AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E HÁBITOS DE ESTUDO NO
IFMT CAMPUS CONFRESA: REFLEXÕES
Aline de Arruda Benevides1 - IFMT
Oséias dos Santos2 - IFMT
Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas
Agência Financiadora: PROEM/PROPES/IFMT
Resumo
Desde 2010, o Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – IFMT – Campus
Confresa, oferta vagas no Curso Médio Integrado Técnico em Agropecuária, no Território da
Cidadania Araguaia Xingu. Ao ingressar no Campus os estudantes deparam com vários
desafios, como: viver distante de seus familiares, em quitinetes, casa de amigos, parentes ou
ficam em regime de internato dentro do Campus. O curso é integral, com acréscimo de
disciplinas técnicas no currículo do ensino médio. O processo de verificação da aprendizagem
também se destaca entre as dificuldades encontradas; pois a maioria dos estudantes tem sua
origem em escolas que adotam a progressão continuada, que “elimina ou diminui
significativamente a reprovação”. Adaptar-se a essa nova realidade é um transtorno ao aluno,
que além de ter excessiva carga horária semanal, também se preocupa constantemente com a
nota. Considerando o exposto, o objetivo deste trabalho foi mapear os hábitos de estudo dos
estudantes do Curso Técnico em Agropecuária do IFMT do Campus Confresa. A pesquisa foi
realizada entre os meses de dezembro de 2013 à outubro de 2014 e os dados foram coletados
por meios de questionários. Como? Quando? Onde? Com quem? Os estudantes do Curso
técnico estudam após cumprirem os seus horários em sala de aula. Estas questões nos
instigam a conhecer os fatores envolvidos na dinâmica da aprendizagem dos estudantes no
cotidiano extraclasse. E também nos transladam à necessidade de conhecer e compreender a
dinâmica estudante/avaliação para fortalecer o ensino aprendizagem dentro do Curso, por
meio de intervenções políticas pedagógicas que consideram a realidade do estudante. Nas
considerações percebemos que para promover a aprendizagem coletiva é necessário o
envolvimento da família no dia a dia acadêmico dos estudantes.
Palavras-chave: Estudante. Avaliação. Agropecuária. Ensino.
1
Mestra em Ciência (Educação agrícola): Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ, Especialista
em Gestão da Segurança de Alimentos – SENAI-MT, Engenheira de Alimentos – UNIVAG – MT - Brasil.
Professora do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus Confresa (IFMT – Campus
Confresa). E-mail: [email protected]
2
Mestre em Ciência (Educação agrícola), Especialista em Gestão Estratégica de Recursos Humanos, Engenheiro
Agrônomo e Licenciado em Ciências Agrícolas: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ– Brasil.
Professor do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus Confresa (IFMT – Campus
Confresa). E-mail: [email protected].
ISSN 2176-1396
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Introdução
O Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) Campus Confresa
localiza-se no Território da Cidadania Araguaia Xingu. O Campus é uma antiga Unidade
Descentralizada (UNED) do Centro Federal Tecnológico (CEFET) de Cuiabá (IFMT, 2009).
Ao ser implantado no município de Confresa em 2010, o Campus herdou costume e
posições pedagógicas tradicionais dos professores do CEFET – Cuiabá, que adotaram
métodos de avaliação, forjados em uma realidade pretérita onde as escolas profissionalizantes
adotavam esses recursos na formação profissional, através da aprendizagem por transmissão,
que associa com os princípios behavioristas.
Onde o professor é responsável em dá a lição, e a aula é centrada no professor que
controla o ambiente de aprendizagem, recompensando ou punindo o aluno. Nessa lógica
instrucional de organizar o ensino, o aluno tem um papel cognitivo passivo, sendo encarado
como um mero receptáculo de informações que, mais tarde, serão úteis para a vida.
