C A PA
Cor não existe
Por Nelson Bavaresco
guindo essa seqüência ou invertê-la.
mento para vê-las com um certo grau
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www.sistemace cor.com.br
Vamos começar pelo fim, mas fazen-
de intensidade. Também sonhamos
do uma importante advertência: quan-
colorido. Portanto, vendo cores de
do se fala de luzes coloridas do es-
olhos fechados. Somente quem nun-
isso mesmo: cor não existe concre-
pectro, é tradição se falar de sete
ca viu cores é que não poderá vê-las
tamente. Sendo uma sensação pecu-
cores, segundo o disco de Newton.
de olhos fechados. Não haverá qual-
liar ao homem, como à maioria dos
Entretanto, para a visão cromática
quer registro de cores no cérebro do
animais, ela existe apenas em nossa
bastam apenas três cores (comprimen-
não vidente.
mente.
tos de onda do azul-violeta, que cha-
Assim, a cor só existe por que nós
Mas então, como é que nós “vemos”
maremos de anil, do verde e do ver-
existimos. Nós somos os percebedo-
coisas coloridas, pergunta o leitor?
melho).
res e podemos descrevê-las, da mes-
É
Há inúmeras formas disso ser expli-
ma forma como podemos descrever o
cado, mas sempre envolvendo diver-
O observador
sabor de uma comida ou o perfume
sas disciplinas do conhecimento hu-
O observador somos nós. Tratando-
de uma flor. Ou ainda a textura de
mano. A explicação básica, mais sim-
se a cor de um fenômeno perceptivo,
um objeto ou o som de uma melodia.
ples, baseia-se nos três pontos de um
vemos as cores em nosso cérebro, da
Assim, audição, olfato, tato e gosto
tripé, como mostra a ilustração logo
mesma maneira que podemos visuali-
são sensações que “sentimos”, mas
abaixo.
zá-las até de olhos fechados. Às ve-
que também não existem concreta-
Podemos iniciar nossa explicação se-
zes, isso depende de um certo treina-
mente. É claro que essas sensações
dependem sempre dos “imputs” trazidos por algum “por tador”, como
ondas mecânicas (som) ou ondas eletromagnéticas (luz).
Dentre os nossos canais de percepção, a visão é a que mais atua em nós,
ocupando um alto índice de funcionalidade, conforme os valores aproximados do gráfico abaixo quando
comparados aos demais sentidos.
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VISÃO
VISÃO
83%
83%
AUDIÇÃO
AUDIÇÃO
11%
11%
OLFATO
OLFATO3,5%
3,5%
TATO
1,5%
TATO
1,5%
GOSTO
1%
GOSTO
1%
Quando somos invadidos por algo que
venha excitar um ou vários desses canais de percepção, como a visão, o olfato ou o tato, também ocorre um ou-
pode nos levar à lembrança de seu per-
tribui para a percepção da realidade
tro processo psíquico-fisiológico co-
fume característico e vice-e-versa: seu
que nos cerca.
nosco, como uma cadeia de sensações
perfume também pode nos trazer a lem-
É claro que existe um fantástico apara-
que nos remete a outras sensações e
brança de sua imagem e de sua cor ca-
to relacionado a este canal de percep-
lembranças. Trata-se de um processo
racterística.
ção. O olho é como uma câmera foto-
designado por “sinestesia”, com diver-
A importância desse fenômeno subjeti-
gráfica - ou, mais precisamente, como
sas alterações psicossomáticas que afe-
vo é tanta que ele pode até ser direcio-
uma filmadora - comum até em telefo-
tam nosso estado de espírito.
nado pelos processos de comunicação,
nes celulares, graças à informática.
Assim, ao percebermos uma cor, mui-
induzindo observadores a uma deter-
A visão é um processo continuo de
tas outras sensações podem associar-se
minada sensação, um determinado
transmissão de imagens, que através do
a ela de forma inconsciente, sem qual-
comportamento.
nervo óptico, liga a retina ao cérebro.
quer controle. A visão de uma bela flor
A visão é um dos canais que mais con-
O próprio nervo ótico já seria uma par-
Os neurologistas concluíram que, se deixássemos
dicos. São eles que possibilitam a qualidade da
de piscar, provavelmente também deixaríamos de
visão quando o olhar está (aparentemente) fixo.
