OUTUBRO
DEZEMBRO
2012
A Teoria da Evolução das Espécies
com maior rapidez, transformando
Falar de mudança num mundo globa-
trabalho na indústria; variedades es-
A nova Fábrica 5
lizado e em contínua transformação é,
pecializadas de um género, ao encon-
inteligência em estratégia e informa-
Tektónica 2012
no mínimo, óbvio. No entanto, a nível
trarem nichos nos quais a sua espe-
ção em conhecimento. Nascem assim,
Conferências EA
pessoal ou organizacional, uma rutura
cialização fosse mais útil, forçariam a
as “novas espécies” de empresas, como
diversificação das espécies.
resultado de um mecanismo evolutivo
2 Notícias
ÍNDICE
Opinião
com o que estava convencionado, para
3O que virá a seguir?
dar lugar a uma transformação, pode
8 Liderar na mudança
causar tensão, desconforto, desestabi-
ve, nem o mais inteligente, mas o que
153 anos depois da publicação do
Obras
lização e inevitavelmente, resistência.
melhor se adapta às mudanças”. Esta
seu célebre livro On the origin of spe-
4Black Tile House
Haverá sempre dúvidas, incertezas e
frase atribuída a Darwin, por mais que
cies (A origem das espécies), resultado
Laboratório
interrogações.
tenha sido exposta para descrever a
de uma pesquisa que durou a vida in-
Vivemos tempos de profundas alte-
6 A evolução da técnica
rações nos hábitos de consumo, com
7 Ventilação dos Telhados
pessoas mais exigentes, com acesso
natural.
evolução das espécies, é também per-
teira de Darwin, e que desvendou uma
feita para o mundo empresarial.
série de mistérios da natureza, esta
No contexto atual de contração da
teoria intemporal ainda ajuda a per-
muito facilitado à informação e que
economia, com diminuição do consu-
ceber como é importante para as em-
compram de forma mais racional e
mo e excesso de oferta, o princípio da
presas a capacidade de terem um olhar
planeada.
conservadoras
seleção natural é ainda mais evidente.
atento e imparcial sobre a mudança e
que ficam ancoradas a antigos valores
Da mesma forma que esta teoria foi a
como é necessário exercitar a resiliên-
Empresas
e resistem à mudança são uma amea-
explicação científica dominante para
cia – a capacidade para se adaptarem a
ça à sua própria sobrevivência, porque
a diversidade de espécies na natureza,
ambientes complexos ou caóticos com
impedem inovações e demonstrações
que determina que só os mais adap-
ponderação e equilíbrio, de forma a
de criatividade – condições essenciais
tados ao ambiente poderão sobreviver,
saírem mais fortalecidas perante as
para a mudança.
no mundo dos negócios sobrevivem as
adversidades.
Charles Darwin, um aristocrata in-
organizações mais ágeis, as que me-
glês nascido há 200 anos, encontrou
lhor conseguem observar e identificar
uma resposta para o problema de como
as novas tendências de consumo e que
os
géneros divergem, ao fazer uma
reagem com maior dinamismo, anteci-
analogia com as ideias de divisão de
pando-se e adaptando-se às mudanças
EDITORIAL
Boas práticas
“Não é o mais forte que sobrevi-
NOTÍCIAS
OUTUBRO . DEZEMBRO
2
2012
Tektónica 2012
A
A nova Fábrica 5
Contrariando as tendências conjunturais, a CS registou uma
forte presença na Tektónica 2012, a mais emblemática feira
portuguesa dedicada ao setor da construção e obras públicas,
que decorreu de 8 a 12 de maio, em Lisboa.
Num stand com mais de 150 m 2, estiveram representadas
as marcas da CS com posição de relevo reconhecida pelo mercado – Tecno, Domus, Plasma, D3, F3+, Canudo e F2.
Mas também as novidades! E foram certamente essas,
pelo seu cariz inédito, que despertaram grande interesse e
curiosidade e fizeram acorrer ao stand muitos visitantes.
A novidade mais inesperada foi a Climatile. A CS, entrando de forma pioneira num segmento de mercado que até aqui
lhe estava vedado – o dos revestimentos para coberturas planas – apresentou a peça cerâmica Climatile, uma solução totalmente inovadora a nível mundial.
Em abril de 2010 comuniquei a intenção
Com a conclusão deste investimento,
Também na marca Plasma a CS inovou, introduzindo tex-
de construirmos a nova Fábrica 5, expli-
a CS concretiza um plano de desenvolvi-
turas na superfície plana das telhas. Se até aqui já era invul-
cando as razões da decisão e a forma fa-
mento que irá permitir consolidar a sua
gar uma telha para fachada, é-o ainda mais quando essa te-
seada da sua implementação no tempo
posição entre as principais empresas do
lha pode apresentar texturas.
(em duas fases).
setor a nível europeu, possibilitando dar
As reações dos visitantes, nacionais e internacionais, não
resposta à crescente procura dos seus
podiam ter sido melhores, face às novidades apresentadas:
Depois dos estudos técnicos e licenciamentos, foi iniciado o edifício fabril
produtos nos mercados onde já está pre-
muitas mentes surpresas, muitos curiosos, muitos interes-
em agosto de 2011, seguindo-se a ins-
sente e alargar o leque a novos países.
sados em conhecer os mais novos elementos da família CS,
talação dos equipamentos, tendo estes
Não tenho dúvidas que, neste contex-
estado em teste desde finais de maio
to de crise, só foi possível realizar este
passado.
ambicioso plano através da capacidade
Neste momento, a Fábrica 5 está a
empreendedora da CS e do seu eleva-
funcionar em pleno, mantendo-se inal-
do grau de exigência, a todos os níveis:
terados e válidos todos os pressupostos
trabalho, estratégias claras de mercado
que deram origem a este investimento.
e produtos, e empenhamento de toda a
Desde a nossa decisão – 4 de abril de
e muitos contactos que se seguiram e seguem, com projetos
prontos a acolher o resultado de (mais) estas inovações CS.
