A TEOLOGIA DOS REFORMADORES PROTESTANTES
TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. Tradução de Jaci Maraschin,
São Paulo: ASTE, 1988. P. 209-250
Martinho Lutero
O autor se propõe falar de Lutero como um grande profeta cristão e não
somente como o fundador do luteranismo. Apesar de não ter sido o primeiro a
protestar contra as doutrinas e práticas religiosas cristãs da época, foi Lutero
que conseguiu romper com o sistema religioso católico.
Depois do cisma com a Igreja católica e proposição de um novo tipo de
relacionamento com Deus, por mais que houvessem tentativas de reunião, isso
não foi possível, “diferentes religiões não entram em acordo” 1.
No catolicismo as alternativas para o homem são: sofrimento eterno ou o
eterno prazer, que é alcançado pelo cumprimento ou não dos sacramentos.
Enquanto no catolicismo há diferenças entre membros, monges e sacerdotes –
exemplo disso é o estabelecimento do mandamento ético, que são de dois
tipos: mandamentos e conselhos, o primeiro para todos os cristãos e o
segundo para os monges, e esses ao pratica-los se tornavam superiores aos
mortais. Já para Lutero todos deveriam se aproximar de Deus, ou seja, as
regras deveriam ser para todos.
O mundo medieval tinha um clima de culpa e de ansiedade, eles se
relacionavam com um Deus sem amor. No catolicismo não dá para saber quem
será salvo diretamente, ela pressupõe um purgatório para quase todos, já que
os que comentem pecado mortal vão direto para punição eterna, e os santos
na terra vão direto para o prazer eterno.
Ao contrário da igreja católica, Lutero acreditava que não precisava de
homens para mediar a encontro e conhecimento de Deus. Era uma relação
“Eu-Tu” sem qualquer mediação, e não há condição no homem para realizar
esse encontro. A relação do homem com Deus é diária, todos os dias é
necessário o arrependimento.
Lutero cria que os ensinos do Novo Testamento não estavam sendo
aplicados de forma correta, principalmente a justificação pela fé. Por mais que
1
TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. São Paulo: ASTE, 1988. p. 210
atacasse a missa, a sua maior critica era em relação aos abusos do
sacramento da penitência e a mediação de homem. Pela pressão da igreja que
ocorria um tipo de “arrependimento”, por medo da condenação, a religiosidade
deixa de ser um prazer e passa ser um peso. Por mais que cumprisse as
penitencia nunca ficaria livre do pecado, porque esses permaneceriam mesmo
depois das penitencias cumpridas.
Ao colocar as 95 teses na Catedral de Wittenberg, Lutero não queria
uma nova Igreja, mas uma nova relação com Deus. Lutero criticava, a além do
sacramento da penitência, a infalibilidade do papa.
“Não se cumpre a vontade de Deus longe de Deus” 2, não pelas regras e
imposições que o homem se aproxima de Deus, e sim por um coração
arrependido como diz o salmista Davi “sjsjsjsjjs” diante de Deus, o homem não
tem nada para se orgulhar, o que tem de bom no homem é a declaração divina
que ele é bom.
Lutero destrói o lado mágico do pensamento sacramental, “nenhum
sacramento é eficaz por si mesmo sem a plena participação de quem o recebe”
3
, Tillich diz que não é o oficial que torna santo o elemento, segundo ele
qualquer cristão piedoso poderia pode exercer o “poder sacerdotal” sem
nenhum tipo de ordenação.
Lutero e Eramos de Roterdam, que no inicio era amigo, logo de
distanciaram por alguns motivos: falta compromisso de Erasmo com as coisas
eternas, ceticismo científico, política, dedicação só à educação, racionalidade e
pouca revolução, mas a discussão acabou tem mais força em relação a
doutrina da liberdade e vontade. Principalmente porque Eramos acreditava que
o homem poderia ter participação em sua salvação, e Lutero queria que só
Deus pudesse salvar e isso era de graça.
Para muito de nós é “errar o alvo” é o pecado, para Lutero não ter fé
constituiria o pecado. Mesmo acreditando que a vida era em sua totalidade
corrompida, não diz que “não há nada bom no ser humano”. O pecado no
homem tinha ser compreendido como uma ação compulsória demoníaca que
só poderia ser vencida pela graça libertadora de Deus. O monge agostiniano
cria que a fé não era aceitar as doutrinas e sim saber de onde eu vim e para
2
3
Idem, op. Cit., p. 216
Idem, op. Cit., p. 217
onde estou a me mover, “porque dele e por ela para ele são tas as coisas” a
única coisa que Lutero entende como negativa é a falta de fé.
Tillich diz que a idéia de Deus que Lutero tem é uma das mais
importantes da história do pensamento humano cristão. Deus só poderia ser
visto através de contrastes, Deus era das coisas menores o menor e das
coisas maiores o maior. Até nos mais terríveis feitos humanos, como o nazismo
ou outro tudo de totalitarismo, Deus está presente e falando com a Igreja.
“O que afirmamos de Deus tem sempre um caráter de participação 4, se
sou bom Deus é bom, se sou mal Deus é mal, segundo Tillich esse é o
verdadeiro método de correlação. Para Lutero Cristo é a abertura de Deus para
contradizer o sistema de valor dos homens. Em Cristo somos sofredor e
vencedor, servos que um dia vão reinar, humilhados que chegaremos a
exaltação, etc., a gloria de Deus se torna visível na Igreja em tempos de
perseguições.