enxergar. Piscar ajuda a deletar as pós-imagens da
Os objetos que mais despertam interesse para a
retina e outras do cérebro, renovando assim o
visão são alvo dos movimentos microssacádicos
“continuum” da visão.
de forma enviesada, independente do lugar para
Outra função essencial para a visão são os micro-
onde a pessoa esteja olhando, revelando uma ação
movimentos: o olho executa constantes movimen-
inconsciente.
tos, como se estivesse escaneando o objeto de seu
Podemos dizer que o mecanismo da visão come-
interesse. Mesmo quando se fixam em alguma
ça no olho e termina no cérebro, como uma
coisa, eles se deslocam de forma imperceptível,
sensação de efeito abrangente, sinestésico. Em
pois são movimentos essenciais para enxergarmos
conseqüência, só a visão envolve inúmeras disci-
bem.
plinas científicas para tratar somente da questão
Na história mais recente da visão, esses movimen-
da cor. Assim, deixaremos para uma outra opor-
tos de fixação ocular são chamados de microssacá-
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“Piscar” é mais que bom para a visão.
tunidade um maior aprofundamento dessa parte.
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te do cérebro, processando dados até a
central de imagens. O fundo do olho é
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coberto por uma camada de fotorreceptores especializados em perceber
determinados comprimentos de ondas
eletromagnéticas (a luz).
São esses “imputs” diferenciados que
determinam a sensação de uma ou de
outra cor refletida segundo as características de uma determinada superfície,
registrando na retina sempre a cor complementar, como na ilustração 1.
imagem que é observada, a prancha
forma espontânea, em diferentes cul-
Em algum compartimento desse fabu-
amarela. Assim, sem a luz, não há co-
turas do mundo. Ou então, criando-se
loso computador fisiológico que é o
res. Entretanto, mesmo havendo luz, a
novos códigos cromáticos específicos
cérebro, há certamente um banco de
cor só existe porque a percebemos.
destinados a novas finalidades.
dados, com cores e formas armazena-
Portanto, sem nós, que somos os ob-
Entretanto, como veremos mais adian-
das em algumas partes da massa ence-
servadores e relatores das sensações
te, muito dos significados e simbolis-
fálica. Dependendo do “imput” rece-
percebidas, também não haveria cor.
mos das muitas linguagens cromáticas
bido, disponibiliza imagens prontas.
Para relatar o que é a cor, o homem
são decorrentes da própria luz e de suas
Ou então adapta ou constrói novas
utiliza um importante recurso, a lin-
propriedades e efeitos.
imagens. Tudo isso em frações de se-
guagem. Com o surgimento da lingua-
A cor é, sem dúvida, um fato cultural,
gundos.
gem falada e escrita, vieram também as
de origem física, fisiológica e psíqui-
Veja na ilustração 2, de forma estiliza-
comparações, a simbologia e muitos dos
ca. Não existe concretamente: nós é
da, isso que estamos explicando super-
significados que hoje atribuímos às co-
que a descrevemos por um processo
ficialmente, onde a luz - nos seus três
res. Isso é tão forte em todas as cultu-
lingüístico. Passemos então para o se-
comprimentos de ondas: anil, verde e
ras, que a cor se tornou uma linguagem
gundo ponto do tripé.
vermelho - aparece como portadora da
universal, que pode ser apreendida de
O objeto
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O objeto pode ser qualquer coisa, sólida ou maleável, como muitas substâncias líquidas ou pastosas (as tintas, por
exemplo, são substâncias). Generalizando, é tudo que está ao nosso redor,
ao alcance da nossa visão. Coisas como
as rochas e os diferentes tipos de terra.
Ou as flores, os vegetais, os pássaros,
as borboletas etc. Neste texto, vamos
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xa da luz branca se constitui nas cores. As diferentes propriedades de absorção dos objetos significam, portanto, diferentes cores para a nossa percepção.
Quando um objeto (ou mesmo uma
tinta) absorve praticamente toda luz,
o que vemos é um objeto preto. Isso
O Preto mais que preto.
Faça este teste: olhe para o ponto central da imagem à esquerda por alguns instantes. Depois, olhe para o
pronto central da imagem da direita. Você verá a formação de uma cruz sobre o preto da segunda imagem,
só que mais preta que o preto.
porque ele aprisionou todas as oscilações eletromagnéticas da luz, que são
transformadas em calor.