Conferências EA com apoio CS
equipa.
2010 – muita alteração e sobretudo muita derrapagem aconteceu no mundo financeiro, económico e social em todo o
globo, com fortíssimo impacto em toda
a Europa e, particularmente, no nosso país. Mas as premissas e os valores
iniciais que presidiram a este investimento mantêm-se inalterados pela clarividência da situação da CS à época, no
Anualmente, o Espaço de Arquitectura promove um concur-
que toca ao seu enquadramento concor-
so cuja divulgação, este ano, coincide com o dia Mundial da
rencial face aos players europeus, sendo
Arquitetura, dia 1 de outubro e que terá como objetivo rea-
intrínseca a falta de escala para fazer
bilitar um imóvel privado, localizado no centro da cidade de
frente a uma nova e inevitável postura
Guimarães.
nos mercados internacionais.
No âmbito do concurso, e de forma a tirar o melhor partido
Hoje, já com a nova Fábrica em fase de
desta experiência, o Espaço de Arquitectura organiza duas
cruzeiro, posso afirmar que temos uma
conferências, uma no dia 8 de outubro, às 18h00, na abertura
CS mais preparada e mais competitiva,
A empresa está agora muito mais for-
do SIL, na Exponor, em Matosinhos, e outra no dia 9 de outu-
com uma gama de produtos mais alar-
te para enfrentar e vencer os desafios
bro, às 19h00, na FIL, em Lisboa. Ambas contam com a parti-
gada, tecnologia que ao nível dos proces-
que terá de enfrentar, neste período con-
cipação, na qualidade de orador, do conceituado arquiteto ho-
sos e sobretudo da racionalização dos
turbado em que Portugal está mergu-
landês Jacob van Rijs, que representa o atelier de arquitetura
custos energéticos e flexibilidade dos
lhado.
internacional MVRDV. Estas conferências serão certamente
equipamentos, é o que de mais avança-
um importante apoio para o conhecimento do processo cria-
do se pode fazer na Europa mais desen-
José Coelho
tivo que se exige para qualquer concurso de arquitetura e
volvida.
Presidente do Conselho de Administração
contam, uma vez mais, com o patrocínio da CS.
OPINIÃO
CS TELHAS
OUTUBRO . DEZEMBRO
2012
3
O que virá a seguir?
P.
ƒ3
T.
D.
A
Ct.
…
ƒ2
x
…
C
A Teoria da Evolução das Espécies, tí-
plexos. Mas os avanços na biologia
de produtos e soluções CS torna-se alu-
tulo do nosso Editorial, transpõe para
molecular, bioquímica e genética nos
cinante.
a conquista do meio terrestre.
Mas as comparações com o mundo
natural não ficam por aqui e delas po-
o mundo empresarial a experiência de
últimos anos mostram que seres mi-
Em 2006 surge a primeira telha pla-
Charles Darwin no mundo natural, re-
croscópicos, como as bactérias, podem
na do Sul da Europa. A Plasma, cujo
dem retirar-se ensinamentos úteis. As
sultante de múltiplas viagens aos mais
apresentar uma complexidade tal que
aspeto depois de aplicada é um retân-
mutações que acontecem na biologia
diversos habitats, minuciosas observa-
são comparáveis a verdadeiras fábri-
gulo puro, vem responder aos projetos
podem comparar-se aos atos de inova-
ções no terreno e em teorias comple-
cas miniaturizadas e especializadas,
de arquitetura contemporânea com
ção nas empresas, vingando no merca-
mentares de outros cientistas da época
faculdade que lhes permite, aliada a
telhado e, em simultâneo, afirma-se
do apenas os produtos com maior acei-
que o conduziram à sua teoria sobre o
um índice veloz de reprodução, muito
como opção para o capeamento de fa-
tação. A busca de novos territórios é
Evolucionismo.
rapidamente recombinar caracterís-
chadas ventiladas, criando o conceito
comparável à expansão para mercados
externos, e fenómenos de simbiose po-
Facto é que, nunca como agora, tan-
ticas favoráveis que assegurem a sua
de revestimento cerâmico integral e
to se uniram nos comentários de espe-
sobrevivência, mesmo em ambientes
permitindo à CS a conquista de uma
dem ver-se na criação de parcerias com
cialistas, na comunicação social, em
inóspitos ou em constante alteração.
nova dimensão, o alçado.
fabricantes de materiais ou soluções
títulos de jornal e até em conversas
A história da CS, de quase nove déca-
Em 2010 é criado o conceito CS Solar,
complementares,
obtendo-se
benefí-
de rua, as palavras definidoras das
das, é o exemplo perfeito desta mudan-
para responder à necessidade de inte-
cios mútuos. Todos são caminhos vá-
suas ideias-chave com outras (aparen-
ça na economia e que em simultâneo se
grar os novos sistemas de produção de
lidos na afirmação pela sobrevivência.
temente) não relacionadas, como glo-
verifica nas teorias da evolução.
