637 A MISSÃO OESTE DO BRASIL NO CONTEXTO EDUCACIONAL DE LAGAMAR, MG (1957-1966) Viviane Ribeiro Carlos Henrique de Carvalho Centro Universitário de Patos de Minas RESUMO (PERIODIZAÇÃO) Trata-se de um estudo que busca compreender a presença da comunidade presbiteriana no município de Lagamar, no período compreendido entre 1957 a 1966. (JUSTIFICATIVA) Tal presença constituiu-se num elemento diferenciador a para História da Educação Brasileira, em particular, na região do Alto Paranaíba; sendo que a fundação da Igreja Presbiteriana antecede a institucionalização da Igreja Católica nesta cidade. A implantação da comunidade presbiteriana em Lagamar deu-se através da Missão Oeste do Brasil (West Brasilian Mission), desenvolvida por missionários presbiterianos oriundos dos Estados Unidos, que, iniciaram os trabalhos religiosos no interior de São Paulo e, posteriormente, partiram para a região entre a divisa de Minas Gerais e o estado de Goiás. (OBJETIVO) Nesse sentido, objetivamos apreender o significado dos ideais ético/religiosos do protestantismo, de que a educação e o trabalho, são a fonte de salvação dos homens. Assim, os protestantes passam a vincular a cada igreja uma sala de aula, com a finalidade de tornar o indivíduo apto para ler e interpretar as Escrituras, e também, para disseminar os valores espirituais e morais da religião reformada. A pregação missionária tinha objetivos claros quanto ao significado da oração (ação salvífica da palavra) e do trabalho ( construção do reino de Deus na terra), de modo a promover a reconstrução de um novo homem, em uma nova sociedade. (METODOLOGIA) Metodologicamente, nossa pesquisa se fundamentou nos seguintes procedimentos: levantamento bibliográfico, quanto aos fundamentos históricos do protestantismo; levantamento histórico oral, sobre a implantação da comunidade presbiteriana e da Escola Evangélica em Lagamar. (FONTES) Utilizamos também como fontes as Atas da Igreja Presbiteriana de Lagamar; alguns relatórios e documentos sobre a Missão Oeste do Brasil, deixados pelos missionários norte-americanos, como ainda os livros escritos pelos próprios protestantes. (RESULTADOS) A comunidade presbiteriana, no município de Lagamar, ao fazer uso dos ideais ético/religiosos, passa a influenciar a estruturação do sistema escolar local, a partir da criação da Escola Evangélica Chagas Reis; a qual inicia suas atividades em 1957, e seu término ocorre em 1966, devido à expansão do ensino público na cidade; ou seja, a Escola Evangélica esteve em funcionamento durante o período em que a escola pública não oferecia vagas a todas as crianças e adolescentes em idade escolar. Por outro lado, os protestantes, através da Escola Evangélica, desenvolviam o processo de alfabetização das crianças na comunidade, e difundiam os seus valores religiosos, seja na sua educação de princípios evangélicos, seja na influência que exerciam na organização política e econômica do município. (CONCLUSÃO) Diante das análises realizadas, identificamos alguns elementos que confirmam a nossa hipótese inicial de pesquisa: o presbiterianismo difundiu os seus ideais no município de Lagamar, conseguindo promover uma unidade espiritual, que esteve ligada a uma concepção de trabalho e educação para a salvação, como já havia sido prescrito pelo calvinismo. Uma das características da implantação do protestianismo neste município, é a participação efetiva dos moradores no processo de propagação da nova religião. Vale citar o nome do pregador e fazendeiro José Américo Ferreira, que sem nenhum apoio religioso, pedagógico e financeiro das missões, promoveu as primeiras conversões e construiu as primeiras escolas e a primeira Igreja Presbiteriana em função da “palavra” de Deus. Enfim, podemos afirmar que a Escola Evangélica Chagas Reis teve um grande significado pedagógico/ideológico/religioso, ao proporcionar à comunidade Lagamarense educação e escolarização, em um período em que a educação, em âmbito nacional, se expandia; mas que ainda não era suficiente para atender toda a população em idade escolar, inclusive na pequena ‘ Vila dos Carrapatos”. Introdução TRABALHO COMPLETO A interpretação da História da Escolaridade Brasileira é hoje um dos grandes desafios nas pesquisas sobre educação. Este trabalho fundamenta-se na necessidade de analisar mais profundamente as especificidades locais e regionais1, contribuindo para o estudo da educação nacional e a compreensão dos atuais sistemas de ensino: entendemos que não se pode trabalhar com segurança a História da Educação Nacional sem o domínio do processo nas diversas regiões, o que permite aquilatar 1-Cf. INÁCIO FILHO, Geraldo; MOURA, Geovana F. Melo. História da Educação local e regional: um olhar atento às especificidades. Cadernos de Educação Escolar. Universidade Federal de Uberlândia. Ano 1, nº1, janeiro/junho de 2000. p.25-32. 