Divisão sexual do trabalho em saúde: estudo de caso do Hospital Universitário Clemente de Faria (2005-2008) Sarah Jane Alves Durães 1 Kimberly Marie Jones 2 Magna Elisabete Dias Silva3 Resumo Este trabalho tem como objeto de análise a alocação de trabalhadores em saúde por sexo, a partir dos seus postos de trabalho, dentro do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), da Universidade Estadual de Montes Claros, nos anos de 2005 e 2008. Os dados estatísticos demonstraram uma tendência à concentração de homens e mulheres diferencialmente por setores, caracterizando uma tendência à formação de guetos sexuais profissionais. Os setores de Odontologia, PABX, Pedagogia Hospitalar, Serviços Gerais e Pediatria eram quase que majoritariamente ocupados por mulheres, por exemplo. Uma das justificativas para a formação dos guetos sexuais refere-se ao fato de alguns critérios existentes nos processos de seleção/admissão bem como na divisão do trabalho ocorrida posterior a eles nas instituições públicas tenderem a reforçar mais ou menos a vinculação entre os postos de trabalho e alguns atributos masculinos ou femininos. Palavras-chave: divisão sexual de trabalho, saúde, guetos profissionais, hospital universitário. 1 Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professora da Universidade Estadual de Montes Claros. [email protected] 2 PhD em Antropologia e professora da Elon University, Estados Unidos. [email protected] 3 Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Montes Claros. [email protected] 1 Introdução No Brasil, a participação da mulher no mercado de trabalho formal sempre foi restrita e desde 1985 permanece em torno de 1/3. Segundo análise realizada pela Fundação Carlos Chagas, seu crescimento vem ocorrendo, ainda que de forma lenta, desde a década dos noventa com o aumento de postos de trabalho formal feminino. Entretanto, a estrutura do emprego, a distribuição deles segundo os setores de atividade econômica e a variação das habilidades requeridas para a ocupação dos postos de trabalho representam características que praticamente não se alteraram. Em suma, as mulheres tendem a ter mais chances de colocação, na Administração Pública; nos serviços, sobretudo de saúde e de educação; no comércio; e no setor industriário, quando se trata de produção têxtil e de alimentos e bebidas, por exemplo. A identificação de tal diferença da ocupação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro tem sido objeto de estudo de muitos pesquisadores e pesquisadoras como Rosemberg e Amado (1992), Bruschini (2000), Montagner (2000), por exemplo. Entre as diferentes constatações obtidas pelas pesquisas, vale evidenciar que, mesmo diante do fato da crescente entrada das mulheres no mercado de trabalho, ainda existe uma tendência de elas ocu parem áreas ou, até mesmo, postos de trabalho, que evidencia a existência de uma Divisão sexual do trabalho . Em suma, a divisão do trabalho que acontece entre homens e mulheres é resultado não somente das relações entre capital e trabalho mas é também socialmente dividida entre os sexos. Nessa perspectiva, este texto tem por objetivo apresentar parte dos resultados que toma como objeto de análise as relações de trabalho, entre homens e mulheres, do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF). Intentamos demonstrar que este hospital tem sido majoritariamente um espaço de trabalho de mulheres, mas, sobretudo, que este tende a (re)produzir as relações sociais externas ao local de trabalho. A área de saúde como trabalho de mulher A partir do levantamento estatístico realizado, constatamos que em julho de 2005 se encontravam trabalhando no Hospital Universitário Clemente de Faria 1.043 trabalhadores, sendo que destes 69,7 % eram mulheres. Ou seja, de início já se pode afirmar que o HUCF, como um segmento que integra o setor de saúde, reflete uma tendência social mais ampla. Referimo-nos ao fato de que a área de saúde tem sido reconhecida socialmente como trabalho de mulher. A análise da participação da mulher no mercado de trabalho conduz-nos à identificação de que o capitalismo tem se valido de estratégias diferenciadas para incorporar a força de trabalho masculina e feminina, inclusive criando e reproduzindo uma divisão social e sexual do trabalho determinando o que venha a ser trabalho de homem e trabalho de mulher. Em suma, as relações capitalistas 4 valem-se da reprodução das relações de gênero . Nesse sentido, ainda que a mulher venha