Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas Instituto COPPEAD de Administração BERNARDO HAUCH RIBEIRO DE CASTRO A INOVAÇÃO RADICAL E A INOVAÇÃO CONTÍNUA NAS EMPRESAS BRASILEIRAS: FATORES DISCRIMINANTES E ESTRATÉGIAS Rio de Janeiro Julho de 2011 BERNARDO HAUCH RIBEIRO DE CASTRO A INOVAÇÃO RADICAL E A INOVAÇÃO CONTÍNUA NAS EMPRESAS BRASILEIRAS: FATORES DISCRIMINANTES E ESTRATÉGIAS Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos à obtenção do título de Doutor em Administração. Orientador: Cesar Gonçalves Neto, PhD Rio de Janeiro Julho de 2011 Castro, Bernardo Hauch Ribeiro de A inovação radical e a inovação contínua nas empresas brasileiras: fatores discriminantes e estratégias. / Bernardo Hauch Ribeiro de Castro. - Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2011. xxii, 313f.: il.; 28 cm. Orientador: Cesar Gonçalves Neto Tese (doutorado) – UFRJ/ COPPEAD/ Programa de PósGraduação em Administração, 2011. Referências Bibliográficas: f. 267-279. 1. Gestão da Inovação. 2. Inovação Tecnológica. 3. Administração. I. Gonçalves Neto, Cesar (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto COPPEAD de Administração. III. Título. Bernardo Hauch Ribeiro de Castro A INOVAÇÃO RADICAL E A INOVAÇÃO CONTÍNUA NAS EMPRESAS BRASILEIRAS: fatores discriminantes e estratégias Tese submetida ao corpo docente do Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.). Aprovada em 22 de julho de 2011. ___________________________________________ Cesar Gonçalves Neto, Ph.D. COPPEAD/UFRJ – Orientador e Presidente da Banca ___________________________________________ Denise Lima Fleck, Ph.D. COPPEAD/UFRJ ___________________________________________ Cristiane Machado Quental, D.Sc. FIOCRUZ ___________________________________________ Lia Hasenclever, D.Sc. IE/UFRJ ___________________________________________ José Manoel Carvalho de Mello, Ph.D. UFF À minha querida família AGRADECIMENTOS Em um trabalho extenso como é uma tese de doutorado, nossa dívida de gratidão cresce sobremaneira. São muitos os degraus, mas, felizmente, também são muitos os apoios. Vindos de todos os lados, sem eles não seria possível nem iniciar essa jornada. Agradeço, em primeiro lugar, à minha família querida pela compreensão, por todo apoio, incentivo e, principalmente, inspiração. A escolha que fazemos quando iniciamos um doutorado acaba nos privando de um tempo que normalmente é deles, da esposa e dos filhos. Considero que esse tempo não foi perdido – muito pelo contrário, ele destaca o valor da educação e serve de exemplo de que é possível sonhar e realizar. Agradeço a meus pais pelo apoio de sempre e a meu irmão por mostrar que é possível ir bem longe quando damos a devida importância à educação. Agradeço ao meu orientador, Cesar Gonçalves Neto, pela paciência e dedicação durante todos esses anos, desde o mestrado. Suas contribuições muito ajudaram no desenho final da pesquisa e sua conduta servirá de parâmetro para a minha vida acadêmica. Agradeço à Finep – Financiadora de Estudos e Projetos, na pessoa de vários de seus funcionários, que foram fundamentais em diversas etapas da pesquisa, e, especialmente, ao pessoal do Prêmio Finep de Inovação. Espero que este trabalho consiga responder, ao menos em parte, a toda a ajuda que essa casa me forneceu. Agradeço aos professores que fizeram parte das bancas examinadoras da tese e de seu projeto, com contribuições bastante construtivas, e aos colegas que criticaram as versões preliminares dos questionários. Agradeço às empresas que se dispuseram a responder a esta pesquisa. Sem uma adesão em massa não haveria como realizar os testes propostos. Agradeço a meus colegas de turma pela excelente convivência e aos funcionários do Coppead, por sua dedicação inabalável. Por fim, é impossível esquecer que esta casa é pública, mantida em grande parte com recursos públicos. Agradeço a oportunidade que me foi dada e espero que este trabalho devolva à sociedade, através da geração de conhecimento, ao menos parte do que ela investiu e investe todos os dias na educação dos brasileiros. Muito obrigado! RESUMO CASTRO, Bernardo Hauch Ribeiro de. A inovação radical e a inovação contínua nas empresas brasileiras: fatores discriminantes e estratégias. Tese de Doutorado em Administração – Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. A inovação tem surgido como um tema de crescente presença nas agendas dos países e das empresas. Para as empresas, a inovação é perseguida como uma forma de se diferenciar das concorrentes, ampliando sua competitividade. Para os países, possuir uma massa de empresas inovadoras gera riqueza e desenvolvimento para a sua população. Ainda que vários estudos tenham identificado fatores que aumentam a propensão de uma empresa a se tornar inovadora, poucos estudam as diferenças existentes dentro do conjunto de empresas inovadoras. A partir de uma definição ampla do conceito de inovação, cada vez mais empresas se enquadram como inovadoras. Longe de constituírem um grupo homogêneo, conhecer melhor este conjunto de empresas é uma tarefa que se torna cada vez mais relevante. O presente estudo tem como objetivo contribuir para o entendimento de dois conceitos relacionados à qualificação do processo de inovação: a inovação contínua e a inovação radical. A partir de um levantamento realizado junto a empresas que se inscreveram no Prêmio Finep de Inovação, foi possível estudar o grupo de empresas inovadoras e suas idiossincrasias. Os dados obtidos foram submetidos a análises estatísticas multivariadas, trazendo resultados importantes para a definição empírica dos conceitos. A inovação contínua parece ser motivada por investimentos fixos em estrutura, na destinação de um orçamento e na disponibilidade de pessoal qualificado. Inovações ocasionais parecem ser motivadas por ímpetos pessoais, tanto de funcionários encorajados a expor e a trabalhar suas ideias, quanto da ação dos líderes. A inovação radical parece ser motivada pela preocupação com a concorrência, pelo direcionamento indicado pela liderança, pelo apetite pelo risco e pelo acesso a informações de mercado. Dificultam a inovação radical a pressão dos fornecedores e o hábito da empresa. Os resultados da pesquisa apresentam ainda sugestões para ação do poder público e das estratégias de inovação empresariais a fim de se estimular a inovação contínua e a inovação radical no Brasil. É proposto também um modelo para classificação das empresas inovadoras. Palavras-chave: inovação, inovação tecnológica, estratégias de inovação. contínua, inovação radical, inovação ABSTRACT CASTRO, Bernardo Hauch Ribeiro de. A inovação radical e a inovação contínua nas empresas brasileiras: fatores discriminantes e estratégias. Tese de Doutorado em Administração – Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. Innovation has emerged as a topic of increasing presence on the agendas of countries and companies. For firms, innovation is pursued as a way to increase its competitiveness by differentiating themselves from competitors. For countries, a mass of innovative firms means development and generates wealth for its people. Although several studies have identified factors that increase the propensity of a company to become innovative, few works are focused on the differences within the group of innovative companies. From a broad definition of the concept of innovation, more and more companies qualify as innovative. Far from constituting a homogeneous group, learn more about this group of firms is a task that becomes increasingly relevant. The present study is aimed to contribute to the understanding of two concepts related to the frequency that firms innovate: continuous innovation and radical innovation. From a survey carried out among companies that have applied for the Finep Innovation Award, we studied the group of innovative companies and their idiosyncrasies. The data were subjected to multivariate statistical analysis, bringing important results for the empirical definition of the concepts. Continuous innovation seems to be driven by fixed investment in structure, by the allocation of a budget and by the availability of qualified personnel. Occasional innovation appears to be motivated by either employees encouraged to expose their ideas and work, as the action of leaders. Radical innovation seems to be motivated by concern about competition, leadership instructions, risk appetite and access to market information. Pressure from suppliers and the company's habit hamper the radical innovation. The survey results also present suggestions for action by public authorities and business innovation strategies in order to stimulate continuous innovation and radical innovation in Brazil. It’s also proposed a classification model for innovative firms. Keywords: innovation, continuous innovation, radical innovation, technological innovation, innovation strategies. LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Mensuração do impacto da inovação 39 Quadro 2 – Fatores ligados ao sucesso ou a atrasos na inovação 61 Quadro 3 – Relação de Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia 64 Quadro 4 – Resumo das variáveis do estudo (fatores externos) 92 Quadro 5 – Resumo das variáveis do estudo (fatores internos) 105 Quadro 6 – Relação entre as variáveis ambientais do estudo e as abordagens teóricas 123 Quadro 7 – Perguntas para classificação da estratégia de inovação 131 Quadro 8 – Esquema de classificação das estratégias de inovação 131 Quadro 9 – Variáveis e perguntas para as empresas inovadoras 132 Quadro 10 – Evolução das categorias do Prêmio Finep de Inovação 138 Quadro 11 – Vencedores do Prêmio Finep de Inovação (categorias produto e processo) 139 Quadro 12 – Quadro-resumo da análise de variância relacionada aos fatores externos à empresa 188 Quadro 13 – Quadro-resumo da análise de variância relacionada aos fatores internos à empresa 189 Quadro 14 – Quadro-resumo das análises para a inovação radical 204 Quadro 15 – Quadro-resumo da análise de variância relacionada aos fatores externos à empresa 225 Quadro 16 – Quadro-resumo da análise de variância relacionada aos fatores internos à empresa 226 Quadro 17 – Quadro-resumo das análises do conceito de continuidade 235 Quadro 18 – Relação entre as variáveis que descrevem as empresas com inovações radicais e as abordagens teóricas 238 Quadro 19 – Relação entre as variáveis externas que descrevem as empresas que inovam de forma contínua e as abordagens teóricas 239 Quadro 20 – Quadro-resumo das características das empresas em cada quadrante 246 Quadro 21 – Quadro-síntese dos fatores relevantes para a inovação e para a inovação radical e a inovação contínua 253 Quadro 22 – Quadro-resumo das hipóteses gerais 257 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Modelo proposto por Henderson e Clark (1990) 37 Figura 2 – Modelo proposto por Afuah e Bahram (1995) 37 Figura 3 – Evolução do total de recursos empenhados no âmbito dos Fundos Setoriais 64 Figura 4 – Participação de cada escritório de patentes no total de pedidos depositados no mundo 67 Figura 5 – Participação na quantidade de pedidos de patente depositados em cada país apenas por residentes 67 Figura 6 - Dispêndios nas atividades inovativas como percentual da receita líquida de vendas, segundo atividades selecionadas da Indústria - Brasil - 2003/2005 68 Figura 7 – Primeiros 20 países por quantidade de publicações científicas em revistas indexadas 68 Figura 8 – Mapa das universidades federais, estaduais e dos institutos de pesquisa no Brasil 69 Figura 9 – Modelo para os efeitos do país sobre a adaptação da empresa 78 Figura 10 – Fatores para uma capacidade de inovação sistemática 97 Figura 11 – Esquema do Modelo conceitual 109 Figura 12 – Evolução das inscrições nas edições do Prêmio Finep de Inovação 137 Figura 13 – Histograma de frequências do ‘ano da primeira venda’ 152 Figura 14 – Quantidade de respostas por data 158 Figura 15 – Distribuição do grupo de inovadoras radicais por porte 165 Figura 16 – Distribuição geográfica do grupo de inovadoras radicais 165 Figura 17 – Tipo de inovação do grupo de empresas inovadoras radicais 166 Figura 18 – Distribuição setorial do grupo de inovadoras radicais 166 Figura 19 – Histórico de incubação do grupo de empresas inovadoras radicais 167 Figura 20 – Ano de fundação do grupo de empresas inovadoras radicais 167 Figura 21 – Percentual do faturamento advindo de novos produtos no grupo de empresas inovadoras radicais 168 Figura 22 – Infraestrutura de P&D no grupo de empresas inovadoras radicais 168 Figura 23 – Distribuição de porte do grupo de inovadoras persistentes e ocasionais 208 Figura 24 – Distribuição geográfica do grupo de inovadoras persistentes e ocasionais 209 Figura 25 – Tipo de inovação do grupo de empresas inovadoras persistentes e ocasionais 209 Figura 26 – Distribuição setorial das inovadoras persistentes e ocasionais 210 Figura 27 – Histórico de incubação das empresas inovadoras persistentes e ocasionais 210 Figura 28 – Ano de fundação das empresas inovadoras persistentes e ocasionais 211 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Comparativo entre a quantidade de empresas inovadoras no Brasil 29 Tabela 2 – Gastos em P&D como proporção do PIB no Brasil e em países da OCDE 30 Tabela 3 – Instituições, grupos de pesquisa e pesquisadores no Brasil 69 Tabela 4 – Estatísticas descritivas da variável ‘ano da primeira venda’ 151 Tabela 5 – Quantidade de inscrições no Prêmio Finep de Inovação consideradas na pesquisa 153 Tabela 6 – Distribuição regional das inovações inscritas 154 Tabela 7 – Classificação das inovações inscritas 155 Tabela 8 – Tempo de existência das empresas com inovações inscritas 155 Tabela 9 – Setor da atividade principal das empresas com inovações inscritas 156 Tabela 10 – Porte das empresas com inovações inscritas 156 Tabela 11 – Uso de instrumentos formais de Propriedade Intelectual sobre as inovações inscritas 157 Tabela 12 – Porte da empresa e proteção da propriedade intelectual 157 Tabela 13 – Quantidade de respostas 158 Tabela 14 – Teste para a avaliação da não resposta 159 Tabela 15 – Distribuição regional dos respondentes 160 Tabela 16 – Setor da atividade principal das empresas dos respondentes 160 Tabela 17 – Porte das empresas dos respondentes 161 Tabela 18 – Existência de infraestrutura de P&D 161 Tabela 19 – Percentual do faturamento advindo de produtos lançados há menos de 3 anos pelos respondentes 162 Tabela 20 – Estratégias dos respondentes 162 Tabela 21 – Inovações radicais nos respondentes 163 Tabela 22 – Quantidade de inovadoras ocasionais e persistentes na amostra 163 Tabela 23 – Análise da normalidade das variáveis ligadas aos fatores externos 169 Tabela 24 – Análise da normalidade das variáveis ligadas aos fatores internos 170 Tabela 25 – Teste de homoscedasticidade de P1 e P2 171 Tabela 26 – Teste Anova para as variáveis P1 e P2 171 Tabela 27 – Teste de homoscedasticidade de P3 172 Tabela 28 – Teste Anova para a variável P3 172 Tabela 29 – Teste de homoscedasticidade de P4 173 Tabela 30 – Teste Anova para a variável P4 173 Tabela 31 – Teste de homoscedasticidade de P5, P6 e P7 173 Tabela 32 – Teste Anova para as variáveis P5, P6 e P7 174 Tabela 33 – Teste de homoscedasticidade de P8, P9, P10 e P11 174 Tabela 34 – Teste Anova para as variáveis P8, P9, P10 e P11 175 Tabela 35 – Teste de homoscedasticidade de P12 175 Tabela 36 – Teste Anova para a variável P12 176 Tabela 37 – Teste de homoscedasticidade de P13 e P14 176 Tabela 38 – Teste Anova para as variáveis P13 e P14 176 Tabela 39 – Teste de homoscedasticidade de P15 e P16 177 Tabela 40 – Teste Anova para as variáveis P15 e P16 177 Tabela 41 – Teste de homoscedasticidade de P17, P18, P19 e P20 178 Tabela 42 – Teste Anova para as variáveis P17, P18, P19 e P20 178 Tabela 43 – Teste de homoscedasticidade de P21 179 Tabela 44 – Teste Anova para a variável P21 179 Tabela 45 – Teste de homoscedasticidade de P22 180 Tabela 46 – Teste Anova para a variável P22 180 Tabela 47 – Teste de homoscedasticidade de P23 e P24 180 Tabela 48 – Teste Anova para as variáveis P23 e P24 181 Tabela 49 – Teste de homoscedasticidade de P25 e P26 181 Tabela 50 – Teste Anova para as variáveis P25 e P26 181 Tabela 51 – Teste de homoscedasticidade de P27, P28, P29 e P30 182 Tabela 52 – Teste Anova para as variáveis P27, P28, P29 e P30 182 Tabela 53 – Teste de homoscedasticidade de P31 183 Tabela 54 – Teste Anova para a variável P31 183 Tabela 55 – Teste de homoscedasticidade de P32, P33, P34 e P35 184 Tabela 56 – Teste Anova para as variáveis P32, P33, P34 e P35 184 Tabela 57 – Teste de homoscedasticidade de P36, P37, P38 e P39 185 Tabela 58 – Teste Anova para as variáveis P36, P37, P38 e P39 185 Tabela 59 – Teste de homoscedasticidade de P40, P41, P42 e P43 186 Tabela 60 – Teste Anova para as variáveis P40, P41, P42 e P43 186 Tabela 61 – Teste de homoscedasticidade de P44 187 Tabela 62 – Teste Anova para as variáveis P44 187 Tabela 63 – Teste de homoscedasticidade de P45 188 Tabela 64 – Teste Anova para as variáveis P45 188 Tabela 65 - Teste de igualdade das matrizes de covariância das variáveis P1 a P45 191 Tabela 66 – Autovalor da função discriminante 192 Tabela 67 – Lambda de Wilks 192 Tabela 68 – Matriz de confusão – 45 variáveis 192 Tabela 69 – Matriz de confusão – 20 fatores 193 Tabela 70 – Estatísticas-teste da regressão logística 194 Tabela 71 – Tabela de Classificação 194 Tabela 72 – Confronto dos resultados obtidos com a análise discriminante e a regressão logística 195 Tabela 73 – KMO e Teste de Bartlett 197 Tabela 74 – Matriz de componentes rotacionada 197 Tabela 75 – Novos fatores 198 Tabela 76 – Análise de normalidade dos novos fatores 199 Tabela 77 - Teste de igualdade das matrizes de covariância dos fatores F1 a F7 200 Tabela 78 – Autovalor da função discriminante 201 Tabela 79 – Lambda de Wilks 201 Tabela 80 – Matriz de confusão – 7 fatores 201 Tabela 81 – Estatísticas-teste da regressão logística 202 Tabela 82 – Tabela de Classificação 203 Tabela 83 – Confronto dos resultados obtidos com a análise discriminante e a regressão logística 203 Tabela 84 – Teste de homoscedasticidade de P1 e P2 211 Tabela 85 – Teste Anova para as variáveis P1 e P2 212 Tabela 86 – Teste de homoscedasticidade de P3 212 Tabela 87 – Teste Anova para a variável P3 212 Tabela 88 – Teste de homoscedasticidade de P4 213 Tabela 89 – Teste Anova para a variável P4 213 Tabela 90 – Teste de homoscedasticidade de P5, P6 e P7 213 Tabela 91 – Teste Anova para as variáveis P5, P6 e P7 213 Tabela 92 – Teste de homoscedasticidade de P8, P9, P10 e P11 214 Tabela 93 – Teste Anova para as variáveis P8, P9, P10 e P11 214 Tabela 94 – Teste de homoscedasticidade de P12 215 Tabela 95 – Teste Anova para a variável P12 215 Tabela 96 – Teste de homoscedasticidade de P13 e P14 215 Tabela 97 – Teste Anova para as variáveis P13 e P14 215 Tabela 98 – Teste de homoscedasticidade de P15 e P16 216 Tabela 99 – Teste Anova para as variáveis P15 e P16 216 Tabela 100 – Teste de homoscedasticidade de P17, P18, P19 e P20 216 Tabela 101 – Teste Anova para as variáveis P17, P18, P19 e P20 217 Tabela 102 – Teste de homoscedasticidade de P21 217 Tabela 103 – Teste Anova para a variável P21 218 Tabela 104 – Teste de homoscedasticidade de P22 218 Tabela 105 – Teste Anova para a variável P22 218 Tabela 106 – Teste de homoscedasticidade de P23 e P24 218 Tabela 107 – Teste Anova para as variáveis P23 e P24 219 Tabela 108 – Teste de homoscedasticidade de P25 e P26 219 Tabela 109 – Teste Anova para as variáveis P25 e P26 219 Tabela 110 – Teste de homoscedasticidade de P27, P28, P29 e P30 220 Tabela 111 – Teste Anova para as variáveis P27, P28, P29 e P30 220 Tabela 112 – Teste de homoscedasticidade de P31 220 Tabela 113 – Teste Anova para a variável P31 221 Tabela 114 – Teste de homoscedasticidade de P32, P33, P34 e P35 221 Tabela 115 – Teste Anova para as variáveis P32, P33, P34 e P35 221 Tabela 116 – Teste de homoscedasticidade de P36, P37, P38 e P39 222 Tabela 117 – Teste Anova para as variáveis P36, P37, P38 e P39 222 Tabela 118 – Teste de homoscedasticidade de P40, P41, P42 e P43 222 Tabela 119 – Teste Anova para as variáveis P40, P41, P42 e P43 223 Tabela 120 – Teste de homoscedasticidade de P44 223 Tabela 121 – Teste Anova para as variáveis P44 223 Tabela 122 – Teste de homoscedasticidade de P45 224 Tabela 123 – Teste Anova para as variáveis P45 224 Tabela 124 - Teste de igualdade das matrizes de covariância das variáveis P1 a P45 228 Tabela 125 – Autovalor da função discriminante 228 Tabela 126 – Lambda de Wilks 228 Tabela 127 – Matriz de confusão – 45 variáveis 228 Tabela 128 – Matriz de confusão – 20 fatores 229 Tabela 129 - Teste de igualdade das matrizes de covariância dos fatores F1 a F7 230 Tabela 130 – Autovalor da função discriminante 230 Tabela 131 – Lambda de Wilks 230 Tabela 132 – Matriz de confusão – 7 fatores 231 Tabela 133 – Estatísticas-teste da regressão logística 232 Tabela 134 – Tabela de Classificação 232 Tabela 135 – Estatísticas-teste da regressão logística 233 Tabela 136 – Tabela de Classificação 233 Tabela 137 – Confronto dos resultados obtidos com a análise discriminante e a regressão logística 234 Tabela 138 – Cruzamento de perfis de inovação radical e contínua 241 Tabela 139 - Teste de igualdade das matrizes de covariância das variáveis 242 Tabela 140 – Autovalores das funções discriminantes 243 Tabela 141 – Lambda de Wilks 243 Tabela 142 – Coeficientes da função de classificação 243 Tabela 143 – Matriz de confusão – Variáveis 243 Tabela 144 – Médias das variáveis selecionadas por quadrante 244 Tabela 145 – Estratégias e quadrantes de perfil das inovadoras 248 Tabela 146 – Confronto das estratégias e da continualidade em inovação 251 Tabela 147 – Confronto das estratégias e da radicalidade em inovação 251 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CAD Computer-Aided Design (ou Desenho Assistido por Computador) CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica cf. Conforme CIA Central Intelligence Agency (ou Agência Central de Inteligência) CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CTA Centro Tecnológico da Aeronáutica C&T Ciência e Tecnologia C,T&I Ciência, Tecnologia e Inovação D.P. Desvio-padrão EBT Empresa de Base Tecnológica ECIB Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira Finep Financiadora de Estudos e Projetos FNDCT Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico gl Graus de liberdade (em estatística) IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas MCT Ministério da Ciência e Tecnologia MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MEC Ministério da Educação MPEs Micro e pequenas empresas NTBF New Technology-Based Firms (ou Novas Empresas de Base Tecnológica) OECD Organisation for Economic Co-operation and Development (ou Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) p.e. Por exemplo PACTI Plano de Ação Ciência, Tecnologia e Inovação PDP Política de Desenvolvimento Produtivo PIA Pesquisa Industrial Anual PIB Produto Interno Bruto Pintec Pesquisa de Inovação Tecnológica PITCE Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior P&D Pesquisa e Desenvolvimento PMEs Pequenas e médias empresas SBA U.S. Small Business Administration (ou Administração de Pequenos Negócios dos Estados Unidos) SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Sig. Significância (em estatística) SPSS Statistical Package for the Social Sciences (software) UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro vs. versus (em comparação com) VSR Variação, Seleção e Retenção (modelo) WIPO World Intellectual Property Organization (ou Organização Mundial de Propriedade Intelectual) SUMÁRIO 1 Introdução .......................................................................................................... 23 1.1 Objetivos ..................................................................................................... 25 1.2 Relevância do Estudo ................................................................................. 27 1.3 Delimitação do Estudo ................................................................................ 30 1.4 Organização do Estudo............................................................................... 31 2 Referencial Teórico ............................................................................................ 33 2.1 Inovação ..................................................................................................... 33 2.1.1 Inovação de Produto x Inovação de Processo ..................................... 35 2.1.2 Inovação Incremental x Radical ........................................................... 36 2.1.3 Inovação Sustentada x Disruptiva........................................................ 40 2.1.4 Inovação Contínua ............................................................................... 41 2.2 Empresas Inovadoras ................................................................................. 42 2.2.1 Categorias de empresas inovadoras ................................................... 43 2.2.2 Empresas de Base Tecnológica (EBT) ................................................ 45 2.2.3 Inovadoras Seriais (“Serial Innovators”)............................................... 47 2.3 Desempenho Inovador ................................................................................ 51 2.3.1 Sucesso empresarial ........................................................................... 52 2.3.2 Por que as empresas inovam? ............................................................ 55 2.3.3 Sucesso na inovação ........................................................................... 56 2.4 O Estudo “Wealth from Knowledge” ............................................................ 58 2.5 O Fator Ambiente ........................................................................................ 61 2.5.1 Reflexões sobre o Atual Ambiente Institucional no Brasil e sua Relação com a Promoção da Inovação............................................................................ 62 2.5.2 A Abordagem Institucionalista.............................................................. 70 2.5.3 A Abordagem Evolucionista e os Sistemas de Inovação ..................... 75 2.5.4 Outras Influências Externas à Empresa na Propensão a Inovar.......... 82 2.5.5 Síntese das Variáveis Relacionadas ao Ambiente............................... 85 2.6 Fatores Internos .......................................................................................... 93 2.6.1 Internalização e Percepção sobre os Fatores Ambientais ................... 94 2.6.2 Visão Baseada em Recursos ............................................................... 95 2.6.3 Perspectiva das Capacitações Dinâmicas ........................................... 96 2.6.4 Modelo de Loewe e Dominiquini .......................................................... 97 2.6.5 Variáveis Relacionadas ao Ambiente Interno ...................................... 97 2.6.6 Quadro-Síntese das Variáveis Internas ............................................. 105 3 Modelo Conceitual e Construção das Hipóteses .............................................. 106 3.1 Hipóteses .................................................................................................. 109 3.1.1 Hipótese Geral 1 – Inovação Radical................................................. 110 3.1.2 Hipótese Geral 2 – Inovadoras Persistentes e Ocasionais ................ 118 3.1.3 Hipótese Geral 3 – Influência do Ambiente ........................................ 123 3.1.4 Hipóteses Gerais 4 e 5 – Análise Conjunta (Inovação Radical e Contínua) ......................................................................................................... 124 4 Metodologia...................................................................................................... 125 4.1 Tipo de Pesquisa ...................................................................................... 125 4.2 Descrição do Estudo ................................................................................. 126 4.3 Unidade de Análise ................................................................................... 126 4.4 Método de coleta de dados ....................................................................... 127 4.4.1 Levantamento (ou survey) ................................................................. 127 4.4.2 Levantamento de dados por webpage ............................................... 129 4.5 Construção dos Questionários .................................................................. 130 Dados ............................................................................................................... 135 5.1 Seleção dos Dados ................................................................................... 135 5.2 O Uso de Prêmios como Fontes de Dados ............................................... 136 5.3 Prêmio Finep de Inovação ........................................................................ 136 5.3.1 Breve Histórico................................................................................... 136 5.3.2 Funcionamento .................................................................................. 139 5.3.3 Critérios de Julgamento – Categorias Produto e Processo................ 140 5.3.4 Estudos Anteriores Utilizando o Prêmio Finep de Inovação .............. 145 5.4 Coleta de Dados ....................................................................................... 145 5.5 Premissas para Tratamento dos Dados .................................................... 148 5.5.1 Porte das empresas ........................................................................... 148 5.5.2 Caracterização da inovação radical ................................................... 150 5.5.3 Caracterização das inovadoras persistentes e ocasionais................. 151 6 Análise e Discussão dos Resultados ............................................................... 153 6.1 Análise Descritiva dos Dados.................................................................... 153 6.1.1 Inovações e número de empresas ..................................................... 153 6.1.2 Distribuição regional .......................................................................... 154 6.1.3 Inovações de produto e de processo ................................................. 155 6.1.4 Idade das empresas .......................................................................... 155 6.1.5 Setor de atividade das empresas ....................................................... 155 6.1.6 Porte das empresas ........................................................................... 156 6.1.7 Uso de instrumentos de Propriedade Intelectual ............................... 157 6.2 Descrição dos Respondentes ................................................................... 158 6.2.1 Quantidade de respostas ................................................................... 158 6.2.2 Distribuição regional .......................................................................... 159 6.2.3 Setor de atividade das empresas ....................................................... 160 6.2.4 Porte das empresas ........................................................................... 160 6.2.5 Infraestrutura para P&D ..................................................................... 161 6.2.6 Percentual de Faturamento advindo de Produtos Novos ................... 161 6.2.7 Classificação das Estratégias ............................................................ 162 6.2.8 Inovação Radical ............................................................................... 162 6.2.9 Inovação Contínua ............................................................................. 163 6.3 Teste da Hipótese HG1 – Inovação Radical ............................................. 164 6.3.1 Análise descritiva ............................................................................... 164 6.3.2 Teste da normalidade das variáveis .................................................. 169 6.3.3 Análise de variância ........................................................................... 171 6.3.4 Análise discriminante ......................................................................... 190 6.3.5 Análise Fatorial .................................................................................. 195 6.3.6 Síntese do teste da hipótese geral HG1 ............................................ 204 6.4 Teste da Hipótese HG2 – Inovação Contínua........................................... 207 6.4.1 Análise descritiva ............................................................................... 208 6.4.2 Análise de variância ........................................................................... 211 6.4.3 Análise discriminante ......................................................................... 226 6.4.4 Síntese do teste da hipótese geral HG2 ............................................ 234 6.5 Teste da Hipótese HG3 – Influência do Ambiente .................................... 237 6.6 Teste das Hipóteses HG4 e HG5 – Análise conjunta das inovadoras contínuas com inovações radicais ....................................................................... 240 6.6.1 Teste da hipótese geral HG4 ............................................................. 240 6.6.2 Teste da hipótese geral HG5 ............................................................. 247 5 6.7 Discussão dos Resultados ........................................................................ 252 Conclusão e Recomendações ......................................................................... 258 7.1 Sumário do Estudo.................................................................................... 258 7.2 Conclusão do Estudo ................................................................................ 259 7.2.1 Implicações Teóricas ......................................................................... 260 7.2.2 Implicações Práticas .......................................................................... 264 7.3 Limitações do Estudo ................................................................................ 265 7.4 Recomendações para Pesquisas Futuras ................................................ 266 Referências Bibliográficas ....................................................................................... 267 Apêndices ................................................................................................................ 280 7 23 1 INTRODUÇÃO Empresas podem nascer a partir de uma inovação. A inovação é muitas vezes parte de uma oportunidade que o empreendedor enxerga. Prover uma solução diferente o torna inovador. No entanto, com o sucesso de uma inovação no mercado, a empresa normalmente cresce e passa a tirar seu sustento da comercialização dessa inovação. Conhecido na literatura como Curva S, conceito estudado por pesquisadores como Rogers (2003), ajuda a entender o processo de assimilação de uma inovação pelo mercado. Uma inovação lançada é inicialmente adotada por alguns usuários. Se bem sucedida, com o passar do tempo, outras pessoas se interessam pela inovação. O resultado na empresa é um crescimento expressivo nas vendas, normalmente acompanhado de investimentos para seu atendimento. Dessa forma, a empresa tende a se focar na exploração dessa inovação, abrindo mão de outras oportunidades. Ao obter sucesso, elas tendem a se acomodar, mantendo o produto inovador em seu portfólio. Os demais produtos da empresa, quando lançados, geralmente remetem ao produto inicial. São produtos complementares ou alinhados com o novo negócio formado. Porém, algumas empresas não são assim. Há empresas que não se satisfazem e passam a buscar frequentemente reconstruir sua competitividade através da inovação, lançando inovações continuamente. Há uma série de denominações presentes na literatura para empresas que inovam constantemente. Alguns autores (CHI RESEARCH, 2003) as classificam como dotadas de uma capacidade de continuamente extrair riqueza de novidades; são empresas especializadas em inovar. Nascidas sob condições diferentes das de outras empresas, pois normalmente estão mais próximas de universidades ou de centros industriais, conforme supõe Libaers 24 (2008), o ambiente parece interferir de forma determinante na propensão de uma empresa se tornar uma delas. As empresas tendem a imitar umas às outras (DIMAGGIO; POWELL, 1983) ou a agir de forma semelhante por força do ambiente (LEWIN et al., 2004). Conforme seu contexto e, de certa forma, como resultado dele, a empresa tende a se tornar mais ou menos inovadora. Os fatores externos determinam algumas características das empresas e costumam ser os focos de ação das Políticas Públicas de apoio à inovação. Quando um governo coloca a inovação como prioridade de sua agenda, suas medidas têm ação direta sobre o ambiente e, consequentemente, sobre as empresas nesse ambiente. Impostos reduzidos, financiamento público e incentivo à pesquisa nas universidades são exemplos de como o governo age sobre o ambiente buscando fomentar a inovação. No entanto, a ação sobre o ambiente não garante uma resposta imediata das empresas. Os empresários precisam perceber as medidas e enxergar alguma vantagem nas escolhas. Esse livre arbítrio presente nas empresas cria individualidades, mesmo sob condições externas iguais. Assim, as empresas podem, independentemente de fatores externos, adotar uma postura mais ativa em relação à inovação. Inovar sistematicamente pode ser motivado tanto por fatores externos quanto internos à empresa. Empresas que inovam de forma sistemática, em função da abrangência do conceito de inovação presente nas principais referências sobre o assunto (p.e. OECD, 2005), compreendem tanto empresas que desenvolvem continuamente soluções de ruptura em relação a seu próprio negócio principal quanto empresas que lancem novos produtos com diferenças incrementais, às vezes com tecnologia adquirida de terceiros. Há uma evidente necessidade de discernir o que compreende cada um dos grupos. Estabelecer atividades de inovação em caráter contínuo pode ser entendido como um lançamento contínuo de novos produtos no mercado ou como um processo contínuo de pesquisa e desenvolvimento voltado para a inovação. 25 O caráter contínuo das atividades de inovação pode ser influenciado por diversos fatores, tanto internos quanto externos à empresa. Preocupamo-nos, portanto, em entender quais fatores agem sobre as empresas que inovam de forma sistemática. Por outro lado, o lançamento contínuo de inovações normalmente está relacionado à inovação incremental. A inovação contínua aparece como relacionada às inovações incrementais que sucedem a introdução de uma inovação radical (FREEMAN et al., 1982; SCHUMPETER, 1961). Partindo-se desse conceito, a inovação contínua e a inovação radical parecem não poder coexistir no tempo. A inovação contínua necessariamente decorreria de um momento de ruptura no mercado provocado pela inovação radical. Olhando apenas a empresa inovadora, ela tem diante de si a necessidade de decidir entre investir em uma outra novidade, assumindo os riscos e os impactos inerentes a uma inovação radical, e investir na sedimentação e difusão da novidade já lançada, através de processos de aperfeiçoamento contínuo, normalmente incorporando melhorias incrementais. O presente estudo trata dessa aparente dicotomia entre a inovação contínua e a inovação radical. A partir da identificação de casos que conjugam as duas características, propõe-se entender que fatores motivam as empresas a se comportar assim. 1.1 OBJETIVOS O presente estudo tem como objetivo geral investigar variáveis externas e internas às empresas, de forma a entender que fatores são mais importantes para o desenvolvimento de um perfil empresarial voltado à inovação tecnológica e quais estão presentes de forma mais contundente nas empresas que inovam continuamente e nas que lançam inovações radicais. 26 Enquanto, de um lado, está presente a influência do ambiente institucional, principal foco de atuação das políticas públicas de incentivo à inovação, influenciando as estratégias das empresas, os fatores internos agem criando resultados distintos. É objetivo, portanto, entender que forças atuam de forma mais expressiva sobre as empresas. É também objetivo caracterizar dois grupos de empresas inovadoras identificados no referencial teórico desta pesquisa, um cuja definição se relaciona diretamente com um perfil inovador contínuo e outro cuja definição se relaciona com a radicalidade das inovações lançadas. As empresas inovadoras radicais, como veremos, possuem características que as distinguem das demais empresas, principalmente em razão das funcionalidades radicais presentes nas inovações desenvolvidas. Já as empresas inovadoras contínuas se diferenciam justamente pela frequência de seus lançamentos. Assim, as perguntas da pesquisa são: • Que fatores são importantes para a atuação inovadora das empresas? Quais são mais relevantes na atuação de empresas que inovam de forma contínua? Quais são mais relevantes na atuação de empresas que lançam inovações radicais? • É possível predizer a possibilidade de uma empresa inovar de forma radical? • É possível predizer a possibilidade de uma empresa inovar de forma contínua? • Ser uma empresa inovadora contínua implica em não ser radical e viceversa? • É possível incentivar as empresas a inovarem de forma contínua e radical? A intenção deste estudo, portanto, é contribuir para o entendimento dos mecanismos de formação e estímulo às empresas inovadoras. 27 1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO A contribuição teórica do presente estudo centra-se na exploração do grupo de empresas inovadoras. As empresas inovadoras não compõem um grupo homogêneo. Há nuances e questões relacionadas à importância que a empresa dá para a inovação. Uma empresa pode perseguir repetidamente o lançamento contínuo de inovações, enquanto que outra pode perseguir o lançamento de inovações que representem o estado-da-arte de alguma tecnologia. A quantidade e a qualidade são duas questões que lastream discussões a respeito do apoio público à inovação. Poucos são os trabalhos a partir do conceito de inovação contínua no Brasil. Normalmente, ao invés de focarem a inovação contínua, os trabalhos realizados tomam como base o investimento contínuo (ou ocasional) em P&D no Brasil, como por exemplo o trabalho de Arruda et al. (2006), a partir dos dados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conhecer tais empresas pode ajudar na sua promoção, com possíveis consequências importantes na aceleração da inovação no País. Partindo-se do pressuposto que inovar com mais frequência pode resultar em mais inovações, fica claro que ao promover empresas que inovam continuamente, espera-se um impacto direto em indicadores que meçam, por exemplo, a quantidade de inovações lançadas ou mesmo a participação de novos produtos no faturamento. No entanto, quantidade de inovações, por si só, não garante um adequado reflexo na competitividade do país. É preciso que essas inovações vislumbrem um salto relevante em relação ao habitualmente feito pela empresa. Inovações que guardem características radicais serão qualitativamente superiores a inovações meramente incrementais. Assim, inovações radicais, embora mais arriscadas, podem ter mais condições de posicionar empresas brasileiras para a competição em nível global. 28 A inovação está cada vez mais presente no discurso dos governantes e no conteúdo das políticas públicas. Persegue-se um aumento da inovação nas empresas brasileiras, pois isso é visto como um motor do desenvolvimento. Mais inovação significa uma melhoria na economia, com reflexos importantes na sociedade. Dessa forma, empresas que inovam mais e de forma mais radical são casos a serem observados. Promover um ambiente que incentive estas empresas é um desafio importante. A influência do ambiente na inovação tem sido o foco de variadas pesquisas. As mais diretamente relacionadas ao tema são os estudos sobre os Sistemas Nacionais de Inovação (p.e. Lundvall (1992), Nelson (1993), Patel e Pavitt (1994), Freeman (1995) e Edquist (1997)). Há certo consenso de que os sistemas promovem a inovação. No entanto, não foram encontrados estudos empíricos na economia brasileira sobre o quanto a inovação é influenciada por componentes do ambiente e se, de fato, eles são suficientes para incentivar a inovação nas empresas. Por parte das empresas, elas cada vez mais incluem o tema inovação em seu planejamento e em suas estratégias. Ao estudarmos as variáveis presentes no ambiente e as variáveis internas à empresa, pretendemos entender o que influencia uma empresa a ser mais ou menos inovadora. Schumpeter (1961) argumenta que o desenvolvimento econômico é resultado da introdução de inovações que alteram os paradigmas vigentes, trazendo um período de crescimento para as nações. No entanto, é fácil notar que, a despeito das características positivas da inovação para o desenvolvimento econômico, ela não se encontra distribuída pelo território dos países, mas sim concentrada espacialmente e em um pequeno número de empresas. Um estudo do IBGE (2007) estima em pouco mais de 30 mil as empresas inovadoras no Brasil, sendo que apenas 6,2 mil realizam atividades internas de P&D. Enquanto isso, quase 80% das inovações são oriundas de apenas seis Estados brasileiros (MG, RJ, SP, PR, SC e RS), sendo que 35% vem apenas do Estado de São Paulo. 29 Os benefícios da inovação para as empresas são demonstrados há vários anos, através de exemplos de empresas nascidas a partir de inovações ou de transformações sofridas por uma empresa a partir das inovações que tem contato. Da mesma forma, pode-se afirmar, com base no uso de diversas políticas de promoção em vários países (OECD, 2010), que os governos têm consciência de que as inovações são importantes e devem ser incentivadas. Se o ambiente é supostamente propício e as empresas desejam inovar, por que isso não ocorre de forma disseminada? Como veremos adiante, mesmo havendo uma ampliação consistente de recursos e de políticas voltadas à promoção da inovação nos últimos anos no Brasil, com a criação dos Fundos Setoriais para o financiamento da inovação, de incentivos fiscais e o lançamento de planos plurianuais dedicados ao tema, a quantidade de empresas inovadoras não cresce de maneira uniforme, às vezes se aproximando fortemente do ritmo de crescimento do universo das empresas industriais no Brasil. A Tabela 1 ilustra esse ponto a partir de dados do IBGE. Tabela 1 – Comparativo entre a quantidade de empresas inovadoras no Brasil Pintec 2000 Pintec 2003 Pintec 2005* Pintec 2008* Período 1998-2000 2001-2003 2003-2005 2006-2008 Quantidade de empresas que 22.698 28.036 30.378 38.299 +23,5% +8,4% +26,1% implementaram inovações de produto e/ou processo no período da pesquisa Universo de empresas (indústrias 72.005 84.262 91.055 100.496 +17,0% +8,1% +10,4% extrativas e de transformação) Proporção de empresas inovadoras 31,5% 33,3% 33,4% 38,1% Crescimento do PIB, em R$ de 2009, 4,6% 3,8% 9,1% 11,6% no período Fontes: BCB (2010) e IBGE (2002; 2005; 2007; 2010). Elaboração própria. Obs: * Excluídas as empresas de serviços, por não fazerem parte das Pintec 2000 e 2003. Observa-se que, embora o esforço do governo e das empresas tenha se mantido ao longo dos últimos anos (vide Tabela 2), há períodos em que a quantidade de empresas inovadoras cresce aproximadamente na mesma proporção do universo, caracterizando-se apenas como uma manutenção do quadro. O investimento em P&D também é bem inferior ao de países da OCDE. 30 Tabela 2 – Gastos em P&D como proporção do PIB no Brasil e em países da OCDE Ano 2000 2001 2002 2003 2004 Brasil (%) 1,01 1,04 0,98 0,95 0 ,89 Países da n.d. n.d. n.d 2,21 2,18 OCDE (%) Fontes: RICYT (2011) e OECD (2010). Elaboração própria. 2005 0,97 2,21 2006 0,99 2,24 2007 1,07 2,28 2008 1,09 2,34 Perseguimos, portanto, identificar que fatores (ou conjunto de fatores) são mais relevantes no Brasil para as empresas inovadoras. Identificar tais fatores pode ajudar na formulação de políticas públicas mais completas e, consequentemente, mais eficazes no estímulo à inovação no Brasil. 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO O presente estudo é afeto à disciplina de Gestão da Inovação e conjuga algumas vertentes teóricas, sendo as mais relevantes o institucionalismo, que entende o ato de inovar como resultado de uma motivação gerada pelo ambiente em que a empresa se insere, e a visão baseada em recursos, que entende as empresas como repositórios de recursos, embora percorramos outras teorias, como veremos adiante. De forma simplificada, o institucionalismo regeria a influência do ambiente sobre as empresas, enquanto que a visão baseada em recursos diria respeito à disponibilidade e ao uso de recursos – entendidos aqui em aspecto mais amplo – internos às empresas. Enquanto as variáveis externas tenderiam a tornar as empresas homogêneas, as variáveis internas seriam responsáveis por criar uma heterogeneidade entre elas. O conjunto de respondentes é formado por empresas brasileiras, como veremos mais adiante. Assim, não se pode garantir que os resultados aqui apresentados representem perfeitamente a realidade de outros países. 31 1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO Neste primeiro capítulo foram apresentados os objetivos do presente estudo, assim como sua justificativa e sua delimitação. No Capítulo 2 – Referencial Teórico, são apresentados os principais conceitos e teorias relacionadas à caracterização de empresas inovadoras. Dessa forma, nos preocupamos em definir inovação no âmbito do presente estudo, assim como seus diversos tipos. O capítulo também discute fatores importantes na caracterização de empresas inovadoras, além de relacionar, a partir de diversos estudos, variáveis ligadas à inovação. No Capítulo 3 – Modelo Conceitual e Construção das Hipóteses, justificamos a construção de cada uma das hipóteses estruturadas para responder às perguntas da pesquisa. No Capítulo 4 – Metodologia, há uma classificação da pesquisa, conforme seus fins e meios e uma descrição do formato da pesquisa. Também é detalhada a construção dos questionários para coleta de dados. No Capítulo 5 – Dados, há uma descrição da fonte de dados utilizada para a pesquisa, bem como de trabalhos anteriores utilizando esta fonte e de trabalhos similares para fins de comparação. Descreve-se também o processo de coleta e tratamento dos dados. O Capítulo 6 – Análise e Resultados objetiva testar as hipóteses aventadas no Capítulo 3. O capítulo traz uma análise descritiva dos respondentes e os testes estatísticos utilizados. O Capítulo 7 traz a discussão sobre os resultados e as conclusões, incluindo sugestões para estudos futuros. 32 Ao final, listamos as referências bibliográficas utilizadas e os Apêndices, que trazem, basicamente, informações complementares sobre o processo de coleta de dados e sobre os testes estatísticos realizados, além de uma lista das empresas respondentes. 