638 a extensão das propostas teóricas e promover as necessárias correções, quando for o caso. Da mesma forma, não se pode promover o estudo isolado da realidade local, desvinculado da interpretação de caráter geral, mais abrangente. Não nos propomos, portanto, a fazer História da Educação regional: o enfoque sobre a região do Triangulo Mineiro é apenas o ângulo que utilizamos para análise e compreensão da História da Educação Brasileira. (GONÇALVES NETO, 2002:133) Nesse cenário, a constituição da comunidade presbiteriana no município de Lagamar, destacou-se pela sua participação direta na estruturação do sistema escolar local, de modo a projetar-se como situação atípica na região do Alto Paranaíba e, mesmo em relação a Minas Gerais, considerando a marcante presença do catolicismo e sua influência na escolaridade do interior do estado. A criação e implantação da Igreja Presbiteriana em Lagamar constitui-se fator de diferenciação sócio-político-cultural, na região do Alto Paranaíba, sendo que a sua fundação antecedeu a institucionalização da Igreja Católica no município. Além de realizar o trabalho religioso2, os presbiterianos fundaram em Lagamar, uma escola de alfabetização, baseada em seus princípios ético/religiosos. Nesse sentido, a pesquisa justificou-se a partir do pressuposto de que a escolaridade em Lagamar apresentou situações diferenciadas, com relação à estruturação do ensino confessional e/ou público, na região do Alto Paranaíba, sendo que as escolas organizadas pelas missões protestantes se basearam nos princípios calvinistas de trabalho e oração como forma de salvação do homem: os planos de Calvino quanto à educação foram inspirados por sua convicção de que a verdadeira religião e a educação estão inseparavelmente associadas. A preservação e segurança da Fé Reformada viram ele, requeriam um povo educado tanto quanto um ministério educado. (NICHOLS, 1981:165) Portanto, o trabalho objetivou analisar o desenvolvimento e estruturação da escolaridade no município de Lagamar, com base na atuação e presença da comunidade presbiteriana, especialmente a partir da criação da Escola Evangélica Chagas Reis, que esteve diretamente ligada ao trabalho de evangelização e educação da Missão Oeste do Brasil. Metodologicamente, a realização da pesquisa fundamentou-se no levantamento bibliográfico de obras referentes aos estudos teóricos sobre o protestantismo, as Missões Protestantes no Brasil e a escolaridade nos preceitos protestantes/calvinistas, e documentos históricos referentes ao trabalho evangélico e educativo realizado pela Missão Oeste do Brasil na região. Foi utilizado também, o levantamento histórico oral sobre a implantação da comunidade presbiteriana e a criação da Escola Evangelista Chagas Reis em Lagamar. A Reforma Protestante:princípios teológicos e educação Ao promover o movimento de reforma político-religiosa conhecido por Reforma Protestante (século XVI), Martinho Lutero provoca uma ruptura da unidade do cristianismo, até então considerado religião universal da humanidade.Baseado nos pressupostos religiosos dos textos bíblicos e na filosofia religiosa de Santo Agostinho (em que o homem é 2-O evangelista João Soares Branquinho descreveu em seu livro “Dias Abençoados”, a preocupação dos missionários protestantes e da Igreja Presbiteriana do Brasil, em levar a palavra de Deus “para os pecadores, com a finalidade de levá-los a Jesus e salvá-los dos seus caminhos errados”. (BRANQUINHO, 1992:5). Sendo a conversão dos infiéis a finalidade última dos missionários protestantes, conseqüentemente, tornou-se necessário a assistência religiosa dos novos fiéis, inclusive a sua alfabetização , para a leitura das sagradas escrituras. 639 naturalmente mal, a verdade vem de Deus, e a salvação se dá através da disciplina e da formação moral do homem sob a orientação da Igreja), Lutero chegou à conclusão de que a “salvação se dá pela fé” e não pelas obras e sacramentos prescritos pela Igreja Romana, ou pela compra de indulgências para o perdão dos pecados. Nesse sentido, Lutero ao publicar as “95 Teses sobre os abusos e as pretensões da Igreja”, negou o seu poder de ser mediadora entre o homem e Deus e, negou ainda o fato de que somente o papa pudesse interpretar as escrituras, afirmando que elas poderiam ser interpretadas por qualquer crente sincero. Ao colocar o homem em contato direto com Deus, através da leitura das Sagradas Escrituras, pretende-se quebrar não somente a forma inflexível da Igreja Católica, como também, a “Reforma” põe como seu fundamento um contato mais estreito e pessoal entre o crente e as escrituras e, por conseguinte, valoriza uma religiosamente interior e o princípio de “livre exame” do texto sagrado, resulta essencialmente para todo cristão a posse dos instrumentos elementares da cultura (em particular a capacidade e de leitura) e, de maneira mais geral, para as comunidades religiosas, a necessidade de difundir essa posse em nível popular...