Mas nunca será de um preto absoluto,
tratar qualquer coisa que reflita luz por
te à cor amarela. Todos são constituí-
pois alguma oscilação sempre é refle-
“objeto”, tanto as manufaturadas pelo
dos por moléculas formadas por áto-
tida. Assim, sempre podemos perce-
homem, como aquelas reino mineral,
mos, cujas propriedades de absorção e
ber alguns poucos detalhes de sua con-
animal ou vegetal que possam ser vista
reflexão revelam aquilo que chamamos
formação. E se esse mesmo objeto re-
por um observador.
de cor.
fletisse toda a luz incidente?
Todos os corpos naturais são compos-
Resumindo: todos os objetos têm a pro-
Bem, toda luz (ou quase toda) signifi-
tos por determinadas matérias, com de-
priedade de absorver luz. Isto é, de ab-
ca todos os comprimentos de onda da
terminadas propriedades fisicoquími-
sorver determinados comprimentos de
luz visível. Quando todos os compri-
cas. Objetos manufaturados também
ondas da luz incidente, independente-
mentos de ondas são misturados, o re-
podem ser revestidos artificialmente
mente de se tratar de luz natural, como
sultado será a sensação de cor branca.
por substâncias colorantes, como, por
a do Sol, ou artificial, como a luz das
Mas como isso ocorre? E por quê? Es-
exemplo, um armário pintado com uma
lâmpadas. Entretanto, como nunca os
sas são perguntas que esperamos res-
tinta que tem a propriedade de refletir
objetos absorvem toda a luz incidente
ponder logo adiante, no terceiro pon-
comprimentos de onda corresponden-
sobre eles, aquilo que refletem na fai-
to do tripé.
O anil e o vermelho são as cores extremas do espectro. Sendo o
primeiro, de menor comprimento de onda, sua freqüência é
maior, sendo uma irradiação mais penetrante, influindo mais
em nosso psiquismo interior, Contrariamente, o vermelho, de
comprimento de onda maior, possui freqüência menor. Sua
radiação é menos superficial, porém muito mais excitante ao
nosso “eu exterior”.
O verde é a cor central, por volta de 520 nm, portanto, de
irradiação mediana. Assim, relaciona-se ao nosso bem-estar quando
estamos estressados. Relaciona-se também ao verde do meio ambiente, principal responsável pela vida na Terra dos humanos e
demais animais, processando o oxigênio, sem o qual a vida não
existiria. Por isso o verde simboliza o equilíbrio e a esperança.
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A luz
por freqüência. Isso para facilitar a
co do espectro cromático. Dizem que
A luz é um fenômeno até hoje cheio de
compreensão dessa relação onde, quan-
mais rápido que a luz, só mesmo o pen-
mistérios quando pesquisamos suas
to menor o comprimento de onda, mai-
samento, embora não haja provas de que
propriedades físicas. Assim, a cor tam-
or a freqüência.
algum pensamento tenha transportado
bém pode ser explicada pela emissão
Em nossa tentativa de explicar como a
alguma coisa de um lugar para outro.
de fótons de energia vibratória, já que
luz revela as cores para o nosso cére-
Apenas em histórias e filmes de ficção
a luz possui essa estranha ambigüida-
bro, vamos nos ater apenas às suas ca-
científica, como “Jornada nas Estrelas”,
de: ora de manifestar-se em termos de
racterísticas oscilatórias, em seu per-
a nave Enterprise se move muito acima
onda, como também de partículas, se-
curso através do olho.
dessa velocidade.
melhante a uma entidade de dupla per-
A luz se propaga no espaço a 300.000
Contudo, não é a velocidade da luz re-
sonalidade No nosso gráfico de ondas,
km por segundo, através de oscilações
lacionada às cores que nos rodeiam o
há uma relação entre comprimentos de
eletromagnéticas, em diversos compri-
que mais nos importa e sim, os compri-
ondas e a energia vibratória, conhecida
mentos de onda, como mostra o gráfi-
mentos de onda da energia eletromagné-
Cientistas, filósofos e artistas
fatos jamais vistos em qualquer lugar ou em qual-
O grande poeta e pensador alemão Goethe discu-
visão está sujeito a inúmeras ilusões, provocadas
“Principia” revolucionou toda a ciência pelos sé-
tiu uma vez com o filosofo Schopenhauer sobre
por efeitos ópticos e truques visuais. Nós mesmos
culos seguintes, embora “Opticks”, onde relata
a luz, exatamente quando este último fazia seus
inventamos muito deles para teste, como os efeitos
sua grande descoberta, de que as cores projetadas
comentários sobre essa questão.
