UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
DOUTORADO EM ODONTOLOGIA
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE BRÁQUETES
AUTOLIGADOS COLADOS COM TRÊS AGENTES
DIFERENTES DE UNIÃO E SUBMETIDOS À
POLIMERIZAÇÃO COM LED E LASER DE ARGÔNIO
FERNANDA STELLA FERNANDES DE OLIVEIRA
Orientador: Prof. Dr. Michel Nicolau Youssef
Tese
apresentada
ao
Doutorado
em
Odontologia, da Universidade Cruzeiro do
Sul, como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Doutora em
Odontologia.
SÃO PAULO
2014
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA CENTRAL DA
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
O51r
Oliveira, Fernanda Stella Fernandes de.
Resistência ao cisalhamento de bráquetes autoligados colados
com três agentes diferentes de união e submetidos à polimerização
com led e laser de argônio / Fernanda Stella Fernandes de Oliveira.
-- São Paulo; SP: [s.n], 2014.
77 p. : il. ; 30 cm.
Orientador: Michel Nicolau Youssef.
Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em
Odontologia, Universidade Cruzeiro do Sul.
1. Ortodontia 2. Bráquetes ortodônticos 3. Cisalhamento 4.
Tratamento ortodôntico 5. Laser - Argônio. I. Youssef, Michel
Nicolau. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de PósGraduação em Odontologia. III. Título.
CDU: 616.314-089.23(043.2)
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE BRÁQUETES
AUTOLIGADOS COLADOS COM TRÊS AGENTES
DIFERENTES DE UNIÃO E SUBMETIDOS À
POLIMERIZAÇÃO COM LED E LASER DE ARGÔNIO
FERNANDA STELLA FERNANDES DE OLIVEIRA
Tese de doutorado defendida e aprovada
pela Banca Examinadora em 17/12/2014.
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dr. Michel Nicolau Youssef
Universidade Cruzeiro do Sul
Presidente
Profa. Dra. Wanessa Christine de Souza Zaroni
Universidade Cruzeiro do Sul
Prof. Dr. Igor Prokopowitsch
Universidade Cruzeiro do Sul
Profa. Dra. Taís Scaramucci
Universidade de São Paulo
Profa. Dra. Miriam Lacalle Turbino
Universidade de São Paulo
“Você não sabe o quanto eu caminhei
Para chegar até aqui
Percorri milhas e milhas antes de dormir
Eu nem cochilei...”
Toni Garrido
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todas as pessoas que se fizeram presentes direta ou
indiretamente para a execução do mesmo.
A meus pais, Gumercindo e Severina, os maiores incentivadores e torcedores
do meu sucesso profissional.
A minha irmã, Roberta, muito querida, colaboradora incondicional para todos
os momentos. Minha fã número um.
Ao meu esposo, Alexandre, pela compreensão e entendimento do porquê da
minha ausência por todos os momentos que não pude estar ao seu lado.
Ao meu bebê que estou carregando dentro de mim, um presente de Deus, será
muito bem-vindo.
Todos vocês fazem parte desta história. Amo, muito, cada um!
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
A Deus por proporcionar a realização de um grande sonho que eu nutria desde
o período de colégio. Muito obrigada, Senhor, pelo obstáculo alcançado, pela
batalha vencida, pela força e determinação que sempre me concedestes para
que eu pudesse alcançar meus objetivos e obter êxito nas escolhas da minha
vida.
Ao meu amado esposo que sempre me apoiou e me incentivou para o meu
crescimento profissional e se manteve ao meu lado em todos os momentos,
até naqueles em que eu não era uma boa companhia. Te amo, Alexandre
Camboim!
À minha querida amiga e comadre Téssia Melo pela amizade, companheirismo
e auxílio prestados por toda essa nossa jornada. Estamos juntas desde a
Especialização, passamos pelo Mestrado e agora nos unimos ainda mais no
Doutorado. Muito obrigada por tudo, Tesssiiita, nunca esquecerei o que fez por
mim!
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. Michel Youssef pela brilhante orientação e dedicação prestadas
para a correta execução deste trabalho. Foi excelente trabalharmos juntos.
À Professora Dra. Patrícia Freitas por toda disponibilidade oferecida e tempo
despendido para a realização desta pesquisa. Seus exemplos de profissionalismo e
humildade serão levados comigo para o resto da minha vida.
Ao Professor Dr. Hugo Carlos que possibilitou o acesso ao laboratório de
Engenharia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) para a realização deste
estudo.
A minha amiga, sócia e comadre Poliana Santana pelo companheirismo e
compreensão pela minha ausência no trabalho.
Aos
docentes
do
Programa
de
Pós-graduação
em
Odontologia
da
Universidade Cruzeiro do Sul pela contribuição na minha formação profissional.
À Professora Dra. Carina Sinclér Delfino que foi minha orientadora por um curto
período de tempo, mas que sempre se dispôs a ajudar na realização deste trabalho.
À Banca Examinadora pela disponibilidade e atenção dispensadas para a análise
deste trabalho. Pela revisão precisa e contribuição para o término deste estudo.
Aos colegas e amigos da turma de Doutorado 2013 do Programa de PósGraduação em Odontologia da UNICSUL por todos os momentos compartilhados.
Aos demais familiares, amigos, professores e funcionários que de forma direta
ou indiretamente me ajudaram a alcançar esse sonho.
MUITO OBRIGADA!
OLIVEIRA, F. S. F. Resistência ao cisalhamento de bráquetes autoligados
colados com três agentes diferentes de união e submetidos à polimerização
com led e laser de argônio. 2014. 77 f. Tese (Doutorado em Odontologia)Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014.
RESUMO
A colagem dos bráquetes é muito importante para a boa condução do tratamento
ortodôntico. Por isso, procura-se um material adesivo que resista aos esforços
mastigatórios e às forças geradas pela mecânica ortodôntica. No entanto, para o
sucesso na colagem, necessita-se não apenas da correta escolha dos materiais
adesivos, mas também, da unidade de fotoativação. Objetivo: Avaliar a resistência
ao cisalhamento de bráquetes cerâmicos autoligados colados com três diferentes
agentes de união e submetidos à polimerização com LED e Laser de Argônio.
Metodologia: Foram utilizados 105 pré-molares superiores incluídos em tubos de
PVC de ¾ de polegadas e divididos em três grupos (n = 35) de acordo com o tipo de
sistema adesivo empregado (G1 – Primer Transbond™ XT/3M Unitek®; G2 –
Transbond™Plus Self Etching Primer/3M Unitek®; G3 – Clearfil SE Bond/Kuraray®).
Cada grupo foi subdividido em cinco subgrupos (n = 7) de acordo com a fonte de luz
utilizada para polimerização (L – LED: 275mW/20s; A – Laser de Argônio:
150mW/3s, 150mW/5s, 200mW/3s, 200mW/5s). Desta forma, os bráquetes
cerâmicos autoligados In-Ovation® C, da marca GAC, foram colados nos elementos
dentais. O teste de cisalhamento foi realizado na máquina de ensaio SHIMADZU®, a
uma velocidade de 0,5mm/min e o Índice de Remanescente Adesivo (IRA) foi
avaliado. Os dados foram submetidos às análises estatísticas pelos testes ANOVA,
Kruskal-Wallis, Tukey e Tamanhe. Resultados: Os bráquetes cerâmicos autoligados
colados com o Primer Transbond™ XT e submetidos à polimerização com o LED
corresponderam às maiores forças de resistência ao cisalhamento e que, na maioria
das amostras, menos da metade do adesivo remanescente permaneceu na
superfície do dente. Conclusões: O LED mostrou ser a melhor fonte de
polimerização associado ao sistema adesivo convencional Transbond™ XT/3M
Unitek® para a colagem de bráquetes ortodônticos.
Palavras-chave: Cisalhamento, Sistema adesivo, Laser de argônio.
OLIVEIRA, F. S. F. Resistance to shear self-ligating brackets bonded with three
different agents of unity and subjected to polymerization with led and argon
laser. 2014. 77 f. Tese (Doutorado em Odontologia)-Universidade Cruzeiro do Sul,
São Paulo, 2014.
ABSTRACT
The bonding of brackets is a very important issue in the development of orthodontic
treatment. That’s why it’s necessary to find an adhesive that resists masticatory
forces and the forces generated by orthodontic movement. However, for a successful
bonding not only the correct choice of adhesive materials, but also the light curing
unit. Objective:
To
bonded with three
evaluate
the
resistance
to
different coupling
self-ligating ceramic brackets
agents and
subjected to
polymerization with LED and Laser Argon. Methodology: It was used 105 premolars
included in PVC ¾ inches and divided into three groups (n = 35) according to the
type of adhesive system used (G1 - Primer Transbond ™ XT / 3M Unitek®; G2 Transbond ™ Plus
Self Etching Primer
/
3M Unitek®; G3 - Clearfil SE Bond
/
Kuraray®). Each group was divided into five subgroups (n = 7) according to the light
source used for
polymerization
(L - LED: 275mW/20s, A – Argon
Laser: 150mW/3s, 150mW/5s, 200m/3s, 200mW/5s). Thus, the
ligating brackets in-Ovation C, GAC™, were
bonded to
ceramic self
-
the dental
elements. The shear bond test was performed on a Shimadzu testing machine at a
speed of 0.5 mm/min and the Adhesive Remnant Index (ARI) was evaluated. Data
were subjected to statistical analysis by ANOVA, Kruskal-Wallis, Tukeyand Tamanhe
tests. Results: The ceramic self-ligating brackets bonded with Transbond XT ™ and
subjected to polymerization with the LED to the greater shear bond strength and, in
most samples, less than half of the remaining adhesive remained on the tooth
surface. Conclusions: The LED proved to be the best source of polymerization
associated with conventional adhesive system Transbond ™ XT / 3M Unitek® for
bonding orthodontic brackets.
Keywords: Shearing, Adhesive system, Argon laser.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Limpeza dos dentes em água corrente .............................................. 32
Figura 2
Armazenamento dos dentes em água destilada ................................ 32
Figura 3
Ilustração dos bráquetes cerâmicos autoligados In-Ovation® C da
GAC Slot 0.22” ...................................................................................... 33
Figura 4
Tubos de PVC ¾ de polegadas por 25mm de altura ......................... 34
Figura 5
Manipulação de gesso especial Durone IV, Dentsplay® para fixação
das amostras. ....................................................................................... 35
Figura 6
Perpendicularidade estabelecida com auxílio de régua. .................. 35
Figura 7
Pré-molares fixados nos tubos de PVC ............................................. 35
Figura 8
Gel de ácido fosfórico à 37% (Condac 37 FGM®); Primer Transbond
XT(3M Unitek 3M®); Resina Transbond™ XT Paste (3M Unitek®) ..... 36
Figura 9
Adesivo autocondicionante - Transbond™ Plus Self Etching Primer
(3M Unitek®) ......................................................................................... 36
Figura 10 Adesivo autocondicionante - Clearfil SE Bond (Kuraray®) .............. 37
Figura 11 Fotopolimerizador Optilight Max® Gnatus® ...................................... 38
Figura 12 Ilustração do aparelho de Laser de Argônio (AccuCure3000™LaserMed) ............................................................................................. 39
Figura 13 Corpo de prova ..................................................................................... 40
Figura 14 Ilustração da Máquina SHIMADZU®i(Modelo AG-X, Japão): A – Vista
frontal da SHIMADZU®; B – Comando manual da SHIMADZU®; C –
Garra para fixação do Corpo de Prova; D –Teste de cisalhamento . 41
Figura 15 Ilustração da lupa estereomicroscópica TECNIVAL® para avaliação
do IRA .................................................................................................... 42
Quadro 1 Distribuição dos grupos de acordo com o tipo de adesivo e
subgrupos de acordo com os tipos de luz......................................... 33
Quadro 2 Materiais utilizados, composição, fabricante e lote. ......................... 37
Quadro 3 Parâmetros utilizados para o LED e Laser de Argônio. .................... 39
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Força de resistência ao cisalhamento/sistema adesivo e fonte de luz
............................................................................................................... 46
Tabela 2
Força de cisalhamento para G1 e G2. ................................................ 47
Tabela 3
Avaliação do IRA .................................................................................. 48
Tabela 4
Avaliação do IRA para G1 e G2 ........................................................... 49
Tabela 5
Avaliação do IRA para G1 e G3 ........................................................... 50
Tabela 6
Avaliação do IRA para G2 e G3. .......................................................... 51
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14
2
REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 17
3
OBJETIVOS ................................................................................................... 30
3.1
Objetivo Geral ............................................................................................... 30
3.2
Objetivos Específicos................................................................................... 30
4
METODOLOGIA ............................................................................................. 31
4.1
Tipo de Estudo .............................................................................................. 31
4.2
Bioética .......................................................................................................... 31
4.3
Locais de Coleta dos Dentes ....................................................................... 31
4.4
Procedimento de Limpeza dos Dentes ....................................................... 32
4.5
Amostra ......................................................................................................... 32
4.6
Confecção dos Corpos de Prova ................................................................ 34
4.7
Teste de Cisalhamento ................................................................................. 40
4.8
Análise da Superfície de Esmalte (IRA) ...................................................... 41
4.9
Descarte do Material Biológico Remanescente ......................................... 43
4.10 Análise Estatística ........................................................................................ 43
5
RESULTADOS ............................................................................................... 44
5.1
Estatística Descritiva .................................................................................... 44
5.2
Estatística Analítica ...................................................................................... 44
6
DISCUSSÃO .................................................................................................. 52
7
CONCLUSÕES .............................................................................................. 61
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 62
ANEXO A ....................................................................................................... 71
ANEXO B ....................................................................................................... 74
APÊNDICE A.................................................................................................. 75
APÊNDICE B .................................................................................................. 76
APÊNDICE C .................................................................................................. 77
14
1 - INTRODUÇÃO
A utilização dos bráquetes estéticos tem indicação no tratamento ortodôntico
principalmente em pacientes adultos, que refutam a colocação do aparelho
ortodôntico, pela aparência indesejável dos bráquetes metálicos. Segundo Khan e
Horrocks (1991), dois são os principais fatores desmotivadores do uso de aparelhos
ortodônticos por parte dos adultos: tempo prolongado de tratamento e aparência
antiestética dos bráquetes.
