Jornal do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase Janeiro / Abril 2009 Ano XXVII • N° 48 Resumo Hansen Casos de hanseníase diminuem em Ribeirão Preto (SP) e Rio Branco (AC) Página 3 Tavares de Macedo Hospital Tavares de Macedo: 73 anos de História Página 11 APPAI e MORHAN Uma parceria entre educação e saúde Páginas 6 e 7 2 EDITORIAL Educação popular pelo teatro O projeto “APPAI Teatro Bacurau”, uma parceria da Associação Beneficente dos Professores Públicos Ativos e Inativos do Estado do Rio de Janeiro (APPAI) e do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN), nasce da preocupação com o atual número de casos de hanseníase no Brasil e o forte estigma que envolve a doença. Nosso objetivo tem sido divulgar informações sobre a hanseníase para poder conscientizar e sensibilizar as pessoas, combatendo o preconceito, contribuindo para a detecção de casos e, por conseguinte, para a adesão ao tratamento. A APPAI e o MORHAN têm unido esforços desde 2008ara promover ações nas escolas e demais instituições do Estado do Rio de Janeiro, contemplando os Municípios do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Duque de Caxias, São Gonçalo, Italva, Cardoso Moreira, Rio Bonito, Tanguá, Volta Redonda, Búzios, Mangaratiba, Belford Roxo, Maricá e Niterói. Visto que boa parte do público mais amplo não tem informações corretas sobre o que é, como se transmite e como tratar a hanseníase, o Projeto investe em conscientização e informação através de palestras educativas e apresentações de teatro. Embora nosso destaque sejam as escolas da rede pública, estivemos nos mais diversos espaços igrejas, centros espíritas, a ONG Nós do Morro e a Central Única de Favelas-, abrangendo assim um público sócio-economicamente desprivilegiado. Entre as comunidades que nos receberam, podemos citar: Complexo do Alemão, Cidade de Deus, EXPEDIENTE Vidigal, Morro do Urubu, Morro do Estado, Costa Barros, Ramos e Vila do João. Com a meta inicial de 50 apresentações mensais, superamos as expectativas e realizamos 370 apresentações apenas no primeiro semestre deste ano, sendo 48 em escolas públicas. Vale a pena destacar uma importante conquista. O Projeto “APPAI Teatro Bacurau” ficou entre as 46 instituições finalistas das 1.400 instituições participantes no Prêmio Objetivos do Milênio. A luta pela eliminação da hanseníase e o combate ao preconceito fazem parte das metas do milênio a serem atingidas até 2016. Sylvia Helena Daflon Oliveira Membro da Diretoria Executiva do Morhan Nacional SUMÁRIO Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase Endereço: Rua do Matoso, N° 6, Grupo 204 Praça da Bandeira – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20270-130 Telefones: (21) 2502.0100/2502.0074 Email: [email protected] Site: www.morhan.org.br Jornalista Responsável: Ana Carolina Landi (MT-27768) Editoração: www.arsventura.com.br Tiragem: 16.000 exemplares Distribuição Gratuita/Circulação Dirigida Capa: Imagens de ações da parceria Morhan/Appai Apoio: EDITORIAL . .............................................. 2 RESUMO HANSEN .................................... 3 UM PASSEIO PELOS NÚCLEOS................... 4 MATÉRIA ESPECIAL .................................. 6 mobilização........................................... 8 franciscanos ....................................... 9 tavares de macedo ............................. 10 fórum social mundial ...................... 12 É permitida a reprodução das matérias publicadas desde que a fonte seja citada. RESUMO HANSEN 3 Casos de hanseníase diminuem em Ribeirão Preto (SP) e Rio Branco (AC) O registro de novos casos de hanseníase em Ribeirão Preto (SP) e Rio Branco (AC) diminuiram nas duas últimas décadas. Na cidade paulista, número de casos caiu 95%, atingindo a marca de 0,5 casos para cada 10 mil habitantes. Na capital acreana, foram registrados 543 casos em 2006 e, no ano seguinte, esse número foi reduzido em 50%, chegando a 278 casos. A incidência é de 1,92 para cada 10 mil habitantes. Os dados nacionais apontam que o número de novos casos de hanseníase caiu 23% entre 2003 e 2007. Em 2003 foram notificadas 51.941. Já em 2007, houve 40.126 diagnósticos positivos. Para potencializar as ações contra a hanseníase, o Ministério da Saúde lança a cartilha “Como Ajudar no Controle da Hanseníase”. O material é destinado aos Agentes Comunitários de Saúde. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1985 o mundo tinha 15 milhões de portadores e em 2008 esse número caiu para 200 mil. Causada pelo Mycobacterium leprae, a hanseníase é infectocontagiosa e tem evolução prolongada. A doença ataca pele, olhos e nervos e tem como característica principal o comprometimento dos nervos periféricos – que ligam o sistema nervoso central a diversos órgãos. Em casos graves, de evolução da doença pode acarretar deformidades que provocam transtornos ao paciente como a diminuição da capacidade de trabalho, a limitação da vida social e problemas psicológicos. Imagens de mobilizações do Morhan em Rio Branco (AC) Menos casos de hanseníase O número de casos notificados de hanseníase caiu 23% no Brasil e 31% no Rio, entre 2003 e 2007. Apesar do avanço, dados da Organização Mundial de Saúde indicam que o Brasil, junto com Angola, Congo, Índia e Moçambique, é um dos locais que concentram maiores índices da enfermidade. Especialistas alertaram que a atenção dada a doença está longe do ideal. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2003 foram notificados cerca de 52 mil casos no País, contra 40 mil em 2007. Já no Rio, o número caiu de 3,2 mil para 2,2 mil. Houve queda de 27% na incidência da doença na população com menos de 15 anos. Para o dermatologista do Instituto Oswaldo Cruz José Augusto Nery, o Brasil ainda encontra dificuldade para combater a doença devido à grande extensão territorial e à demora no diagnóstico. Além disso, o clima tropical favorece a proliferação da bactéria que transmite a hanseníase. 4 UM PASSEIO PELOS NÚCLEOS Dia Mundial: Artur Custódio assina o termo de compromisso Durante a campanha do Dia Mundial no Metrô Rio, Artur Custódio assinou um termo de compromisso para intensificar ações de prevenção e tratamento da hanseníase na capital e em todo o Estado do Rio com o objetivo de, gradativamente, diminuir a incidência da doença no território fluminense ao nível mínimo estabelecido pela organização Mundial de Saúde (OMS). Estudantes de Medicina da Santa Casa (RJ) também participaram da ação no metrô do Largo da Carioca, realizada no dia 26 de janeiro. Da Gama e voluntários do MORHAN no Metrô Rio O músico Da Gama, ex-integrante do Cidade Negra, com os voluntários do MORHAN, na ação do metrô Largo da Carioca. MORHAN Betim recebe moção por Concerto Contra o Preconceito A Câmara Municipal de Betim (MG) condecorou o núcleo do MORHAN local pelo sucesso na organização do XVI Concerto Contra o Preconceito, realizado em janeiro na Colônia Santa Izabel. O evento tem como objetivo promover a integração de portadores e ex-portadores de hanseníase e, ao mesmo tempo, combater o preconceito contra a doença. A moção foi assinada no dia 10 de março. UM PASSEIO PELOS NÚCLEOS 5 Vai-Vai é vice-campeã no carnaval de São Paulo A Escola de Samba Vai-Vai conquistou o vice-campeonato do carnaval 2009 em São Paulo, com o tema “Mens sana in Corpore Sano”. O MORHAN participou, com a Ala da Hanseníase, do Desfile das Campeãs. Grupo de trabalhos manuais ajuda na sustentabilidade do MORHAN Ribeirão Preto Estes calendários foram confeccionados pelo grupo de trabalhos manuais do MORHAN Ribeirão Preto, em São Paulo. Há aproximadamente dez anos, o núcleo trabalha com a proposta de reintegração dos portadores e familiares na sociedade. À medida que o grupo se desenvolveu surgiu a necessidade da mudança da sede para um local mais amplo e, conseqüentemente, a finalidade do trabalho foi ampliada. Atualmente, o grupo se tornou auto-sustentável e em alguns momentos até colabora com as despesas do núcleo de Ribeirão Preto. Promover a reintegração é a base deste trabalho, além da valorização da auto-estima e do desenvolvimento das potencialidades do reintegrado. Lucimar Batista na caminhada do Dia Mundial, em Teresina Lucimar Batista, coordenadora do MORHAN Teresina (PI), durante a caminhada de mobilização realizada na Praça da Liberdade, no dia 6 de fevereiro. A ação foi parte das comemorações do Dia Mundial da Luta Contra a Hanseníase. Dias antes, o MORHAN assinou uma parceria com a OAB do Piauí. 