Jesus é o coração de Deus, a palavra interna de Deus, que se revela
pela fé, mas um diz veremos como objeto, e a palavra falada por Jesus e ou
profetas, ou seja, a palavra Bíblica revela Cristo, e Ele é maior que as palavras
dita a respeito dele.
Buldreich Zwinglio
Bebendo sempre em Lutero, faltou originalidade para esse reformador.
Nesse período os filósofos estavam redescobrindo os textos dos pensadores
gregos, e Zwinglio foi influenciado por essa idéia renascentista de sempre
voltar as fontes.
Zwinglio dizia que o Espírito poderia se revelar a qualquer pessoa,
mesmo sem a Bíblia, talvez influenciado pela amizade com Erasmo, que era
um humanista. Para ele a fé necessitaria de uma saúde psicológica para ter
seu pleno “rendimento”. Diferente de Lutero, Zwinglio cria no progresso de fé, e
não nos altos e baixos que propões Lutero.
Com a influencia humanista, Zwinglio tem uma idéia a respeito de Deus
racional e determinada.Ele cria que a lei apontava que somos pecadores, nisso
ela se aproxima de Calvino e se distancia de Lutero que cria que a lei torna o
pecado mais pecaminoso.
4
Idem, op. Cit., p. 228
Por acreditar no evangelho com uma “nova lei”, que deveria ser a base
para a lei do Estado, Zwinglio desencadeou a guerra contra os cantões suíços
católicos e morreu em uma batalha.
Essas não foram as únicas divergência com Lutero, mas também não se
entenderam em relação ao sacramentos eucarístico, a discussão estava em
torno da frase “esse é meu corpo”, Lutero cria na interpretação literal, já
Zwinglio cria que era apenas um símbolo, Cristo se faz presente na mente e
não fisicamente na natureza dos elementos.
João Calvino
A base da doutrina de Calvino não é a predestinação, e sim a doutrina
da majestade de Deus, que é inatingível, terrível e fascinante. Calvino entende
que tudo que falarmos de Deus são apenas símbolos humanos que atribuímos
a um ser que não pode ser atingindo pela mente limitada. Deus é muito além
dos símbolos, mas é eles que nos ajudam a “entender” Deus.
Calvino não cria que Deus se confinasse no céu, para ele, o céu era
uma expressão transcendente religiosa, a idéia dele era combater o que é
facilmente criado pelas religiões, os ídolos, até mesmo a as teologias ortodoxas
criam ídolos.
Para Calvino o homem não suporta sua realidade pecaminosa, e cria
uma ideologia de sua imagem. Ele fala de um Deus de amor, mas esse amor é
revelado aos que são eleitos, e os não os são também estão privados do amor
divino.
Ao pensar Deus da forma que pensou, Calvino sabia do risco que tinha
de ser entendido com um deísta, que em sua essência queria um Deus distante
do muito humano dos negócios. Queriam um Deus que ficasse no céu e
deixasse aterra para os homens.
Para Calvino a onipotência de Deus é ativa. Deus não estar em um lugar
qualquer sentado, deliberando e dando ordens, ele é onipotente por pode todas
as coisas estão sob sua providencia, e não age em vão.
A criação do mal foi um tema importante para Calvino. Deus criou o mal?
Calvino diz que não, o sofrimento do mundo não constitui problema para
Calvino, para ele o mal é: “consequência natural do mundo pecaminoso e
deformado [...] modo de trazer os eleitos para Deus [...] modo de Deus
demostrar sua santidade e punir o mundo deformado” 5. Deus usa a maldade
dos homens maus para realizar seu plano eterno e perfeito. Mesmo que esses
homens não cumpram seus mandamentos, mas lhe são obedientes em relação
ao seu plano. Para Calvino Deus é o causador da providencia, segundo Tillich
esse ideia acalma a ansiedade das pessoas.
Para Tillich a predestinação de Calvino é a providencia para o destino
eterno do homem. E é na ação de Deus que se pode encontrar a certeza da
salvação,
porque
se
olharmos
para
nós
veremos
as
fraquezas
e
pecaminosidade, mas na eleição que Deus faz há certeza e salvação. A
pergunta se todos têm a mesma condição ou oportunidade de aceitar a Cristo e
se livrar de um destino final de sofrimento, é respondida pelo principio seletivo
e não igualitário.
A vida do predestinado a salvação tinha que refletir a ética Calvinista.
Por mais que Calvino não odiasse a vida, ele tinha uma concepção muito
radical, dizendo que “o corpo não passa de uma prisão da alma sem qualquer
valor” 6, isso parece assustador e também mal explicado para aqueles que se
dizem calvinistas.
Para Lutero a igreja invisível é uma qualidade espiritual da igreja visível,
já para Calvino era o “corpo dos predestinados em todos os períodos da
história” 7, pois o espirito também o pera fora da palavra. Para constituir a
Igreja se faz necessário a disciplina que “conserva cada um no seu lugar” 8, e
se não for aceito poder chegar a excomunhão do membro.
Para Calvino as Escritura Sagrada era o ponto de partida para tudo,
quanto para a vida em coletividade tanto para a em grupo. Na Bíblia que estava
a verdade e ela que deveria ser a lei máxima. Ela deve ser entendida e
interpretada a luz do espirito Santo.
5
Idem, op. Cit., p. 242
Idem, op. Cit., p. 246
7
Idem, op. Cit., p. 246-247
8
Idem, op. Cit., p. 247
6
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