OUTUBRO DEZEMBRO 2012 A Teoria da Evolução das Espécies com maior rapidez, transformando Falar de mudança num mundo globa- trabalho na indústria; variedades es- A nova Fábrica 5 lizado e em contínua transformação é, pecializadas de um género, ao encon- inteligência em estratégia e informa- Tektónica 2012 no mínimo, óbvio. No entanto, a nível trarem nichos nos quais a sua espe- ção em conhecimento. Nascem assim, Conferências EA pessoal ou organizacional, uma rutura cialização fosse mais útil, forçariam a as “novas espécies” de empresas, como diversificação das espécies. resultado de um mecanismo evolutivo 2 Notícias ÍNDICE Opinião com o que estava convencionado, para 3O que virá a seguir? dar lugar a uma transformação, pode 8 Liderar na mudança causar tensão, desconforto, desestabi- ve, nem o mais inteligente, mas o que 153 anos depois da publicação do Obras lização e inevitavelmente, resistência. melhor se adapta às mudanças”. Esta seu célebre livro On the origin of spe- 4Black Tile House Haverá sempre dúvidas, incertezas e frase atribuída a Darwin, por mais que cies (A origem das espécies), resultado Laboratório interrogações. tenha sido exposta para descrever a de uma pesquisa que durou a vida in- Vivemos tempos de profundas alte- 6 A evolução da técnica rações nos hábitos de consumo, com 7 Ventilação dos Telhados pessoas mais exigentes, com acesso natural. evolução das espécies, é também per- teira de Darwin, e que desvendou uma feita para o mundo empresarial. série de mistérios da natureza, esta No contexto atual de contração da teoria intemporal ainda ajuda a per- muito facilitado à informação e que economia, com diminuição do consu- ceber como é importante para as em- compram de forma mais racional e mo e excesso de oferta, o princípio da presas a capacidade de terem um olhar planeada. conservadoras seleção natural é ainda mais evidente. atento e imparcial sobre a mudança e que ficam ancoradas a antigos valores Da mesma forma que esta teoria foi a como é necessário exercitar a resiliên- Empresas e resistem à mudança são uma amea- explicação científica dominante para cia – a capacidade para se adaptarem a ça à sua própria sobrevivência, porque a diversidade de espécies na natureza, ambientes complexos ou caóticos com impedem inovações e demonstrações que determina que só os mais adap- ponderação e equilíbrio, de forma a de criatividade – condições essenciais tados ao ambiente poderão sobreviver, saírem mais fortalecidas perante as para a mudança. no mundo dos negócios sobrevivem as adversidades. Charles Darwin, um aristocrata in- organizações mais ágeis, as que me- glês nascido há 200 anos, encontrou lhor conseguem observar e identificar uma resposta para o problema de como as novas tendências de consumo e que os géneros divergem, ao fazer uma reagem com maior dinamismo, anteci- analogia com as ideias de divisão de pando-se e adaptando-se às mudanças EDITORIAL Boas práticas “Não é o mais forte que sobrevi- NOTÍCIAS OUTUBRO . DEZEMBRO 2 2012 Tektónica 2012 A A nova Fábrica 5 Contrariando as tendências conjunturais, a CS registou uma forte presença na Tektónica 2012, a mais emblemática feira portuguesa dedicada ao setor da construção e obras públicas, que decorreu de 8 a 12 de maio, em Lisboa. Num stand com mais de 150 m 2, estiveram representadas as marcas da CS com posição de relevo reconhecida pelo mercado – Tecno, Domus, Plasma, D3, F3+, Canudo e F2. Mas também as novidades! E foram certamente essas, pelo seu cariz inédito, que despertaram grande interesse e curiosidade e fizeram acorrer ao stand muitos visitantes. A novidade mais inesperada foi a Climatile. A CS, entrando de forma pioneira num segmento de mercado que até aqui lhe estava vedado – o dos revestimentos para coberturas planas – apresentou a peça cerâmica Climatile, uma solução totalmente inovadora a nível mundial. Em abril de 2010 comuniquei a intenção Com a conclusão deste investimento, Também na marca Plasma a CS inovou, introduzindo tex- de construirmos a nova Fábrica 5, expli- a CS concretiza um plano de desenvolvi- turas na superfície plana das telhas. Se até aqui já era invul- cando as razões da decisão e a forma fa- mento que irá permitir consolidar a sua gar uma telha para fachada, é-o ainda mais quando essa te- seada da sua implementação no tempo posição entre as principais empresas do lha pode apresentar texturas. (em duas fases). setor a nível europeu, possibilitando dar As reações dos visitantes, nacionais e internacionais, não resposta à crescente procura dos seus podiam ter sido melhores, face às novidades apresentadas: Depois dos estudos técnicos e licenciamentos, foi iniciado o edifício fabril produtos nos mercados onde já está pre- muitas mentes surpresas, muitos curiosos, muitos interes- em agosto de 2011, seguindo-se a ins- sente e alargar o leque a novos países. sados em conhecer os mais novos elementos da família CS, talação dos equipamentos, tendo estes Não tenho dúvidas que, neste contex- estado em teste desde finais de maio to de crise, só foi possível realizar este passado. ambicioso plano através da capacidade Neste momento, a Fábrica 5 está a empreendedora da CS e do seu eleva- funcionar em pleno, mantendo-se inal- do grau de exigência, a todos os níveis: terados e válidos todos os pressupostos trabalho, estratégias claras de mercado que deram origem a este investimento. e produtos, e empenhamento de toda a Desde a nossa decisão – 4 de abril de e muitos contactos que se seguiram e seguem, com projetos prontos a acolher o resultado de (mais) estas inovações CS. Conferências EA com apoio CS equipa. 