Cultura, cidadania e uma cidade melhor Arinha Rocha Ao convite para integrar a equipe da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu, respondemos com o alinhamento e a defesa de alguns compromissos que refletem a experiência de quase três décadas de atuação no meio cultural e que representam debates e reivindicações acumuladas por artistas e produtores locais ao longo de todo esse tempo. Alguns dos pontos pactuados com a atual administração correspondiam a necessidades de curto prazo, como a criação da Diretoria de Cultura, o fortalecimento do Conselho de Cultura, a realização da Conferência de Cultura e a aproximação entre a gestão e os realizadores. Essa demanda inicial foi conquistada. Foi instituída uma diretoria responsável pela fruição e a articulação das políticas públicas, temos um Conselho de Cultura que atua de forma independente e autônoma e realizamos uma significativa conferência no ano que passou. Hoje, mantemos uma estreita relação com a comunidade e com os produtores de arte e cultura, através da valorização e o reconhecimento de seus trabalhos, com contatos, consultas e interações permanentes, que se constroem e se renovam de forma cotidiana. Com esse diálogo foi possível a criação da Rede dos Pontos de Cultura e a execução de projetos nas áreas do livro, literatura e leitura, artes visuais, música, artes cênicas, entre outros setores. Já as decisões de médio prazo apontam para a consolidação dos instrumentos de caráter estrutural, identificados através de um plano estratégico de gestão que elaboramos e defendemos, tendo a implantação do Fundo Municipal de Cultura como um dos pilares dessa visão. Esse mecanismo aprimora e dinamiza o financiamento público através da prática de editais em todas as linguagens artístico-culturais e pela definição de critérios válidos e aplicáveis a todos. Com o Fundo de Cultura, as propostas são selecionadas de maneira constante e os projetos são realizados de forma permanente e continuada, democratizando o acesso às fontes de apoio, oferecendo contrapartidas sociais à população na forma de acesso gratuito aos bens e produtos derivados do patrocínio. Outros aspectos fundamentais de nossa proposta tratam do aumento do orçamento da cultura até atingir o investimento de 1% e, então, adotar a elevação progressiva a patamares mais altos, a construção do teatro municipal, a reforma do Teatro Barracão, a criação da casa da memória e a diversificação de espaços para a prática cultural na cidade. O terceiro apontamento de nosso plano defende um amplo projeto de democratização do acesso e de popularização da arte e da cultura entre toda a população, baseada no tripé formação, produção e circulação dos bens e produtos dos realizadores iguaçuenses. A proposta defende a oferta de oficinas de formação para as artes em espaços públicos e comunitários nas cinco maiores regiões da cidade e o apoio às entidades que mantém ações formativas. Vinculado a essa ideia, pelo nosso entendimento, o município deve apoiar, com recursos do Fundo de Cultura e de parcerias, a produção e a circulação dos trabalhos culturais nos segmentos de artes cênicas, artesanato, artes visuais, literatura, música e todas as demais linguagens artísticas. Com efeito, seria possível organizar uma agenda anual, planejada, abrangente e estável, agregando eventos estratégicos como Carnaval, Fartal, Feira do Livro, Virada Cultural, os festivais de teatro, dança e música e um circuito de apresentações gratuitas dos produtores iguaçuenses, nos bairros, praças, escolas, universidades e outros espaços disponíveis. Por fim, a nossa visão sobre a gestão da cultura em Foz do Iguaçu propõe a necessidade de elaboração e implantação do Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Literatura (PMLLL), do Plano Municipal de Cultura (PMC), da política de patrimônio cultural e de proteção à memória e às expressões artísticas, bem como, a modernização administrativa e operacional da Fundação Cultural. Encarando de frente todos esses desafios construiremos uma cidade melhor, com mais arte e cultura para todos. Arinha Rocha é atriz, diretora de cultura da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu. Texto publicado na Revista Escrita, edição 33.