(CAMBI, 1999:248) Diante da necessidade de “trazer cada homem a uma responsabilidade pessoal e uma união vital com Cristo” (NICHOLS, 1981:154), torna-se indispensável, ao fiel, a leitura e interpretação das Sagradas Escrituras para sua união com Cristo. Entretanto, o número de instituições educacionais, que atendessem os pressupostos educacionais e religiosos preconizados por Lutero, não eram suficientes. Então, Lutero passa a vincular a cada Igreja uma sala de aula: “eram organizadas escolas onde existisse uma igreja, pois um dos grandes interesses de Lutero era a educação dos filhos do seu povo”. (NICHOLS, 1981:156) Daí, a supervalorização em relação à alfabetização: através da educação os homens não só estariam aptos para ler e interpretar as escrituras, para assimilar suas responsabilidades sociais; mas, sobretudo, para alcançar a salvação de Deus. E do mesmo modo que Lutero, Calvino afirmava que a salvação do homem está na “palavra Divina” contida na escrituras. Mas, para Calvino, tal salvação dependia não apenas do trabalho religioso e educativo desenvolvido nas Igrejas Reformadas, mas inclusive do aperfeiçoamento do homem pelo seu trabalho e vocação. Ao contrário de Lutero, Calvino afirma o princípio de salvação do homem, mediante a um rigoroso controle do comportamento humano, através da educação e do trabalho.3 Sendo o fiel “Chamado” ao trabalho, e a sua ascese religiosa baseada na vida cotidiana, ocorreu com o calvinismo um processo de santificação da vida cotidiana, através da racionalização do trabalho, possibilitando a organização de novas formas de produção eminentemente capitalistas; com a finalidade última, de acumular riquezas para a “glória de Deus”4. 3- Cf. LEITE, Sérgio Celani; RIBEIRO, Viviane. Predestinação e escolaridade: a comunidade presbiteriana e a educação no município de Lagamar-MG. 2002 – 97 fl. Relatório final de pesquisa apresentado ao NIPE PIBIC do Centro Universitário de Patos de Minas, Patos de Minas. 4- Se o mundo existe apenas para a glorificação de Deus, o cristão eleito está no mundo apenas para aumentar sua glória e para seguir seus mandamentos. Por isso, toda a atividade social e laboriosa do indivíduo é organizada unicamente para “aumentar a glória de Deus, o trabalho, não era apenas desejado por Deus, mas também por Ele possibilitado” (WEBER, 1994: 80). Sendo o fiel “chamado”ao trabalho, e a ascese religiosa baseada na vida cotidiana; ocorreu, como calvinismo, um processo de santificação da vida cotidiana, que tomou o “caráter de uma empresa comercial”(WEBER, 1994: 87); pois, Calvino, ao condenar o ócio, o descanso, a perda de tempo e o gozo da riqueza; afirmando que o “trabalho constitui antes de mais nada, a própria finalidade da vida”(WEBER, 1994: 113), possibilitou que se organizasse novas formas de produção baseadas na racionalização, divisão e especialização do trabalho e, na técnica; com a finalidade última de acumular riquezas para a “glória de Deus”. 640 Portanto, a Reforma está intimamente ligada a história da racionalidade do trabalho, principalmente através da ação dos puritanos na conquista do “Novo Mundo”, cujo lema era: trabalho e oração. Tal prática racionalizada de organização da vida social e individual do homem, veio a se transformar no elemento diferenciador do protestantismo, sobretudo, nos Estados Unidos. Então, após a guerra de Secessão (1865) os sulistas inconformados com a destruição do país, interessaram-se pela imigração para o Brasil; e assim, as primeiras missões protestantes iniciaram seus trabalhos em comunidades onde a Igreja Católica exercia pouca ou nenhuma influencia, como por exemplo, as comunidades rurais. Surge daí, o caráter educacional do trabalho missionário: para difundir a nova religião entre a população pobre e analfabeta, os protestantes organizaram suas próprias escolas: a escola estabelecida junto a uma Igreja Evangélica tinha objetivos definidos. Além de ensinar as primeiras letras, também ministrava o ensino religioso da Bíblia e do Bbreve Catecismo. Também era observada a prática do culto diário com orações e cânticos religiosos. A escola destinava-se a suprir a ineficiência do sistema pedagógico brasileiro e garantir instrução àquelas crianças que fossem constrangidas por práticas católicas romanistas. (HACK; 1985:64-65) Temos aqui, as duas características principais do trabalho missionário protestante no Brasil: a sua preferência pelas comunidades rurais e a construção de escolas de alfabetização destinada a crianças e adolescentes das classes populares. A Missão Oeste do Brasil No Brasil, as correntes missionárias protestantes tiveram inicio em 1859, com a chegada do norte-americano Ashbel