energia fotovoltaica ou solar térmica,
balização, crise económica, empresas
Começámos por produzir telha ca-
de iluminação natural fria, ou de ven-
O que virá a seguir? Só podemos especular.
e mercados. A sobrevivência do mais
nudo em 1927, aproveitando a excelên-
tilação, sendo desenvolvidas inúmeras
Cremos ser lógico pensar que o re-
apto é o que ele sumariamente defende,
cia dos barros locais. Na década de 40
peças acessórias cerâmicas. No mesmo
novado mercado da construção – resul-
sustentando que o organismo (ou em-
surgem as telhas prensadas, primeiro
ano são exploradas novas possibilida-
tado do esforço de sobrevivência nos
presa) que apresenta características
a marselha e depois a lusa, produtos
des das Fachadas Plasma, com a in-
tempos que correm – criará novas ne-
que lhe permitem uma adaptação me-
que pelas suas características em mui-
trodução das superfícies curvas e dos
cessidades, quer de produtos, quer de
lhor às condições do meio (ou mercado)
to superavam a canudo nas suas capa-
cantos de fachada côncavos e convexos.
serviços. E no setor onde nos encontra-
cidades funcionais e em facilidade de
Em maio deste ano nasce a Climatile,
mos, com certeza surgirão desafios in-
aplicação. E até à década de 90 poucas
peça cerâmica adequada para o reves-
teressantes aos quais, sem hesitações,
queremos responder.
em que vive, sobrevive.
Embora ainda hoje esta teoria se
mantenha como paradigma central
alterações nos produtos aconteceram.
timento de coberturas planas, revo-
para a explicação dos mais diversos
Para além de melhorias pontuais e
lucionária, produzida com a mesma
E essa vontade é uma demonstração
fenómenos na Natureza há, contudo,
aumento da gama de acessórios para
tecnologia utilizada nas telhas, com as
de força, de capacidade, de inteligên-
um dos seus aspetos que é dissonante
telhados, só em 1995 se regista uma
mesmas garantias de eficácia e durabi-
cia? É certamente a manifestação de
com a ciência atual e que, curiosamen-
alteração digna de nota, com o apareci-
lidade, somando outras propriedades
uma enorme vontade de sobreviver e de
te, também assim se revela quando
mento de outras tonalidades para além
muito próprias e inovadoras.
nos superarmos.
comparamos a economia de há déca-
do vermelho natural da argila, através
Assim passámos, em seis anos ape-
das com a presente. Segundo Darwin,
de um tratamento de superfície cha-
nas, após décadas no mercado das co-
a evolução seria um processo lento e
mado engobagem. Contudo, apenas
berturas inclinadas, a uma presença
gradual, aproveitando pequenas varia-
sete anos depois, um enorme salto tec-
nas fachadas e nas coberturas planas.
ções sucessivas que, sendo vantajosas
nológico permite a criação de telhas
No setor da cerâmica estrutural e à de-
ao organismo, persistem e se trans-
ímpares na perfeição de acabamento e
vida escala, este feito é quase compará-
mitem às gerações seguintes, criando
capacidades funcionais. E a partir des-
vel, à luz das teorias de Darwin, à saída
seres adaptados e cada vez mais com-
te ponto, o ritmo de desenvolvimento
dos organismos vivos dos oceanos para
#
OBRAS
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4
2012
Black Tile House
“Um lote com 1000 m², 300 m² para construir e 200 m² para
Rui Pereira
implantar uma moradia”. Estes números foram o ponto
Nasceu em Sintra, em 1978. Licenciou-
de partida de uma conversa com o cliente que se protelou
-se em Arquitetura pela Universidade
A
sensivelmente por três anos. Três anos para uma conversa
Moderna de Lisboa em 2004 e poste-
pode parecer um pouco despropositado mas, na verdade, foi
riormente colaborou nos gabinetes
exatamente esse o tempo que durou. Não conversámos só
MJA – Miguel Judas Arquitecto e J2L –
os dois, na verdade, muitas outras pessoas acabaram por
Arquitectura.
Atualmente
acumula
entrar na conversa, tantas pessoas ¹ que, por vezes, parecia
à arquitetura a profissão de piloto co-
que os oradores iniciais já não conseguiam sequer conversar
mercial de aeronaves desenvolvendo os
entre si. Como em qualquer conversa, sobretudo onde tantas
seus projetos a título individual.
pessoas procuravam falar ao mesmo tempo, gera-se entropia
Principais prémios: 1º Classificado -
e o arquiteto inevitavelmente acaba por assumir um papel de
¹ engenheiros /
técnicos de todas as
Concurso de ideias promovido pela
mediador, procurando conduzir a conversa para um final feliz,
especialidades (12),
revista Grant’s & Arquitectura e Vida
onde todos se sintam integrados mas, acima de tudo, onde os
construtor, pedreiros,
oradores iniciais sintam que atingiram o seu objetivo.