2010 – muita alteração e sobretudo muita derrapagem aconteceu no mundo financeiro, económico e social em todo o globo, com fortíssimo impacto em toda a Europa e, particularmente, no nosso país. Mas as premissas e os valores iniciais que presidiram a este investimento mantêm-se inalterados pela clarividência da situação da CS à época, no Anualmente, o Espaço de Arquitectura promove um concur- que toca ao seu enquadramento concor- so cuja divulgação, este ano, coincide com o dia Mundial da rencial face aos players europeus, sendo Arquitetura, dia 1 de outubro e que terá como objetivo rea- intrínseca a falta de escala para fazer bilitar um imóvel privado, localizado no centro da cidade de frente a uma nova e inevitável postura Guimarães. nos mercados internacionais. No âmbito do concurso, e de forma a tirar o melhor partido Hoje, já com a nova Fábrica em fase de desta experiência, o Espaço de Arquitectura organiza duas cruzeiro, posso afirmar que temos uma conferências, uma no dia 8 de outubro, às 18h00, na abertura CS mais preparada e mais competitiva, A empresa está agora muito mais for- do SIL, na Exponor, em Matosinhos, e outra no dia 9 de outu- com uma gama de produtos mais alar- te para enfrentar e vencer os desafios bro, às 19h00, na FIL, em Lisboa. Ambas contam com a parti- gada, tecnologia que ao nível dos proces- que terá de enfrentar, neste período con- cipação, na qualidade de orador, do conceituado arquiteto ho- sos e sobretudo da racionalização dos turbado em que Portugal está mergu- landês Jacob van Rijs, que representa o atelier de arquitetura custos energéticos e flexibilidade dos lhado. internacional MVRDV. Estas conferências serão certamente equipamentos, é o que de mais avança- um importante apoio para o conhecimento do processo cria- do se pode fazer na Europa mais desen- José Coelho tivo que se exige para qualquer concurso de arquitetura e volvida. Presidente do Conselho de Administração contam, uma vez mais, com o patrocínio da CS. OPINIÃO CS TELHAS OUTUBRO . DEZEMBRO 2012 3 O que virá a seguir? P. ƒ3 T. D. A Ct. … ƒ2 x … C A Teoria da Evolução das Espécies, tí- plexos. Mas os avanços na biologia de produtos e soluções CS torna-se alu- tulo do nosso Editorial, transpõe para molecular, bioquímica e genética nos cinante. a conquista do meio terrestre. Mas as comparações com o mundo natural não ficam por aqui e delas po- o mundo empresarial a experiência de últimos anos mostram que seres mi- Em 2006 surge a primeira telha pla- Charles Darwin no mundo natural, re- croscópicos, como as bactérias, podem na do Sul da Europa. A Plasma, cujo dem retirar-se ensinamentos úteis. As sultante de múltiplas viagens aos mais apresentar uma complexidade tal que aspeto depois de aplicada é um retân- mutações que acontecem na biologia diversos habitats, minuciosas observa- são comparáveis a verdadeiras fábri- gulo puro, vem responder aos projetos podem comparar-se aos atos de inova- ções no terreno e em teorias comple- cas miniaturizadas e especializadas, de arquitetura contemporânea com ção nas empresas, vingando no merca- mentares de outros cientistas da época faculdade que lhes permite, aliada a telhado e, em simultâneo, afirma-se do apenas os produtos com maior acei- que o conduziram à sua teoria sobre o um índice veloz de reprodução, muito como opção para o capeamento de fa- tação. A busca de novos territórios é Evolucionismo. rapidamente recombinar caracterís- chadas ventiladas, criando o conceito comparável à expansão para mercados externos, e fenómenos de simbiose po- Facto é que, nunca como agora, tan- ticas favoráveis que assegurem a sua de revestimento cerâmico integral e to se uniram nos comentários de espe- sobrevivência, mesmo em ambientes permitindo à CS a conquista de uma dem ver-se na criação de parcerias com cialistas, na comunicação social, em inóspitos ou em constante alteração. nova dimensão, o alçado. fabricantes de materiais ou soluções títulos de jornal e até em conversas A história da CS, de quase nove déca- Em 2010 é criado o conceito CS Solar, complementares, obtendo-se benefí- de rua, as palavras definidoras das das, é o exemplo perfeito desta mudan- para responder à necessidade de inte- cios mútuos. Todos são caminhos vá- suas ideias-chave com outras (aparen- ça na economia e que em simultâneo se grar os novos sistemas de produção de lidos na afirmação pela sobrevivência. temente) não relacionadas, como glo- verifica nas teorias da evolução. energia fotovoltaica ou solar térmica, balização, crise económica, empresas Começámos por produzir