Em função da crescente demanda desses pacientes nos consultórios de
Ortodontia, a indústria dos materiais tem buscado oferecer possibilidades de
tratamento
estético,
desenvolvendo
tecnologias
e
técnicas
de
tratamento
específicas, como a Ortodontia lingual, o tratamento com alinhadores transparentes
e o uso de bráquetes estéticos, de coloração transparente ou esbranquiçada
(ANDRADE; REGES; LENZA, 2012).
Os bráquetes cerâmicos, devido à dureza do material cerâmico, estão mais
propensos à fratura do que à distorção durante o processo de sua remoção do
dente, justificando o fato de que os bráquetes removidos intactos não perderiam sua
angulação, torque e contorno da base, permitindo a sua reutilização (SOBREIRA;
LORIATO; OLIVEIRA, 2007). Dessa forma, dos materiais que compõem a Ortodontia
estética, este é o mais viável economicamente e que permite a realização de um
procedimento ortodôntico convencional.
Na busca por condições ideais para a condução da terapia ortodôntica, um
dos objetivos é a redução da força de atrito criada na interface bráquete/fio/ligadura.
Isso implicaria na utilização de forças mais leves, porém ainda suficientes para a
promoção da movimentação dentária. Dessa forma, haveria maior compatibilidade
biológica e menor desconforto do paciente (PACHECO; OLIVEIRA; NETO; JANSEN,
2011). Nos sistemas autoligados as ligaduras são descartadas e os arcos são
ligados aos bráquetes por uma tampa, dispositivo presente no próprio bráquete.
Os bráquetes autoligados têm sido apresentados como um diferencial para o
ortodontista clínico que procura se desdobrar na tentativa de oferecer um tratamento
15
de excelência no menor tempo possível e com número mínimo de consultas. A
eliminação das ligaduras elásticas promove a diminuição do atrito favorecendo o
movimento ortodôntico, melhora a higiene oral minimizando a quantidade de
bactérias presentes no aparelho e ainda, simplifica o dia-a-dia na clínica diminuindo
o tempo gasto nas consultas e aumentando o intervalo entre elas (FLEMING;
JOHAL, 2010).
Para o procedimento de colagem de bráquetes na ortodontia, a resina tornouse o material de escolha pela maioria dos profissionais (FRICKER; ED, 1998). No
entanto, existe muita controvérsia na literatura com relação à colagem de bráquetes.
É um procedimento que requer muito cuidado por parte do profissional, pois a
contaminação por água, saliva e sangue, aumenta a probabilidade de falha de
colagem para a maioria dos sistemas adesivos (BISHARA et al., 1998).
Neste contexto, os sistemas adesivos autocondicionantes propostos desde
1994 passaram a entreter a atenção dos pesquisadores, visto que esse sistema
suprime o condicionamento ácido prévio. Os adesivos autocondicionantes, que
combinam ácido e primer, oferecem aplicação clínica simplificada, quando
comparados com a técnica do condicionamento ácido total, uma vez que o risco de
contaminação com a saliva diminui ao mínimo, pois não há necessidade de lavagem
durante o procedimento (MIRZAKOUCHAKI et al., 2012).
Sabe-se que para fotoativar a resina composta, a luz halógena é a principal
fonte utilizada. No entanto, alguns efeitos indesejados podem ser gerados pelos
comprimentos de onda que não são utilizados, além de haver a diminuição da vida
média da lâmpada e de outros componentes e, ainda, a possibilidade de causar
danos no tecido pulpar (UHL; MILLS; JANDT, 2003).
Diante
das
desvantagens
apresentadas
pela
luz
halógena,
foram
desenvolvidos aparelhos alternativos de fotopolimerização para a colagem de
bráquetes ortodônticos os quais trouxeram mudanças à aplicação dos adesivos
fotopolimerizáveis e reduziram o tempo de trabalho para o clínico (MAGNO et al.,
2011). Entre estas fontes de luz estão o diodo emissor de luz (LED) e o Laser de
Argônio.
16
O uso de LEDs para polimerização de materiais odontológicos foi
primeiramente proposto por Mills (1995). De acordo com o autor, estes aparelhos
que utilizam diodos emissores de luz são de baixo custo, tem uma vida longa
(10.000 horas) e sofrem mínima degradação com o uso após esse período,
funcionam com baixa tensão, e podem ser concebidos para emitir comprimentos de
onda específicos (430-480nm), além de serem compactos e resistentes a choques e
vibrações (REGO; ROMANO, 2007).
O laser utilizado para fotopolimerização das resinas compostas apresenta
como meio ativo o gás argônio, denominando-se então de Laser de Argônio. Este
aparelho tem sido comercializado por se apresentar mais rápido, seguro e eficaz no
processo de polimerização de resinas compostas, emitindo luz azul em faixas muito
bem
controladas,
próximas
de
480nm,
apropriadas
para
a
ativação
da
canforquinona. A especificidade do comprimento de onda do Laser de Argônio,
juntamente com a capacidade de emitir luz visível, de forma consistente com a
densidade de energia adequada, sem qualquer desperdício de comprimento de
onda, foi apresentada para melhorar as propriedades físicas das resinas compostas
por alcançar uma polimerização mais completa com uma redução de 75% no tempo
de exposição em comparação com as unidades de luz de polimerização
convencionais (LALANI et al., 2000).
Para avaliar a eficácia dos sistemas adesivos lança-se mão de testes de
laboratório como os ensaios de cisalhamento, os quais representam uma das formas
científicas mais comuns para a medição da adesividade de materiais restauradores
aos tecidos dentários, podendo ser aplicados, in vitro, em dentes de animais ou de
seres humanos (BENGTSON et al., 2001).
Portanto, diante da exigência estética imposta nos dias atuais e da
necessidade de se realizar um tratamento ortodôntico de qualidade, no menor tempo
possível, sem, entretanto, onerar esse tratamento, visou-se avaliar a resistência ao
cisalhamento de bráquetes cerâmicos autoligados que foram colados com três
diferentes agentes de união: um adesivo convencional e dois tipos de adesivos
autocondicionantes; e submetidos à polimerização com duas diferentes fontes de
luz: LED e Laser de Argônio.
17
2 - REVISÃO DE LITERATURA
Desde os primórdios da Ortodontia, quando já se sabia que os dentes
poderiam ter suas posições alteradas através da aplicação de forças, têm sido
idealizados vários dispositivos para a realização da movimentação dentária. O
tratamento ortodôntico tem por objetivo posicionar os dentes do paciente dentro do
arco dentário da forma mais funcional e estética possível (ANDREWS, 1972).
O que se tem observado nas últimas décadas é um aumento na demanda de
adultos buscando por tratamento ortodôntico (OSKOEE et al., 2012; REDDY et al.,
2013). Este fato decorre de vários fatores, dentre eles, o maior acesso da população
à informação, o que facilita ao paciente adulto saber que o tratamento ortodôntico é
um recurso acessível e que pode ser utilizado para melhorar a aparência de seus
dentes ou até mesmo de sua face, modernização das técnicas e aparelhos
ortodônticos e maiores exigências estéticas da sociedade, sendo este último fator, a
estética, o maior motivador da procura pela terapia (RISSETE; SEMAAN, 2012).
A aparelhagem ortodôntica é formada pelos bráquetes, arcos, molas e
elásticos, que movimentam os dentes para as posições desejadas. Com o uso dos
sistemas adesivos os bráquetes deixaram de ser soldados às bandas metálicas e
hoje possuem bases que permitem sua colagem direta à superfície dentária. Em
1977, Zachrisson já descrevia os bráquetes colados, que possuem inúmeras
vantagens sobre os bráquetes soldados às bandas.
A colagem direta de acessórios revolucionou a Ortodontia por causa da
diminuição da irritação gengival, estética melhorada e a capacidade de manter uma
melhor higiene oral com a eliminação da banda que ocupa o espaço interdental,
além de diminuir a possibilidade de descalcificação causada pela instalação de
bandas mal adaptadas (SUNILKUMAR et al., 2013). Desta forma, os fabricantes de
materiais dentários vêm lançando inúmeros acessórios ortodônticos e trazendo
novas tecnologias para atender à demanda por estética, conforto e eficiência.
Portanto, torna-se imprescindível a constante avaliação dos novos materiais, para
que a classe odontológica seja esclarecida sobre suas propriedades e indicações.
18
Os bráquetes podem ser feitos de metal, policarbonato ou cerâmica. Variam
muito pouco em formato ou tamanho, porém a grande diversidade concentra-se na
sua função e qualidade (ANDRADE; REGES; LENZA, 2012).
Os chamados bráquetes “estéticos” foram introduzidos na Ortodontia em
1965. Tratavam-se de bráquetes de policarbonato que possuíam algumas
desvantagens como a pouca estabilidade dimensional, durabilidade reduzida,
alteração de cor o que gerava problemas estéticos, menor torque e maior
deformação quando comparados aos metálicos. Segundo Maltagliati, Feres e
Siqueira (2006) esses acessórios ortodônticos estão indicados para casos
específicos como, por exemplo, em tratamentos de curta duração.
Em substituição aos bráquetes de policarbonato, surgiram os bráquetes
cerâmicos em meados da década de 1970 (JENA et al., 2007). A cerâmica é uma
classe ampla constituída por diversos materiais como vidro, argila, pedras preciosas
e óxidos metálicos. A base da fabricação dos bráquetes cerâmicos é o óxido de
alumínio que possui alta dureza, resistência a altas temperaturas, resistência a
degradabilidade química e friabilidade (MALTAGLIATI; FERES; SIQUEIRA, 2006;
JENA et al., 2007). Segundo Reddy et al. (2013) os bráquetes cerâmicos são muito
fortes, mais difíceis de sofrerem deformação e tem maior resistência à ruptura do
que os suportes de aço inoxidável. Além disso, esses autores afirmaram que a força
de
união
dos
bráquetes
cerâmicos
tem
sido
apresentada
como
sendo
significativamente maior do que a dos bráquetes metálicos.
Os bráquetes autoligados, por sua vez, começaram a ser desenvolvidos nos
anos 1930, no entanto, as dificuldades em sua fabricação e as freqüentes fraturas
impediram que se tornassem comercialmente viáveis. Apenas no início dos anos
1970, começaram a ganhar aceitação comercial. Desde então, vários modelos foram
produzidos e atualmente são usados em larga escala pelos ortodontistas. Hoje em
dia, as indústrias ortodônticas têm lançado no mercado mais de 30 modelos
diferentes de bráquetes autoligados, cada qual exibindo vantagens diversas em
relação aos concorrentes convencionais (FLEMING; JOHAL, 2010).
Os
bráquetes
autoligados
apresentam
muitas
vantagens:
reduzem
drasticamente o tempo gasto pelo paciente na cadeira do profissional, já que
19
dispensam o processo de ligadura que consiste em usar fios de ligadura (amarrilho)
ou anéis elastoméricos (borrachinhas) para prender o fio ao suporte ortodôntico;
reduzem o desconforto causado ao paciente e aumentam a eficiência da mecânica
deslizante pela diminuição da fricção entre o fio e os bráquetes (CORDASCO et al.,
2012).
Estudos (HARRADINE, 2003; FLEMING; DIBIASE; SARRI; LEE, 2009)
comparando o mecanismo dos bráquetes autoligados em relação aos bráquetes
convencionais, observaram que os aparelhos autoligados apresentam fricção
reduzida, melhor encaixe com o fio ortodôntico, maior eficiência no movimento
dentário e na mecânica de deslize, o que pode proporcionar redução no tempo de
tratamento. Segundo Pavoni, Lione, Laganà e Cozza (2011) o tratamento com
bráquetes autoligados resolve eficazmente apinhamentos dentários, aumentando a
largura do arco, corrige as inclinações vestíbulo-linguais, contatos oclusais e
angulações de raiz. Os autores julgam o mecanismo de ação dos bráquetes
autoligados superior ao dos alinhadores transparentes (Invisalign) visto que estes
podem facilmente corrigir o posicionamento das coroas dos dentes, mas não
podemcorrigir as raízes devido à falta de controle da movimentação dentária.
Cordasco et al. (2012) em um estudo in vitro observaram que quando os fios de
baixa rigidez são usados em bráquetes autoligados há uma menor resistência ao
deslize quando os mesmos fios são usados em bráquetes convencionais. A menor
resistência ao deslizamento pode levar a uma melhor padronização das forças
aplicadas nos aparelhos fixos. E, ainda, segundo Turnbull e Birnie (2007), a
ergonomia proporcionada pelo sistema autoligado é importante numa clínica muito
movimentada. Para recolocar arcos, os autores afirmaram que o sistema
convencional consumiu duas vezes mais tempo que o autoligado. Em se tratando de
um dia inteiro de trabalho clinico, representaria no fim do dia 45 a 60 minutos livres.
Em relação aos bráquetes ortodônticos, a força de adesão constitui-se em
uma das principais características a ser analisada. O bráquete deve possuir uma
força adesiva que seja suficiente para suportar forças mastigatórias e a ativação da
mecânica utilizada, ou seja, é extremamente importante a estabilidade biomecânica
da interface bráquete/adesivo, a qual transfere aos elementos dentários a força
gerada pela ativação dos arcos (CORDASCO et al., 2012). Ao contrário, a
ocorrência da descolagem acidental de bráquetes é um aspecto frustrante inerente à
20
prática ortodôntica, resultando em aumento do tempo de tratamento e custo
adicional com material e honorários (FLEISCHMANN; SOBRAL; SANTOS JÚNIOR;
HABIB, 2008; GOSWAMI; MITALI; ROY, 2014).
Quando melhores produtos são lançados, os níveis de força de adesão
freqüentemente estão entre as principais vantagens anunciadas, de forma que a
determinação in vitro dessa força continua sendo de grande importância e interesse
para o ortodontista (CAL NETO; MIGUEL, 2004). As forças no sentido oclusogengival, ou seja, forças de cisalhamento são as que mais incidem sobre os
acessórios ortodônticos, exigindo adequada adesão ao esmalte para que não
ocorram falhas clínicas (PARK et al., 2005). Desta forma, estudos laboratoriais têm
usado uma variedade de testes e condições para mensurar a força necessária à
descolagem e, também, com o intuito de avaliar a superfície dentária após
descolagem dos acessórios ortodônticos, devido à importância de se verificar o
remanescente de material de colagem nos diferentes tipos de bráquetes (ARTUN;
BERGLAND; 1986).