- Try a different angle.
carpinteiros,
serralheiros,
canteiros, eletricistas,
O projeto de uma moradia familiar não tem que ser um processo complicado; na verdade deveria ser relativamente simples. A
dificuldade prende-se exatamente com a quantidade de pessoas
estucadores,
arquitetos / técnicos
da câmara municipal,
envolvidas, por vezes demasiadas na minha opinião e excessi-
mais umas dezenas de
vamente dependentes uns dos outros. O ato de projetar e cons-
comerciais dos mais
truir obedece, nos dias de hoje, a um procedimento tão complexo
que o torna demasiadamente moroso e, por vezes, penoso.
variados produtos e
empresas do ramo da
Esta habitação, caraterizada por uma
bria e simples onde procurei manter o
construção civil.
linguagem contemporânea muito sim-
desenho controlado e assegurando a
ples, encerra uma grande complexidade
componente funcional. Sendo a telha
de execução. Quais foram os problemas
um dos elementos fulcrais do projeto,
tros contextos, desconfio que o cliente/promotor no final de
cuja solução foi mais difícil, quer na fase
a estereotomia obedeceu a um rigoro-
uma conversa destas nunca mais vai querer voltar a conversar
de projeto, quer durante a construção?
so exercício, num processo demorado e
comigo. Não é que tenha ficado desiludido com o resultado da
Uma das premissas do projeto foi preci-
paciente, possibilitando a colocação dos
conversa, não é isso; acontece é que conversar assim, durante
samente essa, uma linguagem simples
diferentes vãos em subtrações contro-
tanto tempo e com tantos interlocutores deixou-o, no mínimo,
e despretensiosa, o que veio a revelar-se
ladas nos extensos planos de telha. Foi
cansado. Deste modo, o cliente ficará a usufruir do resultado
mais complicado do que inicialmente
difícil a materialização deste gigante
da nossa conversa e, quanto a mim, resta-me ir procurar al-
poderia imaginar. De facto, julgo que
puzzle de centenas de telhas sem que
guém que queira conversar comigo.
a imagem geral do projeto encerra essa
uma só fosse cortada; todas as subtra-
simplicidade com uma volumetria só-
ções ao volume da habitação obedece-
Não podendo obviamente generalizar para o que se passa nou-
[R.P., Arq.]
B
canalizadores,
CS TELHAS
OUTUBRO . DEZEMBRO
5
Projeto:
elementar da habitação, a imagem que
Black Tile House
muitos de nós associamos ao conceito
Localização:
de habitar, ao conceito de casa. Recordei
Lisboa
a minha infância e a imagem icónica
Promotor/Cliente:
com que as crianças representam uma
Nuno Molarinho + Ana Melo
casa, reduzida às linhas de um pentá-
Autoria Arquitetura:
gono. Estava encontrado o elemento im-
Rui Pereira
pulsionador do projeto. A maior dificul-
Datas projeto e obra:
dade surge nesta fase, conciliar estes
2009 - 2010 (projeto), 2010 - 2012 (obra)
conceitos ao programa extenso forneci-
Empresa construtora:
do pelo cliente, às suas pretensões e ao
Sociedade Construções Civis
local para onde estava destinado.
Costa Melo, Lda.
C
2012
Apesar de recetivos a uma imagem
Área de construção:
moderna, o processo de aceitação do
300 m²
projeto, por parte do cliente, levou al-
Cobertura:
gum tempo, por ser em muitas verten-
Telha Plasma, cor Antracite
tes, inovador e experimental. Procurei,
desde uma fase muito inicial introduzir a questão do revestimento de toda a
habitação em telha cerâmica, o que os
deixou, no mínimo, apreensivos. Acre-
ram a uma localização estratégica de
dito que, apesar de todas as peças de-
de vista energético é altamente eficaz,
licitou a alteração para a cor antracite.
forma a manter a imagem final livre de
senhadas, só com a elaboração de uma
funcionando como um revestimento
A ideia não foi consensual, no entanto
prevaleceu mais uma vez o bom senso
cortes e emendas. A instalação da telha
maqueta foi possível transmitir de
protetor isolando todas as paredes da
foi um processo, eu diria herculeano,
modo esclarecedor o pretendido. Tenho
ação direta dos diversos agentes exte-
e julgo que o resultado final funciona
de enorme paciência e rigor executado
a certeza de que estão muito satisfeitos
riores. A elaboração do estudo do com-
muito bem, nomeadamente, em conju-
por uma pequena equipa liderada pelo
com o resultado final; agradeço-lhes
portamento térmico revelou que a uti-
gação com a madeira, um revestimento
mestre António Fazenda que, nos seus
a confiança e o bom senso que sempre
lização deste tipo de fachada ventilada
natural e quente que contrasta com as
60 anos teve o atrevimento de aceitar
prevaleceu ao longo de todo o processo.
permite, pela sua eficiência, a redução
características inertes e frias da telha
de custos com equipamentos, nomea-
cerâmica.
ção, acreditando que era possível atin-
A eficiência energética é hoje um fator
damente, no que se refere a sistemas de
gir algo inovador, algo completamente
de grande relevo na construção de edifí-
frio/calor.
De que forma assegurou a compatibili-
diferente de tudo aquilo que construiu
cios, tendo como objetivo a redução dos
ao longo da sua longa carreira. Agrade-
consumos durante o seu ciclo de vida.
Num projeto com esta complexidade,
e a fachada?