progressivamente ocupando o mercado de trabalho formal, o debate em torno da participação tem servido para evidenciar a existência de uma inserção excluída deste sexo, tomando-se por empréstimo a expressão de Posthuma (1998). Para tal condição atribuímos que fatores econômicos, sociais e legais têm restringindo mais a participação feminina que a masculina. Isso pode ser dito em decorrência da constatação de que o trabalho 5 feminino pode ser caracterizado por vários tipos de exclusão: segregação horizontal , segregação 6 vertical , trabalho em condições precárias, menor remuneração por hora trabalhada, acesso restrito à crédito e baixa mobilidade ocupacional (POSTHUMA, 1998,p.26-7). Dados estatísticos acerca da distribuição dos empregos segundo a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística–IBGE, nos fornecem evidências em torno da existência dessa inserção excluída. Em 2002, segundo os dados desse órgão governamental, podemos argumentar que diferencialmente homens e mulheres tendiam a ocupar as áreas de trabalho. 4 No Brasil, encontramos na literatura tanto a utilização de gênero quanto relações de gênero . Consideramos que as práticas sociais bem como as identidades masculinas e femininas se constroem a partir de uma perspectiva relacional, em diferentes tempos e lugares (cf. SCOTT, 1990; BOURDIEU, 1992). 5 Entendida como “segregação ocupacional e setorial em alguns setores econômicos (no terciário e nas indústrias mais tradicionais como de alimentação, têxtil e vestuário) e em determinados grupos de ocupações (especialmente administrativas, da saúde e da educação)” (POSTHUMA, 1998, p.26). 6 Relacionada à ascensão profissional restrita (POST HUMA, 1998, p.26). 2 Tabela 1 Distribuição dos empregos segundo grandes grupos de ocupações e sexo no Brasil – 2002. Masculino Grandes Grupos de Ocupações* NA % Químicos, físicos, engenheiros, técnicos, biologistas, farmacêuticos, 953.389 5,5 enfermeiros, psicólogos, economistas e afins. Juristas, professores, escritores, jornalistas, artistas, atletas, e afins. 609.344 3,5 Memb. Poder legisl., execut., Judic., Func. Pub. Sup., Diret. Empr., e 561.697 3,3 afins. Trab. de serviços administ. e afins. 2.964.877 17,2 Trab. de comércio e afins. 1.482.509 8,6 Trab. Serv. Turismo, hosp., servent, hig. E embelez, seguran, aux de 2.543.233 14,7 saúde e afins. Trab. agropecuários, florestais, da pesca e afins. 1.051.449 6,1 Papelão, química, fiação, tecelagem, confecção, ali mentos e bebidas, 1.164.543 6,7 mestre e afins Trab. nas indústrias de calçados, móveis, usinagem de metais, 1.680.317 9,7 eletricistas, soldadores, vidreiros, ceramistas e afins. Trab. nas inds. de borracha e plástico, artes gráfi cas, construção civil, 3.667.329 21,2 pintores, condutores de veículos Ignorado 586.664 3,4 Total 17.265.351 100,0 FONTE: FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS (MTE/RAIS – CDROM) *CBO – Classificação Brasileira de Ocupações Feminino NA % 670.993 5,9 1.983.565 17,4 363581 3,2 3.535.007 1.128.849 31,0 9,9 2.174.700 19,0 116.136 1,0 606.841 5,3 237.728 2,1 579.073 5,1 22.089 11.418.562 0,2 100,0 A distribuição das atividades econômicas, segundo as ocupações por sexo, revela alguns modelos interessantes de análise. As ocupações relativas ao setor industrial demonstram uma incidência maior da presença masculina contrastando com a presença das mulheres no setor de serviços. Existe também uma preponderância masculina no grupo de ocupações que estão alocados os trabalhadores agropecuários. Com exceção do grupo de ocupações que os professores estão inseridos, as mulheres tendem a estar alocadas naquelas relacionadas à saúde como, por exemplo, exercendo atividades em hospital, higiene e auxiliar de saúde. Existem diferentes explicações para a ocupação do setor de serviços e especificamente a área da saúde pelas mulheres. Muitas ocupações – como enfermagem e certas áreas da Medicina, como pediatria, por exemplo – são consideradas femininas porque as suas atividades profissionais tendem a ser similares com aquelas que tradicionalmente têm sido desempenhadas por mulheres. Nesse sentido, a sociedade tende a determinar o que é condizente, ou seja, os lugares são ocupados diferencialmente entre homens e mulheres a partir do estabelecimento de uma relação entre habilidades e/ou conhecimentos exigidos pelo posto de trabalho e àquelas que eles e elas têm sido tradicionalmente portadores. A formação de guetos profissionais ou ocupacionais reforça a