33 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 INOVAÇÃO Garcia e Calantone (2002) fazem uma análise crítica sobre a quantidade de definições que cercam o termo ‘inovação’. A partir de uma boa amostra da literatura sobre o tema, relatam várias definições. No entanto, sua opção paira sobre a utilizada pela Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD). A OECD, em seu Manual de Oslo (OECD, 2005), define a inovação tecnológica de produto e processo, abreviado por ‘Inovação TPP’ (Technological Product and Process Innovation), como um termo que compreende produtos e processos tecnologicamente novos lançados no mercado ou utilizados no processo de produção e as melhorias tecnologicamente significativas em produtos e processos. As inovações TPP envolvem uma série de atividades científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais. O escopo da definição é a empresa, ou seja, a inovação não precisa ser algo tecnologicamente novo para o mundo, nem para o país. A definição, portanto, abrange dois importantes aspectos, como citam Garcia e Calantone (2002, p.112): “O processo ‘inovação’ compreende o desenvolvimento tecnológico de uma invenção combinada com a sua introdução no mercado a usuários finais através de adoção e difusão; e o processo de inovação é iterativo por natureza e assim automaticamente inclui a primeira introdução de uma inovação e a reintrodução de uma inovação melhorada”. Sáenz e Capote (2002, p.69-70) apresentam duas definições para inovação tecnológica. Uma delas “a primeira utilização – incluindo a comercialização nos casos em que se aplica – de produtos, processos, sistemas ou serviços, novos ou melhorados”. Ou ainda, “o processo pelo qual as empresas dominam e implementam o desenho e a produção de bens e serviços que são novos para elas, 34 independentemente de serem novos para seus competidores, nacionais ou estrangeiros”. São definições que carregam certa diferença, como as distinções citadas por Garcia e Calantone (2002). Enquanto a primeira trata do ato de inovar, pontualmente, a segunda se centra no processo, chamando a atenção para o problema do local da inovação. Há ainda outros autores que provêm uma definição mais geral, como Freeman e Soete (1997), que consideram a inovação como o casamento entre uma nova tecnologia e o mercado, e Tidd et al. (2001, p.6), que a definem como “mudança” – “mudança nas coisas (produtos/serviços) que uma organização oferece e mudanças nas formas pelas quais eles são criados e distribuídos”. A inovação pode, no entanto, não ser tecnologicamente nova. Ela pode utilizar conceitos e tecnologias já bastante maduros. Isso ocorre porque no desenvolvimento de uma nova tecnologia, normalmente não há como identificar todas as suas oportunidades de mercado. É comum se utilizar uma tecnologia já amplamente dominada para lançar um produto diferenciado, para atender a um nicho ainda não atendido pela empresa. Como Rocha (1996, p.45-46) observa, “o conceito de inovação é econômico, pois se refere à apropriação comercial de invenções ou à introdução de aperfeiçoamentos nos bens e serviços utilizados pela sociedade”. A inovação se relaciona com o mercado e com a oferta e a demanda de bens e serviços, ou seja, com questões não apenas de ordem técnico-científica. Este ponto, segundo o mesmo autor (ROCHA, 1996, p.45), ainda ajuda a diferenciar a ‘inovação’ da ‘invenção’ (ou descoberta). A invenção não embute qualquer significado econômico, sendo somente a produção de algo inédito pelo homem. Em outras palavras, uma invenção só se torna inovação quando ela é colocada no mercado e acaba sendo adotada por outras pessoas. 35 No caso do presente estudo, a definição de inovação será a descrita no Manual de Oslo (OECD, 2005). 2.1.1 Inovação de Produto x Inovação de Processo A distinção entre inovação de produto e processo pode não ser tão simples de identificar quanto pode parecer. Uma inovação de produto para um fabricante, por exemplo, pode se transformar em uma inovação de processo para um cliente dessa indústria. Como citam Abernathy e Utterback (1988, p.27), “o que é uma inovação de produto de uma pequena unidade baseada em tecnologia é frequentemente o equipamento de processo adotado por uma grande unidade para melhorar a produção de alto volume de um produto padronizado”. Pavitt (1984, p.345), por exemplo, em um de seus artigos clássicos, define inovações de processo como aquelas “que são utilizadas nos mesmos setores em que foram produzidas”, enquanto que as inovações de produto são definidas como “aquelas que são utilizadas em setores diferentes”. Embora seja prática para utilização em grandes conjuntos de dados, optou-se por não utilizar a definição de Pavitt (1984), mas a do Manual de Oslo, que embora menos operacional, é a definição utilizada pelo próprio Prêmio Finep de Inovação, fonte de dados do presente estudo, para a constituição das categorias produto e processo, além de ser a mais próxima da que entendemos constituir suas reais diferenças. Segundo o Manual de Oslo (OECD, 2005, p.57) , “uma inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais.” Por outro lado, 36 “uma inovação de processo é a implementação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares. As inovações de processo podem visar reduzir custos de produção ou de distribuição, melhorar a qualidade, ou ainda produzir ou distribuir produtos novos ou significativamente melhorados” (OECD, 2005, p.58-59). 2.1.2 Inovação Incremental x Radical A dicotomia inovação incremental versus radical está presente em vários trabalhos. Freeman et al. (1982) e Schumpeter (1961) apresentam a inovação radical como uma descontinuidade nos ciclos econômicos. Teoricamente, a introdução de uma inovação radical provocaria um desequilíbrio no mercado. Definido o novo paradigma, suceder-se-iam inovações incrementais. Para Tironi e Cruz (2008), o que diferencia uma inovação incremental de uma radical é seu grau de novidade. Quanto mais inédita, mais provável que uma inovação seja radical. Uma inovação, portanto, posicionar-se-ia em uma escala contínua entre os dois construtos. O grau de novidade também é a escala utilizada por Tidd et al. (2001). Convém, no entanto, citar dois trabalhos alinhados com o esforço de melhorar o entendimento da diferença entre a inovação radical e a incremental. Henderson e Clark (1990) propuseram um modelo de caracterização dos tipos de inovação que a classifica em quatro formatos: radical, se os conceitos centrais e suas ligações subvertem os vigentes; arquitetural, se há um reforço de conceitos centrais com alteração apenas das ligações entre eles; incremental, se há reforço dos conceitos centrais sem alteração nas ligações; e modular, se há substituição dos conceitos centrais sem alteração nas ligações entre eles. A figura 1 descreve o modelo proposto pelos autores. 37 Ligações entre os Conceitos centrais e os componentes Conceitos Centrais Reforçados Subvertidos Não modificado Inovação incremental Inovação modular Modificado Inovação arquitetural Inovação radical Figura 1 – Modelo proposto por Henderson e Clark (1990) Afuah e Bahram (1995) ampliaram o modelo proposto por Henderson e Clark (1990) propondo um modelo, intitulado Hipercubo da Inovação, que considerasse também o impacto da inovação em cada elo da cadeia de valor. O principal argumento de seu trabalho é que uma determinada inovação pode ser “arquitetural no nível do fabricante, pode se tornar radical para os consumidores, incremental para os fornecedores de componentes e equipamentos e outra coisa para fornecedores de inovações complementares críticas” (AFUAH; BAHRAM, 1995, p.51). Figura 2 – Modelo proposto por Afuah e Bahram (1995) Cabe ainda mencionar o trabalho de Garcia e Calantone (2002), que apresentam uma rica revisão sobre a diversidade de termos ligados aos tipos de inovação presente na literatura da área. A proposta dos autores é unificar a terminologia em 38 três tipos básicos de inovação: radical, realmente nova e incremental. A distinção entre cada um dos rótulos se dá segundo três fatores: o impacto tecnológico da inovação, seu impacto no mercado e a dimensão destes impactos, se no nível macro ou micro. “Inovações radicais são inovações que causam descontinuidades tecnológicas e de mercado tanto no nível macro quanto no micro. Inovações incrementais ocorrem somente no nível micro e causam uma descontinuidade tecnológica ou de mercado, mas não ambas. Inovações realmente novas cobrem as combinações entre esses dois extremos.” (GARCIA; CALANTONE, 2002, p.120) O nível macro a que os autores se referem diz respeito a medir se a inovação é nova em nível mundial, para o mercado ou para o setor, enquanto que o nível micro diz respeito a uma inovação inédita para a empresa ou para o consumidor. Já a citada descontinuidade de mercado se refere à criação de um novo mercado, nos moldes do conceito utilizado por Kim e Mauborgne (2005), por eles intitulado de Oceano Azul, enquanto que a descontinuidade tecnológica se refere à necessidade de “uma mudança de paradigma no estado da ciência ou da tecnologia embarcada no produto, novos recursos de P&D e/ou novos processos de produção para a empresa” (GARCIA; CALANTONE, 2002, p.119). Cabe citar os parâmetros sugeridos por Abernathy e Clark (1988) para mensuração do impacto da inovação (Quadro 1). Os autores sugerem medir o impacto segundo duas dimensões: uma mais técnica (“tecnologia/produção”) e uma mais comercial (“mercado/consumidor”). Essas duas dimensões também aparecem na definição utilizada por Rice et al. (2001, p.409), para quem “a inovação radical envolve a aplicação de tecnologias ou combinações de tecnologias significativamente novas a novas oportunidades de mercado”. 39 Quadro 1 – Mensuração do impacto da inovação Domínio da Atividade Inovadora I. Tecnologia/Produção Design/incorporação de tecnologia Sistemas de produção/organização Grau de Impacto da Inovação Melhora/aperfeiçoa o design estabelecido Fortalece a estrutura existente Habilidades (força de trabalho, gerencial, técnico) Materiais/relações com fornecedores Estende a viabilidade habilidades existentes ↔ ↔ das ↔ Reforça as aplicações dos materiais/fornecedores atuais ↔ Bens de capital Amplia os bens existentes ↔ Base de conhecimento e experiência Constrói e reforça aplicabilidade conhecimento existente II. Mercado/Consumidor Relacionamento com a base de clientes Aplicações aos clientes Canais de distribuição e serviço Conhecimento cliente do a do Fortalece os laços com clientes estabelecidos Melhora o serviço em aplicações estabelecidas Constrói e melhora a eficácia da rede de distribuição/organização de serviços estabelecida Usa e amplia o conhecimento e a experiência do cliente em produtos estabelecidos Reforça os modos/métodos de comunicação existentes Modos de comunicação com o cliente Fonte: Abernathy e Clark (1988, p.58) ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ ↔ Oferece um novo design/rompe radicalmente com o design anterior Faz a estrutura existente obsoleta, demandando novos sistemas, procedimento e organização. Destrói o valor da expertise existente Substituição de materiais extensiva/abre novas relações com novos vendedores Extensiva substituição dos bens de capital existentes por novos tipos de equipamentos Estabelece ligações para novas disciplinas científicas/destrói o valor da base de conhecimento existente Atrai vários novos grupos de clientes/cria um novo Cria um novo conjunto de aplicações/novo conjunto de necessidades do consumidor Requer novos canais de distribuição/novo serviço, após o apoio do marketing Intensiva demanda de novo conhecimento de clientes; destrói o valor da experiência do cliente. Modos de comunicação requeridos totalmente novos Como vimos, diversos são os fatores relacionados à inovação radical mencionados nas pesquisas, como a descontinuidade tecnológica (FREEMAN et al., 1982; SCHUMPETER, 1961), o grau de novidade (TIRONI; CRUZ, 2008; TIDD et al., 2001) e a subversão de conceitos centrais (HENDERSON; CLARK, 1990). Nesta direção, Rice et al. (2001), McDermott e O’Connor (2002) utilizam um esquema bastante objetivo para identificação das inovações radicais. Para eles, o atendimento a uma das três condições a seguir é suficiente para a classificação: • A solução técnica leva a uma redução de 30% ou mais no custo da plataforma atual do produto; ou 40 • A solução técnica oferece oportunidades de abrir uma linha de negócios completamente nova tanto para a empresa quanto para o mercado; ou • A solução técnica leva a uma melhoria de 5 a 10 vezes em características conhecidas de performance do produto. O esquema utilizado por Rice et al. (2001), McDermott e O’Connor (2002) servirá de base para a classificação das inovações presentes na base de dados da pesquisa. 2.1.3 Inovação Sustentada x Disruptiva Ainda a respeito da radicalidade, Christensen (2000) propõe uma classificação diferente para as inovações. Para ele, há inovações baseadas em tecnologias sustentadas e disruptivas. A tecnologia sustentada é a que busca melhorar a performance dos produtos. Ela pode ser radical ou incremental, mas está voltada à melhoria de produtos já estabelecidos no mercado. Já a tecnologia disruptiva possui uma proposta de valor diferente para o mercado. Ela transforma o mercado de forma semelhante à descrita por Schumpeter (1939), na chamada “destruição criativa”. Geralmente elas possuem uma performance pior que a dos produtos estabelecidos nos mercados principais, mas possuem características diferentes que alguns clientes valorizam. Tais tecnologias expandiriam os nichos iniciais do negócio, transformando tais nichos no mercado principal. Utterback e Acee (2005) discutem a definição proposta por Christensen (2000) de tecnologia disruptiva. Definida sobre seu custo e performance tradicional inferiores, porém com performance auxiliar melhor, os autores citam vários casos que não se encaixariam na definição. Eles apresentam um quadro com exemplos considerando as três variáveis: custo, performance tradicional e performance auxiliar. A partir da matriz 2x2x2 criada da combinação das variáveis conforme sua classificação em inferior ou superior à tecnologia dominante, eles citam exemplos que mostram um 41 problema na definição. Para eles, há que se considerar que uma inovação disruptiva pode surgir também de uma mudança descontínua no mercado, que abre espaço para inovações, não necessariamente mais baratas, de performance tradicional inferior e de performance auxiliar superior. À parte as críticas sobre o conceito de inovação disruptiva, as tipologias propostas por Christensen (2000) complementam o arcabouço teórico sobre a inovação radical, lançando foco sobre a tecnologia incorporada na inovação. 2.1.4 Inovação Contínua Carpinetti et al. (2007) trabalham uma definição de inovação contínua como sinônimo de incremental. Presume-se que esta definição tenha aparecido em contraposição à inovação descontínua, utilizada como sinônimo de inovação radical. A única diferença, para eles, é que a inovação contínua incorpora necessariamente a variável ‘tempo’. Ela envolve a constante melhoria dos produtos ou processos de uma empresa e não uma melhoria pontual, como pode ser entendida a inovação incremental. Boa parte das definições presentes na literatura trata a inovação contínua como uma evolução da melhoria contínua (CI – Continuous Improvement). Esta, por sua vez, é definida como “o processo planejado, organizado e sistemático de mudança incremental das práticas existentes em toda a empresa, com o objetivo de melhorar sua performance” (RIJNDERS; BOER, 2004, p.283). Em outras palavras, para estes autores, a inovação contínua é um processo organizacional. Em uma linha parecida, Boer et al. (2006) definem a inovação contínua como uma capacidade da empresa em gerenciar a inovação de forma contínua. Tal capacidade compreenderia tanto processos de melhoria incremental, visando a explorar ao máximo a inovação já lançada, quanto de mudança radical. A gestão dessa aparente dualidade levaria as empresas a combinar a eficácia operacional com a flexibilidade estratégica. 42 Há nitidamente uma grande distância entre o conceito utilizado pelos autores acima citados (RIJNDERS; BOER, 2004; BOER et al., 2006) e a de Carpinetti et al. (2007). Siguaw et al. (2006) também entendem a inovação contínua não como uma capacidade, mas como o resultado de uma orientação da empresa para a inovação. Dessa forma, inovadoras contínuas seriam empresas que continuamente inovam, ou ainda, que inovam persistentemente. Geroski et al. (1997) propuseram investigar “quão persistentemente as empresas inovam”. Seu estudo foi realizado com empresas britânicas e avaliados dois quesitos como medida de persistência: as patentes e a produção de inovações relevantes durante um período. Wziatek-Kubiak e Peczkowski (2010), ao estudar o caso das indústrias polonesas, classificam as empresas em inovadoras persistentes e ocasionais. Sua divisão é uma simplificação da apresentada por Lehtoranta (2005), que inclui, além das duas, a categoria inovadoras intensivas. No entanto, a forma de classificação não divergia entre os autores, sendo consideradas inovadoras ocasionais as que possuíam uma inovação e as demais categorias, as que possuíam mais de uma. Veremos adiante que a classificação de Wziatek-Kubiak e Peczkowski (2010) será bastante útil para o presente estudo. Em função disso, em alguns momentos, utilizaremos o termo “inovadora contínua” como sinônimo de “inovadora persistente”. As não contínuas serão chamadas de “inovadoras ocasionais”. 2.2 EMPRESAS INOVADORAS O objetivo deste capítulo é revisar as tipologias de empresas inovadoras presentes na bibliografia a fim de identificar quais trabalham a inovação radical e a inovação contínua. Portanto, espera-se identificar estudos anteriores que discriminem as empresas inovadoras e colaborem para a formação do quadro conceitual do presente estudo. 43 A definição de empresa inovadora pode ser tão simples quanto: “a empresa que implementou ao menos uma inovação” (OECD, 2005, p.70). Esta ampla definição, no entanto, pode restringir as possibilidades de pesquisa do tema. Tendo em vista que um elemento comum às empresas nascentes é ter um diferencial e dada a definição de inovação apresentada anteriormente, uma empresa nova, criada para explorar um negócio novo, necessariamente é inovadora, segundo tais definições. No próprio Manual de Oslo se observa um recorte que possibilita outras abordagens. Este conceitua empresa ativamente inovadora, como “aquela que realizou atividades de inovação durante o período de análise, incluindo as atividades em processo e abandonadas” (OECD, 2005, p.71). Trata-se, portanto, de uma segmentação, na tentativa de distinguir eventuais empresas que nasceram a partir de uma inovação e basicamente sobre ela sustentaram seu crescimento, de empresas que inovam de forma mais sistemática. Embora a definição apresentada seja útil e aplicável ao presente trabalho, veremos adiante que nos interessa aqui segmentar o grupo das empresas inovadoras. Assim sendo, detalhamos a seguir algumas classificações de empresas inovadoras. 2.2.1 Categorias de empresas inovadoras Segundo Tidd et al. (2001), as empresas pequenas tendem a ser mais especializadas que as maiores. Empresas maiores podem ser mais diversificadas, tanto em relação à quantidade de produtos quanto em relação às suas competências tecnológicas. Eles utilizam quatro categorias de classificação das pequenas empresas inovadoras. São elas: as superstars, as novas empresas de base tecnológica (pela sigla em inglês, NTBFs, new technology-based firms), os fornecedores especializados e as dominadas pelo fornecedor. 44 As superstars são empresas que crescem rapidamente em decorrência da exploração de uma grande invenção ou trajetória tecnológica. Seu principal desafio, quanto à estratégia de inovação, é preparar a substituição da invenção original. Embora não utilize esta terminologia, as superstars são descritas por Dosi (1982). O autor advoga uma maior influência do ambiente na formação das empresas, relacionando o rápido crescimento de empresas pequenas com um novo paradigma tecnológico. As NTBFs normalmente se concentram em setores de aplicação mais horizontal, como a de eletrônica, a da biotecnologia e o de software. São empresas especializadas em fornecer soluções tecnológicas a grandes empresas. Seus desafios abrangem, segundo os autores, um trade-off entre se tornar uma superstar, ou seja, crescer rapidamente, ou se tornar uma fornecedora especializada. Tornar-se uma superstar é um grande desafio, pois uma das características dessas empresas é fornecer produtos especializados a um nicho, o que dificulta sua comercialização em outros mercados. Sua escolha estratégica neste caso aponta para o aumento da receita e da independência via crescimento. Manter-se uma fornecedora especializada envolve uma escolha estratégica de maximizar o valor do negócio no longo prazo, basicamente pela acumulação de conhecimento na empresa. Tidd et al. (2001) ainda caracterizam dois outros grupos de empresas: as fornecedoras especializadas e as dominadas pelo fornecedor. As fornecedoras especializadas são geralmente pequenas empresas que fornecem soluções de alta performance, normalmente na forma de maquinário, componentes, instrumentos e software. Trabalham de forma muito próxima a seus clientes, atendendo suas necessidades e, ao mesmo tempo, acumulando conhecimento a partir das experiências dos clientes. Tidd et al. (2001, p.132) afirmam que tais empresas possuem pouco P&D formal, embora ainda assim “sejam uma fonte importante de desenvolvimento ativo de inovações significativas”. 45 Por fim, as empresas dominadas pelo fornecedor têm nos fornecedores a principal fonte de recursos especializados e de tecnologia. São incapazes de desenvolver tecnologia própria, portanto não competindo com base nessa competência. Em outras palavras, são usuários de tecnologia e não desenvolvedores, embora, por várias vezes, incorporem a tecnologia a seus produtos e processos. É interessante notar que a terminologia de Tidd et al. (2001) se assemelha à proposta por Pavitt (1984) no tocante aos dois últimos grupos citados: os fornecedores especializados e as empresas dominadas pelo fornecedor. A taxonomia de Pavitt (1984) tinha a intenção de ser mais ampla, na tentativa de explicar as tipologias setoriais da mudança técnica. Ele descreve outras duas categorias de empresas: as intensivas em escala e as baseadas em ciência. As intensivas em escala dependem frequentemente de tecnologias de processo, desenvolvidas internamente ou mediante aquisição externa. As baseadas em ciência caracterizam-se pelo desenvolvimento interno de produtos, levando a uma grande quantidade de patentes. O autor aponta que o tamanho relativo das empresas nestas categorias normalmente é grande. 2.2.2 Empresas de Base Tecnológica (EBT) Bollinger et al. (1983) apresentam as empresas baseadas em novas tecnologias como pequenas empresas, com um núcleo de fundadores pequeno e bem identificado, que são independentes (não são subsidiárias de grandes empresas) e cuja motivação de sua criação foi justamente explorar uma ideia tecnologicamente inovadora. Para Barbieri (1995), a definição não é totalmente adequada às empresas de base tecnológica, tendo em vista que não há razão para a limitação do porte da empresa, assim como a independência não é essencial para a caracterização proposta. Para o caso brasileiro, não há uma conceituação amplamente disseminada sobre empresas de base tecnológica. A definição encontrada com mais frequência na 46 literatura brasileira é a proposta pela Finep (2009), qual seja, “empresas de qualquer porte ou setor que tenham na inovação tecnológica os fundamentos de sua estratégia competitiva”. A Finep (2009) ainda propõe uma definição operacional para o conceito, relacionando características que as distinguem de outras empresas. Segundo a instituição, são empresas de base tecnológica aquelas que apresentam ao menos duas das seguintes características: • “desenvolvam produtos ou processos tecnologicamente novos ou melhorias tecnológicas significativas em produtos ou processos existentes. O termo produto se aplica tanto a bens como a serviços; • obtêm pelo menos 30% (trinta por cento) de seu faturamento, considerando-se a média mensal dos últimos doze meses, pela comercialização de produtos protegidos por patentes ou direitos de autor, ou em processo de obtenção das referidas proteções; • encontram-se em fase pré-operacional e destinam pelo menos o equivalente a 30% (trinta por cento) de suas despesas operacionais, considerando-se a média mensal dos últimos doze meses, a atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico; • não se enquadram como micro ou pequena empresa e destinam pelo menos 5% (cinco por cento) de seu faturamento a atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico; • não se enquadram como micro ou pequena empresa e destinam pelo menos 1,5% (um e meio por cento) de seu faturamento a instituições de pesquisa ou universidades, ao desenvolvimento de projetos de pesquisa relacionados ao desenvolvimento ou ao aperfeiçoamento de seus produtos ou processos; • empregam, em atividades de desenvolvimento de software, engenharia, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, profissionais técnicos de nível superior em percentual igual ou superior a 20% (vinte por cento) do quantitativo total de seu quadro de pessoal; 47 • empregam, em atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, mestres, doutores ou profissionais de titulação equivalente em percentual igual ou superior a 5% (cinco por cento) do quantitativo total de seu quadro de pessoal”. Percorrendo as características listadas acima, percebe-se uma preocupação com duas variáveis: o esforço inovador, representado pelo investimento em P&D, e o desempenho, seja a obtenção de receita a partir de produtos patenteados ou o mero desenvolvimento de uma inovação. Outros autores, como Marcovitch et al. (1986, p.4), utilizam expressões diferentes para o conceito. As chamadas empresas de tecnologia avançada são “aquelas criadas para fabricar produtos ou serviços que utilizam alto conteúdo tecnológico”. Para os autores, “indústrias de tecnologia avançada, de alta tecnologia, ou de tecnologia de ponta são denominações usadas com o mesmo fim, para caracterizar as indústrias de base tecnológica”. Para Fernandes et al. (2004, p.155), “para se distinguir a pequena e média EBT brasileira das demais empresas da base produtiva nacional seria utilizado um filtro capaz de identificar sua capacidade de inovação em produto e seu esforço tecnológico, a partir de um conjunto de indicadores. Estes incluiriam: i) a natureza dos produtos desenvolvidos pela própria empresa; ii) os gastos com P&D em relação ao faturamento da empresa; iii) a existência de um departamento de P&D na empresa, seja ele estruturado formalmente ou não; iv) a proporção de engenheiros e demais profissionais graduados em relação ao conjunto total de funcionários da empresa (não apenas aqueles contratados para o departamento de P&D, mas aqueles engajados em atividades de P&D, já que em muitos casos não há um departamento de P&D estruturado); v) relação com universidades e/ou centros de pesquisa; e vi) despesas em aquisição de novas tecnologias relacionadas à acumulação tecnológica.” 2.2.3 Inovadoras Seriais (“Serial Innovators”) O conceito de “inovadora serial” não possui uma definição comum aos autores que trabalham com ele. Trata-se de um conceito relativamente novo, em que os autores ainda procuram um consenso quanto a sua definição. Há algumas definições correntes, que apresentaremos a seguir, como forma de embasar a definição utilizada no presente trabalho. 48 É importante citar, em primeiro lugar, que não há uma definição específica presente na literatura para o termo ‘inovação seriada’ (ou serial). O que se verifica com frequência é seu uso como sinônimo de inovação contínua, como a língua portuguesa permite. Mathur e Kenyon (2001), embora não estudassem especificamente a inovação seriada, mas sim estratégias de negócios, utilizam uma definição para a inovação seriada. Eles sugerem que esta corresponde ao contínuo de inovações que sucedem à introdução de uma grande inovação no mercado. Seu único exemplo é o walkman, da empresa Sony, no qual o sucesso não seria decorrente da primeira introdução, mas sim da melhoria dos modelos subsequentes e das técnicas de produção. Entendendo a inovação seriada como o resultado das empresas inovadoras seriais, que definiremos mais adiante, mais do que ser uma inovação contínua, como aparentemente sugerem Mathur e Kenyon (2001), ela está relacionada à manutenção da empresa na fronteira tecnológica (LIBAERS, 2008). A primeira definição presente na literatura entende a “inovadora serial” como um tipo possível de modelo de negócios. Para os autores, ela seria “uma empresa que entrega repetidamente produtos que trazem funcionalidades radicais ou atendem a uma necessidade existente de uma nova maneira.” (HAUG et al., 2000, p.50). Para Hicks e Hegde (2005a, p.704), “inovadoras seriais” são “pequenas empresas com um registro público sustentável de sucesso no avanço técnico”. Tal conceito passou a ser utilizado pelo U.S. Small Business Administration (SBA)1, a partir de estudos contratados junto a pesquisadores americanos em 2003 (CHI RESEARCH, 2003). 1 O SBA é uma agência independente do governo americano, fundada em 1953, com o objetivo de ajudar, aconselhar, assistir e proteger os interesses dos pequenos negócios, colaborando para a manutenção e o fortalecimento da economia norte-americana (SBA, 2009). 49 Para Hicks e Hegde (2005a), normalmente elas são resultados da especialização do trabalho e diferem das demais empresas por serem fornecedoras de tecnologia, o que, de fato, não as diferencia de vários outros tipos de empresas, já que o próprio conceito de tecnologia é bastante amplo. Como exemplo, se optássemos por uma definição focada neste ponto, qualquer fornecedor de bens de capital poderia ser considerado, portanto, como uma inovadora serial, na medida em que pode agregar tecnologia ao processo de uma outra empresa. Libaers (2008) adota uma definição bastante compatível com a de Hicks e Hegde, afirmando serem empresas pequenas e altamente inovadoras. Libaers (2008, p.5) também define as “inovadoras não seriais” como: “empresas inovadoras de base tecnológica, comparáveis com as inovadoras seriais em termos de idade, tamanho, segmentos de mercado atendidos e produtos comercializados, que podem ou não patentear suas tecnologias, mas certamente não no mesmo nível que uma inovadora serial. Além disso, inovadoras não seriais não conseguem sustentar sua fronteira tecnológica ao longo do tempo e, portanto, recorrem ao desenvolvimento de tecnologias mais incrementais ou produzem imitações sem infringir as patentes nas quais as tecnologias originais se basearam”. A descrição adotada por Libaers faz ainda uma importante distinção entre “inovadoras seriais” e empreendedores seriais. Para Dornelas (2001), empreendedores seriais são pessoas com grande motivação por empreender e acabam por não se contentar em criar apenas um negócio. Envolvem-se em vários negócios ao mesmo tempo, às vezes colecionando alguns fracassos. Tal definição aparece também em outros autores – por exemplo, em Bricklin (2001), Ardichvili et al. (2003) e Skorman (2007). Portanto, trata-se de pessoas que dispõem de determinadas características psicológicas ligadas à obstinação em explorar uma oportunidade vislumbrada. Há ainda outros autores, como Sim et al. (2007), que utilizam o termo “inovador serial” para se referir a indivíduos inovadores que incorporam habilidades técnicas e, ao mesmo tempo, conhecimento sobre o consumidor. Tal definição foge bastante da utilizada pela maior parte dos autores. 50 Cabe destacar, portanto, que para a maior parte dos autores – e para o caso do presente estudo –, o termo se refere a um tipo de empresa e não a um tipo de indivíduo. A possibilidade de uma confusão entre uma empresa inovadora serial e um indivíduo empreendedor serial levou Libaers (2008, p.4-5), a destacar a clara distinção entre os conceitos, conforme reproduzido a seguir. “Uma boa descrição de tais firmas foi proposta por Leigh Buchanan [...], que as rotulou ‘inovadoras seriais’. Ela faz uma clara distinção entre inovadoras seriais e empreendedores seriais. Pequenas empresas são comumente criadas baseadas em uma grande oportunidade de mercado que foi identificada pelo empreendedor e para a qual ele ou ela ou um sócio desenvolve uma solução inovadora. A estratégia da empresa gira em torno da exploração da oportunidade e a subsequente comercialização do produto ou serviço incorpora a solução inovadora que remete a essa oportunidade de negócio. Se a comercialização falha, a empresa se dissolve; se ela obtém sucesso, o empreendedor pode vender muito. Mesmo se a ideia e sua solução se provarem um sucesso de mercado e a empresa não for vendida, a próxima ideia (ou um processo para gerar mais ideias) se torna mais desafiadora, e frequentemente a pequena empresa desaparece após a primeira ideia entrar em curso. Independentemente do resultado, nos Estados Unidos o empreendedor é inclinado a continuar e começar uma nova empresa, e há muitos empreendedores seriais. Inovadoras seriais são empresas que possuem uma habilidade única de sustentar a inovação sobre a primeira ideia enquanto mantêm ou até fortalecem sua capacidade inovadora.” A diferença básica entre a definição proposta por Haug et al. (2000) e a de Libaers (2008), Hicks e Hegde (2005) diz respeito ao porte das empresas. Para esses autores, um modelo de negócio de inovação serial se aplica a empresas estabelecidas, na tentativa de manter sua competitividade frente à entrada de startups, que poderiam ameaçar sua liderança alterando os paradigmas vigentes, de forma semelhante ao proposto por Christensen (2000). Assim, seus fatores-chave de sucesso compreendem o balanço entre o lançamento de novidades e certo grau de estabilidade. São normalmente empresas bem grandes. Para Libaers (2008), Hicks e Hegde (2005), as “inovadoras seriais” são pequenas empresas. Para Libaers (2008), Hicks e Hegde (2005), as empresas podem ser intituladas “inovadoras seriais” se atendem aos seguintes critérios: tem 500 ou menos empregados, caracterizando-se como uma pequena empresa, e se mantém pequena; possui 15 ou mais patentes em um período de 5 anos; são independentes, ou seja, cujo capital majoritário não pertence a uma grande empresa, não é uma joint venture e não é uma subsidiária de uma empresa grande americana ou estrangeira; continuam em atividade; e são de vida longa, ou seja, sobreviveram a pelo menos um ciclo econômico completo em mercados de rápida mudança. 51 Assim como o Sir Clive Sinclair, que apresentava um tipo de obsessão pela inovação, mas que, embora tenha lançado diversas novidades em nível mundial, sua empresa não se tornou uma companhia baseada em qualquer de seus inventos (SINCLAIR RESEARCH, 2010), também os inovadores seriais podem compartilhar desse modo de agir. Christensen (2000) sintetiza muito bem esta decisão do empreendedor ao descrever o dilema do inovador. Para ele, o dilema do inovador é justamente escolher mudar quando acerta. O processo de inovação normalmente é carregado de grande incerteza quanto a seu sucesso. Ter sucesso, portanto, configura um acerto dentre eventuais tentativas frustradas. Abrir mão de investir na inovação que está dando certo por algo que ainda não tem mercado – uma inovação potencial – parece ser uma decisão difícil. Christensen (2000) argumenta que não tomar essa decisão pode por em risco o sucesso já obtido, tendo em vista que a inovação seguinte pode tornar sua inovação obsoleta. Partindo-se apenas da definição mais frequente de inovadoras seriais, entende-se que esse tipo de empresa conjuga bem a inovação contínua e a inovação radical. Embora não seja objetivo explícito do presente estudo investigar as inovadoras seriais, sua definição se torna relevante na medida em que investigamos esses dois fatores. 2.3 DESEMPENHO INOVADOR Diante das classificações de uma empresa inovadora, o sucesso é mencionado por alguns estudos, como em CHI Research (2003) e Hicks e Hegde (2005a). Também é possível identificar a menção a um desempenho diferente na definição de Haug et al. (2000). Uma definição de desempenho, portanto, parece ser importante para o estudo das empresas inovadoras. Um bom desempenho é frequentemente chamado de ‘sucesso’, cujo significado discutiremos a seguir. 52 Embora seja uma palavra de uso comum, que o dicionário registra como sinônimo de bom resultado, êxito, triunfo (HOUAISS; VILLAR, 2001), ela não está muito bem estabelecida como conceito. A literatura traz uma importante contribuição sobre o sucesso empresarial. O item a seguir traz uma breve revisão sobre autores que escreveram sobre o tema. 2.3.1 Sucesso empresarial Uma busca pelos estudos sobre sucesso no campo da administração nos traz uma quantidade grande de casos. Bethlem (1989), por exemplo, tenta responder à seguinte pergunta: “há um padrão de sucesso e insucesso nas empresas americanas?”. Para tanto, relaciona e comenta quesitos que a literatura relaciona ao sucesso. Para ele, indicadores tradicionais como o tamanho da empresa e seu crescimento, não são indicadores de sucesso, visto que empresas de vários tamanhos fecham as portas ou são adquiridas. Da mesma forma, uma maior parcela de mercado, assim como a fabricação de produtos de grande aceitação, também não seriam garantia de sucesso, pelos mesmos motivos. O prestígio das ações, resultado da solidez da situação econômica e/ou a constância de seus rendimentos, também não representam sucesso, visto que, segundo Bethlem (1989), há empresas de sucesso com pouca valorização das ações e vice-versa. A P&D, apontado como garantia de sucesso, também não a é, justamente porque nem sempre as invenções são sucessos comerciais. A performance do setor poderia ser uma garantia de sucesso. No entanto, se isso fosse verdade, as empresas de determinado setor teriam resultados bastante 53 semelhantes. Há casos de sucesso em setores estagnados e casos de fracasso em setores de forte crescimento. O autor repete a pergunta para as empresas brasileiras e, para os dados disponíveis (tamanho, parcela de mercado, fabricação de produtos de grande aceitação, prestígio das ações), os resultados são análogos. Por fim, Bethlem (1989) afirma que o padrão de sucesso é condicionado pela qualidade de seus administradores de topo. O fato é que, na maior parte dos padrões estudados, a principal crítica é que eles não garantem a sobrevivência e a longevidade da empresa. O autor volta à questão em outra obra (BETHLEM, 2002) indicando quatro componentes do sucesso empresarial: lucro, crescimento, sobrevivência e prestígio. Para ele, as empresas que atendem a estes requisitos são chamadas de bemsucedidas. De fato, outro estudo, conduzido por Fleck (2006), cita que o crescimento é frequentemente utilizado como indicador de sucesso organizacional. Além dele, há um foco também na dimensão tempo, estando relacionado à sobrevivência e ao atendimento de seus objetivos de longo prazo. O sucesso, portanto, estaria relacionado ao grau com que as firmas são capazes de atingir seus objetivos. Uma outra linha, tomando a perspectiva do principal foco da empresa, o consumidor, traz outras contribuições. Imai (1990), ao estudar o kaizen (expressão japonesa traduzida como ‘contínuo melhoramento’), traz como grande indicador de sucesso desses esforços a satisfação do consumidor. Para ele, este é o grande objetivo da administração. É interessante notar que, pelas próprias características do kaizen, que tem um importante foco no controle total da qualidade, o sucesso de uma empresa só poderia ser medido pelo consumidor. Há ainda outras perspectivas, como a do acionista, que enxerga o sucesso da empresa de uma outra forma. Silva (2006), por exemplo, ao estudar a relação da 54 adoção de práticas de governança corporativa e sucesso, pressupõe intrinsecamente que o sucesso é determinado pelo valor da empresa. De fato, considerando-se o interesse do acionista, a valorização das ações da empresas parece ser o melhor indicador de sucesso. Em uma linha semelhante, para Ghoshal e Tanure (2004), tamanho e desempenho do setor, como apontado por Bethlem (1989), não são determinantes de sucesso. Para eles, empresas bem-sucedidas tornam-se altamente competitivas, o que é recompensado com crescimento e lucro. Estes, por sua vez, trazem reconhecimento e comemoração. O fim, no entanto, é criar valor. Para outros autores, como Duarte (2004), há ainda outras perspectivas a considerar. Através de vários casos de empreendimentos no Brasil, ele lança um foco sobre um sucesso que extrapola os limites da empresa. Trata-se do impacto sobre a comunidade, na forma de inclusão social. Autores mais prescritivos citam vários indicadores de sucesso, como lucro, clientes fiéis, equipe motivada e capacitada, tecnologia apropriada, imagem positiva, fornecedores parceiros, qualidade total, produtividade e competitividade (PAGNONCELLI; VASCONCELLOS FILHO, 1992). Enfim, o sucesso parece poder ser mensurado de várias formas distintas. Talvez o sucesso da empresa possa ser entendido fazendo-se um paralelo, por exemplo, com a proposta da hierarquia de necessidades de Maslow. O sucesso poderia ter um encadeamento, baseado nos argumentos de Bethlem (2002), começando-se por sobreviver, ter estabilidade (lucro), crescer e ter prestígio. As definições trazidas acima possuem apenas um porém para nosso estudo. Elas tratam de definições ligadas ao sucesso empresarial. Embora a inovação possa contribuir para o sucesso empresarial, ela não o determina. Da mesma forma, um fracasso na inovação não determina o fracasso empresarial. Como citam Freeman e Soete (1997, p.201-202): 55 “Os fracassos podem todavia contribuir para o sucesso final de uma inovação, embora os esforços individuais tenham falhado. O mecanismo social da inovação é uma questão de sobrevivência no mercado. A possibilidade de fracasso pelas empresas que tentam inovar surge da incerteza técnica e da possibilidade de se menosprezar o mercado futuro e a competição.” Assim, para o presente estudo, a principal contribuição da revisão dos conceitos de sucesso empresarial está no entendimento dos objetivos pelos quais as empresas inovam e em identificar uma correspondência entre o sucesso na inovação e o sucesso empresarial. 2.3.2 Por que as empresas inovam? Tendo em vista que buscamos, neste estudo, trabalhar os conceitos de inovação radical e de inovação contínua, qualificando a forma com que as empresas inovam, convém relacionar os motivos que levam as empresas a inovar, na intenção de contribuir para a formatação das hipóteses da pesquisa. Ferguson (1988) argumenta que os motivos para inovar são dois: a curiosidade humana, que levaria a uma inovação mais espontânea, e a busca por uma recompensa financeira, que seria uma inovação induzida. Estes motivos vão ao encontro dos modelos lineares de inovação, podendo-se fazer uma clara analogia entre a curiosidade e o modelo technology-push e a recompensa e o modelo demand-pull. Normalmente, na inovação mais “espontânea”, movida pela curiosidade, haveria uma tendência a que ela fosse mais radical. Em outras palavras, seria mais difícil projetar financeiramente seus resultados. O sucesso, neste caso, está mais ligado à satisfação das pessoas envolvidas. Já na inovação “induzida”, a recompensa financeira é clara. Por conseguinte, é razoável imaginar se tratar de inovações incrementais, onde o mercado consumidor já está formado. O sucesso, neste outro caso, está mais ligado a um bom desempenho comercial. 56 Sheth e Ram (1987) apresentam outros motivos para uma empresa inovar. Para eles, há basicamente quatro motivos: os avanços tecnológicos, que levariam a empresa a incorporar alguns deles a seus produtos; o perfil dos clientes, que tendem a se modificar ao longo do tempo, requerendo também alterações nos produtos; mudanças na regulação, que levariam a empresa a ter que se adaptar para continuar no mercado; e a própria competitividade, pois pode ser uma necessidade de mercado a diferenciação ou inovações de processo voltadas à redução do custo. Cabe mencionar que um dos principais benefícios da inovação para as empresas, apontado por importantes autores – por exemplo, Schumpeter (1961) –, é o monopólio provisório sobre determinado nicho de mercado. Isso daria uma importante vantagem competitiva às empresas inovadoras. À parte dos motivos que levam uma empresa a inovar, inovar sistematicamente pode ser provocado por outros fatores. Este tipo de empresa inovadora, a priori, vislumbra mais benefícios em inovar que outras empresas. 2.3.3 Sucesso na inovação Segundo alguns autores, a inovação por si só já pressupõe seu sucesso: “A inovação é frequentemente vista como uma coisa boa, porque se espera que ideias novas em desenvolvimento sejam úteis – lucrativas, construtivas ou resolvam um problema. Ideias novas que não são percebidas como úteis não são normalmente chamadas inovações; elas são quase sempre chamadas de ‘erros’. Objetivamente, claro, a utilidade de uma ideia só pode ser parcialmente determinada quando os resultados dela se tornam aparentes, o que ocorre tipicamente depois do processo de inovação estar completo e implementado. Só então é que novas ideias podem ser caracterizadas como ‘inovações’ ou ‘erros’.” (DORNBLASER et al., 2000, p.193) A inovação, portanto, já seria o maior indicador de sucesso. No entanto, adotandose a definição de inovação como a primeira comercialização, a sobrevivência deste produto no mercado poderia ser considerada como um melhor indicador de sucesso, já que traria aspectos mais relacionados à sua adoção. 57 Para Burgelman e Sayles (1986), a inovação consistiria de duas partes: uma nova tecnologia e um mercado real ou potencial. Assim, para uma inovação de sucesso, seria preciso tecnologia, mercado e de alguém que fomentasse esta integração. Freeman e Soete (1997, p.200) também concordam ao dizer que: “A inovação é essencialmente uma atividade de duas faces. (…) De um lado, ela envolve o reconhecimento de uma necessidade ou mais precisamente, em termos econômicos, um mercado potencial para um novo produto ou processo. Por outro lado, ela envolve conhecimento técnico, que pode estar geralmente disponível, mas pode também incluir conhecimento científico e tecnológico novo, o resultado de atividade de pesquisa original.” Para eles, a ligação entre uma necessidade de mercado e uma nova possibilidade técnica se dá na cabeça de pessoas imaginativas. Assim, empresas que monitorem de forma mais eficiente e sistemática as novas descobertas científicas podem perceber primeiro as novas possibilidades. Da mesma forma, empresas que conheçam as fontes da insatisfação dos consumidores podem mais facilmente reconhecer mercados potenciais. Por fim, “o teste do empreendedorismo de sucesso e da boa gerência está na capacidade de juntar essas possibilidades técnicas e de mercado, combinando os dois fluxos de informação e novas ideias”. (FREEMAN; SOETE, 1997, p.202) A literatura traz algumas formas de mensuração da variável sucesso para as inovações. Alguns autores clássicos, como Scherer (1965) e Schmookler (1962), fizeram uso do número de patentes como indicador da atividade inovadora. Pesquisadores da área de Economia tendem a agregar a essa medida, as variáveis produtividade e crescimento da empresa como resultados do desempenho da inovação (DE NEGRI et al., 2008). Observe-se que, neste caso, a produtividade era medida pela relação entre o Valor da Transformação Industrial (segundo IBGE, 2010), o “valor da diferença entre o valor bruto da produção industrial e os custos das operações industriais”) e o pessoal ocupado; enquanto o crescimento era medido por uma série de variáveis, entre elas o aumento do pessoal ocupado e o aumento da receita líquida de vendas. Wang e Kafouros (2009, p.606) definem a performance da inovação como a “magnitude dos retornos econômicos da inovação” e a mensuram como a proporção da vendas de novos produtos sobre as vendas totais. Para eles, este tipo de relação 58 é mais adequado que o número de patentes ou a produtividade, pois incorpora tanto a aceitação do mercado quanto inovações não patenteáveis. Entendemos que este tipo de medida, proposto por Wang e Kafouros (2009), é bastante interessante para grupos homogêneos de empresas. No nosso caso, como será visto na descrição dos dados, há empresas de vários portes e idades. Estas duas características – porte e idade – têm impacto direto sobre a relação “novos produtos sobre vendas totais” proposta pelos autores, já que empresas grandes costumam ter um portfólio mais diversificado de produtos, eventualmente com um ritmo de inovação talvez bastante diferente em cada unidade de negócio da empresa. Da mesma forma, empresas muito jovens tendem naturalmente a ter um percentual de novos produtos mais elevado no portfólio. O crescimento da empresa também não é uma medida adequada para a presente pesquisa, por dois motivos. O primeiro é que o número de funcionários em dois períodos não necessariamente reflete o crescimento da empresa, já que ela pode ter feito investimentos em automação ou terceirizado parte da produção. O segundo é de caráter operacional e envolve a apuração do crescimento do faturamento em dois períodos. As empresas normalmente mantêm sigilo sobre informações de faturamento, dificultando sua apuração. O número de patentes, que já fora alvo de críticas (p.e. Freeman e Soete (1997)), também não é adequado, por não medir a inovação e sim a invenção. Para fins deste trabalho, quando cabível, entenderemos o sucesso como: a efetiva introdução do produto (ou processo) no mercado, que configura a inovação; e um elevado percentual de faturamento advindo da venda de produtos lançados há menos de três anos. 2.4 O ESTUDO “WEALTH FROM KNOWLEDGE” Neste estudo, grande fonte de inspiração para a presente pesquisa, Langrish et al. (1972) preocupam-se em listar os fatores presentes nas empresas inovadoras. Tal 59 qual a presente pesquisa, seu objetivo é identificar fatores importantes para promover ou atrasar uma dada inovação. A grande semelhança entre os dois estudos, além da característica da amostra, é a tentativa de extrair conclusões a partir do histórico de uma inovação. De certa forma, trata de tentar explicar o sucesso de uma inovação a partir de fatores organizacionais. A maior diferença entre os dois estudos é que Langrish et al. (1972) focam em relacionar os fatores diretamente relacionados ao ambiente organizacional com a inovação, enquanto que propomos uma ampliação do foco, com a comparação de variáveis internas e externas à empresa. Nossa medida é indireta, na medida em que trabalhamos a percepção das empresas sobre essas variáveis. Ainda assim, o trabalho de Langrish et al. (1972) traz importantes contribuições, que julgamos de citação fundamental para os fins desta pesquisa, além de constituir um relevante ponto de partida para o levantamento das variáveis da pesquisa. Sua amostra, constituída de 84 ganhadores do Queen’s Award (prêmio dedicado à inovação tecnológica no Reino Unido) de 1966 e 1967, nas categorias inovação tecnológica e inovação e exportação combinados, compõe um amplo estudo de casos que os ajudaram a identificar uma série de fatores aparentemente importantes para a inovação nas empresas. Tais fatores poderiam tanto promover a inovação quanto atrasá-la. A busca pelas fontes da inovação tecnológica levou os autores a trabalhar com seis grupos de fatores: os papéis dos indivíduos na inovação, a questão do tamanho do grupo de pesquisa, as interações entre diferentes organizações, os papéis da ciência na inovação, a transferência de tecnologia e as relações da pesquisa com o marketing. Quanto aos papéis dos indivíduos na inovação, há três grupos trabalhados pelos autores: os inventores independentes (aqueles que não estão ligados a nenhuma instituição), o ambiente institucional (entendido, na concepção dos autores, como as próprias organizações inovadoras) e os gerentes e pesquisadores criativos, que ocupam posição de decisão nos projetos de inovação. 60 Mais que os indivíduos isoladamente, os grupos de pesquisa também se apresentavam como importantes. Questões como a demarcação das responsabilidades no grupo, as variações em sua composição, a alocação de tempo e as interações entre o grupo de pesquisa e o de produção são pontos que dificultam uma avaliação de um tamanho ótimo para um grupo de pesquisa. Um terceiro fator diz respeito às interações entre organizações, que englobam uma grande gama de relações, como a pesquisa na universidade, no governo, o financiamento público, o licenciamento entre empresas e o papel dos clientes. Assim, há maior probabilidade de sucesso em situações em que há similaridade de objetivos em vários grupos. Quanto ao papel da ciência na inovação, os autores apontam como importante, embora a transformação do conhecimento puro produzido pela ciência em riqueza não seja algo trivial. Ao lado da ciência, a tecnologia também assume papel importante para a inovação. Assim, um outro fator listado por Langrish et al. (1972), a transferência de tecnologia, é estudado. Sua forma pode acontecer por vias formais ou por indivíduos que transitam pelas organizações, como ex-funcionários que se empregam em uma concorrente. Por último, é claro para os autores que qualquer inovação que obtenha sucesso envolverá algum tipo de sensibilização para as necessidades do mercado. Sobre os grupos de fatores apontados e através dos casos estudados, Langrish et al. (1972) enumeram fatores que ajudaram ou não no sucesso da inovação. Uma listagem resumida destes fatores é apresentada no Quadro 2. 