A média de força transmitida para o bráquete durante a mastigação está entre
40 e 120N, sendo desejável, portanto, que um bráquete possua força adesiva
superior a 120N. Segundo Reynolds (1975) a força de adesão ideal entre esmalte e
bráquete está entre 5,9 e 7,8 MPa. A interface de fratura mais favorável para uma
descolagem segura é a bráquete/adesivo, com a retenção do adesivo na superfície
do esmalte, pois isso demonstra que a força coesiva do esmalte foi superior à força
de adesão da base do bráquete ao adesivo. Desta forma, a ocorrência de fraturas de
esmalte torna-se praticamente inexistente, e a remoção do adesivo residual é
efetuada com o auxílio de brocas especiais, que não causam danos ao tecido
dentário (FLEISCHMANN; SOBRAL; SANTOS JÚNIOR; HABIB, 2008).
A força de adesão entre o bráquete e a superfície do esmalte depende de três
fatores: o mecanismo de retenção da base do bráquete, o material adesivo ou a
resina para colagem, e a preparação da superfície do dente. Milia, Cumbo, Cardoso
e Gallina (2012) descreveram que o sistema adesivo é indicado para diversas
aplicações odontológicas e pode ser classificado como “adesivos etch-and-rinse e
self-etching”,
ou
seja,
condicionamento
total
e
autocondicionamento,
respectivamente. Outras considerações importantes dizem respeito às diferentes
21
características anatômicas do esmalte, como por exemplo, o esmalte aprismático
dos pré-molares, que são envolvidas nos procedimentos adesivos que também têm
implicações para a técnica utilizada, bem como para a qualidade da força de união
(NAGEM Fº et al., 2014).
Os sistemas adesivos mais utilizados empregam um condicionador de
esmalte, uma solução adesiva, e uma resina composta para colar os bráquetes
ortodônticos à superfície do esmalte. Estes sistemas adesivos geralmente utilizam
de 35 a 37% de ácido fosfórico para o condicionamento da superfície do esmalte
(TÜRKÖZ; ULUSOY, 2012).
Apesar de o método de condicionamento do esmalte com ácido fosfórico ser
um procedimento útil em Ortodontia, configurando a técnica mais empregada no
processo de colagem de bráquetes ortodônticos, precisa ser melhorado para
estabelecer forças de adesão clinicamente aceitáveis. (RAJI; BIRANG; MAJDZADE;
GHORBANIPOUR, 2012; TÜRKÖZ; ULUSOY, 2012; YASSAEI et al., 2014).
Uma vez que utilizando o sistema adesivo autocondicionante a etapa de
condicionamento ácido prévio do esmalte é subtraída, sendo a aplicação de ácido e
primer em etapa única, é possível economizar tempo, melhorar a relação custobenefício do procedimento para o clínico e, indiretamente, para o paciente (REDDY;
KISHORE; SAFEENA, 2013; MIRZAKOUCHAKI et al., 2012). Algumas investigações
científicas têm mostrado que adesivos autocondicionantes podem propiciar forças de
união equivalentes aos sistemas que usam o ácido fosfórico como prévio tratamento
da superfície de esmalte (MONTASSER et al., 2008; RAJI; BIRANG; MAJDZADE;
GHORBANIPOUR, 2012; TÜRKÖZ; ULUSOY, 2012).
Oliveira, Pagani, e Rodrigues (2001) realizaram estudos empregando dois
sistemas autocondicionantes, Clearfil™ SE Bond (Kuraray) e Prompt™ (3M ESPE) e
um convencional, Scotchbond™ Multi-purpose (3M ESPE) em dentes bovinos
recém-extraídos. Após avaliação e considerações comparativas, os valores obtidos
no ensaio de cisalhamento possibilitou aos autores concluir que os sistemas
autocondicionantes são muito efetivos em adesividade quando empregados em
superfície
de
esmalte
previamente
desgastadas
e
que
os
adesivos
autocondicionantes utilizados neste estudo, Clearfil™ SE Bond e Prompt™, poderão
22
ser aplicados com a mesma segurança, quando se deseja adesão em esmalte,
comparativamente com sistema adesivo convencional empregado.
O primer autocondicionador Transbond™ Plus (3M Unitek®) é condicionador
e primer combinados em um único produto. Lopes, Thys, Vieira e Locks (2003)
avaliaram a aplicação desse sistema no esmalte e observou um padrão de
condicionamento semelhante ao efeito do ácido fosfórico a 35%. O tempo de
aplicação reduzido e a desnecessária utilização intrabucal de agentes corrosivos,
com todos os cuidados que este procedimento exige, torna o uso do sistema
autocondicionante Transbond™ Plus (3M Unitek®) extremamente interessante na
colagem de bráquetes ortodônticos, do ponto de vista clínico, haja vista a adequada
capacidade de união verificada pela utilização do sistema neste referido estudo
laboratorial.
O objetivo do estudo de Vilchis et al. (2009) foi comparar a resistência ao
cisalhamento de bráquetes ortodônticos colados com quatro diferentes tipos de
adesivos autocondicionantes. Foram utilizados 175 pré-molares extraídos por razões
ortodônticas os quais foram divididos em 5 grupos (n=35). No grupo 1, controle, o
esmalte foi condicionado com ácido fosfórico a 37% e os bráquetes metálicos foram
colados com Transbond™ XT (3M Unitek). Nos outros 4 grupos a superfície de
esmalte foi condicionada com os seguintes adesivos autocondicionantes: grupo 2 –
Transbond™ Plus e Transbond™ XT (3M Unitek); grupo 3 – Clearfil MegaBond FA e
Kurasper F (Kuraray); grupo 4 – Primers A e B, e BeautyOrtho Bond (Shofu); e grupo
5 – AdheSE e Heliosit Orthodontic (Ivoclar Vivadent AG). Os dentes foram
armazenados em água destilada a 37º C durante 24 horas e descolados em
máquina de ensaio universal. O Índice de Remanescente Adesivo (IRA) incluindo
escore de fratura de esmalte também foi avaliado e as superfícies de esmalte foram
analisadas em microscópio eletrônico. Os valores médios de resistência ao
cisalhamento do grupo 1 (19,0 MPa) e 2 (16,6 MPa) foram significativamente
maiores que dos grupos 3 (11,0 MPa), 4 (10,1 MPa) e 5 (11,8 MPa). Foram
encontradas diferenças significativas nos escores do IRA e fratura de esmalte entre
os grupos 1 e 2. Desta forma, os autores concluíram que os 4 adesivos
autocondicionantes apresentaram valores de resistência ao cisalhamento maiores
que o clinicamente aceitável, indicando que a colagem de bráquetes com esses
adesivos pode ser realizada com sucesso na terapia ortodôntica.
23
Uysal, Ustdal e Kurt (2010) realizaram um estudo in vitro com o objetivo de
avaliar a resistência ao cisalhamento de bráquetes metálicos e cerâmicos colados
com sistema adesivo convencional e autocondicionante. Os autores utilizaram
oitenta pré-molares humanos recém-extraídos por razões ortodônticas e os dividiram
aleatoriamente em quatro grupos iguais da seguinte forma: Grupo 1, bráquetes
metálicos colados com condicionamento ácido convencional; Grupo 2, bráquetes
metálicos colados com Transbond™Plus Self-Etching Primer; Grupo 3, bráquetes
cerâmicos colados conforme o Grupo 1; Grupo 4, bráquetes cerâmicos colados
conforme Grupo 2. A força de resistência ao cisalhamento desses suportes foi
medido e registrado em MPa e após a análise dos dados o estudo apresentou que a
força de resistência ao cisalhamento do Grupo 3 (média: 36,7 ± 11,8 MPa) foi
significativamente mais elevada do que a força apresentada pelo Grupo 4 (média:
26,6 ± 8,9 MPa), quando comparou-se os bráquetes cerâmicos.Comparando os
bráquetes metálicos, o Grupo 1 (média: 25,5 ± 5,1 MPa) apresentou maior média de
resistência ao cisalhamento do que o Grupo 2 (média: 22,9 ± 7,3 MPa), mas essa
diferença não foi estatisticamente significativa. Desta forma os autores concluíram
que o sistema adesivo com condicionamento ácido convencional obteve melhores
resultados que o sistema adesivo autocondicionante para a colagem de bráquetes
tanto metálicos quanto cerâmicos.
Schnebel, Mateer, Maganzini e Freeman (2012) dividiram setenta pré-molares
em três grupos de acordo com o sistema adesivo empregado para a colagem de
bráquetes sobre a superfície dos mesmos. No grupo 1 (controle), os bráquetes
foram colados em 25 pré-molares usando o Primer Transbond™ XT e a resina
Transbond™ XT. No grupo 2, os suportes foram colados nos 25 pré-molares usando
o sistema adesivo autocondicionante Clearfil SA. No grupo 3, os bráquetes foram
colados
nos
últimos
20
pré-molares,
utilizando
o
cimento
resinoso
RelyX™. Os bráquetes foram descolados usando uma máquina universal de ensaios
e a resistência ao cisalhamento foi medida. Depois de descolagem, cada dente foi
examinado com um aumento de 20 vezes para a avaliação do índice de
remanescente adesivo (IRA). Os resultados mostraram que as forças de resistência
ao cisalhamento dos bráquetes colados com o Clearfil SA e o RelyX™ (5,930 ±
1,840 e 3,343 ± 1,953 MPa, respectivamente) foram significativamente menores do
que a resistência dos suportes colados com o kit Transbond™ XT (7,875 ± 3,611
24
MPa). O sistema autocondicionante e o cimento resinoso apresentaram maior
incidência de fratura na interface esmalte/adesivo enquanto que o sistema
convencional apresentou maior número de fraturas na interface bráquete/adesivo.
Os autores concluíram que a resistência ao cisalhamento dos sistemas
autocondicionantes e dos cimentos resinosos pode ser inadequada para a colagem
de bráquetes ortodônticos.
Romano et al. (2012) avaliaram in vivo a colagem de bráquetes metálicos
utilizando diferentes sistemas adesivos em vinte pacientes com idades entre 10,5 e
15,1 anos que procuraram tratamento ortodôntico corretivo em uma Universidade
Clínica Ortodôntica de Bauru, São Paulo.Os bráquetes foram colados usando
Concise Ortodôntico®, Transbond™ XT convencional, Transbond™ XT sem primer,
e Transbond™ XT associado ao Transbond™ Plus Self-Etching Primer. Cada um
dos sistemas adesivos foi empregado em um dos quadrantes da arcada dentária dos
pacientes. O número de descolagens de bráquetes para cada sistema adesivo foi
quantificado ao longo de um período de 6 meses e obteve-se o seguinte resultado:
oito bráquetes descolados quando utilizou-se o Concise Ortodôntico®, dois para o
convencional Transbond™ XT, nove para o Transbond™ XT sem primer, e apenas
um bráquete descolado quando utilizou-se Transbond™ XT + Transbond™ Plus Self
Etching Primer. O estudo concluiu, após análise dos dados, que os sistemas
adesivos convencional da Transbond™ XT e Transbond™ XT + Transbond™ Plus
Self Etching Primer foram estatisticamente superiores ao Concise Ortodôntico® e ao
Transbond™ XT sem primer (p <0,05).
Apesar das melhorias nos materiais de colagem ortodônticos, uma diminuição
do tempo de polimerização da resina composta para a colagem de bráquetes é um
aspecto importante para o sucesso clínico. Eficiência clínica é fundamental num
período em que mais pacientes estão procurando o tratamento ortodôntico. Um
processo de colagem rápido e eficaz é uma consideração importante, e a escolha da
fonte de luz é fundamental (ELVEBAK et al., 2006; MAGNO et al., 2011).
A maioria das resinas compostas necessita de uma fonte de luz para ativar
sua polimerização (fotoativação). Essa fonte de luz é absorvida numa faixa
específica de comprimento de onda, por um componente alfa-dictona, geralmente
uma canforquinona. O processo de polimerização ocorre apenas em locais onde há
25
incidência de luz com comprimento de onda de 400 a 500nm, pois este é o intervalo
de pico de absorção da canforquinona, sendo que o seu comprimento de onda mais
eficiente para a ativação da reação de polimerização situa-se no intervalo 468 a
470nm (BLANKENAU et al., 1991).
Os aparelhos de luz halógena são amplamente utilizados pelos profissionais
para a fotoativação das resinas compostas. Tal fato deve-se principalmente à sua
comprovada efetividade e amplo espectro de luz (BURGESS; WALKER; PORCHE;
RAPPOLD, 2002). Porém, as fontes de luz convencionais são policromáticas e por
isso, apenas uma pequena parte da energia de luz é absorvida pela canforoquinona
e o restante é perdida na forma de calor. Essas fontes de luz também não são
coerentes e, assim, produzem energia radiante desorganizada. Devido a esta não
coerência, um aumento na distância entre a fonte de luz convencional e a resina
composta diminui a densidade de energia que atinge a resina, provocando uma
diminuição na resistência ao cisalhamento (ELVEBAK et al., 2006). Os aparelhos de
luz halógena aquecem-se demasiadamente, têm pequena vida útil e consomem
muita energia elétrica. Diante disto, acelerou-se o desenvolvimento de novos
equipamentos visando à ampliação das opções de formas de fotoativação. Novos
aparelhos como fontes de diodo (LED) e Laser de Argônio foram propostos para
fotoativação da resina composta (RÊGO; ROMANO, 2007).
Em 1995, a tecnologia por LED (Light Emitting Diode) foi proposta com a idéia
de superar as imperfeições inerentes à polimerização com luz halógena (MILLS,
1995). Embora a polimerização com LEDs de primeira geração fosse desfavorável à
restauração dentária era aceitável na colagem de bráquetes ortodônticos, quando
utilizados com os mesmos tempos de exposição da luz halógena, já que a luz
emitida era de menor intensidade. Nos últimos anos, houve grande evolução nas
unidades de LED, tornando-se cerca de três vezes mais potentes que as unidades
de luz halógenas (MAGNO et al., 2011). No entanto, ainda constitui uma grande
desvantagem clínica para esses aparelhos, os tempos de exposição à luz entre 20 e
40 segundos, necessários para efetuar a completa polimerização dos materiais de
colagem dos suportes ortodônticos, de acordo com as instruções dos fabricantes.
Segundo Costa et al. (2013) esse maior tempo de polimerização é desconfortável
para os pacientes, impraticável com as crianças e apresenta desvantagens para o
clínico.