Anualmente o Confresa, desde 2010, oferta a população, cercas de 120 vagas para
ingresso no Curso Médio Integrado Técnico em Agropecuária. O perfil dos ingressos, são
jovens que recém concluíram o ensino fundamental em escolas públicas da zona urbana ou
zona rural, com faixa etária entre 14 a 16 anos, são filhos de trabalhadores braçais, pequenos
produtores, ribeirinhos, clientes da reforma agrária, etc...
Ao ingressar no Campus, os estudantes deparam – se com dificuldades (desafios) para
permanecer estudando. A maioria passa a viver distante de seus familiares, em quitinetes, casa
de amigos, parentes ou ficam internados em alojamento dentro do Campus. O Curso é
integral, com o acréscimo de disciplinas técnicas na grade de disciplinas comum do ensino
médio, somando 18 disciplinas no primeiro ano do Curso (IFMT, 2010).
O processo de verificação da aprendizagem, também é uma das dificuldades
encontradas; porque, parte dos estudantes fez o ensino fundamental em escolas cicladas que
adotam a progressão continuada, que “elimina ou diminui significativamente a reprovação”
(MAINARDES, 2007, p. 74). No Campus estes passam a vivenciar uma realidade diferente,
onde o processo de avaliação da aprendizagem pode culminar na aprovação ou reprovação
dos mesmos.
No Campus Confresa, a nota passa a ser a identidade do estudante na comunidade
escolar, sendo a média 6,0 (seis pontos) o fiel da balança entre o bom e o mau aluno; entre o
sucesso e o fracasso escolar (LIBÂNEO, 1994). Adaptar-se a essa nova realidade é um
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transtorno ao aluno, que além de ter carga horária semanal excessiva, também deve-se
preocupar com a nota.
Essas questões transladam-nos à necessidade de conhecer e compreender a dinâmica
estudante/avaliação para cada vez mais fortalecer o ensino aprendizagem dentro do Curso
Técnico em Agropecuária, por meio de intervenções políticas pedagógicas que consideram a
realidade do aluno.
Perante esta realidade este estudo teve como objetivo geral: mapear os hábitos de
estudos dos alunos do Curso Técnico em Agropecuária do IFMT do Campus Confresa; da
aula a avaliação da aprendizagem. Também em segundo nível investigou a percepção dos
alunos sobre a influência de diferentes instrumentos avaliativos no processo de aprendizagem
Avaliação da aprendizagem: Estudo da arte.
Avaliação é um processo que faz parte da condição humana, é natural o homem tomar
decisões diante situações que afetam a sua própria realidade. Desde antiguidade o homem
utiliza deste recurso para emitir juízo para classificar os seus pares. Na literatura há registros
que em 2.205 a.C., o imperador chinês Shun, testava os seus oficiais a cada três anos, com a
finalidade de classificá-los para a promoção ou demissão (CARVALHO; CARVALHO,
2002).
A avaliação coletiva consolidou no século XVI e XVII com a ascensão da burguesia.
Até então a escolarização se resumia a poucos sujeitos (o mestre e os discípulos), com o
aumento da demanda por conhecimento, a escola passou a ser simultânea, (LUCKESI, 2011).
A escola passou a ser uma proposta para todos e o exame passou a ser o instrumento ideal
para verificar o aprendizado dos estudantes. Seria uma medida adequada caso fosse usada
para diagnosticar o aprendizado ao invés de classificar o estudante.
A definição de avaliação, no contexto escolar, deve-se multifocal por que envolve a
formação cidadã e profissional do aluno, também a prática pedagógica dos professores e a
concepção de educação adotada pela escola (HOFFMANN, 2000).
A avaliação da aprendizagem na escola configura-se como um ato de observar a
qualidade do desempenho dos estudantes, tendo por bases dados relevantes, decorrentes da
sua aprendizagem e, se necessário, numa intervenção, a fim de corrigir os rumos da ação
(LUCKESI, 2011).