telha ca- de iluminação natural fria, ou de ven- O que virá a seguir? Só podemos especular. e mercados. A sobrevivência do mais nudo em 1927, aproveitando a excelên- tilação, sendo desenvolvidas inúmeras Cremos ser lógico pensar que o re- apto é o que ele sumariamente defende, cia dos barros locais. Na década de 40 peças acessórias cerâmicas. No mesmo novado mercado da construção – resul- sustentando que o organismo (ou em- surgem as telhas prensadas, primeiro ano são exploradas novas possibilida- tado do esforço de sobrevivência nos presa) que apresenta características a marselha e depois a lusa, produtos des das Fachadas Plasma, com a in- tempos que correm – criará novas ne- que lhe permitem uma adaptação me- que pelas suas características em mui- trodução das superfícies curvas e dos cessidades, quer de produtos, quer de lhor às condições do meio (ou mercado) to superavam a canudo nas suas capa- cantos de fachada côncavos e convexos. serviços. E no setor onde nos encontra- cidades funcionais e em facilidade de Em maio deste ano nasce a Climatile, mos, com certeza surgirão desafios in- aplicação. E até à década de 90 poucas peça cerâmica adequada para o reves- teressantes aos quais, sem hesitações, queremos responder. em que vive, sobrevive. Embora ainda hoje esta teoria se mantenha como paradigma central alterações nos produtos aconteceram. timento de coberturas planas, revo- para a explicação dos mais diversos Para além de melhorias pontuais e lucionária, produzida com a mesma E essa vontade é uma demonstração fenómenos na Natureza há, contudo, aumento da gama de acessórios para tecnologia utilizada nas telhas, com as de força, de capacidade, de inteligên- um dos seus aspetos que é dissonante telhados, só em 1995 se regista uma mesmas garantias de eficácia e durabi- cia? É certamente a manifestação de com a ciência atual e que, curiosamen- alteração digna de nota, com o apareci- lidade, somando outras propriedades uma enorme vontade de sobreviver e de te, também assim se revela quando mento de outras tonalidades para além muito próprias e inovadoras. nos superarmos. comparamos a economia de há déca- do vermelho natural da argila, através Assim passámos, em seis anos ape- das com a presente. Segundo Darwin, de um tratamento de superfície cha- nas, após décadas no mercado das co- a evolução seria um processo lento e mado engobagem. Contudo, apenas berturas inclinadas, a uma presença gradual, aproveitando pequenas varia- sete anos depois, um enorme salto tec- nas fachadas e nas coberturas planas. ções sucessivas que, sendo vantajosas nológico permite a criação de telhas No setor da cerâmica estrutural e à de- ao organismo, persistem e se trans- ímpares na perfeição de acabamento e vida escala, este feito é quase compará- mitem às gerações seguintes, criando capacidades funcionais. E a partir des- vel, à luz das teorias de Darwin, à saída seres adaptados e cada vez mais com- te ponto, o ritmo de desenvolvimento dos organismos vivos dos oceanos para # OBRAS OUTUBRO . DEZEMBRO 4 2012 Black Tile House “Um lote com 1000 m², 300 m² para construir e 200 m² para Rui Pereira implantar uma moradia”. Estes números foram o ponto Nasceu em Sintra, em 1978. Licenciou- de partida de uma conversa com o cliente que se protelou -se em Arquitetura pela Universidade A sensivelmente por três anos. Três anos para uma conversa Moderna de Lisboa em 2004 e poste- pode parecer um pouco despropositado mas, na verdade, foi riormente colaborou nos gabinetes exatamente esse o tempo que durou. Não conversámos só MJA – Miguel Judas Arquitecto e J2L – os dois, na verdade, muitas outras pessoas acabaram por Arquitectura. Atualmente acumula entrar na conversa, tantas pessoas ¹ que, por vezes, parecia à arquitetura a profissão de piloto co- que os oradores iniciais já não conseguiam sequer conversar mercial de aeronaves desenvolvendo os entre si. Como em qualquer conversa, sobretudo onde tantas seus projetos a título individual. pessoas procuravam falar ao mesmo tempo, gera-se entropia Principais prémios: 1º Classificado - e o arquiteto inevitavelmente acaba por assumir um papel de ¹ engenheiros / técnicos de todas as Concurso de ideias promovido pela mediador, procurando conduzir a conversa para um final feliz, especialidades (12), revista Grant’s & Arquitectura e Vida onde todos se sintam integrados mas, acima de tudo, onde os construtor, pedreiros, oradores iniciais sintam que atingiram o seu objetivo. - Try a different angle. carpinteiros, serralheiros, canteiros, eletricistas, O projeto de uma moradia familiar não tem que ser um processo complicado; na verdade deveria ser relativamente simples. A dificuldade prende-se exatamente com a quantidade de pessoas estucadores, arquitetos / técnicos da câmara municipal, envolvidas, por vezes demasiadas na minha opinião e excessi- mais umas dezenas de vamente dependentes uns dos outros. O ato de projetar e cons- comerciais dos mais truir obedece, nos dias de hoje, a um procedimento tão complexo que o torna demasiadamente moroso e, por vezes, penoso. variados produtos e