Green Simonton, que se instalou no Rio de Janeiro. A partir de 1861, teve inicio a ação missionária dos sulistas norte-americanos, que arrasados pela Guerra Civil e tomados pelos ideais da Nova Igreja Presbiteriana do Sul, vieram para o campo de Campinas, devido ao grande número de “Crentes em Cristo”. Tem início aqui, a Missão de Nashville, com os missionários George Nash Morton e Eduardo Lane. Além de dar uma atenção especial aos convertidos, Morton e Lane iniciaram o trabalho de evangelização dos nacionais. Nesse sentido, tinha a missão, o duplo propósito de evangelizar e educar5. Com objetivos evangélicos e educacionais foram criados diversos jornais; dentre eles, “O Evangelista” (1913), fundado por John Boyle em Bagagem (Estrela do Sul); e, fundadas diversas escolas6 que educassem os “filhos da Igreja” e formassem os futuros líderes religiosos. Boyle chegou ao Brasil em 1873, de Recife transferiu-se para Campinas, onde iniciou as pregações no interior de São Paulo, indo depois para Araguari e Bagagem, onde fixou residência. Dali, Boyle iniciou uma série de viagens com o objetivo de pregar o evangelho, indo até Paracatu e o sul do Estado de Goiás. Com ele iniciou-se o trabalho missionário no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. 5 - Cf. FERREIRA, Wilson de Castro. Pequena História da Missão Oeste do Brasil. Patrocínio: CEIBEL, 1996. 6- Dentre elas, citamos o Colégio Internacional, que foi fundado em Campinas, em 1870 por Eduardo Lane e George Nash Morton (cf. FERREIRA, 1996). Ainda em 1970, o pastor Pierre Chamberlaine e sua esposa fundaram em São Paulo a Escola Americana, mais tarde denominada Instituto Mackenzie. Em 1893, deu-se a criação de uma escola elementar e de formação para trabalhadores rurais, no interior de Minas Gerais, pelo Revdo. Samuel Gamom. Posteriormente, esta escola veio a se transformar na ESAL – Escola Superior de Agronomia de Lavras. (LEITE; RIBEIRO: 2002:fl.33) 641 Entretanto, com o aumento progressivo do campo de trabalho e o grande número de fiéis convertidos, tornaram-se insuficientes os recursos financeiros e humanos para o trabalho educativo e evangélico. Surgem aí, divergências entre os missionários; enquanto uns priorizaram o trabalho educativo, os outros insistiam ser essencial a evangelização dos nacionais, embora admitissem a necessidade de criação de escolas, inclusive as que formassem o elemento leigo para o trabalho religioso. Diante de tais divergências, a Missão de Nashville, se dividiu em duas em 1906, dando origem: a Missão Oeste do Brasil – West Brazil Mission – cujo objetivo era a expansão do campo de evangelização, e compreendida o grupo de missionários sediados em Campinas, Triângulo Mineiro e Sul do Estado de Goiás; e a East Brasil Mission, cujos missionários sediados em Lavras, enfatizavam a criação de escolas, como um poderoso meio de formação religiosa. (Cf. FERREIRA, 1996:44). Definido o campo de trabalho da Missão Oeste do Brasil e os horizontes que queriam alcançar, iniciou-se um minucioso trabalho de evangelização; tanto no sentido de assistência aos convertidos, como na expansão do campo de atuação dos missionários, com a finalidade de “levar a religião” a outros indivíduos. Assim, “era preciso tão logo quanto possível recrutar e preparar o elemento nacional promissor que fosse surgindo para essa obra”. (FERREIRA; 1996:30). Ainda que a Missão Oeste do Brasil resistisse a fundação de escolas, tornou-se imprescindível a formação de evangelistas leigos, destinados ao trabalho de evangelização, e de professoras rurais, que contribuiriam em grande medida para o fortalecimento da fé evangélica através da alfabetização dos novos convertidos. Então, em 1933, Eduardo Lane fundou em Patrocínio-MG o “Instituto Bíblico” que mais tarde passou a denominar-se Instituto Bíblico Eduardo Lane – IBEL. No IBEL, ao criar-se o curso de professora rural, aliou-se a obra educacional ao trabalho de evangelização. Enfim, com o crescimento do trabalho de evangelização, tem-se a criação de escolas ao lado das Igrejas Presbiterianas com a finalidade de alfabetizar os filhos dos fieis (e dos incrédulos). E é esse o “modelo” de evangelização e de escolaridade que vamos encontrar no município de Lagamar – MG, em meados do século XX. Educação e fé em Lagamar Os primeiros documentos referentes às terras, onde hoje se situa o município de Lagamar datam de 1931, época em que o local pertencia a Patos de Minas. Antes denominada Fazenda Carrapato, Lagamar recebeu tal denominação, pelo fato de ter havido nas proximidades do município uma lagoa de água salobre. O desenvolvimento da Vila de Lagamar se deu a partir de 1938, quando ali se instalou o Sr. Porfiro Rodrigues Rosa, que objetivava abrir uma estrada que ligasse o povoado de São Pedro da Ponte Firme à Vazante, passando pela Fazenda Carrapato. Porfírio, com