divisão técnica bem como a divisão sexual do trabalho nas sociedades capitalistas. Sobre isso, pode-se identificar certas atividades como, por 7 8 9 10 exemplo, na indústria têxtil , na enfermagem , na Odontologia e na educação , uma tendência de estas serem atividades majoritaria mente ocupadas por mulheres. Ou, ainda, áreas de trabalho ou setores em processo de feminização em oposição aos processos de masculinização 11 de outros. No que diz respeito à saúde, o aumento do número de mulheres no mercado de trabalho aconteceu concomitantemente à intensificação desta área como prestação de serviço público. Segundo a Fundação Carlos Chagas, o setor de saúde representou, por volta de 1960 e 1970, o segmento da economia que mais cresceu, atingindo entre 1976 e 1982, 145 % de incremento. Sobre as décadas de 1960 e 1970, fazse necessário ressal tar que a maior inserção das mulheres deveu-se 7 Neves (1994) evidencia uma guetização sexual na indústria têxtil. A autora argumenta ser esse setor caracterizado, quase exclusivamente, por uma mão-de-obra feminina, uma vez que, historicamente a tecelagem tem sido um trabalho de mulher. Entretanto, aos cargos da administração, cabe ressaltar a massiva presença masculina. 8 Cf. Bruschini (1978). 9 Cf. Rabelo, Godoy e Padilha (2000). 10 Cf. Chamon (1996) e Durães (2002). 11 Os termos feminização e masculinização não devem s er entendidos apenas como um indicativo quantitativo de homens e mulheres em determinados setores ou espaços sociais. Para além dessa perspectiva, esses devem ser reconhecidos como aqueles que decorrem de dimensões qualitativas. Ou seja, representam a tendência de a sociedade vincul ar certas representações de atributos masculinos e femininos aos postos de trabalho e áreas de conhecimento, por exemplo. 3 ao boom desenvolvimentista. Vale considerar que esse período histórico caracterizou-se como o momento no qual aconteceu a expansão do parque industrial, da prestação de serviços, da administração pública e outros, e, por isso, uma conseqüente expansão de empregos. Algumas características dos trabalhadores e trabalhadoras Depois de constatar que a maioria era do sexo feminino, perguntávamos sobre as características dos trabalhadores e trabalhadoras do HUCF. Nosso objetivo foi o de identificar a escolaridade, condição civil, se tinham filhos ou não e, especialmente, sobre a carga horária semanal de trabalho e a vinculação institucional. Acerca dessa última, buscávamos identificar se a maioria das trabalhadoras que se encontrava no exercício da atividade laboral era, de fato, integrante do quadro de trabalhadores do HUCF ou se encontravam ali através de prestadoras de serviço privadas. Sobre isso, foram identificadas as seguintes informações: Tabela 2 Órgãos de vínculo empregatício dos trabalhadores do Hospital Universitário Clemente de Faria – julho de 2005. Órgão N° F(%) Diretoria de Ação descentralizada de Saúde – DADS 4 0,4 Fundação de Apoio ao Desenv. Ensino Superior - Fadenor 3 0,3 Fundação Hospitalar de Minas Gerais – FHEMIG 3 0,3 Hospital Universitário Clemente de Faria – HUCF 916 87,8 Policlínica Hermes de Paula 115 11,0 Prefeitura de Montes Claros 1 0,1 Secretaria Municipal de Saúde 1 0,1 Total 1043 100,0 FONTE: Administração de Pessoal (HUCF) Identificamos que a maioria dos trabalhadores e trabalhadoras se encontrava alocados ao HUCF, Em segundo lugar, 11% do montante, constatamos que se encontravam aqueles e aquelas que pertenciam ao quadro da Policlínica Hermes de Paula, instituição também vinculada à Universidade Estadual de Montes Claros. O restante, 1,2%, pertencia ao quadro de outras instituições. Desses, o que parece indicar os dados apenas 03 trabalhadores (e/ou trabalhadoras) se encontravam como prestadores de serviço através da Fundação de Apoio ao Ensino Superior do Norte de Minas-FADENOR. Quanto à escolaridade, fazendo uma comparação por sexo, foi constatado que os trabalhadores e trabalhadoras possuíam a seguinte escolaridade: Tabela 3 Escolaridade e sexo dos trabalhadores do Hospital Universitário Clemente de Faria - julho de 2005. Sexo Escolaridade M F Total N° F (%) N° F (%) 1° grau 2° grau 3° grau Mestre 49 175 92 15,5 55,4 29,1 Total 316 100,0 FONTE: Administração de Pessoal (HUCF) 130 366 230 01 727 17,9 50,3 31,7 0,1 100.0 179 541 322 1 1043 Conforme tabela, identifica-se, ainda que com uma diferença percentual pequena, a tendência de as mulheres possuírem uma escolaridade superior a dos homens. Ou seja, 29,1 dos homens e 31,8% das mulheres tinham terceiro grau, incluindo o curso de Mestrado. Tais dados confirmam a tendência a crescente escolarização, inclusive no interior da universidade brasileira. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais – INEP, na área da saúde as mulheres, que em 1991 já eram maioria no conjunto de cursos d e graduação, com 53,3% das matrículas, ocuparam um pouco mais de espaço nos últimos anos. Em 2002, a representatividade feminina chegou a 56,5% dos 3,5 milhões de estudantes. Esse avanço deve-se, principalmente, à expansão da 4 quantidade de cursos na área de saúde. Na Fisioterapia, por exemplo, curso que mais cresceu na área de saúde, três em cada quatro vagas eram ocupa das pelas mulheres. Em Odontologia, 60% das matrículas eram de alunas. Já em 2004, também segundo o mesmo instituto de pesquisa, das 4.163.733 matrículas nas universidades públicas e p articulares brasileiras as mulheres representavam o equivalente a 56,36% (INEP, 2004). Além de permitir identificar também as mulheres que concluíram o ensino superior, os censos universitários desses últimos anos nos permitem identificar a concentração delas em determinadas áreas de conhecimento. Segundo dados de 2002, os concluintes do sexo feminino corresponderam ao seguinte percentual: Tabela 4 Concluintes do Ensino Superior do sexo feminino e segundo as áreas de conhecimento - 2002 Parcela Feminina Áreas de conhecimento Total Parcela Feminina (%) Educação 134.204 109.699 81,7 Humanidades e artes 15.877 10.956 69,0 Ciências Sociais, negócios e direito 174.316 95.153 54,6 Ciências, matemática e computação 35.670 15.186 42, 6 Engenharia, produção e construção 28.024 8.631 30,8 Agricultura e veterinária 8.780 3.694 42,1 Saúde e bem estar social 60.363 43.620 72,3 Serviços 9.026 6.370 70,6 FONTE: Fundação Carlos Chagas (MEC/INEP/SEEC – CENS O DO ENSINO SUPERIOR) Depois da Educação a área de saúde e bem estar social foi aquela na qual as mulheres mais se concentraram. Ou seja, nessa área, 72% do universo de concluintes eram mulheres. Outros estudos, como o Rosemberg e Amado (1992), por exemplo, têm privilegiado como objeto de análise a participação das mulheres na universidade. Entre as diferentes constatações obtidas pelas pesquisas, vale evidenciar que, mesmo diante do considerável número de mulheres na universidade, ainda existe uma tendência entre cursos, ou, até mesmo, no interior deles, a uma guetização sexual das carreiras . Ou seja, existe uma tendência de homens e mulheres procurarem diferentemente os cursos de graduação. Além da escolaridade, outra variável privilegiada p ara análise foi o estado civil trabalhadores e trabalhadoras do HUCF. Sobre isso, os dados encontrados foram os seguintes: Tabela 5 Estado civil e sexo dos trabalhadores do Hospital Universitário Clemente de Farias – julho/2005. Sexo Estado civil M F Total N° F (%) N° F (%) Casado* 189 59,8 Descasado** 18 5,7 Solteiro 107 33,9 Viúvo 2 0,6 Não especificado 0 Total 316 100,0 FONTE: Administração de Pessoal (HUCF) * Incluem casados, amasiados, moram juntos **Incluem separados e divorciados 415 48 247 16 01 727 57,1 6,6 34,0 2,2 0,1 100,0 604 66 354 18 1 1043 A maioria deles e delas era casada. No entanto, existiam em torno de 2% a mais de homens casados que mulheres casadas. Somando-se as mulheres solteiras, descasadas e viúvas tem-se o montante de 311 mulheres, ou seja, 42,8%. Complementando esses dados apresentados pela tabela, foi possível identifica que desse último grupo menc ionado 74 mulheres tinham de um a cinco filhos, sendo que 48 tinham apenas um filho. Das mulheres casadas, apenas 75 mulheres não possuíam filhos. Por fim, das 727 mulheres que trabalhavam no hospital, 256, o equivalente a 35,2%, não eram mães. Foi também identificada no setor de Administração de Pessoal do HUCF a carga horária semanal de trabalho. Tal jornada se dava da seguinte maneira: 5 Tabela 6 Carga horária e sexo dos trabalhadores do Hospital Universitário Clemente de Faria – julho/2005. Sexo Carga Horária M F N° F (%) N° F (%) 10 horas 20 horas 30 horas 40 horas 44 horas Licença por interesse Particular (LIP) Licença para Tratamento de Saúde (LTS) Não especificado Total FONTE: Administração de Pessoal (HUCF) 24 131 29 129 1 1 1 316 7,6 41,5 9,2 40,8 0,3 0,3 0,3 100,0 1 29 345 50 279 1 2 727 0,1 6,7 47,5 6,9 38,4 0,1 0,3 100,0 Total 1 73 476 79 408 2 1 03 1043 Entre os 1043 trabalhadores e trabalhadoras, a maioria possuía mais de 30 horas semanais de jornada