empresas do ramo da Esta habitação, caraterizada por uma bria e simples onde procurei manter o construção civil. linguagem contemporânea muito sim- desenho controlado e assegurando a ples, encerra uma grande complexidade componente funcional. Sendo a telha de execução. Quais foram os problemas um dos elementos fulcrais do projeto, tros contextos, desconfio que o cliente/promotor no final de cuja solução foi mais difícil, quer na fase a estereotomia obedeceu a um rigoro- uma conversa destas nunca mais vai querer voltar a conversar de projeto, quer durante a construção? so exercício, num processo demorado e comigo. Não é que tenha ficado desiludido com o resultado da Uma das premissas do projeto foi preci- paciente, possibilitando a colocação dos conversa, não é isso; acontece é que conversar assim, durante samente essa, uma linguagem simples diferentes vãos em subtrações contro- tanto tempo e com tantos interlocutores deixou-o, no mínimo, e despretensiosa, o que veio a revelar-se ladas nos extensos planos de telha. Foi cansado. Deste modo, o cliente ficará a usufruir do resultado mais complicado do que inicialmente difícil a materialização deste gigante da nossa conversa e, quanto a mim, resta-me ir procurar al- poderia imaginar. De facto, julgo que puzzle de centenas de telhas sem que guém que queira conversar comigo. a imagem geral do projeto encerra essa uma só fosse cortada; todas as subtra- simplicidade com uma volumetria só- ções ao volume da habitação obedece- Não podendo obviamente generalizar para o que se passa nou- [R.P., Arq.] B canalizadores, CS TELHAS OUTUBRO . DEZEMBRO 5 Projeto: elementar da habitação, a imagem que Black Tile House muitos de nós associamos ao conceito Localização: de habitar, ao conceito de casa. Recordei Lisboa a minha infância e a imagem icónica Promotor/Cliente: com que as crianças representam uma Nuno Molarinho + Ana Melo casa, reduzida às linhas de um pentá- Autoria Arquitetura: gono. Estava encontrado o elemento im- Rui Pereira pulsionador do projeto. A maior dificul- Datas projeto e obra: dade surge nesta fase, conciliar estes 2009 - 2010 (projeto), 2010 - 2012 (obra) conceitos ao programa extenso forneci- Empresa construtora: do pelo cliente, às suas pretensões e ao Sociedade Construções Civis local para onde estava destinado. Costa Melo, Lda. C 2012 Apesar de recetivos a uma imagem Área de construção: moderna, o processo de aceitação do 300 m² projeto, por parte do cliente, levou al- Cobertura: gum tempo, por ser em muitas verten- Telha Plasma, cor Antracite tes, inovador e experimental. Procurei, desde uma fase muito inicial introduzir a questão do revestimento de toda a habitação em telha cerâmica, o que os deixou, no mínimo, apreensivos. Acre- ram a uma localização estratégica de dito que, apesar de todas as peças de- de vista energético é altamente eficaz, licitou a alteração para a cor antracite. forma a manter a imagem final livre de senhadas, só com a elaboração de uma funcionando como um revestimento A ideia não foi consensual, no entanto prevaleceu mais uma vez o bom senso cortes e emendas. A instalação da telha maqueta foi possível transmitir de protetor isolando todas as paredes da foi um processo, eu diria herculeano, modo esclarecedor o pretendido. Tenho ação direta dos diversos agentes exte- e julgo que o resultado final funciona de enorme paciência e rigor executado a certeza de que estão muito satisfeitos riores. A elaboração do estudo do com- muito bem, nomeadamente, em conju- por uma pequena equipa liderada pelo com o resultado final; agradeço-lhes portamento térmico revelou que a uti- gação com a madeira, um revestimento mestre António Fazenda que, nos seus a confiança e o bom senso que sempre lização deste tipo de fachada ventilada natural e quente que contrasta com as 60 anos teve o atrevimento de aceitar prevaleceu ao longo de todo o processo. permite, pela sua eficiência, a redução características inertes e frias da telha de custos com equipamentos, nomea- cerâmica. ção, acreditando que era possível atin- A eficiência energética é hoje um fator damente, no que se refere a sistemas de gir algo inovador, algo completamente de grande relevo na construção de edifí- frio/calor. De que forma assegurou a compatibili- diferente de tudo aquilo que construiu cios, tendo como objetivo a redução dos ao longo da sua longa carreira. Agrade- consumos durante o seu ciclo de vida. Num projeto com esta complexidade, e a fachada? ço-lhe pessoalmente por ter acreditado As fachadas ventiladas são um siste- considera útil o serviço prestado pelo Era fundamental para a imagem global que era possível porque, de certa forma, ma construtivo com bom desempenho gabinete de apoio técnico da CS? Em que do projeto que existisse uma transição também ele embarcou num desafio sem térmico, mas é importante que todos os consistiu, em concreto? suave, mas evidente, entre a cobertura e componentes zação e a continuidade entre a cobertura características O acompanhamento técnico por par- a fachada. Visualmente era importante adequadas para se obter o