ço-lhe pessoalmente por ter acreditado
As fachadas ventiladas são um siste-
considera útil o serviço prestado pelo
Era fundamental para a imagem global
que era possível porque, de certa forma,
ma construtivo com bom desempenho
gabinete de apoio técnico da CS? Em que
do projeto que existisse uma transição
também ele embarcou num desafio sem
térmico, mas é importante que todos os
consistiu, em concreto?
suave, mas evidente, entre a cobertura e
componentes
zação e a continuidade entre a cobertura
características
O acompanhamento técnico por par-
a fachada. Visualmente era importante
adequadas para se obter o resultado es-
te da CS foi imprescindível, sobretudo
que a transição fosse fluida e contínua
Naturalmente o programa correspondeu
perado do conjunto. De que forma acau-
numa fase inicial, ainda de projeto. A
e que a fachada fosse uma extensão do
ao pretendido pelo cliente. Mas foi-lhe fá-
telou a eficiência energética obtida pelas
aposta da CS na divulgação dos seus
telhado. A série da telha Plasma possui
cil obter a adesão e o agrado do dono da
fachadas revestidas com telha cerâmica,
produtos através de comerciais junto
uma vasta gama de acessórios que ga-
obra para o design do projeto, ao propor a
em particular?
dos gabinetes de arquitetura teve aqui
rantem essa continuidade; no entanto,
um papel determinante uma vez que de
foi necessário ensaiar de modo rigoro-
de fachadas ainda não muito correntes
outra forma seria mais difícil ter conhe-
so a inclinação da cobertura uma vez
em Portugal, como a telha cerâmica ou
cimento deste produto. Uma palavra de
que era crucial para o projeto manter o
a madeira?
agradecimento a Tiago Esperança da
equilíbrio do pentágono.
precedentes para ambos; uma utopia.
tenham
utilização de materiais de revestimento
Sendo uma moradia familiar, o concei-
CS que conheci pela primeira vez há já
to parte de um exercício de busca dos
talvez cinco anos e que sempre respon-
Qual é a sua opinião sobre a cerâmica na
valores elementares da habitação e da
deu de forma expedita e profissional a
arquitetura moderna, ou em que medida
sua função primordial de proteção. O
todas as dúvidas e questões apresenta-
é que a telha cerâmica é uma aliada nos
ponto de partida para o projeto surge
das. Foi ainda decisivo na apresentação,
seus projetos?
aqui, na procura primária do conforto
caracterizada por elevado profissiona-
Não sendo a aplicação de telha cerâmi-
e segurança que remete para a imagem
lismo, que realizou junto do cliente res-
ca nas fachadas uma técnica inovadora,
remota de um abrigo que nos envolve, de
pondendo de forma clara e objetiva às
a verdade é que com o desenvolvimento
uma capa, concha ou carapaça que nos
inúmeras questões apresentadas.
de novos produtos surgem também no-
D
este desafio com enorme brio e dedica-
vas soluções de aplicação. Este projeto
protege. A referência a materiais como
a pedra ou o barro para esta capa prote-
Por que motivo a telha Plasma, em parti-
simplesmente não funcionaria utili-
tora foi imediata, sendo que a sua ma-
cular na cor antracite, foi a escolha para
zando uma telha convencional. A telha
terialização tornou-se possível quando
esta obra?
plana na fachada permite recuperar
descobri esta inovadora telha plana em
Em boa verdade não fui eu que escolhi a
um material tradicional e aplicá-lo em
cerâmica que possibilitava revestir não
cor antracite. O conceito original carac-
projetos com uma linguagem moderna
só a cobertura como os alçados.
terizava-se por o revestimento a telha
e contemporânea. Agrada-me a telha
Restava-me a forma; de que forma
A questão da eficiência energética foi
Plasma na cor natural com os topos da
cerâmica plana por ser um produto ge-
poderia concretizar este conceito adap-
amplamente debatida, desde cedo ain-
habitação revestidos a tijolo cerâmico
nuíno. Espero que se mantenha assim,
tando-o à sua função de habitação
da na fase de projeto até à fase final dos
também à cor natural. Julgo que a ideia
e que não pretenda vir a ser aquilo que,
cumprindo ao mesmo tempo o progra-
acabamentos da obra. A aplicação de
de uma casa revestida a cerâmica foi
na sua essência, não é.
ma estabelecido pelo cliente/promo-
telha cerâmica possibilitou a criação de
demasiado arrojada para o cliente que,
tor? Procurei, graficamente, a imagem
uma fachada ventilada, o que do ponto
já numa fase avançada do projeto, so#
LABORATÓRIO
OUTUBRO . DEZEMBRO
6
2012
A evolução da técnica
“A introdução da tecnologia
da prensagem veio possibilitar
uma nova «evolução da
espécie» (…)”
A história e evolução das coberturas
Se a generalização do seu uso veio
está intimamente ligada ao desenvol-
demonstrar as suas excelentes qualidades, por outro lado expôs a telha ce-
vimento das construções.
Como primeira forma de abrigo, o
râmica a novos desafios, tendo-se-lhe,
homem primitivo encontrou nas gru-
entretanto, requerido níveis de presta-
tas a proteção e segurança necessá-
ção bastante superiores, consequência
rias. No entanto, esta forma de abrigo
do aumento das exigências de eficiência,
rapidamente se tornou insuficiente,
conforto e salubridade das habitações.
quer para os povos que se dedicavam
O incremento da dimensão das uni-
à caça, quer para os que se dedicavam
dades de produção obrigou a utilizar
à recolha de alimentos. A mobilidade
outras argilas, para além das existen-
que essas formas de vida exigiam leva-
tes no local, ou seja, a matéria consti-
ram-nos a encontrar formas precárias
tuinte da telha evoluiu para um estado
de proteção. Com a sedentarização dos
mais complexo. A classificação das ar-
povos, surgiu a necessidade de cons-
gilas, através do estudo das suas pro-
truir abrigos mais eficazes e duradou-
priedades, e a sua combinação adequa-
ros. Ao longo dos tempos, tanto os pro-
da, conjugados com o conhecimento
cessos construtivos como as formas
dos efeitos da temperatura sobre as ar-
das habitações, e consequentemente
gilas, observando os fenómenos ocor-
das coberturas, foram aumentando
ridos nas diversas etapas de cozedura,
de complexidade. Foram também elas
permitiu o aumento da qualidade do
acompanhando o “evoluir da espécie”.