de trabalho. Desses, comparando-se o número de homens e o de mulheres que trabalhava encontramos, respectivamente, os valores de 54,90% e 41,18%. Entretanto, vale destacar que 45% das mulheres e 50 % dos homens tinham carga horária de 40 horas ou mais. Ou seja, Embora com uma pequena diferença percentual, as mulheres do HUCF tendiam a exercer uma menor carga horária semanal de trabalho que os homens. Entre alguns motivos, podemos argumentar a identificação desse fato à necessidade de as mulheres buscarem conciliar a sua vida profissional e a sua vida familiar. Existem algumas mulheres que, ainda que exercendo a sua atividade profissional, dividem seu tempo com as atividades domésticas – cuidar dos filhos e da casa –, uma vez que o trabalho doméstico tende (ainda!) a não ser eqüitativamente distribuído entre os cônjuges. Além desse aspecto, podemos levantar como hipótese que algumas mulheres, inclusive também aquelas que tinham uma jornada semanal de 10 ou 20 horas, poderiam exercer, concomitante ao trabalho desempenhado no HUCF, outro trabalho formal e/ou informal. A divisão sexual do trabalho no HUCF Antes de passarmos à apresentação dos dados acerca das ocupações de homens e mulheres nos diferentes setores do HUCF gostaríamos, de início, de evidenciar que a nossa premissa foi a de considerar o local de trabalho como o lugar central para a criação e a reprodução das diferenças e desigualdades de gênero. Tanto homens como mulheres são forçados a agirem de acordo com certas formas determinadas pelas hierarquias organizacionais, descrição do emprego e práticas informais presentes no local do trabalho, as quais são baseadas profundamente em concepções de masculinidade e feminilidade, mas esta construção social do gênero favorece homens recompensando-os pelas qualidades “masculinas” que eles trazem com eles para o local de trabalho (WILLIAMS, 1995, p.15, grifo da autora). Com base em tal premissa, perguntávamos: existia um a tendência de homens e mulheres ocuparem diferentemente os setores de trabalho? É possível dizer que existia uma relação entre habilidades masculinas e femininas, setores e ocupação? Com relação às chefias, elas tendiam a ser masculinas ou femininas? 12 A admissão do trabalhador ou trabalhadora no HUCF p ode ocorrer mediante concurso público 13 outra através de contrato de trabalho por tempo determinado . Como apresentamos anteriormente, 87,8% dos profissionais se encontravam vinculados ao HUCF, quer seja por uma forma de admissão ou por outra. Além desses, havia aqueles e aquelas que se encontram exercendo a atividade de 12 A admissão dos trabalhadores e trabalhadores mediante concurso público se pauta no princípio da universalidade. Ou seja, o princípio que tem em vista garantir a qualquer cidadão, homem ou mulher, os mesmos critérios de seleção para que eles e elas possam competir em condições de igualdade. 13 Fica a critério do órgão de trabalho, público ou privado, a determinação do tempo de contrato de serviço, ainda que o mesmo possa ser prorrogável. 6 trabalho no Hospital ainda que o seu vínculo empregatício dissesse respeito a outra instituição pública ou privada. Então vejamos... Foram identificados 55 setores de trabalho no HUCF. Nesses, homens e mulheres se distribuíam da seguinte maneira: Tabela 7 Ocupação dos setores, por sexo, do Hospital Universitário Clemente de Faria – julho de 2005. Sexo Setores M F N° F (%) N° F (%) Administração Clínica Cirúrgica Clínica Nefrológica Clínica Odontológica Clínica Médica A (CMA) Clínica Médica B (CMB) Clínica Médica de Esterilização Conservação Centro de Processamento de Dados Dermatologia Diretoria Administrativa Agência transfuncional Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) Eletro Cardiograma (ECG) Eletro Encefalograma (EEG) Endoscopia Enfermagem Farmácia Faturamento Grupo de Apoio de Nutrição Parenteral (GANP) Ginecologia Home Care Agendamento Hosp. Universitário em casa Infec. Hospitalar Lab. de Análises Clínicas Lab. de Patologia Manutenção Maternidade Neurologia Pronto Atendimento PABX Pedagogia Hospitalar Almoxarifado Pediatria Pequena Cirurgia Pessoal Portaria R/Transportes Radiologia Recepção Residência Médica Rouparia Saúde do Trabalhador Ambulatório Serviço de Nutrição e Dietética (SND) Supervisão de Enfermagem Ultra-som UTI Neonatal Arquivo Bloco Cirúrgico Bloco Obstetra Centro de Apoio ao Servidor da Unimontes (CASU) Sem especificação Total 01 14 19 18 05 13 05 11 05 03 07 03 02 02 09 01 01 10 03 