26
A palavra laser é uma abreviatura para "Light Amplification of Stimulated
Emission of Radiation" que na Língua Portuguesa significa Amplificação da Luz por
Emissão Estimulada de Radiação. O laser oferece uma segurança relevante ao ser
utilizado, e difere das outras formas de luz devido principalmente a três
características: 1) A monocromaticidade (a luz é composta de fótons, todos da
mesma cor e com o mesmo comprimento de onda). É, portanto, uma luz pura; 2) A
coerência (as ondas viajam ordenadamente em relação ao tempo e suas amplitudes
são iguais). A coerência mantém-se ao longo do tempo e espaço; e 3) A
unidirecionalidade ou colimação (o feixe de fótons é paralelo ao eixo do tubo que
produz este tipo de energia). A luz possui divergência angular muito pequena, toda a
energia do laser concentra-se precisamente em um ponto focal (BRUGNERA
JÚNIOR; VILLA; GENOVESE, 1991; GENOVESE, 2000; MELLO; MELLO, 2001).
A utilização do laser vem se tornando cada vez mais frequente na clínica
odontológica, trazendo benefícios inquestionáveis ao pacientes nas diversas
especialidades odontológicas. A Ortodontia também pode se beneficiar dos efeitos
da laserterapia, apesar disto ainda não estar bem difundido entre os profissionais
desta área. Pode-se utilizar o laser em Ortodontia com as finalidades de:
descolagem de bráquetes cerâmicos; reparação óssea após a expansão rápida da
maxila; odontalgia decorrente da movimentação ortodôntica; polimerização da resina
para a colagem de bráquetes; holografia, que permite o armazenamento das
imagens dos modelos de gesso; scanner a laser permitindo a utilização de imagens
tridimensionais no diagnóstico e planificação do tratamento ortodôntico ou
ortodôntico/cirúrgico; diagnóstico de lesão de mancha branca em pacientes
ortodônticos; inter-relação Ortodontia e Periodontia e reparo das úlceras traumáticas
originadas pelos acessórios ortodônticos (NEVES et al., 2005; YASSAEI et al.,
2014).
Em 1991, a Food and Drug Association aprovou o Laser de Argônio para a
polimerização dos materiais restauradores odontológicos. Em 1999, esse laser foi
considerado uma fonte de luz promissora por Fleming e Maillet, visto que o
comprimento de onda emitido pelo Laser de Argônio é ótimo para a polimerização
das resinas compostas. A ativação da canforquinona é iniciada por uma fonte de luz
azul com comprimento de onda dentro de uma faixa de 400 a 500nm, com maior
pico de atividade em 480nm. As unidades de Laser de Argônio geram um
27
comprimento de luz azul (monocromática) de 480nm com uma variação dentro de
uma faixa de apenas 40 a 45nm (FLEMING; MAILLET, 1999).
Utilizado para a polimerização de resina, o Laser de Argônio é um laser de
alta intensidade que, além desta função, também aumenta a resistência do esmalte
à formação de mancha branca (TALBOT et al., 2000; NOEL; REBELLATO;
SHEATS, 2003). O Laser de Argônio possui cinco principais utilizações em
Odontologia: detecção precoce de cárie por transmissão (FEATHERSTONE, 2000),
corte e remoção de tecidos (POWELL; BLANKENAU, 2000; SUN, 2000) ativação de
agente de clareamento dentário (SUN, 2000), polimerização rápida de materiais
dentários, e promoção de resistência à desmineralização por modificações no
esmalte dentário (HICKS et al., 1995). Guimarães et al. (2011) afirmam que a
polimerização rápida e a promoção de resistência à desmineralização do esmalte
dentário são os efeitos de maior significância clínica que justificam a utilização do
Laser de Argônio na Ortodontia.
Embora os fabricantes do Laser de Argônio forneçam diretrizes sobre a
intensidade da luz e duração da exposição, para a polimerização de resinas
compostas, ainda há pouca evidência científica para apoiar seu uso. Este
equipamento produz forças de adesão que são equivalentes aos produzidos por
fontes de luz convencionais e em menor tempo de exposição (GUIMARÃES et al.,
2011). A resistência ao cisalhamento "ideal" de um bráquete deve suportar forças
ortodônticas e mastigatórias, mas permitir a remoção do acessório de forma
adequada quando for desejado (REYNOLDS, 1975). Além disso, a força necessária
para remover o bráquete ortodôntico deve ser baixa o suficiente para evitar a fratura
do esmalte (ELVEBAK et al., 2006).
Estudos que aplicaram o Laser de Argônio na polimerização de resinas
compostas, para colagem de bráquetes ortodônticos, e utilizaram tempos menores
do que os tempos recomendados para os aparelhos de luz convencional
encontraram resultados satisfatórios (SEDIVY; FERGUSON; DHURU; KITTLESON,
1993; KURCHAK; DESANTOS; POWERS; TURNER, 1997; WEINBERGER; FOLEY;
MCCONNELL; WRIGHT, 1997). Sedivy, Ferguson, Dhuru e Kittleson (1993)
concluíram que a 1 watt (W) de potência, 4 segundos de exposição ao Laser de
Argônio e empregando Primer Transbond™ XT (3M Unitek) houve resistência ao
28
cisalhamento comparável aos 30 segundos de exposição a uma luz de fotoativação
convencional. Kurchak, Desantos, Powers e Turner (1997) concluíram que 10
segundos de exposição ao Laser de Argônio com 250mW produziram resistências à
descolagem semelhantes aos métodos convencionais de fotopolimerização para
bráquetes ortodônticos. Weinberger, Foley, McConnell e Wright (1997) não
encontraram diferenças na resistência ao cisalhamento de bráquetes cerâmicos
quando compararam 40 segundos de polimerização com luz convencional e 10
segundos de exposição ao Laser de Argônio com uma potência de 231 mW,
utilizando o Primer Transbond™ XT (3M Unitek®).
Os estudos de Lalani et al.
(2000) afirmaram que aumentar o tempo de polimerização com o Laser de Argônio
para além de 5 segundos não representou significativamente maior resistência ao
cisalhamento de bráquetes ortodônticos. Portanto, os autores recomendaram que o
tempo de fotoativação com o laser para a colagem desses acessórios ortodônticos
seja de 5 segundos ao redor do bráquete. Com o mesmo propósito, Talbot et al.
(2000), Noel, Rebellato e Sheats (2003) afirmaram que o Laser de Argônio operando
a uma potência de 200mW a 300mW para a colagem de bráquetes ortodônticos, por
um tempo de 5 segundos, é o equivalente a 40 segundos da luz convencional.
Um estudo utilizando 160 incisivos bovinos com esmalte intactos empregou
quatro valores de potências diferentes (100, 150, 200 e 250 mW) do Laser de
Argônio AccuCure 3000™ (LaserMed, West Jordan, Utah) e quatro valores de tempo
(5, 10, 15 e 20s) para a colagem de bráquetes ortodônticos com a resina
Transbond™ XT Paste (3M Unitek®). Os autores observaram que usando pelo
menos 150 mW de potência por 5 segundos, o Laser de Argônio proporcionou
excelentes resultados apresentando valores de adesão maiores do que os
considerados clinicamente aceitáveis nos estudos de Reynolds (1975). Nenhuma
diferença significativa foi encontrada quando se comparou os tempos de 5 a 20
segundos. Os resultados desta pesquisa sugeriram que o Laser de Argônio pode
promover a colagem de bráquetes ortodônticos em menos de 5 segundos desde que
a potência utilizada seja suficiente. Os autores propuseram que novos estudos
sejam realizados para determinar se os tempos de exposição de menos de 5
segundos são suficientes para produzir resultados satisfatórios e de identificar um
valor limite para o tempo de exposição (ELVEBAK et al., 2006).
29
Hildebrand et al. (2007) objetivaram comparar a resistência ao cisalhamento
de bráquetes colados com Laser de Argônio (10 segundos) e com LED (40
segundos) in vivo e in vitro, em 50 pacientes, bem como determinar o índice de
remanescente adesivo (IRA) sobre o esmalte. Quatro pré-molares de cada um dos
primeiros 25 voluntários foram aleatoriamente selecionados para o grupo do Laser
de Argônio ou para o LED no estudo in vivo. A resistência ao cisalhamento foi
medida após 14 dias com um alicate de descolagem apropriado. Para o estudo in
vitro, a forças de união foram medidas através de quatro pré-molares de cada um
dos outros 25 voluntários. A resistência ao cisalhamento foi mensurada após 14 dias
de ciclagem térmica com o mesmo protocolo do estudo in vivo. Os autores
observaram que a resistência ao cisalhamento dos bráquetes colados com Laser de
Argônio é comparável à resistência dos colados com o LED e é suficiente para
aplicações clínicas. Embora a polimerização com o Laser de Argônio tenha deixado
mais remanescente adesivo sobre as superfícies dos dentes após descolagem, não
houve aumento nas fraturas da superfície de esmalte nas amostras deste estudo.
Normalmente, para um caso de colagem de aparelho ortodôntico completo
superior e inferior, 20 bráquetes são polimerizados por 40 segundos cada um,
utilizando um aparelho de LED, o que perfaz um total de 13,5 minutos de tempo de
polimerização por paciente. Usando o Laser de Argônio, com um tempo de
polimerização de 5 segundos por bráquete, o ortodontista pode diminuir o tempo
total de polimerização para 1,5 minutos por paciente. Essa economia de 35
segundos de polimerização por elemento dentário, numa colagem completa,
resultaria em 12 minutos a menos de cadeira por paciente. Se fosse possível realizar
a colagem de bráquetes ortodônticos obtendo resistência ao cisalhamento
clinicamente aceitável e ainda alcançar uma redução de 30% na desmineralização
do esmalte, reduzindo o tempo total de cadeira para o paciente e para o
ortodontista, o Laser de Argônio seria, certamente, uma ferramenta valiosa para
todos os ortodontistas e pacientes (NOEL; REBELLATO; SHEATS, 2003).
30
3 - OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
 Avaliar a resistência ao cisalhamento de bráquetes cerâmicos autoligados
colados com três diferentes agentes de união e submetidos à polimerização
com LED e Laser de Argônio.
3.2 Objetivos Específicos
 Comparar a resistência ao cisalhamento de bráquetes cerâmicos autoligados
colados
com
sistema
adesivo
convencional
e
sistema
adesivo
autocondicionante;
 Comparar a resistência ao cisalhamento de bráquetes cerâmicos autoligados
submetidos à polimerização com LED e com Laser de Argônio;
 Avaliar, através do IRA (Índice Remanescente de Adesivo), a quantidade de
material fixador remanescente sobre a face vestibular dos corpos de prova.
31
4 - METODOLOGIA
4.1 Tipo de Estudo
Foi realizado um estudo do tipo experimental, in vitro, através do uso de
dentes pré-molares hígidos, extraídos por razões ortodônticos.
4.2 Bioética
Este estudo seguiu os preceitos da bioética, sendo devidamente registrado no
SISNEP e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Cruzeiro do
Sul (UNICSUL/SP) sob PROTOCOLO: CE/UCS-029/2014 (Anexo B).
4.3 Locais de Coleta dos Dentes
Os dentes utilizados neste estudo foram coletados em consultórios
particulares e em postos de saúde municipais e estaduais da cidade de Patos (PB) e
São José do Egito (PE).
Aos doadores de dentes foi apresentado o Termo de Esclarecimento para
Doação de Dentes Humanos (Apêndice A).
Elaborou-se um Termo de Doação de Dentes Humanos específico para esta
pesquisa, seguindo um modelo semelhante adotado e utilizado em várias faculdades
de Odontologia do país. Cirurgiões Dentistas que mantém armazenados em seu
consultório dentes extraídos por motivos terapêuticos, preencheram o Termo de
Doação, no qual doaram esses elementos dentários para fins de pesquisa (Apêndice
B).
Nos locais de coleta foram distribuídos recipientes para o armazenamento dos
dentes extraídos em água destilada. A coleta dos dentes foi realizada
quinzenalmente.
32
4.4 Procedimento de Limpeza dos Dentes
O procedimento de limpeza foi realizado com o pesquisador devidamente
paramentado (usando avental, gorro, luva, máscara e óculos de proteção). A
limpeza consistiu na remoção de detritos, em água corrente, com o auxílio de uma
escova de cerdas macias (Figura 1). Depois de limpos, os dentes foram
armazenados em água destilada, sob refrigeração, até o momento do experimento
(Figura 2). A água destilada foi trocada quinzenalmente (MELO et al., 2006).
Figura 1. Limpeza dos dentes em água corrente
Figura 2. Armazenamento dos dentes em água destilada
4.5 Amostra
A amostra foi composta por 105 pré-molares superiores, extraídos por razões
ortodônticas, os quais foram limpos, conforme o Protocolo de Biossegurança (MELO
et al., 2006) e armazenados em água destilada, em ambiente refrigerado, até o
momento de sua utilização. Suas superfícies vestibulares foram avaliadas com lupa
estereomicroscópica (Modelo SMZ 745, Nikon®), com aumento de 40 vezes
(RASTELLI; COELHO; JIMENEZ, 2010), para atestar sua integridade. Os dentes
33
foram divididos, aleatoriamente, em três grupos (n=35), de acordo com o sistema
adesivo utilizado para a colagem; que foram subdivididos em cinco subgrupos (n=7),
de acordo com o tipo de luz que foi utilizada para polimerização do material fixador.
Os bráquetes utilizados no estudo foram os cerâmicos autoligados, InOvation® C, da marca GAC, Slot 0.22” com gancho. A base de cada um desses
suportes mede16 mm² (Figura 3).
Figura 3. Ilustração dos bráquetes cerâmicos autoligados In-Ovation® C da
GAC Slot 0.22”
O Quadro 1, abaixo, apresenta todos os grupos e subgrupos empregados
neste estudo.
Quadro 1. Distribuição dos grupos de acordo com o tipo de adesivo e
subgrupos de acordo com os tipos de luz.
