas urbanas e rurais • Controle da erosão e manejo de solo e água em microbacias críticas • Promoção de ações de mitigação e compensação dos danos provocados pelo uso intenso dos recursos hídricos 5. Programa de reflorestamento de áreas degradadas, contemplando os seguintes projetos estratégicos: Projetos • Reflorestamento com arvores que produzam insumo para indústria madeireira • Reflorestamento com essências nativas utilizando crédito de carbono • Replantio de área de queimada nas propriedades privadas Eixo 2 - Conhecimento e inovação tecnológica Educação e inovação tecnológica são dois fatores centrais do desenvolvimento e da competitividade sistêmica de um território, contribuindo para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. A educação, além de ser pré-requisito para a ciência e tecnologia, constitui também um elemento decisivo para ampliar e democratizar as oportunidades da sociedade, na medida em que prepara o cidadão para a vida e para o mercado de trabalho, principalmente quando associada à capacitação profissional. Desta forma, o eixo estratégico de Conhecimento e Inovação é parte central da estratégia de desenvolvimento de Mato Grosso e, particularmente de Sinop, expressando-se através dos programas apresentados a seguir: PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-NORTE - SINOP 322 1. Programa de ampliação da capacidade de pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico. Projetos • Instalação de centro de pesquisa regional • Fortalecimento da capacidade de pesquisa nas fundações regionais, universidades e na própria EMPAER 2. Programa de inovação e difusão de tecnologias para as cadeias produtivas. Projetos • Realização de pesquisas em biodiversidade, biotecnologia bioprodutos, fontes renováveis de energia, madeira e móveis • Desenvolvimento de tecnologias de exploração racional dos recursos naturais, tecnologia moveleira, reciclagem do lixo, melhoramento genético de grãos (soja, milho) e pecuária bovina, melhoramento genético das espécies pesqueiras, biomassa e energia alternativa, piscicultura e fruticultura • Estudo sobre espécies para aproveitamento comercial (animais e vegetais) da área de transição cerrado-amazônia • Pesquisa e monitoramento das mudanças climáticas e 3. Programa de certificação de produtos e processos e registro de patentes. Projetos • Criação de instituto de controle e certificação dos produtos regionais • Descentralização do sistema da certificação do Estado 4. Programa de melhoria da qualidade do ensino básico. Projetos • Implantação do sistema de ensino com escola em tempo integral • Ampliação e melhoria da básica e fundamental com estruturação das escolas e novas modalidades de ensino • Reformulação dos currículos escolares, introduzindo temas transversais como educação ambiental e princípios morais, e cooperativismo solidário • Valorização dos educadores (condições de trabalho, melhores salários, segurança, etc.) ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 323 5. Programa de ampliação da educação profissional e tecnológica. Projetos • Ampliação de cursos profissionalizantes pelos órgãos SENAI, SEBRAE, SESC, SENAR etc. • Formação técnica e educação continuada de jovens e adultos • Capacitação e formação técnica e profissional em grãos e carnes, e tecnologia de alimentos • Promoção de cursos de aprimoramento dos empresários • Ensino à distância profissionalizante 6. Programa de consolidação, expansão e democratização do ensino superior. Projetos • Instalação de uma universidade publica na região com descentralização da UNEMAT (Sinop como pólo para oferta de cursos superiores nas cidades circunvizinhas) • Implantação de curso superior nas engenharias e nas tecnologias de alimentos, agronegócios, serviços,e bioprodutos • Ampliação do ensino superior na região com criação de mais cursos noturnos e utilização de ensino à distância Eixo 3 – Infra-estrutura econômica e logística A Região de Planejamento apresenta alguns estrangulamentos na infra-estrutura econômica, particularmente nos transporte para sua integração econômica e para escoamento da produção estadual para o mercado nacional e mundial. Apesar disso a economia regional têm apresentado grande competitividade internacional. No futuro, a região pode ter sua competitividade comprometida se não tomar providências para ampliação e recuperação da infra-estrutura econômica e da logística. O eixo estratégico de desenvolvimento (Eixo 3) procura responder diretamente a estes estrangulamentos, melhorando o desempenho atual e preparando Mato Grosso e a Região de Sinop para os desafios do futuro. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-NORTE - SINOP 324 1. Programa de recuperação e ampliação do sistema de transporte rodoviário. Projetos • Ampliação e recuperação da malha viária de interligação e articulação dos municípios da região • Ampliação e recuperação da capacidade de tráfego da BR 163 • Recuperação, manutenção e melhoria da malha de estradas vicinais da região • Pavimentação de Rodovias, especialmente BR 163 2. Programa de recuperação e ampliação do sistema multimodal de transporte. Projetos • Expansão e revitalização do sistema multimodal de transportes para integração nacional e com países vizinhos • Interligação de outros meios de transporte, (hidrovia e ferrovia) • Ampliação da malha ferroviária com acesso a portos para reduzir desperdícios e custos de transporte • Ampliação do sistema de transporte e logística hidroviário, incluindo a Hidrovia Teles Pires-Tapajós e o transporte fluvial para escoamento da produção pela bacia do Prata • Ampliação do sistema de transporte aeroviário 3. Programa de ampliação da estrutura de logística. Projetos • Ampliação, renovação e recuperação da estrutura especialmente para grãos e produtos agropecuários • Instalação de central de abastecimento de gêneros alimentícios e feiras para comercialização com show-room logística 4. Programa de expansão do sistema de oferta de energia elétrica (geração, transmissão e distribuição). Projetos • Expansão do sistema de geração de energia elétrica, incluindo a construção de pequenas usinas hidroelétricas • Expansão do sistema de transmissão de energia elétrica ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO • 325 Expansão do sistema de distribuição da CEMAT 5. Programa de diversificação da matriz energética. Projetos • Produção de energia por meio de fontes renováveis, biodíesel, álcool, energia solar e eólica • Aumento da oferta de gás natural • Implantação de usinas de aproveitamento da biomassa 6. Programa de ampliação do sistema de comunicações. Projetos • Universalização do acesso ao sistema de telecomunicação em todo o território regional • Implantação de telecentros urbanos Eixo 4 - Diversificação e adensamento das cadeias produtivas A agropecuária é a base do dinamismo da economia da Região de Planejamento de Sinop, concentrando a produção e as exportações concentradas em produtos de baixo valor agregado. Esta característica da economia regional diminui o impacto econômico e social das exportações e torna o território, como de resto, o Estado de Mato Grosso, vulnerável a flutuações internacionais de demanda e preços das commodities. Diante disso, o plano estratégico deve promover a diversificação da estrutura produtiva e a agregação de valor dos produtos do agronegócio. 1. Programa de fortalecimento extrativismo e silvicultura. e diversificação da agropecuária, Projetos • Introdução da irrigação na agropecuária para aproveitamento do solo no período de estiagem • Melhoria da qualidade genética dos animais e grãos • Instalação de feiras regionais de comercialização e divulgação • Implantação do mercado regional de pescado • Diversificação da produção de carnes (ovinos, aves, caprinos, etc.), • Diversificação da fruticultura. PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-NORTE - SINOP 326 • Prevenção à proliferação de epidemias e endemias (aftosa, brucelose, tuberculose, ferrugem asiática, etc.) • Montagem de sistema de registro e controle sanitário 2. Programa de reestruturação fundiária e desenvolvimento da agricultura familiar. Projetos • Capacitação de pequenos produtores desenvolvimento de agricultura orgânica, extração de óleos essenciais • Reestruturação fundiária com retomada das terras públicas, e regularização e registro de imóveis e atualização do índice de produtividade • Criação de cooperativas para a produção e comercialização de produtos do agronegócios e agricultura familiar • Aproveitamento subsistência