produto. A introdução da tecnologia da
Como característica comum a todas
prensagem veio possibilitar uma nova
as soluções de cobertura em zonas cli-
“evolução da espécie”, introduzindo os
máticas com alguma pluviosidade, in-
pernos, que asseguram a fixação à es-
dependentemente dos vários materiais
trutura de suporte, e os frisos que, pro-
utilizados em função dos recursos na-
porcionando o encaixe entre as telhas,
turais com que o homem se deparava,
vieram garantir uma vedação muito
a inclinação era a forma usual, com o
mais eficiente.
propósito das águas pluviais escoarem
Os avanços tecnológicos ocorridos
rápida e facilmente. No entanto, um
em todas as áreas do processo produti-
problema subsistia qualquer que fosse
vo e o desenvolvimento de novos méto-
o material usado no recobrimento da
dos de análise e ensaio de controlo, têm
cobertura: tornar compatível a durabi-
Uma prova da inteligência natural
cada etapa: Extração > Humidificação
permitido a adaptação permanente
dos modelos às necessidades do mer-
lidade, integridade e impermeabilida-
contida neste material, tão simples e
> Homogeneização > Moldagem > Seca-
de que se lhe exigia. Mais uma vez, os
ao mesmo tempo tão complexo, é o fac-
gem > Cozedura.
povos tiveram de fazer uma nova “adap-
to de as várias fases de produção não
Deste facto, guardou a telha de argi-
tação e evolução da espécie”.
se terem alterado significativamente
la cozida todas as suas qualidades in-
do sucesso da telha cerâmica como ma-
ao longo dos séculos. Na época romana,
trínsecas. O produto de origem natural,
terial de cobertura.
a argila era extraída no próprio lugar
se bem que notavelmente melhorado,
A descoberta das excelentes características da telha cerâmica não é de
hoje nem de ontem; remonta muitos
de utilização, humedecida e pisada de
permanece igual a si mesmo. O reco-
séculos atrás. Pode afirmar-se que a
forma a obter-se uma pasta maleável,
nhecimento das qualidades ímpares
da telha cerâmica como material privi-
telha cerâmica constitui o mais antigo
sendo posteriormente moldada. As
material de construção fabricado com
peças eram postas a secar ao sol e de-
legiado para revestimento de cobertu-
forma adequada para revestimento de
pois cozidas em fornos de lenha. Atual-
ras é evidenciado pelo seu desempenho
cobertura e, consequentemente, uma
mente, a sequência de fabrico é ainda
ao longo do tempo, até em zonas geo-
solução eficaz de proteção contra in-
a mesma, tendo apenas evoluído con-
gráficas bem distantes daquelas onde
tempéries.
sideravelmente a técnica utilizada em
foi inicialmente utilizada.
cado, provando que o caminho seguido
assegura a continuidade da evolução e
CS TELHAS
BOAS PRÁTICAS
OUTUBRO . DEZEMBRO
2012
7
Boas práticas
Ventilação dos telhados
1Telha
2Laje
3Contra-ripa
4Ripa
1
5Isolamento
2
térmico
3
4
5
para permitir a entrada e saída do ar.
As coberturas revestidas com telha ce-
cionavam coberturas com uma enorme
râmica são comuns no nosso país há
caixa de ar cuja ventilação era facilita-
E sempre que o desvão do telhado
muitos séculos. Seria lógico esperar
da pelos espaços entre telhas devido
não é utilizado como espaço habitável,
que a telha fosse normalmente aplica-
aos empenos e diferenças dimensio-
a camada de isolamento térmico, com-
da seguindo as boas práticas, resultan-
nais existentes nas antigas produções
ponente essencial das novas cobertu-
Existem no mercado placas de po-
tes da experiência acumulada ao longo
cerâmicas.
ras, deve ser colocada sobre a laje plana
liestireno estriadas. Mesmo utilizando
do teto do piso localizado imediata-
as placas com as estrias no sentido das
do tempo.
Quando o desvão era utilizado como
mente por baixo da cobertura.
pendentes, a dimensão dos canais que
Infelizmente, essa não é a situação
espaço habitável, normalmente proce-
que muitas vezes se encontra, con-
dia-se à colocação de um forro, também
A utilização de lajes inclinadas em
duzindo a maus resultados no de-
em madeira, pregado para a face infe-
betão veio alterar completamente a for-
zarem ripas em pvc ou em madeira) é
sempenho dos telhados, ou mesmo à
rior dos caibros ou varas, resultando
ma de construir telhados e infelizmen-
demasiado reduzida para assegurar
ocorrência de patologias nos diversos
uma caixa de ar cuja espessura era
te, na sua grande maioria, os sistemas
uma eficiente circulação de ar. Esta
materiais constituintes da cobertura,
igual à dos respetivos caibros, usual-
construtivos utilizados “esqueceram”
também não é uma boa solução.
onde se inclui a própria telha.
mente entre 6 a 8 cm, ou seja, perfeita-
completamente a necessidade de asse-
mente suficiente para funcionar corre-
gurar a caixa de ar ventilada que desde
duas hipóteses que seguidamente indi-
tamente.
sempre existiu nas coberturas revesti-
camos constitui uma solução correta:
Um dos aspetos mais importantes
das boas práticas, e hoje em dia muitas
vezes esquecido, é a ventilação dos te-
A pendente das coberturas com es-
lhados. Por esta razão, neste Jornal ire-
truturas em madeira, resultante dos
mos abordar especificamente este tema.
ficam sob as ripas (no caso de se utili-
Então, como proceder? Qualquer das
das com telha.