a construção das estradas, gerou empregos, atraindo diversas famílias para o local. Em dezembro de 1938, o povoado foi elevado à categoria de distrito (Lei 148 de 17/12/1938) com o nome de Lagamar; passando assim, a pertencer ao município de Presidente Olegário. Sua emancipação ocorreu em 30 de dezembro de 1962, pela Lei 2764. Para a instalação do município, foi nomeado intendente o Sr. José Américo Ferreira, até que se realizassem as eleições para eleger oficialmente um prefeito. O Sr. José Américo Ferreira 642 era um fazendeiro influente na região e foi o fundador da comunidade presbiteriana em Lagamar7. Como vimos anteriormente, o trabalho religioso no Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba, tem início com John Boyle. No entanto, sua atuação neste campo, incluindo Lagamar, foi efêmera; devido à sua morte. O Revdo. Wilson Castro Ferreira (1996) identifica duas fases na história da penetração do protestantismo no interior do Brasil, sendo a primeira marcada pela chegada de John Boyle à região em 1884. Esta primeira fase não chegou ao ano de 1900, sendo interrompida pela morte de um grande número de missionários pela febre amarela, inclusive a de John Boyle. Houve, então, um intervalo de mais ou menos 20 anos, em que o trabalho religioso no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba ficou por conta da população recentemente convertida. A segunda fase do trabalho missionário tem início em 1923 com a chegada de novos missionários norte-americanos na cidade de Patrocínio, que retomaram o trabalho religioso na região. Contudo, durante a fase de interregno, os crentes no município de Lagamar se uniram para ler a Bíblia e orar. Mas a consolidação da comunidade presbiteriana no município de Lagamar só ocorre após a conversão do fazendeiro José Américo Ferreira. Sobre a sua conversão, temos divergentes relatos – alguns fantásticos; que giram em torno do fato de que, após cometer um crime, o Sr. José Américo recebeu o Novo Testamento e se arrependeu de seus pecados, recebendo a salvação de “Nosso Senhor Jesus Cristo”. (Cf. RIBEIRO, 2002:3233) Após a conversão do Sr. José Américo Ferreira a “Religião Protestante” Torna-se mais difundida e conhecida no município de Lagamar, inclusive no meio rural. Neste mesmo período de expansão do evangelho, surgem as perseguições religiosas comandadas pelo prefeito de Presidente Olegário, o Dr. Adelardo Baeta Neves e o Padre João Bento, que impediram a construção da Igreja Presbiteriana nos terrenos da Vila de Lagamar. Segundo nos relata os senhores Brás Américo, e Geraldo Américo – irmãos do Sr. José Américo -, ele teria comprado um terreno um pouco acima do loteamento da vila, e ali construiu a primeira Igreja Presbiteriana de Lagamar (1930). Gostaríamos de informar que nessa época o trabalho religioso no município de Lagamar, não contava com recursos financeiros da missão oeste do Brasil. E, além de construir a igreja na vila, o Sr. José Américo também construiu igrejas no meio rural; nas localidades de Vendinha, São Brás e Conceição (município de Coromandel). E cuidou ainda, da pregação do evangelho, da construção e manutenção de escolas rurais, da contratação e pagamento de evangelistas e professoras rurais. O Sr. João José da Silva, filho do Sr. José Américo, fala das intenções do pai ao criar escolas no meio rural: ...não exista professora e o pessoal tinha aquela vontade assim de aprender, então... ele desejava que a escola, que o povo aprendesse, então fazia força de trazer um conhecimento para o povo no interior (...) só pra aprender a ler... ler e escrever (...), é... desenvolvesse intelectualmente... adquirisse conhecimento. (Entrevista concedida pelo Sr. João José da Silva em setembro de 2001 – cf. RIBEIRO; 2002: fl. 37) Acreditamos, que o Sr. José Américo Ferreira passa a fundar tais escolas rurais para possibilitar a disseminação da religião protestante na comunidade, principalmente no que diz respeito à leitura da Bíblia. Mas, por outro lado, desconhecemos até que ponto ele conhecia as 7- Cf. RIBEIRO, Viviane. Do ideário protestantes à finalidade do trabalho: os presbiterianos nos contexto educacional de Lagamar-MG (1957-1966). 2002. 56f. Monografia apresentada para conclusão do curso Pedagogia do Centro Universitário de Patos de Minas, Patos de Minas. 