6 ESPECIAL APPAI e MORHAN: Uma parceria entre educação e saúde A Appai (Associação Beneficente dos Professores Públicos Ativos e Inativos do Rio de Janeiro) é uma associação sem fins econômicos, fundada em 1986, definida como uma entidade representativa de classe, de utilidade pública (Municipal e Estadual), que tem por objetivo atender as necessidades básicas apontadas pelo seu corpo associativo, promovendo bem-estar e qualidade de vida. A associação, através do Programa de Projetos e Ações Sociais, desenvolve e viabiliza diversos projetos e ações sociais, que consolidam um valor indispensável à sua estrutura e alinham-se, de maneira operacional, às suas atividades. Em maio de 2008, o programa iniciou uma parceria com o MORHAN, buscando oferecer subsídios informativos, esclarecedores e, principalmente, educativos acerca da doença, através de palestras e apresentações teatrais em instituições de ensino, de saúde ou entidades relacionadas com o tema no Estado do Rio de Janeiro. A realização deste projeto tem como motivação o forte estigma que envolve a hanseníase, o pouco conhecimento da doença entre o público leigo e a situação atual do Brasil em número de casos. Durante apenas um ano de projeto*, foram realizadas cerca de 550 apresentações e palestras, atingindo cerca de 19.000 alunos em 80 escolas. É possível mensurar que cerca de 38 mil pessoas foram atingidas com as informações indiretamente. “Após as apresentações, alunos que tinham manchas espalhadas no corpo nos procuraram para tirar dúvidas”, informa Daniel Novatto, ator do Grupo de Teatro Bacurau, que realiza a peça de teatro da campanha. Ele afirma que essas pessoas foram devidamente acompanhadas e encaminhadas ao serviço de saúde mais próximo para fazer avaliações clinicas. Pelo menos dois casos foram diagnosticados no estágio inicial, nos municípios de Sampaio Corrêa e Belford Roxo. “Muitas empresas agendaram campanhas de prevenção para seus funcionários, depois que os filhos, que assistiram as apresentações nas escolas, chegam em casa explicando os sintomas da doença aos pais, que por sua vez levam as informações até o setor de Assistência Social e/ou Recursos Humanos, áreas de Saúde de seu local de trabalho”. Os professores dessas escolas acreditam que a informação em saúde (nesse caso, sobre a hanseníase) seja essencial para a formação dos alunos. “Este tipo de projeto não pode parar. Esperamos receber mais vezes o grupo”, diz Denize Ferreira de Carvalho, da Escola Municipal Sargento Euclides Álvares de Araújo. ‘’O trabalho tem uma interatividade e comunicação muito boa com o publico’’, acrescenta Maria das Dores Ramos Do Amaral, da Escola Municipal Albert Sabin. *O Projeto é coordenado pela voluntária Simone Roldão (Coordenadora da Articulação) e conta com a seguinte equipe de voluntários do MORHAN: Brenda Menezes, Eraldo Pessoa, Renato Oliveira da Costa, Roseli Brum, Daniel Novatto e Jones Costa. ESPECIAL 7 No total, 31 municípios do Rio de Janeiro foram contemplados com o projeto: São Gonçalo, Marechal Hermes, Vassouras, Bangu, Nova Iguaçu, Belford Roxo, São João de Meriti, Seropédica, Xerérm, Niterói, Itaboraí, São Cristovão, Irajá, Rosa dos Ventos, Cabuçu, Realengo, Penha, Inhaúma, Duque de Caxias, Araruama, Jacarepaguá, Ramos, Taquara, Sampaio Correa, Macaé, Av. Brasil, Padre Miguel, Ilha do Governador, Acari, Vicente de Carvalho e Maricá. Metodologia Através de uma metodologia expositiva, palestras informativas levaram o conhecimento real da hanseníase. Essas palestras foram divididas em duas etapas: a primeira consistiu na participação de um profissional da saúde que, através do uso de material visual, gráfico, impresso, digital, etc, informar os conceitos relevantes da doença. Uma segunda etapa consistiu na apresentação de uma mini-peça de teatro, com a participação de dois atores, onde de forma divertida e dinâmica falaram do mal de Hansen. Cada uma das etapas teve uma duração aproximada de 20 minutos. Parceria MORHAN-APPAI em números Meta Quantitativa Nº. Apresentações realizadas: 450. Nº. Palestras realizadas: 450. Quantidade de alunos: 19000 Quantidade de pessoas atingidas indiretamente: 38000 Quantidade de escolas: 80. Empresas: 9. Outras instituições: 3. Presídio: 1. Materiais Distribuídos Panfletos: 19000 