Quando se utilizam lajes inclinadas,
• utilizar um sistema de ripas e contra-
cálculos ou da experiência empírica
a camada de isolamento térmico, nor-
-ripas que garanta um afastamento
para proporcionar maior resistência às
malmente constituído por placas de
mínimo de 2 cm entre a ripa e a ca-
Como assegurar uma eficiente ventila-
próprias estruturas, também contri-
poliestireno extrudido ou expandido,
mada de isolamento e uma distância
ção dos telhados? Para garantir uma
buía para a circulação do ar no sentido
deve ser colocada sobre as lajes. Este
mínima de 4 cm entre a face inferior
ventilação natural, deve ser criada
ascendente das vertentes.
é o procedimento comum e correto. Só
uma caixa de ar entre a face inferior da
No nosso país, hoje em dia, as estru-
que é a partir deste ponto que as más
da telha e a referida camada;
• utilizar ripas perfuradas cuja área
telha e a camada de material que se en-
turas em madeira desapareceram com-
soluções são a prática corrente. Referi-
perfurada corresponda aos 2 cm de
contra imediatamente por baixo e asse-
pletamente dos telhados novos, sendo
mos algumas, ordenadas da pior para
espaço livre entre a ripa e o isolamen-
gurada a renovação desse ar.
substituídas por elementos em betão
a menos má:
to e cuja altura assegure a distância
• em situação limite, “pregam-se” as te-
da telha e o plano imediatamente in-
mínima de 4 cm entre a face inferior
armado.
Quais as vantagens que daí resultam?
Quando são utilizadas estruturas
Um telhado bem ventilado alia o som-
descontínuas, constituídas por vigotas
lhas diretamente ao isolamento;
ferior.
• por vezes, colocam-se faixas de arga-
breamento proporcionado pela telha
em betão pré-esforçado, e o desvão não
à renovação do ar, contribuindo para
é utilizado, encontramo-nos, do ponto
massa sobre o isolamento e, ainda
Cumulativamente,
reduzir significativamente o efeito de
de vista da existência de uma caixa de
com a argamassa fresca, aplicam-se
que o ar tem que poder facilmente en-
exposição solar ao qual as coberturas
ar, numa situação análoga à que exis-
as telhas;
estão submetidas. Portanto, assegura
tia nas antigas coberturas em madeira.
uma muito maior eficiência energética
A diferença reside nas telhas, atual-
da cobertura, tornando o edifício mais
mente muito mais precisas na sua geo-
sustentável.
metria e tolerância dimensional. Por-
• ou executam-se sobre o isolamento
nunca
esquecer
trar, na zona do beirado, e sair, junto à
cumeeira.
ripas em argamassa para apoio das
telhas;
Se os processos que preconizamos se
• ou, ainda, fixam-se ripas em pvc ou
tornarem prática corrente, o desempe-
Mas, igualmente importante, uma
tanto, os espaços entre as telhas não
em madeira, diretamente apoiadas
nho dos telhados corresponderá às ex-
cobertura ventilada permite uma mais
são suficientes para assegurar a reno-
no isolamento.
pectativas, e muitas das patologias que
rápida dissipação da humidade, facili-
vação do ar. Para esse fim, devem ser
tando a secagem total das telhas e ri-
garantidas entradas de ar junto ao bei-
Nenhum destes processos construti-
novas não voltarão a existir, ao mesmo
pas, condição essencial para a redução
rado e saídas junto à cumeeira. Quan-
vos permite a ventilação da face infe-
tempo que se reduzirão os consumos
da formação de musgos ou mesmo para
do se pretende um beirado argamassa-
rior das telhas, ou seja, nenhum deles
energéticos, obtendo-se, de forma lim-
evitar um eventual descasque da telha,
do à “antiga portuguesa”, e os telhões
assegura uma caixa de ar ventilada,
pa, uma poupança real.
em situações climáticas mais extremas.
de cumeeira são também fixados com
portanto são más soluções que não
As estruturas descontínuas tradi-
argamassa, a utilização de telhas de
devem ser utilizadas na execução dos
cionais, em madeira e telha vã, propor-
ventilação será o único processo válido
telhados.
hoje se verificam em construções ainda
#
OPINIÃO
OUTUBRO . DEZEMBRO
8
2012
Liderar na mudança
Edição:
CS - Coelho da Silva
Albergaria
2480-071 Juncal
Portugal
caracterizado pelo risco, pela incerteza, pela crise
fazer as pessoas agir. Quando se trata de mudan-
de paradigmas, pela competição global, em que a
ças, alguns colaboradores vão estar prontos para
maior riqueza das empresas é um bem intangível —
entrar no barco, mas a maioria vai resistir, de-
o conhecimento, a mudança organizacional apa-
monstrando pouco entusiamo, ora por discordân-
rece nas organizações como um imperativo.
Perante tal ambiente, as organizações são obrigadas a mudar para sobreviver. O seu sucesso
prende-se, cada vez mais, com a sua capacidade de
cia com o rumo tomado pela empresa, ora por puro
medo do desconhecido.