resultado es- te da CS foi imprescindível, sobretudo que a transição fosse fluida e contínua Naturalmente o programa correspondeu perado do conjunto. De que forma acau- numa fase inicial, ainda de projeto. A e que a fachada fosse uma extensão do ao pretendido pelo cliente. Mas foi-lhe fá- telou a eficiência energética obtida pelas aposta da CS na divulgação dos seus telhado. A série da telha Plasma possui cil obter a adesão e o agrado do dono da fachadas revestidas com telha cerâmica, produtos através de comerciais junto uma vasta gama de acessórios que ga- obra para o design do projeto, ao propor a em particular? dos gabinetes de arquitetura teve aqui rantem essa continuidade; no entanto, um papel determinante uma vez que de foi necessário ensaiar de modo rigoro- de fachadas ainda não muito correntes outra forma seria mais difícil ter conhe- so a inclinação da cobertura uma vez em Portugal, como a telha cerâmica ou cimento deste produto. Uma palavra de que era crucial para o projeto manter o a madeira? agradecimento a Tiago Esperança da equilíbrio do pentágono. precedentes para ambos; uma utopia. tenham utilização de materiais de revestimento Sendo uma moradia familiar, o concei- CS que conheci pela primeira vez há já to parte de um exercício de busca dos talvez cinco anos e que sempre respon- Qual é a sua opinião sobre a cerâmica na valores elementares da habitação e da deu de forma expedita e profissional a arquitetura moderna, ou em que medida sua função primordial de proteção. O todas as dúvidas e questões apresenta- é que a telha cerâmica é uma aliada nos ponto de partida para o projeto surge das. Foi ainda decisivo na apresentação, seus projetos? aqui, na procura primária do conforto caracterizada por elevado profissiona- Não sendo a aplicação de telha cerâmi- e segurança que remete para a imagem lismo, que realizou junto do cliente res- ca nas fachadas uma técnica inovadora, remota de um abrigo que nos envolve, de pondendo de forma clara e objetiva às a verdade é que com o desenvolvimento uma capa, concha ou carapaça que nos inúmeras questões apresentadas. de novos produtos surgem também no- D este desafio com enorme brio e dedica- vas soluções de aplicação. Este projeto protege. A referência a materiais como a pedra ou o barro para esta capa prote- Por que motivo a telha Plasma, em parti- simplesmente não funcionaria utili- tora foi imediata, sendo que a sua ma- cular na cor antracite, foi a escolha para zando uma telha convencional. A telha terialização tornou-se possível quando esta obra? plana na fachada permite recuperar descobri esta inovadora telha plana em Em boa verdade não fui eu que escolhi a um material tradicional e aplicá-lo em cerâmica que possibilitava revestir não cor antracite. O conceito original carac- projetos com uma linguagem moderna só a cobertura como os alçados. terizava-se por o revestimento a telha e contemporânea. Agrada-me a telha Restava-me a forma; de que forma A questão da eficiência energética foi Plasma na cor natural com os topos da cerâmica plana por ser um produto ge- poderia concretizar este conceito adap- amplamente debatida, desde cedo ain- habitação revestidos a tijolo cerâmico nuíno. Espero que se mantenha assim, tando-o à sua função de habitação da na fase de projeto até à fase final dos também à cor natural. Julgo que a ideia e que não pretenda vir a ser aquilo que, cumprindo ao mesmo tempo o progra- acabamentos da obra. A aplicação de de uma casa revestida a cerâmica foi na sua essência, não é. ma estabelecido pelo cliente/promo- telha cerâmica possibilitou a criação de demasiado arrojada para o cliente que, tor? Procurei, graficamente, a imagem uma fachada ventilada, o que do ponto já numa fase avançada do projeto, so# LABORATÓRIO OUTUBRO . DEZEMBRO 6 2012 A evolução da técnica “A introdução da tecnologia da prensagem veio possibilitar uma nova «evolução da espécie» (…)” A história e evolução das coberturas Se a generalização do seu uso veio está intimamente ligada ao desenvol- demonstrar as suas excelentes qualidades, por outro lado expôs a telha ce- vimento das construções. Como primeira forma de abrigo, o râmica a novos desafios, tendo-se-lhe, homem primitivo encontrou nas gru- entretanto, requerido níveis de presta- tas a proteção e segurança necessá- ção bastante superiores, consequência rias. No entanto, esta forma de abrigo do aumento das exigências de eficiência, rapidamente se tornou insuficiente, conforto e salubridade das habitações. quer para os povos que se dedicavam O incremento da dimensão das uni- à caça, quer para os que se dedicavam dades de produção obrigou a utilizar à recolha de alimentos. A mobilidade outras argilas, para além das existen- que essas formas de vida exigiam leva- tes no local, ou seja, a matéria consti- ram-nos a encontrar formas precárias tuinte da telha evoluiu para um estado de proteção. Com a sedentarização dos mais complexo. A classificação das ar- povos, surgiu a necessidade de cons- gilas, através do estudo das suas pro- truir abrigos mais eficazes e duradou- priedades, e a sua combinação