61 Quadro 2 – Fatores ligados ao sucesso ou a atrasos na inovação Fatores que ajudaram no sucesso Presença de uma pessoa marcante em uma posição de autoridade Outros tipos de pessoas de destaque Identificação clara de uma necessidade Fatores que causaram atraso na inovação Alguma outra tecnologia ainda não fora suficientemente desenvolvida Não havia mercado ou necessidade O potencial não fora reconhecido pela administração Resistência a novas ideias Percepção de uma potencial utilidade para a descoberta Boa cooperação Escassez de recursos (capital ou mão-de-obra) Disponibilidade de recursos Problemas de cooperação ou de comunicação (entre áreas, entre empresas ou com clientes) Ajuda de fontes governamentais Fonte: Langrish et al. (1972, p.66-72). Elaboração própria. Nota-se que Langrish et al. (1972) abordam uma quantidade de fatores relativamente extensa e de diferentes ordens. Permeiam os casos, fatores internos, como a existência de pessoas-chave, e fatores externos, como o governo e a cooperação. Outra característica interessante é a tentativa de ranquear as inovações estudadas, de forma a mensurar o tamanho da mudança na tecnologia que sustenta a inovação. Ainda que tenhamos partido dos fatores listados por Langrish et al. (1972), o presente estudo acrescenta outras variáveis encontradas na literatura. O “Wealth from Knowledge”, assim como outras bibliografias, ajudam a compor o quadro de variáveis que possuem impacto sobre a inovação. 2.5 O FATOR AMBIENTE O fator ambiente, na presente pesquisa, refere-se a forças externas à empresa que, segundo algumas abordagens teóricas, condicionam a formação das empresas e, portanto, influenciam o tipo e o perfil da inovação lançada por estas empresas. Como apontado por Langrish et al. (1972) em seu clássico livro “Wealth from Knowledge”, mencionado anteriormente, há um tipo de relação biunívoca entre as invenções e o meio social. As pressões comerciais, institucionais, sociais e outras afins compõem um ambiente que pode estimular a inovação. 62 Aliados a tais indicativos teóricos estão as questões práticas relacionadas à construção de um ambiente propício à inovação. Várias iniciativas têm sido adotadas ao longo dos últimos anos e o Sistema Brasileiro de Inovação tem passado por diversas transformações, como veremos adiante. Assim sendo, faremos algumas reflexões sobre o atual ambiente institucional brasileiro e, em seguida, descrevemos as principais correntes teóricas que apontam o ambiente como foco das pesquisas e listamos as variáveis presentes na literatura. 2.5.1 Reflexões sobre o Atual Ambiente Institucional no Brasil e sua Relação com a Promoção da Inovação O objetivo deste tópico é refletir sobre o ambiente institucional no Brasil e sua relação com a promoção da inovação, trazendo um breve diagnóstico da situação atual no País. As informações aqui apresentadas contribuirão, principalmente, para a contextualização do estudo. Ao estudarem o sistema brasileiro de inovação, Dahlman e Frischtak (1993, p.414) o definiram como “a rede de agentes e o conjunto de políticas e instituições que afetam a introdução de tecnologia que é nova para a economia”. Seu diagnóstico, do final dos anos 80, era que o Brasil insistia em políticas governamentais desatualizadas, com uma visão de curto prazo e fraco apoio institucional, além de haver pouca demanda das empresas. As exceções diziam respeito a instituições públicas de excelência, como a Embrapa, o Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que forneciam um apoio relevante à indústria. De lá para cá o Brasil sofreu algumas transformações nesse campo, com a alteração do marco regulatório e mesmo a estabilização da economia, que permitiu uma visão de mais longo prazo, apenas para citar alguns exemplos. A mudança mais nítida se deu no papel do governo. 63 Os mecanismos de indução governamental à inovação compreendem dois tipos: os mecanismos técnicos e os financeiros. Como cita Wiesz (2006, p.14): “mecanismos técnicos são aqueles que têm um impacto direto sobre a gestão da empresa. Como exemplos de mecanismos técnicos ou não financeiros, pode-se mencionar a infraestrutura de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) oferecida pelo Estado para gerar conhecimento e soluções técnicas para empresas, tais como laboratórios e centros de pesquisas provendo pesquisas tecnológicas, ensaios de caracterização, análises laboratoriais, laudos e serviços de informação técnica.” Já os mecanismos financeiros englobam os incentivos fiscais, os incentivos financeiros e o uso do poder de compra do Estado. Os incentivos fiscais à inovação foram instituídos pela Lei 11.196/2005. Já os incentivos financeiros podem ser agrupados basicamente em financiamentos, participação acionária (capital de risco) e subvenção econômica. Toda uma nova legislação de apoio à Ciência, Tecnologia e Inovação foi criada a partir da década de 90, ajudando a sistematizar o apoio técnico e financeiro à inovação. São leis que entraram em vigor neste período: o conjunto de leis dos chamados Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia, a Lei de Inovação e a Lei de Incentivos Fiscais à Inovação e à Exportação, entre outras. Segundo o MCT (2010), “os Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia constituem um mecanismo inovador de estímulo ao fortalecimento do sistema de C&T nacional. Os Fundos têm como objetivo garantir a ampliação e a estabilidade do financiamento para a área e, em simultâneo, a criação de um novo modelo de gestão, fundado na participação de vários segmentos sociais, no estabelecimento de estratégias de longo prazo, na definição de prioridades e com foco nos resultados.” Os Fundos Setoriais têm como público-alvo universidades, suas fundações e Centros de Pesquisa do País, públicos ou privados, sem fins lucrativos, e apoiam as seguintes ações: estudos de necessidades e prognósticos de oportunidades, realizados, prioritariamente, sob encomenda ou por atuação induzida; projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico; bolsas de estudo para capacitação de recursos humanos, associados aos projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico; e eventos como congressos, seminários e workshops que contribuam 64 para a definição de políticas, a análise de mercados nacional e internacional, o intercâmbio e a transferência de conhecimentos, a avaliação de tecnologias, o estabelecimento de parcerias e alianças estratégicas e a competitividade do setor, entre outros. Atualmente, são 16 os Fundos Setoriais, conforme apresentado no Quadro 3. Quadro 3 – Relação de Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia Fundo para o Setor Aeronáutico Fundo Setorial de Agronegócio Fundo Setorial da Amazônia Fundo para o Setor de Transporte Aquaviário e Construção Naval Fundo Setorial de Biotecnologia Fundo Setorial de Energia Fundo Setorial Espacial Fundo Setorial de Recursos Hídricos Fundo Setorial de Tecnologia da Informação Fundo de Infra-Estrutura Fundo Setorial Mineral Fundo Setorial de Petróleo e Gás Natural Fundo Setorial de Saúde Fundo Setorial de Transportes Terrestres Fundo Verde Amarelo Fundo Tecnológico para o Desenvolvimento das Telecomunicações CT-Aeronáutico CT-Agronegócio CT-Amazônia CT-Aquaviário CT-Biotecnologia CT-Energ CT-Espacial CT-Hidro CT-Info CT-Infra CT-Mineral CT-Petro CT-Saúde CT-Transportes CT-FVA Funttel Por fim, o impacto dos Fundos Setoriais sobre o financiamento sobretudo da pesquisa pública é bastante evidente na Figura 3, que apresenta uma evolução dos R$ Milhões recursos empenhados (ou seja, reservados para compromissos assumidos). 1200 1000 800 600 400 200 0 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Figura 3 – Evolução do total de recursos empenhados no âmbito dos Fundos Setoriais Fonte: MCT (2010) A Lei da Inovação complementou o arcabouço legal, a fim de trazer a pesquisa já realizada para o meio empresarial. Ela compreende uma série de ações nesse sentido, como a flexibilização da transferência de tecnologia das instituições de pesquisa públicas para o setor privado, a possibilidade de pesquisadores se 65 licenciarem para a explorarem comercialmente uma inovação e a criação da figura da subvenção econômica à inovação, que se trata de uma modalidade de apoio financeiro não reembolsável a empresas brasileiras. Cabe destacar também um esforço recente em explicitar políticas voltadas ao desenvolvimento industrial. Exemplos disso são a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), lançada em 2003, o Plano de Ação 2007-2010 Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional (PACTI), lançado em 2007, e a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), lançada em 2008. Segundo a ABDI (2005, p.5), “a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior [PITCE] objetiva induzir a mudança do patamar competitivo da indústria brasileira, rumo à maior inovação e diferenciação dos produtos, almejando competitividade internacional”. Ela compreende três planos, sendo um deles, as linhas de ação horizontais, representado principalmente por novo arcabouço legal (Lei 11.196/2005, já mencionada anteriormente), por programas voltados ao desenvolvimento tecnológico, a ações para inserção externa e medidas de âmbito fiscal. Neste plano, havia medidas ligadas ao ambiente institucional. Ele previa a instalação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), responsável por acompanhar a gestão da PITCE, e a criação de fóruns de articulação. A PITCE ainda elegia alguns setores como opções estratégicas (semicondutores, software, bens de capital e fármacos e medicamentos) e atividades portadoras de futuro (biotecnologia, nanotecnologia e biomassa/energias renováveis). Tais setores ou atividades deveriam ter um tratamento diferenciado dos órgãos de financiamento e leis de incentivo específicas (DIRETRIZES, 2003). O Plano de Ação 2007-2010 Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional agrupava uma série de iniciativas em quatro eixos: a expansão e consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; a promoção da inovação tecnológica nas empresas; a pesquisa, desenvolvimento e inovação em áreas estratégicas; e ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento social. 66 Na mesma linha da PITCE, o PACTI visava, em seu primeiro eixo, a consolidação institucional do sistema, através da conclusão da construção de seu marco legalregulatório, principalmente na materialização da Lei de Regulamentação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e na criação de fóruns de integração, como o Conselho Nacional de C&T. Visava também a formação de recursos humanos para C,T&I e o fomento à pesquisa. Cabe destacar que o PACTI considerava como áreas estratégicas um número maior que os setores abordados na PITCE. Eram 13 as áreas estratégicas, que integravam setores econômicos, áreas de conhecimento ou regiões: áreas portadoras de futuro (biotecnologia e nanotecnologia); tecnologias da informação e comunicação; insumos para a saúde; biocombustíveis; energia elétrica, hidrogênio e energias renováveis; petróleo, gás e carvão mineral; agronegócio; biodiversidade e recursos naturais; Amazônia e semi-árido; meteorologia e mudanças climáticas; programa espacial; programa nuclear; e defesa nacional e segurança pública (MCT, 2007). Por fim, a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) funcionava como uma sequência à PITCE. Como política industrial, ela trazia como característica a maior articulação com o setor privado e se imbuia de um pragmatismo expresso nas suas macrometas: aumento da taxa de investimento, ampliação da participação das exportações brasileiras no comércio mundial, elevação do dispêndio privado em P&D e ampliação do número de micro e pequenas empresas exportadoras (MDIC, 2010). Especificamente sobre o apoio a P&D, a política previa elevar os gastos do setor privado de R$ 11,9 bilhões (em 2006), ou 0,51% do PIB, para R$ 18,2 bilhões, ou 0,65% do PIB em 2010. A baixa participação do setor privado nos gastos em P&D no Brasil reflete-se na quantidade de pedidos de patentes depositados no Brasil. A Figura 4 mostra a participação brasileira na quantidade de patentes depositadas mundialmente por residentes e não residentes, em 2006, nos escritórios de patentes de cada país. 67 Figura 4 – Participação de cada escritório de patentes no total de pedidos depositados no mundo Fonte: WIPO (2008). Verifica-se que o Brasil responde por apenas 1,4% das patentes mundiais, ou seja, 24.074 dentre o total de 1.764.622 em 2006. Das patentes brasileiras, 84% foram depositadas por não residentes e apenas 16% por residentes, indicando uma participação ainda menor de patentes oriundas de P&D interno. Considerando-se apenas as patentes depositadas por residentes em cada país, o total cai para 988.514 em 2006, assim como a participação brasileira. A Figura 5 mostra a participação nas patentes depositadas apenas por residentes em cada país. Figura 5 – Participação na quantidade de pedidos de patente depositados em cada país apenas por residentes Fonte: WIPO (2008). De fato, os dispêndios em atividades inovativas ainda representavam um percentual pequeno da receita das empresas. Segundo a Pintec (IBGE, 2007), tais gastos tiveram uma pequena evolução entre 2003 e 2005, passando de 2,46% da receita 68 líquida de vendas para 2,77%, sendo que apenas 0,57% representavam atividades internas de P&D. A Figura 6 reproduz os dispêndios em atividades inovativas 3,0% 2005 0,05% Aquisição de máquinas e equipamentos Treinamento 0,05% 0,36% Projeto industrial e outras preparações técnicas 0,35% 0,57% 0,53% Atividades internas de P&D 0,19% 0,08% 0,15% Introdução das inovações tecnológicas no mercado Aquisição externa de P&D 0,0% Aquisição de outros conhecimentos externos 0,5% 0,08% 0,07% 1,0% 0,19% 1,5% Total 2003 1,22% 2,0% 1,34% 2,5% 2,77% 2,46% estudadas na Pintec. Figura 6 - Dispêndios nas atividades inovativas como percentual da receita líquida de vendas, segundo atividades selecionadas da Indústria - Brasil - 2003/2005 Fonte: IBGE (2007). Apesar do aparente baixo desempenho das iniciativas privadas em direção à inovação no Brasil, a capacidade científica, ancorada principalmente em instituições públicas, tem mostrado uma evolução. Em 2008, o País passou a figurar em 13º lugar na classificação mundial em produção científica, com 30.451 publicações. A Figura 7 mostra os 20 primeiros países do ranking em 2008 e sua produção em Milhares 2007. 350 300 2007 2008 250 200 150 100 50 Suécia Polônia Turquia Suiça Taiwan Rússia Holanda Austrália Coréia do Sul Brasil Índia Espanha Itália Canadá França Inglaterra Japão Alemanha China EUA 0 Figura 7 – Primeiros 20 países por quantidade de publicações científicas em revistas indexadas Fonte: National Science Indicators (NSI)/Thomson Reuters apud Capes (2009) 69 De fato, há uma quantidade relevante de instituições e grupos de pesquisa no Brasil, com um crescimento constante ao longo dos anos. Conforme se pode observar na Tabela 3, tanto o número de instituições quanto o de grupos de pesquisa e o de pesquisadores cresceram nos últimos anos. Tabela 3 – Instituições, grupos de pesquisa e pesquisadores no Brasil 2000 2002 Instituições 224 268 Grupos de 11.760 15.158 Pesquisa Pesquisadores 48.781 56.891 Fonte: CNPq (2010). Elaboração própria. 2004 2006 2008 335 403 422 Crescimento médio anual 8,2% 19.470 21.024 22.797 8,6% 77.649 90.320 104.018 9,9% Uma amostra das instituições científicas e tecnológicas públicas no Brasil é apresentada na Figura 8. Percebe-se uma concentração de instituições de pesquisa públicos na Região Sudeste. De fato, segundo o CNPq (2010), ela responde por 51,2% das instituições, por 48,8% dos grupos de pesquisa e por 50,1% dos pesquisadores no Brasil. Figura 8 – Mapa das universidades federais, estaduais e dos institutos de pesquisa no Brasil Fontes: INEP (2010), MCT (2010) e MEC (2010). Elaboração própria. 70 Em resumo, o que se percebe a partir dos dados apresentados nesta seção é que o ambiente brasileiro ligado à inovação encontra-se em transformação. A capacidade científica tem crescido de forma expressiva. No entanto, o lado privado ainda apresenta resultados pouco expressivos. Mesmo com as mudanças no marco legal e o lançamento de políticas públicas focadas na inovação, a evolução ainda parece ser lenta em termos macroeconômicos. 2.5.2 A Abordagem Institucionalista 2.5.2.1 Institucionalismo e Neo-Institucionalismo Como afirmam Lewin et al. (2004, p.134), “na teoria institucional ‘velha’, as organizações são o resultado de uma constante mudança e adaptação à medida que elas se deparam com novos valores, interesses e coalizões emergentes”. Para Selznick (1957), a institucionalização significa dar valor a uma organização antes meramente instrumental. Ela promoveria a estabilidade, fazendo as estruturas persistirem ao longo do tempo (SCOTT, 1987). As instituições são definidas como as regras do jogo em uma sociedade, permitindo e proibindo ações para dar estabilidade e sentido à vida (NORTH, 1990 apud VAN DE VEN; HARGRAVE, 2004). Sendo assim, pela própria definição, as instituições devem ter um papel importante no processo de mudança organizacional. Van de Ven e Hargrave (2004) produziram uma revisão não exaustiva, mas representativa das linhas, dada a quantidade de estudos desenvolvidos nessa área, classificando as diferentes abordagens institucionalistas em quatro grupos. Estes grupos variam conforme o foco, em um único ator ou em múltiplos atores em um campo interorganizacional, e o modo de mudança, seja ele reprodutivo ou construtivo. 71 O Design Institucional responde por um modo construtivo e focado em um único ator. A questão central é como os atores influenciam o processo de mudança, ou seja, as instituições seriam um reflexo de decisões e ações conscientes e intencionais. Já a Adaptação Institucional tem como questão explicar por quê as organizações parecem tão similares, o que é respondido pelas pressões institucionais (normas, crenças e regras). Preocupa-se em examinar como as organizações se adaptam ao ambiente institucional. Há uma correspondência muito nítida entre o que Van de Ven e Hargrave (2004) estabelecem como abordagem de Adaptação Institucional e o trabalho de Hinings e Greenwood (1988). A abordagem vê um modo de mudança mais reprodutivo e foco em um único ator, a organização. As outras duas abordagens são a Difusão Institucional e a Ação Coletiva. Ambas focam em múltiplos atores em um campo interorganizacional, sendo que a Difusão Institucional tem como foco entender como os arranjos institucionais se reproduzem, se difundem e desaparecem no campo organizacional. Já a Ação Coletiva “foca nos processos sociais e políticos que facilitam ou restringem o desenvolvimento de uma inovação tecnológica ou de um movimento social, e através dos quais as instituições surgem ou se alteram” (VAN DE VEN; HARGRAVE, 2004, p.277). Pelas próprias questões centrais, é possível identificar que a Difusão Institucional vê um modo de mudança mais reprodutivo, enquanto a Ação Coletiva vê um modo mais construtivo. Segundo Lewin et al. (2004, p.134), a Teoria Institucional possui dois grandes momentos em sua construção. Em seus primórdios, na chamada “velha” teoria, baseada principalmente nos trabalhos de Selznick, a empresa é vista como uma organização em constante adaptação e mudança. “A institucionalização é vista como um processo de infusão de valores nas organizações”. Para Selznick (1948), o ambiente institucional se projeta sobre a organização, forçando mudanças em sua liderança e política. A esse processo de ajuste da organização para permitir sua sobrevivência no ambiente, o autor chamou de cooptação. 72 Outros autores enxergam a configuração das empresas como uma imposição do ambiente. Demers (2007) cita duas correntes mais expressivas relacionadas à adaptação ao ambiente: a Ecologia Populacional e o Neo-Institucionalismo. A Ecologia Populacional vê as empresas como naturalmente diferentes. Elas nascem segundo suas características próprias e são expostas à “lei da selva”. Esta seleciona as formas mais adequadas, que sobrevivem. Como as empresas vão se formando ao longo do tempo, as empresas estabelecidas acabam imbuídas de uma inércia que dificulta a mudança. Individualmente as empresas não mudam, o que muda é o conjunto de empresas (chamado de população), já que o ambiente as seleciona. O Neo-Institucionalismo tem como principal conceito o isomorfismo. Segundo alguns autores (DEMERS, 2007; LEWIN et al., 2004), as organizações estariam submetidas a processos sociais que as levariam a imitar algumas práticas uma das outras. Isto seria motivado não por um objetivo de eficiência, mas pelo ganho de legitimidade. As empresas, portanto, mudariam gradualmente imitando uma às outras. Exemplo disso é a adoção de práticas como o TQM (sigla em inglês para Gestão da Qualidade Total) e a reengenharia por várias empresas, o que acaba modelando a forma de agir, assim como a adoção de modelos de gestão difundidos por consultores e escolas de negócio. A imitação tende a criar arquétipos de organizações, conforme a denominação proposta por Hinnings e Greenwood (1988). Um estudo aprofundado sobre o isomorfismo realizado por DiMaggio e Powell (1983) sugere três mecanismos de mudança isomórfica institucional: o isomorfismo coercitivo, ditado pelas influências políticas e pelo problema da legitimidade; o isomorfismo mimético, resultante de respostas padronizadas frente a incertezas; e o isomorfismo normativo, associado à profissionalização. O isomorfismo coercitivo é a resposta a pressões realizadas por outras empresas das quais elas dependem ou a pressões das expectativas culturais. Um bom exemplo é dado por DiMaggio e Powell (1983, p.150): 73 “Fabricantes adotam novas tecnologias de controle de poluição para se adequar às normas ambientais; organizações sem fins lucrativos mantêm uma contabilidade e empregam contadores para atender aos requisitos das leis tributárias; e organizações empregam medidas de ação afirmativa para prevenir alegações de discriminação.” O isomorfismo mimético ilustra a imitação sob um cenário de incerteza. Em um ambiente incerto, as organizações tendem a imitar outras organizações. Os mecanismos de imitação podem ser disparados pela transferência de um empregado entre empresas ou promovida por firmas de consultoria ou associações empresariais. Conforme Alchian (1950 apud DIMAGGIO; POWELL, 1983), até a inovação pode resultar dessa imitação: “Enquanto há certamente aqueles que inovam conscientemente, há aqueles que, em suas tentativas imperfeitas de imitar os outros, inovam inconscientemente pela aquisição involuntária de alguns atributos únicos inesperados ou não solicitados que, sob as circunstâncias prevalecentes, se provam parcialmente responsáveis pelo sucesso. Outros, por sua vez, tentarão copiar tal singularidade, e o processo inovação-imitação continua.” Segundo DiMaggio e Powell (1983, p.152), “as organizações tendem a imitar organizações similares em seu campo que elas percebam como mais legitimadas ou bem sucedidas”. Por fim, o isomorfismo normativo baseia-se na formação dos profissionais e em suas redes de relacionamento. Ao selecionar empregados com experiência em empresas similares, com formação e redes semelhantes, as empresas acabam por se submeter a uma modelagem parecida. Uma diferença dos neo-institucionalistas em relação aos institucionalistas tradicionais é que o foco se amplia para os primeiros, partindo de uma unidade de pesquisa que é a organização para uma unidade que é o campo, ou seja, incluindo não só o ambiente institucional diretamente ligado à organização, mas outros ambientes institucionais, como o governo, por exemplo. A principal questão teórica é entender por que as organizações agem de forma parecida, adotam soluções parecidas e se estruturam de forma semelhante. 74 2.5.2.2 Instituições e Forças Institucionais Scott (1995) cita que a ação da institucionalização sobre as organizações pode ser representada como forças institucionais. Estas podem ser agrupadas em três categorias: normativa, regulatória e cognitiva. As forças normativas ajudariam a definir que comportamentos e valores seriam esperados de indivíduos ou de organizações, na medida em que as pessoas tendem a replicar o que seus antecessores fizeram, mesmo que isso não tenha uma justificativa racional. As forças regulatórias referir-se-iam a leis e ao poder político que regulam a ação dos indivíduos e das organizações. A mais evidente dessas forças é justamente o governo. Para Steiner (1975), a influência dos governos nos negócios pode assumir várias dimensões: o governo determina as regras do jogo, pode ser o maior comprador e estimular determinados negócios, pode conceder subsídios, competir com os negócios através de estatais; ele arquiteta o crescimento econômico, é financiador de negócios, protege vários interesses contra a exploração (leis protegendo os consumidores, os investidores, os empregados, os competidores e o meio ambiente) e redistribui recursos para satisfazer carências sociais. Já a força cognitiva referir-se-ia à influência que se desenvolve ao longo do tempo, através de interações sociais entre participantes. Depende fortemente da cultura da sociedade e concentra-se no valor percebido pelos empreendedores e no papel das redes de relacionamento social. As forças normativa, regulatória e cognitiva agiriam sobre as organizações levandoas a adotar posturas semelhantes, de forma semelhante ao que Van de Ven e Hargrave (2004) chamaram de Adaptação Institucional. Para o caso específico do presente estudo, segundo a abordagem institucionalista, utiliza-se como premissa que a existência de empresas inovadoras com perfis semelhantes pode ser explicada pela ação do ambiente, que condiciona condutas parecidas entre empresas. 75 2.5.3 A Abordagem Evolucionista e os Sistemas de Inovação A ‘economia evolucionista’ constrói-se sobre a teoria comportamental e incorpora as idéias de Schumpeter, no qual as empresas tentam superar as outras com base na inovação e em novas invenções, melhorando sua ligação com o ambiente em constante mudança. De um modo geral, por esta abordagem, há duas formas de conformação das empresas. A variação pode surgir de pequenas variações nas rotinas, que acabam por se estabelecer (genealogia), ou de uma abordagem mais ecologista, com estas variações sendo selecionadas em um nível macro, ou seja, as organizações que contêm as “melhores” variações são selecionadas pelo ambiente. O mecanismo básico é retratado no modelo VSR (variação, seleção e retenção). As organizações se adaptam e são selecionadas (BAUM; RAO, 2004). A bibliografia considerada como das mais importantes para a abordagem evolucionista é a obra de Nelson e Winter (1982) – “An evolutionary theory of economic change” –, que fala sobre o papel da inovação como fonte de mudança econômica. Segundo Demers (2007), a teoria vê o sucesso da inovação como algo totalmente fora do controle do gerente. Edquist (1997) vê os Sistemas Nacionais de Inovação e algumas outras abordagens de sistemas como compatíveis com a teoria evolucionista. As mudanças tecnológicas são processos evolucionistas. 2.5.3.1 Sistemas Nacionais de Inovação Embora o presente trabalho não estude especificamente os Sistemas Nacionais de Inovação, viu-se a necessidade de trazer conceitos presentes nesta abordagem, tendo em vista que ela trata explicitamente do ambiente. A maior parte dos trabalhos sobre os Sistemas Nacionais de Inovação, incluindo os seminais – por exemplo, 76 Lundvall (1992), Nelson (1993), Patel e Pavitt (1994), Freeman (1995) e Edquist (1997) –, foca as condições nacionais, medindo seu resultado por indicadores consolidados, como o número de patentes, orçamento público para pesquisa, nível educacional da população, porte das empresas etc. A preocupação central do presente trabalho não se limita ao impacto das condições, mas inclui, ao lado de outras variáveis, a forma com que tais condições influenciam as empresas. Patel e Pavitt (1994, p.79) definem um Sistema Nacional de Inovação como “as instituições nacionais, suas estruturas de incentivos e suas competências, que determinam a taxa e a direção da aprendizagem tecnológica (ou do volume e composição das atividades geradoras de mudança) em um país”. Já Lundvall (1992, p.12) o define em um sentido mais amplo, como “todas as partes e aspectos da estrutura econômica e o set-up institucional que afetam a aprendizagem”. Para Nelson e Rosenberg (1993), o conceito de sistema é o do conjunto de atores institucionais que juntos são os principais responsáveis por influenciar a performance inovadora. Para muitos autores, as instituições são elementos centrais nos Sistemas Nacionais de Inovação. Para Patel e Pavitt (1994), as instituições incluem: as empresas, especialmente as inovadoras; as universidades e institutos de pesquisa e treinamento; e os governos, pois financiam, promovem e regulam as atividades. Já a estrutura de incentivos diz respeito a incentivos governamentais à pesquisa básica, ao balanço entre o monopólio temporário da inovação e as pressões competitivas, e de características locais, como disponibilidade de mão-de-obra, demanda e competição. 77 Alinhado a eles, para Nelson e Rosenberg (1993), as instituições incluem as empresas, os laboratórios de pesquisa industrial, as universidades, os governos (incluindo laboratórios públicos) e fornecedores. Em um estudo a respeito da experiência brasileira no apoio ao avanço técnico, Dahlman e Frischtak (1993) relacionam o sistema de inovação não só como uma rede de agentes, mas também como o conjunto de políticas, instituições e incentivos que afetam a introdução de uma tecnologia nova para a economia. Como o próprio nome indica, os Sistemas Nacionais de Inovação consideram as condições locais que facilitam a inovação. Há ainda pesquisas que avaliam diretamente as condições nacionais sobre outros enfoques, como veremos a seguir. 2.5.3.2 Efeito das Condições Nacionais sobre a Empresa Porter (1990, p.19) já afirmava que o papel do local é muito forte na competitividade – e, consequentemente, no desempenho – das empresas. “Diferenças nas estruturas econômicas, valores, culturas, instituições e histórias nacionais contribuem profundamente para o sucesso competitivo”. Lewin e Kim (2004) propõem um modelo representativo dos efeitos do país sobre a adaptação da empresa. Para eles, seis são os fatores institucionais: condições de fundação, papel do governo, sistema legal, mercado de capitais, sistema educacional e cultura. Tais fatores teriam impacto direto sobre as práticas de gestão e sobre a inovação na empresa, conforme ilustra a figura 9. As condições de fundação, citadas por Lewin e Kim (2004), são elementos que influenciam o comportamento das empresas. Os autores entendem que essas condições são compostas pelos contextos histórico, geográfico e político em que a empresa foi fundada. Tais contextos funcionam como restrições ou como incentivos e acabam por determinar a estrutura das organizações. A existência de sindicatos, situações de 78 guerra, a preferência do fundador e até a disponibilidade inicial de capital podem condicionar a forma como as empresas agirão no futuro. Fatores Institucionais: -Condições de fundação -Papel do governo -Sistema legal -Mercado de capitais -Sistema educacional -Cultura Adaptação organizacional, mudança e inovação Práticas de Gestão: -Estrutura de governança -Autoridade e controle -Relação de emprego -Paradigma estratégico Figura 9 – Modelo para os efeitos do país sobre a adaptação da empresa. Fonte: Lewin e Kim (2004, p.325). O papel do governo varia de acordo com o país, mas, exceto em situações de completo livre mercado, ele influencia as atividades econômicas normalmente pela construção de estruturas institucionais e legais para garantir o desenvolvimento e a qualidade de vida de sua população. Como afirma Castells (1999), embora o Estado não tenha a capacidade de inovar, pois não é seu papel, ele pode criar condições que incentivem a inovação nas empresas – estas, sim, loci da inovação. Ainda para Lewis e Kim (2004), o sistema legal define como os negócios são realizados. Fazem parte do sistema legal as leis comerciais, as ligadas à propriedade intelectual e as ligadas a contratos. A desconfiança no sistema legal pode levar as empresas a também agirem de forma mais cautelosa, por entenderem o ambiente como incerto. O nível de desenvolvimento do mercado de capitais é um elemento que pode afetar o comportamento das empresas. Na medida em que haja financiamento neste formato, a empresa necessariamente incorpora indicadores de desempenho que podem condicionar suas ações futuras. Embora esta relação varie bastante de país para país, a pressão exercida por acionistas é uma força a ser considerada. 79 O sistema educacional é um fator presente em algumas abordagens. Nos Sistemas Nacionais de Inovação, ele é citado como importante em vários trabalhos (LUNDVALL, 1992; NELSON, 1993; PATEL, PAVITT, 1994; FREEMAN, 1995; EDQUIST, 1997). Para Lewin e Kim (2004), o sistema educacional afeta a forma de conduta dos gerentes e dos trabalhadores, tanto no dia-a-dia quanto em ações de longo prazo. O desenvolvimento de ferramentas de gestão e o treinamento nelas interferem no conjunto das empresas, tornando-as, em alguns aspectos, mais parecidas. A cultura está relacionada à história de um país e influencia as práticas gerenciais das empresas nele localizadas. Embora as diferenças culturais sejam mais perceptíveis entre países, em um país continental como o Brasil é natural achar comportamentos bastante díspares entre regiões e em função da cultura familiar dos fundadores. Segundo Hofstede (1997, p.5), a cultura é um fenômeno compartilhado pelas pessoas que vivem ou viveram no mesmo ambiente social. A cultura é algo constantemente aprendido pelas pessoas. Sua definição de cultura é a “programação coletiva da mente que distingue os membros de um grupo de outro”. Loewe e Dominiquini (2006) apontam a importância de cultura colaborativa e incentivos para recompensar o desafio ao status quo. Para Christensen e Overdolf (2000), os valores permeiam a instituição na forma do estabelecimento de prioridades e, portanto, influenciam diretamente a capacitação da organização para lidar com mudanças radicais. DiMaggio e Powell (1983), Scott (1995), Freeman e Soete (1997), Lewin e Kim (2004) também apontam a variável cultura como importante na definição do ambiente. 80 2.5.3.3 Sistema Social da Indústria Uma outra abordagem, proposta por Van de Ven e Garud (1989), é a do Sistema Social da Indústria. Eles, ao pesquisar o surgimento de novas indústrias e o papel das firmas individuais nessa criação, sugerem uma estrutura do sistema social da indústria formada por três subsistemas: o subsistema instrumental, o de busca de recursos e o institucional. O modelo apresentado pelos autores tenta responder como uma inovação leva ao aparecimento de cadeias de suprimentos completamente novas. O subsistema instrumental incorpora a definição econômica de indústria. Para a empresa, traduz-se na possibilidade de tomada de decisão do tipo fazer ou comprar (“make or buy”). Algumas inovações podem apenas se viabilizar se a empresa incorporar outras atividades integrando-se verticalmente. Por outro lado, a existência de determinado tipo de indústria pode condicionar o tipo de solução. Williamson (1985) argumenta que tais decisões são condicionadas pelos custos de transação, que representam o quanto custa à firma submeter-se às incertezas do ambiente e ao oportunismo dos agentes e investir em ativos específicos à transação. Atrelado ao instrumental, o subsistema de busca de recursos está relacionado à viabilização das atividades proprietárias da empresa. Três são os tipos de recurso: o conhecimento científico e tecnológico, o financiamento e recursos humanos competentes. O conhecimento científico e tecnológico envolve sua produção através da pesquisa e sua difusão. O financiamento engloba o apoio à pesquisa, capital de risco e outros instrumentos financeiros. Recursos humanos competentes dependem de treinamento. O subsistema institucional inclui a governança ou as regras da ação coletiva, formada pelas normas, costumes e leis. A governança facilita ou inibe o surgimento de novas tecnologias e indústrias. O subsistema também inclui a legitimidade, através da criação de confiança. Ela pode se materializar através da obtenção de licenças ou certificados, existência de conselhos etc. 81 Há dois níveis de inter-relações entre subsistemas e o comportamento individual das empresas na indústria. Um deles trata das ligações entre subsistemas. Algumas atividades situam-se em mais de um subsistema. A alocação de recursos para pesquisa, em uma perspectiva technology-push, é vista como inerente ao subsistema de busca de recursos, já que a pesquisa é um recurso em si. Em uma perspectiva demand-pull, ela é vista como inerente ao subsistema instrumental, já que a pesquisa não é central, mas apenas um insumo provido muitas vezes por terceiros. A criação e adoção de padrões industriais, ao mesmo tempo em que eleva a confiança e reduz os custos de fabricação, inibem outras rotas tecnológicas. Assim sendo, uma novidade, que inicialmente faz parte do subsistema de busca de recursos, ao se tornar um padrão definido, por exemplo, por agências reguladoras ou por associações, passa a fazer parte do subsistema institucional. Torna-se uma regra que regula a ação coletiva. A dinâmica entre subsistema pode ser ainda mais fluida, considerando-se que a aplicação comercial do conhecimento básico pode circular entre uma perspectiva technology-push e uma demand-pull, tendo em vista sua complementaridade (MOWERY; ROSENBERG, 1979). Um segundo nível de inter-relação no sistema social da indústria está presente nas ligações entre firmas individuais. Tendo em vista que uma firma isoladamente pode desempenhar apenas um conjunto limitado de papéis, ela naturalmente depende de outros atores. Dentro de cada subsistema, a empresa tende a fazer suas escolhas estratégicas e delegar os demais pontos a outras organizações. As ligações entre firmas são bastante complexas, tendo em vista que podem ter elementos cooperativos (fornecedores, consumidores, distribuidores ou até competidores, quando estes forem fornecedores complementares para os mesmos clientes) e competitivos em cada relação e que pode haver laços múltiplos interfirmas (trocas de recursos entre empresas, participação em fóruns e comitês, contratação de pessoal de concorrentes, amizade etc.). 82 2.5.4 Outras Influências Externas à Empresa na Propensão a Inovar A influência de fatores externos à empresa na propensão a inovar aparece em trabalhos de diversos autores. Um deles, Rosenberg (1976), ao estudar a forma como as demandas tecnológicas surgem, apontou que alguns mecanismos de indução compreendem fatores externos. Para ele, o desenvolvimento de melhores motores, por exemplo, levaria ao desenvolvimento de melhores freios. Em outras palavras, a inovação em um determinado segmento pode estimular outra em segmento diverso. Da mesma forma, fala também de fatores sociais e políticos, citando como exemplo o estímulo à mecanização levantado por constantes greves de empregados e a quebra de fornecimento ocorrida em situações extremas, como uma guerra. Libaers (2008), ao estudar as inovadoras seriais, aponta que dois fatores importantes na propensão a seu surgimento são a localização e a existência de parcerias. Mais especificamente, ele estuda o papel e o impacto das aglomerações industriais e do contexto espacial na performance dessas empresas. Feldman (1993, p.417) afirma que “o processo de introdução de novos produtos no mercado é facilitado pela localização. Inovações de produto tendem fortemente a se aglomerar em estados que contenham concentrações de atividade inovadora”. Com uma perspectiva alinhada à de Feldman, Malerba (2002, p.260), em seus estudos sobre Sistemas Setoriais de Inovação, cita que “as fronteiras geográficas são um elemento importante a ser considerado na maior parte das análises de sistemas setoriais. [...] Frequentemente um sistema setorial é altamente localizado e define a especialização de todo o local”. Da mesma forma, abordando a questão da localidade, a OECD (2005, p.48) menciona que “a presença, por exemplo, de instituições locais de pesquisa pública, grandes empresas dinâmicas, aglomerações de indústrias, capital de risco e um forte ambiente empresarial podem influenciar o desempenho inovador das regiões”. 83 Em outras palavras, a presença das instituições gera um círculo virtuoso de promoção da inovação. Há autores (p.e. IBRAHIM et al., 2006) que afirmam haver, inclusive, uma influência de clusters localizados na criatividade de inventores. Embora Audretsch (2003) levante dúvidas sobre a importância da localização, tendo em vista a relativização das distâncias provocada pelo fenômeno da globalização e do desenvolvimento de meios de comunicação mais eficazes, ele cita que não é o fato de haver concentração de trabalho especializado, fornecedores e informação que distingue um cluster. Para ele, uma variedade de instituições que oferecem serviços técnicos, financeiros e de relacionamento não estaria disponível para empresas isoladas. São justamente as aglomerações regionais de empresas que tornam o ambiente propício ao desenvolvimento de serviços auxiliares. Também para Freeman e Soete (1997, p.311), a proximidade geográfica tem grande importância. Eles afirmam que “a proximidade geográfica e cultural de usuários avançados e uma rede de relacionamentos usuário-produtor institucionalizada (mesmo que frequentemente informal) são uma fonte importante de capacidade de atualização”. Conclui-se, considerando-se também a afirmação da OECD (2005, p.48), que “diferenças regionais nos níveis de atividade de inovação podem ser substanciais”, que o local é fator a considerar no presente estudo. Alguns autores (MALERBA, 2002; PAVITT, 1984; TIDD et al., 2001) levantam a existência de diferenças substanciais em relação aos setores econômicos em que atuam as empresas inovadoras. Libaers (2008) também menciona esse comportamento em seu estudo sobre as inovadoras seriais. Pavitt (1984) sugere que as diferenças entre os setores são responsáveis pelo crescimento de algumas empresas e pela manutenção de empresas em um porte pequeno. Assim, a longevidade de pequenas empresas seria o resultado de determinadas condições setoriais. Para ele, as mudanças técnicas são 84 condicionadas pelos setores, pois boa parte do conhecimento tecnológico é facilmente reproduzível e específico ao setor. Malerba (2002, p.250) define um sistema setorial de inovação e produção como um “conjunto de produtos novos e estabelecidos para usos específicos e o conjunto de agentes interagindo no mercado e fora dele para a criação, produção e venda desses produtos”. Para ele, os sistemas setoriais teriam bases de conhecimento específico e demandariam tecnologia de forma a que o conjunto de empresas em um determinado setor tenderia a evoluir de forma similar. Assim sendo, além do local, o setor aparece como variável importante do ambiente em que as empresas se encontram. Fontana et al. (2005) realizaram uma análise empírica dos determinantes da cooperação em pesquisa entre empresas e organizações de pesquisa públicas. Para eles, a propensão a estabelecer um acordo de cooperação depende do tamanho absoluto da empresa – medido pelo número de empregados – e do seu grau de abertura para o meio externo. Para eles, ainda, normalmente grandes empresas e start-ups possuem uma probabilidade mais alta de se beneficiar da pesquisa acadêmica. Resultado parecido foi achado por Cohen et al. (2002), que acharam que “a influência da pesquisa pública no P&D industrial é desproporcionalmente maior para empresas maiores e start-ups”. Tidd et al. (2001), no entanto, citam que empresas menores diferem das maiores em termos de acesso a recursos, por exemplo, o que acaba motivando-as a desenvolver mais parcerias. Além disso, Mohnen e Hoareau (2002) tentaram descobrir os fatores que encorajavam as empresas a procurar informação em universidades e laboratórios públicos ou colaborar com essas instituições em um estudo com informações da segunda Community Innovation Surveys (CIS-2) para a França, a Alemanha, a Irlanda e a Espanha. Um dos resultados mostrou que a colaboração informal em inovação é uma característica de grandes empresas, de empresas que patenteiam ou das que recebem apoio do governo para inovar. 85 Gonçalves Neto (1986), em seu estudo sobre a industria química britânica, encontrou uma significativa relação entre tamanho de empresa e intensidade de colaboração em pesquisa com universidades. Segundo o autor, isto talvez não significasse que pequenas empresas não quisessem colaborar com universidades, mas sim que as universidades talvez não tivessem ainda prestado muita atenção às reais necessidades das empresas de menor porte ou às melhores formas de se colaborar com tais empresas. As parcerias para inovação parecem exercer importante influência sobre o processo de inovação, como já haviam alertado Langrish et al. (1972) e Johnson (1973). Libaers (2008) também levanta como hipótese que as parcerias seriam fundamentais para a existência de inovadoras seriais. Conclui-se, portanto, que embora nem sempre sejam citadas de forma direta na bibliografia que serve de sustentação teórica do presente estudo, as variáveis local, setor e parcerias devem ser consideradas como elementos do ambiente. 2.5.5 Síntese das Variáveis Relacionadas ao Ambiente A partir da revisão discutida neste capítulo, identificou-se uma série de variáveis ambientais que influenciam na propensão a inovar das empresas. Legislação Vários autores (STEINER, 1975; DIMAGGIO; POWELL, 1983; VAN DE VEN; GARUD, 1989; PATEL; PAVITT, 1994; SCOTT, 1995; LEWIN; KIM, 2004) citam a importância da legislação na propensão a inovar. O marco legal de propriedade intelectual especificamente chama a atenção por estar diretamente relacionado às atividades de P&D. As chamadas forças regulatórias (SCOTT, 1995) de uma forma geral são entendidas como importantes limitantes dos investimentos. 86 Disponibilidade de Financiamento A questão do crédito ao inovador está presente desde a obra de Schumpeter (1961). Como confirma Duggan (1996, p.506), “a provisão do tipo e quantidade corretos de financiamento é um elemento-chave no processo de inovação tanto para grandes quanto pequenas empresas”. Langrish et al. (1972) apontam a disponibilidade de recursos como condicionante do sucesso, assim como menciona financiamentos do governo como possíveis promotores da inovação. Van de Ven e Garud (1989) também indicam que o financiamento faz parte dos recursos necessários à empresa para inovar. Outros autores (PATEL; PAVITT, 1994; LEWIN; KIM, 2004) também apontam esta importância. O financiamento, portanto, parece ser de fundamental importância no processo de inovação de empresas de qualquer porte. Educação e Treinamento O nível educacional é frequentemente apontado como requisito para o surgimento de empresas mais tecnologicamente avançadas e é largamente utilizado nas pesquisas sobre os Sistemas Nacionais de Inovação (vide, por exemplo, Nelson (1993)). Outros autores (DIMAGGIO; POWELL, 1983; VAN DE VEN; GARUD, 1989; FREEMAN; SOETE, 1997; LEWIN; KIM, 2004) também apontam a importância desse quesito, visto que há uma clara distinção entre tais níveis na população de países desenvolvidos se comparados com os de países em desenvolvimento. A presença ou a ausência de pessoal treinado pode, portanto, interferir na propensão a empresa inovar. Nível de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Há duas formas pelas quais outros integrantes da cadeia produtiva podem incentivar a inovação na empresa. A primeira delas é exercendo uma pressão para que a empresa mude. Ao alterar o projeto de determinado produto, a empresa pode levar os fornecedores a também transformar seus produtos (ROSENBERG, 1976; 87 NELSON; ROSENBERG, 1993). É um poder que a empresa pode possuir (PORTER, 1990), embora seja importante frisar que a pressão não necessariamente significa uma imposição do capitão do canal. Ela pode ser ocasionada por uma mera alteração na demanda. A segunda forma se dá como um suporte, deliberado ou não. A existência de fornecedores de bens de capital bem estruturados na cadeia pode facilitar a difusão de determinada inovação. A inovação beneficia-se da existência de fornecedores capacitados, evitando uma excessiva verticalização. Tornam-se, portanto, um instrumento importante a considerar (VAN DE VEN; GARUD, 1989). Patel e Pavitt (1994) apontam a importância da demanda (clientes), assim como Langrish et al. (1972). Os clientes determinam a necessidade de introdução de uma inovação e, consequentemente, seu sucesso. É interessante notar também que o estímulo pode partir do mecanismo de rivalidade apontado no Modelo das Cinco Forças (PORTER, 1979), já que o lançamento de inovações tende a provocar uma reação da concorrência. Na mesma linha, e pelo mesmo motivo, Utterback e Suárez (1993) colocam a inovação como intimamente relacionada à competição e à estrutura da indústria. Produtos substitutos e novos entrantes (PORTER, 1979) podem ser considerados também como parte da concorrência. Os novos entrantes configuram uma concorrência potencial, enquanto que os produtos substitutos incorporam uma visão mais ampla da concorrência real. Governo Castells (1999) afirma que, embora o Estado não tenha a capacidade de inovar, pois não é seu papel, ele pode criar condições que incentivem a inovação nas empresas. Além dos incentivos, Porter (1990) cita ainda questões relacionadas à regulação, impostos e grau de abertura da economia como fatores institucionais que condicionam o comportamento das empresas. Para Patel e Pavitt (1994), os governos são importantes, pois financiam, promovem e regulam as atividades das 88 empresas. Os governos também são, normalmente, os responsáveis pelo financiamento da pesquisa básica nos países. Outros autores, como Langrish et al. (1972), Steiner (1975), Rosenberg (1976), Dahlman e Frischtak (1993), Nelson e Rosenberg (1993), Scott (1995), Lewin e Kim (2004), também apontam a participação do governo como de grande importância. Localização A variável localização geográfica é estudada por Libaers (2008) e, segundo ele, não parece estar relacionada diretamente a empresas altamente inovadoras. Isso curiosamente contraria vários estudos sobre clusters tecnológicos, como, por exemplo, os já citados Feldman (1993), Ibrahim et al. (2006) e Malerba (2002). Para eles, a localização das empresas influencia sua propensão a inovar. Parcerias A existência de parcerias externas para a inovação é mencionada por Libaers (2008) e parece estar relacionada diretamente a empresas que inovam de forma sistemática. Johnson (1973) já mencionava em seus trabalhos a importância das parcerias como insumo para o desenvolvimento de pesquisa. Langrish et al. (1972) relacionava algumas possibilidades para interação, como universidades, governo, licenciamento de outras empresas e clientes. Acesso a Informações Científicas e Tecnológicas O acesso a informações científicas e tecnológicas é mais claramente citado na obra de Van de Ven e Garud (1989), na qual a difusão dessas afirmações é tão importante quanto sua produção. O acesso a informações contidas em patentes, por exemplo, é responsável pela possibilidade de desenvolvimento de medicamentos genéricos. 