18 05 01 35 09 01 02 07 02 17 18 03 16 02 03 01 01 19 06 02 01 15 316 20 58,3 44,2 45,0 19,2 16,0 50,0 47,8 50,0 60,0 25,0 25,0 25,0 22,2 40,9 50,0 25,0 23,8 30,0 85,7 10,0 50,0 45,5 64,3 20,0 40,0 100 100 50,0 46,2 50,0 35,6 16,7 30,0 8,3 12,5 16,5 25,0 8,7 10,0 25,4 30,3 04 10 1 6 24 22 21 68 05 01 12 05 04 01 03 02 01 21 09 06 07 13 01 01 03 32 07 03 45 01 42 04 04 05 26 04 03 17 21 03 29 10 03 07 11 07 96 03 18 21 09 44 727 80 41,7 100 100 55,8 55,0 80,8 84,0 50,0 100 52,2 50,0 100 100 100 40,0 100 75,0 75,0 75,0 77,8 59,1 50,0 100 75,0 76,2 70,0 14,3 90,0 50,0 54,5 100 100 35,7 100 80,0 60,0 50,0 53,8 50,0 64,4 83,3 100 70,0 91,7 87,5 83,5 100 75,0 91,3 90,0 74,6 69,7 Total 05 24 1 6 43 40 26 81 10 01 23 100 04 01 03 05 01 28 12 08 09 22 02 01 04 42 10 21 50 02 77 04 04 14 26 05 05 07 02 34 39 06 45 12 03 10 12 08 115 03 24 23 10 59 1043 7 FONTE: Administração de Pessoal (HUCF) Mediante tabela é possível constatamos uma tendênci a à concentração de homens e mulheres, menor ou maior, em determinados setores de trabalho. Em outras palavras, constata-se uma tendência a uma divisão sexual do trabalho ou a for mação de guetos sexuais no interior de determinados setores. Os setores de Odontologia, PABX, enfermagem, Pedagogia Hospitalar e Pediatria eram quase que totalmente ocupados por mulheres. Além disso, elas representavam a maioria na conservação, com 68 mulheres e 13 homens; a Ginecologia, 7 mulheres e 02 homens; e a Rouparia, 29 mulheres e 16 homens. Em contraposição, na Manutenção tinha 18 homens e 03 mulheres; a Clínica Cirúrgica, 14 homens e 10 mulhe res; e o Almoxarifado, 9 homens e cinco mulheres. Ainda que se possam realizar diferentes análises so bre a ocupação em cada um desses setores, pretendemos apresentar evidenciar aqui algumas explicações em uma tendência mais genérica. Uma das justificativas para a formação dos guetos sexuais refere-se ao fato de alguns critérios existentes nos processos de seleção/admissão das instituições públicas tenderem a reforçar mais ou menos a vinculação entre os postos de trabalho e alguns atributos masculinos ou femininos. E com base nesse fato, homens e mulheres geralmente se inscrevem naqueles postos de acordo com as designações socialmente mais apropriadas com relação ao sexo do candidato. Além disso, o processo seletivo do concurso apenas ratifica uma divisão sexual do trabalho já existente na sociedade. Divisão essa vivenciada no transcurso das trajetórias escolares e de vida nas quais está demarcado, diferentemente, o campo de po ssibilidades para homens e mulheres. Em síntese, a discriminação entre os sexos, embora presente no interior das instituições e reforçada por elas, pode ser caracterizada como anterior ao processo de seleção/admissão. Em 2008, passados três anos dos dados apresentados anteriormente, em alguns postos de trabalho foram identificados o seguinte quadro de funcionários, por sexo: Tabela 8 Ocupação dos setores, por sexo, no Hospital Universitário Clemente de Faria Novembro-2008 SETOR MASC. Pronto Atendimento 49 UTI Neonatal 24 Clínica Médica A 34 Clínica Médica B 42 Bloco Cirúrgico 31,2 HU em Casa 18,8 Pediatria 22,2 CME 10,5 CAETAN Ambulatório 06 Bloco Obstétrico 06 Clínica Cirúrgica 08 Agência Transfusional Maternidade Controle de Qualidade 100 Auditoria 100 COMPAMP 100 NUVEH CCIH CASU CRASI GANP 25 Supervisão Geral Gerente de Enfermagem Educação Permanente 100 TOTAL 24 FONTE: Administração de pessoal (HUCF) TOTAL % FEM. 51 76 66 58 68,8 81,2 77,8 89,5 94 94 92 100 100 100 100 100 100 75 100 100 76 LEGENDA: NUVEH - Núcleo de Vigilância Epidemiológica em Ambi ente Hospitalar, GANP - Grupo de Apoio Nutricional de 8 Pesquisa , CCIH - Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, CRASI - Centro de Referência em Assistência em Saúde do Idoso, COMPAMP - Comissão de Padronização de Materiais e Produtos, CASU - Centro de Atendimento ao Servidor da Unimontes, CME - Central de Materiais e Esterilização Se comparadas algumas ocupações de trabalho entre os anos de 2005 e 2008 identificamos que praticamente todos houve um acréscimo do número de mulheres e, como no caso de enfermagem, onde havia um homem, este foi substituído por uma mulher. Todavia, na ocupação Hospital Universitário em casa houve um aumento do número de homens. Fato este que carece um estudo mais profundo com o intuito de identificar os motivos que justificam o processo de entrada de homens. A qualificação exigida para o trabalho na sociedade capitalista