GRUPOS
GRUPO 1 (G1)
TIPO DE ADESIVO
FONTE DE LUZ
Primer Transbond™ XT/
3M Unitek®
(L) LED275mW/20s
Laser
de (1)150mW/3s
Argônio
(2)150mW/5s
(A)
(3)200mW/3s
(4)200mW/5s
GRUPO 2 (G2)
Transbond™ Plus Self Etching
Primer/3M Unitek®
(L) LED 275mW/20s
Laser
de (1)150mW/3s
34
Argônio
(2)150mW/5s
(A)
(3)200mW/3s
(4)200mW/5s
GRUPO 3 (G3)
Clearfil SE Bond/Kuraray®
(L) LED 275mW/20s
Laser
de (1)150mW/3s
Argônio
(2)150mW/5s
(A)
(3)200mW/3s
(4)200mW/5s
4.6 Confecção dos Corpos de Prova
Os dentes foram fixados em segmentos de PVC de ¾ de polegada de
diâmetro e 25 mm de altura, com gesso especial (Durone IV, Dentsplay ®), de tal
forma que suas coroas permanecessem expostas e perpendiculares à base dos
cilindros de PVC, e ambos perpendiculares ao solo. Para isso, foram utilizadas duas
réguas (Trident®) e assim a perpendicularidade foi mantida (IANNI FILHO et al.,
2004; MELO et al., 2006; MELGAÇO et al., 2011; MELO, 2013) (Figuras 4 a 7).
Figura 4.Tubos de PVC ¾ de polegadas por 25mm de altura
35
Figura 5. Manipulação de gesso especial Durone IV, Dentsplay® para fixação
das amostras.
Figura 6. Perpendicularidade estabelecida com auxílio de régua.
Figura 7. Pré-molares fixados nos tubos de PVC
Após a fixação, as faces vestibulares dos elementos dentários foram
submetidas à profilaxia com pedra pomes extra fina (SS White®) e água, utilizandose micro motor e contra-ângulo de baixa rotação (Intra-matic 181 DBN - Kavo®) e
taça de borracha (Microdont®), por 20 segundos. A cada grupo, a taça de borracha
foi substituída, para que se obtivesse a padronização desse procedimento. Em
seguida, os dentes foram lavados em água por 10 segundos e secos com leves jatos
de ar comprimido, livres de óleo, por 20 segundos (MELO et al., 2006; MELO, 2013).
36
Na sequência, os espécimes do Grupo 1 foram condicionados com gel de
ácido fosfórico à 37% (Condac 37 FGM®), aplicado com auxílio de seringa somente
no local da colagem, durante 15 segundos; lavados e secos com jato de ar
comprimido, também por 15 segundos. Os bráquetes foram fixados sobre a
superfície condicionada, aplicando-se, consecutivamente, o Primer Transbond XT
(3MUnitek®) e a resina Transbond™ XT Paste (3M Unitek®) (Figura 8) sobre suas
bases, e polimerizados. Nos grupos 2 e 3 foram aplicados diretamente os adesivos
autocondicionantes, Transbond™ Plus Self Etching Primer (3M Unitek®) e Clearfil
SE Bond (Kuraray®), respectivamente (Figuras 9 e 10). Em seguida, aplicou-se a
resina Transbond™XT Paste (3M Unitek®) sobre suas bases e polimerizou.
Figura 8. Gel de ácido fosfórico à 37% (Condac 37 FGM®); Primer Transbond
XT(3M Unitek 3M®); Resina Transbond™ XT Paste (3M Unitek®)
Figura 9. Adesivo autocondicionante - Transbond™ Plus Self Etching Primer
(3M Unitek®)
37
Figura 10. Adesivo autocondicionante - Clearfil SE Bond (Kuraray®)
O Quadro 2 apresenta os materiais utilizados juntamente com as suas
composições, seus fabricantes e o lote de cada produto.
Quadro 2 Materiais utilizados, composição, fabricante e lote.
Nome Comercial
Transbond XT
Light Cure
Adhesive Primer
Transbond XT
Light Cure
Adhesive Paste
Transbond Plus
Self Etching Primer
Clearfil SE Bond
Primer
Clearfil SE Bond
Bond
Composição
Sílica, Bis-GMA, silano, ndimetilbenzocaína, hexaflúor-fosfato
Primer,
Trietilenoglicoldimetacrilato, Bis-GMA
Fabricante
3M Unitek (Monrovia,
CA 91016 USA)
Lote
N505453/
2016-07
3M Unitek (Monrovia,
CA 91016 USA)
N505366/
2016-07
Éster de ácido fosfórico
metacrilato;
água;
complexo
Fluorídrico;
estabilizadores.
Fosfato
biácido
metacriloiloxidecilo
10
(MDP);
hodroxietilmetacrilato
2
(HEMA);
dimetacrilato
hidrófilo; alcafoquinona dl;
N, dietanol N-toluidina-p;
agua.
Fosfato
biácido
metacriloiloxidecilo
10
(MDP); diglicidilmetacrilato
A bisfenol (Bis-GMA);
hidroxietilmetacrilato
2
(HEMA);
dimetacrilato
hidrófilo; alcafoquinona dl;
N, dietanol N-toluidina-p;
dióxido de silício coloidal
silano.
3M Unitek (Monrovia,
CA 91016 USA)
A25060
537981/ 201507
Kuraray Medical Inc. 01147A/ 20141621
Sakasu, 06
Kurashiki, Okayama,
Japan
Kuraray Medical Inc. 01715A/ 20141621
Sakasu, 06
Kurashiki, Okayama,
Japan
38
Condac 37
Ácido fosfórico à 37%
Bráquete
Autoligado InOvation® C Slot
.022”
Cerâmica policristalina
FGM Dentscare Ltda,
Joinville - SC – Brasil
GAC
International,
Inc – NY – EUA
120114/ 201601
100-242-10/
UL4-5/
Validade
Indeterminada
Os materiais fixadores foram polimerizados, nos subgrupos G1L, G2L e G3L
com LED (Fotopolimerizador Optilight Max® Gnatus® Equipamentos MédicosOdontológicos, Ribeirão Preto/SP, Brasil) (Figura 11) por 20 segundos: cinco
segundos de exposição para cada uma das quatro faces do bráquete.
Figura 11. Fotopolimerizador Optilight Max® Gnatus®
Para os subgrupos G1A, G2A e G3A utilizou-se o Laser de Argônio
(AccuCure3000™- LaserMed, Salt Lake, UT, EUA), da Universidade de São Paulo
(USP/LELO), nas potências de 150mW e 200mW nos tempos de 3 e 5 segundos
para cada uma (Figura 12).
39
Figura 12: Ilustração do aparelho de Laser de Argônio (AccuCure3000™LaserMed)
O Quadro 3 apresenta os parâmetros do LED e do Laser de Argônio utilizados
neste estudo para a polimerização do material fixador.
Quadro 3. Parâmetros utilizados para o LED e Laser de Argônio.
Potência
L
A1
A2
A3
A4
275
150
150
200
200
20
3
5
3
5
550
535,7
535,7
714,2
714,2
11
1,607
2,678
2,142
3,571
(mW)
Tempo
(s)
Irradiância
(mW/cm²)
Dose
(J/cm²)
Finalizada a colagem do bráquete no elemento dental, obteve-se o corpo de
prova confeccionado, de acordo com os grupos anteriormente mencionados (Figura
13).
40
Figura 13. Corpo de prova
Após a colagem, os dentes foram armazenados em estufa a 37ºC, por 24
horas, em água destilada (MELO et al., 2006; AL-SALEH; EL-MAWAFY, 2010;
MELO, 2013); e, seguidamente, submetidos a 1000 ciclos térmicos com 30
segundos em cada banho (5°C e 55°C) (Máquina Biopdi®) (PENIDO et al.,
2008;BRAUCHLI; ZELLER; WICHELHAUS, 2011).
4.7 Teste de Cisalhamento
Os corpos-de-prova foram acoplados na máquina de ensaios Universal
SHIMADZU® (Modelo AG-X, Japão), da Universidade Federal da Paraíba
(Laboratório de Engenharia), através da fixação em peça metálica circular
parafusada e imantada, e submetidos ao teste de cisalhamento (tipo faca)
promovendo a descolagem dos bráquetes, a uma velocidade de 0,5mm/min
(GONÇALVES et al., 2004; IANNI FILHO et al., 2004; PARK et al., 2005; VASQUES
et al., 2005; MELO et al., 2006; MELO, 2013), com célula de carga de 3kN(Figura
14).
41
Figura 14. Ilustração da Máquina SHIMADZU®i(Modelo AG-X, Japão): A – Vista
frontal da SHIMADZU®; B – Comando manual da SHIMADZU®; C – Garra para
fixação do Corpo de Prova; D –Teste de cisalhamento
4.8 Análise da Superfície de Esmalte (IRA)
Após a descolagem, as faces vestibulares dos dentes foram analisadas,
através de lupa estereomicroscópica,TECNIVAL®, com aumento de 40 vezes, para
detecção da quantidade de adesivo remanescente (Figura 15); e classificadas de
acordo com o Índice de Adesivo Remanescente (IRA), proposto por Artun e
Bergland (1986), com escores de 0 a 3:
Escore 0 = nenhum remanescente de adesivo sobre o dente.
42
Escore 1 = menos de 50% de remanescente de adesivo sobre o dente.
Escore 2 = mais de 50% de remanescente de adesivo sobre o dente.
Escore 3 = 100% de adesivo sobre o dente.
Figura 15. Ilustração da lupa estereomicroscópica TECNIVAL® para avaliação
do IRA
A figura 16 representa a escala do IRA
Figura 16. Escala do Índice de Remanescente Adesivo
43
4.9 Descarte do Material Biológico Remanescente
Após o término dos ensaios, os corpos de prova utilizados neste estudo (prémolares fixados em tubos de PVC), foram doados à Universidade Federal de
Campina Grande (UFCG/ Departamento de Odontologia), para que sejam
reutilizados pelos alunos, nos laboratórios deste curso.
4.10 Análise Estatística
Os dados obtidos em Kg/f foram transformados em MPa de acordo com a
área de união e digitados na planilha EXCEL. O programa utilizado para realização
dos cálculos estatísticos foi o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) na
versão 2.1.
A margem de erro utilizada nas decisões dos testes estatísticos foi de 5%.
44
5 - RESULTADOS
5.1 Estatística Descritiva
Aos valores expostos nas Tabelas de 1 a 10 (Anexo A) foi aplicada apenas a
estatística descritiva, através da descrição de números absolutos e de porcentagens.
As Tabelas de 1 a 3, descrevem os valores das forças em MPa obtidas para
cada corpo de prova durante o ensaio mecânico de acordo com a distribuição dos
grupos e subgrupos apresentada na metodologia.
A tabela 4 apresenta a distribuição das médias dos valores das forças em
MPa para cada um dos grupos e subgrupos.
As Tabelas 5, 6 e 7 descrevem a avaliação do tipo de fratura na interface de
esmalte, para os Grupos 1, 2 e 3, respectivamente. Para isso, aplicou-se o IRA,
Índice de Remanescente Adesivo, descrito anteriormente na metodologia deste
estudo.
As Tabelas subseqüentes, 8, 9 e 10, descrevem as porcentagens de cada
Escore, estabelecido pelo IRA, de acordo com cada um dos grupos. Os maiores
valores estão em destaque.
5.2 Estatística Analítica
Para a comparação entre as categorias das variáveis independentes
(sistemas adesivos e fontes de luz) em relação às médias da força de resistência ao
cisalhamento foram utilizados os testes estatísticos: F (ANOVA) ou Kruskal-Wallis.
No caso de diferença através do teste F (ANOVA) foram utilizados testes de
comparações múltiplas pareadas de Tukey ou Tamanhe. Estes também foram
utilizados no caso de diferença através do teste de Kruskal-Wallis. A margem de erro
utilizada nas decisões dos testes estatísticos foi de 5%.
Ressalta-se que a escolha do teste F (ANOVA) ocorreu quando foi verificada
distribuição normal em cada categoria e teste não paramétrico de Kruskal-Wallis
45
ocorreu no caso da rejeição da hipótese de normalidade. A escolha das
comparações de Tukey ocorreu quando foi verificado a hipótese de igualdade de
variâncias e as de Tamanhe quando foi rejeitada a referida hipótese.
Na Tabela 11 estão apresentadas as estatísticas da força de cisalhamento,
em MPa, de acordo com o sistema adesivo empregado e a fonte de luz, LED ou
Laser de Argônio. Nesta tabela destaca-se que entre as amostras em que foi
utilizado o LED, a média da força de cisalhamento menos elevada foi registrada no
subgrupo G2L (8,80 MPa), e variou de 14,33 MPa no subgrupo G3L a 15,11 MPa no
G1L.
Ainda de acordo com a tabela 11 observa-se que quando foi utilizado o Laser
de Argônio na potência de 200 mW/5s obteve-se a média mais elevada no subgrupo
G3A4, (8,12 MPa) e menos elevada no G2A4 (2,54 MPa). Nas amostras em que foi
utilizado o Laser nas potências de 150 mW/3s, 150 mW/5s e 200 mW/3s as médias
foram correspondentemente mais elevadas nos subgrupos G1A1, G1A2 e G1A3 e
foi menos elevada nos subgrupos G3A1, G3A2e G3A3, respectivamente. Entretanto
para a margem de erro fixada (5,0%) a única diferença significativa (p < 0,05) entre
os sistemas adesivos ocorreu nas amostras polimerizadas com Laser de Argônio a
200 mW/5s, e através dos testes de comparações múltiplas (entre pares de
adesivos) se verifica diferença significativa entre o G2A4 e o G1A4, bem como entre
o G2A4 e o G3A4.
Para todos os três tipos de adesivos utilizados no presente estudo as médias
da força de cisalhamento foram mais elevadas quando foi utilizado o LED (G1L,
G2L, G3L) do que quando foi utilizado o Laser de Argônio.
No Grupo 1 a média foi menos elevada (6,67 MPa) no subgrupo G1A4
seguido do G1A1 (6,81 Mpa) e variou de 7,30 MPa no G1A2 a 7,88 MPa no G1A3.
Entretanto não houve diferença estatisticamente significativa entre os mesmos (p >
0,05) o que também pode ser observado na tabela 11.
De acordo com os resultados observou-se que nos corpos de prova do Grupo
2, as médias decresceram de 6,43 MPa no subgrupo G2A1 para 2,54 MPa no
subgrupo G2A4, sendo verificadas diferenças significativas entre esses subgrupos
(Tabela 11).
46
Com exceção dos subgrupos onde utilizaram-se o Laser de Argônio a 150
mW/3s (A1) e150 mW/5s (A2), comprova-se diferenças significativas para as forças
de cisalhamento dos bráquetes polimerizados com Laser de Argônio a 200 mW/5s
(A4) com os outros subgrupos nos quais o laser foi empregado (Tabela 11).