89 Segundo Freeman e Soete (1997), tais informações envolvem sua busca em revistas e artigos técnicos e científicos, assim como a participação em feiras, congressos e eventos técnicos. O acesso pode ser bastante facilitado se a empresa empregar funcionários treinados nas linguagens em que se apresentam tais informações. Um doutor em agronomia, por exemplo, pode permitir a uma empresa agrícola acessar e entender pesquisas avançadas realizadas por outras empresas ou por centros de pesquisa pelo mundo. Da mesma forma, Langrish et al. (1972, p.70) ainda citam que um dos fatores que mais atrasam as inovações é que alguma outra tecnologia pode ainda não ter sido suficientemente desenvolvida. Para eles, “em muitos casos uma inovação era possível mas não poderia ser desenvolvida com sucesso até que outra tecnologia fosse alcançada”. Cultura e Costumes Nacionais Loewe e Dominiquini (2006) apontam a importância de cultura colaborativa e incentivos para recompensar o desafio ao status quo. Para Christensen e Overdolf (2000), os valores permeiam a instituição na forma do estabelecimento de prioridades e, portanto, influenciam diretamente a capacitação da organização para lidar com mudanças radicais. DiMaggio e Powell (1983), Scott (1995), Freeman e Soete (1997), Hofstede (1997), Lewin e Kim (2004) apontam a variável cultura como importante na definição do ambiente e do perfil da empresa. Já os costumes fazem parte das regras da ação coletiva (VAN DE VEN; GARUD, 1989) e representam a tendência a replicar comportamentos passados. Pode-se entender como um tipo de inércia comportamental que afetaria as empresas. Empresas inovadoras, portanto, tenderiam a se manter inovadoras; enquanto que as não inovadoras tenderiam a continuar na mesma situação. 90 Redes de Relacionamento Baseado nas categorias levantadas por Langrish et al. (1972), observa-se que as fontes de ideias podem configurar relacionamentos informais, não considerados como parcerias. Ideias podem surgir a partir da integração de um novo funcionário, com experiências diversas, da literatura técnica, de concorrentes, de amigos e familiares, de consultorias, entre vários outras fontes. Entender sua origem pode dar uma importante contribuição sobre os relacionamentos das empresas inovadoras. Legitimidade A legitimidade pode ser entendida como a criação de confiança e reputação frente aos stakeholders da empresa (VAN DE VEN; GARUD, 1989). Empresas, na busca de uma boa imagem, podem fazer uso da adoção de práticas de governança corporativa, licenciamento e utilização de selos, a associação a empresas já de renome, propaganda e marketing e a construção de uma marca, normalmente associada ao desempenho de seus produtos. Como também citado por DiMaggio e Powell (1983), Lewin et al. (2004) e Demers (2007), a legitimidade em si e sua busca são atributos importantes para o sucesso de uma empresa e, portanto, podem influenciar o desempenho de uma inovação. Condições de Fundação Lewin e Kim (2004) levantam a necessidade de considerar as condições de fundação como elementos que influenciam o comportamento das empresas. Por condições de fundação, os autores entendem os contextos histórico, geográfico e político em que a empresa foi fundada. Embora alguns autores defendam que, ainda que as condições de fundação influenciem a sobrevivência das empresas, elas são transitórias, consideramos importante sua avaliação no presente estudo, pois alguns de seus impactos são permanentes (GEROSKI et al., 2010). 91 Tendo em vista que o local já é considerado como variável no presente estudo, trabalharemos as condições de fundação apenas quanto aos contextos histórico e político. Setor Como já ilustrado nos trabalhos citados de Malerba (2002), Pavitt (1984) e Tidd et al. (2001), há diferenças entre setores na propensão a inovar. Pertencer a determinado setor implica em dar maior ou menor ênfase a aspectos relacionados à inovação tecnológica. Governança Segundo Lewin e Kim (2004), o nível de desenvolvimento do mercado de capitais é um elemento que pode afetar o comportamento das empresas, pois a empresa com acionistas terceiros naturalmente sofre pressão deste grupo para adotar determinado comportamento. Assim sendo, parece haver uma diferença entre empresas geridas pela família fundadora ou por executivos profissionais na percepção de pressões externas. O segundo grupo seria muito mais susceptível a tais pressões, já que seu desempenho é monitorado pelos acionistas. As componentes a avaliar, portanto, incluiriam o formato societário da empresa e o nível de profissionalização de sua gestão. O Quadro 4 resume as variáveis apresentadas. Note-se que a variável “Parcerias” foi considerada como componente da variável “Redes de Relacionamento”. 92 Quadro 4 – Resumo das variáveis do estudo (fatores externos) Variável Legislação • • Disponibilidade Financiamento Educação Treinamento Componentes Legislação em geral Propriedade intelectual Recursos financeiros Disponibilidade de pessoal treinado de • e • Nível de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva • Fornecedores • Clientes • Concorrência (existente, novos entrantes e substitutos) Compras governamentais Políticas públicas Apoio à pesquisa Incentivos Localização Governo • Localização • • • • Acesso a Informações Científicas e Tecnológicas Cultura e Costumes nacionais Redes de Relacionamento • Disponibilidade informações científicas tecnológicas Cultura • • Costumes Parcerias com ICTs • Laços interfirmas • Outros laços relacionais Legitimidade • Legitimidade • Condições fundação Setor Governança de • • • • • Fonte: Elaboração própria. de Contexto histórico Contexto político Setor Formato societário Profissionalização da gestão Autores Steiner (1975), DiMaggio e Powell (1983), Van de Ven e Garud (1989), Patel e Pavitt (1994), Scott (1995), Lewin e Kim (2004) Van de Ven e Garud (1989), Patel e Pavitt (1994), Duggan (1996), Lewin e Kim (2004) DiMaggio e Powell (1983), Van de Ven e Garud (1989), Nelson (1993), Freeman e Soete (1997), Lewin e Kim (2004) Rosenberg (1976), Van de Ven e Garud (1989), Nelson e Rosenberg (1993) Langrish et al. (1972), Van de Ven e Garud (1989), Patel e Pavitt (1994) Porter (1990) Langrish et al. (1972), Steiner (1975), Rosenberg (1976), Porter (1990), Dahlman e Frischtak (1993), Nelson e Rosenberg (1993), Patel e Pavitt (1994), Scott (1995), Castells (1999), Lewin e Kim (2004) Porter (1990), Feldman (1993), Freeman e Soete (1997), Malerba (2002), Audretsch (2003), Ibrahim et al. (2006), Libaers (2008) Van de Ven e Garud (1989), Freeman e Soete (1997) e DiMaggio e Powell (1983), Scott (1995), Freeman e Soete (1997), Christensen e Overdolf (2000), Lewin e Kim (2004), Loewe e Dominiquini (2006) Van de Ven e Garud (1989), Scott (1995) Langrish et al. (1972), Gonçalves Neto (1986), Nelson e Rosenberg (1993), Tidd et al. (2001), Cohen et al. (2002), Fontana et al. (2005), Libaers (2008) Langrish et al. (1972), Van de Ven e Garud (1989), Freeman e Soete (1997) Langrish et al. (1972), Scott (1995) DiMaggio e Powell (1983), Van de Ven e Garud (1989), Lewin et al. (2004), Demers (2007) Lewin e Kim (2004), Geroski et al. (2010). Pavitt (1984), Tidd et al.(2001), Malerba (2002) Lewin e Kim (2004) 93 2.6 FATORES INTERNOS Como visto, há fatores externos à empresa que são importantes para assegurar um ambiente propício à inovação. Como já demonstramos anteriormente, há diferenças nos ambientes que de fato se refletem na conduta das empresas. É neste ponto que se baseiam os estudos relacionados a Sistemas Nacionais de Inovação. Porém, como alerta Nelson (1991), não é possível resumir as diferenças apenas ao ambiente. Nelson (1991, p.72) muito bem sintetizou a necessidade de se observar as diferenças entre as empresas. Para ele, “Os estudantes de administração de empresas, em particular aqueles que trabalham na área de estratégia, tratam as diferenças entre empresas como algo trivial. Os economistas tendem a minimizar essas diferenças ou a argumentar que elas são o resultado não a causa das diferenças gerais na economia. Em boa parte, a diferença nos pontos de vista são consequência de diferenças nos interesses básicos – o estudante de administração está preocupado com o destino das empresas individualmente, enquanto que os economistas estão interessados na performance econômica de uma indústria ou de uma nação. Mas eu argumento que a falta de interesse dos economistas nas diferenças entre empresas decorre também de uma visão teórica particular sobre a atividade econômica e sobre o papel e o comportamento das empresas. Se alguém tomar a visão da atividade econômica como evolucionária ao invés da neoclássica, então as diferenças entre empresas importam muito em relação a fatores que tradicionalmente são a preocupação central dos economistas. A competição pode ser vista não apenas sobre incentivos e pressões para a manutenção de preços em linha com os mínimos custos viáveis, mas, muito mais importante, sobre explorar novas formas potencialmente melhores de fazer as coisas.(...) A diversidade de empresas é um aspecto essencial dos processos que criam o progresso econômico.” Seu argumento traz a necessidade de avaliar a possibilidade de que os fatores externos isoladamente não possam explicar o desempenho das empresas. Assim, não é possível omitir autores que apontam fatores internos à empresa como também importantes e às vezes decisivos sobre seu desempenho inovador. De fato, é razoável imaginar que duas empresas sujeitas ao mesmo ambiente, no mesmo setor, podem agir de forma completamente diferente em relação à inovação. As características que as tornam diferentes uma das outras, que chamaremos aqui de “fatores internos”, constituem o foco deste item. Tomamos como ponto de partida para uma revisão desses fatores, os trabalhos de Langrish et al. (1972), Freeman e Soete (1997), Tidd et al. (2001) e Loewe e 94 Dominiquini (2006), além de outros trabalhos mais pontuais sobre cada um dos construtos. Também fazemos uma introdução sobre algumas das teorias que trazem pontos importantes sobre a contribuição dos fatores internos sobre a inovação, como a Visão Baseada em Recursos e a Perspectiva das Capacitações Dinâmicas. 2.6.1 Internalização e Percepção sobre os Fatores Ambientais Ainda que, em alguns casos, as variáveis relacionadas ao ambiente tenham influência direta sobre as organizações, ao reconhecermos que duas empresas sujeitas às mesmas condições podem ser diferentes, estamos acrescentando um fator relacionado à internalização das informações externas. Essa internalização não ocorre de forma perfeita por vários motivos. Para Stiglitz (2000, p.1441), sua origem vem do “reconhecimento que a informação é imperfeita, que obtê-la pode custar caro, que nela há assimetrias importantes e que a extensão dessas assimetrias é afetada pelas ações das firmas e dos indivíduos”. Embora a preocupação de Stiglitz (2000, p.1469) estivesse mais focada nos mercados financeiros, ao reconhecer que uma questão central é “como a economia se adapta à informação nova, cria conhecimento novo e como esse conhecimento é disseminado, absorvido e utilizado”, o autor mostra que a economia como um todo estaria sujeita à informação que é disponibilizada. A forma como cada organização transforma a informação e a utiliza pode gerar impactos em seu perfil. A esse mecanismo de transformação e internalização das informações daremos o nome de percepção. Quando, por exemplo, uma nova política ou mesmo novos instrumentos para promoção da inovação são divulgados pelo governo, há uma transmissão de informações ao público. Estas podem ser compreendidas totalmente, parcialmente ou não serem compreendidas. A percepção, portanto, assume um papel importante 95 na eficácia das políticas, tendo em vista que o comportamento das empresas pode diferir da intenção do legislador e do agente público. Embora se possa perceber um padrão em diversos fatores ambientais (uma linha de financiamento, por exemplo, terá regras aplicáveis a todos; a legislação é comum a todos; etc.), a informação passa por diversos filtros antes de atingir o interessado. Antes de tudo, deve haver a exposição a esta informação. Se ela não atinge a empresa de alguma forma, não há como ela influenciá-la. Os problemas nessa exposição podem vir da inexistência de um receptor qualificado (tão claro quanto é preciso saber a língua inglesa para ler um texto escrito em inglês, há fatores cujo entendimento só é possível com uma compatibilidade dos níveis de repertório do emissor e do receptor), de problemas na transmissão dessa informação ou do emissor. Assim, além de a informação estar sujeita a uma série de ruídos, que não trataremos no presente estudo, ela está sujeita também a determinados filtros, como a percepção ou a mesmo a falta dela. Portanto, ao medir a influência dos fatores externos, estaremos avaliando, na verdade, como – e se – a empresa percebe esses fatores. 2.6.2 Visão Baseada em Recursos Em seu artigo seminal, Barney (1991, p.101) introduz a Visão Baseada em Recursos (VBR, ou RBV em sua versão inglês). Para ele, “os recursos das empresas incluem todos os ativos, capacidades, processos organizacionais, atributos da empresa, informação, conhecimento etc. controlados por uma empresa e que a habilite a conceber e implementar estratégias para melhorar sua eficácia e sua eficiência”. Porém, ele argumenta que nem todos são relevantes para as empresas, apenas os recursos valiosos, raros e não perfeitamente imitáveis ou substituíveis. Os recursos, portanto, ajudariam a entender a heterogeneidade entre as empresas. 96 Críticos desta visão alertam que, embora importantes, não são os recursos que determinam as diferenças entre as empresas, mas sua aplicação (GRANT, 1991), que é entendida como uma capacidade da empresa. 2.6.3 Perspectiva das Capacitações Dinâmicas Há uma ligação entre a Perspectiva das Capacitações Dinâmicas e a Visão Baseada em Recursos, que apresentam algumas similaridades presentes até nas próprias definições. Um meta-estudo realizado por Acedo et al. (2006) demonstra essas várias ligações. Para Teece et al. (1997, p.516), as capacitações dinâmicas são “habilidades da empresa de integrar, construir e reconfigurar suas competências internas e externas para atender ambientes de rápida mudança”. Por esta perspectiva, a empresa inovadora busca competir pela evolução de suas competências, que lhe darão suporte ao desenvolvimento de produtos e serviços diferenciados. O desenvolvimento de competências centrais (cf. PRAHALAD; HAMEL, 1990) difíceis de replicação por seus concorrentes faria parte da gestão estratégica da empresa. Em resumo, a perspectiva das capacitações dinâmicas se preocupa com a identificação de capacidades específicas da empresa que são potenciais fontes de vantagem competitiva e com a explicação de como as combinações de competências e recursos podem ser desenvolvidas, empregadas e protegidas. As capacitações dinâmicas incluiriam desde competências internas, referentes aos recursos tangíveis e intangíveis e processos a eles relacionados, quanto externas, referentes à sua interação com o meio via formação de redes e acesso a informação externa (ARNOLD, 1998). 97 2.6.4 Modelo de Loewe e Dominiquini Loewe e Dominiquini (2006) apresentam um modelo para aumentar a eficácia em inovação a partir da transposição de problemas internos à empresa. Para eles, “para se tornar um inovador serial de sucesso, é necessária uma abordagem sistêmica direcionada a quatro fatores que causam a ineficácia na inovação” (p.25). A Figura 10 apresenta os fatores descritos pelos autores. Liderança e Organização Eficácia na Inovação Processos e Ferramentas Cultura e Valores Pessoas e Habilidades Figura 10 – Fatores para uma capacidade de inovação sistemática Fonte: Loewe e Dominiquini, 2006, p.25. Os fatores ‘liderança e organização’, ‘cultura e valores’, ‘pessoas e habilidades’ e ‘processos e ferramentas’ e suas inter-relações seriam responsáveis pela maior eficácia no processo de inovação. Para eles, um foco na melhoria desses fatores levariam a empresa a não se deparar com alguns dos maiores obstáculos à inovação: o foco no curto prazo; a falta de tempo, recursos ou pessoal; a expectativa muito otimista dos líderes sobre o tempo para se atingir os resultados desejados; o fato de os incentivos para a administração não estarem estruturados para recompensar a inovação; a falta de um processo de inovação sistemático; e a crença de que o risco é inerente à inovação. 2.6.5 Variáveis Relacionadas ao Ambiente Interno A partir da revisão discutida neste capítulo, identificou-se uma série de variáveis internas que influenciam na propensão a inovar das empresas. 98 Liderança Para o desenvolvimento de uma capacidade de inovação sistêmica, Loewe e Dominiquini (2006) apontam a importância de líderes visionários e alinhamento da organização sobre uma definição comum de inovação. Morris (2006, p.11) sentencia de forma mais enfática: “não há inovação sem liderança”. Embora não mencionem a palavra liderança, Langrish et al. (1972, p.15-16), de certa forma, também a consideram um fator importante ao citar o papel dos administradores e dos pesquisadores criativos. Para eles, tais indivíduos desempenham um papel-chave, seja por “ocuparem uma posição de alguma autoridade na organização inovadora”, seja por caracterizarem-se como dotados “de grande criatividade em termos de pesquisa e desenvolvimento”, assumindo, portanto, uma liderança técnica. Tidd et al. (2001) seguem na mesma linha, considerando que essas pessoas-chave por vezes têm seu nome associado a inovações famosas. Os autores citam os exemplos de James Dyson, inventor de um revolucionário limpador a vácuo, e de Edwin Land, do processo fotográfico da Polaroid, mas é possível enumerar outros casos ainda mais conhecidos, como Steve Jobs e Bill Gates. Para os autores, além da liderança técnica, há o patrocinador, que é uma pessoa com poder, influência, capacidade de promover o projeto internamente e que acredita no projeto, e o chamado “technological gatekeeper” (ou porteiro tecnológico na tradução literal), que são responsáveis por fazer fluir a informação, criando oportunidades através de seu networking. Maidique (1988, 565-566) também faz um estudo sobre os papéis dos indivíduos na inovação tecnológica. Para ele, “a inovação de sucesso requer uma combinação especial de papéis empreendedor, gerencial e tecnológico”, enquanto que, em um estudo mais voltado à inovação radical, McDermott e O’Connor (2002, p.432) sugerem que 99 “onde faltam sistemas de apoio, processo e infraestrutura para gestão sistemática da inovação radical na empresa, seu sucesso e direção são dependentes de indivíduos fortes e persistentes e, portanto, a importância de campeões individuais para a inovação radical é aumentada”. Loewe e Dominiquini (2006) sugerem avaliar a liderança segundo a capacidade de comunicar, a iniciativa, suas decisões e as pressões sobre ele exercidas. Organização Interna Embora haja uma grande literatura sobre arquétipos estruturais, destacando-se principalmente os trabalhos de Mintzberg (2003), não é objetivo da presente pesquisa discorrer sobre esses tipos. A concentração estará em aspectos mais gerais apresentados na literatura dedicada à inovação tecnológica, em especial, questões relacionadas à formalização e à disponibilidade de recursos. Veja-Jurado et al. (2008) citam a competência organizacional, relacionada ao estilo da administração, aos sistemas de comunicação e às equipes, como determinantes da inovação. Terziovski (2010, p.897), em estudo sobre as pequenas e médias empresas industriais, afirma que a estrutura formal condiciona positivamente a performance dessas empresas. Para ele, “A formalização é, portanto, importante para que as pequenas e médias empresas industriais melhorem sua performance. (...) A estratégia de inovação e a estrutura formal são fatoreschave da inovação que levam a alta performance das pequenas e médias empresas”. Tidd et al. (2001, p.317-318) afirmam ainda que: “Independentemente de quão bem desenvolvidos são os sistemas para definir e desenvolver produtos e processos inovadores, é improvável que eles tenham sucesso a menos que envolvidos em um contexto organizacional favorável. Atingir isso não é fácil; envolve criar estruturas e processos organizacionais que permitam que a mudança tecnológica prospere”. De fato, há alguns estudos empíricos que apontam que a organização de departamentos (ou setores) dedicados a pesquisa e desenvolvimento (CASTRO, 2008) ou de espaços dedicados à criatividade (MOULTRIE, 2007) tem impacto no desempenho inovador das empresas. 100 Há, portanto, autores que sugerem que um grau de formalização dos processos de inovação é benéfico para as empresas, resultando em um desempenho inovador melhor. A existência de recursos financeiros e humanos também é apontada como importante, assim como questões relacionadas ao tamanho da equipe de pesquisa (LANGRISH et al., 1972). Processos e Ferramentas Como Loewe e Dominiquini (2006, p.26) argumentam, “Fala-se para as pessoas inovarem, mas as empresas não fornecem os processos e ferramentas que eles precisam para ter sucesso. Outras empresas vão para o outro extremo implementando processos rigorosos que retiram a essência de possíveis inovações ao invés de nutrir as boas ideias transformando-as em melhores”. Os autores apontam que os processos eficientes normalmente possuem como características: “permitir a divergência”, “sintetizar as ideias individuais em plataformas maiores antes de selecioná-las para desenvolvimento”, “utilizar experimentos para testar pressupostos críticos e refinar o modelo de negócio antes da definição final” e “ajustar o critério de avaliação por todo o processo para refletir o estágio de desenvolvimento da inovação” (LOEWE, DOMINIQUINI, 2006, p.26-27). Para o desenvolvimento de uma capacidade de inovação sistêmica, Loewe e Dominiquini (2006) apontam a importância de se ter processos estruturados para tornar possível a geração de ideias, sua elaboração e a gestão de seu portfólio. Veja-Jurado et al. (2008) também citam a competência tecnológica como determinante da inovação. Para Christensen e Overdolf (2000), os processos são padrões de interação, de coordenação, de comunicação e de processo decisório que os empregados usam para transformar recursos em produtos e serviços de maior valor. Para eles, muitas das empresas falham justamente em desenvolver processos capazes de criar produtos de sucesso e de inovar sistematicamente. 101 Já Tidd et al. (2001, p.48) afirmam categoricamente que “nosso argumento nesse livro [Managing Innovation] é que a bem-sucedida gestão da inovação significa basicamente construir e aperfeiçoar rotinas eficazes”. Assim sendo, o processo assume um papel extremamente importante no resultado. Em outras palavras, sugere-se que empresas que adotem metodologias para a gestão da inovação, controle dos processos e promovam a comunicação e a interação entre grupos, tendem a ter um melhor desempenho em inovação. Segundo os parâmetros sugeridos por Loewe e Dominiquini (2006), avalia-se os processos segundo a eficiência, a usabilidade e a disponibilidade. Cultura e Valores das Empresas Ainda que já tenhamos apresentado os conceitos relativos a cultura anteriormente neste trabalho, há uma diferença entre o que observaremos nos dois momentos. Quando considerada como um fator externo, a preocupação é entender a influência da cultura local sobre a empresa, enquanto que, neste momento, a preocupação se volta a entender a cultura inerente às organizações. Ainda que haja um reflexo das culturas nacionais sobre as empresas, como apontado por Hofstede (1997), as empresas também desenvolvem a própria cultura e valores. Pontos importantes destacados por Loewe e Dominiquini (2006) incluem a cultura colaborativa e os incentivos à criatividade. Outros fatores inerentes à empresa são a resistência a novas ideias ou a forte ligação às antigas (LANGRISH et al., 1972). É interessante notar que o aprendizado organizacional pode ajudar a construir a cultura da empresa. O reconhecimento público pode ser também um sinal de uma cultura estabelecida. Pessoas e Habilidades Ainda que Langrish et al. (1972) tenham apontado a existência de pessoas-chave, tais como gerentes e pesquisadores, como importante para o processo de inovação, o que já discutimos anteriormente neste capítulo, no item sobre Liderança, para o 102 desenvolvimento de uma capacidade de inovação sistêmica, há autores (LOEWE, DOMINIQUINI, 2006) que relatam a importância de uma massa crítica de pessoas que entendam a inovação e suas ferramentas de desenvolvimento. Na mesma linha, Veja-Jurado et al. (2008) citam o conhecimento e as habilidades acumulados pela força de trabalho como determinantes da inovação. O treinamento e o desenvolvimento de pessoas, portanto, tomam grande importância, na medida em que estudos mostram a relação entre esses investimentos e a capacidade de inovar (TIDD et al., 2001, p.328). Ainda segundo estes autores, isso são “complementos essenciais para capacitar as pessoas a assumir mais responsabilidades e demonstrar mais iniciativa”. Para eles, a criatividade depende de algumas habilidades e de confiança para empregá-las. Por fim, segundo a OECD (2005, p.53), “Muitos conhecimentos sobre inovação estão incorporados nas pessoas e em suas habilidades, e habilidades apropriadas são necessárias para se fazer um uso inteligente das fontes de conhecimento externas ou codificadas. O papel do capital humano na inovação é importante tanto para a empresa quanto em nível agregado”. Os temas de interesse, portanto, incluiriam “quais esforços as firmas fazem para investir no capital humano de seus empregados”, entendido como o treinamento e o ganho de experiência através da vivência e da troca de informações, e o que é disponibilizado pelo ambiente (qualidade do sistema educacional, disponibilidade de pessoal qualificado, e “quão adaptativa é a força de trabalho em termos da estrutura do mercado de trabalho e da mobilidade entre as regiões e setores”). Assim sendo, dois componentes que parecem ajudar a construir a capacidade das pessoas são a formação, tanto formal quanto adquirida em treinamentos, e a experiência. Além destes, mecanismos de promoção da inovação através de estímulos à criatividade dos funcionários parecem ser importantes. 103 Alocação Interna de Recursos Financeiros Além dos recursos humanos, o que discutimos amplamente nos tópicos anteriores, autores apontam a importância de recursos financeiros. Embora tenhamos discutido este ponto nos fatores externos, fica claro que lá trabalhamos apenas com a disponibilidade de fontes de financiamento, enquanto que neste momento discutimos o uso efetivo em projetos de inovação. A falta de recursos financeiros é apontada por Langrish et al. (1972) como uma causa importante de atrasos na inovação. Da mesma forma, os autores indicam que a disponibilidade de recursos é fundamental para as empresas terem sucesso na inovação. Percepção de Demanda ou Uso Possível Conforme citam Langrish et al. (1972), a clara identificação de uma necessidade é importante razão de sucesso em alguns casos; da mesma forma ocorrendo com a percepção de um uso potencial para uma descoberta. De forma bastante direta, a OECD (2005, p.53) afirma que “se as empresas não acreditam que haja demanda suficiente para novos produtos em seu mercado, elas podem decidir não inovar ou adiar suas atividades de inovação”. Estratégia Embora classificada neste momento como uma variável interna e ainda que sujeita ao efeito discricionário das empresas, a estratégia está claramente ligada ao ambiente. Para Porter (1996, p.68), “estratégia é a criação de um posicionamento único e valioso, envolvendo um conjunto diferente de atividades”, posicionamento este que “frequentemente surge motivado por mudanças na indústria” (p.78). Pode ser entendido, portanto, como uma resposta da empresa ao ambiente que se impõe. Conforme mencionam Freeman e Soete (1997), determinada empresa pode ter uma estratégia visando a liderança técnica do mercado, enquanto outra pode ter pouco foco na capacitação técnica. A estratégia escolhida depende tanto do ambiente no qual a empresa se insere quanto de seus recursos e suas capacidades, sendo, muitas vezes vista como o elo entre o dois. 104 Os autores listam seis tipos de estratégia ponderando a importância de diversas funções científicas e técnicas a serem desempenhadas dentro da empresa. São elas: ofensiva, defensiva, imitativa, dependente, tradicional ou oportunista. Em resumo, a estratégia ofensiva visa a liderança técnica do mercado e se baseia em pontos como o relacionamento próximo ao ambiente de C&T, a independência deste setor dentro da empresa e a agilidade na exploração de novas oportunidades. Já a estratégia defensiva tem como características uma grande preocupação com pesquisa, às vezes até tão intensa quanto a de empresas com estratégias ofensivas. A diferença básica está no tempo e na natureza das inovações. Empresas que adotam essa estratégia mostram certa aversão ao risco de ser a primeira a inovar e primam por aprender com os erros iniciais dos concorrentes. A estratégia imitativa se diferencia da defensiva por buscar copiar a inovação, ter uma licença de uso ou reproduzi-la, ou seja, se baseia em seguir os líderes. São estratégias utilizadas por empresas que possuem vantagens competitivas frente às empresas inovadoras, que podem variar deste de um mercado cativo até vantagens de custo. Observa-se frequentemente em mercados maduros e em países em desenvolvimento. A estratégia dependente é entendida como uma estratégia de um departamento ou subsidiária de uma grande empresa. As empresas normalmente assumem um papel de subordinação em relação a firmas mais fortes e só modificam produtos sob solicitação do cliente, o qual, por muitas vezes, é a própria firma mais forte. É o caso de empresas de fabricação de componentes de algum produto. A estratégia tradicional é adotada em mercados com baixa concorrência e sem demanda identificada por inovações nos produtos. Empresas que adotam essa estratégia possuem pouca capacidade técnica ou científica para iniciar projetos de longo alcance e dificuldade em responder a mudanças tecnológicas. 105 Por fim, a estratégia oportunista é uma estratégia de nicho, ou seja, de empresas que agem em oportunidades identificadas no mercado e que não exigem grande capacidade de pesquisa ou de projeto. 2.6.6 Quadro-Síntese das Variáveis Internas É interessante observar que, embora classificadas como internas, algumas das variáveis podem ser consideradas como reflexos da ação do ambiente, ainda que sujeitas ao efeito discricionário das empresas. É o caso da Estratégia, por exemplo. O Quadro 5 resume as variáveis apresentadas. Quadro 5 – Resumo das variáveis do estudo (fatores internos) Variável Liderança • • • Organização interna Processos ferramentas e Pessoas habilidades e • • • • • • • • • • Cultura e valores das empresas Alocação interna de recursos financeiros Percepção de demanda • • • • • • • Estratégia • Fonte: Elaboração própria. Componentes Técnica e gerencial Discurso e ação Avaliação e recompensa dos líderes Comunicação Alocação de recursos Formalização Eficiência Usabilidade Disponibilidade Formação e experiência Gestão da inovação Mecanismos de controle e recompensas Disseminação de conhecimentos Aprendizado organizacional Disseminação de valores Reconhecimento público Cultura colaborativa Alocação de recursos financeiros Identificação de uma demanda Identificação de um uso possível Tipo de estratégia Autores Langrish et al. (1972), Maidique (1988), Tidd et al. (2001), McDermott e O’Connor (2002), Loewe e Dominiquini (2006), Morris (2006). Langrish et al. (1972), Tidd et al. (2001), Moultrie (2007), Castro (2008), Veja-Jurado et al. (2008), Terziovski (2010). Christensen e Overdolf (2000), Tidd et al. (2001), Loewe e Dominiquini (2006), VejaJurado et al. (2008). Langrish et al. (1972), Tidd et al. (2001), OECD (2005), Loewe e Dominiquini (2006), Veja-Jurado et al. (2008). Langrish et al. (1972), Hofstede (1997), Loewe e Dominiquini (2006). Langrish et al. (1972). Langrish et al. (1972), OECD (2005). Porter (1996), Freeman e Soete (1997). 106 3 MODELO CONCEITUAL E CONSTRUÇÃO DAS HIPÓTESES O presente estudo tem como objetivo geral investigar a influência dos ambientes interno e externo no desenvolvimento de um perfil empresarial voltado à inovação tecnológica. A pesquisa utiliza como ponto de partida os fatores estudados por Langrish et al. (1972) em seu clássico trabalho “Wealth from Knowledge”, já apresentado anteriormente. A esses foram agregados outros fatores mencionados na bibliografia revista no presente estudo. De uma forma geral, a maior parte dos aspectos estudados aparece como características de empresas inovadoras quando comparadas com empresas não inovadoras. O intuito da presente pesquisa não é reforçar estas diferenças, mas sim explorar o grupo das empresas inovadoras em função da frequência com que inovam e da radicalidade dessa inovação. A amostra de empresas inovadoras é dividida, portanto, duas vezes. Na primeira delas, o grupo é dividido em inovadoras radicais, ou seja, aquelas que apresentaram inovações radicais no período da pesquisa, e as não radicais. Na segunda, divide-se em inovadoras persistentes e ocasionais. O intuito das divisões é estudar que fatores relacionados à inovação são mais importantes para as empresas em cada um dos grupos. Para as empresas que inovaram de forma radical, o argumento central de sua relevância, tem inspiração nos estudos de Christensen (2000), que verifica um dilema para o inovador. Para o autor, a empresa precisa recorrentemente decidir sobre a alocação de recursos na empresa entre priorizar a pesquisa e o desenvolvimento, que levaram a empresa ao ponto em que ela está, ou priorizar a exploração da inovação já lançada. A decisão mais comum seria a de colher os louros do lançamento, preocupando-se com a atualização do produto e o esperado 107 retorno financeiro. Porém, esta decisão, que é crítica em algumas empresas, onde a escassez de recursos realmente as leva a essa encruzilhada, pode comprometer sua competitividade futura, deixando-a vulnerável à entrada de empresas com soluções de ruptura com o padrão vigente. Priorizar a exploração da inovação já lançada leva a empresa a focar a inovação incremental. Empresas que, a despeito do sucesso de determinada inovação, continuam priorizando o trabalho de P&D, tendem a ter resultados mais radicais. As empresas inovadoras radicais, portanto, diferenciam-se das inovadoras não radicais pela decisão que tomaram frente ao dilema do inovador. Assim sendo, é razoável supor que as empresas que continuam investindo em P&D buscando a inovação radical estariam mais preparadas para enfrentar a concorrência, que teria dificuldades em ameaçá-las de fato, já que, por definição, elas estariam em constante mudança. O estudo de mecanismos de promoção das inovadoras radicais traz como maior contribuição a possibilidade de replicá-las, não só agregando valor à economia nacional, como uma outra empresa inovadora também o faria, mas tornando-a mais competitiva e menos vulnerável. Já em relação à continuidade da inovação, a intenção do estudo é entender que fatores influenciam a empresa a constantemente lançar novos produtos. É fato que a quantidade de lançamentos varia mesmo que comparando empresas de um mesmo setor. Inovar de forma mais persistente significa lançar constantemente inovações. O critério tecnológico, mais presente na inovação radical, não aparece de forma explícita na inovação contínua, embora ele possa também estar presente. Como ponto de partida, os fatores que discriminam a inovação foram selecionados considerando sua esfera de ação, se são fatores ambientais, externos à empresa, ou fatores internos, ligados a características individuais das empresas. A hipótese da influência de fatores ambientais é encontrada nos trabalhos relacionados à inovação contínua (CHI RESEARCH, 2003; HICKS; HEGDE, 2005; LIBAERS, 2008) e apontam dois principais fatores para sua ocorrência: a localização 108 geográfica e a existência de parcerias externas para a inovação. Ambos os fatores citados são externos ou dizem respeito ao relacionamento com agentes externos à empresa. Assim, o surgimento desse tipo de empresa inovadora aparentemente não é uma obra do acaso. Tal surgimento só se torna possível pela existência de um ambiente propício. Definir o que é um ambiente propício é uma tarefa bastante complexa, tendo em vista que o que é favorável a uma empresa pode não ser para outra. A partir dessa noção de que sua definição é algo relativo, ser ou não propício torna-se uma questão menor; o ambiente deve ser percebido como propício. Assim, preocupamonos também com o que se passa dentro das organizações, por iniciativa dos empreendedores. Os autores que trabalham com a inovação contínua costumam conceituá-la como uma capacidade organizacional, por ser tratada como uma evolução do processo de melhoria contínua (RIJNDERS; BOER, 2004; CARPINETTI et al., 2007). Assim sendo, os fatores internos tornam-se mais presentes na bibliografia. No entanto, não há qualquer indício de que fatores externos não exerçam influência sobre a inovação contínua. Ao contrário, alguns autores (p.e. CARPINETTI et al., 2007) estudam a aplicação desse mesmo conceito a clusters de empresas. Por fim, é importante destacar que a amostra é composta apenas por empresas inovadoras, ou seja, não é objetivo desta pesquisa diferenciar empresas inovadoras de não inovadoras. Entende-se que esta diferenciação já foi estudada com profundidade em vários trabalhos, a exemplo dos apresentados no capítulo de referencial teórico. Um modelo que resume o intuito do presente estudo está apresentado na figura 11. 109 Ambiente Fatores Internos Inovadoras Radicalidade Continuidade Não-Inovadoras (fora do escopo desta pesquisa) Figura 11 – Esquema do modelo conceitual Fonte: Elaboração própria. 3.1 HIPÓTESES Com o intuito de responder às perguntas da pesquisa, foram estruturadas cinco hipóteses gerais. O objetivo central é caracterizar as empresas inovadoras segundo a radicalidade de suas inovações e a continuidade no processo de inovação. A primeira hipótese geral (HG1) diz respeito à inovação radical. A segunda (HG2), à inovação contínua, e a terceira (HG3), ao ambiente institucional, enquanto que as hipóteses gerais HG4 e HG5 dizem respeito à relação entre os conceitos testados nas hipóteses gerais HG1 e HG2. HG1: Não há diferenças significativas entre os fatores que motivam a inovação radical e a incremental nas empresas brasileiras. HG2: Não há diferenças significativas entre os fatores que motivam as inovadoras persistentes e as inovadoras ocasionais. HG3: Não há forças institucionais que limitem as empresas a inovar de forma radical e contínua. 110 HG4: Os conceitos de radicalidade e continuidade em inovação são mutuamente excludentes. HG5: A inovação contínua e a inovação radical decorrem de estratégias de inovação iguais. Os testes das hipóteses gerais HG1 e HG2 obedecem a uma lógica semelhante. Cada uma das variáveis levantadas foi testada de forma a se entender as diferenças que compõem as categorias de empresas. O teste das hipóteses gerais HG3, HG4 e HG5 foi realizado de forma distinta. Para o teste da hipótese geral HG3, as variáveis foram analisadas segundo um modelo construído a partir dos trabalhos de Van de Ven e Garud (1989) e de Scott (1995). Para o teste das hipóteses gerais HG4 e HG5, foi realizada uma comparação dos quadrantes formados pelo cruzamento dos dois conceitos (radicalidade e continuidade). 3.1.1 Hipótese Geral 1 – Inovação Radical A fim de ilustrar de forma mais didática ao leitor, optou-se por segmentar as hipóteses derivadas de cada hipótese geral, quanto às variáveis ambientais e internas, o que se espera facilite sua ligação com o referencial teórico apresentado anteriormente. Serão testadas treze hipóteses relacionadas ao impacto sobre o perfil inovador das empresas de cada uma das variáveis ligadas ao ambiente, listadas a partir da revisão bibliográfica realizada, e outras sete hipóteses focadas nas variáveis internas. Perfaz-se, portanto, um total de 20 hipóteses por perfil. Cada uma das hipóteses derivadas foca em um fator construído a partir da revisão bibliográfica. Esta construção dos fatores tem o objetivo de facilitar seu estudo, visto que o referencial teórico assim o divide quando distingue inovadoras de não inovadoras. No caso deste estudo, como não há necessariamente uma relação prévia direta com os fatores construídos para as hipóteses, é bastante razoável supor a possibilidade de ter novos fatores que reagrupem as variáveis de outra 111 forma, quando estivermos focados em cada um dos perfis. Como veremos adiante, estes novos fatores também serão investigados. 3.1.1.1 Hipóteses derivadas H1.1 a H1.13 As hipóteses derivadas da HG1, H1.1 a H1.13, focam a relação entre os fatores teóricos ligados ao ambiente e a radicalidade das inovações. A seguir, listamos as hipóteses mencionadas, com uma breve discussão de sua construção, com base no referencial teórico apresentado anteriormente. H1.1: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à percepção da legislação como promotora da inovação nas empresas brasileiras. Como mencionado anteriormente, vários autores (STEINER, 1975; DIMAGGIO; POWELL, 1983; VAN DE VEN; GARUD, 1989; PATEL; PAVITT, 1994; SCOTT, 1995; LEWIN; KIM, 2004) apontam que há influência do marco legal sobre a formação das empresas. Exemplos dessa influência são as diferenças presentes nos requisitos para abertura e fechamento de empresas e no regime de propriedade intelectual. H1.2: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à percepção da disponibilidade de financiamento como promotor da inovação nas empresas brasileiras. A necessidade de recursos financeiros para o investimento em uma inovação é claro e presente na obra de vários autores (VAN DE VEN; GARUD, 1989; PATEL; PAVITT, 1994; DUGGAN, 1996; LEWIN; KIM, 2004). Comercializar uma novidade sempre requer investimento, o que torna o financiamento um instrumento importante para o empresário. H1.3: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à percepção do nível de educação e do treinamento de pessoal como promotores da inovação nas empresas brasileiras. 112 A educação é defendida como um dos grandes pilares dos Sistemas Nacionais de Inovação (NELSON, 1993). Como indicam outros autores (DIMAGGIO; POWELL, 1983; VAN DE VEN; GARUD, 1989; FREEMAN; SOETE, 1997; LEWIN; KIM, 2004), ela é decisiva na determinação da quantidade de empresas tecnologicamente inovadoras. H1.4: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à percepção do nível de desenvolvimento da cadeia produtiva como promotor da inovação nas empresas brasileiras. A cadeia produtiva é enxergada como uma grande motivadora da inovação nas empresas. No modelo demand-pull, a inovação só existe como resposta a uma demanda do mercado (SCHMOOKLER, 1966). Da mesma forma, outros elos da cadeia, como os fornecedores também podem exercer pressão sobre as empresas. Imagine, por exemplo, uma empresa descontinuando o fornecimento de um insumo crítico a outra empresa. Caso a decisão seja irreversível, a empresa cliente se veria na posição de tomar uma decisão estratégica que pode envolver inovar. H1.5: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à percepção da ação do governo como promotor da inovação nas empresas brasileiras. Vários autores (LANGRISH et al., 1972; STEINER, 1975; ROSENBERG, 1976; DAHLMAN; FRISCHTAK, 1993; NELSON; ROSENBERG, 1993; PATEL; PAVITT, 1994; SCOTT, 1995; CASTELLS, 1999; LEWIN; KIM, 2004) apontam a ação do governo como importante no incentivo à inovação. Por ser uma atividade que possui uma relação risco-retorno alta, os governos tendem a criar mecanismos que mitiguem os riscos inerentes ao processo, de forma a incentivar as empresas a inovar. H1.6: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à percepção da influência da localização como promotora da inovação nas empresas brasileiras. 113 Libaers (2008) tinha como hipótese que uma das características que distinguem as empresas que inovam constantemente é justamente sua localização, normalmente próxima a universidades ou em arranjos produtivos locais. Da mesma forma, Feldman (1993), Ibrahim et al. (2006) e Malerba (2002) indicam que a localização é um fator importante na formação da empresa. H1.7: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à percepção do acesso a informações científicas e tecnológicas como promotor da inovação nas empresas brasileiras. Como já anteriormente citado, para Van de Ven e Garud (1989) a difusão das informações científicas e tecnológicas tende a ser, por vezes, tão importante quanto sua produção. Em alguns casos, o acesso distingue as estratégias de inovação de empresas, como sugerem Freeman e Soete (1997). H1.8: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à percepção da cultura e dos costumes nacionais como promotores da inovação nas empresas brasileiras. Há uma extensa bibliografia relacionando a cultura às práticas gerenciais da empresa. DiMaggio e Powell (1983), Scott (1995), Freeman e Soete (1997), Hofstede (1997), Lewin e Kim (2004) apontam a variável cultura como importante na definição do ambiente e do perfil da empresa. Assim, é possível que a cultura influencie a tendência a empresa possuir um foco maior ou menor sobre a inovação. Da mesma forma, os costumes fazem parte das regras da ação coletiva (VAN DE VEN; GARUD, 1989) e representam a tendência a replicar comportamentos passados. Empresas inovadoras, portanto, tenderiam a se manter inovadoras; enquanto que as não inovadoras tenderiam a continuar na mesma situação. H1.9: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à percepção das redes de relacionamento como promotoras da inovação nas empresas brasileiras. 114 A força cognitiva que age sobre as empresas, apresentada por Scott (1995), referese à influência das interações sociais. Assume-se, portanto, que é importante o papel das redes de relacionamento social. Da mesma forma, Langrish et al. (1972) aponta a importância das parceiras e de relacionamento informais como fontes de ideias. H1.10: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à percepção da necessidade de legitimidade como promotora da inovação nas empresas brasileiras. A legitimidade pode ser entendida como a criação de confiança e reputação frente aos stakeholders da empresa (VAN DE VEN; GARUD, 1989). É possível que o ato de inovar seja entendido como uma forma de se legitimar. Uma empresa inovadora pode buscar a inovação apenas como o intuito de assegurar uma imagem condizente com esta condição. H1.11: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à percepção das condições de fundação como promotoras da inovação nas empresas brasileiras. Como apontam Lewin e Kim (2004), as condições de fundação, entendidas como os contextos histórico, geográfico e político em que a empresa foi fundada, podem influenciar o comportamento das empresas de forma bastante marcante. Tendo em vista que o local já é considerado como variável no presente estudo, trabalharemos as condições de fundação aqui apenas quanto aos contextos histórico e político. H1.12: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à percepção do setor como promotor da inovação nas empresas brasileiras. 115 Vários autores (MALERBA, 2002; PAVITT, 1984; TIDD et al., 2001) apontam diferenças entre setores quanto à propensão a inovar. Dependendo da dinâmica do setor em que está inserida, uma empresa pode ser mais ou menos propensa a inovar. H1.13: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à governança como promotora da inovação nas empresas brasileiras. Para Lewin e Kim (2004), o comportamento das empresas pode ser influenciado pelo nível de desenvolvimento do mercado de capitais, já que algumas empresas com acionistas podem ser compelidas a adotar práticas de governança corporativa ou outras que levem a empresa a empregar tempo e dinheiro em atividades diversas ao ato de inovar, eventualmente alterando seu perfil e exposição ao risco que a atividade inovadora pode exigir. Testando as hipóteses H1.1 a H1.13, o estudo tem o objetivo de verificar que fatores externos exercem maior ou menor influência sobre a radicalidade da inovação. 3.1.1.2 Hipóteses derivadas H1.14 a H1.20 Outras sete hipóteses serão testadas a fim de verificar a relação entre cada uma das variáveis internas relacionadas a partir da revisão bibliográfica realizada e a radicalidade na inovação das empresas brasileiras. A seguir, listamos as hipóteses mencionadas, com uma breve discussão de sua construção, com base no referencial teórico apresentado anteriormente. H1.14: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à liderança como promotora da inovação nas empresas brasileiras. A liderança é apontada por vários autores (LOEWE, DOMINIQUINI, 2006; MORRIS, 2006) como central para a inovação nas empresas. Há ainda outros autores 116 (LANGRISH et al., 1972; MAIDIQUE, 1988; TIDD et al., 2001) que apontam a importância de pessoas-chave, na prática líderes, para o sucesso de uma inovação. H1.15: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à organização interna como importante para a inovação nas empresas brasileiras. Vários autores (TIDD et al., 2001; MOULTRIE, 2007; CASTRO, 2008; VEJAJURADO et al., 2008; TERZIOVSKI, 2010) sugerem que há influência da organização interna sobre o sucesso da inovação. Embora pareça lógico concluir que estruturas organizadas tendem a ter mais sucesso na entrega de um projeto, advoga-se, por outro lado, que ambientes mais livres tendem a estimular a criatividade, o que gera um impacto positivo sobre a inovação. H1.16: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto aos processos e ferramentas internos como importantes para a inovação nas empresas brasileiras. Se, por um lado, as pessoas são as grandes responsáveis pela inovação nas empresas, ao analisá-las em nível organizacional, os processos e ferramentas ganham importância, por permitir que as pessoas não ajam isoladamente, mas em conjunto numa organização. Christensen, Overdolf (2000), Tidd et al. (2001), Loewe e Dominiquini (2006) são alguns dos autores que estudaram a influência dos processos organizacionais sobre a inovação. H1.17: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto às pessoas e às habilidades como importantes para a inovação nas empresas brasileiras. Além da importância dos líderes, cuja verificação compõe outra hipótese desta pesquisa, as pessoas envolvidas na inovação, de uma forma geral, desempenham um importante papel para seu sucesso. Autores como Tidd et al. (2001), OECD (2005), Loewe, Dominiquini (2006) e Veja-Jurado et al. (2008) citam a importância do capital humano para a inovação, independentemente de um papel de liderança. 117 H1.18: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto a cultura e aos valores das empresas brasileiras como promotores da inovação. Mais que um fator externo, a cultura inerente às organizações, assim como seus valores, são pontos que influenciam a propensão de uma empresa a inovar, conforme apontam autores como Loewe e Dominiquini (2006). Componentes dessa cultura, como a resistência a novas ideias ou a forte ligação a ideias anteriores (LANGRISH et al., 1972) e o aprendizado obtido pelas experiências anteriores, corroboram essa importância. Por fim, uma cultura interna bem estabelecida pode ser percebida pelos clientes, constituindo fator de reconhecimento público. H1.19: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à alocação interna de recursos financeiros para a inovação nas empresas brasileiras. Dois são os recursos básicos de uma empresa e que, portanto, desempenham papel importante na inovação: os recursos financeiros e os humanos, sendo que este último já foi extensivamente discutido anteriormente. No tocante aos recursos financeiros, para o teste desta hipótese, não constituem preocupação com sua disponibilidade, mas com sua efetiva alocação pela administração. De fato, Langrish et al. (1972) já apontavam que tal alocação era crítica para o sucesso e aceleravam ou atrasam a conclusão dos projetos. H1.20: Não há diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e não radicais, quanto à percepção da demanda pelo novo produto/processo como importante para a inovação nas empresas brasileiras. Identificar uma necessidade ou um uso potencial é um fator de motivação que influencia o andamento dos projetos de inovação, conforme afirmam Langrish et al. (1972) e OECD (2005). 