Como definiu Peter Drucker, guru da gestão, líder é alguém que tem seguidores.
adaptação à mudança, garantindo que a sua força
Para se ter seguidores não se pode ter receio de
de trabalho se mantém motivada e com níveis ele-
tomar decisões difíceis, de se ser avaliado, de se
vados de produtividade.
ser criticado, de chorar, de rir, de delegar pode-
Nesse sentido, uma pergunta se impõe: quem
será capaz de dirigir a empresa do século XXI?
res e responsabilidades… tem de se ter a coragem
necessária para se viver intensamente aquilo em
A resposta a esta questão não é simples. Cada
que se acredita… tem de se ter a resiliência neces-
empresa terá de encontrar a sua própria fórmula
sária para se manter sereno quando enfrenta si-
de liderança, adequada à sua cultura, ao seu negó-
tuações adversas.
cio e ao seu mercado mas, assim como a nova eco-
de liderar e conduzir pessoas que tenha capacida-
zações – e as que se adaptarem melhor terão mais
de de interiorização, colocando-se constantemen-
sucesso – também os
te em causa, anali-
líderes mais aptos a
sando-se sem receio
lidar com essas ten-
de se confrontar com
dências terão mais
distintas realidades,
êxitos.
de estar sempre pron-
Assim, o líder de
to para compreender
hoje tem de pensar
o diferente, de estar
como um agente de
aberto ao crescimen-
mudança. Sabe que,
to e desenvolvimento
sozinho,
pode
pessoal, sem medos,
mudar a cultura da
muito menos de si
empresa, no sentido
próprio.
Fotografia:
Pedro Lobo [pág. 2, 4 e 5)
Design e paginação:
Miguel Salazar
Impressão:
Lidergraf — Artes Gráficas, S.A.
© CS Coelho da Silva, SA.
Todos os direitos reservados.
A atual conjuntura
de eliminar elemendisfuncionais,
exige que o líder veja
contudo, pode fazê-la
para além do prede-
tos
Textos:
Cláudia Palhais
Jorge Barros
Rita Carreira
Sónia Felgueiras
Tiago Esperança
É essencial, para quem tem a responsabilidade
nomia dita algumas tendências para as organi-
não
+351.244479200
www.cs-coelhodasilva.pt
Sim, porque no fim das contas o que importa é
FICHA TÉCNICA
Num mundo de negócios tão instável como o atual,
O Jornal CS errou
evoluir, potenciando
finido, do seguro, do
os seus pontos fortes
globalmente
e atrofiando os pon-
que tenha uma per-
Soletos, reproduzindo o passado atri-
aceite,
No Jornal CS 10, no artigo intitulado
tos fracos. O estilo
“(…) imaginar possibilidades fora das
ceção
extraordiná-
buímos o diagnóstico das infiltrações
antigo de liderança,
categorias convencionais, vislumbrar
ria de si e do mundo,
de água na cobertura da Sala do Capí-
quase religiosa, des-
ações que cruzem as fronteiras
ou seja, que tenha
tulo do Mosteiro da Batalha à empresa
gastou-se. Agora, o
tradicionais, fazer novas conexões e
um excelente auto-
AOF, quando na realidade o diagnósti-
líder tem de ser capaz
inventar novas combinações (…)”
conhecimento. Esta
co foi feito pelo IGESPAR, conforme nos
de promover a mu-
característica
foi comunicado pelo Senhor Engenhei-
dança, liderando sem
tará a antevisão de
ro João Bessa Pinto, a quem agradece-
liderar.
situações em que tem
mos o esclarecimento prestado e, pelo
participação
É verdade que já
facili-
ativa,
muito se falou sobre
possibilitando
liderança.
Muitos
por antecipação e cal-
autores têm-se dedi-
cular os seus riscos,
cado ao seu estudo
que permitirão ade-
pela importância que esta temática tem repre-
agir
quar as decisões às realidades.
sentado para a gestão das empresas. Certo é que
Para além de todas estas características, não
todas as pesquisas apontam para a necessidade
se pode negligenciar a função intelectual do líder
de adequação das competências do líder aos con-
num contexto de mudança, pois a par do carisma,
textos que lidera, bem como à necessidade da pro-
força de personalidade e das habilidades interpes-
ximidade do líder com os colaboradores, pelo que,
soais, também o poder do cérebro para pensar nos
num contexto de mudança, é preciso identificar
problemas e achar novas soluções é indispensável.
os empreendedores emocionais, aqueles que têm
Liderar um mundo em mudança põe uma tónica
a capacidade de catalisar as pessoas para proje-
na inteligência: imaginar possibilidades fora das
tos, aqueles que as estimulam a otimizarem os
categorias convencionais, vislumbrar ações que
seus tempos e a sua rentabilidade, aqueles que
cruzem as fronteiras tradicionais, fazer novas
são mais empáticos e se colocam, quando neces-
conexões e inventar novas combinações é funda-
sário, ao lado dos colegas, independentemente da
mental.
sua posição hierárquica, que simultaneamente
Numa economia em que o principal produto é o
assumem comportamentos de responsabilidade
conhecimento, o ideal é que o líder seja uma espé-
e compromisso, podendo ser um exemplo para os
cie de destaque entre pares, revelando-se humilde
restantes, revelando habilidade para envolver os
na aprendizagem e grandioso na decisão.
outros, levando-os a agir.
erro, pedimos desculpa ao IGESPAR e
aos nossos leitores.
Os números anteriores do Jornal CS
estão disponíveis online.
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A Teoria da Evolução das Espécies