Em relação aos corpos de prova do Grupo 3 observou-se que as médias
menos elevadas corresponderam aos subgrupos G3A2 (3,86 MPa) e G3A3 (3,87
MPa). A média da força de cisalhamento foi mais elevada no subgrupo G3L (14,33
MPa) seguida do G3A4 (8,12 MPa). Houve diferença estatisticamente significativa
entre o G3L e o G3A4 e deste com os subgrupos G3A1, G3A2 e G3A3 (Tabela 11).
Tabela 1. Força de resistência ao cisalhamento/sistema adesivo e fonte de luz
FONTE DE LUZ
SISTEMA ADESIVO
G1
Média ± DP
(Mediana)
G2
Média ± DP
(Mediana)
G3
Média ± DP
(Mediana)
Valor de p
15,11 ± 11,47
(9,44)
8,80 ± 4,65 (7,72)
p(1) = 0,447
(a)
14,33 ± 9,06
(11,12) (a)
Laser
150 mW/3s (A1)
6,81 ± 4,67 (6,46)
6,43 ± 2,86 (5,87)
5,03 ± 2,54 (5,57)
p(1) = 0,667
(a)
(b)
Laser
150 mW/5s (A2)
7,30 ± 5,65 (6,75)
5,96 ± 3,24 (6,99)
3,86 ± 2,71 (2,82)
(a)
(b)
Laser
200 mW/3s (A3)
7,88 ± 3,69 (7,37)
5,27 ± 3,25 (4,42)
3,87 ± 2,41 (3,12)
(ab)
(b)
Laser
200 mW/5s (A4)
6,67 ± 3,66 (7,61)
2,54 ± 2,14 (1,30)
8,12 ± 2,96 (8,48)
(A)
(B, b)
(A, b)
p(3) = 0,029*
p(4) = 0,001*
LED (L)
Valor de p
p(3) = 0,245
p(2) = 0,306
p(1) = 0,127
p(2) = 0,007*
(*): Diferença significativa ao nível de 5,0%.
(1): Através do teste Kruskal Wallis para comparações entre os tipos de adesivos para cada tipo de luz / potência com
comparações pareadas do referido teste.
(2): Através do teste F(ANOVA) com comparações de Tukey entre os tipos de luz para cada tipo de adesivo.
(3): Através do teste Kruskal Wallis para comparações entre os tipos de luz / potência em cada tipo de adesivo com
comparações pareadas do referido teste.
(4): Através do teste F(ANOVA) com comparações de Tamanhe para a comparação entre os tipos de luz para cada tipo
de adesivo.
Obs.: Se todas as letras maiúsculas entre parênteses são distintas, comprova-se diferença significativa entre os
adesivos correspondentes para cada fonte de luz.
Obs.: Se todas as letras minúsculas entre parênteses são distintas, comprova-se diferença significativa entre os tipos
de luzpara cada adesivo.
A Tabela 12 mostra que tanto para o LED quanto para o Laser de Argônio, as
médias das forças de resistência ao cisalhamento foram mais elevadas no Grupo 1
47
do que no Grupo 2. Entretanto a única diferença estatisticamente significativa
ocorreu entre os subgrupos G1A4 (6,67 MPa) e G2A4 (2,54 MPa), p=0,024.
Tabela 2. Força de cisalhamento para G1 e G2.
SISTEMA ADESIVO
TIPOS DE LUZ
G1
G2
Média ± DP (Mediana)
Média ± DP (Mediana)
15,11 ± 11,47 (9,44)
8,80 ± 4,65 (7,72) (A)
p(1) = 0,338
Laser
150mW/3s (A1)
6,81 ± 4,67 (6,46)
6,43 ± 2,86 (5,87) (A)
p(1) = 0,949
Laser
150mW/5s (A2)
7,30 ± 5,65 (6,75)
5,96 ± 3,24 (6,99) (A)
p(2) = 0,597
Laser
200mW/3s (A3)
7,88 ± 3,69 (7,37)
5,27 ± 3,25 (4,42) (AB)
p(1) = 0,142
Laser
200mW/5s (A4)
6,67 ± 3,66 (7,61)
2,54 ± 2,14 (1,30) (B)
p(2) = 0,024*
p(3) = 0,245
p(3) = 0,029*
LED (L)
Valor de p
Valor de p
(*): Diferença significativa ao nível de 5,0%.
(1): Através do teste Mann-Whitney.
(2): Através do teste t-Student com variâncias iguais.
(3): Através do teste Kruskal Wallis.
Obs.: Se todas as letras entre parênteses são distintas, comprova-se diferença significativa entre os sistemas
correspondentes pelas comparações pareadas do referido teste.
Na Tabela 13 estão apresentados os resultados da avaliação do índice de
remanescente adesivo (IRA) em função dos três diferentes tipos de adesivos e as
duas fontes de luz empregados neste estudo. Observa-se, de acordo com a tabela,
que a associação significativa (p < 0,05) ocorreu entre os subgrupos onde utilizou-se
o LED e entre os subgrupos em que aplicou-se o Laser de Argônio a 200 mw/5s.
Nas referidas situações para o LED destaca-se que: 100% das amostras do
subgrupo G1L corresponderam ao escore 3; no subgrupo G2L, 57,1% das amostras
corresponderam ao escore 1 e 28,6% das amostras ao escore 2; e no G3L obtevese 28,6% das amostras correspondentes ao escore 1 e os outros 71,4% das
amostras ao escore 3. Nos corpos de prova em que foi utilizado o Laser de Argônio
a 200 mw/5s a maior diferença correspondeu aos 71,4% das amostras que
apresentaram escore 1 no subgrupo G3A4, enquanto que no G1A4 apenas 14,3%
das amostras tiveram o referido escore.
48
Tabela 3. Avaliação do IRA
FONTE DE LUZ/ IRA
G1
SISTEMA ADESIVO
G2
N
%
N
G3
Valor de p
N
%
%
 LED (L)
1
2
3
TOTAL
7
7
100,0
100,0
4
2
1
7
57,1
28,6
14,3
100,0
2
5
7
28,6
71,4
100,0
p(1) = 0,009*
 Laser 150mw/3s(A1)
0
1
2
3
TOTAL
4
2
1
7
57,1
28,6
14,3
100,0
3
3
1
7
42,9
42,9
14,3
100,0
4
3
7
57,1
42,9
100,0
p(1) = 1,000
 Laser 150mw/5s(A2)
0
1
2
TOTAL
3
4
7
42,9
57,1
100,0
2
4
1
7
28,6
57,1
14,3
100,0
4
3
7
57,1
42,9
100,0
p(1) = 0,854
 Laser 200mw/3s(A3)
0
1
2
3
TOTAL
2
4
1
7
28,6
57,1
14,3
100,0
4
2
1
7
57,1
28,6
14,3
100,0
1
2
1
3
7
14,3
28,6
14,3
42,9
100,0
p(1) = 0,425
 Laser 200mw/5s(A4)
0
1
2
TOTAL
5
1
1
7
71,4
14,3
14,3
100,0
4
3
7
57,1
42,9
100,0
5
2
7
71,4
28,6
100,0
p(1) = 0,035*
(*): Diferença significativa ao nível de 5,0%.
(1): Através do teste Exato de Fisher.
No estudo comparativo entre os grupos G1 e G2 em relação ao IRA,
comprova-se que a única associação significativa ocorreu quando utilizou-se o LED
(p < 0,05), conforme apresentado na Tabela 14.
49
Tabela 4. Avaliação do IRA para G1 e G2
SISTEMA ADESIVO
TIPO DE LUZ/ IRA
G1
G2
Valor de p
N
%
N
%
 LED (L)
1
2
3
TOTAL
7
7
100,0
100,0
4
2
1
7
57,1
28,6
14,3
100,0
p(1) = 0,005*
 Laser
150mW/3s(A1)
0
1
2
3
TOTAL
4
2
1
7
57,1
28,6
14,3
100,0
3
3
1
7
42,9
42,9
14,3
100,0
p(1) = 1,000
 Laser
150mW/5s(A2)
0
1
2
TOTAL
3
4
7
42,9
57,1
100,0
2
4
1
7
28,6
57,1
14,3
100,0
p(1) = 0,1000
 Laser
200mW/3s(A3)
0
1
2
3
TOTAL
2
4
1
7
28,6
57,1
14,3
100,0
4
2
1
7
57,1
28,6
14,3
100,0
p(1) = 0,559
 Laser
200mW/5s(A4)
0
1
2
TOTAL
5
1
1
7
71,4
14,3
14,3
100,0
4
3
7
57,1
42,9
100,0
p(1) = 0,559
(*): Diferença significativa ao nível de 5,0%.
(1): Através do teste Exato de Fisher.
Comparando os grupos G1 e G3 para a avaliação do IRA, é possível
comprovar na Tabela 15 que a única diferença significativa ocorreu quando utilizouse o Laser 200 mw/5s (p < 0,05). Na referida situação se destaca que para o
subgrupo G1A4, 71,4% das amostras corresponderam ao escore 0, enquanto que
no subgrupo G3A4 71,4% das amostras corresponderam ao escore 1.
50
Tabela 5. Avaliação do IRA para G1 e G3
SISTEMA ADESIVO
TIPO DE LUZ/ IRA
G1
G3
Valor de p
N
%
N
%
 LED (L1)
1
2
3
TOTAL
7
7
100,0
100,0
2
5
7
28,6
71,4
100,0
p(1) = 0,462
 Laser
150mW/3s (A1)
0
1
2
3
TOTAL
4
2
1
7
57,1
28,6
14,3
100,0
4
3
7
57,1
42,9
100,0
p(1) = 1,000
 Laser
150mW/5s (A2)
0
1
2
TOTAL
3
4
7
42,9
57,1
100,0
4
3
7
57,1
42,9
100,0
p(1) = 1,000
 Laser
200mW/3s (A3)
0
1
2
3
TOTAL
2
4
1
7
28,6
57,1
14,3
100,0
1
2
1
3
7
14,3
28,6
14,3
42,9
100,0
p(1) = 0,371
 Laser
200mW/5s (A4)
0
1
2
TOTAL
5
1
1
7
71,4
14,3
14,3
100,0
5
2
7
71,4
28,6
100,0
p(1) = 0,024*
(*): Diferença significativa ao nível de 5,0%.
(1): Através do teste Exato de Fisher.
Não foram verificadas diferenças significativas quando se comparou os
grupos G2 e G3 em relação ao Índice de Remanescente Adesivo (IRA) tanto para o
LED quanto para o Laser de Argônio (p > 0,05) conforme apresenta a tabela 16.
51
Tabela 6. Avaliação do IRA para G2 e G3.
SISTEMA ADESIVO
TIPO DE LUZ/ IRA
G2
G3
Valor de p
N
%
N
%
 LED (L1)
1
2
3
TOTAL
4
2
1
7
57,1
28,6
14,3
100,0
2
5
7
28,6
71,4
100,0
p(1) = 0,155
 Laser
150mW/3s (A1)
0
1
2
3
TOTAL
3
3
1
7
42,9
42,9
14,3
100,0
4
3
7
57,1
42,9
100,0
p(1) = 1,000
 Laser
150mW/5s (A2)
0
1
2
TOTAL
2
4
1
7
28,6
57,1
14,3
100,0
4
3
7
57,1
42,9
100,0
p(1) = 0,592
 Laser
200mW/3s (A3)
0
1
2
3
TOTAL
4
2
1
7
57,1
28,6
14,3
100,0
1
2
1
3
7
14,3
28,6
14,3
42,9
100,0
p(1) = 0,493
 Laser
200mW/5s (A4)
0
1
2
TOTAL
4
3
7
57,1
42,9
100,0
5
2
7
71,4
28,6
100,0
p(1) = 0,070
(1): Através do teste Exato de Fisher.
52
6 - DISCUSSÃO
A colagem dos bráquetes é extremamente importante para o bom andamento
do tratamento ortodôntico (MORAIS et al., 2011). Desta forma, procura-se um
material adesivo que apresente características físico-químicas e mecânicas
atendendo as necessidades clínicas, suficientes para suportar os esforços
mastigatórios e as forças geradas pela mecânica ortodôntica produzida durante o
tratamento (MALTAGLIATI; FERES; SIQUEIRA, 2006; JENA et al., 2007; COELHO;
MEISTER; HILGENBERG; GERMINIANI, 2012; CORDASCO et al., 2012). Essa
procura é um fator que desperta grande interesse para estudos laboratoriais e para o
uso clínico. Entretanto, para que se obtenha sucesso na colagem de acessórios
ortodônticos, é necessária não apenas a correta escolha dos materiais adesivos,
mas também, da unidade de fotoativação. É preciso que, além dos materiais
adesivos, aparelhos fotoativadores com potência adequada sejam utilizados (BRISO
et al., 2003).
Os bráquetes empregados neste estudo foram os cerâmicos autoligados
modelo In-Ovation® C da marca GAC, Slot. 022” com gancho. Justifica-se a escolha
desses acessórios devido à crescente demanda no número de pacientes adultos
que buscam o tratamento ortodôntico no menor tempo possível, com o mínimo de
desconforto, sem entretanto, prejudicar a estética. Neste contexto os bráquetes de
cerâmica têm sido uma forte tendência de uso em substituição aos bráquetes
metálicos (UYSAL; USTDAL; KURT, 2010; AL-HITY et al., 2011;ZIELINSKI;
REIMANN; JAGER; BOURAUEL, 2014). Em relação ao sistema autoligado, os
bráquetes ortodônticos que utilizam este mecanismo oferecem como principais
vantagens em comparação aos acessórios convencionais a maior eficiência no
movimento dentário, podendo diminuir o tempo total de tratamento para o paciente,
bem como a estética, por dispensar o uso de amarrilhos ou ligaduras para prender o
fio ao bráquete, facilitando a higienização (CHAPMAN, 2011; PAVONI; LIONE;
LAGANÀ; COZZA, 2011; SATHLER et al., 2011). Diversos estudos demonstraram
que os bráquetes autoligados possuem níveis mais baixos de atrito do que os
acessórios
convencionais
(PACHECO;
OLIVEIRA;
NETO;
JANSEN,
2011;
CORDASCO et al., 2012). Como a eficiência da terapia com aparelhos ortodônticos
53
fixos depende, dentre outras coisas, da fração da força liberada em relação à força
aplicada, teoricamente, pode-se afirmar que baixos níveis de força de atrito
poderiam tornar o tratamento mais rápido e eficaz.