118 Testando as hipóteses H1.14 a H1.20, o estudo tem o objetivo de verificar que características internas exercem maior ou menor influência sobre a radicalidade da inovação. 3.1.2 Hipótese Geral 2 – Inovadoras Persistentes e Ocasionais De forma análoga ao apresentado na seção 3.1.1, todas as variáveis serão testadas quanto a sua relevância para o perfil contínuo da inovação nas empresas brasileiras. A fim de evitar repetições, tendo em vista que a argumentação para a construção das hipóteses H1.1 a H1.20 aplica-se de forma semelhante para a construção das hipóteses H2.1 a H2.20, entende-se que sua repetição neste capítulo não se faz necessária. Portanto, para qualquer informação adicional sobre a construção das hipóteses, sugere-se consultar a hipótese análoga na seção 3.1.1. Serão testadas treze hipóteses relacionadas ao impacto sobre o perfil inovador das empresas de cada uma das variáveis ligadas ao ambiente, listadas a partir da revisão bibliográfica realizada, e outras sete hipóteses focadas nas variáveis internas. Perfaz-se, portanto, um total de 20 hipóteses por perfil. A seção 3.1.2.1 a seguir lista as hipóteses derivadas da Hipótese Geral 2. 3.1.2.1 Hipóteses derivadas H2.1 a H2.20 As hipóteses derivadas da HG2, H2.1 a H2.20, focam a relação entre os fatores teóricos e o perfil inovador relacionado à continuidade. Eles foram construídos de forma análoga às hipóteses H1.1 a H1.20, apresentadas nas seções 3.1.1.1 e 3.1.1.2. A seguir, apenas listamos as hipóteses mencionadas, sendo, para uma discussão sobre sua construção, peço ver as seções 3.1.1, 2.5 e 2.6. Legislação H2.1: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à percepção da legislação como promotora da inovação nas empresas brasileiras. 119 Disponibilidade de Financiamento H2.2: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à percepção da disponibilidade de financiamento como promotor da inovação nas empresas brasileiras. Educação e Treinamento H2.3: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à percepção do nível de educação e do treinamento de pessoal como promotores da inovação nas empresas brasileiras. Nível de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva H2.4: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à percepção do nível de desenvolvimento da cadeia produtiva como promotor da inovação nas empresas brasileiras. Governo H2.5: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à percepção da ação do governo como promotor da inovação nas empresas brasileiras. Localização H2.6: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à percepção da influência da localização como promotora da inovação nas empresas brasileiras. 120 Acesso a Informações Científicas e Tecnológicas H2.7: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à percepção do acesso a informações científicas e tecnológicas como promotor da inovação nas empresas brasileiras. Cultura e Costumes Nacionais H2.8: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à percepção da cultura e dos costumes nacionais como promotores da inovação nas empresas brasileiras. Redes de Relacionamento H2.9: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à percepção das redes de relacionamento como promotoras da inovação nas empresas brasileiras. Legitimidade H2.10: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à percepção da necessidade de legitimidade como promotora da inovação nas empresas brasileiras. Condições de Fundação H2.11: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à percepção das condições de fundação como promotoras da inovação nas empresas brasileiras. 121 Setor H2.12: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à percepção do setor como promotor da inovação nas empresas brasileiras. Governança H2.13: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à governança como promotora da inovação nas empresas brasileiras. Liderança H2.14: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à liderança como promotora da inovação nas empresas brasileiras. Organização Interna H2.15: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à organização interna como importante para a inovação nas empresas brasileiras. Processos e Ferramentas Internos H2.16: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto aos processos e ferramentas internos como importantes para a inovação nas empresas brasileiras. 122 Pessoas e Habilidades H2.17: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto às pessoas e às habilidades como importantes para a inovação nas empresas brasileiras. Cultura e Valores das Empresas H2.18: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto a cultura e aos valores das empresas brasileiras como promotores da inovação. Alocação Interna de Recursos Financeiros H2.19: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à alocação interna de recursos financeiros para a inovação nas empresas brasileiras. Percepção da Demanda H2.20: Não há diferenças significativas entre empresas inovadoras persistentes e ocasionais, quanto à percepção da demanda pelo novo produto/processo como importante para a inovação nas empresas brasileiras. Testando as hipóteses H2.1 a H2.13, o estudo tem o objetivo de verificar que fatores externos exercem maior ou menor influência sobre o perfil ligado à continuidade na inovação. Enquanto que, testando as hipóteses H2.14 a H2.20, o estudo tem o objetivo de verificar que características internas exercem maior ou menor influência sobre o perfil ligado à continuidade na inovação. 123 3.1.3 Hipótese Geral 3 – Influência do Ambiente Para o teste da hipótese geral HG3, as variáveis externas resultantes dos testes das hipóteses gerais HG1 e HG2, serão avaliadas segundo o modelo construído a partir dos trabalhos de Van de Ven e Garud (1989) e Scott (1995). A relação entre as variáveis externas discutidas no capítulo 2.5 e resumidas na seção 2.5.5 e as abordagens teóricas propostas por Scott (1995), sobre as forças institucionais, e por Van de Ven e Garud (1989), sobre o sistema social da indústria, discutidas respectivamente nas seções 2.5.2 e 2.5.3 é apresentada o Quadro 6. Ele constitui o modelo que servirá de base para o teste da hipótese geral HG3. Quadro 6 – Relação entre as variáveis ambientais do estudo e as abordagens teóricas Sistema social da indústria* Forças Regulatórias Subsistema • Legislação/Propriedade Instrumental Intelectual Subsistema Institucional • Legislação em geral • Governo/Políticas Públicas Forças Institucionais** Forças Normativas Forças Cognitivas • Nível de • Redes de desenvolvimento da relacionamento cadeia produtiva • Nível de desenvolvimento da • Setor cadeia produtiva • Costumes • Legitimidade • Localização • Cultura • Condições de fundação • Governança Subsistema • Disponibilidade de • Educação de Busca financiamento treinamento de • Governo/apoio à Recursos pesquisa, compras governamentais, incentivos Notas: * Apresentado por Van de Ven e Garud (1989). ** Apresentado por Scott (1995). Fonte: Elaboração própria. e • Acesso a Informações científicas e tecnológicas • Redes de Relacionamento/ Parcerias com ICTs O objetivo é identificar que variáveis ambientais podem limitar as empresas a inovar de forma radical e contínua, identificando possibilidades de ação do poder público na promoção de um ambiente que favoreça as empresas inovadoras. 124 3.1.4 Hipóteses Gerais 4 e 5 – Análise Conjunta (Inovação Radical e Contínua) As hipóteses gerais HG4 e HG5 estão focadas na relação entre os dois conceitos (continuidade e radicalidade). Tendo em vista que, como vimos anteriormente, a teoria leva a crer que haja uma dicotomia entre a inovação contínua e inovação radical, propõe-se testar esta hipótese empiricamente, a partir do estudo de seus fatores discriminantes. Da mesma forma, propõe-se verificar as estratégias de inovação presentes nas empresas com cada uma das combinações dos perfis quanto à radicalidade e a continuidade das inovações. A hipótese geral HG4 tem por objetivo fazer a mencionada distinção empírica dos conceitos, enquanto que a hipótese geral HG5 verifica a questão das estratégias de inovação. A análise das hipóteses gerais HG4 e HG5, portanto, se baseia parcialmente nos resultados das hipóteses gerais HG1 e HG2. 125 4 METODOLOGIA 4.1 TIPO DE PESQUISA Quanto aos fins, a pesquisa realizada pode ser classificada como descritiva e explicativa. Descritiva, pois busca caracterizar um determinado grupo de empresas inovadoras quanto a traços ou atributos específicos. Explicativa, pois se propõe também a esclarecer quais fatores contribuem para a inovação radical e para a inovação contínua. Para Vergara (1997, p.45), “a pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também esclarecer correlações entre variáveis e definir sua natureza.” Já a pesquisa explicativa, segundo a mesma autora (VERGARA, 1997, p.45), “tem como principal objetivo tornar algo inteligível, justificar-lhe os motivos. Visa, portanto, esclarecer quais fatores contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado fenômeno.” Embora o estudo tenha também características que o classificariam como exploratório, tendo em vista que o assunto é pouco explorado, especificamente na intersecção da inovação radical com a inovação contínua, acredita-se que a grande e diversa literatura sobre empresas inovadoras nos habilite a partir de construtos já identificados, buscando uma explicação mais detalhada para o fenômeno. Quanto aos meios, utilizou-se a pesquisa documental, com base nas fichas de inscrição das empresas para o Prêmio Finep de Inovação, e a pesquisa de campo, com a aplicação de questionários para a obtenção de dados complementares para as análises. Estas etapas são descritas de forma mais detalhada adiante. 126 4.2 DESCRIÇÃO DO ESTUDO O presente estudo visa identificar a influência de diversos fatores sobre as empresas inovadoras. Para tanto, foram coletados dados tanto das fichas de inscrição no Prêmio Finep de Inovação quanto diretamente das empresas inscritas, em relação a cada uma das inovações, tendo em vista que empresas diversificadas podem ter comportamentos diferentes dependendo da inovação que pretendem lançar. É utilizada uma abordagem quantitativa, mais adequada a uma pesquisa de fins descritivos e explicativos. A intenção foi utilizar técnicas estatísticas diversas para segmentar o grupo de empresas inovadoras. De forma a tornar a análise mais robusta, optou-se por cruzar diversas técnicas, como veremos mais adiante. Em resumo, o primeiro passo foi coletar as informações contidas nas fichas de inscrição do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica. Em seguida, foram produzidos e lançados questionários a cada um dos inscritos no Prêmio Finep de Inovação. As respostas a esses questionários foram tabuladas, tratadas e agregadas às informações já disponíveis nas fichas. Por fim, foram testadas as hipóteses citadas com base nos dados levantados. 4.3 UNIDADE DE ANÁLISE A unidade de análise básica para o presente estudo são as inovações incritas pelas empresas. Assim sendo, uma empresa pode ter respondido mais de um questionário, se tiver realizado mais de uma inscrição no Prêmio Finep de Inovação. A escolha dessa unidade básica vem da possibilidade de que os fatores exerçam diferentes motivações nas empresas diversificadas. Uma linha de produtos pode ter um forte estímulo governamental, enquanto que outra não. Da mesma forma, as empresas podem agir e adotar estratégias diferentes para cada uma das inovações em desenvolvimento. Das 731 empresas que inscreveram inovações, 143 inscreveram mais de uma inovação no Prêmio. 127 Tendo em vista o número considerável de inovações que podem ser de segmentos, de locais, de filiais ou voltados a públicos diferentes, optamos por utilizar uma unidade de análise que não perdesse esse potencial interessante de respostas. Assim sendo, a unidade de análise a ser utilizada é a inovação, embora algumas perguntas às empresas remetam ao contexto de cada inovação em análise. Portanto, sempre que manifestarmos um resultado relativo a uma empresa, a estaremos tratando dentro do contexto da inovação estudada. Por fim, é importante ressaltar que a possibilidade de recebimento de mais de um questionário foi informada aos respondentes. 4.4 MÉTODO DE COLETA DE DADOS 4.4.1 Levantamento (ou survey) Segundo Gil (1987, p.76), a característica de um levantamento (ou survey) é a interrogação direta a pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Neste caso, deseja-se conhecer o comportamento da empresa e para isso interroga-se pessoas diretamente relacionadas ao desenvolvimento da inovação inscrita no Prêmio Finep. Esta pessoa estava identificada na inscrição da empresa, assim como seus contatos. Nos casos em que não havia endereço de e-mail explícito na inscrição, foi realizado um contato com a empresa solicitando o encaminhamento da mensagem. Gil (1987, p.77-78) aponta como vantagens dos levantamentos: o conhecimento direto da realidade, por levantar dados diretamente nas empresas, livre de interpretações de intermediários; economia e rapidez, podendo-se levantar dados em diferentes regiões do país com custo reduzido e simultaneamente; e a quantificação, o que permite que se tratem estatisticamente os dados colhidos. As limitações apontadas pelo autor são: a ênfase nos aspectos perceptivos, ou seja, sendo a percepção subjetiva, os dados colhidos dependerão das pessoas que responderem aos questionários; pouca profundidade no estudo da estrutura e dos 128 processos sociais; e a limitada apreensão do processo de mudança, ou seja, como o levantamento proporciona uma imagem estática do fenômeno estudado, não há como apontar tendências, a menos que a pesquisa seja replicada no futuro. A fim de reduzir os problemas relacionados à profundidade no estudo dos processos sociais, um enfoque maior foi dado à empresa, nas suas decisões, sem medir diretamente fatores interpessoais e institucionais. Entende-se que, como os respondentes eram normalmente os responsáveis pela inovação, trabalhando, direta ou indiretamente, nas áreas de P&D das empresas, muito provavelmente compartilhavam de um mesmo entendimento sobre as perguntas apresentadas nos questionários. Além disso, a fim de se mitigar os efeitos relacionados a essa limitação, houve uma preocupação em padronizar as questões, adequando a linguagem utilizada e realizando um teste prévio à aplicação. O teste do questionário foi conduzido em setembro de 2010, com sua aplicação a especialistas na área de conhecimento do presente estudo. Foram verificadas questões relacionadas à clareza, à objetividade, à extensão, ao tempo de resposta, à existência de termos técnicos, à facilidade de compreensão, à coerência, à existência de eventuais erros e à validade das escalas de medição. A partir de então, foram realizados alguns ajustes no questionário. Sobre a validade das escalas, elas se referem a quanto o processo de medição está isento de erros amostrais e não amostrais. Erros amostrais ocorrem em virtude do tamanho e do processo de seleção da amostra, enquanto os erros não amostrais são aqueles que ocorrem durante a realização da pesquisa e não são classificados como erros amostrais, como, por exemplo, não respostas. Gil (1987, p.137) aponta dois procedimentos como os mais utilizados para verificar a validade das escalas de medição: a opinião de um júri, ou seja, a validade é confirmada a partir da opinião de um grupo de pessoas tidas como especialistas no campo dentro do qual se aplica a escala; e grupos conhecidos, ou seja, a validade é obtida a partir de opiniões ou atitudes manifestadas por grupos opostos. A escolha pela aplicação a especialistas foi decorrente desta orientação. 129 Assim, de acordo com o objetivo da presente pesquisa e as considerações dos autores a respeito do método, considerou-se o levantamento (ou survey) como adequado para este tipo de pesquisa. 4.4.2 Levantamento de dados por webpage O questionário foi disponibilizado em página na Internet, a partir de outubro de 2010. A opção pela disponibilização na Internet foi decorrente da amplitude da localização das empresas, do menor custo, da rapidez na apuração das respostas e da possibilidade de adaptação ao respondente. Sua versão online foi elaborada com o auxílio da ferramenta “Google docs” e foram utilizados recursos que permitiam o salto automático de algumas questões em função das respostas anteriores. A ferramenta fornecia um link para acesso direto ao questionário, que foi enviado para cada uma das empresas. A fim de aumentar a taxa de resposta, foi enviado um e-mail prévio, para apresentação da pesquisa e do pesquisador. A partir desta mensagem, foi possível checar a base de e-mails e alertar sobre o link no e-mail seguinte, para evitar que pudesse ser entendido como “vírus de computador”. O Apêndice A mostra o texto enviado às empresas. Em seguida, foram enviados e-mails individuais, relacionados a cada uma das inovações inscritas. Para a aumentar a segurança e facilitar o preenchimento pelo entrevistado, tomou-se o cuidado de fazer referência ao e-mail anterior e citar a inovação inscrita. O Apêndice B mostra o texto enviado às empresas. As respostas foram controladas a partir do preenchimento do campo “Empresa” e do campo “Inovação”. Quinzenalmente, os e-mails foram reenviados para as empresas que não haviam respondido. Além disso, foram prestados vários esclarecimentos por e-mail, de pessoas que queriam informações adicionais sobre a pesquisa. O pesquisador ressaltou, na comunicação com as empresas, que houve um cuidado com questões “sensíveis”, que nenhum segredo técnico da inovação seria perguntado, que não haveria divulgação individual das respostas e que o envio das 130 respostas só se dava ao final do questionário, sendo permitido, portanto, que o respondente avaliasse a conveniência de respondê-la. Uma das empresas solicitou uma versão em processador de texto, pois relatou problemas no acesso ao questionário, bloqueado pelo administrador do sistema da empresa. A versão foi produzida e respondida, sendo os dados considerados na amostra. 4.5 CONSTRUÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS O presente estudo visa verificar a influência das características internas das empresas e da percepção do ambiente institucional sobre o perfil das empresas brasileiras inovadoras. Foi desenvolvido, portanto, um questionário para coleta de dados. Este questionário, voltado às empresas inovadoras, é constituído de quatro partes. A primeira colhe dados sobre o perfil da empresa. Foram relacionadas oito perguntas: atual número de funcionários, número de patentes nos últimos 5 anos, principal acionista, ano de entrada em atividade, se se encontra em atividade e eventual data de encerramento, se houve mudança de local, se está em uma incubadora e o setor de atuação. A segunda seção colhe dados sobre o desempenho inovador do produto/processo objeto da inscrição no Prêmio Finep de Inovação. Visa medir o quanto a inovação teve sucesso. Foram relacionadas quatro perguntas: o setor de aplicação da inovação, a data da introdução no mercado, se a inovação continua a ser comercializada (ou utilizada, no caso de processos), com a eventual data em que foi descontinuada e os motivos, e o percentual do faturamento advindo de novos produtos. A terceira parte visa classificar a estratégia utilizada pela empresa para a inovação, conforme a tipologia sugerida por Freeman e Soete (1997). Propõe-se uma classificação direta, a partir da resposta a seis perguntas atreladas às definições de cada um dos tipos de estratégia. O Quadro 7 ilustra essas perguntas, com respostas 131 binárias (sim ou não), e o Quadro 8 ilustra a classificação conforme as respostas apresentadas. Quadro 7 – Perguntas para classificação da estratégia de inovação Variável Qa Qb Qc Qd Qe Qf Controle Pergunta Nossa empresa é líder na principal tecnologia envolvida nesta inovação. Há empresas com tecnologias concorrentes, diferentes da nossa, mas desenvolvidas há mais tempo. Há empresas com tecnologias idênticas à nossa, mas desenvolvidas há mais tempo. A tecnologia utilizada nessa inovação foi fornecida por nossa matriz. A tecnologia utilizada nessa inovação é de domínio público. A tecnologia utilizada nessa inovação foi desenvolvida rapidamente para atender a um nicho identificado de mercado. Qual o principal acionista da empresa? Quadro 8 – Esquema de classificação das estratégias de inovação Perguntas do Quadro 7 Qd Qe - Qa - Qb N Qc N Qf N - N N N - N S - N S N N N - N - N - S N N - N S - S - N S N - N N - - - S N N - - - - S - - - - S - S - - - S N S - N - N N N S N S N S S S Controle Estratégia Outro Multinacional ou de grande empresa brasileira - Ofensiva Outro Multinacional ou de grande empresa brasileira - Defensiva Outro Multinacional ou de grande empresa brasileira Multinacional ou de grande empresa brasileira Outro Multinacional ou de grande empresa brasileira Imitativa Dependente Tradicional - Outro - Oportunista A quarta e última seção avalia a percepção sobre o ambiente e características internas que, segundo a bibliografia, promovem a inovação nas empresas. São perguntas construídas com base nas variáveis a serem medidas na pesquisa e que constituirão a base para o tratamento estatístico das respostas. Foram relacionadas 44 perguntas. Em cada uma, o respondente deveria se posicionar segundo uma escala de cinco níveis, como uma escala de Likert: discordo fortemente, discordo, 132 sou indiferente, concordo e concordo fortemente. A escolha deste tipo de escala levou em conta a objetividade do levantamento, de forma a permitir o tratamento posterior (GIL, 1987, p.142-143). O Apêndice C traz o questionário utilizado. Às 44 variáveis, foi acrescentada uma variável dummy relativa ao formato societário. Uma variável dummy é resultante da codificação de respostas binárias. No caso, Ltda. ou S/A. Totalizou-se, portanto, 45 variáveis tratadas estatisticamente nos capítulos seguintes. O Quadro 9 a seguir relaciona as variáveis levantadas na revisão bibliográfica e lista as perguntas a elas direcionadas que compõem o instrumento de pesquisa. Quadro 9 – Variáveis e perguntas para as empresas inovadoras Variável/Componente Legislação/Geral Legislação/Propriedade Intelectual Financiamento Educação e Treinamento Nível de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva/Fornecedores Nível de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva/Concorrência Nível de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva/Clientes Governo/Compras governamentais Governo/Políticas públicas Governo/Apoio à pesquisa Governo/Incentivos Local Acesso a Informações Científicas e Tecnológicas Pergunta P1: Um importante motivo para o desenvolvimento desta inovação foi a adaptação à legislação. P2: Acredito que a garantia dos direitos de patente sobre o novo produto/processo foi um importante fator na decisão de desenvolver o novo produto/processo. P3: Acredito que a existência de financiamento para o desenvolvimento de novos produtos/processos foi determinante na decisão da empresa em desenvolvê-los. P4: Acredito que a disponibilidade de pessoal treinado foi determinante na decisão da empresa em investir no desenvolvimento do novo produto/processo. P5: Acredito que o incentivo dos fornecedores da empresa foi fundamental para a decisão da empresa de investir no novo produto/processo. P6: Se nossa empresa não tivesse a concorrência que tem, não cogitaríamos lançar este novo produto/processo. P7: Acredito que os clientes da empresa foram fundamentais na concepção do novo produto/processo. P8: Um importante motivo para o desenvolvimento desta inovação foi se adequar a requisitos de compras do governo (licitações etc.). P9: Vejo relação entre o trabalho do Ministério de Ciência e Tecnologia (e de suas agências CNPq e Finep) e o sucesso de minha inovação. P10: A assessoria de uma universidade (ou de institutos de pesquisa) públicos foi determinante para o sucesso no desenvolvimento do novo produto/processo. P11: Acredito que os incentivos à inovação na legislação foram determinantes na decisão de desenvolver este novo produto/processo. P12: Se minha empresa estivesse em outra cidade, provavelmente eu teria mais sucesso com esta inovação que obtive. P13: Foi complicado obter informações TÉCNICAS, fora da empresa, para o desenvolvimento desta inovação. P14: Foi complicado obter informações DE MERCADO para o desenvolvimento desta inovação. 133 Variável/Componente Cultura Costumes Redes Relacionamento/ICTs de Redes de Relacionamento/Laços interfirmas Redes de Relacionamento/Outros laços relacionais Redes de Relacionamento/Outros laços relacionais Legitimidade Condições de fundação Setor Governança/Formato da sociedade (dummy) Governança/Profissionalização da gestão Liderança/ação Liderança/avaliação Liderança/comunicação Liderança/alocação funcionários Organização Processos Ferramentas/metas Processos Ferramentas/eficiência de e e Processos e Ferramentas/usabilidade Processos e Ferramentas/disponibilidade Pessoas e Habilidades/treinamento Pessoas Habilidades/estímulo e Pessoas e Habilidades/reconhecimento Pergunta P15: A cultura de nosso país leva as empresas a inovar. P16: O desenvolvimento do novo produto/processo foi provocado mais pelo costume da empresa que pela identificação de uma nova oportunidade de mercado. P17: As parcerias com universidades ou outras instituições de pesquisa foram imprescindíveis para o desenvolvimento desta inovação. P18: A participação em associações comerciais foi importante durante o desenvolvimento e o lançamento do novo produto/processo. P19: Pessoas que fazem parte da rede de relacionamento da equipe envolvida no desenvolvimento ou no lançamento do novo produto/processo possuíram papel fundamental para o seu sucesso. P20: Empregados vindos da concorrência foram importante fonte de informação para este desenvolvimento. P21: Empresas reconhecidas como não inovadoras dificilmente terão sucesso com uma inovação no mercado. P22: O momento mais importante de uma empresa é sua fundação, pois neste momento são feitas definições que moldam a "personalidade" da empresa. P23: Procuro desenvolver as inovações sempre focando em setores mais dinâmicos, mesmo que minha empresa não atue neles. P24: A inovação não faz parte da realidade de meu setor. P25: Classificação do formato da sociedade. P26: Meus concorrentes que profissionalizaram a gestão acabaram inovando mais. P27: A direção da empresa gasta tempo agindo – e não apenas falando – sobre inovação. P28: A direção da empresa é avaliada apropriadamente e/ou recompensada pela sua performance em inovação. P29: A direção da empresa efetivamente comunica-se com toda a organização a respeito das atividades, sucessos e fracassos de inovação. P30: A direção da empresa consistentemente provê funcionários necessários aos esforços de inovação da empresa. P31: A existência de um departamento (ou setor) voltado para a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é fundamental para as empresas se tornarem mais inovadoras. P32: Em nossa empresa, há definição de objetivos e medidas para acompanhar o processo de inovação. P33: Nosso processo de inovação/desenvolvimento de novos produto (ou processos) é eficiente, ou seja, resulta em novas oportunidades de crescimento para a empresa. P34: É fácil entender ou utilizar nosso processo de inovação/desenvolvimento de novos produtos. P35: Há ferramentas e tecnologias disponíveis imediatamente na empresa para nos ajudar a inovar de forma mais eficiente. P36: Ter treinamento em criatividade, inovação e/ou em outras técnicas de solução de problemas é fundamental para se ter sucesso na inovação. P37: Em nossa empresa, as pessoas têm financiamento, espaço e tempo para desenvolver ideias e oportunidades promissoras que ajudem a empresa a inovar. P38: As pessoas são reconhecidas e recompensadas apropriadamente por ajudar nossa empresa a inovar. 134 Variável/Componente Pessoas e Habilidades/aprendizado Cultura e Valores/estímulo à criatividade Cultura e Valores/difusão interna Cultura e Valores/legitimidade Cultura colaborativa Alocação de recursos financeiros Percepção da demanda Pergunta P39: Nós efetivamente transferimos conhecimento, habilidades e ideias pelos departamentos da empresa. P40: Nossa organização sabe como aprender a partir dos erros e encoraja que se assuma riscos calculados. P41: A estratégia de nossa empresa é compreendida por todos na organização. P42: Nossa empresa é reconhecida pelo mercado como inovadora. P43: Todos na empresa são encorajados a participar de nossos esforços de inovação. P44: A direção da empresa consistentemente aplica os recursos necessários para financiar os esforços de inovação da empresa. P45: A percepção de uma demanda potencial foi determinante para a decisão de desenvolver esse novo produto/processo. Como a quantidade de perguntas com escalas de Likert era elevado (44), optou-se por segmentá-las em duas partes, intercalando-as com perguntas para caracterização da inovação, a fim de evitar o “efeito halo” e a tendência do respondente em marcar a mesma resposta nas questões remanescentes. O questionário utilizado na pesquisa é apresentado no Apêndice C. 135 5 DADOS 5.1 SELEÇÃO DOS DADOS A amostra selecionada para o presente estudo foi baseada em um mecanismo independente e externo à pesquisa, o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica. São utilizadas como principal base de dados as inovações inscritas nesse prêmio, no período de 2004 a 2006, nas categorias produto e processo. Foram utilizadas as informações constantes nas fichas de inscrição, bem como encaminhado formulário específico para a obtenção de outros dados. A escolha dessa base de dados foi motivada pelo fato de que o foco de estudo desta pesquisa são características das empresas inovadoras. Faz-se necessário uma amostra que contenha empresas inovadoras que inovem de forma sistemática e outras que não, assim como é necessário uma amostra que contenham empresa que inovam de forma radical e outras que não. Acreditamos que, para o caso do Brasil, a maior premiação dedicada à inovação seria a fonte ideal de dados para a presente pesquisa. Embora existam outras, como veremos adiante, a escolha das categorias Produto e Processo se deu pelo fato de que elas se referem a inovações específicas, o que permite, por exemplo, a classificação conforme sua radicalidade. Além disso, estas categorias possuem um número elevado de inscrições, permitindo aumentar a chance de se ter uma amostra estatisticamente significativa. A escolha do período de 2004 a 2006 se deu por quatro motivos. O primeiro era que seria necessário verificar se a empresa continuava em funcionamento pelo menos três anos após sua inscrição. O segundo diz respeito à tradição das categorias, que permitiria menor variabilidade nas fichas de inscrição, que são atualizadas ao longo dos anos. O terceiro é relativo à disponibilidade de informação. O último diz respeito a se ter uma quantidade de inscrições em número suficiente que permita uma amostra estatisticamente significativa. 136 Todos os casos avaliados referem-se a inovações de empresas (ou instituições semelhantes, como cooperativas) brasileiras. Eventuais casos de instituições sem fins lucrativos, tais como universidades, centros de pesquisa e organizações não governamentais, foram excluídas da amostra. 5.2 O USO DE PRÊMIOS COMO FONTES DE DADOS O uso de dados sobre prêmios dedicados à inovação não é novo. Um prêmio inglês intitulado “Queen’s Award” foi a base do trabalho, por exemplo, de Langrish e de Tether. Langrish et al. (1972) discutem diversas características ligadas à inovação, enquanto Tether (1998) e Tether e Massini (1998) discutem respectivamente o papel do tamanho da empresa e a criação de empregos. A principal diferença entre o “Queen’s Award” e o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica é que o primeiro não possui um número de vencedores prédeterminado. Assim, no prêmio inglês, é possível trabalhar estatisticamente apenas os casos vencedores. Para o caso brasileiro, trabalharemos com o total inscrito, utilizando como pressuposto que uma empresa que se inscreve no prêmio necessariamente se considera inovadora. A justificativa de escolha das categorias de produto e processo foi motivada pelo fato de serem as mais antigas e tradicionais do prêmio, existindo desde sua criação, em 1998, até 2007. 5.3 PRÊMIO FINEP DE INOVAÇÃO 5.3.1 Breve Histórico O prêmio foi criado em 1998 para disseminar a importância da inovação tecnológica para o desenvolvimento do País. Na primeira edição, ele foi restrito à Região Sul, na forma de um teste piloto para a versão nacional. Houve sete premiados nas 137 categorias ‘Produto’ e ‘Processo’, sendo dois na primeira e cinco na segunda Número de Inscritos categoria. 732 679 677 291 318 307 286 508 355 335 279 196 25 1998 48 1999 200 192 196 110 83 65 94 95 116 110 116 115 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Total Produto Processo Figura 12 – Evolução das inscrições nas edições do Prêmio Finep de Inovação Fonte: Finep (2008). Elaboração própria. As categorias ‘Produto’ e ‘Processo’ admitiam a inscrição de empresas brasileiras de qualquer porte. Em 1999, o prêmio continuou restrito à Região Sul e continha apenas as categorias ‘Produto’ e ‘Processo’. Foram 17 premiados. Em 2000, o prêmio passou a ser nacional e o número de inscrições cresceu bastante, de 48 para 279 (vide Figura 12). As categorias continuaram sendo apenas de produto e processo. A sistemática adotada, que funcionou nas edições seguintes, foi a de uma competição em duas etapas, uma regional e uma nacional. A partir de 2001, as categorias começam a sofrer mudanças. São incluídas, nesse ano, as categorias empresariais (Pequena, Média e Grande Empresa). Em 2002, as categorias ‘Média Empresa’ e ‘Grande Empresa’ são agrupadas e é incluída a categoria ‘Instituição de Pesquisa’. O Quadro 10 apresenta uma evolução das categorias ao longo dos anos. 138 Quadro 10 – Evolução das categorias do Prêmio Finep de Inovação Categorias 19982000 X X 2001 2002 2003 Ano 2004 2005 2006 Produto X X X X X Processo X X X X X Micro e Pequena Empresa X X X X X Média Empresa X Grande Empresa X Média e Grande Empresa X X X X Instituição de Ciência e X* X* X* X Tecnologia Inovação Social X Inventor Inovador X * Antes de 2005, a categoria se chamava Instituição de Pesquisa. ** Em 2008, a categoria Inovação Social passou a se chamar Tecnologia Social. Fonte: Finep (2008). Elaboração própria. 2007 2008 X X X X X X X X X X X X X X X X** X X X X Em 2005, a categoria ‘Instituição de Pesquisa’ passa a se chamar categoria ‘Instituição de Ciência e Tecnologia’ e é incluída a categoria ‘Inovação Social’, que visava premiar instituições que desenvolvessem inovações sociais ou os grupos beneficiados por elas. Entendia-se a inovação social como “a utilização de tecnologias que permitam promover a inclusão social, geração de trabalho, renda e melhoras nas condições de vida” (FINEP, 2005b). Além disso, também fora incluída a categoria ‘Inventor Inovador’, como uma categoria especial, pois não previa a inscrição espontânea de propostas – uma comissão especial selecionava o inventor inovador que detivesse uma patente concedida no Brasil cujo produto/processo estivesse no mercado. Em 2008, o prêmio sofreu outras modificações. A categoria ‘Média e Grande Empresa’ foi novamente desmembrada, sendo que a nova categoria ‘Grande Empresa’ passou a ser uma categoria especial, assim como a categoria ‘Inventor Inovador’. A nova categoria passou a ser escolhida dentre as empresas brasileiras financiadas pela Finep, representadas pelo conjunto de suas ações inovadoras nos últimos três anos. Além disso, a categoria ‘Inovação Social’ passou a se chamar ‘Tecnologia Social’ e as categorias ‘Produto’ e ‘Processo’ deixaram de existir. A Quadro 11 a seguir mostra o histórico das empresas premiadas nas categorias produto e processo. 139 Quadro 11 – Vencedores do Prêmio Finep de Inovação (categorias produto e processo) Ano 1998* Categoria Produto Cerâmica Portobello (SC) Soprano (RS) Processo Fritasul (SC) Multibrás (SC) Oxford (SC) Souza Cruz (RS) White Martins (RS) Lactec (PR) Petrobrás - Repar (PR) Laktron Metalúrgica (PR) Epagri (SC) Pax Informática Industrial (SC) Multibrás (SC) Weg Motores (SC) 1999* Souza Cruz (RS) Alto QI Tecnologia em Informação Ltda. (SC) Renner Herman (RS) Cerâmica Portobello (SC) Lupatech (RS) Contronic Sistemas Automáticos (RS) IMC/Labsolda (SC) Simbios Biotecnologia (RS) 2000 Nano Endoluminal Ltda (SC) Biobrás S/A (MG) Empresa Brasileira de Compressores S/A 2001 OPP Química (BA) Embraco (SC) 2002 Tigre (SC) Cenpes (RJ) 2003 Eberle S/A (RS) Sabó Indústria e Comércio Ltda. (SP) 2004 Mecat Filtrações Industriais Ltda. (GO) Endoview do Brasil Ltda. (PE) 2005 Bosch (SP) Braskem S/A (RS) 2006 Pele Nova Biotecnologia S/A (MS) Vinibrasil Vinho do Brasil S/A (PE) Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) Companhia de Saneamento do Paraná 2007 (SP) (Sanepar) (PR) Obs: * Nos anos de 1998 e 1999, o prêmio admitia mais de um vencedor nacional. Fonte: Finep (2008). 5.3.2 Funcionamento Segundo o site do Prêmio Finep de Inovação (FINEP, 2008), ele “foi criado para premiar esforços inovadores realizados por empresas, instituições de ciência e tecnologia e organizações sociais brasileiras, desenvolvidos no Brasil e aplicados no País e no exterior”. A definição de inovação tecnológica adotada pelo Prêmio Finep é claramente definida nos próprios regulamentos de cada ano. “São inovações tecnológicas as implantações de produtos e processos tecnologicamente novos e com substanciais melhorias tecnológicas. Uma inovação é considerada implantada se estiver introduzida no mercado ou usada no processo de produção.” (FINEP, 2004b) Ele é composto de duas etapas: uma regional e uma nacional. Na primeira etapa, as empresas se inscrevem para concorrer em cada uma das regiões do Brasil. As propostas concorrem entre si e são definidos os três primeiros colocados de cada 140 região. O primeiro colocado de cada região é indicado para concorrer à etapa nacional do prêmio. Dos cinco indicados, um é escolhido vencedor. O Prêmio Finep de Inovação funciona em várias categorias que funcionam de forma independente, ou seja, há um vencedor nacional para cada categoria. A seleção das propostas é feita por comissões julgadoras em cada região. As comissões são formadas por profissionais de renome na área de ciência e tecnologia e de comunicação, por empresários e por representantes de entidades do setor tecnológico. A Finep também faz parte do corpo de jurados. A seleção toma por base os critérios de julgamentos, que constituem a informação fornecida pela empresa nas fichas de inscrição. 5.3.3 Critérios de Julgamento – Categorias Produto e Processo Os critérios utilizados para julgamento das propostas encaminhadas, nas edições de 2002 a 2007, para as categorias produto e processo, abordavam basicamente três grupos: • Relevância da Inovação ou do Desenvolvimento Tecnológico; • Impacto na Competitividade da Empresa; e • Impactos Sociais e Ambientais. Cada um dos grupos possuía uma série de quesitos que a empresa deveria responder. Tais quesitos variavam ligeiramente de ano para ano, mais com o intuito de aprimoramento do questionário do que de alterar as mensurações realizadas. Em 2002, não havia quesitos específicos para avaliação dos três grupos. Na sua inscrição, a empresa era orientada a fornecer uma série dados (FINEP, 2002b): • Sobre a empresa: o razão social e CNPJ; o nome(s) do(s) responsável(eis) projeto(s)/instituição; legal, substituto(s) e cargo(s): 141 o nome dos participantes da equipe; o endereço completo, telefone, e-mail e fax; o histórico das atividades da empresa/instituição desde a sua fundação, destacando os fatos mais relevantes; o setores de atividade/áreas de atuação, competências básicas/vantagens competitivas, principais clientes; o setor de atividade onde revela maior vantagem comparativa/competitiva; o unidades industriais existentes e localização ou laboratórios e localização descrevendo sua infra-estrutura; o principais produtos/serviços da empresa/instituição e seu posicionamento no mercado; o atendimento às exigências da legislação de proteção ambiental, trabalhista e fiscal; o quantidade de empregados da administração, produção, planejamento, finanças, marketing e demais funções de apoio da empresa; o faturamento bruto; o lucro líquido por faturamento bruto. • Sobre a proposta: o descrever o objetivo e estágio atual do projeto de inovação, suas aplicações mais importantes e respectivas diferenças, vantagens e desvantagens em relação a produtos e/ou processos similares, a intensidade e origem da inovação tecnológica associada aos projetos (pioneirismo em âmbito nacional ou internacional) e resultados mercadológicos; o definir e caracterizar tecnicamente o produto/processo, informando a sua utilidade e os respectivos usuários; o dimensionar o mercado de atuação da empresa, informando a sua participação em termos percentuais e financeiros, discriminando o faturamento e a demanda por produto/processo, por região, no País e no exterior; o relacionar os principais concorrentes, destacando suas forças e fraquezas e a participação no mercado por linha de produto; 142 o indicar os principais fatores de competitividade em relação à concorrência (tecnologia, preço, marca, qualidade, serviços, etc.); o discriminar os principais clientes e fornecedores, informando o tipo de relacionamento; o descrever as formas de comercialização adotadas; o apresentar resultados sociais do projeto (redução de custos, benefícios à população, geração de emprego, impacto ambiental etc.); o apresentar resultados econômicos do(s) projeto(s) (aumento de exportação, aumento do faturamento bruto por empregado, aumento da participação no mercado etc.); o informar a integração com as Universidades e Centros Tecnológicos (e/ou outros parceiros) para divulgação/criação/execução do projeto; o informar a inserção do(s) projeto(s) (sic) em sistemas regionais de inovação tecnológica e/ou cadeias produtivas e sua importância estratégica; o informar sobre o grau de proteção da tecnologia (sigilo, marca, patente, modelo de utilidade, registrados e/ou concedidos, discriminando, quando for o caso, as datas dos registros e o tempo de validade da proteção). De 2003 a 2005, as informações a fornecer passaram a estar segmentadas por grupo. O primeiro grupo, ‘Relevância da Inovação ou do Desenvolvimento Tecnológico’, era medido em função da resposta a seis quesitos: • Data do início da comercialização do produto ou introdução do processo; • Caracterização e aplicações mais importantes e respectivas diferenças, vantagens desvantagens em relação a produto/processo similar; • Intensidade da inovação tecnológica (pioneirismo em âmbito nacional ou internacional); • Estágio de proteção de tecnologia (propriedade intelectual); • Reconhecimentos alcançados pelo processo/produto (premiações, selos qualificatórios, etc.); e 143 • Identificar se o produto, software, processo ou técnica, é resultado de adaptação (licença), ou de desenvolvimento local relacionando a estrutura de desenvolvimento (pessoal, laboratórios, CAD, design, etc.). O segundo grupo, ‘Impacto na Competitividade da Empresa’, era medido em função da resposta a três quesitos: • Mercado de atuação do produto ou processo em termos percentuais e financeiros, no Brasil e no exterior; • Impacto no faturamento, exportação, custos diretos e indiretos; e • Percentual de participação do produto/processo no faturamento da empresa. O último grupo, ‘Impactos Sociais e Ambientais’, era medido em função da resposta a três quesitos: • Benefícios à sociedade; • Benefícios aos funcionários; • Integração com universidades e centros tecnológicos; e • Inserção na cadeia produtiva e sua importância estratégica. Em 2006, houve uma modificação nos quesitos, desmembrando as informações das categorias ‘Produto’ e ‘Processo’, antes exatamente iguais. Para a categoria ‘Produto’, os critérios para avaliação da ‘Relevância da inovação ou do desenvolvimento tecnológico’ continuaram os mesmos, com uma única diferença: o quesito ‘Identificar se o produto, software, processo ou técnica, é resultado de adaptação (licença), ou de desenvolvimento local relacionando a estrutura de desenvolvimento (pessoal, laboratórios, CAD, design, etc.)’ foi substituído pelo quesito ‘tempo de vida do produto e atual estágio da inovação’. No segundo grupo, ‘Impacto na Competitividade da Empresa’ foi acrescida a expressão ‘(últimos 12 meses)’ nos dois primeiros quesitos e da palavra ‘atual’ no terceiro: 144 • Mercado de atuação do produto em termos percentuais e financeiros, no Brasil e no exterior (últimos 12 meses); • Impacto no faturamento e impactos na exportação (últimos 12 meses); e • Percentual de participação do produto no faturamento atual da empresa. No terceiro grupo, ‘Impactos Sociais e Ambientais’, foi suprimido o quesito ‘benefícios aos funcionários’: • Benefícios à sociedade com o lançamento do novo produto; • Integração com universidades e centros tecnológicos no desenvolvimento do produto; e • Inserção na cadeia produtiva e sua importância estratégica. Para a categoria ‘Processo’, os quesitos foram, no primeiro grupo, ‘Relevância da Inovação ou do Desenvolvimento Tecnológico’: • Data da introdução ou melhoria do processo na empresa que a desenvolveu ou em outras empresas; • Intensidade da inovação tecnológica (pioneirismo em âmbito nacional ou internacional); • Estágio de proteção de tecnologia (propriedade intelectual); e • Caracterização da nova rota tecnológica utilizada. Para o segundo grupo, ‘Impacto conquistados na Competitividade da Empresa’: • Caracterizar a redução de custos ou aumento da produtividade com o novo processo ou a melhoria do atual processo; e • Impactos no faturamento da empresa decorrentes da transferência de tecnologia desenvolvida no processo. Para o terceiro grupo, ‘Impactos Sociais e Ambientais’, os quesitos se mantiveram análogos aos da categoria ‘Produto’. Na edição de 2007, última a conter as categorias Produto e Processo, o regulamento mencionava apenas três critérios para ambas: relevância da inovação ou do desenvolvimento tecnológico; impactos no grau de competitividade da empresa; 145 impactos sociais e ambientais (FINEP, 2007b). Não havia descrição dos critérios no regulamento como nos anos anteriores. 5.3.4 Estudos Anteriores Utilizando o Prêmio Finep de Inovação Há relativamente poucos estudos anteriores identificados que utilizaram como fonte de dados o Prêmio Finep. A maior parte dos trabalhos que mencionam o Prêmio trata de estudos de casos de empresas que venceram alguma de suas categorias, como é o caso, por exemplo, de Ruthes et al. (2006) e Stefanovitz e Nagano (2006). A informação da premiação é mencionada nos trabalhos, mas não é efetivamente utilizada na pesquisa. Identificou-se também um estudo mais descritivo do Prêmio, que não tinha a intenção de utilizá-lo propriamente como fonte de dados (cf. NUNES, 2004). Como fonte de coleta de dados, o estudo identificou apenas três trabalhos. Um deles faz uma análise quantitativa relacionando o tamanho de empresa e a utilização de parceiras nas inovações inscritas no Prêmio Finep 2004, utilizando-se de metodologia em alguns pontos semelhante à utilizada no presente estudo (cf. CASTRO; GONÇALVES NETO, 2008). O outro estudo investiga os mecanismos de aprendizagem presentes nos vencedores do Prêmio Finep entre 2000 e 2006 (cf. LOIOLA; PORTO, 2008). Por fim, o trabalho de Rossino (2006) fazia uma análise retrospectiva do Prêmio e de seus vencedores, terminando por sugerir ações de melhoria em seu desempenho. 5.4 COLETA DE DADOS A primeira fonte de dados sobre as propostas participantes do prêmio foram as próprias fichas de inscrição. Os campos disponíveis para preenchimento nas fichas 146 eram campos de resposta aberta, sendo possível que as empresas respondessem de diferentes formas à mesma pergunta. Além disso, a resposta aos campos era opcional. Sendo assim, o primeiro passo foi verificar a consistência dos dados e sua disponibilidade. Na medida do possível, as respostas às questões das fichas foram transformadas em dados objetivos, a fim de se avaliar a possibilidade de uma análise estatística futura. Dessa forma, os seguintes dados foram extraídos das fichas, com base nas respostas às questões: • Região; • Categoria a que se inscreveu; • Setor de atividade da empresa; • Cidade e UF; • Data de fundação da empresa; • Número de funcionários; • Data do início da comercialização do produto ou introdução do processo; • Proteção da propriedade intelectual e tipo; • Percentual do faturamento bruto que a inovação representa; • Faturamento bruto da empresa; e • Existência de colaboração para o desenvolvimento da inovação, seja com universidades, centros de pesquisa ou outras empresas. Das fichas disponíveis para as categorias produto e processo, foram consideradas apenas aquelas apresentadas por empresas ou cooperativas, dado que informações como comercialização do produto e faturamento estariam prejudicadas em outros tipos de organização, tais como institutos de pesquisa públicos e entidades do Sistema S (por exemplo, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas - SEBRAE, o Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio - SENAC). 147 A fim de garantir uma maior uniformidade, o campo que classificava a inovação em produto ou processo, uma autoclassificação da empresa no momento da inscrição, foi refeita, conforme a definição presente no Manual de Oslo (cf. OECD, 2005). O conjunto de dados disponíveis nas fichas de inscrição do Prêmio Finep foi transformado no seguinte conjunto de informações relevantes para a presente pesquisa: • Classificação da inovação em produto ou processo; • Tempo de existência da empresa (calculado a partir da diferença entre o ano da edição do Prêmio Finep a que concorreu e a data de fundação informada); • Tempo desde que a inovação foi introduzida no mercado (calculado a partir da diferença entre o ano da edição do Prêmio Finep a que concorreu e o ano de introdução informado); • Tipo de proteção da propriedade intelectual, classificada em três níveis (sem proteção; com proteção concedida ou requerida junto aos órgãos competentes; e só com direitos sobre marca, autoria ou domínio web); • Percentual de participação do produto no faturamento da empresa ou de redução de custo anual, no caso de processo; • Faturamento anual; • Número de funcionários; • Unidade federativa; • Existência de colaboração para o desenvolvimento da inovação, classificada de forma binária, e a quantidade de colaborações; • Para os casos com colaboração para o desenvolvimento da inovação, foi classificado o(s) colaborador(es) em: universidades; institutos de pesquisa; outras empresas; outras empresas no exterior; universidades ou institutos de pesquisa no exterior; sistema S (SENAI e SEBRAE) e associações; e outros; • O setor de atuação da empresa. Embora as fichas de inscrição contivessem perguntas que permitiriam coletar mais informações, parte delas foi desconsiderada, principalmente em função de um número insuficiente de respostas. 148 As informações foram complementadas por meio de um questionário enviado às empresas, conforme descrito anteriormente. 