de fundo e figura e os efeitos de movimentos,
por um prisma podiam ser transformadas nova-
Schopenhauer teria dito que “o mundo sensível
como o cinema, por exemplo. Nosso cérebro está
mente em luz branca, só tenha sido publicada em
era nossa representação e que a luz não existiria se
preparado para lidar com imagens conhecidas e
1704, quando tinha já 62 anos.
não a víssemos”, ao que Goethe teria retrucado:
arquivadas em nosso subconsciente. Quando nos
Seguramente, não podemos deixar de creditar a
“Não, o senhor não existiria se a luz não o visse”.
deparamos com coisas desconhecidas, em certas
Goethe, opositor radical das teorias racionalistas de
Esses dois pontos de vista são meio semelhantes à
situações podemos ser iludidos quanto à realidade
Newton, um importante passo no avanço quando
questão do que teria surgido primeiro: se o ovo ou
do episódio. Um acidente de carro visto por 20
ao entendimento das muitas facetas e propriedades
a galinha. Até porque é certo que a luz não “vê”
pessoas dará 20 relatos parecidos, mas alguns deles
subjetivas das cores e do modo como elas interagem
ninguém, apenas ilumina seres e objetos que este-
serão completamente díspares, especialmente quan-
entre si, e ainda, da forma como nos afetam moral-
jam na direção de seus raios, enquanto a cor é uma
to à cor, o modelo do carro, o número da placa do
mente. Ou melhor, psicologicamente.
propriedade intrínseca destes, segundo suas propri-
veículo ou a aparência do motorista que se evadiu.
Entretanto, enquanto os filósofos e pensadores
edades fisicoquímicas. Por outro lado, se alguma
De fato, a apreensão da realidade não depende só
discutem essas intermináveis questões, os cientis-
coisa não estiver iluminada - como os corpos de
daquilo que podemos ver ou daquilo que é “visto”
tas, técnicos, pintores e artistas gráficos resolve-
Schopenhauer ou Goethe - como podemos vê-la?
pela luz. Depende também daquilo que vimos du-
ram teoricamente como usar na prática, os princí-
Sem iluminação da luz, não perceberíamos o ou-
rante toda nossa vida e daquilo que vivenciamos
pios da mecânica da cor nas duas sínteses, cujo
tro (portanto, não existiríamos) e sem a nossa per-
através dos outros canais de percepção, como ain-
resultado prático é a TV , os monitores de com-
cepção, nossa consciência de luz e cor não existiri-
da da educação recebida e dos fatos culturais que
putador e os telões em cores. E também a impres-
am também.
nos cercam. Desse modo, o raciocínio também é
são de alta qualidade industrial ou mesmo em
Por outro lado, tudo aquilo que percebemos pela
uma ferramenta que permite nos apropriarmos de
casa, com impressoras a jato de tinta.
quer época. Toda a obra de Newton (1642-1727)
foi “craniana” em torno dos seu 26 anos. Sua obra
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todas. Isso por que a luz solar (indireta)
é a luz perfeita para a iluminação dos
objetos que vemos. Pode-se dizer que a
luz solar moldou nossos olhos, esse aparato fantástico de que os videntes podem dispor e apreender, desde a mais
tenra idade, o que são as cores.
O espectro colorido pode ser visto
quando a luz passa por um corpo
prismático, constituído por matéria
transparente, como prismas de vidro, gotas d’água, bordas de copos e, de forma surpreendente, pelos CDs, coisa que qualquer um já
pode observar à luz do Sol. Veja que o termo “observar”,
remete a nós, que percebemos as cores. Quando um CD está dentro de um envelope opaco, não vemos a refração da
luz transformada em cores. Somente se exposto a alguma luz é que podemos ver toda a gama de cores que irradia.
Todavia, temos outras fontes de luz. Desde de uma vela até os diversos tipos de
lâmpadas que produzem luz com diferentes propriedades se comparadas a do
Sol. Estas costumam afetar as cores, alterando seu aspecto, um assunto de que
traremos numa próxima oportunidade.