adequa- ros. Ao longo dos tempos, tanto os pro- da, conjugados com o conhecimento cessos construtivos como as formas dos efeitos da temperatura sobre as ar- das habitações, e consequentemente gilas, observando os fenómenos ocor- das coberturas, foram aumentando ridos nas diversas etapas de cozedura, de complexidade. Foram também elas permitiu o aumento da qualidade do acompanhando o “evoluir da espécie”. produto. A introdução da tecnologia da Como característica comum a todas prensagem veio possibilitar uma nova as soluções de cobertura em zonas cli- “evolução da espécie”, introduzindo os máticas com alguma pluviosidade, in- pernos, que asseguram a fixação à es- dependentemente dos vários materiais trutura de suporte, e os frisos que, pro- utilizados em função dos recursos na- porcionando o encaixe entre as telhas, turais com que o homem se deparava, vieram garantir uma vedação muito a inclinação era a forma usual, com o mais eficiente. propósito das águas pluviais escoarem Os avanços tecnológicos ocorridos rápida e facilmente. No entanto, um em todas as áreas do processo produti- problema subsistia qualquer que fosse vo e o desenvolvimento de novos méto- o material usado no recobrimento da dos de análise e ensaio de controlo, têm cobertura: tornar compatível a durabi- Uma prova da inteligência natural cada etapa: Extração > Humidificação permitido a adaptação permanente dos modelos às necessidades do mer- lidade, integridade e impermeabilida- contida neste material, tão simples e > Homogeneização > Moldagem > Seca- de que se lhe exigia. Mais uma vez, os ao mesmo tempo tão complexo, é o fac- gem > Cozedura. povos tiveram de fazer uma nova “adap- to de as várias fases de produção não Deste facto, guardou a telha de argi- tação e evolução da espécie”. se terem alterado significativamente la cozida todas as suas qualidades in- do sucesso da telha cerâmica como ma- ao longo dos séculos. Na época romana, trínsecas. O produto de origem natural, terial de cobertura. a argila era extraída no próprio lugar se bem que notavelmente melhorado, A descoberta das excelentes características da telha cerâmica não é de hoje nem de ontem; remonta muitos de utilização, humedecida e pisada de permanece igual a si mesmo. O reco- séculos atrás. Pode afirmar-se que a forma a obter-se uma pasta maleável, nhecimento das qualidades ímpares da telha cerâmica como material privi- telha cerâmica constitui o mais antigo sendo posteriormente moldada. As material de construção fabricado com peças eram postas a secar ao sol e de- legiado para revestimento de cobertu- forma adequada para revestimento de pois cozidas em fornos de lenha. Atual- ras é evidenciado pelo seu desempenho cobertura e, consequentemente, uma mente, a sequência de fabrico é ainda ao longo do tempo, até em zonas geo- solução eficaz de proteção contra in- a mesma, tendo apenas evoluído con- gráficas bem distantes daquelas onde tempéries. sideravelmente a técnica utilizada em foi inicialmente utilizada. cado, provando que o caminho seguido assegura a continuidade da evolução e CS TELHAS BOAS PRÁTICAS OUTUBRO . DEZEMBRO 2012 7 Boas práticas Ventilação dos telhados 1Telha 2Laje 3Contra-ripa 4Ripa 1 5Isolamento 2 térmico 3 4 5 para permitir a entrada e saída do ar. As coberturas revestidas com telha ce- cionavam coberturas com uma enorme râmica são comuns no nosso país há caixa de ar cuja ventilação era facilita- E sempre que o desvão do telhado muitos séculos. Seria lógico esperar da pelos espaços entre telhas devido não é utilizado como espaço habitável, que a telha fosse normalmente aplica- aos empenos e diferenças dimensio- a camada de isolamento térmico, com- da seguindo as boas práticas, resultan- nais existentes nas antigas produções ponente essencial das novas cobertu- Existem no mercado placas de po- tes da experiência acumulada ao longo cerâmicas. ras, deve ser colocada sobre a laje plana liestireno estriadas. Mesmo utilizando do teto do piso localizado imediata- as placas com as estrias no sentido das do tempo. Quando o desvão era utilizado como mente por baixo da cobertura. pendentes, a dimensão dos canais que Infelizmente, essa não é a situação espaço habitável, normalmente proce- que muitas vezes se encontra, con- dia-se à colocação de um forro, também A utilização de lajes inclinadas em duzindo a maus resultados no de- em madeira, pregado para a face infe- betão veio alterar completamente a for- zarem ripas em pvc ou em madeira) é sempenho dos telhados, ou mesmo à rior dos caibros ou varas, resultando ma de construir telhados e infelizmen- demasiado reduzida para assegurar ocorrência de patologias nos diversos uma caixa de ar cuja espessura era te, na sua grande maioria, os sistemas uma eficiente circulação de ar. Esta materiais constituintes da cobertura, igual à dos respetivos caibros, usual- construtivos utilizados “esqueceram” também não é uma boa solução. onde se inclui a própria telha. mente entre 6 a 8 cm, ou seja, perfeita- completamente a necessidade de asse- mente suficiente para funcionar corre- gurar a caixa de ar ventilada