centraliza-se na base tecnológica, controle e racionalização das atividades (RIZEK & LEITE, 1998). Cultural e socialmente, esses aspectos são reconhecidos como atributos masculinos e, por vez, são aqueles que dimensionam o trabalho qualificado na produção capitalista. Em direção contrária, as características de cuidado, carinho, zelo e exercício de atividades de coordenação motora fina são consideradas inerentes ou inatas à mulher, em vez de considerá-las como constituída s em espaços anteriores e/ou externos ao local de trabalho e em cursos de formação de trabalhadoras (embora os cursos de formação/treinamento as reforcem). Não sendo reconhecidas como advindas de processos de escolarização/formação, essas características tende m a ser desvalorizadas. E, principalmente, elas são desvalorizadas por terem sido geradas a partir de outras relações e, em especial, constituídas no espaço privado e doméstico. Daí alguns fatores relativos aos atributos das mulheres não serem reconhecidos como qualificantes (WILLIAMS, 1995; RIZEK, 1998). Para a análise da experiência recupera-se a trajetória profissional, mas também a trajetória de vida, uma vez que certas experiências ou disposições demandadas para a realização do trabalho não estão diretamente relacionadas à formação profissional. Vale ressaltar que certos atributos exigidos pelo capitalismo em relação às mulheres fazem parte dos saberes construídos no espaço doméstico. Daí, inclusive, o reconhecimento desses como talentos ou componentes naturais e não como qualificação . Argumentamos que quando da inserção das mulheres no mercado de trabalho, a valorização 14 dos saberes tácitos que elas dispõem dificultam o reconhecimento de suas atividades de trabalho como qualificadas. Por que? Em decorrência do fato de que a mulher tende a ser reconhecida como aquela regida pela dimensão da natureza, do não-político e da experiência e, em um lado oposto, o 15 homem, como detentor da força física, da ciência e da cultura . Os homens são reconhecidos como produtores da ciência e, por isso, o conhecimento científico e técnico é algo eminentemente masculino. Conseqüentemente, o conceito de qualificação tende a ser relacionado ao trabalho realizado pelos homens, uma vez que à mulher isso não é reconhecido como tal. Inclusive, “na justificativa gerencial do uso do trabalho feminino, as chefias tendem a enumerar as habilidades e capacidades femininas atribuindo-lhes o caráter de trabalho simples, não qualificados, ou quando muito, semiqualificados” (RIZEK & LEITE, 1998, p.65). Além disso, como indicam Rizek e Leite (1998, p.79), o fato de o posto de trabalho exigir alguns conhecimentos e habilidades que se assemelham com aqueles aprendidos e/ou desenvolvidos no espaço doméstico existe uma tendência de as próprias mulheres reconhecerem e reforçarem que as atividades não demandam qualificação. Em suma, ao encontro do que argumentou Williams (1995, p.6), “na sociologia do trabalho, gênero parece ser alguma coisa que afeta apenas a mulher e as afeta apenas negativamente”. 14 Em resumo, as qualificações tácitas dizem respeito às habilidades e conhecimentos de difícil verbalização e explicação do seu processo de produção. Elas apresentam três dimensões, quais sejam: “relacionadas com a prática de tarefas que envolvem ações repetidas”; a segunda, “reside no fato de que existem diferentes graus na tomada de consciência conforme a tarefa a ser realizada exija um grau mais intenso ou menos intenso de consciência de ação”; e a última , “refere-se à natureza coletiva do processo de trabalho e a uma necessidade que os trabalhadores têm, vale dizer, a necessida de de desenvolver qualificações de cooperação” (JONES & WOOD, 1984, p .9-11). 15 Segundo Scott (1992, p.84), "na verdade, poderia ser dito que a história das mulheres atingiu uma certa legitimidade como um empreendimento histórico, quando afirmou a natureza e a experiência separadas das mulheres, e assim consolidou a identidade coletiva das mulheres". 