A avaliação da aprendizagem é um instrumento que contribui para o desenvolvimento
intelectual, social e moral dos alunos; e visa diagnosticar como que a escola e os professores
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estão contribuindo para isso. Em síntese, avaliação no sistema educacional vai além de
mensurar aprendizagem do aluno como critério determinista, mas que possibilite a este a
oportunidade de rever e aprender além dos limites das percepções dos professores
(LIBÂNEO,1994).
Os instrumentos de avaliação são recursos didáticos utilizados para coletar
informações para investigar se a aprendizagem está ocorrendo conforme planejado na
disciplina, esses recursos aumentam a capacidade do professor observar a realidade
(LIBÂNEO, 1994).
Na literatura o termo instrumentos de avaliação é questionado, devido passar a ideia de
conclusão da avaliação, no entanto o correto é denomina-lo como instrumentos de coletas de
dados porque são recursos empregados para captar informações sobre o desempenho do aluno
(LUCKESI, 2011).
Usualmente os instrumentos avaliativos são recursos didáticos, como prova;
seminário; portfólio; pesquisa e outros. Considerando que avaliação da aprendizagem é um
processo, torna-se inviável a adoção de um único instrumento avaliativo, devido limitar as
oportunidades do aluno de revelar sua aprendizagem. No entanto, oportunizar aos estudantes
diversas possibilidades de serem avaliados, implica em assegurar a aprendizagem de uma
maneira mais consistente e fidedigna (ZANON; ALTHAUS, 2008).
As pesquisas com a temática avaliação da aprendizagem ampliaram a partir da década
de 70, com a inserção das tecnologias educacionais no cotidiano escolar. Na atualidade, a
literatura nos apresenta vasta quantidade de autores que envolvem nos aspectos polêmicos da
avaliação.
Entretanto, percebe-se escassez de registros científicos sobre os hábitos de estudo dos
alunos do ensino médio. Frequentemente este tema é sub-abordado em outras temáticas, por
exemplo, Bzunec e Silva (1989) estudaram: o problema da ansiedade nas provas: perspectivas
contemporâneas, e comentaram que a organização no ritmo de estudo pode intensificar esse
fenômeno de ansiedade.
Existe dualidade sobre o ato de avaliar: uma que se caracteriza na racionalidade e
objetividade do processo avaliativo, pela mensuração e quantificação do conhecimento,
portanto considerando a avaliação apenas pelo aspecto quantitativo. A outra que tenta romper
com a ideia de avaliação como produto e ampliá-la para uma concepção como processo, que
considera além dos aspectos quantitativos também os aspectos qualitativos, levando em
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consideração não apenas o produto das aprendizagens, mas também a forma como essas vêm
se dando (GUIMARÃES, 2008).
Metodologia
Mapear a dinâmica da aprendizagem envolveu questões conflitantes, que nos levou a
buscar a recorreu a Marconi e Lakatos (2010) para estruturar esta Pesquisa: documental e
campo. Na pesquisa documental, a fonte de informações está restrita a documentos
(manuscritos ou não) que contenham registros do fenômeno a ser pesquisado (NEVES, 1996).
Neste trabalho a pesquisa documental proporcionou o levantamento de informações
institucional sobre a avaliação da aprendizagem.
O universo de pesquisa limitou-se ao IFMT – Campus Confresa. Tendo como sujeitos:
estudantes regularmente matriculados no Curso Técnico, que ingressaram a partir do ano
2012; que correspondem as turmas: dos primeiros anos que ingressaram em 2014, dos
segundos anos que ingressaram em 2013, e a do terceiro ano que ingressaram em 2012. O que
corresponde a um total de 180 alunos.
O Trabalho foi executado entre dezembro 2013 a outubro de 2014. E os documentos
consultados foram: Organização didática, Plano de desenvolvimento institucional e PPC do
Curso Técnico em Agropecuária. Os autores consultados forma Luckesi (2011); Hoffmam
(1996); Libâneo (1994) e outros.