Cartazes: 800 Amigão da Saúde: 80 Jornal MORHAN: 3530 Kit APPAI: 3000 (canetas, lápis, borrachas, apontadores, cadernos, réguas, cadernos de caligrafia, lápis de cor e hidrocor). Sobre o Teatro Bacurau O desconhecimento e a falta de informação sobre aspectos gerais da hanseníase ainda precisam ser vistos como problemáticas fundamentais na eliminação da doença. Assim, é importante ressaltar o tema no âmbito da educação, enfocando esses aspectos de forma que sejam assimilados facilmente e divulgados abertamente. Uma das novas formas de educar através da divulgação científica é usando o teatro. O Teatro Bacurau (apelido do fundador do MORHAN, Francisco Augusto Vieira Nunes) do MORHAN vem trabalhando o tema da doença divulgando os conceitos através de uma pequena peça de teatro, onde dois atores caracterizados de palhaços dialogam, de uma forma simples e divertida. Nos últimos anos a peça foi levada por todo o Brasil, contribuindo dessa forma nas campanhas para a eliminação da doença. 8 mobilização MORHAN Mogi das Cruzes no “Aldeia da Cidadania” O MORHAN Mogi das Cruzes participou, em 18 de abril, do evento “Aldeia da Cidadania”. Trata-se de um projeto da área de responsabilidade social de Furnas Centrais Elétricas, fruto de uma parceria com o Sesi e realizado na Escola Narciso Yague Guimarães, em Mogi das Cruzes (SP). A iniciativa objetivou oferecer à comunidade serviços gratuitos relativos a regularização de documentos, cuidados preventivos de saúde, orientações na área da justiça, meio ambiente, uso racional de energia e artesanato, além de atividades recreativas para crianças e adolescentes. O núcleo do MORHAN participou com atividades educativas, orientando sobre hanseníase no stand oferecido pelo projeto. A ação contou com palestra e teatro de bonecos, focando a melhora na qualidade de vida e inclusão social das pessoas atingidas pela doença. As voluntárias Magda, Nádia, Fátima, Carol e Thamires (Grupo de Teatro) fizeram parte da organização das ações, que teve a participação de Leda Vilarin em uma palestra. Cerca de 200 pessoas passaram pelo stand do MORHAN durante o evento. Eliminação da hanseníase recebe apoio da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil E m reunião histórica, Geraldo Adão, membro da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas e do Conselho Nacional de Saúde, juntamente com Artur Custódio e a Dra. Aparecida Grossi (Coordenação Nacional do Programa de Hanseníase), conversaram com o Bispo Dom Dimas para iniciar um acordo de apoio da Igreja na eliminação da hanseníase. O representante da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) deu total apoio ao trabalho e deve marcar novas reuniões de trabalho. FRANCISCANOS 9 MORHAN celebra o quarto ano do projeto Franciscanos pela Eliminação da Hanseníase O projeto “Franciscanos pela Eliminação da Hanseníase” completou seu quarto aniversário com festa na Igreja do Convento de São Francisco, no dia 29 de março. Nessa oportunidade, o projeto recebeu cartas, de apoio e incentivo ao trabalho realizado, do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, José Serra; do Excelentíssimo Senhor Secretário de Desenvolvimento Social, Geraldo Alckmin; da ex-Secretária de Educação, Sra. Maria Helena Guimarães; da Sra. Coordenadora do Programa Nacional de Controle da Hanseníase do Ministério da Saúde, Dra. Maria Aparecida de Faria Grossi; do Coordenador Nacional do MORHAN, Sr. Artur Custódio, além das presenças de vários parceiros. O momento de “Ação de Graças” foi aberto para que alguns dos presentes pudessem falar sobre o trabalho em parceria com o Projeto “Franciscanos pela eliminação da Hanseníase”. A Dra. Vânia Lúcia Siervi Manso, médica dermatologista, especialista em Hanseníase e voluntária do Projeto, falou sobre a enfermidade, insistindo na necessidade de informar a população. “As pessoas tratam a Hanseníase como se já fosse uma doença erradicada, além de não se lembrarem mais dos portadores que foram confinados nos asilos-colônia”. Ela reforçou que o problema mais grave é que quanto mais tardio o diagnóstico mais a bactéria lesiona profundamente os nervos periféricos. Também mencionou a grande endemia instalada nos estados do norte, centroeste e nordeste do país, além do