9 Nossa última análise sobre os dados referentes aos setores de trabalho diz respeito à ocupação masculina e feminina na Direção Administrativa do HUCF. Nesse setor em pauta se encontravam 23 pessoas, sendo que 12 delas eram mulheres. Ou seja, elas correspondiam a 52,2% dos cargos ocupados. À primeira vista, podemos dizer que a maioria da direção era representada pelo sexo feminino. No entanto, comparando-se esse número com o universo de mulheres trabalhadoras em todo o Hospital, constatamos que proporcionalmente o sexo feminino encontra-se menos representado que o sexo masculino. Enquanto os 11 homens que exerciam os cargos na Administração correspondiam à 3,48 do universo masculino, as mulheres apenas à 1,6% do seu montante. Na hierarquia das organizações, as descrições dos postos de trabalho estão definidas tendo em vista as distintas representações sociais de homem e mulher. Geralmente, no que dizem respeito aos homens, eles são pressionados a ocupar certas profissões e postos de trabalho que não põem em questão a sua condição de masculinidade. São, por isso, movidos a exercer atividades masculinas. Quanto à propagação dessa hegemonia masculina, ela está dimensionada ao plano simbólico, o que não implica necessariamente que os homens sejam assim. Existe diferença entre o que é esperado que eles façam e aquilo que realmente fazem (CONNELL, 1995). Daí pode-se concluir que não existe uma masculinidade, mas um conjunto de práticas que tendem a aproximar-se mais ou menos das representações sociais. Para Connell (1995, p. 190) “os dados existentes são claros em mostrar que as masculinidades hegemônicas são produzidas juntamente – e em relação – com outras masculinidades” Enquanto alguns homens se recusam a entrar em áreas determinadas femininas, outros tantos encaminham até elas, pois enxergam aí um campo de possibilidades. No caso deste estudo, não quero dizer que eles abandonaram a sua identidade de gênero, muito pelo contrário, sendo minoria, criam ali a possibilidade de “consolidarem o seu poder sobre as mulheres e exercerem os seus privilégios na sociedade” (WILLIAMS, 1995, p.16). Algumas últimas considerações Em muito a mulher avançou ao ocupar, significativamente, o mercado de trabalho formal brasileiro ao longo da segunda metade do século XX. No entanto, para os nossos dias, alguns desafios ainda persistem e, ainda que muitos sejam evidenciados pelos movimentos sociais e pelas pesquisas, outros tantos estão por aí a constituir-se e por isso necessitam ser desvelados. Da condição de inserção excluída poderíamos agregar algumas possibilidades de outras leituras. Inclusive, identificar, a partir das práticas sociais do cotidiano do HUCF, em que medida as mulheres e homens realizam o exercício da acomodação na resistência e da resistência na acomodação (ANYON, 1990) e das mudanças e persistências no trabalho feminino (BRUSCHINI, 1997). Sugerimos durante nosso texto, que as relações capitalistas valem-se de uma polarização para um reconhecimento diferenciado do valor social das atividades realizadas por homens e mulheres. Da polarização talento/qualificação emerge a necessidade de desmistificar que a natureza corporal da mulher imprime a lógica do seu trabalho. Ademais, vale romper com a idéia de talento feminino e qualificação masculina . Alguns aspectos sobre as formas de inserção/exclusão que discutimos ao longo do texto nos conduzem à necessidade de práticas de denúncia. E outros tantos questionamentos nos rodeiam: frentes as estratégias que estão sendo postas pela reestruturação produtiva é possível realizar a construção de uma real cidadania? Se o capitalismo joga com a mão-de-obra, inserido e excluindo-a conforme seus interesses, em que medida vêm acontecendo os investimentos na mão-de-obra feminina? Nessas relações é possível pensar políticas que sejam menos excludentes, que garantam relações sociais e de trabalho mais igualitárias? Por fim... Como em qualquer prática social, existe uma relação (de conflitos) de poderes que está presente, e concomitantemente em jogo, no cotidiano do local de trabalho. No caso específico desta análise, acreditamos que no Hospital Universitário Clemente de Faria homens e mulheres praticam o exercício do rompimento das fronteiras, que foram e têm sido demarcadas pela sociedade. Assim sendo, tal exercício, no local de trabalho, pode configurar-se em um campo de possibilidades. 10 Referências ANYON, Jean. Interseções de gênero e classe: acomodação e resistência de mulheres e meninas às ideologias de papéis sexuais. Caderno de Pesquisa. Nº 73. São Paulo: Cortez, 1990. p.13-25 BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina . Grupo de Estudos de Relações de Gênero e Educação/Faculdade de Educação/UFRGS. Porto Alegre: Pannonica, 1992. BRUSCHINI, Cristina. Gênero e trabalho no Brasil: n ovas conquistas ou persistência da discriminação. In: ROCHA, Maria Isabel (org.). 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