de áreas abertas para e assentados, para sistema agroflorestais, produzir alimentos de 3. Programa de adensamento das cadeias produtivas. Projetos • Desenvolvimento da cadeia produtiva da madeira criando pólo regional da indústria moveleira • Industrialização dos produtos agrícolas, principalmente soja e milho, com implantação da agroindústria regional • Adensamento da cadeia da pecuária com industrialização de carnes, abatedouros, produção de rações e beneficiamento do couro e das carcaças • Beneficiamento do pescado, implantação de centros de aproveitamento de peixes e utilização de insumos naturais para alimentação pesqueira (fabricar rações) 4. Programa de diversificação da estrutura produtiva regional. Projetos • Implantação de indústria de bioprodutos • Instalação de indústria químico-farmacológica ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 327 5. Programa de desenvolvimento do turismo. Projetos • Aproveitamento das represas de hidrelétricas para a pesca esportiva, a piscicultura e o turismo (ecoturismo) • Melhoria da infra-estrutura turística • Divulgação do potencial turístico da região • Instalação de centro de formação profissional em turismo • Promoção de festas e atividades culturais para fomento do turismo 7. Programa de fortalecimento dos arranjos produtivos locais. Projetos • Instalação de tanques e redes para peixes (piscicultura) • Capacitação de mão-de-obra e dos produtores dos APL's • Apoio para a formação de cooperativas e de associações de produtores • Montagem de sistema de comercialização e distribuição da produção • Criação de Centros de Comercialização dos produtos dos APLs 8. Programa de diversificação da pauta de exportações. Projetos • Prospecção de mercado externo para produtos não tradicionais e de maior valor agregado • Promoção de exportação de produtos diversificados e de valor agregado Eixo 5 - Qualidade de vida, cidadania, cultura e segurança O desenvolvimento sustentável tem como objetivo central a melhoria da qualidade de vida da população expressa no acesso aos bens e serviços públicos, na segurança pública e paz social, na cidadania e no desenvolvimento cultural. Para alcançar este objetivo, o Estado de Mato Grosso e, particularmente a Região de Planejamento de Sinop, ainda tem que melhorar muito as condições de vida da população, realizando iniciativas e investimentos nos diferentes segmentos sociais que se beneficiam também dos resultados alcançados nos outros eixos estratégicos de desenvolvimento, particularmente no que trata de educação e do crescimento da economia, gerando oportunidades de emprego. De qualquer forma, a estratégia de desenvolvimento PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-NORTE - SINOP 328 regional implementa um eixo estratégico diretamente nos segmentos sociais que elevam a qualidade de vida da população. 1. Programa de fomento à geração de emprego e renda. Projetos • Promoção do artesanato regional • Qualificação e requalificação profissional para a população de baixa renda • Criação de alternativas para aproveitamento dos alimentos: cozinhas comunitárias, cursos de reaproveitamento, 2. Programa de cidadania e respeito aos direitos humanos. Projetos • Articulação das políticas públicas (educação, saúde, renda) voltadas para as populações mais vulneráveis • Capacitação das famílias em situação de vulnerabilidade social, incluindo idosos e adolescentes, e portadores de deficiência • Proteção aos portadores de necessidades especiais, incluindo a adequação dos transportes • Atendimento sócio-educativo para crianças e jovens infratores • Combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes • Implantação de centros de recuperação de dependentes químicos • Utilização de espaços escolares para iniciativas de inclusão social • Capacitação e inclusão digital dos jovens • Erradicação do trabalho escravo e infantil • Proteção e assistência social às vitimas e testemunhas ameaçadas • Incentivo a empresas para a responsabilidade social • Implantação de centros de assistência e convivência da terceira idade • Implantação de sistema de proteção do direito do consumidor • Combate à violência contra a mulher • Sensibilização e conscientização da população em relação ao ECA e outros estatutos voltados à cidadania ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 329 3. Programa de promoção da cultura, esportes e lazer . Projetos • Preservação e divulgação das culturas tradicionais como base para a identidade cultural regional • Fomento e divulgação das manifestações culturais da região • Criação de festivais regionais de musica, teatro, cinema, literatura, etc • Instalação de centros culturais nos municípios da região • Promoção da pesca esportiva 4. Programa de saneamento e habitação. Projetos • Implantação de sistema de coleta seletiva do lixo • Instalação de saneamento básico completo nos perímetros urbanos • Tratamento do lixo para utilização de crédito de carbono • Promoção de habitação para a população de baixa e media renda • Implantação de loteamentos com infra-estrutura de saneamento básico 5. Programa de estruturação e implementação de um sistema integrado de redução da criminalidade. Projetos • Instalação de postos de controle e fiscalização permanente nas fronteiras • Valorização, formação qualificação e capacitação continuada das pessoas ligadas à segurança publica, especialmente técnicos e policiais • Modernização e melhoria dos equipamentos e materiais da policia • Aumento do patrulhamento da policia e da consistência nos processos jurídicos relativos à criminalidade e à violência • Ampliação e modernização do Sistema Penitenciário Estadual • Instituição de sistema de reintegração dos presos e internados em parceria com a sociedade organizada e com voluntários (assistentes sociais, psicólogos, religiosos e educadores) • Proteção da integridade do patrimônio territorial e ambiental dos povos indígenas e populações tradicionais • Ampliação da infra-estrutura do corpo de bombeiros nos municípios (veículos, contingentes, equipamentos e prédios do corpo) PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-NORTE - SINOP 330 • Ampliação da infra-estrutura da Polícia Técnica nas regionais (veículos, contingentes, equipamentos e prédios) • Melhoria da eficiência e eficácia operacional dos órgãos de combate à criminalidade 6. Programa de saúde. Projetos • Promoção da saúde preventiva na região, incluindo a prevenção bucal • Construção de centro cirúrgico na região de Sinop • Melhoria da estrutura dos hospitais regionais • Instalação do PSF na zona rural • Planejamento familiar • Implantação de calendário de exames periódicos nas escolas públicas para saúde bucal da pré-escola ao ensino fundamental 7. Programa de proteção, respeito e apoio às nações indígenas. Projetos • Exploração sustentável pelas nações indígenas dos recursos naturais das suas áreas • Valorização da diversidade cultural e construção da identidade indígena • Promoção de iniciativas com vistas à plena garantia dos direitos sociais básicos dos povos indígenas de MT • Melhoria da qualidade de vida das populações indígenas e tradicionais de Mato Grosso • Ampliação do acesso das nações indígenas à educação • Criação de alternativas na economia dos povos indígenas • Articulação institucional e participação Eixo 6 - Governabilidade e gestão pública A análise das políticas públicas brasileiras – válidas também para Mato Grosso costuma destacar como um dos seus grandes problemas a baixa eficiência e eficácia das ações e dos investimentos, gerando enorme desperdício de recursos e limitada implementação dos projetos. Por outro lado, apesar dos avanços recentes e de muito propalada, a participação da sociedade ainda é muito restrita, o que termina reduzindo o impacto e a efetividade das políticas públicas. O desenvolvimento sustentável de Mato Grosso e da Região de Planejamento de Sinop depende da capacidade dos ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO – EIXOS DE DESENVOLVIMENTO 331 governos (estadual e municipais) representarem as aspirações da sociedade e da qualidade gerencial que assegure a implementação das ações com os menores custos e a maior eficácia. O eixo Governabilidade e Gestão Pública articula as ações que procuram enfrentar os problemas de gestão pública no Estado e na Região, ampliando a eficiência, a eficácia e efetividade de todos os programas e projetos previstos pelo plano. 