A resina composta é o material fixador mais empregado para a colagem em
Ortodontia tendo como uma das vantagens o maior tempo que o profissional dispõe
para posicionar o bráquete na superfície do esmalte e, além disso, apresenta os
maiores valores de resistência de união do acessório ortodôntico ao esmalte
dentário
(CAL
NETO;
MIGUEL,
2004;
ZANDONÁ;
VASQUES;
MORAES;
CARINHENAA, 2010; MACIESKI; ROCHA; LOCKS; RIBEIRO, 2011; MORAIS et al.,
2011; BETTIOL et al., 2012; MACHADO; FRANÇA; PINTO; KNOP, 2012; ROMANO
et al., 2012). Os bráquetes utilizados neste trabalho foram colados às superfícies
dos elementos dentais com o compósito fotopolimerizável Transbond™ XT que tem
sido o material mais utilizado como controle em in vitro devido à sua boa aderência,
fácil manuseio, e longo tempo de trabalho (BISHARA; VONWALD; LAFFOON;
WARREN, 2000; ANN et al., 2008; LUGATO; PIGNATTA; ABRANTES; SANTOS,
2009; ROMANO et al., 2012).
Os 105 corpos de prova que compuseram a amostra foram divididos em três
grupos de acordo com o tratamento da superfície de esmalte, para a colagem do
acessório ortodôntico ao elemento dental, e depois subdivididos em cinco subgrupos
de acordo com a fonte de luz utilizada para a polimerização do material fixador
(Quadro 1, página 45). Em seguida os corpos de prova foram submetidos ao teste
de cisalhamento pela máquina de ensaios Universal SHIMADZU®, a uma velocidade
de deslocamento de 0,5mm/min. Vários autores realizaram ensaios mecânicos com
essa mesma velocidade de deslocamento utilizando a máquina Universal Instron®
5582 (SONIS, 1996; CHUNG; FADEM; LEVITT; MANTE 2000; TAVARES et al.,
2003; PITHON; OLIVEIRA; SANTANA; RUELLAS, 2007). A literatura ainda
apresenta inúmeras máquinas de ensaios mecânicos e velocidades de descolagens:
Universal Swick®, a uma velocidade de 1mm/min (BISHARA; VONWALD;
LAFFOON; WARREN, 2000); Universal Kratos® 2000, a uma velocidade de
3mm/min (ANN et al.,2008); Universal DL 3000 EMIC®, a uma velocidade de
1mm/min (LUGATO; PIGNATTA; ABRANTES; SANTOS, 2009).
54
Os testes de resistência adesiva (cisalhamento, tração e microtração) têm
sido utilizados para investigar a adesão dos materiais odontológicos à estrutura
dental, podendo ser aplicados em dentes de animais ou de seres humanos, in vitro
(TAVARES et al., 2003; PITHON; OLIVEIRA; SANTANA; RUELLAS, 2007; ANN et
al., 2008; ISHIDA; ENDO; SHINKAI; KATOH, 2011).
Nos estudos in vitro, há variáveis que dificultam as comparações dos
resultados obtidos, como a diferença entre dentes humanos e bovinos, o correto
armazenamento dos dentes, o modelo da máquina de ensaio utilizada, a velocidade
empregada para o teste de cisalhamento, as condições em que foi realizada a
colagem e a variação do operador. Mesmo diante destas dificuldades, os estudos in
vitro são aceitos pela comunidade científica como norteadores para o entendimento
do complexo processo de adesão dos bráquetes à superfície dental (IANNI FILHO et
al., 2004; PITHON; OLIVEIRA; SANTANA; RUELLAS, 2007; COELHO; MEISTER;
HILGENBERG; GERMINIANI, 2012; MONTASSER; TAHA, 2014).
As maiores médias de forças de cisalhamento encontradas para os Grupos 1,
2 e 3 deste estudo corresponderam à utilização do LED. Dentre os subgrupos cujas
amostras foram fotopolimerizadas com este aparelho, o G1L apresentou a maior
resistência ao cisalhamento e o G2L o menor valor obtido. Entretanto não foram
observadas diferenças estatisticamente significativas entre estes dois subgrupos,
bem como para o G3L.
O menor valor médio da resistência ao cisalhamento para todos os subgrupos
foi observado no G2A4 cujas amostras foram fotopolimerizadas com o Laser de
Argônio a 200 mW/5s. A força de resistência do G2A4 foi estatisticamente inferior
aos outros dois subgrupos, G1A4 e G3A4, nos quais foram empregados o Laser de
Argônio com a mesma potência e tempo de exposição, porém com sistemas
adesivos diferentes.
Uma hipótese explicativa para os menores valores de resistência ao
cisalhamento apresentados pelos subgrupos G2L e G2A4 refere-se ao fato de que
as amostras deste grupo foram submetidas à colagem com o sistema adesivo
autocondicionante (Transbond™ Plus Self Etching Primer). Estudos realizados com
microscopia eletrônica atestaram que o padrão de condicionamento do esmalte é
55
menos profundo neste tipo de adesivo, em comparação com o padrão de
condicionamento com o ácido fosfórico (FLEISCHMANN; SOBRAL; SANTOS
JÚNIOR; HABIB, 2008; MONTASSER et al., 2008; UYSAL; USTDAL; KURT, 2010;
GOSWAMI; MITALI; ROY, 2014; MONTASSER; TAHA, 2014). Segundo Badini
(2005) o condicionamento ácido cria microporosidades na superfície do esmalte por
meio da dissolução dos prismas e áreas interprismáticas, promovendo um aumento
da sua retenção, permitindo a penetração de um monômero resinoso, o qual,
quando polimerizado, promove uma união micromecânica entre eles. Nagem Fº et
al. (2014) afirmaram que os sistemas adesivos que empregam o condicionamento
total em esmalte são melhores do que os sistemas autocondicionantes.
Os maiores valores médios encontrados neste estudo para a força de
resistência ao cisalhamento dos suportes ortodônticos colados com o sistema
adesivo convencional quando comparados com os bráquetes colados com o sistema
adesivo autocondicionante se equiparam com outros resultados apresentados na
literatura que encontraram forças de cisalhamento mais elevadas para o sistema
convencional do que para o autocondicionante (UYSAL; USTDAL; KURT, 2010;
MIRZAKOUCHAKI et al., 2012;TÜRKÖZ; ULUSOY, 2012;REDDY; KISHORE;
SAFEENA, 2013; GOSWAMI; MITALI; ROY, 2014; KUMARASWAMY et al., 2014) e
diferem dos resultados de Buyukyilmaz, Usumez, Karaman (2003)e de Bishara et al.
(2005) os quais relataram valores de força de resistência ao cisalhamento maiores
para o sistema autocondicionante.
A polimerização com o Laser de Argônio a 200 mW/5s nas amostras em que
foi utilizado o sistema adesivo convencional, G1A4, resultou na menor resistência ao
cisalhamento do Grupo 1, enquanto que o subgrupo G1L apresentou a maior média
de força de resistência da pesquisa, como já exposto acima. De acordo com
Rueggeberg (1999) a fotoativação é dependente da dose de energia, que é o
produto de irradiância e tempo de exposição. No presente estudo as amostras
polimerizadas com o Laser de Argônio foram submetidas a um menor tempo de
exposição do que as amostras polimerizadas com o LED.
Luz halógena (QTH), diodo emissor de luz (LED), arco de plasma (PAC) e
Laser Argônio são algumas das importantes tecnologias usadas como fontes
luminosas (ativação física) para a polimerização da resina, cada uma com suas
56
vantagens e desvantagens (RÊGO; ROMANO, 2007). Muitos são os estudos
comparativos na tentativa de estabelecer qual o aparelho ideal (DELFINO et al.,
2009; COSTA et al., 2011; MAGNO et al., 2011; OZTURK; COBANOGLU; CETIN;
GUNDUZ, 2013). Pesquisas são realizadas, com o intuito de avaliar o desempenho
dos aparelhos com relação ao tempo e a distância necessários para a correta
polimerização, resistência a tração, e possíveis alterações na temperatura da
câmara pulpar, visando preservar as estruturas dentárias, evitar o descolamento do
bráquete, diminuindo assim o tempo de mecânica (THIND; STIRRUPS; LLOYD,
2005).
No Grupo 3 a maior média de força de resistência ao cisalhamento foi
encontrada no subgrupo G3L. Em seguida, o segundo maior valor obtido foi no
subgrupo G3A4 cuja força de resistência foi estatisticamente inferior ao G3L, porém
ainda dentro dos padrões clinicamente aceitáveis para a colagem de bráquetes
(REYNOLDS, 1975). Neste subgrupo utilizou-se o adesivo Clearfil SE Bond
Kuraray® e o Laser de Argônio a 200 mW/5s para fotopolimerização.
O sistema adesivo autocondicionante Clearfil SE Bond Kuraray® apresenta
dois passos para a sua aplicação. Um para a aplicação do primer ácido que
promove a desmineralização do substrato, e outro para aplicação do agente adesivo
(BRAZ et al., 2011). Estudos na literatura evidenciando a colagem de bráquetes
ortodônticos com o Clearfil SE Bond (HOLZMEIER et al., 2008; BRAUCHLI;
ZELLER; WICHELHAUS, 2011; LAMPER et al., 2012; ZIELINSKI; REIMANN;
JAGER; BOURAUEL, 2014) encontraram valores de resistência ao cisalhamento
clinicamente aceitáveis para suportes ortodônticos colados com esse adesivo
corroborando com os resultados aqui apresentados para os subgrupos G3L e G3A4.
No
entanto,
Cehreli,
Kecik,
Kocadereli
(2005)
e
Schnebel , Mateer, Maganzini, Freeman (2012) julgaram o uso deste sistema
adesivo autocondicionante inadequado para o sucesso da colagem ortodôntica. Vale
destacar que o G3A4 foi o único subgrupo no qual o adesivo autocondicionante
empregado apresentou maior força de resistência ao cisalhamento do que o adesivo
convencional (G1A4) quando fixou-se a fonte de luz para polimerização, e essa
diferença foi estatisticamente significativa.
57
Em relação à fotoativação com o Laser de Argônio, este aparelho tem sido
utilizado como uma alternativa rápida para a polimerização de compósitos
empregados na colagem de bráquetes ortodônticos à superfície dos dentes, além de
promover resistência à desmineralização do esmalte dentário (TALBOT et al., 2000;
NEVES et al., 2005; GUIMARÃES et al., 2011). Diversos estudos confirmam igual ou
superior efetividade da polimerização rápida com Laser de Argônio quando
comparado à luz convencional e em menor tempo de exposição (LALANI et al.,
2000; NOEL; REBELLATO; SHEATS, 2003; SERRA; BRUGNERA; ELIAS;
BOLOGNESE, 2005; HILDEBRAND et al., 2007; GUIMARÃES et al., 2011). Elvebak
et al. (2006) realizaram um estudo em que utilizava-se quatro diferentes potências
(100, 150, 200 e 250 mW) e quatro tempos de exposição (5, 10, 15 e 20 segundos)
e concluíram que o Laser de Argônio tem a capacidade de polimerizar maximamente
o adesivo em 5 segundos ou menos, desde que a potência do aparelho seja
suficiente, conseguindo produzir forças de resistência ao cisalhamento clinicamente
aceitáveis. Esses resultados corroboram com os da presente pesquisa em relação
aos subgrupos G1A1, G1A2, G1A3, G1A4, G2A1 e G3A4 que apresentaram
resistência ao cisalhamento dentro dos valores estabelecidos por Reynolds (1975)
como clinicamente aceitáveis.
Desta forma, com a utilização do Laser de Argônio na polimerização da resina
durante as colagens dos acessórios ortodônticos, além da considerável economia de
tempo clínico, há segundo Neves et al. (2005) uma maior resistência do esmalte ao
desenvolvimento de mancha branca ao redor dos bráquetes, que pode ocorrer
principalmente quando o paciente não é colaborador e não apresenta uma boa
higiene bucal.
De acordo com Reynolds (1975) forças de resistência ao cisalhamento no
intervalo de 5,9-7,8 MPa são suficientes para que bráquetes ortodônticos colados à
superfície de esmalte suportem as forças mecânicas que ocorrem no ambiente
bucal. No presente estudo valores inferiores a 5,9 MPa foram encontrados nos
subgrupos G2A2, G2A3, G2A4, G3A1, G3A2 e G3A3. Em todos eles foram
utilizados sistema adesivo autocondicionante e o Laser de Argônio para
fotopolimerização.
58
Mudanças nas forças de resistência ao cisalhamento em cada grupo foram
diretamente proporcionais às mudanças nos valores do Índice de Remanescente
Adesivo (IRA), ou seja, o aumento da força de resistência de união ou a diminuição
desta resultou em aumento do IRA ou em diminuição deste, respectivamente,
corroborando com os achados de Mirzakouchaki et al. (2012) e Türköz, Ulusoy
(2012).
Em relação ao IRA foram encontradas associações estatisticamente
significativas para os subgrupos G1L, G2L e G3L. Nestes a maior diferença ocorreu
no G1L no qual 100% das amostras apresentaram escore 3, ou seja, 100% de
adesivo sobre o dente, significando que a fratura ocorreu na interface
bráquete/adesivo. Estes resultados corroboram com as afirmações de Buyukyilmaz,
Usumez e Karaman (2003), Mirzakouchaki et al. (2012) os quais relataram que a
quantidade de adesivo remanescente na superfície do dente, quando aplica-se o
sistema adesivo convencional, é maior do que quando aplica-se o sistema
autocondicionante. Os autores utilizaram os mesmos adesivos empregados neste
estudo (Primer Transbond™ XT, Transbond™ Plus Self Etching Primer).
Comparando-se
os grupos G1
e G3 foram
observadas diferenças
estatisticamente significativas entre os subgrupos G1A4, no qual 71,4% das
amostras apresentaram escore 0, indicando que nenhum remanescente de adesivo
permaneceu sobre a superfície do dente após a descolagem, e o subgrupo G3A4
que apresentou os mesmos 71,4% das amostras com escore 1, indicando que
menos da metade do adesivo permaneceu na superfície do dente. Entretanto entre o
grupos G2 e G3, não foram verificadas diferenças significativas para a quantidade
de adesivo remanescente na superfície de esmalte dos corpos de prova desses
grupos.