5.5 PREMISSAS PARA TRATAMENTO DOS DADOS 5.5.1 Porte das empresas Tendo em vista que fazemos referência ao porte das empresas estudadas, convém definir os critérios utilizados para tanto. Segundo Karlsson e Olsson (1998), a maior parte dos autores utiliza como critério de porte das empresas o emprego. Grandes empresas seriam as que empregam um número maior ou igual a 500 funcionários. A distinção entre pequenas e médias é mais complicada, variando entre até 50 ou 100 funcionários. Já o SEBRAE (2008) possui um tipo de estratificação, utilizada na maior parte de seus estudos, que define faixas de empregados, mas que varia em função da classificação da empresa em indústria ou comércio e serviços. O SEBRAE (2008) classifica o porte de empresas industriais como: microempresas, se possuírem até 19 empregados; pequenas empresas, se possuírem entre 20 e 99 empregados; médias empresas, se possuírem entre 100 e 499 empregados; e grandes empresas, se possuírem mais de 499 empregados. Já para o setor de comércio e serviços, os valores de referência são substancialmente menores. São microempresas as empresas com até 9 empregados, pequenas as de 10 a 49 empregados, médias as de 50 a 99 empregados e grandes as com mais de 99 empregados. Há outras formas de avaliar o tamanho de uma empresa, como o uso do receita de vendas. No Brasil, algumas instituições públicas (BNDES, 2009; FINEP, 2009) utilizam uma classificação de porte atrelada ao faturamento. Para fins de apuração 149 de impostos, a classificação também costuma estar referenciada no faturamento da empresa. Um inconveniente em utilizar uma classificação atrelada ao faturamento é que se torna difícil sua comparação com empresas em outros países, sujeitas a outras moedas correntes. Além disso, com a variação dos preços, uma definição de porte pelo faturamento necessitaria ser atualizada periodicamente, o que traria uma outra dificuldade no tratamento dos dados. A exemplo de Karlsson e Olsson (1998), Hicks e Hegde (2005) também classificam pequenas empresas como as que possuem menos de 500 empregados. Esta classificação traz a vantagem de tornar comparáveis as pesquisas sobre o tema, além de atender à recomendação do Manual de Oslo a respeito da forma de mensuração do tamanho da empresa (cf. OECD, 2005, p.81). O problema maior é a aplicabilidade à realidade brasileira. Não é possível afirmar que, dadas as diferenças entre os países, haja correspondência entre o conceito de cada porte de empresa. A Pesquisa de Inovação Tecnológica – Pintec (IBGE, 2007), uma referência para estudos mais abrangentes sobre a inovação, opta por não rotular o porte das empresas respondentes. No caso, há resultados tabulados por faixa de pessoal ocupado. São cinco faixas: de 10 a 49; de 50 a 99; de 100 a 249; de 250 a 499; e com 500 ou mais pessoas ocupadas. Há um problema na utilização da classificação por faixas de pessoal ocupado sugerido na Pintec, que está relacionado à existência de uma quantidade relevante de empresas com menos de 10 empregados dentre as inscritas, como veremos na descrição da amostra mais adiante. Assim sendo, quando necessário mencionar o porte, optamos por utilizar a classificação do Sebrae (2008), mais adequada à realidade brasileira e à amostra que trabalharemos. 150 5.5.2 Caracterização da inovação radical Como vimos anteriormente, diversos são os fatores relacionados à inovação radical mencionados nas pesquisas, como a descontinuidade tecnológica (FREEMAN et al., 1982; SCHUMPETER, 1961), o grau de novidade (TIRONI; CRUZ, 2008; TIDD et al., 2001) e a subversão de conceitos centrais (HENDERSON; CLARK, 1990). Nesta direção, Rice et al. (2001), McDermott e O’Connor (2002) utilizam um esquema bastante objetivo para identificação das inovações radicais, que servirá de base para a classificação das inovações presentes na base de dados da pesquisa. Para eles, o atendimento a uma das três condições a seguir é suficiente para a classificação: • A solução técnica leva a uma redução de 30% ou mais no custo da plataforma atual do produto; ou • A solução técnica oferece oportunidades de abrir uma linha de negócios completamente nova tanto para a empresa quanto para o mercado; ou • A solução técnica leva a uma melhoria de 5 a 10 vezes em características conhecidas de performance do produto. Na nossa pesquisa, propusemos uma pequena alteração no critério proposto, a fim de melhor estratificar as inovações radicais. Foram consideradas inovações radicais apenas as que atenderam a, no mínimo, duas das condições citadas acima. A alteração proposta busca mitigar a possibilidade de se ter inovações incrementais que atinjam os resultados listados e aumentava a probabilidade de se ter inovações com impacto na empresa e no mercado. A fim de ilustrar essa possibilidade, um exemplo simples é o de produzir pequenas porções de um produto já conhecido, com o objetivo de atender a um novo segmento, como o infantil ou de pessoas solteiras. A modificação provavelmente abrirá uma nova linha de negócios para a empresa e talvez para o mercado, embora não se possa classificar a inovação como radical, assumindo as definições abordadas neste estudo. A adoção de dois dos critérios dificulta uma possível miopia na classificação das inovações radicais. 151 5.5.3 Caracterização das inovadoras persistentes e ocasionais A exemplo do proposto por Lehtoranta (2005), Wziatek-Kubiak e Peczkowski (2010) e partindo-se do ponto em que a amostra desta pesquisa é formada exclusivamente por empresas inovadoras, caracterizaremos as inovadoras ocasionais como aquelas que participaram de apenas uma edição do Prêmio Finep de Inovação, dentre as de 2004, 2005 e 2006. As inovadoras persistentes serão caracterizadas como as que inscreveram inovações diferentes em mais de uma edição. Esta forma de classificação é uma proxy da persistência, tendo em vista que as empresas: poderiam inovar e não se inscrever no Prêmio Finep; e poderiam inscrever inovações desenvolvidas e lançadas em períodos bastante distintos, apenas coincidindo a data de inscrição no Prêmio Finep. Quanto à primeira consideração, levou-se em conta que, por se tratar de um prêmio, em que são divulgadas algumas informações sobre as inscrições, as empresas provavelmente inscreveriam as inovações mais relevantes. Assim sendo, uma inovação não inscrita, provavelmente seria de pouco significado para a empresa, já que ela optara por inscrever outras. Quanto à segunda consideração, há concentração elevada de inovações lançadas no período de 2002 a 2006, que representa 69,8% das respostas válidas. Embora haja casos de inovações lançadas há mais tempo, há também casos de inovações que não haviam sido comercializadas no momento da inscrição. A Tabela 4 mostra as estatísticas descritivas quanto ao ano da primeira venda da inovação, nos casos em que a informação foi disponibilizada pela empresa. O histograma das frequências pode ser visto na Figura 13. Tabela 4 – Estatísticas descritivas da variável ‘ano da primeira venda’ N 116 Média 2004,16 D.P. 3,835 Percentil 25 2003 Mediana 2005 Percentil 75 2006 152 40 Frequency 30 20 10 Mean =2004,16 Std. Dev. =3,835 N =116 0 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 ano_venda Figura 13 – Histograma de frequências do ‘ano da primeira venda’ Entende-se, no entanto, que tais considerações minimizam, mas não excluem os erros tipo I e II. O erro do tipo I seria, por exemplo, uma empresa que desenvolveu e lançou inovações no ano de 2004, portanto caracterizável, segundo nosso critério, como uma inovadora ocasional, mas que inscreveu uma inovação em cada edição do Prêmio Finep, em 2004, 2005 e 2006. O erro do tipo II seria, por exemplo, uma empresa que desenvolveu e lançou inovações nos anos de 2004, 2005 e 2006, portanto caracterizável, segundo nosso critério, como uma inovadora persistente, mas que inscreveu todos na edição de 2006. Ela seria classificada como ocasional, da mesma forma que uma empresa que tenha desenvolvido e lançado inovações associadas entre si, no mesmo ano. Não há como checar com precisão os erros, pois as informações sobre as demais inscrições não estavam disponíveis para comparação. Estima-se, porém, que os erros tipo I e II representem poucos casos da amostra e tenham pouco impacto sobre a análise, tendo em vista que um teste de comparação dos grupos de inovadoras persistentes e ocasionais pela Anova obteve resultado não significativo (p=0,559). Por fim, entende-se que a classificação utilizada é útil e traz alguns dados relevantes para o estudo da inovação contínua. Em estudos futuros, sugere-se utilizar bases de dados que permitam mensurar de forma mais adequada a continuidade da atividade inovadoras, como, por exemplo, a Pintec. Embora ela não traga o conceito utilizado no presente estudo – a Pintec identifica apenas atividades internas de P&D contínuas ou ocasionais –, a coleta de dados em diversos anos dá uma perspectiva transversal que pode ser útil para a identificação da inovação contínua. 153 6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 6.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS Como já afirmado anteriormente, a amostra foi composta pelas inovações inscritas no Prêmio Finep de Inovação, no período de 2004 a 2006, nas categorias produto e processo. A Tabela 5 relaciona o universo de inscrições que trabalhamos. Tabela 5 – Quantidade de inscrições no Prêmio Finep de Inovação consideradas na pesquisa Categoria Produto Processo Total 2004 291 116 407 Ano 2005 318 110 428 2006 307 116 423 TOTAL 916 342 1258 6.1.1 Inovações e número de empresas Nas edições do Prêmio Finep de Inovação de 2004 a 2006, foram 1.864 inscrições, sendo 916 na categoria Produto, 342 na categoria Processo e 606 em outras categorias. Das 1.258 inscrições nas categorias Produto e Processo, que utilizaremos como base para a nossa pesquisa, foram disponibilizadas 1.245 fichas de inscrição representadas pela totalidade das fichas de 2005 e 2006 e por parte das inscrições de 2004. Procedemos, então, à tabulação e tratamento prévio dos dados. Foram suprimidas as inscrições realizadas por universidades e instituições sem fins lucrativos, tendo em vista que, nestes casos, não seria possível coletar dados que aferissem a performance dos produtos no mercado. Somavam 113. Foram também eliminadas as inscrições repetidas. Tendo em vista que não havia restrição no regulamento à inscrição de uma mesma inovação por várias edições do 154 Prêmio Finep de Inovação, era possível encontrar uma mesma inovação inscrita em dois ou até em três edições anuais. Somavam 106. Feitas as eliminações, a amostra refere-se a 1.026 inovações, de 731 empresas diferentes. 6.1.2 Distribuição regional Há uma predominância de inscrições nas Regiões Sudeste e Sul do Brasil, representando, 67,3% das inscrições. A Tabela 6 a seguir lista a participação de cada Estado nas inscrições. Tabela 6 – Distribuição regional das inovações inscritas Região Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul (N=731) Estado Acre Amazonas Amapá Pará Rondônia Roraima Tocantins Alagoas Bahia Ceará Maranhão Paraíba Pernambuco Piauí Rio Grande do Norte Sergipe Distrito Federal Goiás Mato Grosso Mato Grosso do Sul Espírito Santo Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo Paraná Rio Grande do Sul Santa Catarina Participação Estadual 0,4% 1,6% 0,3% 2,1% 0,4% 0,0% 0,1% 0,4% 2,3% 3,1% 0,0% 3,3% 3,6% 0,0% 1,6% 0,4% 1,2% 4,7% 4,1% 2,9% 7,8% 8,6% 7,9% 15,0% 7,5% 10,5% 10,0% Participação Regional 4,9% 14,7% 12,9% 39,3% 28,0% 155 6.1.3 Inovações de produto e de processo A fim de garantir uma maior uniformidade, o campo que classificava a inovação em produto ou processo, uma autoclassificação da empresa no momento da inscrição, foi refeita, conforme a definição presente no Manual de Oslo (OECD, 2005) já apresentada anteriormente no presente estudo. O resultado está descrito na Tabela 7. Tabela 7 – Classificação das inovações inscritas Produto Processo Total Classificação inicial (autoclassificação) 756 270 1026 Inovações Reclassificadas 40 43 83 Classificação Final 759 267 1026 Participação 74,0% 26,0% 100% 6.1.4 Idade das empresas Supondo que as empresas continuam em atividade, suas idades (diferença entre a data de fundação até 2010) são apresentadas na Tabela 8. Percebe-se um grande equilíbrio entre empresas jovens (com menos de 10 anos desde a fundação), empresas maduras (com mais de 20 anos) e empresas com idade intermediária (entre 10 e 20 anos desde a fundação). Tabela 8 – Tempo de existência das empresas com inovações inscritas Anos de Existência 0-9 10-19 20 ou mais Não informado Total Quant. de empresas 226 248 206 51 731 % 30,9% 33,9% 28,2% 7,0% 100,0% 6.1.5 Setor de atividade das empresas Em relação ao setor de atividade das empresas inovadoras, embora a ficha de inscrição solicitasse a classificação pelo CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), nem sempre as respostas estavam preenchidas. Assim, as informações faltantes foram completadas, mediante visita aos sites na Internet de 156 algumas empresas e pela linha de produtos fornecida na própria ficha. Optou-se por reclassificar os setores, conforme a atividade mais significativa. Em momento posterior, os setores foram agrupados, resultando nos setores listados na Tabela 9. Verificou-se uma concentração das inovações em empresas de software e telecomunicações (27,9%), seguido do setor de equipamentos eletro-eletrônicos e componentes (15,7%). Tabela 9 – Setor da atividade principal das empresas com inovações inscritas Setor Quant. % Software e telecomunicações 204 27,9% Equipamentos Eletro-eletrônicos e Componentes 115 15,7% Metal-mecânico e Máquinas Agrícolas 81 11,1% Construção Civil e Engenharia 56 7,7% Farmacêutico e Cosméticos 30 4,1% Alimentos e Bebidas 29 4,0% Comércio, Serviços e Consultoria 26 3,6% Química e Petroquímica 25 3,4% Mineração, Metalurgia e Siderurgia 24 3,3% Agropecuária, Pesca e Extrativismo Vegetal 21 2,9% Automobilística e Autopeças 18 2,5% Energia 15 2,1% Têxtil, Calçados e Confecções 15 2,1% Papel, Celulose, Madeira e Gráficas 8 1,1% Outros* 64 8,8% TOTAL 731 100,0% * A categoria ‘Outros’ compreende: Bancos, empresas de Biotecnologia, Educação, Instrumentos musicais, Jóias, Reciclagem, Saneamento, Saúde, Material bélico, Borracha, Armazenagem, Artesanato e Utensílios plásticos. 6.1.6 Porte das empresas Quanto ao porte, seguindo a classificação utilizada pelo Sebrae (2008), temos uma preponderância de micro e pequenas empresas (66,9%), conforme se pode observar na Tabela 10. Tabela 10 – Porte das empresas com inovações inscritas Porte Micro Pequena Média Grande Não informado Total Quant. de empresas 294 195 71 107 64 731 % 40,2% 26,7% 9,7% 14,6% 8,8% 100% 157 6.1.7 Uso de instrumentos de Propriedade Intelectual Uma das perguntas das fichas de inscrição dizia respeito à propriedade intelectual das inovações apresentadas. As empresas posicionavam-se quanto à existência de patentes ou outros tipos de proteção da propriedade intelectual. Pela análise das respostas, verifica-se que, embora boa parte das empresas tenha patenteado suas inovações ou registrado o código do software, algumas não o fizeram. Algumas das que não protegeram formalmente suas inovações alegaram um dos seguintes motivos: foi guardado sigilo industrial sobre a novidade, não era possível patentear (tecnologia de domínio público), considerava o processo caro ou não havia considerado essa necessidade até o momento da inscrição. A Tabela 11 apresenta a existência de um instrumento de propriedade intelectual sobre a inovação inscrita no Prêmio Finep de Inovação, enquanto que a Tabela 12 mostra um cruzamento da utilização de instrumentos de propriedade intelectual e o porte das empresas com inscrições no Prêmio. Tabela 11 – Uso de instrumentos formais de Propriedade Intelectual sobre as inovações inscritas Tipo de Uso Não patenteou Utilizou apenas registro da marca e/ou direitos autorais Utilizou patentes, modelos de utilidade e outros mecanismos Não informado Total Quant. de empresas 387 % 37,7% 62 6,0% 530 51,7% 47 1026 4,6% 100,0% Tabela 12 – Porte da empresa e proteção da propriedade intelectual Proteção da Propriedade Intelectual Não patenteou Utilizou apenas registro da marca e/ou direitos autorais Utilizou patentes, modelos de utilidade e outros mecanismos Não informado Total Porte da Empresa Micro Pequena Média Grande 95 74 30 55 Não informado 20 25 20 2 2 2 51 167 92 35 46 41 381 7 294 9 195 4 71 4 107 1 64 25 731 Total 274 158 6.2 DESCRIÇÃO DOS RESPONDENTES 6.2.1 Quantidade de respostas Dos 1026 questionários enviados, 122 foram respondidos, o que representa uma taxa de resposta de 11,9%. Considerando que 103 empresas responderam, sobre a amostra de 731, a taxa de resposta subiria para 14,1%. Um e-mail prévio (vide Apêndice A), avisando sobre a pesquisa, foi enviado no dia 6/10/2010 e e-mails direcionados às empresas (vide Apêndice B) foram enviados a partir do dia 7/10/2010. Vários questionários foram reenviados por problemas na lista de e-mails (a quase totalidade referente a funcionários que não mais trabalhavam na empresa). Houve também reenvios periódicos, por um mês, às empresas que ainda não haviam respondido ao questionário. A Tabela 13 mostra a quantidade de respostas e a Figura 14, um perfil das datas de resposta. Uma listagem das empresas que responderam ao questionário encontra-se no Apêndice D. Tabela 13 – Quantidade de respostas Questionários enviados Voltaram por problemas no e-mail Reenvios Total de respostas Taxa de resposta 1.026 121 560 122 11,9% 20 15 10 5 Figura 14 – Quantidade de respostas por data 28/12/10 26/12/10 24/12/10 22/12/10 20/12/10 18/12/10 16/12/10 14/12/10 12/12/10 8/12/10 10/12/10 6/12/10 4/12/10 2/12/10 30/11/10 28/11/10 26/11/10 24/11/10 22/11/10 20/11/10 18/11/10 16/11/10 14/11/10 12/11/10 8/11/10 10/11/10 6/11/10 4/11/10 2/11/10 31/10/10 29/10/10 27/10/10 25/10/10 23/10/10 21/10/10 19/10/10 17/10/10 15/10/10 13/10/10 9/10/10 11/10/10 0 7/10/10 Quantidade de Respostas 25 159 As inovações de produto representaram 81,1% das respostas, enquanto as de processo responderam pela parcela remanescente. A fim de se assegurar que os respondentes representavam adequadamente o grupo avaliado, de empresas inscritas no Prêmio Finep de Inovação, e observar algum viés de não resposta, foi realizado um teste estatístico utilizando como variável de controle o ano de fundação da empresa, variável disponível para os dois grupos, o de empresas que responderam ao questionário e o total de empresas inscritas no Prêmio. Tabela 14 – Teste para a avaliação da não resposta Teste de Levene para a igualdade de variâncias Teste-t para a igualdade de médias Variável F Sig. t gl Sig. (2tailed) Ano de fundação 0,473 0,492 0,266 1166 0,790 Diferenças das médias Diferença no erro padrão 0,62529 2,35280 Intervalo de confiança de 95% da diferença Inferior Superior -3,99091 5,24148 Conforme apresentado na Tabela 14, o teste de Levene demonstra que não se pode rejeitar a hipótese de igualdade das variâncias, assumindo-se, portanto, que as variâncias são iguais. Já o teste-t mostra que não se pode rejeitar a hipótese de diferença das médias. Assim sendo, sugere-se que as inscrições no Prêmio Finep são adequadamente representadas pela amostra de respondentes. 6.2.2 Distribuição regional Há uma predominância de respostas de empresas nas Regiões Sudeste e Sul do Brasil, representando 74,6% das respostas. A Tabela 15 a seguir mostra a distribuição regional dos respondentes. 160 Tabela 15 – Distribuição regional dos respondentes Região Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Total Quantidade de respostas 6 15 10 52 39 122 Participação percentual 4,9% 12,3% 8,2% 42,6% 32,0% 100,0% 6.2.3 Setor de atividade das empresas Em relação ao setor de atividade das empresas inovadoras, verificou-se uma concentração das inovações em empresas de software e telecomunicações (27,0%), seguido do setor de equipamentos eletro-eletrônicos e componentes (19,7%). A Tabela 16 mostra essa composição. Tabela 16 – Setor da atividade principal das empresas dos respondentes Setor Quant. % Software e telecomunicações 33 27,0% Equipamentos Eletro-eletrônicos e Componentes 24 19,7% Metal-mecânico, Automotivo e Máquinas Agrícolas 19 15,6% Química, Farmacêutica e Papel e Celulose 13 10,7% Mineração, Metalurgia e Siderurgia 7 5,7% Alimentos, Bebidas e Agropecuária 5 4,1% Comércio, Serviços e Consultoria 5 4,1% Construção Civil e Engenharia 5 4,1% Têxtil, Calçados e Confecções 5 4,1% Outros* 6 4,9% TOTAL 122 100,0% * A categoria ‘Outros’ compreende: empresas de Energia, Jóias, Saneamento, Saúde e Utilidades Domésticas. 6.2.4 Porte das empresas Quanto ao porte, seguindo a classificação utilizada pelo Sebrae (2008), temos uma preponderância de micro, pequenas e médias empresas (68,0%), conforme se pode observar na Tabela 17. Embora, em média, tenha havido um crescimento das empresas, algumas delas se mantiveram no mesmo porte e outras reduziram o seu quadro de pessoal. 161 Tabela 17 – Porte das empresas dos respondentes Porte Micro Pequena Média Grande Total Em 2006 53 26 9 34 122 % 43,4% 21,3% 7,4% 27,9% 100% Em 2009 41 38 4 39 122 % 33,6% 31,1% 3,3% 32,0% 100% Das empresas que responderam ao questionário, 24,2% pertencem ou pertenceram a uma incubadora. 6.2.5 Infraestrutura para P&D A fim de verificar a existência de uma estrutura voltada para pesquisa e desenvolvimento nas empresas respondentes, foram verificadas duas questões: se a empresa alocou uma equipe interna para o desenvolvimento da inovação inscrita no Prêmio Finep e se o seu desenvolvimento contou com um orçamento formalizado, independentemente da origem dos recursos utilizados. A Tabela 18 ilustra as respostas obtidas. Tabela 18 – Existência de infraestrutura de P&D Não possui orçamento de P&D formalizado Possui orçamento de P&D formalizado Total Não alocou equipe interna para desenvolvimento 14 (11,5%) Alocou equipe interna para desenvolvimento Total 42 56 (34,4%) (45,9%) 2 64 66 (1,6%) (52,5%) (54,1%) 16 106 122 (13,1%) (86,9%) (100,0%) Percebe-se uma concentração de empresas que alocaram recursos e pessoal no desenvolvimento da inovação inscrita no Prêmio Finep, o que é de se esperar, tendo em vista que a amostra é formada por empresas inovadoras. 6.2.6 Percentual de Faturamento advindo de Produtos Novos Para caracterização do percentual do faturamento advindo de novos produtos das empresas, foram considerados novos os produtos lançados há menos de três anos, 162 período de tempo usualmente utilizado por pesquisas como a Pintec (IBGE, 2002; 2005; 2007; 2010). A Tabela 19 nos mostra que há um predomínio de respostas nos percentuais mais baixos. Pouco mais da metade dos casos se refere a participações inferiores a 40%. Tabela 19 – Percentual de faturamento advindo de produtos lançados há menos de 3 anos pelos respondentes Quantidade de respostas 42 24 19 17 16 4 122 0% a 20% 21% a 40% 41% a 60% 61% a 80% 81% a 100% Não respondida Total Participação percentual 34,4% 19,7% 15,6% 13,9% 13,1% 3,3% 100,0% 6.2.7 Classificação das Estratégias Conforme descrito anteriormente, as estratégias de cada uma das empresas, em relação a cada uma das inovações inscritas no Prêmio Finep, foram classificadas de acordo com a tipologia proposta por Freeman e Soete (1997). Para tanto, foram realizadas algumas perguntas, relacionadas no item 4.5. O resultado da classificação é apresentado na Tabela 20 a seguir. Tabela 20 – Estratégias dos respondentes Estratégia Ofensiva Defensiva Imitativa Dependente Tradicional Oportunista Total Quantidade de respostas 33 17 18 2 21 31 122 Participação percentual 27,0% 13,9% 14,8% 1,6% 17,2% 25,4% 100,0% 6.2.8 Inovação Radical Baseado no proposto por Rice et al. (2001), McDermott e O’Connor (2002), identificamos, dentre as respostas obtidas, as que se referiam a inovações radicais. 163 O critério, bastante objetivo, foi verificado sobre a declaração dos respondentes. A Tabela 21 a seguir mostra o atendimento aos critérios definidos pelos autores. O atendimento a pelo menos dois deles já configura a inovação como radical. Tabela 21 – Inovações radicais nos respondentes Critério Quantidade de respostas 74 Participação percentual 60,7% A inovação fez parte de uma linha de negócios completamente nova tanto para a empresa quanto para o mercado. Com a inovação, houve redução de 30% ou mais no custo da 23 18,9% plataforma de um produto já comercializado pela empresa. A inovação levou a uma melhoria de 5 a 10 vezes em 53 43,4% características conhecidas de performance de um produto já comercializado. Nenhuma delas. 19 15,6% Atendimento a todas elas. 10 8,2% Atendimento a, ao menos, duas delas. 36 29,5% Total 122 100,0% obs: uma inovação poderia atender a mais de um critério, podendo a soma das respostas ser superior a 100%. Conforme o critério definido no presente estudo, foram identificadas 36 inovações radicais. 6.2.9 Inovação Contínua Conforme descrito anteriormente, as empresas foram classificadas em inovadoras persistentes ou ocasionais, de acordo com suas inscrições no Prêmio Finep de Inovação. A quantidade de cada um dos tipos na amostra é apresentada na Tabela 22 a seguir. Tabela 22 – Quantidade de inovadoras ocasionais e persistentes na amostra Tipo Ocasional Persistente Total Frequência 66 56 122 % 54,1 45,9 100,0 164 6.3 TESTE DA HIPÓTESE HG1 – INOVAÇÃO RADICAL Para o teste da hipótese HG1, foram verificadas cada uma das hipóteses derivadas, H1.1 a H1.20. Para tanto, foram realizadas quatro análises multivariadas. Inicialmente, foi realizada uma análise de variância. Seu objetivo é entender que variáveis apresentam diferenças significativas entre os grupos de empresas que inovaram de forma radical e as demais empresas. Em seguida, foi realizada uma análise discriminante, a fim de confirmar os achados na análise de variância e medir a importância de cada variável para a composição do perfil. Como a premissa de normalidade das variáveis não foi atendida, como veremos adiante, seguindo recomendação de Hair et al. (1998), foi realizada uma regressão logística para fins de confirmação dos resultados da análise discriminante. Por fim, foi realizada uma análise fatorial, com o objetivo de entender se os fatores inicialmente propostos na teoria são válidos também para a amostra selecionada. A partir dos fatores construídos, foram refeitas a análise discriminante e a regressão logística. Todos os testes estatísticos foram realizados com o auxílio do software SPSS – Statistical Package for Social Sciences, versão 15.0. As variáveis P12, P13, P14 e P24 tiveram sua escala invertida (Pinvertida = 6 – P), a fim de se ajustar à direção de influência que a teoria apontava. 6.3.1 Análise descritiva A partir da divisão dos respondentes em inovadores radicais ou não, foram avaliados alguns dados preliminares sobre os grupos, a fim de melhor caracterizá-los. Foram avaliados o porte, a distribuição regional, o tipo de inovação inscrita no Prêmio Finep de Inovação, o setor, o histórico de incubação e o ano de fundação. 165 Quanto ao porte, observa-se que as inovadoras radicais são, em média, menores que as não radicais. Enquanto que, nas não radicais, o percentual de empresas médias e grandes atinge 44,2%, são apenas 13,9% nas radicais. A Figura 15 traz essa distribuição, conforme a classificação do Sebrae (2008). Figura 15 – Distribuição do grupo de inovadoras radicais por porte Quanto à região geográfica, as respostas decorrentes de inovadoras radicais concentravam-se majoritariamente no Sudeste, com mais de metade das observações, enquanto que, para as não radicais, havia uma distribuição um pouco mais equilibrada entre as regiões Sul e Sudeste. A Figura 16 mostra essa distribuição geográfica. Figura 16 – Distribuição geográfica do grupo de inovadoras radicais 166 Os resultados para o tipo de inovação, de produto ou de processo, foram extremamente semelhantes entre os grupos, como se pode ver na Figura 17. Figura 17 – Tipo de inovação do grupo de empresas inovadoras radicais Quanto aos setores, as inovadoras radicais concentravam-se em Software, Telecomunicações e Equipamentos Eletro-eletrônicos, enquanto que as não radicais estavam mais presentes no setor de Software e Telecomunicações e em Outros setores (principalmente têxtil, agropecuária, alimentos e metalurgia). A Figura 18 mostra essa distribuição. Obs: alguns setores foram agrupados na categoria “Outros” para preservar a identidade dos respondentes. Figura 18 – Distribuição setorial do grupo de inovadoras radicais 167 Algumas empresas afirmaram ter passado por um processo de incubação no passado. O percentual de inovadoras radicais que passaram por uma incubadora de empresas era ligeiramente inferiores ao das não radicais, como se verifica na Figura 19. Figura 19 – Histórico de incubação do grupo de empresas inovadoras radicais O ano de fundação também foi alvo de comparação entre as duas categorias de empresas, com resultados semelhantes, como se vê na Figura 20. Verifica-se apenas que há mais empresas antigas no grupo das não radicais. Figura 20 – Ano de fundação do grupo de empresas inovadoras radicais 168 As empresas com inovações radicais apresentam um percentual do faturamento advindo de produtos lançados há menos de três anos maior que as empresas sem inovações radicais, como mostra a Figura 21. Figura 21 – Percentual do faturamento advindo de novos produtos no grupo de empresas inovadoras radicais Quanto à infraestrutura de P&D, não parece haver diferenças significativas entre empresas com inovações radicais e as demais inovadoras. A Figura 22 traz uma comparação de dois quesitos relacionados a este fator: a existência de uma equipe interna e de um orçamento dedicados a P&D. Figura 22 – Infraestrutura de P&D no grupo de empresas inovadoras radicais 169 6.3.2 Teste da normalidade das variáveis Para a utilização de testes multivariados, é necessário um exame cuidadoso dos dados, a fim de verificar sua adequação e o atendimento de premissas. Para a operacionalização dos 20 fatores descritos na revisão bibliográfica, foram levantadas 45 variáveis. São 13 fatores ligados a fatores externos à empresa e 7 ligados a fatores internos. Os fatores externos somavam 26 variáveis, enquanto os internos somavam 19. A primeira preocupação, a fim de possibilitar uma análise discriminante, foi a de apurar a normalidade das variáveis, através dos testes de Kolmogorov-Smirnov e de Shapiro-Wilk. A Tabela 23 mostra os resultados da análise. No Apêndice E, é possível visualizar histogramas para cada uma das variáveis. Tabela 23 – Análise da normalidade das variáveis ligadas aos fatores externos Fator Legislação Financiamento Educação Nível da cadeia produtiva Governo Local Informações Cultura Redes Legitimidade Condições de Fundação Setor Governança (N=103) -0,838 -1,398 -1,364 -0,123 -1,306 -1,298 1,177 1,153 -1,380 -1,035 -0,875 -1,015 -0,909 -1,025 -1,130 -1,320 -1,294 -0,828 -0,764 5,798 -0,824 KolmogorovSmirnov Est. Sig. 0,307 0,000 0,176 0,000 0,226 0,000 0,237 0,000 0,181 0,000 0,212 0,000 0,289 0,000 0,365 0,000 0,283 0,000 0,223 0,000 0,291 0,000 0,253 0,000 0,152 0,000 0,164 0,000 0,202 0,000 0,192 0,000 0,207 0,000 0,293 0,000 0,203 0,000 0,457 0,000 0,173 0,000 Est. 0,785 0,856 0,824 0,805 0,876 0,841 0,766 0,693 0,799 0,829 0,765 0,830 0,912 0,908 0,894 0,878 0,860 0,796 0,862 0,535 0,912 Sig. 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,382 -0,928 0,233 0,000 0,888 0,000 0,135 1,386 0,881 -0,559 -0,982 0,388 -1,249 -0,294 0,211 0,342 0,442 0,234 0,000 0,000 0,000 0,000 0,901 0,658 0,576 0,890 0,000 0,000 0,000 0,000 Variável Média D.P. Assimetria Curtose P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 2,17 2,83 2,59 3,88 2,70 2,51 4,18 1,74 2,46 2,40 2,25 3,63 3,09 2,93 2,69 3,14 2,57 2,18 3,68 1,36 2,84 1,373 1,524 1,556 1,270 1,385 1,448 1,036 1,129 1,545 1,437 1,513 1,400 1,245 1,285 1,268 1,442 1,411 1,363 1,246 0,765 1,118 0,740 0,183 0,406 -0,977 0,130 0,406 -1,297 1,454 0,449 0,603 0,807 0,537 0,075 -0,101 0,196 -0,183 0,286 0,724 -0,575 2,364 0,013 P22 2,57 1,226 P23 P24 P25 P26 2,99 4,09 2,20 3,48 1,159 1,415 1,844 1,119 Shapiro-Wilk 170 A assimetria está relacionada ao formato da curva de distribuição de frequências. Em uma curva simétrica, a média, a mediana e a moda são iguais. As assimétricas podem ter um deslocamento para qualquer um dos lados. Já a curtose mostra o quanto a curva é achatada ou alongada em relação à curva-padrão. Apesar de algumas variáveis poderem ser consideradas simétricas (P5, P13, P14, P21 e P23), e alguns histogramas sugerirem uma distribuição normal, os testes estatísticos mostram que nenhuma das variáveis pode ser considerada como tendo uma distribuição normal (p<0,05). Os testes utilizados comparam a distribuição observada com uma distribuição normal teórica. Os mesmos testes foram realizados com as variáveis dos fatores internos. A Tabela 24 mostra os resultados desta análise. Tabela 24 – Análise da normalidade das variáveis ligadas aos fatores internos Fator 2,303 0,076 -0,624 3,332 KolmogorovSmirnov Est. Sig. 0,257 0,000 0,237 0,000 0,243 0,000 0,330 0,000 Est. 0,763 0,872 0,827 0,763 Sig. 0,000 0,000 0,000 0,000 -1,515 2,715 0,360 0,000 0,699 0,000 1,067 0,799 0,965 1,008 0,954 1,018 0,904 0,880 0,837 0,882 0,879 0,760 -0,946 -1,753 -0,995 -1,060 -0,801 -1,207 -0,618 -0,674 -0,661 -0,545 -1,521 -0,443 0,564 4,771 0,764 0,866 0,458 0,788 0,496 0,244 0,422 0,094 1,974 -0,695 0,260 0,271 0,255 0,336 0,239 0,366 0,254 0,225 0,220 0,234 0,361 0,240 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,845 0,714 0,827 0,813 0,849 0,759 0,865 0,842 0,827 0,858 0,701 0,814 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 4,15 0,901 -1,442 2,460 0,310 0,000 0,752 0,000 4,52 0,827 -2,203 5,648 0,387 0,000 0,622 0,000 Variável Média D.P. Assimetria Curtose Liderança P27 P28 P29 P30 4,22 3,71 4,09 4,01 0,907 1,081 0,898 0,846 -1,426 -0,722 -0,589 -1,406 Organização interna P31 4,46 0,777 P32 P33 P34 P35 P36 P37 P38 P39 P40 P41 P42 P43 3,83 4,34 4,03 3,70 3,95 3,50 3,79 4,03 4,08 3,92 4,41 4,17 P44 P45 Processos Pessoas Cultura Alocação de recursos Percepção de demanda (N=103) Shapiro-Wilk Assim como as variáveis ligadas aos fatores externos, os testes estatísticos mostram que nenhuma das variáveis dos fatores internos pode ser considerada como tendo uma distribuição normal. Como veremos mais adiante, como não foi possível atestar a normalidade das variáveis, outros cuidados foram tomados para assegurar resultados confiáveis. 171 6.3.3 Análise de variância A fim de identificar diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de empresas radicais e não radicais, foi realizada uma análise de variância considerando cada uma das variáveis. O teste utilizado foi a Anova, que é considerado um teste robusto quanto a violação de premissas como a normalidade das variáveis (Hair et al., 1998). Na Anova, o teste estatístico toma como hipótese nula de que não há diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. Legislação A percepção da legislação foi avaliada com base no posicionamento em relação a duas afirmações: “um importante motivo para o desenvolvimento desta inovação foi a adaptação à legislação” (P1) e “acredito que a garantia dos direitos de patente sobre o novo produto/processo foi um importante fator na decisão de desenvolver o novo produto/processo” (P2). Tabela 25 – Teste de homoscedasticidade de P1 e P2 Variável Estatística de Levene 0,072 0,072 P1 P2 gl1 gl2 Sig. 1 1 120 120 0,789 0,790 Conforme se verifica na Tabela 25, ambas as variáveis não apresentam heteroscedasticidade, ou seja, a matriz variância-covariância não é homogênea entre os dois grupos (radicais e não radicais), o que é uma das premissas para a utilização do Anova. A seguir, a Tabela 26 mostra os resultados do teste para as duas variáveis. Tabela 26 – Teste Anova para as variáveis P1 e P2 Variável P1 P2 Não radical Radical Total Não radical Radical Total N Média 86 36 122 86 36 122 2,30 2,19 2,27 2,85 2,94 2,88 Desviopadrão 1,480 1,489 1,477 1,561 1,603 1,567 F Sig. 0,134 0,715 0,094 0,760 172 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, indicando que, provavelmente, o fator legislação impacta as inovadoras de forma homogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. Disponibilidade de Financiamento A percepção da disponibilidade de financiamento foi avaliada com base no posicionamento em relação a uma afirmação: “acredito que a existência de financiamento para o desenvolvimento de novos produtos/processos foi determinante na decisão da empresa em desenvolvê-los” (P3). Tabela 27 – Teste de homoscedasticidade de P3 Variável Estatística de Levene 2,427 P3 gl1 gl2 Sig. 1 120 0,122 Conforme se verifica na Tabela 27, a variável não apresenta heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 28 mostra os resultados do teste. Tabela 28 – Teste Anova para a variável P3 Variável P3 Não radical Radical Total N Média 86 36 122 2,57 2,44 2,53 Desviopadrão 1,591 1,403 1,533 F Sig. 0,168 0,682 Com base nos resultados, sugere-se que não há diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, indicando que, provavelmente, o fator financiamento não as influencia de forma diferente. Não se pode rejeitar a hipótese nula. Educação e Treinamento A percepção o nível de educação e do treinamento de pessoal foram avaliadas com base no posicionamento em relação a uma afirmação: “Acredito que a 173 disponibilidade de pessoal treinado foi determinante na decisão da empresa em investir no desenvolvimento do novo produto/processo” (P4). Tabela 29 – Teste de homoscedasticidade de P4 Variável Estatística de Levene 7,004 P4 gl1 gl2 Sig. 1 120 0,009 Conforme se verifica na Tabela 29, a variável apresenta heteroscedasticidade, o que fere uma das premissas do teste Anova. Assim sendo, não é possível rejeitar a hipótese nula. Tabela 30 – Teste Anova para a variável P4 Variável P4 Não radical Radical Total N Média 86 36 122 3,98 3,61 3,87 Desviopadrão 1,208 1,479 1,298 F Sig. 2,030 0,157 Nível de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva A percepção do nível de desenvolvimento da cadeira produtiva foi avaliada com base no posicionamento em relação a três afirmações: “acredito que o incentivo dos fornecedores da empresa foi fundamental para a decisão da empresa de investir no novo produto/processo” (P5), “se nossa empresa não tivesse a concorrência que tem, não cogitaríamos lançar este novo produto/processo” (P6) e “acredito que os clientes da empresa foram fundamentais na concepção do novo produto/processo” (P7). Tabela 31 – Teste de homoscedasticidade de P5, P6 e P7 Variável Estatística de Levene 0,000 0,360 0,003 P5 P6 P7 Conforme se verifica na Tabela gl1 gl2 Sig. 1 1 1 120 120 120 0,986 0,550 0,954 31, as variáveis não apresentam heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 32 mostra os resultados do teste para as três variáveis. 174 Tabela 32 – Teste Anova para as variáveis P5, P6 e P7 Variável P5 Não radical Radical Total Não radical Radical Total Não radical Radical Total P6 P7 N Média 86 36 122 86 36 122 86 36 122 2,81 2,25 2,65 2,31 2,81 2,46 4,12 4,06 4,10 Desviopadrão 1,359 1,360 1,378 1,357 1,470 1,403 1,152 1,120 1,138 F Sig. 4,367 0,039 3,170 0,078 0,072 0,789 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais para a variável P7. A variável P5 apresentou diferenças a um nível de 5% de significância, enquanto que a P6, a um nível de 10%. Provavelmente, o fator cadeia produtiva impacta as inovadoras de forma não homogênea. Porém, neste primeiro momento, não é possível rejeitar a hipótese nula. Ação do Governo A percepção da ação do governo foi avaliada com base no posicionamento em relação a quatro afirmações: “um importante motivo para o desenvolvimento desta inovação foi se adequar a requisitos de compras do governo (licitações etc.)” (P8), “vejo relação entre o trabalho do Ministério de Ciência e Tecnologia (e de suas agências CNPq e Finep) e o sucesso desta inovação” (P9), “a assessoria de uma universidade (ou de institutos de pesquisa) públicos foi determinante para o sucesso no desenvolvimento do novo produto/processo” (P10) e “acredito que os incentivos à inovação na legislação foram determinantes na decisão de desenvolver este novo produto/processo” (P11). Tabela 33 – Teste de homoscedasticidade de P8, P9, P10 e P11 Variável P8 P9 P10 P11 Estatística de Levene 0,137 3,808 0,001 0,106 gl1 gl2 Sig. 1 1 1 1 120 120 120 120 0,712 0,053 0,976 0,746 175 Conforme se verifica na Tabela 33, as variáveis não apresentam heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 34 mostra os resultados do teste para as variáveis. Tabela 34 – Teste Anova para as variáveis P8, P9, P10 e P11 Variável P8 Não radical Radical Total Não radical Radical Total Não radical Radical Total Não radical Radical Total P9 P10 P11 Com base nos N Média 86 36 122 86 36 122 86 36 122 86 36 122 1,69 1,81 1,72 2,58 2,08 2,43 2,45 2,25 2,39 2,27 2,11 2,22 Desviopadrão 1,087 1,167 1,108 1,560 1,422 1,532 1,461 1,500 1,469 1,475 1,563 1,497 resultados, foram identificadas F Sig. 0,294 0,589 2,720 0,102 0,485 0,488 0,275 0,601 diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais apenas para a variável P9 (p<0,10), sugerindo que, talvez, o fator governo tenha impacto sobre as inovadoras de forma heterogênea. No entanto, pelo resultado negativo das outras variáveis, não é possível rejeitar a hipótese nula. Localização A percepção da influência da localização da empresa foi avaliada com base no posicionamento em relação a uma afirmação: “se minha empresa estivesse em outra cidade, provavelmente eu teria mais sucesso com esta inovação do que obtive” (P12). Esta variável teve sua escala invertida. Tabela 35 – Teste de homoscedasticidade de P12 Variável P12 Estatística de Levene 0,658 gl1 gl2 Sig. 1 120 0,419 Conforme se verifica na Tabela 35, a variável não apresenta heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 36 mostra os resultados do teste. 176 Tabela 36 – Teste Anova para a variável P12 Variável P12 Não radical Radical Total N Média 86 36 122 3,72 3,39 3,62 Desviopadrão 1,352 1,498 1,399 F Sig. 1,436 0,233 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, indicando que, provavelmente, o fator local não impacta as inovadoras de forma heterogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. Acesso a Informações Científicas e Tecnológicas A percepção da legislação foi avaliada com base no posicionamento em relação a duas afirmações: “foi complicado obter informações TÉCNICAS, fora da empresa, para o desenvolvimento desta inovação” (P13) e “foi complicado obter informações DE MERCADO para o desenvolvimento desta inovação” (P14). Estas variáveis tiveram suas escalas invertidas. Tabela 37 – Teste de homoscedasticidade de P13 e P14 Variável Estatística de Levene 0,019 1,059 P13 P14 gl1 gl2 Sig. 1 1 120 120 0,890 0,306 Conforme se verifica na Tabela 37, ambas as variáveis não apresentam heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 38 mostra os resultados do teste para as duas variáveis. Tabela 38 – Teste Anova para as variáveis P13 e P14 Variável P13 P14 Não radical Radical Total Não radical Radical Total N Média 86 36 122 86 36 122 3,03 2,92 3,00 2,78 3,17 2,89 Desviopadrão 1,222 1,273 1,233 1,323 1,183 1,291 F Sig. 0,232 0,631 2,313 0,131 177 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, indicando que, provavelmente, o fator informações impacta as inovadoras de forma homogênea. Apenas a variável P14 apresenta diferenças, porém a um nível de significância de 15%. Não é possível rejeitar a hipótese nula. Cultura e Costumes Nacionais A percepção da cultura e dos costumes foi avaliada com base no posicionamento em relação a duas afirmações: “a cultura de nosso país leva as empresas a inovar” (P15) e “o desenvolvimento do novo produto/processo foi provocado mais pelo costume da empresa em sempre inovar que pela identificação de uma nova oportunidade de mercado” (P16). Tabela 39 – Teste de homoscedasticidade de P15 e P16 Variável Estatística de Levene 0,646 0,011 P15 P16 gl1 gl2 Sig. 1 1 101 120 0,424 0,915 Conforme se verifica na Tabela 39, ambas as variáveis não apresentam heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 40 mostra os resultados do teste para as duas variáveis. Tabela 40 – Teste Anova para as variáveis P15 e P16 Variável P15 P16 Não radical Radical Total Não radical Radical Total N Média 72 31 103 86 36 122 2,71 2,65 2,69 3,23 2,89 3,13 Desviopadrão 1,238 1,355 1,268 1,403 1,430 1,414 F Sig. 0,053 0,818 1,505 0,222 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, indicando que, provavelmente, o fator cultura e costumes impacta as inovadoras de forma homogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. 178 Redes de Relacionamento A percepção sobre as redes de relacionamento foi avaliada com base no posicionamento em relação a quatro afirmações: “as parcerias com universidades ou outras instituições de pesquisa foram imprescindíveis para o desenvolvimento desta inovação” (P17), “a participação em associações comerciais foi importante durante o desenvolvimento e o lançamento do novo produto/processo” (P18), “pessoas que fazem parte da rede de relacionamento da equipe envolvida no desenvolvimento ou no lançamento do novo produto/processo possuíram papel fundamental para o seu sucesso” (P19) e “empregados vindos da concorrência foram importante fonte de informação para este desenvolvimento” (P20). Tabela 41 – Teste de homoscedasticidade de P17, P18, P19 e P20 Variável Estatística de Levene 0,315 0,154 0,014 0,428 P17 P18 P19 P20 Conforme se verifica na Tabela gl1 gl2 Sig. 1 1 1 1 120 120 120 120 0,576 0,696 0,905 0,514 41, as variáveis não apresentam heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 42 mostra os resultados do teste para as variáveis. Tabela 42 – Teste Anova para as variáveis P17, P18, P19 e P20 Variável P17 P18 P19 P20 Não radical Radical Total Não radical Radical Total Não radical Radical Total Não radical Radical Total N Média 86 36 122 86 36 122 86 36 122 86 36 122 2,58 2,42 2,53 2,13 2,14 2,13 3,69 3,78 3,71 1,38 1,42 1,39 Desviopadrão 1,435 1,381 1,415 1,344 1,355 1,342 1,277 1,174 1,243 0,738 0,937 0,798 F Sig. 0,342 0,560 0,002 0,967 0,137 0,712 0,043 0,836 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, indicando que, provavelmente, 179 o fator redes de relacionamento impacta as inovadoras de forma homogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. Legitimidade A percepção da influência da necessidade de legitimidade foi avaliada com base no posicionamento em relação a uma afirmação: “empresas reconhecidas pelo mercado como não inovadoras dificilmente terão sucesso com uma inovação no mercado” (P21). Tabela 43 – Teste de homoscedasticidade de P21 Variável Estatística de Levene 0,568 P21 gl1 gl2 Sig. 1 101 0,453 Conforme se verifica na Tabela 43, a variável não apresenta heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 44 mostra os resultados do teste. Tabela 44 – Teste Anova para a variável P21 Variável P21 Não radical Radical Total Com base nos N Média 72 31 103 2,72 3,13 2,84 Desviopadrão 1,141 1,024 1,118 resultados, foram identificadas F Sig. 2,923 0,090 diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, indicando que, provavelmente, o fator legitimidade impacta as inovadoras de forma heterogênea, embora a um nível de significância de 10%. É possível rejeitar a hipótese nula. Condições de Fundação A percepção da influência das condições de fundação foi avaliada com base no posicionamento em relação a uma afirmação: “o momento mais importante de uma empresa é sua fundação, pois neste momento são feitas definições que moldam a ‘personalidade’ da empresa” (P22). 180 Tabela 45 – Teste de homoscedasticidade de P22 Variável Estatística de Levene 0,001 P22 gl1 gl2 Sig. 1 101 0,978 Conforme se verifica na Tabela 45, a variável não apresenta heteroscedasticidade, o que fere uma das premissas do teste Anova. Ainda assim, a seguir, a Tabela 45 mostra os resultados do teste. Tabela 46 – Teste Anova para a variável P22 Variável P22 Não radical Radical Total N Média 72 31 103 2,49 2,77 2,57 Desviopadrão 1,233 1,016 1,226 F Sig. 1,200 0,276 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, indicando que, provavelmente, o fator condições de fundação impacta as inovadoras de forma homogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. Setor A percepção do setor foi avaliada com base no posicionamento em relação a duas afirmações: “procuro desenvolver as inovações sempre focando em setores mais dinâmicos, mesmo que minha empresa não atue neles” (P23) e “a inovação não faz parte da realidade de meu setor” (P24). Esta variável (P24) teve sua escala invertida. Tabela 47 – Teste de homoscedasticidade de P23 e P24 Variável P23 P24 Estatística de Levene 1,607 0,586 gl1 gl2 Sig. 1 1 101 101 0,208 0,446 Conforme se verifica na Tabela 47, ambas as variáveis não apresentam heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 48 mostra os resultados do teste para as duas variáveis. 