1. Programa de aperfeiçoamento da gestão e das políticas públicas. Projetos • Modernização e busca da excelência na gestão pública • Implantação de modelo de gestão voltado para resultados • Resgate, promoção e reafirmação da ética como valor nos serviços públicos • Ampliação do acesso e da prestação de serviços públicos via meios eletrônicos • Desestatização dos serviços públicos e setores não essenciais 2. Programa de democratização, descentralização e transparência da gestão pública. Projetos • Representação da população organizada nas tomadas de decisões (audiências públicas e fóruns populares) • Criação de um portal eletrônico dos atos e gestões públicas regionais 3. Programa de fortalecimento do sistema estadual de regulação, monitoramento e fiscalização. Projetos • Implantação de unidades técnicas de controle e fiscalização Eixo 7 – Descentralização do território e estruturação da rede urbana A expansão da economia regional tende a gerar algum processo de concentração no território, respondendo às condições diferenciadas da competitividade e segundo eficiência econômica do mercado. A estratégia de desenvolvimento regional deve compensar este movimento, criando condições para uma distribuição equilibrada da riqueza e das condições de vida no território, implementando projetos e tomando iniciativas de descentralização e desconcentração regional. Por outro lado, a PLANO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - REGIÃO CENTRO-NORTE - SINOP 332 organização do território mato-grossense e regional passa pela formação de uma rede urbana que articula os diferentes territórios, numa hierarquia de múltiplas funções no espaço. Desta forma, estratégia de desenvolvimento deve incorporar programas e projetos, articulados nos Eixos de Descentralização territorial e estruturação da rede urbana, promovendo a reorganização do território estadual. 1. Programa de desenvolvimento regional integrado e fortalecimento da rede urbana regional. Projetos • Criação de centro de estudos e fomento que coordene as ações de desenvolvimento regional, envolvendo universidades, ONG, prefeituras, etc. • Fortalecimento do planejamento urbano nos municípios • Formulação e implementação de Plano Diretor e Agenda 21 nos municípios da região • Melhoria da qualidade das cidades (habitabilidade e mobilidade urbana) 333 Bibliografia ALCANO, Joseph; DOELL, Petra; KASPAR, Frank; SIEBERT, Stefan – “Global change and global scenarios of water use and availability: an application of WaterGAP1.0” – Center for Environmental Systems Research (CESR)/University of Kassel – Germany – June 1997. 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Moreira FIEMT Carlos Vítor Timo 339 FAMATO/IMEA Rosimeire C. dos Santos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Abílio Fernandes TRIBUNAL DE JUSTIÇA Waldir A. Serafim da Silva SEBRAE Eliane Ribeiro Chaves SETEC Evalnete M. de Campo SEFAZ Marisa F. Leão Castilho FEMA Jussara Souza Oliveira SECITEC Adenauer Tarquinio Daltro Paulo Ernesto Kluge SECRETARIA DE SAÚDE Giancarla Fontes SICM José E. Matos Conceição SINFRA/CASA CIVIL Magda F. Xavier da Silva SEDUC Paulo H. Leite Oliveira SEJUSP Roger Ramos Martini SICME Tânia R. Freitas 340 REPRESENTANTES DAS REGIÕES DE PLANEJAMENTO Alci Romanini - Sorriso Amadeus P da Silva - S. José dos 4 Marcos Ângela Melo - Barra do Garças Aumeri C. Bampi - Sinop Célio Silva - Cáceres Célia Maria de Castro - Alta Floresta Cleide Anzil - Diamantino Durvalino Suriano - Comodoro Fiorelo Picoli - Sinop Flávio Hermes - Juína Francisco Aragão Catunda - Diamantino Frinéia Cardoso - Vila Rica Jairo José dos Santos Ayres - Tangará da Serra José Luiz de Paulo - Colniza José Mazon - Barra do Garças Jorge Augusto Amed - Cáceres Juarez Orsolin – Rondonópolis Lucas de Souza - Tangará da Serra Maria José de Moraes - Sorriso Marcos Gatti - Diamantino Moacir Coppola - Tangará da Serra Nicolau Zaiden - Rondonópolis Nilda Franchi – Juara Rosângela C. R. Lazarin - Cáceres Rodrigo Arpini - Alta Floresta Tito Alves Campos - Juína Wirlisbeste Cavallari - Juara 341 EQUIPE TÉCNICA DA MULTIVISÃO COORDENAÇÃO EXECUTIVA Enéas Fernandes de Aguiar SUPERVISÃO TÉCNICA Sérgio C. Buarque COLABORADORES Ester de Sousa José Raymundo F. de Aguiar Gabriel Tenório Katter Dogercy Nunes dos Santos Francisco Fausto Matto Grosso Pereira Edvaldo Martiniano de Luna Rafael Magri Vilton Gonzaga 342