Nossa visão trabalha com apenas três
tica, situados na faixa dos 400 ~700 nm,
onda, o máximo que conseguiríamos fa-
comprimentos de onda. Isto é, possui
onde nm significa nanômetro. O Nanô-
zer seria apenas um minúsculo borrão.
apenas três tipos de fotorreceptores es-
metro é o fracionamento de uma bilio-
A luz nossa de cada dia é resultante da
pecializados em detectar as ondas da luz
nésima parte do metro. A espessura de
energia irradiada pelo Sol, nossa estrela
correspondente ao anil, verde e verme-
um fio é, aproximadamente, 100.000
mais próxima. Apesar do seu aspecto
lho -cores primárias “perfeitas” - com as
vezes maior que um nanômetro. Portan-
amarelado, chamamos a luz visível do Sol
quais podemos obter todas as demais. As
to, não se iludam com o gráfico em que
de “luz branca” por que ela revela - com
cores dessa faixas produzem a síntese
é mostrado o comprimento de ondas mai-
perfeição - aquilo que chamamos de “cor
aditiva da cor-luz, cujas misturas são di-
ores e menores. Se fôssemos representar
branca”, como a cal e outras matérias
ferentes das obtidas por pigmentos. A
de modo real esses comprimentos de
que “sabemos” serem mais brancas que
mistura das primárias das cores-luz resulta em branco. A TV e o monitor de
computador trabalham com a síntese
aditiva da cor-luz, cujo processo é conhecido pela sigla inglesa RGB, de red,
green e blue. Ou vermelho, verde e azul
(este último que eu, particularmente,
chamo por anil).
Já as tintas seguem as leis da síntese subtrativa, com outras cores primárias, típicas das artes gráficas e dos diversos sistemas de impressão. Nestas, as cores pri-
Gráfico das superfícies coloridas e como são vistas as cores pelo olho
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márias, com as quais se podem obter to-
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das as demais cores são: ciano, magenta e
ção resulta no fenômeno cromático e que
amarelo, conhecidas pela sigla inglesa CMY,
descreve a base contemporânea da Teo-
de cian, magenta e yellow. São cores que
ria da Cor. Eliminando-se um desses
seguem padrões internacionais, tidas como
pontos, a cor - teoricamente - não exis-
“primárias perfeitas” das cores-pigmento.
te. Teoricamente, pois não sendo o ob-
Como os sistemas de impressão também
servador o eliminado, este ainda pode
usam o preto, este é designado pela letra
ver cores mentalmente.
K, formando a sigla CMYK. O termo sín-
Isso é meio semelhante ao fogo e qual-
tese subtrativa é pelo fato de que a mistura
quer bombeiro sabe disso. Para que o fogo
das três cores resulta em preto, que subtrai
possa acontecer, depende de três elemen-
a luz incidente.
tos: material combustível, calor e oxigê-
Com esse terceiro ponto, fechamos o tri-
nio. Teoricamente, eliminando-se um de-
pé observador, objeto, luz, cuja intera-
les, o fogo se extingue.
Teste do coração
Olhe para o centro do coração verde por alguns segundos, em condições de boa iluminação. Depois olhe
para o centro do contorno em branco, à direita. O que você vê?
Nelson Bavaresco é designer gráfico, artista plástico e diretor da Gerart Design
e Recursos Visuais Ltda. Pesquisa sobre a
cor desde 1975 e possui uma notória coleção de livros sobre o assunto. Bavaresco trabalha em análises cromáticas para
múltiplas finalidades dentro do segmento atendendo à pesquisas e ao mercado.
Desenvolveu o SCC (Sistema de Cores
Cecor) responsável por uma gama de produtos sobre a arte e ciência da cor; é
membro do Conselho Tecnocientífico da
Associação Pró-Cor do Brasil
(www.procor.org.br) e do Conselho Científico do “Istituto del Colore”, de
Milão (www.istitutocolore.it). Como designer e artista plástico, recebeu as seguintes láureas: prêmio revelação, no “I
Salão Paulista de Arte Contemporânea”,
em 1969; prêmio Letraset de viagem à
Europa, pelo desenho do tipo “Bavaway”,
em 1981.
Este texto introduziu uma série de artigos sobre a cor a serem publicados em
Editor&Arte a partir da próxima edição.
Dúvidas sobre o tema e sugestões de pauta podem ser enviadas para
[email protected]
© 2007 Texto e imagens cedidos para esta edição.
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