Escola Estadual “Professora Virgínia Alves da Cunha” Coordenação e Execução Professora Isolda Brasil Braga Belém/Pará 2014 JUSTIFICATIVA A escola em que foi desenvolvido o projeto é uma escola pública pertencente à rede estadual e fica localizada no bairro da Marambaia, cidade de Belém, estado do Pará, região Norte do Brasil. É uma escola de pequeno porte, possui apenas seis salas de aula, dois banheiros e mais cinco dependências. Não possui sala de professores, biblioteca, laboratório de informática e quadra de esporte. Todas as instalações estão bastante deterioradas necessitando de reforma e adequações, é uma escola de tradição no bairro e possui 49 anos de fundação. A turma em que desenvolvi o projeto é o 5º ano do turno da manhã, turma composta de 32 alunos assíduos e pontuais. São alunos com idade entre 10 e 12 anos, com exceção de uma aluna portadora de necessidade especial que tem 22 anos. Possuem comportamento típico da idade, hora agitados, mas comumente atenciosos, atendem as regras estabelecidas e participam ativamente das atividades propostas em sala de aula e na escola. No entanto, as atividades extraclasse não costumam realizar, apresentando desculpas diversas para o não cumprimento destas tarefas. A ideia deste projeto surgiu logo no início do ano letivo após fazer o diagnóstico da turma. Este diagnóstico tinha como principal objetivo conhecer o nível de domínio da leitura e a compreensão que os alunos tinham do que estava sendo lido, por considerar que a partir da leitura e de sua compreensão o aluno é capaz de interagir satisfatoriamente com as demais áreas do conhecimento e desenvolver a competência leitora e comunicativa. Esse diagnóstico inicial possibilitou perceber que muitos alunos não demonstravam interesse algum pela leitura, desconheciam seu objetivo e outros ainda apresentavam grande dificuldade. O projeto LER (Leitura + Estímulo = Resultado) surgiu como tentativa de motivar, incentivar e despertar o gosto pela leitura, fazer com que os alunos percebessem a importância e a necessidade dela no seu dia a dia e retirassem de seus pensamentos que ler é uma atividade mecânica e obrigatória apenas na escola e proporcionar a melhoria do desempenho dos alunos contribuindo com a formação de leitores competentes. A grande motivação dos alunos pela atividade surge quando lhes é sugerido a criação do Clube da Leitura, sabemos que essa ideia não é algo inédito, mas para eles sim, era algo diferente no ambiente escolar, participar de um clube com regras, objetivos, atividades diversificadas, excursões, produção e divulgação do que se produz. A busca de parceria, a utilização de gêneros textuais diversos, as excursões, as produções e sua divulgação eram o grande diferencial na busca dessa competência comunicativa. OBJETIVO Os alunos precisavam perceber que leitura não se faz só na escola, que texto não é só o que se lê na escola, no livro didático. Lemos imagens, gestos, cores e tudo o que está ao nosso redor. Era preciso ter um diferencial na busca da competência comunicativa. E para que isso acontecesse o projeto LER tem como objetivo geral incentivar a leitura, proporcionando a melhoria do desempenho dos alunos, principalmente os que apresentam dificuldades, contribuindo com a formação de leitores competentes. E como objetivos específicos: desenvolver as habilidades linguísticas e a competência comunicativa; auxiliar o aluno no processo da construção da leitura; contribuir com a formação de leitores competentes; incentivar o prazer pela leitura; facilitar o acesso a leitura e compreensão do texto. METODOLOGIA A proposta foi apresentada aos alunos em um dia normal de aula no nosso momento de roda da conversa, onde apresentamos um tema (alunos ou professora) e discutimos sobre ele. No início eles ficaram apreensivos, alguns não emitiram opinião, outros mostraram interesse. Falei dos objetivos, e que o Clube iria proporcionar a melhoria do desempenho deles, principalmente para aqueles que apresentavam dificuldades na leitura e que iria contribuir para que se tornassem leitores competentes. Pretendia envolver todos os alunos, mas focar naqueles que mais precisavam desenvolver tal habilidade. Cada atividade desenvolvida no projeto foi uma sequencia inter-relacionada, inicialmente fiz a leitura de um trecho do livro que conta a história das criações e evoluções de vários objetos que utilizamos, como relógio, computador, meios de transportes e outros, isso despertou neles a curiosidade