643 idéias calvinistas de educação e trabalho. O próprio Revdo. Wilson de Castro Ferreira admite que a situação de Lagamar era um pouco “diferente”, pois o Sr. José Américo era um homem de muita influência e, mesmo sem o apoio financeiro (e religioso) da Missão iniciou a pregação do evangelho, a conversão de amigos, moradores da região e da própria família; e, do cuidado com a alfabetização destes. (cf. RIBEIRO; 2002: fl.37) Contudo, com a ampliação da comunidade presbiteriana e o crescente interesse das missões pela região, iniciou-se um processo de formalização do trabalho religioso em Lagamar: a Igreja tornou-se congregação em 19488. Devido ao grande número de fieis, iniciou-se em 1954/1995 a construção de um novo templo situado no centro da vila de Lagamar. E desta mesma feita, construiu-se nos fundos da igreja as salas de aula da Escola Evangélica. Destaca-se, neste momento, a centralização do trabalho religioso e educacional na própria igreja; com a vinda definitiva do evangelista João Branquinho e, da supervisão pedagógica da escola, realizada pela missionária norte-americana. Martha Little. Quanto à criação da Escola Evangélica, no Distrito de Lagamar, não se sabe ao certo em que ano começou a funcionar; ao analisar as atas e documentos existentes na Igreja Presbiteriana de Lagamar, só encontramos referências sobre a Escola Evangélica a partir de Julho de 19579. Sobre a criação de escolas vinculadas ao trabalho religioso protestante, defende o Revdo Wilson Castro Ferreira: ...eu tive muito contato com a missão e sempre estimulei a missão a fundar escolas... porque o campo da missão abrangia sempre a zona rural, onde não havia escolas. Eu ficava impaciente com as crianças... inteligentes... vivas e sem escolas e a missão então resolveu... criou em Patrocínio, no Instituto Bíblico, um curso de professores rurais. Muito bom curso. (...) e então eles começaram a colocar professoras em vários lugares. (Entrevista concedida pelo Revdo. Wilson Castro Ferreira em maio de 2001 – Cf.RIBEIRO;2002: fl.39) Partindo dessa formação vocacional e religiosa, as professoras além de lecionar, participavam do trabalho religioso desenvolvido na igreja e imprimiam os princípios evangélicos ao trabalho educativo: ... era um princípio da missão manter professoras evangélicas. Mesmo porque o princípio era evangelizar as crianças, dar assistência espiritual às crianças... Embora a escola tivesse professoras que ensinasse muito bem, como de fato todos os alunos foram bem sucedidos... Todos eles que saíram para outras escolas tiveram... e... uma boa antecedência de escola. Foram aprovados em todas... tiveram interesse... todos foram aprovados. (Entrevista concedida pelo Sr. Valdir Gonçalves de Lima em junho de 2001- Cf. RIBEIRO, 2002: fl.40) Reforçando o preceito de “dar assistência espiritual” às crianças dentro da própria escola, apresentamos o depoimento da professora Exdras Gonçalves Portes:“... então essas escolas eram mesmo pra ajudar, era um auxílio... aqueles lugares pobres, aquelas regiões pobres, e até pra evangelizar... as pessoas dentro da própria escola pra ajudar a Igreja” (Entrevista concedida pela professora Exdras Gonçalves Portes em Agosto de 2001. Cf. RIBEIRO; 2002:fl.40) 8- Cf. Estatuto da Congregação Presbiteriana de Lagamar-MG,1948. 9- Cf. Atas da Assembléia Geral e da Mesa Administrativa da Congregação Presbiterial de Lagmar-Pilar, Ata nº20: p.23.1948/1957. Não encontramos em Lagamar, nem no IBEL em Patrocínio, nenhum livro de ata ou qualquer outra documentação – como diários e cadernos de planejamento – específicos da Escola Evangélica em Lagamar. Segundo o Revdo. Wilson Castro Ferreira, toda a documentação referente ao trabalho missionário norte-americano no Brasil, se encontra em Montreat nos Estados Unidos. 644 Confirma-se através da fala da professora Exdras, a máxima protestante de unir o trabalho educacional a ação religiosa, por intermédio da alfabetização (ao possibilitar a leitura das Sagradas Escrituras) e da divulgação dos preceitos religiosos do protestantismo (ao disseminar os seus idéias espirituais e morais). A Missão Oeste do Brasil, além de formar agentes especiais de educação, mantinha a Escola Evangélica, pagando os professores, fornecendo-lhes moradia e alimentação, enviando material didático, cuidando da manutenção do prédio e, sobretudo supervisionando pedagogicamente o trabalho docente: “... a missão dava uma assistência financeira a todas as igrejas. Depois é que iam desligando. A missão ia se desligando da igreja... e a igreja se mantinha por conta própria. “(Entrevista concedida pelo Sr. Valdir Gonçalves de Lima em junho de 2001 - cf. RIBEIRO,2002:fl.41) Sendo a Escola Evangélica inicialmente mantida pela Missão Oeste do Brasil, os pais não pagavam mensalidades. No entanto, no ano de 1962, a Igreja e a Escola Evangélica foram organizadas pelo Revdo. Graciano Chagas Reis, que assumia o trabalho religioso em Lagamar. Observamos, que a partir deste momento, a igreja passa a se manter sozinha. E por falta de recursos, neste mesmo ano de 1962, a Escola Evangélica passa a cobrar uma pequena mensalidade dos alunos, pelo menos daqueles que pudessem contribuir10. Em 1965/66 o funcionamento da escola passou a depender unicamente do pagamento de mensalidades por parte dos alunos; chegou-se mesmo a pedir a cooperação de todos os