181 Tabela 48 – Teste Anova para as variáveis P23 e P24 Variável P23 Não radical Radical Total Não radical Radical Total P24 Com base nos N Média 72 31 103 72 31 103 2,81 3,42 2,99 3,94 4,44 4,09 Desviopadrão 1,070 1,259 1,159 1,555 0,958 1,415 resultados, foram identificadas F Sig. 6,401 0,013 2,476 0,119 diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, indicando que, provavelmente, o fator setor impacta as inovadoras de forma homogênea. A P23 a um nível de significância de 5% e a P24, a 15%. Rejeita-se a hipótese nula. Governança A percepção do nível de desenvolvimento do mercado de capitais foi avaliada com base na classificação em sociedade limitada ou anônima (P25) e no posicionamento em relação a afirmação: “meus concorrentes que profissionalizaram a gestão acabaram inovando mais” (P26). Tabela 49 – Teste de homoscedasticidade de P25 e P26 Variável Estatística de Levene 0,033 1,948 P25 P26 Conforme se verifica na Tabela gl1 gl2 Sig. 1 1 120 101 0,855 0,166 49, as variáveis não apresentam heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 50 mostra os resultados do teste para as duas variáveis. Tabela 50 – Teste Anova para as variáveis P25 e P26 Variável P25 P26 Não radical Radical Total Não radical Radical Total N Média 86 36 122 72 31 103 2,26 2,22 2,25 3,50 3,42 3,48 Desviopadrão 1,867 1,869 1,860 1,175 0,992 1,119 F Sig. 0,008 0,928 0,112 0,738 182 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, indicando que, provavelmente, o fator nível de desenvolvimento do mercado de capitais impacta as inovadoras de forma homogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. Liderança A liderança foi avaliada com base no posicionamento em relação a quatro afirmações: “a direção da empresa gasta tempo agindo – e não apenas falando – sobre inovação” (P27), “a direção da empresa é avaliada apropriadamente e/ou recompensada pela sua performance em inovação” (P28), “a direção da empresa efetivamente comunica-se com toda a organização a respeito das atividades, sucessos e fracassos de inovação” (P29) e “a direção da empresa consistentemente provê funcionários necessários aos esforços de inovação da empresa” (P30). Tabela 51 – Teste de homoscedasticidade de P27, P28, P29 e P30 Variável Estatística de Levene 0,047 0,038 0,520 0,116 P27 P28 P29 P30 Conforme se verifica na Tabela gl1 gl2 Sig. 1 1 1 1 101 101 101 101 0,829 0,847 0,472 0,734 51, as variáveis não apresentam heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 52 mostra os resultados do teste para as variáveis. Tabela 52 – Teste Anova para as variáveis P27, P28, P29 e P30 Variável P27 P28 P29 P30 Não radical Radical Total Não radical Radical Total Não radical Radical Total Não radical Radical Total N Média 72 31 103 72 31 103 72 31 103 72 31 103 4,10 4,52 4,22 3,64 3,87 3,71 3,96 4,39 4,09 3,96 4,13 4,01 Desviopadrão 0,922 0,811 0,907 1,052 1,147 1,081 0,863 0,919 0,898 0,879 0,763 0,846 F Sig. 4,797 0,031 0,998 0,320 5,143 0,025 0,881 0,350 183 Com base nos resultados, foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, para as variáveis P27 e P29, fornecendo indícios que o fator liderança impacta as inovadoras de forma heterogênea. No entanto, não é possível rejeitar a hipótese nula. Organização Interna A organização interna foi avaliada com base no posicionamento em relação a uma afirmação: “a existência de um departamento (ou setor) voltado para a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é fundamental para as empresas se tornarem mais inovadoras” (P31). Tabela 53 – Teste de homoscedasticidade de P31 Variável P31 Estatística de Levene 0,120 gl1 gl2 Sig. 1 101 0,730 Conforme se verifica na Tabela 53, a variável não apresenta heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 54 mostra os resultados do teste para as variáveis. Tabela 54 – Teste Anova para a variável P31 Variável P31 Não radical Radical Total N Média 72 31 103 4,44 4,48 4,46 Desviopadrão 0,803 0,724 0,777 F Sig. 0,055 0,815 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, indicando que, provavelmente, o fator organização interna impacta as inovadoras de forma homogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. Processos e Ferramentas Internos Os processos e ferramentas internos foram avaliados com base no posicionamento em relação a quatro afirmações: “em nossa empresa, há definição de objetivos e 184 medidas para acompanhar o processo de inovação” (P32), “nosso processo de inovação/desenvolvimento de novos produto (ou processos) é eficiente, ou seja, resulta em novas oportunidades de crescimento para a empresa” (P33), “é fácil entender ou utilizar nosso processo de inovação/desenvolvimento de novos produtos” (P34) e “há ferramentas e tecnologias disponíveis imediatamente na empresa para nos ajudar a inovar de forma mais eficiente” (P35). Tabela 55 – Teste de homoscedasticidade de P32, P33, P34 e P35 Variável Estatística de Levene 1,116 0,054 0,160 0,155 P32 P33 P34 P35 Conforme se verifica na Tabela gl1 gl2 Sig. 1 1 1 1 101 101 101 101 0,293 0,816 0,690 0,695 55, as variáveis não apresentam heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 56 mostra os resultados do teste para as variáveis. Tabela 56 – Teste Anova para as variáveis P32, P33, P34 e P35 Variável P32 P33 P34 P35 Não radical Radical Total Não radical Radical Total Não radical Radical Total Não radical Radical Total Com base nos N Média 72 31 103 72 31 103 72 31 103 72 31 103 3,78 3,97 3,83 4,24 4,58 4,34 3,94 4,23 4,03 3,67 3,77 3,70 Desviopadrão 1,091 1,016 1,067 0,813 0,720 0,799 0,997 0,920 0,965 1,021 0,990 1,008 resultados, foram identificadas F Sig. 0,684 0,410 4,155 0,044 1,859 0,176 0,245 0,622 diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais apenas quanto à variável P33, enquanto que não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas para as demais variáveis. Portanto, não é possível rejeitar a hipótese nula. 185 Pessoas e Habilidades As pessoas e as habilidades foram avaliadas com base no posicionamento em relação a quatro afirmações: “ter treinamento em criatividade, inovação e/ou em outras técnicas de solução de problemas é fundamental para se ter sucesso na inovação” (P36), “em nossa empresa, as pessoas têm financiamento, espaço e tempo para desenvolver ideias e oportunidades promissoras que ajudem a empresa a inovar” (P37), “as pessoas são reconhecidas e recompensadas apropriadamente por ajudar nossa empresa a inovar” (P38) e “nós efetivamente transferimos conhecimento, habilidades e ideias pelos departamentos da empresa” (P39). Tabela 57 – Teste de homoscedasticidade de P36, P37, P38 e P39 Variável P36 P37 P38 P39 Estatística de Levene 4,198 0,049 0,030 0,016 gl1 gl2 Sig. 1 1 1 1 101 101 101 101 0,043 0,826 0,864 0,899 Conforme se verifica na Tabela 57, as variáveis P37, P38 e P39 não apresentam heteroscedasticidade, enquanto a P36 apresenta. A seguir, a Tabela 58 mostra os resultados do teste para as variáveis. Tabela 58 – Teste Anova para as variáveis P36, P37, P38 e P39 Variável P36 P37 P38 P39 Não radical Radical Total Não radical Radical Total Não radical Radical Total Não radical Radical Total N Média 72 31 103 72 31 103 72 31 103 72 31 103 3,93 4,00 3,95 3,51 3,48 3,50 3,76 3,84 3,79 3,99 4,13 4,03 Desviopadrão 1,025 0,775 0,954 0,993 1,092 1,018 0,911 0,898 0,904 0,880 0,885 0,880 F Sig. 0,114 0,736 0,019 0,892 0,147 0,702 0,570 0,452 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, indicando que, provavelmente, 186 o fator pessoas e habilidades impacta as inovadoras de forma homogênea. Portanto, não é possível rejeitar a hipótese nula. Cultura e Valores das Empresas Aspectos ligados à cultura e aos valores das empresas foram avaliados com base no posicionamento em relação a quatro afirmações: “nossa organização sabe como aprender a partir dos erros e encoraja que se assuma riscos calculados” (P40), “a estratégia de nossa empresa é compreendida por todos na organização” (P41), “nossa empresa é reconhecida pelo mercado como inovadora” (P42) e “todos na empresa são encorajados a participar de nossos esforços de inovação” (P43). Tabela 59 – Teste de homoscedasticidade de P40, P41, P42 e P43 Variável Estatística de Levene 0,248 0,032 0,059 0,450 P40 P41 P42 P43 Conforme se verifica na Tabela gl1 gl2 Sig. 1 1 1 1 101 101 101 101 0,620 0,858 0,809 0,504 59, as variáveis não apresentam heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 60 mostra os resultados do teste para as variáveis. Tabela 60 – Teste Anova para as variáveis P40, P41, P42 e P43 Variável P40 P41 P42 P43 Não radical Radical Total Não radical Radical Total Não radical Radical Total Não radical Radical Total N Média 72 31 103 72 31 103 72 31 103 72 31 103 3,93 4,42 4,08 3,86 4,06 3,92 4,33 4,58 4,41 4,11 4,32 4,17 Desviopadrão 0,861 0,672 0,837 0,877 0,892 0,882 0,805 1,025 0,879 0,742 0,791 0,760 F Sig. 7,899 0,006 1,154 0,285 1,726 0,192 1,691 0,196 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, indicando que, provavelmente, 187 o fator cultura e valores impacta as inovadoras de forma homogênea. Apenas a variável P40 apresenta diferenças estatisticamente significativas. Portanto, não é possível rejeitar a hipótese nula. Alocação Interna de Recursos Financeiros A alocação interna de recursos financeiros para a inovação foi avaliada com base no posicionamento em relação à afirmação: “a direção da empresa consistentemente aplica os recursos necessários para financiar os esforços de inovação da empresa” (P44). Tabela 61 – Teste de homoscedasticidade de P44 Variável Estatística de Levene 1,226 P44 gl1 gl2 Sig. 1 101 0,271 Conforme se verifica na Tabela 61, a variável não apresenta heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 62 mostra os resultados do teste para a variável. Tabela 62 – Teste Anova para as variáveis P44 Variável P44 Não radical Radical Total Com base nos N Média 72 31 103 4,11 4,23 4,15 Desviopadrão 0,815 1,087 0,901 resultados, foram identificadas F Sig. 0,349 0,556 diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, indicando que, provavelmente, o fator alocação de recursos impacta as inovadoras de forma heterogênea. Portanto, não é possível rejeitar a hipótese nula. Percepção de Demanda A percepção da demanda foi avaliada com base no posicionamento em relação à afirmação: “a percepção de uma demanda potencial foi determinante para a decisão de desenvolver esse novo produto/processo” (P45). 188 Tabela 63 – Teste de homoscedasticidade de P45 Variável Estatística de Levene 9,105 P45 gl1 gl2 Sig. 1 120 0,003 Conforme se verifica na Tabela 63, a variável apresenta heteroscedasticidade. Portanto, não é possível rejeitar a hipótese nula. A seguir, a Tabela 64 mostra as estatísticas descritivas para a variável. Tabela 64 – Teste Anova para as variáveis P45 Variável P45 Não radical Radical Total N Média 86 36 122 4,37 4,72 4,48 Desviopadrão 0,995 0,615 0,911 F Sig. 3,836 0,052 6.3.3.1 Síntese da análise de variância Numa primeira avaliação de fatores apontados na bibliografia como relacionados às empresas inovadoras, poucas variáveis externas às empresas apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre as empresas com inovações radicais e as demais. Como se pode verificar no Quadro 12 a seguir, apenas as variáveis ligadas ao nível de desenvolvimento da cadeia produtiva, à ação do governo, à disponibilidade de informações de mercado, à legitimidade e ao setor apresentaram diferenças entre os grupos. Em alguns quesitos das duas primeiras, as inovadoras não radicais tiveram pontuação maior que as radicais, divergindo do esperado, enquanto que nas demais, a pontuação foi menor. Quadro 12 – Quadro-resumo da análise de variância relacionada aos fatores externos à empresa Fator Legislação Disponibilidade de financiamento Educação e treinamento Nível de desenvolvimento da cadeia produtiva Ação do governo Localização Variável P1 – Geral P2 – Propriedade intelectual P3 P4 P5 – Fornecedores P6 – Concorrência P7 – Clientes P8 – Compras governamentais P9 – MCT e agências P10 – ICT’s públicas P11 – Incentivos P12 Resultado do teste Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Rejeitada* Rejeitada** Falha em rejeitar Falha em rejeitar Rejeitada** Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar 189 Fator Informações científicas tecnológicas Cultura e costumes nacionais e Redes de relacionamento Legitimidade Condições de fundação Setor Governança Variável P13 – Técnicas P14 – De mercado P15 – Cultura P16 – Costumes P17 – Universidades P18 – Associações comerciais P19 – Pessoas P20 – Concorrência P21 P22 P23 – Diversificação P24 – Setor P25 – Formato da sociedade P26 – Profissionalização da gestão Resultado do teste Falha em rejeitar Rejeitada*** Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Rejeitada** Falha em rejeitar Rejeitada* Rejeitada*** Falha em rejeitar Falha em rejeitar * a um nível de significância de 5%. ** a um nível de significância de 10%. *** a um nível de significância de 15%. Avaliando as variáveis internas às empresas, descritas anteriormente, algumas variáveis apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre o grupo de inovadoras radicais e o de não radicais. Como se pode verificar no Quadro 13 a seguir, variáveis ligadas à liderança (ação da direção e comunicação), à eficiência dos processos e à cultura de assunção de riscos apresentaram diferenças entre os grupos. Em todas, as inovadoras radicais tiveram pontuação maior que as não radicais, concordando com as afirmativas propostas no questionário. Quadro 13 – Quadro-resumo das hipóteses relacionadas a fatores internos à empresa Fator Liderança Organização interna Processos e ferramentas internas Pessoas e habilidades Cultura e valores Variável P27 – Ação da direção P28 – Avaliação da direção P29 – Comunicação P30 – Alocação de funcionários P31 P32 – Acompanhamento dos processos de inovação P33 – Eficiência P34 – Facilidade de uso P35 – Disponibilidade P36 – Treinamento em criatividade P37 – Financiamento, espaço e tempo P38 – Reconhecimento e recompensa P39 – Transferência de conhecimentos P40 – Assunção de riscos P41 – Compreensão da estratégia P42 – Reconhecimento pelo mercado Resultado do teste Rejeitada* Falha em rejeitar Rejeitada* Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Rejeitada* Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Rejeitada* Falha em rejeitar Falha em rejeitar 190 Fator Alocação de recursos financeiros Percepção de demanda * a um nível de significância de 5%. Variável P43 – Encorajamento funcionários P44 P45 dos Resultado do teste Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar 6.3.4 Análise discriminante Foi realizada uma análise discriminante a fim de complementar os resultados da análise de variância e medir a importância de cada variável para a composição do perfil das empresas inovadoras. Como a premissa de normalidade das variáveis não foi atendida, como veremos adiante, seguindo recomendação de Hair et al. (1998), foi realizada também uma regressão logística para fins de confirmação dos resultados da análise discriminante, descrita na seção 6.3.4.1. A análise discriminante foi escolhida tendo em vista que se quer, com base nos fatores internos e externos, determinar se existem diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos previamente definidos e identificar a importância relativa de cada fator na predição da categoria que pertence determinada empresa, se inovadora radical ou não. A variável dependente utilizada é o perfil da empresa (inovadora radical ou não), ou seja, uma variável categórica, e as variáveis independentes são os fatores internos e externos. O perfil da empresa, portanto, seria função dessas variáveis. Recomendase que haja ao menos 5 observações por variável independente (HAIR et al., 1998), ou seja, 225 observações. A pesquisa obteve 103 observações completas. Um segundo critério apontado é que cada um dos grupos (inovadoras radicais ou não) deveria conter ao menos 20 observações e que fosse ao menos um ponto maior que o número de variáveis para cada grupo. O menor dos grupos continha 31 observações, atendendo a este critério. A fim de contornar o problema do tamanho da amostra citado acima, optou-se por fazer uma segunda análise discriminante utilizando-se de 20 fatores compostos pelas médias aritméticas de seus componentes. Tais componentes são as variáveis apresentadas nos Quadros 12 e 13. Assim, o fator “Liderança”, por exemplo, é 191 composto pelas variáveis “ação da direção”, “avaliação da direção”, “comunicação” e “alocação de funcionários”. Com 20 variáveis, é atendida a recomendação de Hair et al. (1998) e se pode comparar os resultados obtidos, a fim de se ter uma confirmação da análise inicial. Para as análises discriminantes, foi utilizado o método stepwise, que insere as variáveis uma a uma, obtendo resultados mais conservadores, pois reduzem o impacto de eventuais problemas de multicolinearidade das variáveis independentes na função discriminante. A medida estatística utilizada no método citado foi o Mahalanobis D2, baseado na “distância Euclidiana quadrada”, que ajusta as variâncias desiguais. Sobre as premissas da análise, o teste de igualdade das médias grupais mostrou lambdas de Wilks relativamente altos, embora algumas variáveis tenham mostrado diferenças estatisticamente significativas (para a tabela deste teste, vide o Apêndice F). O teste de igualdade de M de Box apresentou um resultado que rejeita a hipótese de igualdade das matrizes de covariância das variáveis independentes, conforme exposto na Tabela 65 a seguir. Assim sendo, será realizada uma regressão logística a fim de confirmar os resultados obtidos nesta análise discriminante, como sugerido por Hair et al. (1998). Tabela 65 - Teste de igualdade das matrizes de covariância das variáveis P1 a P45 M de Box F Aprox. gl1 gl2 Sig. 32,245 1,411 21 13097,078 ,000 Em seguida, é apresentado o autovalor da função discriminante obtida, que é uma medida do quanto ela realmente diferencia os dois grupos (Tabela 66). É apresentado também um teste do lambda de Wilks, cuja hipótese nula é que, considerando todas as variáveis independentes simultaneamente, não há diferença significativa entre os grupos (Tabela 67). Outras informações sobre a análise estão disponíveis no Apêndice F. 192 Tabela 66 – Autovalor da função discriminante Função Autovalor 1 0,479 % da Variância 100,0 Correlação canônica 0,569 % Acumulado 100,0 Tabela 67 – Lambda de Wilks Teste da função 1 Lambda de Wilks 0,676 Quiquadrado 38,340 gl Sig. 6 0,000 A análise discriminante mostra um resultado cuja função se baseia em apenas seis variáveis, com alto poder de explicação. São as variáveis P5, P6, P14, P16, P23 e P40, com coeficientes discriminantes de, respectivamente, -0,609, 0,543, 0,415, -0,587, 0,485 e 0,453. a Tabela 68 – Matriz de confusão – 45 variáveis Classificação Original Classificação Prevista Não Radical Radical Contagem Não Radicais 68 4 Radicais 15 16 % Não Radicais 94,4 5,6 Radicais 48,4 51,6 a. 81,6% dos casos foram corretamente classificados. Total 72 31 100,0 100,0 A função discriminante resultante consegue classificar as observações com boa precisão, de 81,6% no total (vide Tabela 68). Comparando com as probabilidades calculadas previamente em função dos tamanhos dos grupos, de 30,1% de ser classificado como uma inovadora radical e de 69,9% de ser classificado como uma não radical, o modelo chega, respectivamente, a 51,6% e 94,4%. Quando avaliado pelo método que entra com todas variáveis simultaneamente, a precisão do modelo chega a 87,1% de acerto na classificação das inovadoras radicais e de 93,1% nas não radicais, totalizando um acerto global de 91,3%. Quando utilizamos as 20 variáveis compostas, formadas pelas médias aritméticas das variáveis P1 a P45, conforme o fator correspondente (vide Quadros 12 e 13), obtemos resultados bastante distintos dos anteriores. As variáveis que explicam a função são a P27-30 (liderança) e a P45 (percepção da demanda), guardando pouca semelhança com o resultado anterior, a partir das variáveis isoladamente. A Tabela 193 69 a seguir mostra também que a precisão do modelo com 20 fatores é relativamente baixa. a Tabela 69 – Matriz de confusão – 20 fatores Classificação Original Classificação Prevista Não Radicais radicais Contagem Não radicais 67 5 Radicais 28 3 % Não radicais 93,1 6,9 Radicais 90,3 9,7 a. 68,0% dos casos foram corretamente classificados. Total 72 31 100,0 100,0 O modelo tem precisão de 68,0%, acertando 93,1% dos casos de não radicais e apenas 9,7% dos casos de radicais. Outras informações sobre a análise estão disponíveis no Apêndice G. 6.3.4.1 Regressão Logística Tendo em vista que não se pôde assegurar a normalidade das variáveis, optou-se por realizar uma regressão logística, de forma a dar maior confiabilidade aos resultados da análise discriminante. A regressão logística não se baseia nas mesmas premissas da análise discriminante. É uma técnica mais robusta e, portanto, menos sujeita a violações das premissas, principalmente as relacionadas à normalidade multivariada e de igualdade das matrizes variância-covariância. A variável dependente continua sendo a categoria da empresa, se radical ou não, assim como as variáveis independentes. O método utilizado foi o stepwise (forward), que, em sucessivas iterações, acrescenta as variáveis uma a uma. O modelo chegou a variáveis coincidentes às apontadas na análise discriminante (P5, P6, P14, P16, P23 e P40). As estatísticas-teste foram: os testes dos coeficientes do modelo; a variação do valor de -2LL (valor do logaritmo da verossimilhança), que apresenta a probabilidade de 194 que o modelo seja uma boa representação dos dados; o pseudo R2, que mede a variabilidade explicada pelo modelo, analogamente ao R2 da regressão linear, medidos pelas estatísticas de Cox & Snell e de Nagelkerke; e a estatística de Hosmer & Lemeshow, que mede a correspondência entre os valores previstos e os reais para a variável dependente. A Tabela 70 traz as estatísticas citadas. Tabela 70 – Estatísticas-teste da regressão logística Teste dos Coeficientes do Modelo Quigl Sig. quadrado 37,479 6 0,000 2 -2LL Pseudo 2 R R de Cox & Snell R de Nagelkerke 88,528 0,441 0,305 0,432 2 Teste de Homer e Lemeshow Quigl Sig. quadrado 6,595 8 0,581 O teste dos coeficientes do modelo verifica se tais coeficientes são estatisticamente diferentes de zero. No caso, o modelo passa neste teste. No modelo de 7 variáveis, houve redução do valor -2LL, enquanto o teste de Homer e Lemeshow mostrou não significância, ou seja, que não há diferenças entre os valores observados e previstos. a Tabela 71 – Tabela de Classificação Classificação Original Contagem % Não radicais Radicais Não radicais Radicais Classificação Prevista Não Radicais radicais 67 5 14 17 93,1 6,9 45,2 54,8 Total 72 31 100,0 100,0 a. 81,6% dos casos foram corretamente classificados. O percentual obtido, de 81,6% (vide Tabela 71), é bom se comparado ao valor esperado de 69,9%, caso houvesse uma classificação aleatória dos casos. É, por coincidência, igual ao valor obtido na análise discriminante. Detalhes sobre os resultados obtidos constam do Apêndice H. 6.3.4.2 Síntese da análise discriminante e da regressão logística Tanto a análise discriminante, quanto a regressão logística, resultaram em fatores semelhantes como representativos da diferença entre inovadoras radicais e não 195 radicais. As variáveis produtiva/fornecedores), P5 P6 (nível (nível de de desenvolvimento desenvolvimento da cadeia da cadeia produtiva/concorrentes), P14 (acesso a informações de mercado), P16 (costumes), P23 (setor/diversificação) e P40 (cultura e valores/assunção de riscos) apareceram em algumas das análises, contribuindo para um alto acerto na previsão da categoria do respondente. A Tabela 72 sintetiza as matrizes de classificação das análises discriminantes e da regressão logística, mostrando os percentuais de explicação obtidos em cada análise e as variáveis selecionadas. Tabela 72 – Confronto dos resultados obtidos com a análise discriminante e a regressão logística Previsão inicial % de acerto das radicais % de acerto das não radicais % de acerto geral Variáveis selecionadas Regressão Logística Analise Discriminante Com 45 variáveis (método Enter) Com 45 variáveis (método Stepwise) Com 20 variáveis compostas (método Stepwise) Com 45 variáveis (método Stepwise) 30,1% 87,1% 51,6% 9,7% 54,8% 69,9% 93,1% 94,4% 93,1% 93,1% 57,9% 91,3% 81,6% 68,0% 81,6% --- Todas P5, P6, P14, P16, P23 e P40 P27-30 e P45 P5, P6, P14, P16, P23 e P40 Percebe-se que o pior resultado está justamente quando se agrupa as variáveis segundo os fatores observados no referencial bibliográfico. Em função disso, optouse por realizar uma análise fatorial a fim de testar o agrupamento proposto na bibliografia consultada. 6.3.5 Análise Fatorial Foi realizada uma análise das variáveis, tanto externas quanto internas às empresas, a fim de verificar se as variáveis identificadas durante a revisão bibliográfica são adequadamente representadas pelos fatores sugeridos. Para este caso, a análise fatorial, em que um dos objetivos é justamente a redução do número 196 de variáveis e outro é a verificação dos agrupamentos sugeridos inicialmente, foi considerada a técnica mais adequada. A análise fatorial é uma técnica que verifica a interdependência das variáveis, a fim de definir uma estrutura entre elas. É ideal quando se tem um número elevado de variáveis, em que se pode supor uma correlação entre algumas delas. As variáveis são agrupadas e transformadas em fatores, cujas componentes são altamente interrelacionadas. A recomendação de tamanho de amostra é que ela não tenha menos de 50 observações, sendo preferível mais de 100. No caso da presente pesquisa, são 103 casos. O método de extração das variáveis utilizado foi o de Componentes Principais, mais adequado aos objetivos desta análise, e o de rotação dos fatores foi o Varimax, que é considerado superior para se atingir uma estrutura de fatores simplificada (HAIR et al., 1998). Como sugerido por Hair et al. (1998), as Medidas de Adequação da Amostra (MSA, na sigla em inglês) de cada uma das variáveis deveria ser maior que 0,50, sendo que valores inferiores foram retirados da amostra, um a um, começando pelo menor. As variáveis retiradas nesta etapa foram, em ordem: P26 (0,286), P31 (0,313), P24 (0,364), P13 (0,391), P45 (0,384), P14 (0,370), P7 (0,362), P4 (0,406), P21 (0,399) e P36 (0,488). Em seguida, foram analisadas as comunalidades das variáveis. Nenhuma das comunalidades era inferior a 0,500. Variavam entre 0,569 e 0,846. A análise resultou em dez fatores com autovalores maiores que um, sendo que oito deles totalizavam cargas fatoriais maiores que 60%. Assim sendo, restringimos o número de fatores a oito. Com a restrição, excluímos as variáveis P23 e P8 por apresentarem baixas comunalidades, respectivamente de 0,356 e 0,479. As cargas fatoriais foram recalculadas, sendo imposta nova restrição para sete fatores. Foram excluídas, por baixa comunalidade, as variáveis P15 (0,413), P2 (0,468) e P6 (0,468). 197 O resultado da Medida de Adequação da Amostra (MSA) de Kaiser-Meyer-Olkin apresentava um valor acima de 0,500 e do teste de Bartlett, abaixo de 0,05 (vide Tabela 73). Tabela 73 – KMO e Teste de Bartlett Medida de Adequação da Amostra (MSA) de Kaiser-MeyerOlkin Qui-quadrado aprox. Teste de Esfericidade de gl Bartlett Sig. 0,756 1556,411 435 0,000 O resultado da Análise Fatorial, composta de 7 fatores derivados das 30 variáveis remanescentes, é apresentado a seguir, na Tabela 74. Outros dados sobre a análise fatorial podem ser encontrados no Apêndice I. Tabela 74 – Matriz de componentes rotacionada 1 0,817 0,722 0,634 0,624 0,585 0,492 2 3 Componente 4 P39 P29 P40 P41 P43 P32 P37 0,776 P35 0,756 P30 0,714 P34 0,540 P33 0,530 P38 0,478 P9 0,823 P10 0,746 P11 0,712 P1 0,704 P17 0,684 P3 0,670 P19 0,750 P18 0,589 P20 0,572 P16 0,463 P5 0,435 0,440 P42 P28 P22 P25 P12 0,403 P27 0,409 P44 0,487 Método de extração: Análise dos componentes principais Método de rotação: Varimax com normalização Kaiser Rotação convergiu em 16 iterações. Apresentadas apenas as cargas fatoriais maiores que 0,40. 5 6 -0,447 7 0,421 0,421 0,777 0,611 0,569 0,440 -0,808 0,518 0,712 0,611 198 Os 7 fatores explicam 65,5% da variância total da amostra e serão utilizados como substitutos dos fatores iniciais. Tendo em vista que o método Varimax, utilizado na análise, produz componentes ortogonais, garante-se, portanto, que não haja interdependência das variáveis. Os novos fatores são apresentados na Tabela 75 e sua validade é testada. Percebese que, para os todos os fatores, qualquer item retirado resulta em um Alfa de Cronbach menor ou igual, o que indica que há consistência interna dos fatores. Tabela 75 – Novos fatores Novo Fator F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 Componentes P1 – Legislação P3 – Disponibilidade de financiamento P9 - MCT e agências P10 – ICT’s públicas P11 – Incentivos públicos P17 – Redes/universidades P29 – Liderança/Comunicação P32 – Processos/Acompanhamento P39 – Pessoas/Transf.Conhecimentos P40 – Cultura/Assunção de riscos P41 – Cultura/Compreensão da estratégia P43 – Cultura/Encorajamento P30 – Liderança/Alocação de funcionários P33 – Processos/Eficiência P34 – Processos/Facilidade P35 – Processos/Disponibilidade P37 – Pessoas/Espaço P38 – Pessoas/Reconhecimento P5 – Cadeia/Fornecedores P16 – Cultura/Costumes P18 – Redes/Assoc.comerciais P19 – Redes/Pessoais P20 – Redes/Concorrência P12 – Localização* P25 – Governança/sociedade P22 – Condições de fundação P28 – Liderança/avaliação P42 – Cultura/Reconhecimento P27 – Liderança/ação P44 – Alocação de recursos financeiros * variável com escala invertida. Descrição Alfa de Cronbach baseado nos itens padronizados Foco nos incentivos públicos 0,833 Foco na comunicação 0,851 Alfa de Cronbach se o item for retirado 0,833 0,810 0,784 0,804 0,794 0,809 0,821 0,843 0,793 0,821 0,819 0,825 0,777 Foco na eficiência 0,827 Foco nas redes de relacionamento 0,613 Foco em fatores estruturais 0,426 Foco na imagem 0,598 Foco em recursos 0,666 0,798 0,830 0,772 0,780 0,818 0,556 0,602 0,478 0,506 0,543 n/a n/a 0,557 0,463 0,438 n/a n/a 199 Dos novos fatores, F1, F2, F3, F4 e F7 representam de forma adequada suas componentes, tendo em vista que o Alfa de Cronbach situou-se acima de 0,60. Os demais fatores, F5 e F6, ficaram bastante próximos do valor-limite. Ao verificar a normalidade dos fatores F1 a F7, conclui-se que se pode considerar como aproximadamente normais os fatores F2, F4 e F7. A Tabela 76 traz as análises estatísticas que subsidiaram a afirmação. Tabela 76 – Análise de normalidade dos novos fatores Fator F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 (N=103) Média D.P. Assimetria Curtose 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,402 -0,503 -1,555 -0,246 -0,675 -1,365 -0,564 -0,733 -0,396 3,418 -0,566 0,386 3,246 1,426 KolmogorovSmirnov Est. Sig. 0,098 0,016 0,083 0,079 0,141 0,000 0,061 0,200 0,097 0,018 0,109 0,004 0,053 0,200 Shapiro-Wilk Est. 0,961 0,964 0,882 0,984 0,964 0,911 0,977 Sig. 0,004 0,007 0,000 0,266 0,006 0,000 0,070 A reorganização das variáveis pelos fatores, de forma razoavelmente diferente da proposta inicialmente nesta pesquisa, era esperada, tendo em vista que a bibliografia levantada não traz os fatores construídos de forma exata. Os autores listados na revisão bibliográfica, na maior parte das vezes, focam as variáveis, não os fatores. Assim sendo, a reorganização das variáveis constitui já um resultado, embora parcial, da pesquisa. Sugere-se, para pesquisas futuras, que os novos fatores sejam testados junto a uma amostra que contenha empresas não inovadoras. Por fim, é importante frisar que os escores resultantes da análise fatorial serão utilizados como variáveis nas etapas seguintes, em especial na análise discriminante, e visam a reforçar a análise a partir das variáveis isoladas, dado que consideram eventuais correlações. 200 6.3.5.1 Análise discriminante a partir dos fatores A variável dependente utilizada é o perfil da empresa (inovadora radical ou não), ou seja, uma variável categórica, e as variáveis independentes são os sete fatores obtidos a partir da Análise Fatorial. Recomenda-se que haja ao menos 5 observações por variável independente (HAIR et al., 1998), ou seja, 35 observações. A pesquisa obteve 103 observações. Para as análises discriminantes, foi utilizado o método stepwise, que insere as variáveis uma a uma, obtendo resultados mais conservadores, pois reduzem o impacto de eventuais problemas de multicolinearidade das variáveis independentes na função discriminante. Para as medidas utilizadas no método citado, foi utilizado o Mahalanobis D2. Sobre as premissas da análise, o teste de igualdade das médias grupais mostrou lambdas de Wilks relativamente altos. O teste de igualdade de M de Box apresentou um resultado que não rejeita a hipótese de igualdade das matrizes de covariância das variáveis independentes, conforme exposto na Tabela 77 a seguir. Ainda assim, será realizada uma regressão logística a fim de confirmar os resultados obtidos nesta análise discriminante, como sugerido por Hair et al. (1998). Tabela 77 - Teste de igualdade das matrizes de covariância dos fatores F1 a F7 M de Box F Aprox. gl1 gl2 Sig. 0,539 0,532 1 19182,757 0,466 Em seguida, é apresentado o autovalor da função discriminante obtida, que é uma medida do quanto ela realmente diferencia os dois grupos (Tabela 78). É apresentado também um teste do lambda de Wilks, cuja hipótese nula é que, considerando todas as variáveis independentes simultaneamente, não há diferença significativa entre os grupos (Tabela 79). 201 Tabela 78 – Autovalor da função discriminante Função Autovalor 1 0,057 % da Variância 100,0 Correlação canônica 0,233 % Acumulado 100,0 Tabela 79 – Lambda de Wilks Teste da função 1 Lambda de Wilks 0,946 Quiquadrado 5,616 gl Sig. 1 0,018 A análise discriminante mostra um resultado cuja função se baseia em um fator, o F2 (Foco na comunicação). a Tabela 80 – Matriz de confusão – 7 fatores Classificação Original Classificação Prevista Não Radical Radical Contagem Não Radicais 71 1 Radicais 31 0 % Não Radicais 98,6 1,4 Radicais 100,0 0,0 a. 68,9% dos casos foram corretamente classificados. Total 72 31 100,0 100,0 A função discriminante resultante não consegue classificar as observações com boa precisão, embora o percentual seja alto, de 68,9% no total (vide Tabela 80). Comparando com as probabilidades calculadas previamente em função dos tamanhos dos grupos, de 30,1% de ser classificado como uma inovadora radical e de 69,9% de ser classificado como uma não radical, o modelo chega, respectivamente, a 0,0% e 98,6%. Quando avaliado pelo método que entra com todas variáveis simultaneamente, a precisão do modelo chega a 93,1% de acerto na classificação das inovadoras radicais e de 32,3% nas não radicais, totalizando um acerto global de 74,8%. Outras informações sobre esta análise estão disponíveis no Apêndice J. 202 6.3.5.2 Regressão Logística Tendo em vista que não se pôde assegurar a normalidade de todos os fatores, optou-se por realizar uma regressão logística, de forma a dar maior confiabilidade aos resultados da análise discriminante. Como dito anteriormente, a regressão logística não se baseia nas mesmas premissas da análise discriminante. É uma técnica mais robusta e, portanto, menos sujeita a violações das premissas, principalmente as relacionadas à normalidade multivariada e de igualdade das matrizes variância-covariância. A variável dependente continua sendo a categoria da empresa, se radical ou não, enquanto que as variáveis independentes são os fatores obtidos. O método utilizado foi o Stepwise (forward). As estatísticas-teste foram: os testes dos coeficientes do modelo; a variação do valor de -2LL (valor do logaritmo da verossimilhança), que apresenta a probabilidade de que o modelo seja uma boa representação dos dados; o pseudo R2, que mede a variabilidade explicada pelo modelo, analogamente ao R2 da regressão linear, medidos pelas estatísticas de Cox & Snell e de Nagelkerke; e a estatística de Hosmer & Lemeshow, que mede a correspondência entre os valores previstos e os reais para a variável dependente. A Tabela 81 traz as estatísticas citadas. Tabela 81 – Estatísticas-teste da regressão logística Teste dos Coeficientes do Modelo Quigl Sig. quadrado 5,961 1 0,015 2 -2LL 120,046 R de Cox & Snell R de Nagelkerke 0,056 0,080 2 Teste de Homer e Lemeshow Quiquadrado 5,385 gl Sig. 8 0,716 O teste dos coeficientes do modelo verifica se tais coeficientes são estatisticamente diferentes de zero. No caso, o modelo passa neste teste. Houve redução do valor -2LL, embora ele continue alto. Os R2 foram baixos, enquanto o teste de Homer e Lemeshow mostrou significância, ou seja, que há diferenças entre os valores observados e previstos. 203 O único fator selecionado na análise foi o F2, como na análise discriminante. a Tabela 82 – Tabela de Classificação Classificação Original Contagem % Não Radicais Radicais Não Radicais Radicais Classificação Prevista Não Radical Radical 71 1 31 0 98,6 1,4 100,0 0,0 Total 72 31 100,0 100,0 a. 68,9% dos casos foram corretamente classificados. O percentual obtido, de 68,9% (vide Tabela 82), não é bom, ainda que comparado ao valor esperado de 57,9%, caso houvesse uma classificação aleatória dos caso, por conta do fracasso na classificação das radicais. Detalhes sobre os resultados obtidos constam do Apêndice K. 6.3.5.3 Síntese da análise discriminante e da regressão logística Tanto a análise discriminante, quanto a regressão logística, resultaram em percentuais de acerto superiores à previsão inicial, indicando que os fatores podem explicar a diferença entre os grupos. A Tabela 83 sintetiza o resultado das análises realizadas, mostrando os percentuais de explicação obtidos em cada análise e as variáveis selecionadas. Tabela 83 – Confronto dos resultados obtidos com a análise discriminante e a regressão logística Previsão inicial % de acerto das radicais % de acerto das não radicais % de acerto geral Fatores selecionados 30,1% 69,9% 57,9% --- Analise Discriminante Com 7 fatores (método Enter) 32,3% 93,1% 74,8% Todos Com 7 fatores (método Stepwise) 0,0% 98,6% 68,9% F2 Regressão Logística Com 7 fatores (método Stepwise) 0,0% 98,6% 68,9% F2 204 6.3.6 Síntese do teste da hipótese geral HG1 HG1: Não há diferenças significativas entre os fatores que motivam a inovação radical e a incremental nas empresas brasileiras. Com o objetivo de testar a hipótese geral HG1, confrontamos os resultados obtidos a partir das análises realizadas neste capítulo 6.3. O Quadro 14 apresenta as variáveis significativas para cada um dos testes, com a direção de sua influência (positiva “+” ou negativa “–“), quando cabível. Em seguida, são discutidos os resultados obtidos. Quadro 14 – Quadro-resumo das análises para a inovação radical Variável P1 Legislação/Geral P2 Legislação/Propriedade intelectual P3 Disponibilidade financiamento P4 Educação e treinamento P5 Cadeia/Fornecedores P6 Cadeia/Concorrência P7 Cadeia/Clientes P8 Governo/Licitações P9 Governo/MCT e agências P10 Governo/ICT’s públicas P11 Governo/Incentivos P12 Localização P13 Informações técnicas P14 Informações de mercado P15 Cultura P16 Costumes Anova Análise Discriminante (45 variáveis) Análise Discriminante (20 fatores) Regressão Logística (45 variáveis) de – – + + + + – – Regressão Logística (7 fatores) 205 Variável P17 Redes/Universidades P18 Redes/Associações comerciais P19 Redes/Pessoas P20 Redes/Concorrência P21 Legitimidade P22 Condições de fundação P23 Setor/Diversificação P24 Setor P25 Governança/Formato da sociedade P26 Governança/Profissionalização da gestão P27 Liderança/Ação da direção P28 Liderança/Avaliação da direção P29 Liderança/Comunicação P30 Liderança/Alocação de funcionários P31 Organização interna P32 Processos/Acompanhamento P33 Processos/Eficiência P34 Processos/Facilidade de uso P35 Processos/Disponibilidade P36 Pessoas/Treinamento em criatividade P37 Pessoas/Financiamento, espaço e tempo P38 Pessoas/Reconhecimento e recompensa P39 Pessoas/Transferência de conhecimentos Anova Análise Discriminante (45 variáveis) Análise Discriminante (20 fatores) Regressão Logística (45 variáveis) Regressão Logística (7 fatores) + + + + + + + + + 206 Variável P40 Cultura/Assunção de riscos P41 Cultura/Compreensão da estratégia P42 Cultura/Reconhecimento pelo mercado P43 Cultura/Encorajamento dos funcionários P44 Alocação de recursos financeiros P45 Percepção da demanda Anova Análise Discriminante (45 variáveis) Análise Discriminante (20 fatores) + Regressão Logística (45 variáveis) + Regressão Logística (7 fatores) + + + + Há uma variável que aparece em quatro dos cinco testes estatísticos, contribuindo de forma positiva para um perfil inovador radical: a P40 (cultura e valores/assunção de riscos). Há ainda cinco variáveis que aparecem em três das análises. São as variáveis P5 (nível de desenvolvimento da cadeia produtiva/fornecedores), P6 (nível de desenvolvimento da cadeia produtiva/concorrência), P14 (acesso a informações de mercado), P23 (setor/diversificação) e P29 (liderança/comunicação). Dentre elas, a variável P5 aparece consistentemente com coeficientes negativos nas análises, o que significa que sua contribuição para a explicação dos grupos de inovadoras radicais e não radicais ocorre de forma inversamente proporcional. Este primeiro ponto, relacionado à variável P5, é interessante, pois sugere que a ação de fornecedores leva a um desenvolvimento mais incremental. De certa forma, a inovação radical pode gerar um impacto sobre a cadeia de fornecedores, como mencionamos na revisão bibliográfica (AFUAH; BAHRAM, 1995). Portanto, é natural que os fornecedores vejam a inovação radical como uma ameaça. Alterações radicais na empresa-cliente podem alijar o fornecedor do negócio. Por exemplo: se substituo as janelas de vidro por acrílico, os fabricantes de vidro perdem um cliente. 207 Não surpreendente, uma cultura que estimule a assunção de riscos leva a resultados mais radicais, como traduz a forte presença da variável P40. Da mesma forma, um pensamento mais amplo, menos restrito ao setor cativo da empresa, como mede a variável P23, e uma liderança que se comunique bem (variável P29) também favorecem a inovação radical. Por fim, aparece a variável P6, que denota uma preocupação com o ambiente concorrencial, e a variável P14, relacionada à disponibilidade de informações de mercado. Portanto, tendo em vista que há algumas variáveis que distinguem as empresas com inovações radicais das demais inovadoras, podemos rejeitar a hipótese geral HG1. 6.4 TESTE DA HIPÓTESE HG2 – INOVAÇÃO CONTÍNUA De forma análoga ao exposto no capítulo 6.3, para o teste da hipótese geral HG2, foram verificadas cada uma de suas hipóteses derivadas, H2.1 a H2.20. Foram realizadas quatro análises multivariadas. Inicialmente, foi realizada uma análise de variância. Seu objetivo é entender que variáveis apresentam diferenças significativas entre os grupos de inovadoras persistentes e ocasionais. Em seguida, foi realizada uma análise discriminante, a fim de confirmar os achados na análise de variância e medir a importância de cada variável para a composição do perfil. Como a premissa de normalidade das variáveis não foi atendida, conforme se verifica na seção 6.3.2 – que também se aplica aqui, pois as variáveis não mudam –, seguindo recomendação de Hair et al. (1998), foi realizada uma regressão logística para fins de confirmação dos resultados da análise discriminante. Por fim, foram utilizados os fatores gerados na análise fatorial, com o objetivo de entender se os fatores inicialmente propostos na teoria são válidos também para a 208 amostra selecionada. A partir dos fatores construídos, foram refeitas a análise discriminante e a regressão logística. Todos os testes estatísticos, foram realizados com auxílio do software SPSS – Statistical Package for Social Sciences, versão 15.0. 6.4.1 Análise descritiva A partir da divisão realizada no item 6.2.9, que repartiu os respondentes em inovadoras persistentes ou ocasionais, foram avaliados alguns dados preliminares sobre os grupos, a fim de melhor caracterizá-los. Foram avaliados o porte, a distribuição regional, o tipo de inovação, o setor, o histórico de incubação e o ano de fundação. Quanto ao porte, as inovadoras persistentes possuem um porte maior que as ocasionais, sendo que as grandes empresas respondem por quase metade do grupo de inovadoras persistentes. A Figura 23 mostra a distribuição pelo porte, conforme a classificação do Sebrae (2008). Ocasional Persistente 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Micro Pequena Média Grande Figura 23 – Distribuição de porte do grupo de inovadoras persistentes e ocasionais Quanto à região geográfica, as respostas decorrentes de inovadoras persistentes e das ocasionais eram bastante similares, com uma concentração nas Regiões Sudeste e Sul. A Figura 24 mostra essa distribuição geográfica. 209 Ocasional Persistente 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% N NE CO SE S Figura 24 – Distribuição geográfica do grupo de inovadoras persistentes e ocasionais Os resultados para o tipo de inovação, de produto ou de processo, foram extremamente semelhantes entre os grupos, como se pode ver na Figura 25. Ocasional Persistente 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Produto Processo Figura 25 – Tipo de inovação do grupo de empresas inovadoras persistentes e ocasionais Quanto aos setores, há também uma concentração similar pelos setores, com exceção do setor químico, em que as inovadoras persistentes estão mais presentes. A Figura 26 mostra essa distribuição. 210 Ocasional Persistente 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Software e Equipam entos telecom unicações eletro-eletrônicos e componentes Metal-m ecânico, autom otivo e m áquinas agrícolas Química, farm acêutica e papel e celulose Outros Obs: alguns setores foram agrupados na categoria “Outros” para preservar a identidade dos respondentes. Figura 26 – Distribuição setorial das inovadoras persistentes e ocasionais Algumas empresas afirmaram ter passado por um processo de incubação no passado. O percentual de inovadoras persistentes que passaram por uma incubadora de empresas era praticamente idêntico ao das ocasionais, como se verifica na Figura 27. Ocasional Persistente 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Incubada Não incubada Figura 27 – Histórico de incubação das empresas inovadoras persistentes e ocasionais O ano de fundação também foi alvo de comparação entre as duas categorias de empresas, com resultados distintos, como se vê na Figura 28. Verifica-se que as empresas inovadoras ocasionais são, em média, mais novas que as persistentes. 211 Ocasional Persistente 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 2001~2010 1991~2000 1981~1990 Antes de 1981 Figura 28 – Ano de fundação das empresas inovadoras persistentes e ocasionais 6.4.2 Análise de variância Cada uma das variáveis levantadas anteriormente foi testada, a fim de identificar diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de empresas inovadoras persistentes e ocasionais. A metodologia utilizada é análoga à da seção 6.3.3, sendo que detalhes sobre as variáveis também estão disponíveis naquela seção. Os testes de normalidade das variáveis foram relatados anteriormente, na Seção 6.3.2. O teste utilizado foi a Anova, que é considerado um teste robusto quanto a violação de premissas como a normalidade das variáveis (Hair et al., 1998). Na Anova, o teste estatístico toma como hipótese nula de que não há diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. Legislação Tabela 84 – Teste de homoscedasticidade de P1 e P2 Variável Estatística de Levene 2,342 1,896 P1 P2 Conforme se verifica na Tabela gl1 gl2 Sig. 1 1 120 120 0,129 0,171 84, ambas as variáveis apresentam homoscedasticidade, ou seja, a matriz variância-covariância é homogênea entre os 212 dois grupos (inovadoras persistentes e ocasionais), o que é uma das premissas para a utilização do Anova. A seguir, a Tabela 85 mostra os resultados do teste para as duas variáveis. Tabela 85 – Teste Anova para as variáveis P1 e P2 Variável P1 Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total P2 N Média 66 56 122 66 56 122 2,39 2,13 2,27 2,92 2,82 2,88 Desviopadrão 1,538 1,402 1,477 1,522 1,630 1,567 F Sig. 1,004 0,318 0,129 0,720 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras persistentes e ocasionais, indicando que, provavelmente, o fator legislação impacta as inovadoras de forma homogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. Disponibilidade de Financiamento Tabela 86 – Teste de homoscedasticidade de P3 Variável Estatística de Levene 4,003 P3 gl1 gl2 Sig. 1 120 0,048 Conforme se verifica na Tabela 86, a variável não apresenta homoscedasticidade, o que fere uma das premissas do teste Anova. Assim sendo, não é possível rejeitar a hipótese nula. Tabela 87 – Teste Anova para a variável P3 Variável P3 Ocasional Persistente Total N Média 66 56 122 2,76 2,27 2,53 Desviopadrão 1,599 1,421 1,533 F Sig. 3,146 0,079 213 Educação e Treinamento Tabela 88 – Teste de homoscedasticidade de P4 Variável Estatística de Levene 7,384 P4 gl1 gl2 Sig. 1 120 0,008 Conforme se verifica na Tabela 88, a variável não apresenta homoscedasticidade, o que fere uma das premissas do teste Anova. Assim sendo, não é possível rejeitar a hipótese nula. Tabela 89 – Teste Anova para a variável P4 Variável P4 Ocasional Persistente Total N Média 66 56 122 3,68 4,09 3,87 Desviopadrão 1,394 1,149 1,298 F Sig. 3,035 0,084 Nível de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Tabela 90 – Teste de homoscedasticidade de P5, P6 e P7 Variável P5 P6 P7 Estatística de Levene 1,763 0,157 0,113 gl1 gl2 Sig. 1 1 1 120 120 120 0,187 0,693 0,737 Conforme se verifica na Tabela 90, as variáveis apresentam homoscedasticidade. A seguir, a Tabela 91 mostra os resultados do teste para as três variáveis. Tabela 91 – Teste Anova para as variáveis P5, P6 e P7 Variável P5 P6 P7 Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total N Média 66 56 122 66 56 122 66 56 122 2,56 2,75 2,65 2,47 2,45 2,46 4,24 3,93 4,10 Desviopadrão 1,426 1,325 1,378 1,427 1,387 1,403 1,138 1,126 1,138 F Sig. 0,570 0,452 0,008 0,928 2,328 0,130 214 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras persistentes e ocasionais, exceto quanto à variável P7, porém a um nível de significância de 15%. No entanto, provavelmente, o fator cadeia produtiva impacta as inovadoras de forma homogênea. Neste primeiro momento, não é possível rejeitar a hipótese nula. Governo Tabela 92 – Teste de homoscedasticidade de P8, P9, P10 e P11 Variável P8 P9 P10 P11 Estatística de Levene 9,066 0,702 2,570 0,236 gl1 gl2 Sig. 1 1 1 1 120 120 120 120 0,003 0,404 0,112 0,628 Conforme se verifica na Tabela 92, as variáveis P9, P10 e P11 apresentam homoscedasticidade. A seguir, a Tabela 93 mostra os resultados do teste para as variáveis. Tabela 93 – Teste Anova para as variáveis P8, P9, P10 e P11 Variável P8 P9 P10 P11 Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total N Média 66 56 122 66 56 122 66 56 122 66 56 122 1,83 1,59 1,72 2,48 2,38 2,43 2,36 2,43 2,39 2,18 2,27 2,22 Desviopadrão 1,260 0,890 1,108 1,581 1,484 1,532 1,546 1,386 1,469 1,508 1,495 1,497 F Sig. 1,476 0,227 0,155 0,695 0,059 0,809 0,099 0,753 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras persistentes e ocasionais, sugerindo que o fator governo tenha impacto sobre as inovadoras de forma homogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. 215 Localização. Tabela 94 – Teste de homoscedasticidade de P12 Variável Estatística de Levene 8,609 P12 gl1 gl2 Sig. 1 120 0,004 Conforme se verifica na Tabela 94, a variável não apresenta homoscedasticidade, o que fere uma das premissas do teste Anova. Assim sendo, não é possível rejeitar a hipótese nula. Tabela 95 – Teste Anova para a variável P12 Variável P12 Ocasional Persistente Total N Média 66 56 122 2,42 2,32 2,38 Desviopadrão 1,530 1,237 1,399 F Sig. 0,163 0,687 Acesso a Informações Científicas e Tecnológicas Tabela 96 – Teste de homoscedasticidade de P13 e P14 Variável Estatística de Levene 3,848 0,428 P13 P14 Conforme se verifica na Tabela gl1 gl2 Sig. 1 1 120 120 0,052 0,514 96, ambas as variáveis apresentam homoscedasticidade. A seguir, a Tabela 97 mostra os resultados do teste para as duas variáveis. Tabela 97 – Teste Anova para as variáveis P13 e P14 Variável P13 P14 Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total N Média 66 56 122 66 56 122 3,03 2,96 3,00 2,98 3,25 3,11 Desviopadrão 1,336 1,111 1,233 1,324 1,225 1,291 F Sig. 0,086 0,770 1,281 0,260 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras persistentes e ocasionais, indicando que, 216 provavelmente, o fator informações impacta as inovadoras de forma homogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. Cultura e Costumes Nacionais Tabela 98 – Teste de homoscedasticidade de P15 e P16 Variável Estatística de Levene 0,693 0,064 P15 P16 Conforme se verifica na Tabela gl1 gl2 Sig. 1 1 101 120 0,407 0,800 98, ambas as variáveis apresentam homoscedasticidade. A seguir, a Tabela 99 mostra os resultados do teste para as duas variáveis. Tabela 99 – Teste Anova para as variáveis P15 e P16 Variável P15 Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total P16 N Média 56 47 103 66 56 122 2,63 2,77 2,69 3,11 3,16 3,13 Desviopadrão 1,259 1,289 1,268 1,426 1,411 1,414 F Sig. 0,314 0,577 0,045 0,833 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras persistentes e ocasionais, indicando que, provavelmente, o fator cultura e costumes impacta as inovadoras de forma homogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. Redes de Relacionamento Tabela 100 – Teste de homoscedasticidade de P17, P18, P19 e P20 Variável P17 P18 P19 P20 Estatística de Levene 5,243 3,295 0,113 12,877 gl1 gl2 Sig. 1 1 1 1 120 120 120 120 0,024 0,072 0,737 0,000 217 Conforme se verifica na Tabela 100, as variáveis P17 e P20 apresentam heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 101 mostra os resultados do teste para as variáveis. Tabela 101 – Teste Anova para as variáveis P17, P18, P19 e P20 Variável P17 Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total P18 P19 P20 N Média 66 56 122 66 56 122 66 56 122 66 56 122 2,59 2,46 2,53 2,20 2,05 2,13 3,88 3,52 3,71 1,50 1,27 1,39 Desviopadrão 1,509 1,307 1,415 1,406 1,271 1,342 1,234 1,236 1,243 0,949 0,556 0,798 F Sig. 0,241 0,624 0,344 0,559 2,588 0,110 2,595 0,110 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras persistentes e ocasionais (exceto para a variável P19, porém a um nível de significância de 15%), indicando que, provavelmente, o fator redes de relacionamento impacta as inovadoras de forma homogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. Legitimidade Tabela 102 – Teste de homoscedasticidade de P21 Variável P21 Estatística de Levene 4,549 gl1 gl2 Sig. 1 101 0,035 Conforme se verifica na Tabela 102, a variável não apresenta homoscedasticidade, o que fere uma das premissas do teste Anova. Assim sendo, não é possível rejeitar a hipótese nula. 218 Tabela 103 – Teste Anova para a variável P21 Variável P21 Ocasional Persistente Total N Média 56 47 103 2,70 3,02 2,84 Desviopadrão 1,190 1,011 1,118 F Sig. 2,182 0,143 Condições de Fundação Tabela 104 – Teste de homoscedasticidade de P22 Variável Estatística de Levene 0,089 P22 gl1 gl2 Sig. 1 101 0,766 Conforme se verifica na Tabela 104, a variável não apresenta heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 105 mostra os resultados do teste. Tabela 105 – Teste Anova para a variável P22 Variável P22 Ocasional Persistente Total N Média 56 47 103 2,61 2,53 2,57 Desviopadrão 1,201 1,266 1,226 F Sig. 0,095 0,758 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras persistentes e ocasionais, indicando que, provavelmente, o fator condições de fundação impacta as inovadoras de forma homogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. Setor Tabela 106 – Teste de homoscedasticidade de P23 e P24 Variável P23 P24 Estatística de Levene 6,173 1,474 gl1 gl2 Sig. 1 1 101 101 0,015 0,228 Conforme se verifica na Tabela 106, a variável apresentam heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 107 mostra os resultados do teste para as duas variáveis. 