CORPORATE Coluna do Alexandre Santos Linux e a evolução das espécies A teoria da evolução das espécies aplicada ao Linux. H á algumas semanas eu estava demonstrando as novidades do meu desktop Ubuntu 10.10 durante uma aula e um aluno me perguntou por que cada vez que ele me encontrava eu tinha uma versão diferente de Linux instalada na minha máquina. A resposta seria bem simples se a pergunta não estivesse carregada com dúvidas sobre a maturidade do sistema operacional. Não é novidade que sou um grande defensor do GNU/Linux e, para responder a essa pergunta, não poderia ser diferente. A resposta é simples: assim como a evolução das espécies exige a adaptação dos seres para sobrevivência, a evolução das tecnologias também é definida pela capacidade de resiliência do ecossistema. Se observarmos bem ao nosso redor, veremos milhares de diferentes espécies, cada qual adaptada a um ambiente diferente, com características diferentes, mas carregando códigos genéticos (kernels) muito parecidos. Podemos concluir que a teoria da evolução das espécies de Darwin [1] nos mostra que força não é o fator essencial para a sobrevivência, muito menos inteligência. Para conseguir passar pela seleção natural e seguir em frente, a capacidade de adaptação é o que garante a sobrevivência das espécies. Com o Linux, funciona da mesma maneira. O sistema operacional não é o mais forte – não do ponto de vista financeiro – e não necessariamente precisa possuir as mais A beleza evolutiva do Linux se dá em razão da facilidade que cada um de nós possui em criar uma nova distribuição que atenda a uma necessidade peculiar. 34 brilhantes mentes trabalhando em sua evolução, mas sem dúvida, se olharmos para a árvore genealógica do Linux [2], veremos distribuições que entraram em extinção (Conectiva, Jurix, linux-ft etc.), outras que evoluíram de um ascendente comum como a RedHat, Suse ou Slackware e algumas espécies que acabaram de nascer sem se basear em outros sistemas como o Android, o QubesOS e o Quirky. A beleza evolutiva do Linux se dá em razão da facilidade que cada um de nós possui em criar uma nova distribuição que atenda a uma necessidade peculiar. O sistema operacional aberto, permite tanto a criação de uma interface movida a gestos, que facilitará a vida de deficientes físicos, até a facilidade de adaptação para se trabalhar com aplicativos multitouch ou multi-sensores sendo executados em variados dispositivos conectáveis ou não a Internet. Alguns destes aplicativos ainda estão por existir, mas o mais fascinante de tudo isso é a possibilidade deles mudarem vidas. Da hereditariedade, mutação, recombinação genética e transferência de código dessas distribuições surgirá, quem sabe em breve, uma espécie ultra-adaptável chamada Linux-sapiens, com a única certeza de que a diversidade continuará a existir em prol da evolução darwiniana. ■ Mais informações: [1] Evolução: http://pt.wikipedia. org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o [2] Árvore genealógica do Linux: http:// en.wikipedia.org/wiki/List_of_Linux_distributions [3] Distribuições demais: http://www.oreillynet.com/linux/blog/2007/01/so_many_ distros_so_little_time.html Alexandre Santos ([email protected]) é gerente de estratégia e marketing de System z da IBM Brasil. www.linuxmagazine.com.br