fieis, com filhos em idade escolar, que matriculassem os mesmo na escola evangélica. Vale ressaltar que o Revdo. Graciano Chagas Reis, organizador da Igreja Presbiteriana e da Escola Evangélica, faleceu neste mesmo ano em Lagamar. Para homenageá-lo, a comunidade presbiteriana local mudou o nome da Escola Evangélica da Missão Oeste para Escola Evangélica Chagas Reis. Na escola, haviam turmas de 1ª à 4ª série, e mais tarde passou a funcionar o 5º ano, uma espécie de curso admissional para o antigo curso ginasial. Para unificar o trabalho educativo/religioso que era desenvolvido na escola, além da formação dos docentes pelo curso de formação de professores rurais do IBEL, a supervisora Martha Little desenvolveu um rigoroso trabalho de controle destas escolas. Nesse sentido, as orientações para o desenvolvimento do trabalho pedagógico nas escolas evangélicas vinham de Patrocínio através da referida supervisora. Segundo a professora Exdras Gonçalves Portes, o planejamento era o mesmo para todas as escolas; as professoras confeccionavam o material didático-pedagógico sob a orientação de Dona Martha Little, que ficava até uma semana inteira na escola, dando assistência pedagógica às professoras e, observando se a prática coincidia com as suas orientações. O trabalho de supervisão das escolas evangélicas visava garante a unidade e o caráter evangélico do trabalho educativo. Para o Revdo. Wilson Castro Ferreira, a linha filosófica destas escolas: “tinha naturalmente um fundamento evangélico... um embasamento de caráter evangélico... inclusive uma linha devocional”.(Entrevista concedida pelo Revdo. Wilson Castro Ferreira em maio de 2001 - cf. RIBEIRO. 2002: fl.43). Assim, o Revdo. Wilson acredita que a prática pedagógica dos professores se baseou na técnica e no pragmatismo, sendo esta a linha pedagógica americana. De acordo com o Sr. Valdir Gonçalves de Lima, a missão não seguiu nenhum método ou linha especial de ensino; o programa curricular era o mesmo do estado, apenas o princípio era evangélico. Entretanto, esta influência metodológica americana, não ocorreu exclusivamente nos colégios evangélicos, mas no sistema de ensino público em geral, através da linha de pensamento Escolanovista, difundida no Brasil pelos pioneiros da Educação Nova. 10- Cf. Atas do Conselho da Igreja Presbiteriana de Lagamar, 1954. Livro II: Ata nº 24.p.3v; e Livro Auxiliar, 1996. Ata nº10.p.7. 645 Se por um lado a proposta da “Escola Nova” se fez presente através de inovações metodológicas, adotadas para a alfabetização de crianças e o processo de ensino em geral. Por outro lado, observamos que esta proposta de “Pedagogia Ativa”, continuou mantendo os alunos submissos e silenciados: o ato de ensinar continua sendo o expositivo; e o ato de aprender, o passivo. A escola evangélica Chagas Reis atendia crianças de todos os credos, desde que se respeitasse o seu princípio evangélico. No início da aula era realizado um pequeno culto, com a presença de todos os alunos. O culto consistia na leitura de um pequeno texto da Bíblia, o comentário era realizado pelo pastor (ou pelas professoras) e havia o canto de hinos. Após o culto, os alunos se diriam para as salas de aula: todo mundo assentava em silêncio e começava a dar aula... mas a hora que começava a dar aula, quem quisesse participar tinha oportunidade, desde que levantasse a mão e ninguém falasse... falasse um de cada vez e ninguém atropelasse o colega (...), eu fui uma professora rígida. (...) Eu me coloco como uma professora muito rígida, não de maldade... de judiação, de palmatória... de varada, isso não. Mas... quando eu falava, tudo que eu falava era uma ordem. (Entrevista concedida pela professora Martha dos Reis Caixeta em novembro de 2001 - cf. RIBEIRO, 2002: fl.46) Observamos, que havia uma relação entre a religiosidade e a disciplina em sala de aula. Como preconizava Calvino, através do controle do comportamento pessoal: pela educação, oração e trabalho, o homem obteria a salvação. Ainda que a escola evangélica se deparasse com vários problemas, em relação aos recursos materiais e humanos; ela contribuiu, por quase uma década, com a alfabetização e a orientação religiosa das crianças e adolescentes da cidade de Lagamar. Durante todo o seu período de funcionamento, a escola não contou com a ajuda financeira por parte do estado ou dos municípios de Presidente Olegário e Lagamar. Também, não conseguiu obter o devido reconhecimento pelo trabalho social e educacional que realizou na comunidade lagamarense. O funcionamento da Escola Evangélica Chagas Reis ocorreu no período de 1957 a 1966; sobre o seu fechamento, temos o desinteresse da missão pelas escolas de alfabetização, diante da progressiva oferta do ensino público. Houve, então, a tentativa do Sr. Valdir Gonçalves de Lima de transformar a Escola Evangélica em