preconceito e do estigma: “a omissão familiar é muito prejudicial para o diagnóstico precoce, pois já está confirmado que Hanseníase é uma doença de caráter familiar, ou seja, existe uma predisposição genética para que seja desenvolvida”, alertou a médica. Ela ainda frisou que a enfermidade tem cura e que o tratamento é gratuito, agradecendo aos franciscanos pela iniciativa que, em muito, tem colaborado para o controle da Hanseníase. A representante da Coordenadora do Programa Estadual de Hanseníase, Ana Cláudia Fedato Nascimento, falou sobre o projeto da Hanseníase nas escolas estaduais, uma parceria entre as Secretarias Estaduais de Saúde e de Educação que vai capacitar os professores-coordenadores para que multipliquem as informações por meio dos professores das cerca de 5.300 escolas estaduais. Eles, por sua vez, multiplicarão o assunto com os alunos. Aproximadamente cinco milhões de alunos serão beneficiados. Ela encerrou agradecendo aos franciscanos pela parceria na busca de alternativas para o controle da doença. Também presente, a representante da “Sociedade Cruz de Malta”, Sra. Birgit Sauer, falou sobre a “Ordem de Malta” e a parceria com os franciscanos, que se dá de forma material, equipando salas de fisioterapia, fornecendo aparelhos para exames oftalmológicos, estruturando sapatarias para a confecção de calçados especiais para os hansenianos. “Estamos muito satisfeitos pela capacidade de atuação conjunta com os franciscanos. O projeto tem sido bem encaminhado por Frei Johannes e a equipe, com resultados”, completou. Vanessa Mendes Gastaldelo, representante do MORHAN, fez um histórico do movimento social, falando das dificuldades desde o surgimento e das inestimáveis conquistas conseguidas nesses anos de atuação, tendo conseguido, inclusive, um assento no Conselho Nacional de Saúde. Ela agradeceu pelo trabalho desenvolvido pelos franciscanos demonstrando satisfação pela união em torno da mesma causa: o bem-estar do portador de hanseníase. O senhor Olimpio, ex-portador da doença e voluntário do MORHAN, encerrou esse momento de partilha, fazendo um testemunho que lembrava o Sr. Bacurau, fundador do MOVIMENTO, lembrando que o amor pelos seres humanos é a única forma de promoção da vida. Ao final da celebração, a Dra. Vânia Lúcia Siervi Manso gentilmente atendeu aos fiéis, esclarecendolhes as dúvidas sobre a Hanseníase. Sr. Olímpio de Freitas Sobrinho, voluntário do MORHAN Jabaquara, presta homenagem ao Bacurau durante o evento. 10 tavares de macedo Hospital Tavares de Macedo ganha novos leitos N o dia 27 de abril, o Hospital Estadual Tavares de Macedo reinaugurou a Enfermaria Moura Rezende II. A enfermaria teve o número de leitos duplicado e passou a atender não só os portadores de hanseníase, mas também os que apresentam outras doenças crônicas degenerativas, como o Mal de Alzheimer e os que sofreram acidente vascular cerebral (AVC). A inauguração marca o aniversário da unidade, que completou 73 anos. Direcionada aos pacientes de doenças crônicas, a enfermaria teve o número de leitos duplicado, e conta, agora, com capacidade para internação de 20 pessoas. A diretora da unidade, Ana Claudia Meirim, explica que o novo setor irá ajudar a desafogar as emergências dos grandes hospitais ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS). - Como a enfermaria tem isolamento e maior número de leitos, ela serve de retarguada para o SUS. O mesmo serviço pode ser utilizado por pacientes com diferentes problemas, mas que apresentam difícil recuperação imediata e acabam enchendo as emergências. Ana Claudia lembra, ainda, que a hanseníase tem cura e o tratamento é ambulatorial. O paciente só precisa de internação em casos graves e para o cuidado das sequelas da doença, como atrofiação, perda da visão, feridas que não cicatrizam, amputações, pequenas cirurgias, entre outras. Na inauguração, os pacientes e funcionários do hospital puderam assistir a apresentação da Banda Municipal de Itaboraí, comandada pelo Maestro Oliveira, e participar de palestras sobre a hanseníase e direitos legais dos portadores da doença. O evento contou, ainda, com uma homenagem aos pacientes mais antigos da unidade e terminou em festa, com direito a bolo e Parabéns Pra Você. Para a diretora