O instrumento de coleta de dados foi o questionário com 10 perguntas fechadas, no
cabeçalho deste, havia o termo de referência que apresentava os costumes. Cento e cinquenta
três (153) participaram da pesquisa, sendo que: 80 do primeiro ano, 58 do segundo ano e 15
do terceiro. Os dados foram tabulados e tratados com programas estatísticos.
Resultados e discussões
O questionário foi constituído de dez (10) perguntas fechadas, que contemplavam
indagações sobre a dinâmica dos hábitos de estudos dos sujeitos envolvidos na pesquisa;
sendo estas:
Pergunta 01: Qual destes instrumentos de avaliação melhor avalia sua
aprendizagem?
a) Pergunta 02: Qual destes instrumentos de avaliação melhor incentiva você
estudar?
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b) Pergunta 03: Qual destes instrumentos de avaliação que melhor influencia a sua
aprendizagem?
c) Pergunta 04: Os seus familiares ajuda você com as atividades escolares?
d) Pergunta 05: Após a aula você estuda em casa?
e) Pergunta 06: Geralmente você estuda, onde?
f) Pergunta 07: Você concluiu o ensino fundamental em escola: zona rural ou
urbana.
g) Pergunta 08: Na sua casa como você estuda?
h) Pergunta 09: Extraclasse, quantas horas você estuda por dia?
i) Pergunta 10: Quem influencia a sua aprendizagem?
Perguntou-se aos alunos: Qual destes instrumentos de avaliação melhor avalia sua
aprendizagem? 35,53 % dos estudantes responderam que é o seminário, sendo os percentuais
distribuídos entre outros instrumentos como a prova dissertativa (15,53%), prova objetiva
(20,39%) e trabalho de pesquisa (28,95%). Acredita-se que o seminário dar liberdade para que
o aluno seja criativo e um instrumento de avaliação da aprendizagem contemporâneo.
Visto que 41,72% dos alunos acham que o seminário é o melhor instrumento que os
incentivam a estudar. Diante destas questões as provas objetivas e dissertativas segundo os
alunos os instrumentos menos eficaz na aprendizagem. Além da preferência pelo seminário
para a maioria dos alunos, 46,41% dos alunos responderam que este influencia na
aprendizagem.
Percebeu-se que 60,90% afirmaram que os seus familiares não os ajudam com as
atividades escolares, sendo que essa participação diminui no decorrer do ensino médio: 1º ano
(52,5%), 2° ano (67,2%) e 3º ano (93,3%). A família moderna passa por conflitos e dilemas
entre o apoio aos filhos e a necessidade de trabalhar, que maioria das vezes distancia a
convivência dos pais com a vida acadêmica dos filhos.
Postura que é observada nas atitudes individualistas, sendo que 71,90% dos estudantes
responderam que estudam individualmente; característica que pode ser atribuída em parte a
formação ciclada dos alunos, que são em parte avaliados subjetivamente e individualmente
através de relatórios. Pois 76,47% dos alunos responderam que concluíram o ensino
fundamental em escolas cicladas.
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Observou-se que extraclasse os alunos tem preferência por ambiente silencioso
(58,94%) e estudam menos de uma hora por dia (44,52%). E por fim perguntado quem
influência na sua aprendizagem é família (55,33%), apesar da ausência.
Considerações Finais
A vida moderna tem influência direta no cotidiano escolar; tradições e tecnológica são
dilemas que influenciam a aprendizagem dos alunos. Este estudo inicia a sua contribuição
para compreender o dia a dia do aluno neste paradoxo, através do registro de percepções dos
hábitos de estudos alunos. Percebesse via estudo que o seminário é o instrumento de avaliação
de aprendizagem a ser trabalhado como recurso essencial para as aulas, para promover
aprendizagem coletiva, o incentivo a participação dos pais na vida acadêmica dos filhos.
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