em conhecer outras invenções e suas evoluções, partindo disso para o primeiro empréstimo onde cada um que levasse teria o compromisso de devolver no dia marcado para que pudéssemos emprestar para outro colega; em seguida vieram outros livros, gibis, revistas até chegar aos jornais. Ainda com a leitura dos livros havia o momento da divulgação do que foi lido e o seu entendimento e crítica sobre a obra, assim como a divulgação do livro lido para motivar os colegas. As excursões vieram em seguida para proporcionar outras “leituras” e também construir seu relato, sua impressão e socialização das ideias. Para o desenvolvimento das atividades do projeto utilizamos diversos recursos como sapateira de livros, livros diversos, cd, rótulos, embalagens, gibis, convites, receitas, revistas, tesoura, cola, papéis e jornais. Desenvolvemos várias atividades ao longo dos meses de execução como o dia da leitura; confecção de cartazes para os eventos da escola; divulgação dos livros lidos como indicação da leitura; audição de CD com contos, músicas, piadas; pesquisa bibliográfica; empréstimo de livros. As atividades feitas fora da escola facilitavam a aproximação com outras formas de leitura e a busca pela melhoria dela. Visitamos o Planetário do Pará, Complexo Feliz Lusitânia (centro histórico de Belém) e o Parque Estadual do Utinga (reserva ecológica); realizávamos propaganda da leitura (atividade oral para divulgar o que cada leu) e confeccionamos o jornal/fanzine. Utilizamos o jornal impresso, recebido semanalmente (parceria com um projeto de uma empresa de comunicação da cidade) como um bom aliado ao desenvolvimento da leitura crítica onde também foi possível explorar sua estrutura, conhecendo a manchete principal, o slogan, a charge, as chamadas, os cadernos, tudo que o compõe e seus objetivos. Como os alunos já utilizavam o jornal em sala de aula, portanto agora era a hora de construir o nosso próprio jornal. A confecção do fanzine, contou com a parceria da professora Aline Abrahão, que atende os alunos com deficiência matriculados na escola. O fanzine começou a ser construído após apresentação em Power Point para os alunos o que é um fanzine (tipo de jornal) e toda sua estrutura. Assistimos a um vídeo sobre a Amazônia, já que este era o tema do nosso jornal. Após esse primeiro momento para a familiarização com a proposta, dividimos a turma em grupos de acordo com as funções necessárias: editores, repórteres, diagramadores e colaboradores. Em seguida escolhemos o título e o tema do jornal e também o slogan. Cada grupo trabalhou no que lhe competia com responsabilidade e interesse. Realizamos a visita ao Parque Estadual do Utinga, uma reserva ecológica da nossa cidade (citada anteriormente), para fundamentar o que estávamos pesquisando, lendo e escrevendo. Após reunir todo o material necessário, montamos a “boneca”, nome dado a matriz do fanzine e mandamos para reprodução. Foram feitas cópias coloridas que seriam distribuídas na escola. O lançamento foi um evento que contou com a presença da comunidade escolar. Para realizar as atividades costumava formar grupos ou duplas de trabalho onde um ou dois poderiam ajudar os colegas em suas dificuldades. Realizávamos dinâmicas de integração, sempre incentivando para que o aluno produzisse da forma que achasse conveniente e apresentasse o resultado mesmo que estivesse inseguro. Nesta troca, os colegas intervinham e auxiliavam, sempre com o apoio da professora, e não era difícil vê-los buscando novas obras e outras informações. AVALIAÇÃO Os alunos foram constantemente avaliados, quer pela participação, produção, envolvimento e desenvolvimento das atividades propostas. Não foi possível atingir cem por cento dos alunos que apresentavam dificuldades com a leitura, pois muitos destes não desenvolveram a competência leitora desejada. No entanto, aproximar as informações, fazer interpretações e releituras já não causa estranheza para eles; portanto produzir um cartaz, um convite ou outro tipo de texto é bem mais fácil agora, mesmo com limitações. O importante é que inicialmente, os alunos que apresentavam mais dificuldades, ficavam alheios, desinteressados e aos poucos foram se integrando aos grupos, participando e mesmo que superficialmente contribuindo, já não se sentem mais envergonhados ou desmotivados, destaco ainda que quanto mais aproximamos os alunos da realidade sem deixar de intensificar o respeito e a afetividade fica mais fácil atingir os objetivos propostos.