que desde duas hipóteses que seguidamente indi- tamente. sempre existiu nas coberturas revesti- camos constitui uma solução correta: Um dos aspetos mais importantes das boas práticas, e hoje em dia muitas vezes esquecido, é a ventilação dos te- A pendente das coberturas com es- lhados. Por esta razão, neste Jornal ire- truturas em madeira, resultante dos mos abordar especificamente este tema. ficam sob as ripas (no caso de se utili- Então, como proceder? Qualquer das das com telha. Quando se utilizam lajes inclinadas, • utilizar um sistema de ripas e contra- cálculos ou da experiência empírica a camada de isolamento térmico, nor- -ripas que garanta um afastamento para proporcionar maior resistência às malmente constituído por placas de mínimo de 2 cm entre a ripa e a ca- Como assegurar uma eficiente ventila- próprias estruturas, também contri- poliestireno extrudido ou expandido, mada de isolamento e uma distância ção dos telhados? Para garantir uma buía para a circulação do ar no sentido deve ser colocada sobre as lajes. Este mínima de 4 cm entre a face inferior ventilação natural, deve ser criada ascendente das vertentes. é o procedimento comum e correto. Só uma caixa de ar entre a face inferior da No nosso país, hoje em dia, as estru- que é a partir deste ponto que as más da telha e a referida camada; • utilizar ripas perfuradas cuja área telha e a camada de material que se en- turas em madeira desapareceram com- soluções são a prática corrente. Referi- perfurada corresponda aos 2 cm de contra imediatamente por baixo e asse- pletamente dos telhados novos, sendo mos algumas, ordenadas da pior para espaço livre entre a ripa e o isolamen- gurada a renovação desse ar. substituídas por elementos em betão a menos má: to e cuja altura assegure a distância • em situação limite, “pregam-se” as te- da telha e o plano imediatamente in- mínima de 4 cm entre a face inferior armado. Quais as vantagens que daí resultam? Quando são utilizadas estruturas Um telhado bem ventilado alia o som- descontínuas, constituídas por vigotas lhas diretamente ao isolamento; ferior. • por vezes, colocam-se faixas de arga- breamento proporcionado pela telha em betão pré-esforçado, e o desvão não à renovação do ar, contribuindo para é utilizado, encontramo-nos, do ponto massa sobre o isolamento e, ainda Cumulativamente, reduzir significativamente o efeito de de vista da existência de uma caixa de com a argamassa fresca, aplicam-se que o ar tem que poder facilmente en- exposição solar ao qual as coberturas ar, numa situação análoga à que exis- as telhas; estão submetidas. Portanto, assegura tia nas antigas coberturas em madeira. uma muito maior eficiência energética A diferença reside nas telhas, atual- da cobertura, tornando o edifício mais mente muito mais precisas na sua geo- sustentável. metria e tolerância dimensional. Por- • ou executam-se sobre o isolamento nunca esquecer trar, na zona do beirado, e sair, junto à cumeeira. ripas em argamassa para apoio das telhas; Se os processos que preconizamos se • ou, ainda, fixam-se ripas em pvc ou tornarem prática corrente, o desempe- Mas, igualmente importante, uma tanto, os espaços entre as telhas não em madeira, diretamente apoiadas nho dos telhados corresponderá às ex- cobertura ventilada permite uma mais são suficientes para assegurar a reno- no isolamento. pectativas, e muitas das patologias que rápida dissipação da humidade, facili- vação do ar. Para esse fim, devem ser tando a secagem total das telhas e ri- garantidas entradas de ar junto ao bei- Nenhum destes processos construti- novas não voltarão a existir, ao mesmo pas, condição essencial para a redução rado e saídas junto à cumeeira. Quan- vos permite a ventilação da face infe- tempo que se reduzirão os consumos da formação de musgos ou mesmo para do se pretende um beirado argamassa- rior das telhas, ou seja, nenhum deles energéticos, obtendo-se, de forma lim- evitar um eventual descasque da telha, do à “antiga portuguesa”, e os telhões assegura uma caixa de ar ventilada, pa, uma poupança real. em situações climáticas mais extremas. de cumeeira são também fixados com portanto são más soluções que não As estruturas descontínuas tradi- argamassa, a utilização de telhas de devem ser utilizadas na execução dos cionais, em madeira e telha vã, propor- ventilação será o único processo válido telhados. hoje se verificam em construções ainda # OPINIÃO OUTUBRO . DEZEMBRO 8 2012 Liderar na mudança Edição: CS - Coelho da Silva Albergaria 2480-071 Juncal Portugal caracterizado pelo risco, pela incerteza, pela crise fazer as pessoas agir. Quando se trata de mudan- de paradigmas, pela competição global, em que a ças, alguns colaboradores vão estar prontos para maior riqueza das empresas é um bem intangível — entrar no barco, mas a maioria vai resistir, de- o conhecimento, a mudança organizacional apa- monstrando pouco entusiamo, ora por discordân- rece nas organizações como um imperativo. Perante tal ambiente, as organizações são obrigadas a mudar para sobreviver. O seu sucesso prende-se, cada vez mais, com a sua