escola pública. Entretanto, a missão não consentiu, resolvendo que a escola só seria reaberta caso houvesse falta de vagas nos grupos escolares da cidade e, um número de alunos suficientes para tal (Ata do Conselho da Igreja Presbiteriana de Lagamar-MG,1967:ata nº 35, p.1) A escola evangélica Chagas Reis, como qualquer outra escola da mesma natureza teve como ideário, o pressuposto moral/religioso, estando à base de seu trabalho educativo, voltado para a salvação dos fieis e a organização da sociedade nos moldes protestantes. Confirma-se, então, a máxima calvinista que objetivou, a partir da escolarização, promover a evangelização dos povos e, ao mesmo tempo, difundir seus valores morais e espirituais. Considerações Finais O princípio luterano-calvinista de se “construir uma escola ao lado de cada igreja” objetivou, através da educação, promover a salvação do homem e disseminar os ideais protestantes em toda a sociedade, a fim de transformá-la.O trabalho missionário no Brasil, desenvolvido pelos protestantes norte-americanos, que inspirados pela máxima calvinista de trabalho e oração, pretendia a construção de uma nova sociedade, perante a formação de um novo homem. 646 Os primeiros missionários se instalaram no Rio de Janeiro, na cidade de São Paulo e no interior do estado paulista. Os trabalhos religiosos se iniciaram em Campinas, expandindo posteriormente para o Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e sul de Goiás, com o trabalho do pioneiro John Boyle. Assim, criou-se em 1.933 o “Instituto Bíblico Eduardo Lane” (IBEL), em Patrocínio, constituindo-se em um núcleo administrador do campo missionário, formador de elementos leigos para o trabalho evangélico e educativo, através dos cursos para formação de evangelistas e professores rurais. Embora a Missão Oeste do Brasil se caracterizasse pelo seu caráter exclusivamente evangelizador, acabou priorizando a construção de escolas para alfabetizar os filhos dos fiéis. No caso específico de Lagamar, o trabalho religioso que num primeiro momento foi iniciado pela visita esporádica de alguns missionários foi, posteriormente, retomado e intensificado pelo Sr José Américo, que após a sua conversão, viu na religião protestante a possibilidade de modificar e “modernizar” a comunidade local. Portanto, o Sr José Américo Ferreira foi o responsável pelo desenvolvimento da comunidade presbiteriana em Lagamar, durante o período em que as Missões estiveram ausentes deste campo. E por conta própria, em favor da “nova” religião, passou a criar escolas no meio rural, alfabetizando crianças e adolescentes, inclusive os filhos de pais “incrédulos”, indo de encontro aos ideais luterano-calvinistas de se “construir uma escola ao lado de cada igreja”, permitindo que os fiéis interpretassem, por si mesmos, as sagradas escrituras. Com o aumento de fiéis, a Missão Oeste do Brasil, retoma a direção dos trabalhos religiosos em Lagamar, enviando o evangelista João Soares Branquinho, que passa a reorientar o trabalho religioso no município. Assim, a Escola Evangélica Chagas Reis, iniciou suas atividades em meados de 1957, se diferenciando das escolas rurais, por ser reconhecida, mantida e supervisionada pela Missão Oeste do Brasil. As professoras, formadas pelo curso de Professores Rurais no IBEL, em Patrocínio, ao mesmo tempo em que seguiam os princípios curriculares e pedagógicos da escola oficial, conferiam ao ensino, da escola em questão, os princípios evangélicos, seja através do miniculto realizado no início das aulas ou através do rígido controle disciplinar. Ainda que existissem indícios de uma prática pedagógica inspirada na Escola Nova, observa-se que a tendência pedagógica predominante na Escola Evangélica Chagas Reis foi a Tradicional, baseada na exposição oral do professor e na memorização e repetição por parte do aluno. Enfim, podemos afirmar que a Escola Evangélica Chagas Reis, teve um grande significado pedagógico e ideológico/religioso, ao proporcionar à comunidade lagamarense, educação e escolarização, em um período em que a educação, em âmbito nacional, se expandia, mas que ainda não era o suficiente para atender a toda a população em idade escolar, na pequena “Vila dos Carrapatos”. 647 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANQUINHO, João Soares. Dias abençoados. Brasília: Editora Empreendimentos Evangélicos LTDA, 1992. (Obra Póstuma) CAMBI, Franco. História da Pedagogia . Trad. de Álvaro Lorencini. São Paulo: Editora UNESP, 1999. p. 135 – 255. FERREIRA, Júlio Andrade. História da Igreja Presbiteriana do Brasil. 2 ed. São Paulo, Casa Editora Presbiteriana: 1992 (Volume II). FERREIRA, Wilson Castro . Pequena História da Missão Oeste do Brasil. Patrocínio: Edição e Distribuição CEIBEL, 1996. 93p. GONÇALVES NETO, Wenceslau. 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