do Tavares de Macedo, a atividade contribuiu com a divulgação sobre as orientações em relação às indenizações da antiga política de Saúde. - O tratamento da hanseníase no Brasil até 1986 era tratado por isolamento compulsório. No entanto, para tratara hanseníase não é necessária a segregação do paciente. Em 2007, o governo reconheceu os danos causados pela antiga política de saúde e decidiu indenizar os doentes. Esses pacientes estão, aos poucos, tendo seus direitos reconhecidos. Meirim ressaltou, ainda, a importância desse tipo de evento para a socialização dos pacientes e familiares e a elevação da auto-estima daqueles que sofrem com o problema. tavares de macedo 11 Hospital Tavares de Macedo: 73 anos de História O Hospital Estadual Tavares de Macedo, órgão da Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil (Sesdec) especializado no tratamento da Hanseníase, fica em Venda das Pedras, e conta com uma colônia onde moram cerca de sete mil pessoas, entre pacientes e familiares. Desses, 120 estão em tratamento ambulatoriale 70 seguem internados. A unidade tem uma equipe multidisciplinar e presta atendimento de Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Clínica Médica (Otorrinolaringologia, Cardiologia, Pneumologia, Oftalmologia, Neurologia, Pediatria, Ginecologia, entre outros), Psiquiatria, Assistência Social, Nutrição, Dermatologia e Geriatria. Em 1935, o Governo Federal comprou a área de 950 mil metros quadrados onde foi instalado o Hospital-Colônia Tavares de Macedo. A inauguração aconteceu no ano seguinte, com a presença do então presidente da República, Getúlio Vargas. Os pacientes eram isolados da sociedade porque a doença era contagiosa. Os filhos deles, logo que nasciam, eram internados no Educandário Vista Alegre, em São Gonçalo , para evitar o contágio. Só em 1949, os portadores de hanseníase começaram a receber autorização para visitar as famílias. Na década de 50, começaram a ser construídas as casas onde os pacientes podiam instalar suas famílias. A unidade era administrada como uma cidade, com prefeitura, delegacia e cemitério. Durante muitos anos, os moradores se organizaram como um bairro: tinham quadrilhas de festas juninas, times de futebol e até uma escola de samba, Anjos Inocentes. Em 1976, a unidade passou a se chamar Hospital Estadual Tavares de Macedo. 12 fórum social mundial MORHAN no Fórum Social Mundial em Belém (PA) O MORHAN participou, entre os dias 28 e 30 de janeiro, do Fórum Social Mundial 2009, realizado em Belém do Pará. O Fórum Social Mundial (FSM) é um espaço aberto de encontro – plural, diversificado, não-governamental e não-partidário –, que estimula de forma descentralizada o debate, a reflexão, a formulação de propostas, a troca de experiências e a articulação entre organizações e movimentos engajados em ações concretas, do nível local ao internacional. O Movimento participou de quatro mesas de debate: na abertura do Espaço Cultura e Saúde, no dia 28 e, no mesmo dia, no tema “Direito à Saúde dos Povos da Amazônia”; no dia 29, na mesa “Transculturalidade e Praticas Populares de Cuidado”; e em “Políticas Públicas como indutoras da qualidade de vida: o legado de 20 anos do SUS”, dia 30. O FSM tornou evidente a capacidade de mobilização que a sociedade civil pode adquirir quando se organiza a partir de novas formas de ação política, caracterizadas pela valorização da diversidade e da co-responsabilidade. O sucesso da primeira edição resultou na criação do Conselho Internacional que, em sua reunião de fundação, aprovou em 2001 uma Carta de Princípios, a fim de garantir a manutenção do FSM como espaço e processo permanentes para a busca e a construção de alternativas ao neoliberalismo. Hoje, são realizados fóruns sociais locais, regionais, nacionais e temáticos em todo o mundo, com base na Carta de Princípios. Em 2008, para marcar esse processo, foi realizado mundialmente no dia 26 de janeiro o Dia Global de Mobilização e Ação. Colabore com o Jornal do Morhan. Mande artigos e sugira pautas. Critique. Participe. [email protected] Dúvidas sobre a hanseníase, denúncias e outras informações: Telenhansen® 08000 26 2001 Contas para doações: Banco do Brasil – Ag.0093-0 – C/C. 25836-9 ou Banco Itaú – Ag.0408 – C/C. 51.246-5