capacidade de cia com o rumo tomado pela empresa, ora por puro medo do desconhecido. Como definiu Peter Drucker, guru da gestão, líder é alguém que tem seguidores. adaptação à mudança, garantindo que a sua força Para se ter seguidores não se pode ter receio de de trabalho se mantém motivada e com níveis ele- tomar decisões difíceis, de se ser avaliado, de se vados de produtividade. ser criticado, de chorar, de rir, de delegar pode- Nesse sentido, uma pergunta se impõe: quem será capaz de dirigir a empresa do século XXI? res e responsabilidades… tem de se ter a coragem necessária para se viver intensamente aquilo em A resposta a esta questão não é simples. Cada que se acredita… tem de se ter a resiliência neces- empresa terá de encontrar a sua própria fórmula sária para se manter sereno quando enfrenta si- de liderança, adequada à sua cultura, ao seu negó- tuações adversas. cio e ao seu mercado mas, assim como a nova eco- de liderar e conduzir pessoas que tenha capacida- zações – e as que se adaptarem melhor terão mais de de interiorização, colocando-se constantemen- sucesso – também os te em causa, anali- líderes mais aptos a sando-se sem receio lidar com essas ten- de se confrontar com dências terão mais distintas realidades, êxitos. de estar sempre pron- Assim, o líder de to para compreender hoje tem de pensar o diferente, de estar como um agente de aberto ao crescimen- mudança. Sabe que, to e desenvolvimento sozinho, pode pessoal, sem medos, mudar a cultura da muito menos de si empresa, no sentido próprio. Fotografia: Pedro Lobo [pág. 2, 4 e 5) Design e paginação: Miguel Salazar Impressão: Lidergraf — Artes Gráficas, S.A. © CS Coelho da Silva, SA. Todos os direitos reservados. A atual conjuntura de eliminar elemendisfuncionais, exige que o líder veja contudo, pode fazê-la para além do prede- tos Textos: Cláudia Palhais Jorge Barros Rita Carreira Sónia Felgueiras Tiago Esperança É essencial, para quem tem a responsabilidade nomia dita algumas tendências para as organi- não +351.244479200 www.cs-coelhodasilva.pt Sim, porque no fim das contas o que importa é FICHA TÉCNICA Num mundo de negócios tão instável como o atual, O Jornal CS errou evoluir, potenciando finido, do seguro, do os seus pontos fortes globalmente e atrofiando os pon- que tenha uma per- Soletos, reproduzindo o passado atri- aceite, No Jornal CS 10, no artigo intitulado tos fracos. O estilo “(…) imaginar possibilidades fora das ceção extraordiná- buímos o diagnóstico das infiltrações antigo de liderança, categorias convencionais, vislumbrar ria de si e do mundo, de água na cobertura da Sala do Capí- quase religiosa, des- ações que cruzem as fronteiras ou seja, que tenha tulo do Mosteiro da Batalha à empresa gastou-se. Agora, o tradicionais, fazer novas conexões e um excelente auto- AOF, quando na realidade o diagnósti- líder tem de ser capaz inventar novas combinações (…)” conhecimento. Esta co foi feito pelo IGESPAR, conforme nos de promover a mu- característica foi comunicado pelo Senhor Engenhei- dança, liderando sem tará a antevisão de ro João Bessa Pinto, a quem agradece- liderar. situações em que tem mos o esclarecimento prestado e, pelo participação É verdade que já facili- ativa, muito se falou sobre possibilitando liderança. Muitos por antecipação e cal- autores têm-se dedi- cular os seus riscos, cado ao seu estudo que permitirão ade- pela importância que esta temática tem repre- agir quar as decisões às realidades. sentado para a gestão das empresas. Certo é que Para além de todas estas características, não todas as pesquisas apontam para a necessidade se pode negligenciar a função intelectual do líder de adequação das competências do líder aos con- num contexto de mudança, pois a par do carisma, textos que lidera, bem como à necessidade da pro- força de personalidade e das habilidades interpes- ximidade do líder com os colaboradores, pelo que, soais, também o poder do cérebro para pensar nos num contexto de mudança, é preciso identificar problemas e achar novas soluções é indispensável. os empreendedores emocionais, aqueles que têm Liderar um mundo em mudança põe uma tónica a capacidade de catalisar as pessoas para proje- na inteligência: imaginar possibilidades fora das tos, aqueles que as estimulam a otimizarem os categorias convencionais, vislumbrar ações que seus tempos e a sua rentabilidade, aqueles que cruzem as fronteiras tradicionais, fazer novas são mais empáticos e se colocam, quando neces- conexões e inventar novas combinações é funda- sário, ao lado dos colegas, independentemente da mental. sua posição hierárquica, que simultaneamente Numa economia em que o principal produto é o assumem comportamentos de responsabilidade conhecimento, o ideal é que o líder seja uma espé- e compromisso, podendo ser um exemplo para os cie de destaque entre pares, revelando-se humilde restantes, revelando habilidade para envolver os na aprendizagem e grandioso na decisão. outros, levando-os a agir. erro, pedimos desculpa ao IGESPAR e aos nossos leitores. Os números anteriores do Jornal CS estão disponíveis online.