Observou-se neste estudo que as amostras polimerizadas com Laser de
Argônio apresentaram menos remanescente de material adesivo sobre a superfície
do dente em comparação com as amostras polimerizadas com o LED. Estes
resultados discordam de outros trabalhos que afirmam que o Laser de Argônio
produz forças de resistência ao cisalhamento semelhantes às obtidas com o LED,
em muito menos tempo, mas que deixa mais adesivo sobre a superfície do dente
59
(TALBOT et al., 2000; SERRA; BRUGNERA; ELIAS; BOLOGNESE, 2005;
HILDEBRAND et al., 2007).
De acordo com a quantidade de adesivo remanescente sobre a superfície
dentária após a descolagem pode-se avaliar o modo de fratura e a possibilidade de
danos ao esmalte. Quando o modo de fratura ocorre entre o compósito e o dente
existe maior possibilidade de ocorrência de danos ao esmalte. Quando ocorre na
interface bráquete/compósito existe menor possibilidade de danos ao esmalte
(ARTUN e BERGLAND, 1986).
Os resultados da avaliação do IRA para este estudo mostrou que na maioria
das amostras para os três grupos, 42% do total, houve a permanência de menos da
metade do adesivo sobre a superfície dental (escore 1), após a descolagem, o que
implica
que
a
fratura
ocorreu
predominantemente
na
interface
adesivo/esmalte. Segundo Eminkahyagil, Korkmaz, Gokalp, Baseren (2005) e Costa
et al. (2011) isto é clinicamente vantajoso porque haveria menos adesivo para
remover da superfície do dente após a descolagem.
Alguns autores são a favor da permanência da resina no bráquete após a
descolagem, alegando uma menor quantidade de manobras para remoção do
material adesivo do esmalte (SOREL et al., 2002), mas outros defendem que a
aderência do adesivo à base do bráquete é indicativo de remoção de esmalte da
superfície, enquanto a aderência do adesivo ao dente sugere superfície de esmalte
intacta, demonstrando que a força coesiva do esmalte foi superior à força de adesão
da base do bráquete ao adesivo (FLEISCHMANN; SOBRAL; SANTOS JÚNIOR;
HABIB, 2008)
Na prática clínica, após o procedimento da colagem dos suportes
ortodônticos, espera-se uma resistência adesiva suficiente para resistir às forças
mastigatórias, bem como os estresses gerados pelos arcos ortodônticos. A
resistência adesiva deve ainda possibilitar a descolagem sem alterar a superfície do
esmalte. Valores excessivamente altos da adesividade entre os materiais fixadores e
o esmalte dental podem ser desfavoráveis ao substrato, do ponto de vista da
conservação do esmalte dental (COELHO; MEISTER; HILGENBERG; GERMINIANI,
2012).
60
Para o sucesso de qualquer tratamento ortodôntico é necessário um correto
diagnóstico e planejamento, bem como a execução de uma mecânica que favoreça
uma correção da má oclusão de forma mais rápida, simples e biológica possível
(MACHADO; FRANÇA; PINTO; KNOP, 2012). Neste ínterim, a simples introdução
de novos produtos no mercado não habilita o material para uso no paciente. A
seleção dos insumos ortodônticos a serem utilizados constitui etapa importante e
não deve ser negligenciada, por isso os testes de cisalhamento contribuem para o
controle de qualidade desses materiais dentários. Entretanto, aconselha-se que
estes testes sejam conduzidos sempre de forma a tentar reproduzir as possíveis
situações clínicas que ocorrem na cavidade bucal, apesar de nenhum teste
laboratorial poder determinar, satisfatoriamente, o comportamento clínico de um
material.
Portanto, sugere-se que mais experimentos tanto laboratoriais quanto clínicos
sejam realizados no intuito de fornecer informações a respeito das características
dos produtos odontológicos antes que eles sejam incorporados à prática clínica.
Dessa forma, será possível proporcionar aos cirurgiões dentistas mais segurança e
confiabilidade para a escolha adequada do seu material de trabalho, bem como o
paciente receberá um tratamento cientificamente comprovado e, consequentemente,
mais confiável, de melhor qualidade, no menor tempo possível e que proporcione
resultados satisfatórios.
61
7 - CONCLUSÕES
De acordo com a metodologia aplicada, bem como os resultados discutidos e
a literatura que embasou o presente estudo, pôde-se concluir que:
 As forças de resistência ao cisalhamento dos bráquetes cerâmicos
autoligados
colados
com
o
sistema
adesivo
convencional
(Primer
Transbond™ XT/3M Unitek®) foram predominantemente maiores do que as
forças
daqueles
(Transbond™
colados
com
Self
Etching
Plus
sistema
adesivo
Primer/3M
Unitek
autocondicionante
e
Clearfil
SE
Bond/Kuraray®) com exceção do subgrupo G1A4 que apresentou valor menor
que o subgrupo G3A4.
 As forças de resistência ao cisalhamento dos bráquetes cerâmicos
autoligados submetidos à polimerização com LED foram predominantemente
maiores do que as forças daqueles submetidos à polimerização com Laser de
Argônio, nas diferentes potências e tempos empregados para este aparelho.
 A avaliação do IRA apresentou que a maioria dos corpos de prova (42% do
total) tiveram suas faces vestibulares classificadas com Escore 1, indicando
que menos de 50% de remanescente adesivo permaneceu na superfície do
dente.
62
REFERÊNCIAS
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71
ANEXO A
Tabela 1. Distribuição dos valores em MPa para o Grupo 1 (Primer Transbond™ XT)
Corpo de
Prova (CP)
CP1
G1L
G1A1
G1A2
G1A3
G1A4
4,24
6,81
7,29
6,91
8,32
CP2
9,44
16,68
2,56
11,69
4,09
CP3
30,22
4,07
6,75
6,53
8,69
CP4
8,39
6,93
1,41
10,05
1,21
CP5
13,25
4,29
5,60
11,49
7,60
CP6
32,57
6,46
8,78
7,36
12,28
CP7
7,59
2,43
18,66
1,06
4,45
Tabela 2. Distribuição dos valores em MPa para o Grupo 2 (Transbond™ Plus Self
Etching Primer).
Corpo de
Prova (CP)
CP1
G2L
G2A1
G2A2
G2A3
G2A4
15,69
4,47
7,00
4,41
5,06
CP2
6,89
10,23
11,54
5,27
1,29
CP3
7,72
5,87
2,85
6,40
0,87
CP4
3,71
4,20
7,28
2,98
0,46
CP5
4,00
10,42
6,99
2,74
5,72
CP6
14,07
6,43
2,32
11,97
3,16
CP7
9,46
3,37
3,71
3,09
1,17
Tabela 3. Distribuição dos valores em MPa para o Grupo 3 (Clearfil SE Bond).
Corpo de
Prova (CP)
CP1
G3L
G3A1
G3A2
G3A3
G3A4
29,75
8,67
8,31
8,26
8,47
CP2
5,10
1,73
1,97
3,12
10,78
CP3
7,41
5,72
2,82
3,50
10,58
CP4
14,67
2,60
3,76
1,61
3,29
CP5
23,37
5,56
0,76
5,91
10,62
CP6
8,89
3,54
6,75
3,03
4,98
CP7
11,11
7,38
2,63
1,67
8,12
72
Tabela 4. Distribuição das médias dos valores das forças em MPa.
MÉD
IAS
GRUPOS
L
A1
A2
A3
A4
G1
15,11
6,81
7,30
7,88
6,67
G2
8,80
6,43
5,96
5,27
2,54
G3
14,33
5,03
3,86
3,87
8,12
Tabela 5. Distribuição do tipo de fratura na interface dente-material para o Grupo 1
(Primer Transbond™ XT). Escores de 0 a 3.
Corpo de
Prova (CP)
CP1
G1L
G1A1
G1A2
G1A3
G1A4
3
1
0
0
0
CP2
3
1
0
1
0
CP3
3
0
1
1
0
CP4
3
0
0
1
0
CP5
3
3
1
2
2
CP6
3
0
1
1
1
CP7
3
0
1
0
0
Tabela 6. Distribuição do tipo de fratura na interface dente-material para o Grupo
2(Transbond™ Plus Self Etching Primer). Escores de 0 a 3.
Corpo de
Prova (CP)
CP1
G2L
G2A1
G2A2
G2A3
G2A4
1
0
1
2
0
CP2
1
2
2
1
0
CP3
1
1
1
2
0
CP4
3
1
0
1
1
CP5
2
0
1
3
1
CP6
1
1
0
1
0
CP7
2
0
1
1
1
73
Tabela 7. Distribuição do tipo de fratura na interface dente-material para o Grupo 3
(Clearfil SE Bond). Escores de 0 a 3.
Corpo de
Prova (CP)
CP1
G3L
G3A1
G3A2
G3A3
G3A4
3
1
0
2
1
CP2
1
0
0
3
2
CP3
1
0
0
1
1
CP4
3
0
1
0
1
CP5
3
1
1
3
1
CP6
3
1
1
3
2
CP7
3
0
0
1
1
Tabela 8. Porcentagem dos Escores de 0 a 3 (Grupo 1).
Grupo 1
Escores
0
G1L
G1A1
G1A2
G1A3
G1A4
0
57,1
42,9
28,6
71,4
1
0
28,6
57,1
57,1
14,3
2
0
0
0
14,3
14,3
3
100
14,3
0
0
0
Tabela 9. Porcentagem dos Escores de 0 a 3 (Grupo 2).
Grupo 2
Escores
0
GL2
G2A1
G2A2
G2A3
G2A4
0
42,9
28,6
0
57,1
1
57,1
42,9
57,1
57,1
42,9
2
28,6
14,3
14,3
28,6
0
3
14,3
0
0
14,3
0
Tabela 10. Porcentagem dos Escores de 0 a 3 (Grupo 3).
Grupo 3
Escores
0
G3L
G3A1
G3A2
G3A3
G3A4
0
57,1
57,1
14,3
0
1
28,6
42,9
42,9
28,6
71,4
2
0
0
0
14,3
28,6
3
71,4
0
0
42,9
0
74
ANEXO B
Aprovação Pelo Comitê de Ética em Pesquisa
75
APÊNDICE A
TERMO DE ESCLARECIMENTO PARA DOAÇÃO DE DENTES HUMANOS
TÍTULO DA PESQUISA: Resistência ao cisalhamento de bráquetes cerâmicos
autoligados colados com três diferentes agentes de união e submetidos à
polimerização com LED e Laser de Argônio.
PESQUISADOR (A): Fernanda Stella Fernandes de Oliveira Camboim
ORIENTADOR (A): Prof. Dr. Michel Nicolau Youssef
1. INTRODUÇÃO
As informações a seguir descreverão esta pesquisa e o papel que você terá como doador de
dentes humanos extraídos por indicação ortodôntica. O pesquisador responsável
responderá a quaisquer dúvidas que você possa ter sobre este termo e sobre o estudo. Por
favor, leia-o cuidadosamente.
2. PROPÓSITO DA PESQUISA
Avaliar a influência da polimerização com LED e Laser de Argônio na resistência ao
cisalhamento de bráquetes cerâmicos autoligados colados com sistema adesivo
convencional e autocondicionante.
3. RETROSPECTIVA
Uma série de estudos laboratoriais tem sido desenvolvidos com o intuito de fornecer
subsídios sobre um potencial desempenho clínico dos diferentes materiais odontológicos.
Dentre estes, os testes de resistência adesiva (tração, cisalhamento, microtração) tem sido
utilizados para investigar a adesão desses materiais à estrutura dental.
4. DESCRIÇÃO DO ESTUDO
- Autonomia: Sua participação neste estudo é voluntária e você poderá recusar-se a doar os
dentes humanos, a qualquer momento sem constrangimento.
- Beneficência: Contribuir com mais um trabalho científico a despeito da adesividade de
bráquetes autoligados.
- Não maleficência: Não existe a possibilidade de situação desagradável no estudo para o
consultado, uma vez que se trata de uma pesquisa in vitro.
5. CONFIABILIDADE DO REGISTRO
Todas as informações obtidas em relação a este estudo permanecerão em sigilo,
assegurando proteção de sua imagem e respeitando valores morais, culturais, religiosos,
sociais e éticos. Como condição na sua participação na pesquisa você doará ao
pesquisador os dentes humanos necessários ao estudo. Os resultados desta pesquisa
poderão ser apresentados em congressos ou publicações cientificas, porém sua identidade
não será divulgada nestas apresentações, nem serão utilizadas quaisquer imagens ou
informações que permitam a sua identificação.
6. CONTATO
Se houver qualquer dúvida sobre o estudo você receberá maiores esclarecimentos com a
pesquisadora Fernanda Stella Fernandes de Oliveira Camboim, através dos telefones (83)
8834-5178 e (83) 3421-6062.
Local e Data___________________
Assinatura___________________________
76
APÊNDICE B
TERMO DE DOAÇÃO DE DENTES HUMANOS
Eu,___________________________________________________________,
RG no ________________, Cirurgião (ã) - Dentista, inscrito no CRO sob o no
__________,
com
consultório
situado
à
___________________________________________________________________,
no________,
bairro
de_________________,
na
cidade
___________________________, por meio deste instrumento, doo _____ dentes
humanos à Cirurgiã-Dentista Fernanda Stella Fernandes de Oliveira Camboim.
Declaro que esses dentes foram extraídos por indicação ortodôntica, cujos
históricos fazem parte dos prontuários dos pacientes de quem se originam,
arquivados sob minha responsabilidade. Estou ciente de que os mesmos serão
utilizados para a realização de pesquisas laboratoriais previamente aprovadas pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL/SP).
___________________, _____ de _______________ de _______.
Assinatura do Cirurgião (ã) - Dentista Doador
77
APÊNDICE C
TERMO DE CONSENTIMENTO PARA DOAÇÃO DE
DENTES HUMANOS
Eu,
__________________________________________,
natural
de
_________________________, RG no ______________________, residente à
_________________________________________,
município
de
____________________, aceito doar o(s) dente(s) permanentes para a Cirurgiã
Dentista Fernanda Stella Fernandes de Oliveira Camboim, doutoranda da
Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL), ciente de que o(s) mesmo(s) será(ão)
utilizado(s) para fins de pesquisa laboratorial, a qual deverá ter sido previamente
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Cruzeiro do Sul
(UNICSUL/SP), sendo preservada a minha identidade, quando da divulgação dos
resultados.
____________________ de _______________ de _________.
Assinatura do Doador
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Artigo Completo - Universidade Cruzeiro do Sul