219 Tabela 107 – Teste Anova para as variáveis P23 e P24 Variável P23 Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total P24 N Média 56 47 103 56 47 103 3,20 2,74 2,99 1,80 2,04 1,91 Desviopadrão 1,271 0,966 1,159 1,313 1,532 1,415 F Sig. 3,997 0,048 0,727 0,396 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras persistentes e ocasionais, indicando que, provavelmente, o fator setor impacta as inovadoras de forma homogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. Governança Tabela 108 – Teste de homoscedasticidade de P25 e P26 Variável Estatística de Levene 16,525 0,117 P25 P26 gl1 gl2 Sig. 1 1 120 101 0,000 0,733 Conforme se verifica na Tabela 108, a variável P25 apresenta heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 109 mostra os resultados do teste para as duas variáveis. Tabela 109 – Teste Anova para as variáveis P25 e P26 Variável P25 P26 Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total N Média 66 56 122 56 47 103 1,91 2,64 2,25 3,50 3,45 3,48 Desviopadrão 1,689 1,986 1,860 1,095 1,157 1,119 F Sig. 4,865 0,029 0,057 0,811 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras persistentes e ocasionais, indicando que, provavelmente, o fator nível de desenvolvimento do mercado de capitais impacta as inovadoras de forma homogênea. Não é possível rejeitar a hipótese nula. 220 Liderança Tabela 110 – Teste de homoscedasticidade de P27, P28, P29 e P30 Variável Estatística de Levene 0,798 0,116 1,520 0,739 P27 P28 P29 P30 gl1 gl2 Sig. 1 1 1 1 101 101 101 101 0,374 0,734 0,221 0,392 Conforme se verifica na Tabela 110, as variáveis apresentam homoscedasticidade. A seguir, a Tabela 111 mostra os resultados do teste para as variáveis. Tabela 111 – Teste Anova para as variáveis P27, P28, P29 e P30 Variável P27 Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total P28 P29 P30 Com base nos N Média 56 47 103 56 47 103 56 47 103 56 47 103 4,43 3,98 4,22 3,89 3,49 3,71 4,25 3,89 4,09 4,14 3,85 4,01 Desviopadrão 0,710 1,053 0,907 1,123 0,997 1,081 0,919 0,840 0,898 0,699 0,978 0,846 resultados, foram identificadas F Sig. 6,637 0,011 3,651 0,059 4,151 0,044 3,103 0,081 diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras persistentes e ocasionais, sendo a P27 e a P29 a um nível de significância de 5% e a P28 e a P30, a um nível de 10%, indicando que, provavelmente, o fator liderança impacta as inovadoras de forma heterogênea. Portanto, é possível rejeitar a hipótese nula. Organização Interna Tabela 112 – Teste de homoscedasticidade de P31 Variável P31 Estatística de Levene 4,410 gl1 gl2 Sig. 1 101 0,038 221 Conforme se verifica na Tabela 112, a variável apresenta heteroscedasticidade, o que impede a realização do teste Anova. Assim sendo, não é possível rejeitar a hipótese nula. Tabela 113 – Teste Anova para a variável P31 Variável P31 Ocasional Persistente Total N Média 56 47 103 4,29 4,66 4,46 Desviopadrão 0,847 0,635 0,777 F Sig. 6,222 0,014 Processos e Ferramentas Internos Tabela 114 – Teste de homoscedasticidade de P32, P33, P34 e P35 Variável P32 P33 P34 P35 Estatística de Levene 0,066 0,001 0,895 0,017 gl1 gl2 Sig. 1 1 1 1 101 101 101 101 0,797 0,980 0,346 0,898 Conforme se verifica na Tabela 114, as variáveis apresentam homoscedasticidade. A seguir, a Tabela 115 mostra os resultados do teste para as variáveis. Tabela 115 – Teste Anova para as variáveis P32, P33, P34 e P35 Variável P32 P33 P34 P35 Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total N Média 56 47 103 56 47 103 56 47 103 56 47 103 3,93 3,72 3,83 4,38 4,30 4,34 4,05 4,00 4,03 3,68 3,72 3,70 Desviopadrão 1,093 1,036 1,067 0,776 0,832 0,799 0,840 1,103 0,965 0,993 1,036 1,008 F Sig. 0,944 0,334 0,236 0,628 0,078 0,780 0,050 0,823 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras persistentes e ocasionais. Portanto, não é possível rejeitar a hipótese nula. 222 Pessoas e Habilidades Tabela 116 – Teste de homoscedasticidade de P36, P37, P38 e P39 Variável Estatística de Levene 0,038 0,791 0,001 0,285 P36 P37 P38 P39 Conforme se verifica na Tabela gl1 gl2 Sig. 1 1 1 1 101 101 101 101 0,846 0,376 0,980 0,594 116, todas as variáveis apresentam homoscedasticidade. A seguir, a Tabela 117 mostra os resultados do teste para as variáveis. Tabela 117 – Teste Anova para as variáveis P36, P37, P38 e P39 Variável P36 Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total P37 P38 P39 N Média 56 47 103 56 47 103 56 47 103 56 47 103 3,91 4,00 3,95 3,57 3,43 3,50 3,96 3,57 3,79 4,11 3,94 4,03 Desviopadrão 0,940 0,978 0,954 0,970 1,078 1,018 0,894 0,878 0,904 0,888 0,870 0,880 F Sig. 0,222 0,638 0,522 0,472 4,938 0,028 0,965 0,328 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras radicais e não radicais, exceto pela variável P38, indicando que, provavelmente, o fator pessoas e habilidades impacta as inovadoras de forma homogênea. Portanto, não é possível rejeitar a hipótese nula. Cultura e Valores das Empresas Tabela 118 – Teste de homoscedasticidade de P40, P41, P42 e P43 Variável P40 P41 P42 P43 Estatística de Levene 6,940 0,140 0,485 0,352 gl1 gl2 Sig. 1 1 1 1 101 101 101 101 0,010 0,709 0,488 0,554 223 Conforme se verifica na Tabela 118, exceto a variável P40, as demais apresentam homoscedasticidade. A seguir, a Tabela 119 mostra os resultados do teste para as variáveis. Tabela 119 – Teste Anova para as variáveis P40, P41, P42 e P43 Variável P40 Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total Ocasional Persistente Total P41 P42 P43 N Média 56 47 103 56 47 103 56 47 103 56 47 103 4,25 3,87 4,08 4,00 3,83 3,92 4,48 4,32 4,41 4,36 3,96 4,17 Desviopadrão 0,667 0,969 0,837 0,894 0,868 0,882 0,874 0,887 0,879 0,724 0,751 0,760 F Sig. 5,435 0,022 0,951 0,332 0,877 0,351 7,528 0,007 Com base nos resultados, não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras persistentes e ocasionais, indicando que, provavelmente, o fator cultura e valores impacta as inovadoras de forma homogênea. Apenas a variável P43 apresenta diferença estatisticamente significativa. Portanto, não é possível rejeitar a hipótese nula. Alocação Interna de Recursos Financeiros Tabela 120 – Teste de homoscedasticidade de P44 Variável P44 Estatística de Levene 0,151 gl1 gl2 Sig. 1 101 0,698 Conforme se verifica na Tabela 120, a variável não apresenta heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 121 mostra os resultados do teste para a variável. Tabela 121 – Teste Anova para as variáveis P44 Variável P44 Ocasional Persistente Total N Média 56 47 103 4,29 3,98 4,15 Desviopadrão 0,847 0,944 0,901 F Sig. 3,025 0,085 224 Com base nos resultados, foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras persistentes e ocasionais, embora a um nível de significância de 10%, indicando que, provavelmente, o fator alocação de recursos impacta as inovadoras de forma heterogênea. Portanto, é possível rejeitar a hipótese nula. Percepção da Demanda Tabela 122 – Teste de homoscedasticidade de P45 Variável Estatística de Levene 2,978 P45 gl1 gl2 Sig. 1 120 0,087 Conforme se verifica na Tabela 122, a variável não apresenta heteroscedasticidade. A seguir, a Tabela 123 mostra os resultados do teste para a variável. Tabela 123 – Teste Anova para as variáveis P45 Variável P45 Ocasional Persistente Total Com base nos N Média 66 56 122 4,59 4,34 4,48 Desviopadrão 0,841 0,978 0,911 resultados, foram identificadas F Sig. 2,337 0,129 diferenças estatisticamente significativas entre inovadoras persistentes e ocasionais, embora a um nível de significância de 15%, indicando que, provavelmente, o fator percepção de demanda impacta as inovadoras de forma heterogênea. Portanto, é possível rejeitar a hipótese nula. 6.4.2.1 Síntese da análise de variância Numa primeira avaliação de fatores apontados na bibliografia como relacionados às empresas inovadoras, poucas variáveis externas às empresas apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre as inovadoras persistentes e as ocasionais. Como se pode verificar no Quadro 15 a seguir, apenas as variáveis ligadas aos clientes, à concorrência e à profissionalização da gestão apresentaram 225 diferenças entre os grupos. Curiosamente, nas três, as inovadoras ocasionais tiveram pontuação maior que as persistentes. Quadro 15 – Quadro-resumo das hipóteses relacionadas a fatores externos à empresa Fator Legislação Disponibilidade de financiamento Educação e treinamento Nível de desenvolvimento da cadeia produtiva Governo Localização Informações científicas tecnológicas Cultura e costumes nacionais e Redes de relacionamento Legitimidade Condições de fundação Setor Governança Variável P1 – Geral P2 – Propriedade intelectual P3 P4 P5 – Fornecedores P6 – Concorrência P7 – Clientes P8 – Compras governamentais P9 – MCT e agências P10 – ICT’s públicas P11 – Incentivos P12 P13 – Técnicas P14 – De mercado P15 – Cultura P16 – Costumes P17 – Universidades P18 – Associações comerciais P19 – Pessoas P20 – Concorrência P21 P22 P23 – Diversificação P24 – Setor P25 – Formato da sociedade P26 – Profissionalização da gestão Resultado do teste Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Rejeitada* Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Rejeitada* Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Rejeitada* * a um nível de significância de 15%. Avaliando as variáveis internas às empresas, descritas anteriormente, algumas variáveis apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre o grupo de inovadoras persistentes e ocasionais. Como se pode verificar no Quadro 16 a seguir, variáveis ligadas à liderança, à disponibilidade de ferramentas internas, ao reconhecimento e recompensa das pessoas, ao encorajamento de funcionários, à alocação de recursos financeiros e à percepção de demanda apresentaram diferenças entre os grupos. 226 Quadro 16 – Quadro-resumo das hipóteses relacionadas a fatores internos à empresa Fator Liderança Organização interna Processos e ferramentas internas Pessoas e habilidades Cultura e valores Variável P27 – Ação da direção P28 – Avaliação da direção P29 – Comunicação P30 – Alocação de funcionários P31 P32 – Acompanhamento dos processos de inovação P33 – Eficiência P34 – Facilidade de uso P35 – Disponibilidade P36 – Treinamento em criatividade P37 – Financiamento, espaço e tempo P38 – Reconhecimento e recompensa P39 – Transferência de conhecimentos P40 – Assunção de riscos P41 – Compreensão da estratégia P42 – Reconhecimento pelo mercado P43 – Encorajamento dos funcionários P44 Alocação de recursos financeiros Percepção de demanda P45 * a um nível de significância de 5%. ** a um nível de significância de 10%. *** a um nível de significância de 15%. Resultado do teste Rejeitada* Rejeitada** Rejeitada* Rejeitada** Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Rejeitada* Falha em rejeitar Falha em rejeitar Rejeitada* Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Falha em rejeitar Rejeitada* Rejeitada** Rejeitada*** Curiosamente, exceto pela variável ligada à disponibilidade de ferramentas internas, em todas as outras, as inovadoras ocasionais tiveram pontuação maior que as persistentes. Uma possível explicação para este resultado vem do fato de que atividades recorrentes normalmente são candidatas naturais a sistematização, justificando a influência da disponibilidade de ferramentas internas para as inovadoras persistentes. Por outro lado, a inovação ocasional é mais dependente da ação dos líderes e de incentivos para que os funcionários dividam seu tempo entre os trabalhos habituais e a inovação. 6.4.3 Análise discriminante Para o teste desta hipótese, foi escolhida a análise discriminante, tendo em vista que se quer, com base nos fatores internos e externos, determinar se existem diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos previamente definidos e identificar a importância relativa de cada fator na predição da categoria que pertence 227 determinada empresa, se inovadora persistente ou ocasional. A análise foi realizada de forma análoga à apresentada na seção 6.3.4. A variável dependente utilizada é o perfil da empresa (inovadora persistente ou ocasional), ou seja, uma variável categórica, e as variáveis independentes são os fatores internos e externos. O perfil da empresa, portanto, seria função dessas variáveis. Recomenda-se que haja ao menos 5 observações por variável independente (HAIR et al., 1998), ou seja, 225 observações. A pesquisa obteve 103 observações. Um segundo critério apontado é que cada um dos grupos (inovadoras persistentes ou ocasionais) deveria conter ao menos 20 observações e que fosse ao menos um ponto maior que o número de variáveis para cada grupo. O menor dos grupos continha 32 observações, atendendo a este critério. A fim de contornar o problema do tamanho da amostra citado acima, optou-se por fazer uma segunda análise discriminante utilizando-se de 20 fatores compostos pelas médias aritméticas de seus componentes. A distribuição utilizada é a mesma apresentada nos Quadros 4 e 5. Com 20 variáveis, é atendida a recomendação de Hair et al. (1998) e pode-se comparar os resultados obtidos, a fim de ter uma confirmação da análise inicial. Para as análises discriminantes, foi utilizado o método stepwise, que insere as variáveis uma a uma, obtendo resultados mais conservadores, pois reduzem o impacto de eventuais problemas de multicolinearidade das variáveis independentes na função discriminante. Para a medida utilizadas no método citado, foi utilizado o Mahalanobis D2, baseado na “distância Euclidiana quadrada”, que ajusta as variâncias desiguais. Sobre as premissas da análise, o teste de igualdade das médias grupais mostrou lambdas de Wilks relativamente altos, embora algumas variáveis tenham mostrado diferenças estatisticamente significativas (para a tabela deste teste, vide o Apêndice L). O teste de igualdade de M de Box apresentou um resultado que não permite rejeitar a hipótese de igualdade das matrizes de covariância das variáveis independentes, conforme exposto na Tabela 124 a seguir, o que permite que prossigamos com a análise. Assim sendo, será realizada uma regressão logística a 228 fim de confirmar os resultados obtidos nesta análise discriminante, como sugerido por Hair et al. (1998). Tabela 124 - Teste de igualdade das matrizes de covariância das variáveis P1 a P45 M de Box F Aprox. gl1 gl2 Sig. 11,996 1,934 6 68041,51 0 ,071 Em seguida, é apresentado o autovalor da função discriminante obtida, que é uma medida do quanto ela realmente diferencia os dois grupos (Tabela 125). É apresentado também um teste do lambda de Wilks, cuja hipótese nula é que, considerando todas as variáveis independentes simultaneamente, não há diferença significativa entre os grupos (Tabela 126). Tabela 125 – Autovalor da função discriminante Função Autovalor 1 0,214 % da Variância 100,0 % Acumulado 100,0 Correlação canônica 0,420 Tabela 126 – Lambda de Wilks Teste da função 1 Lambda de Wilks 0,824 Quiquadrado 19,312 gl Sig. 3 0,000 A análise discriminante mostra um resultado cuja função se baseia em apenas três variáveis, com alto poder de explicação. São as variáveis P4, P31 e P43, com coeficientes discriminantes de, respectivamente, 0,610, 0,510 e -0,644. a Tabela 127 – Matriz de confusão – 45 variáveis Classificação Original Classificação Prevista Ocasionais Persistentes Contagem Ocasionais 43 13 Persistentes 20 27 % Ocasionais 76,8 23,2 Persistentes 42,6 57,4 a. 68,0% dos casos foram corretamente classificados. Total 56 47 100,0 100,0 229 A função discriminante resultante consegue classificar as observações com boa precisão, de 68,0% no total (vide Tabela 127). Comparando com as probabilidades calculadas previamente em função dos tamanhos dos grupos, de 45,6% de ser classificado como uma inovadora persistente e de 54,4% de ser classificado como uma ocasional, o modelo chega, respectivamente, a 57,4% e 76,8%. Quando avaliado pelo método que entra com todas variáveis simultaneamente, a precisão do modelo chega a 76,6% de acerto na classificação das inovadoras persistentes e de 82,1% nas ocasionais, totalizando um acerto global de 79,6%. Quando utilizamos as 20 variáveis compostas, formadas pelas médias aritméticas das variáveis P1 a P45, conforme o fator correspondente (vide Quadros 4 e 5), obtemos resultados bastante semelhantes aos anteriores. As variáveis que explicam a função são a P4, P31 e o conjunto P27 a P30, praticamente idênticas ao resultado anterior, com exceção da P43, que fora substituída pelo conjunto de variáveis citado. Os resultados dos testes são bastante semelhantes também, com as previsões do modelo apresentadas na Tabela 128 a seguir. Tabela 128 – Matriz de confusão – 20 fatoresa Classificação Original Classificação Prevista Ocasionais Persistentes Contagem Ocasionais 41 15 Persistentes 19 28 % Ocasionais 73,2 26,8 Persistentes 40,1 59,6 a. 67,0% dos casos foram corretamente classificados. Total 56 47 100,0 100,0 O modelo tem precisão de 67,0%, acertando 73,2% dos casos de inovadoras ocasionais e 59,6% dos casos de persistentes. Em seguida, a análise discriminante foi repetida, porém utilizando como variáveis independentes os sete fatores obtidos a partir da Análise Fatorial apresentada na Seção 6.3.5. Para as análises discriminantes, foi utilizado o método stepwise, que insere as variáveis uma a uma, obtendo resultados mais conservadores, pois reduzem o 230 impacto de eventuais problemas de multicolinearidade das variáveis independentes na função discriminante. Para as medidas utilizadas no método citado, foi utilizado o Lambda de Wilks. Sobre as premissas da análise, o teste de igualdade das médias grupais mostrou lambdas de Wilks relativamente baixos. O teste de igualdade de M de Box apresentou um resultado que reitera a hipótese de igualdade das matrizes de covariância das variáveis independentes, conforme exposto na Tabela 129 a seguir. Tabela 129 - Teste de igualdade das matrizes de covariância dos fatores F1 a F7 M de Box Aprox. gl1 gl2 F Sig. 1,032 1,021 1 29960,12 3 ,312 Em seguida, é apresentado o autovalor da função discriminante obtida, que é uma medida do quanto ela realmente diferencia os dois grupos (Tabela 130). É apresentado também um teste do lambda de Wilks, cuja hipótese nula é que, considerando todas as variáveis independentes simultaneamente, não há diferença significativa entre os grupos (Tabela 131). Tabela 130 – Autovalor da função discriminante Função Autovalor 1 0,045 % da Variância 100,0 % Acumulado 100,0 Correlação canônica 0,207 Tabela 131 – Lambda de Wilks Teste da função 1 Lambda de Wilks 0,957 Quiquadrado 4,389 gl Sig. 1 0,036 A análise discriminante mostra um resultado cuja função se baseia apenas no fator F7. 231 a Tabela 132 – Matriz de confusão – 7 fatores Classificação Original Classificação Prevista Ocasionais Persistentes Contagem Ocasionais 42 14 Persistentes 28 19 % Ocasionais 75,0 25,0 Persistentes 59,6 40,4 a. 59,2% dos casos foram corretamente classificados. Total 56 47 100,0 100,0 A função discriminante resultante não consegue classificar as observações com razoável precisão. Classifica corretamente 59,2% do total (vide Tabela 132). Comparando com as probabilidades calculadas previamente em função dos tamanhos dos grupos, de 45,6% de ser classificado como uma inovadora persistente e de 54,4% de ser classificado como uma ocasional, o modelo chega, respectivamente, a 40,4% e 75,0%. Assim, a precisão para classificação das inovadoras ocasionais é boa, enquanto que para a classificação das persistentes é ruim, inferior a uma classificação feita de forma aleatória. 6.4.3.1 Regressão Logística Tendo em vista que não se pôde assegurar a normalidade das variáveis, optou-se por realizar uma regressão logística, de forma a dar maior confiabilidade aos resultados da análise discriminante. Como dito anteriormente, a regressão logística não se baseia nas mesmas premissas da análise discriminante. É uma técnica mais robusta e, portanto, menos sujeita a violações das premissas, principalmente as relacionadas à normalidade multivariada e de igualdade das matrizes variância-covariância. A variável dependente continua sendo a categoria da empresa, se inovadora persistente ou ocasional, assim como as variáveis independentes. O método utilizado foi o stepwise (forward), que, em sucessivas iterações, acrescenta as variáveis uma a uma. O modelo chegou às mesmas variáveis apontadas na análise discriminante (P4, P31 e P43). As estatísticas-teste foram: os testes dos coeficientes do modelo; a variação 232 do valor de -2LL (valor do logaritmo da verossimilhança), que apresenta a probabilidade de que o modelo seja uma boa representação dos dados; o pseudo R2, que mede a variabilidade explicada pelo modelo, analogamente ao R2 da regressão linear, medidos pelas estatísticas de Cox & Snell e de Nagelkerke; e a estatística de Hosmer & Lemeshow, que mede a correspondência entre os valores previstos e os reais para a variável dependente. A Tabela 133 traz as estatísticas citadas. Tabela 133 – Estatísticas-teste da regressão logística Teste dos Coeficientes do Modelo Quigl Sig. quadrado 20,215 3 0,000 2 -2LL Pseudo 2 R R de Cox & Snell R2 de Nagelkerke 121,786 0,095 0,178 0,238 Teste de Homer e Lemeshow Quigl Sig. quadrado 21,847 7 0,003 O teste dos coeficientes do modelo verifica se tais coeficientes são estatisticamente diferentes de zero. No caso, o modelo passa neste teste. Houve redução do valor -2LL, enquanto o teste de Homer e Lemeshow mostrou-se significativo, ou seja, que há diferenças entre os valores observados e previstos. Tabela 134 – Tabela de Classificação Classificação Original a Classificação Prevista Ocasionais Persistentes Contagem Ocasionais 43 13 Persistentes 21 26 % Ocasionais 76,8 23,2 Persistentes 44,7 55,3 a. 67,0% dos casos foram corretamente classificados. Total 56 47 100,0 100,0 O percentual obtido, de 67,0% (vide Tabela 134), é bom se comparado ao valor esperado de 45,1%, caso houvesse uma classificação aleatória dos casos. É também semelhante ao valor obtido na análise discriminante, de 68,0%. Detalhes sobre os resultados obtidos constam do Apêndice M. A regressão logística foi refeita utilizando como variáveis independentes os fatores obtidos na Análise Fatorial da Seção 6.3.5. A Tabela 135 traz as estatísticas-teste da regressão. 233 Tabela 135 – Estatísticas-teste da regressão logística Teste dos Coeficientes do Modelo Quigl Sig. quadrado 4,510 1 0,034 2 -2LL 137,491 2 R de Cox & Snell R de Nagelke rke 0,043 0,057 Teste de Homer e Lemeshow Quiquadrado 4,393 gl Sig. 8 0,820 O teste dos coeficientes do modelo verifica se tais coeficientes são estatisticamente diferentes de zero. No caso, o modelo passa neste teste. O teste de Homer e Lemeshow mostrou não significância, ou seja, que não há diferenças entre os valores observados e previstos. A regressão logística chegou a apenas um fator, o F7, o mesmo obtido na análise discriminante. Tabela 136 – Tabela de Classificação Classificação Original a Classificação Prevista Ocasionais Persistentes Contagem Ocasionais 42 14 Persistentes 28 19 % Ocasionais 75,0 25,0 Persistentes 59,6 40,4 a. 59,2% dos casos foram corretamente classificados. Total 56 47 100,0 100,0 O percentual obtido, de 59,2% (vide Tabela 136), é razoável se comparado ao valor esperado de 50,4%, caso houvesse uma classificação aleatória dos casos. É também idêntico ao valor obtido na análise discriminante, de 59,2%. Detalhes sobre os resultados obtidos constam do Apêndice N. 6.4.3.2 Síntese da análise discriminante e da regressão logística Tanto a análise discriminante, quanto a regressão logística, resultaram nos mesmos fatores e variáveis como representativos da diferença entre inovadoras persistentes e ocasionais. Resultaram ainda em percentuais de acerto superiores a previsão inicial, indicando que eles podem explicar a diferença entre os grupos. As variáveis P4 (educação e treinamento), P31 (organização interna), P43 (encorajamento dos funcionários), o conjunto P27-30 (liderança) e o fator F7 (foco em recursos) representaram percentuais que variaram entre 59,2% e 79,6% de 234 acerto na previsão da categoria do respondente, número maior que os 50,4% previstos em uma eventual classificação aleatória. A Tabela 137 sintetiza o resultado das análises realizadas, mostrando os percentuais de explicação obtidos em cada análise e as variáveis e fatores selecionados. Tabela 137 – Confronto dos resultados obtidos com a análise discriminante e a regressão logística Previsão inicial % de acerto das persistentes % de acerto das ocasionais % de acerto geral Variáveis / Fatores selecionados Análise Discriminante Regressão Logística Com 45 variáveis (método Enter) Com 45 variáveis (método Stepwise) Com 20 variáveis compostas (método Stepwise) Com 7 fatores (método Stepwise ) Com 45 variáveis (método Stepwise) Com 7 fatores (método Stepwise ) 45,6% 76,6% 57,4% 59,6% 40,4% 55,3% 40,4% 54,4% 82,1% 76,8% 73,2% 75,0% 76,8% 75,0% 50,4% 79,6% 68,0% 67,0% 59,2% 67,0% 59,2% --- Todas P4, P31 e P43 P4, P31 e P27-30 F7 P4, P31 e P43 F7 6.4.4 Síntese do teste da hipótese geral HG2 HG2: Não há diferenças significativas entre os fatores que motivam as inovadoras persistentes e as inovadoras ocasionais. Com o objetivo de testar a hipótese geral HG2, confrontamos os resultados obtidos a partir das análises realizadas neste capítulo 6.4. O Quadro 17 apresenta as variáveis significativas para cada um dos testes, com a direção de sua influência (positiva “+” ou negativa “–“), quando cabível. Em seguida, são discutidos os resultados obtidos. 235 Quadro 17 – Quadro-resumo das análises do conceito de continuidade Variável P1 Legislação/Geral P2 Legislação/Propriedade intelectual P3 Disponibilidade financiamento P4 Educação e treinamento P5 Cadeia/Fornecedores P6 Cadeia/Concorrência P7 Cadeia/Clientes P8 Governo/Licitações P9 Governo/MCT e agências P10 Governo/ICT’s públicas P11 Governo/Incentivos P12 Localização P13 Informações técnicas P14 Informações de mercado P15 Cultura P16 Costumes P17 Redes/Universidades P18 Redes/Associações comerciais P19 Redes/Pessoas P20 Redes/Concorrência P21 Legitimidade P22 Condições de fundação P23 Setor/Diversificação P24 Setor P25 Governança/Formato Anova Análise Discriminante (45 variáveis) Análise Discriminante (20 fatores) Regressão Logística (45 variáveis) de da + + + Análise Discriminante (7 fatores) 236 Variável sociedade P26 Governança/Profissionalização da gestão P27 Liderança/Ação da direção P28 Liderança/Avaliação da direção P29 Liderança/Comunicação P30 Liderança/Alocação de funcionários P31 Organização interna P32 Processos/Acompanhamento P33 Processos/Eficiência P34 Processos/Facilidade de uso P35 Processos/Disponibilidade P36 Pessoas/Treinamento em criatividade P37 Pessoas/Financiamento, espaço e tempo P38 Pessoas/Reconhecimento e recompensa P39 Pessoas/Transferência de conhecimentos P40 Cultura/Assunção de riscos P41 Cultura/Compreensão da estratégia P42 Cultura/Reconhecimento pelo mercado P43 Cultura/Encorajamento dos funcionários P44 Alocação de recursos financeiros P45 Percepção da demanda Anova Análise Discriminante (45 variáveis) Análise Discriminante (20 fatores) Regressão Logística (45 variáveis) Análise Discriminante (7 fatores) – – – – + + – + – + + 237 Há 8 variáveis que aparecem em mais de uma análise. São as variáveis P4 (Educação e treinamento), (Liderança/avaliação (Liderança/alocação da de P27 direção), funcionários), (Liderança/ação P29 P31 da direção), P28 (Liderança/Comunicação), P30 (Organização interna), P43 (Cultura/encorajamento dos funcionários) e P44 (Alocação de recursos financeiros). Dentre elas, a variável P43 e o conjunto P27-30 aparecem com coeficientes negativos nas análises, o que significa que sua contribuição para a explicação dos grupos de inovadoras persistentes e ocasionais ocorre de forma inversamente proporcional. As variáveis têm uma correlação moderada (coeficiente de Pearson = 0,542, p<0,01). Tais variáveis estão relacionadas à liderança e ao encorajamento dos funcionários. Supõe-se, portanto, que a ação da liderança e o encorajamento dos funcionários privilegiam a inovação ocasional. Nas inovadoras persistentes, talvez tais construtos sejam dispensáveis, substituídos por uma organização voltada para a inovação. De fato, corroboram para este entendimento as variáveis P4, P31 e a P44, relacionadas à existência de uma estrutura, com orçamento, para as atividades de P&D e à disponibilidade de pessoal treinado. O surgimento de tais variáveis era esperado e coerente com o referencial teórico, já que atividades persistentes de inovação exigem algum tipo de estrutura fixa, seja esta estrutura entendida como pessoal dedicado, orçamento ou mesmo um departamento na empresa. Portanto, tendo em vista que há algumas variáveis que distinguem as inovadoras persistentes das ocasionais, podemos rejeitar a hipótese geral HG2. 6.5 TESTE DA HIPÓTESE HG3 – INFLUÊNCIA DO AMBIENTE HG3: Não há forças institucionais que limitem as empresas a inovar de forma radical e contínua. Como vimos pelos testes das hipóteses HG1 e HG2, empresas inovadoras contínuas dependem tanto de fatores internos quanto externos. Da mesma forma, 238 empresas com inovações radicais também dependem destes dois conjuntos de fatores. No entanto, a partir da abordagem institucionalista, que faz parte da revisão bibliográfica do presente estudo, é intuito lançar luz sobre como é possível construir um ambiente propício ao surgimento de empresas inovadoras. Assim, reconstruímos o Quadro 6 apresentado anteriormente, de forma a apenas ilustrar as variáveis ambientais que descrevem as empresas com inovações radicais e as empresas que inovam continuamente. O resultado do primeiro caso é objeto do Quadro 18, enquanto que o segundo, é objeto do Quadro 19. Sistema social da indústria Quadro 18 – Relação entre as variáveis que descrevem as empresas com inovações radicais e as abordagens teóricas Forças Institucionais Forças Regulatórias Forças Normativas Forças Cognitivas Subsistema • Nível de • Nível de Instrumental desenvolvimento da desenvolvimento da cadeia produtiva (P5 e cadeia produtiva (P5 e P6) P6) • Setor (P23) Subsistema • Costumes (P16) Institucional Subsistema • Acesso a Informações de Busca científicas e de tecnológicas (P14) Recursos Notas: Adaptado a partir dos estudos de Van de Ven e Garud (1989) e de Scott (1995). Fonte: Elaboração própria. É importante destacar que a ausência de variáveis na coluna “forças regulatórias” não indica que elas não sejam importantes. Indica apenas que não há diferenças estatisticamente significativas entre o grupo das empresas com inovações radicais e as sem inovações radicais em relação às variáveis incluídas nas forças regulatórias. Essas forças incluem basicamente as leis e o poder político. Verificamos que, em relação às variáveis que compunham esta força (P1, P2, P3, P8, P9, P10 e P11), as médias eram relativamente baixas, indicando que as empresas não viam relação entre os incentivos legais e planos de governo com suas inovações. Quanto às forças normativas, que diz respeito basicamente ao comportamento esperado da empresa, vemos que muito da postura é condicionada pelo ambiente, em especial por fornecedores, pela concorrência e pela própria iniciativa. A analogia 239 à decisão citada por Van de Ven e Garud (1989), portanto, percorreria escolher entre desenvolver sua própria solução inovadora ou comprar pacotes de outras empresas. No caso das empresas com inovações radicais, um ambiente de colaboração com fornecedores e de competição com os concorrentes pode ter estimulado uma solução caseira. Se fosse possível resumir a influência dessa força sobre as empresas que inovaram radicalmente em única frase, seria: “espera-se que eu desenvolva isso internamente”. No mesmo sentido, sobre as forças cognitivas, que referem-se basicamente às interações sociais da empresa, observa-se que as decisões de fato se apóiam na colaboração dos fornecedores e na preocupação com a concorrência, fazendo a empresa buscar a capacitação tecnológica se inspirando nestes dois grupos: o que a concorrência está fazendo a esse respeito e no que meu fornecedor pode me ajudar. Para empresas que inovam continuamente, a influência do ambiente parece ser ainda mais rarefeita. Com exceção da variável P4 (educação e treinamento), não há variáveis externas que influenciem especificamente a inovação persistente em detrimento da ocasional, como vemos no Quadro 19. Sistema social da indústria* Quadro 19 – Relação entre as variáveis externas que descrevem as empresas que inovam de forma contínua e as abordagens teóricas Forças Institucionais** Forças Forças Forças Regulatórias Normativas Cognitivas Subsistema Instrumental Subsistema Institucional Subsistema de Busca de • Educação e Recursos treinamento (P4) Notas: Adaptado a partir dos estudos de Van de Ven e Garud (1989) e de Scott (1995). Fonte: Elaboração própria. Quanto às forças regulatórias, o verificado no caso da inovação radical aplica-se exatamente da mesma forma para o caso da inovação contínua. As empresas, de um modo geral, não viam relação entre as variáveis nessa força e suas inovações. As forças cognitivas também não apareceram, indicando que a influência das interações sociais não é diferente entre as empresas. 240 Por outro lado, para as forças normativas, surge a única variável presente nesta análise. Na medida em que as empresas esperam entregar inovações de forma contínua, sua dependência de pessoal adequado cresce, quando comparado a empresas que inovam apenas ocasionalmente. Resumidamente, a fim de incentivar empresas que inovem de forma contínua, cresce a importância de se ter investimentos contínuos em educação e treinamento. Por outro lado, incentivar que as empresas inovem de forma radical é uma tarefa mais difícil para o poder público, pois suas condicionantes fogem de sua esfera de ação direta. O governo pode agir sobre o ambiente de modo a facilitar as interações dentro das cadeias produtivas, mas não tem como forçar que isso aconteça. Os resultados indicam apenas que uma ação sobre a disponibilidade de informações científicias e tecnológicas, feita normalmente a partir de investimentos públicos em universidades e centros de pesquisa, pode ser positiva. 6.6 TESTE DAS HIPÓTESES HG4 E HG5 – ANÁLISE CONJUNTA DAS INOVADORAS CONTÍNUAS COM INOVAÇÕES RADICAIS 6.6.1 Teste da hipótese geral HG4 HG4: Os conceitos de radicalidade e continuidade em inovação são mutuamente excludentes. Como vimos no referencial bibliográfico deste estudo, os conceitos de inovação contínua e inovação radical são distintos. O primeiro se concentra no lançamento de inovações continuamente, onde, embora haja, como vimos, uma vertente teórica que a entenda como incremental, não há essa limitação na definição utilizada. O segundo se concentra no grau de novidade da inovação. Uma empresa, portanto, pode ter posicionamentos distintos em relação a cada um dos perfis. 241 Assim sendo, propõe-se avaliar o perfil inovador das empresas segundo o cruzamento dos dois conceitos (inovação contínua e inovação radical), a fim de identificar eventuais diferenças ou semelhanças entre os conceitos. O resultado, com a divisão dos respondentes pelos quadrantes, é apresentado na Tabela 138 a seguir. Tabela 138 – Cruzamento de perfis de inovação radical e contínua Continuidade da Inovação Radicalidade da inovação Total Não Radical Radical Persistente 38 9 47 Ocasional 34 22 56 72 31 103 Total É de se esperar que, para cada um dos quadrantes, haja motivadores específicos. Empresas com diferentes perfis tendem a ter características internas e a responder ao ambiente de forma diferente. Assim sendo, foi realizada uma análise discriminante, contendo como variável dependente os quatro quadrantes identificados. O objetivo da análise foi extrair uma aproximação das variáveis com maior impacto na composição dos quadrantes. Sobre as premissas da análise, o teste de igualdade das médias grupais não mostrou significância estatística, exceto para oito variáveis, P2, P5, P23, P27, P29, P31, P40 e P43, a um nível de significância de 5%, e outras quatro variáveis, P4, P14, P21 e P38, porém a um nível de significância de 10%. O teste de igualdade de M de Box apresentou um resultado que não permite rejeitar a hipótese de igualdade das matrizes de covariância das variáveis independentes, conforme exposto na Tabela 139 a seguir. 242 Tabela 139 - Teste de igualdade das matrizes de covariância das variáveis M de Box F Aprox. gl1 gl2 Sig. 170,397 1,612 84 3325,262 0,000 Em seguida, é apresentado o autovalor da função discriminante obtida, que é uma medida do quanto ela realmente diferencia os quatro grupos (Tabela 140). É apresentado também um teste do lambda de Wilks, cuja hipótese nula é que, considerando todas as variáveis independentes simultaneamente, não há diferença significativa entre os grupos (Tabela 141). Tabela 140 – Autovalores das funções discriminantes % da % Correlação Variância Acumulado canônica 1 0,499(a) 55,1 55,1 0,577 2 0,292(a) 32,3 87,4 0,475 3 0,114(a) 12,6 100,0 0,320 (a) As 3 primeiras funções discriminantes foram usadas na análise. Função Autovalor Tabela 141 – Lambda de Wilks Teste da função 1 até 3 2 até 3 3 Lambda de Wilks 0,464 0,695 0,898 Quiquadrado 74,183 35,138 10,408 gl Sig. 21 12 5 ,000 ,000 ,064 A análise discriminante mostra um resultado cujas funções se baseiam em sete variáveis, listadas na Tabela 142 a seguir, acompanhados dos respectivos coeficientes da função de classificação. Tabela 142 – Coeficientes da função de classificação Quadrantes 1 2 3 P4 1,024 1,188 0,768 P5 1,445 0,404 1,297 P6 0,920 1,223 0,642 P16 -1,596 -1,532 -1,272 P23 2,550 2,426 2,435 P31 9,812 9,068 8,534 P40 5,224 6,575 5,997 (Constante) -40,394 -42,909 -36,534 Funções discriminantes lineares de Fisher 4 0,321 0,993 1,431 -2,330 3,453 9,999 6,566 -45,518 243 As sete variáveis selecionadas puderam classificar 59,2% das observações nos quadrantes corretos, conforme se pode ver na Tabela 143 a seguir. a Tabela 143 – Matriz de confusão – Variáveis Contagem Classificação Original Quadrantes % Persistente / Não Radical Classificação Prevista Ocasional Persistente Ocasional / / Não / Radical Radical Radical Persistente / Não 23 1 8 Radical Persistente / Radical 3 4 1 Ocasional / Não Radical 11 1 20 Ocasional / Radical 3 1 4 Persistente / Não 60,5 2,6 21,1 Radical Persistente / Radical 33,3 44,4 11,1 Ocasional / Não Radical 32,4 2,9 58,8 Ocasional / Radical 13,6 4,5 18,2 a. 59,2% dos casos foram corretamente classificados. Total 6 38 1 2 14 9 34 22 15,8 100,0 11,1 5,9 63,6 100,0 100,0 100,0 Percebe-se na tabela apresentada uma boa precisão para a classificação dos quadrantes, superior em mais de 25% à probabilidade calculada sobre o tamanho dos grupos (60,5% para o quadrante “persistente/não radical”, 44,4% para o “persistente/radical”, 58,8% para o “ocasional/não radical” e 63,6% para o “ocasional/radical”), conforme recomendado por Hair et al. (1998). Outras informações sobre a análise estão disponíveis no Apêndice O. É interessante notar que, optando por uma flexibilização da regra de entrada das variáveis, considerando um critério de significância de 10% ao invés dos 5% habituais, obtém-se um acréscimo relevante no poder discriminatório. O acerto na classificação subiria de 59,2% para 66,0%. Tal possibilidade, de flexibilização do critério, é discutida por Hair et al. (1998) para os casos em que haja três ou mais grupos, como é o nosso caso. O conjunto de variáveis discriminantes, neste caso, altera-se para: P4, P5, P6, P14, P16, P23, P31, P38 e P40. No entanto, optamos por manter o critério em 5%, a fim de não perder qualidade na análise. A Tabela 144 traz a média das variáveis selecionadas na análise discriminante. 244 Tabela 144 – Médias das variáveis selecionadas por quadrante Variável P4 – Educação e treinamento P5 – Cadeia produtiva/fornecedores P6 – Cadeia produtiva/concorrência P16 – Costumes P23 – Setor/diversificação P31 – Organização interna P40 – Cultura/assunção de riscos Persistente / Não Radical Persistente / Radical Ocasional / Não Radical Ocasional / Radical Total 4,24 4,22 3,71 3,41 3,88 3,11 1,67 2,76 2,32 2,70 2,50 2,89 2,15 2,95 2,51 3,08 3,44 3,47 2,59 3,14 2,74 2,78 2,88 3,68 2,99 4,71 4,44 4,15 4,50 4,46 3,71 4,56 4,18 4,36 4,08 Observa-se que o primeiro quadrante, de empresas inovadoras persistentes e sem inovações radicais, caracteriza-se por uma maior pontuação nas variáveis de educação e treinamento, de incentivo dos fornecedores e de organização interna. Também os que possuem a postura mais conservadora (menos disposição a assunção de riscos). São grandes empresas, com cerca de 32 anos de existência, com mais patentes que a média e de setores variados. É também o quadrante com maior presença de inovações de processo (22,2%). Empresas neste quadrante provavelmente investem consistentemente na melhoria incremental de seus produtos e processos, procurando manter uma posição de mercado já conquistada. No quadrante “persistente/radical”, há uma pontuação maior nas variáveis educação e treinamento, cadeia produtiva/fornecedores, costumes e cultura/assunção de riscos. São empresas medianas, com cerca de 14 anos de existência e uma proporção maior de empresas que participaram de incubadoras. A maior parte é do setor do software. Empresas neste quadrante são provavelmente mais próximas do meio científico, estão acostumadas a inovar e não são avessas ao risco. Como resultado, são as que possuem o maior percentual do faturamento advindo da venda de novos produtos. No quadrante “ocasional/não radical”, há uma pontuação maior apenas na variável costumes. Um dado interessante é que elas obtiveram a menor pontuação quanto à necessidade de um departamento (ou setor) voltado para P&D, enquanto que, ao mesmo tempo, eram as que mais dedicaram orçamento e equipe interna ao 245 desenvolvimento da inovação inscrita no Prêmio Finep de Inovação (63,4%). Uma hipótese possível é que as empresas neste quadrante podem trabalhar por projetos, em grupos de trabalho, e não atrelados a uma estrutura formal. Fica evidente que, se o trabalho de pesquisa e desenvolvimento é ocasional e, provavelmente, em função do grau de novidade, não requer muito conhecimento acumulado, a estrutura formal perde sua importância. As empresas neste quadrante têm, em média, 15 anos de existência e concentramse no setor de software e telecom, seguido do metal-mecânico. É o quadrante no qual há maior presença de empresas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (29,3% dos respondentes neste quadrante). Por fim, o quadrante “ocasional/radical” possui destaque nos quesitos relacionamento com a concorrência e na propensão à diversificação. É formado por empresas, em média, menores que as dos outros quadrantes, com cerca de 11 anos de existência. A maior parte não passou por incubadoras e há uma concentração no segmento de equipamentos elétricos. É provável que, por serem menores, mais jovens e atuarem em um segmento transversal, ou seja, cujo produto tem possibilidade de aplicável em vários setores, as empresas procurem oportunidades a serem exploradas, buscando assumir um espaço no mercado. São empresas emergentes. O Quadro 20 a seguir traz um resumo dos respondentes em cada quadrante. 246 Quadro 20 – Quadro-resumo das características das empresas em cada quadrante Radicalidade da inovação Continuidade da Inovação Persistente Não Radical Radical Tradicionais Seriais Descrição: Grandes empresas, mais antigas (32 anos de existência), com mais patentes nos últimos anos, de setores variados, maior presença de inovação de processo. Descrição: Empresas medianas, com 14 anos de existência, maior percentual do faturamento advindo de novos produtos, presença mais relevante de incubadas. Fatores Discriminantes: • Disponibilidade de pessoal treinado • Incentivo de fornecedores • Cultura de assunção de riscos Fatores Discriminantes: • Disponibilidade de pessoal treinado • Pressão da concorrência • Inovam por costume • Cultura de assunção de riscos 36,9% da amostra Ocasional 9,0% da amostra Por Projeto Emergentes Descrição: Empresas de vários portes, com 15 anos de existência, concentração nos setores de software/telecom e metalmecânico, maior percentual de empresas das regiões N, NE e CO. Descrição: Empresas menores, mais novas (11 anos de existência), não incubadas, concentradas no setor de equipamentos eletro-eletrônicos, menor presença de inovação de processo. Fatores Discriminantes: • Inovam por costume • Entendem que ter organização interna para P&D não é fundamental • Provavelmente trabalham por projetos Fatores Discriminantes: • Pressão da concorrência • Foco em outros setores (diversificação) 20,5% da amostra 33,6% da amostra A partir das características listadas, foram sugeridos rótulos que representassem os quadrantes. O primeiro deles, intitulado inovadoras “tradicionais”, diz respeito a empresas que, de um modo geral, inovam para manter sua competitividade, normalmente alterando seus processos ou incorporando novidades incrementais em seus produtos. O segundo, intitulado inovadoras “seriais”, são as que consistentemente reconstroem sua competitividade através da inovação. Embora não atendam aos 247 requisitos apontados por Hicks, Hegde (2005) e Libaers (2008), mencionados na seção 2.2.3, coadunam com a definição de “inovadoras seriais”, de empresas altamente e continuamente inovadoras. Embora não se restrinja a micro e pequenas empresas, o percentual de empresas deste porte no quadrante é elevado (63,6%). São empresas que inovam continuamente (alto percentual do faturamento advindo de novos produtos) e com proximidade de universidades e centros de pesquisa, como propunha Libaers (2008). O terceiro, intitulado inovadoras “por projeto”, concentra empresas que, ao contrário do primeiro quadrante, não possue um trabalho sistemático de identificação de oportunidades de melhoria, formando grupos para atender necessidades específicas. O quarto quadrante, intitulado inovadoras “emergentes”, são as que, por força de suas características, buscam se estabelecer no mercado. São possivelmente empresas com estratégia oportunista. Esta hipótese poderá ser confirmada na próxima seção deste trabalho, onde relacionamos o perfil das empresas com as estratégias adotadas. Percebe-se, portanto, que o cruzamento dos conceitos de continuidade e de radicalidade produz quadrantes distintos entre si. Assim sendo, podemos confirmar a hipótese geral HG4, qual seja, que “há uma dicotomia entre os conceitos de continuidade e radicalidade”. 6.6.2 Teste da hipótese geral HG5 HG5: A inovação contínua e a inovação radical decorrem de estratégias de inovação iguais. O objetivo do teste da hipótese geral HG5 é identificar se empresas com perfis diferentes adotam estratégias de inovação diferentes e, em caso positivo, que estratégias são adotadas. 248 Cruzando os quadrantes com as classificações das estratégias, segundo a proposta por Freeman e Soete (1997) e operacionalizada conforme critérios disponíveis no Capítulo 4.5, obtemos o resultado apresentado na Tabela 145 a seguir. Dependente Tradicional Oportunista Total Total Imitativa Persistente / Não radical Persistente / Radical Ocasional / Não radical Ocasional / Radical Defensiva Quadrante Ofensiva Tabela 145 – Estratégias e quadrantes de perfil das inovadoras 13 (28,9%) 6 (54,5%) 9 (22,0%) 5 (20,0%) 33 (27,0%) 6 (13,3%) 1 (9,1%) 5 (12,2%) 5 (20,0%) 17 (13,9%) 7 (15,6%) 1 (9,1%) 6 (14,6%) 4 (16,0%) 18 (14,8%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 2 (4,9%) 0 (0,0%) 2 (1,6%) 9 (20,0%) 1 (9,1%) 8 (19,5%) 3 (12,0%) 21 (17,2%) 10 (22,2%) 2 (18,2%) 11 (26,8%) 8 (32,0%) 31 (25,4%) 45 (100%) 11 (100%) 41 (100%) 25 (100%) 122 (100%) Pela descrição do quadrante “persistente/não radical”, a divisão esperada deveria trazer, como mais preponderantes, casos classificados como de estratégia defensiva, em que se tem pesquisa e desenvolvimento (de fato, este grupo é que possui a maior média de patentes nos últimos cinco anos e onde quase todas as empresas - 86,0% - dispõem de uma equipe interna dedicada a P&D), mas há certa aversão ao risco. Esperava-se também alguns casos classificados na estratégia ofensiva e na estratégia tradicional, dependendo do setor da empresa. Embora poucos casos tenham efetivamente sido classificados na estratégia defensiva, como vimos na Tabela 145, a quantidade de casos nas estratégias ofensiva e tradicional apresentam coerência com o esperado. Por outro lado, vemos muitos casos de estratégias oportunistas, o que pode levar a crer que, no caso específico destas empresas, ajustes incrementais criam soluções para mercados não explorados. Embora a inovação seja incremental do ponto de vista da empresa, ela pode ser radical do ponto de vista do cliente, como sugerem Afuah e Bahram (1995). 249 A distribuição do quadrante “persistente/radical” pelas estratégias é prejudicada pelo número de casos. No entanto, ainda assim percebe-se uma forte concentração na estratégia ofensiva, como já era esperado. Este grupo é justamente o que reúne as características mais próximas dessa estratégia, como o apetite por risco, a proximidade do meio acadêmico (maior número de empresas que pertencem ou pertenceram a incubadoras tecnológicas) e com maior percentual do faturamento advindo de novos produtos. O quadrante “ocasional/não radical” é o que congrega todos os casos classificados na estratégia dependente, embora sejam poucos, o que seria de se supor, visto que a base de dados é uma premiação para a inovação. Neste tipo de estratégia, as empresas normalmente assumem um papel de subordinação em relação a firmas mais fortes e só modificam produtos sob solicitação do cliente, o qual, por muitas vezes, é a própria firma mais forte. É, de fato, coerente com os estudos de Freeman e Soete (1997), que indicavam que empresas com essa estratégia consideravam o controle de qualidade de engenharia de produção como a função técnica mais importante. Quando a empresa decide fazer algum desenvolvimento, o faz de forma oportunista, o que explica a presença de casos neste tipo de estratégia. Pelo mesmo motivo, o quadrante também concentra boa parte de estratégias do tipo “tradicional”. De certa forma, não havia uma forte expectativa prévia em relação as estratégias nesse quadrante, embora fosse sugerido que houvesse alguma presença de empresas nas estratégias oportunista e dependente. De fato, como vimos, os casos de estratégias dependentes estavam justamente neste quadrante. Na solicitação de um cliente, as empresas formavam um grupo para atendê-lo. A estratégia oportunista também aparece com um percentual mais elevado que as demais estratégias (26,8%), embora sua liderança não seja grande. Surpreende a presença de casos de estratégia ofensiva, o que não era esperado. A descrição do grupo deixa transparecer que as empresas trabalham ocasionalmente no desenvolvimento de inovações e, quando o fazem, não trazem 250 elementos radicais. A classificação proposta por Freeman e Soete (1997) não parece ser muito adequada para este tipo específico de empresa, já que as funções técnicas e científicas aparecem de forma dispersa nas empresas. Para o quadrante “ocasional/radical”, a expectativa era de se observar muitos casos classificados como de estratégia oportunista. De fato, é o que possui, percentualmente, o maior número de casos classificados como de estratégia oportunista (32,0%). Este tipo de estratégia normalmente é de nicho, ou seja, de empresas que agem em oportunidades identificadas no mercado e que não exijam grande capacidade de pesquisa ou de projeto. Os casos nesse quadrante estão coerentes com esta classificação, pois são, em geral, micro e pequenas empresas, relativamente novas, onde o principal acionista participa do dia-a-dia operacional da empresa (92,0%). São, na sua maioria, empresas de equipamentos eletro-eletrônicos. Da mesma forma que o quadrante anterior, também causa surpresa a quantidade de casos nas estratégias ofensiva e defensiva, principalmente por conta da necessidade de um trabalho mais sistemático em P&D, o que provavelmente resultaria em mais inovações, o que não se pôde verificar nesse quadrante. De uma forma geral, é interessante notar que um dos pontos fundamentais listados por Freeman e Soete (1997), a rapidez na exploração de novas oportunidades, cria uma zona cinzenta entre a estratégia ofensiva e a oportunista, talvez justificando a quantidade elevada de classificações nestas duas estratégias. Juntas, elas respondem por 52,4% das estratégias identificadas na amostra. Olhando separadamente o conceito de continuidade, temos a seguinte distribuição de estratégias, apresentada na Tabela 146. 251 Dependente Tradicional Oportunista Total Total Imitativa Persistente Defensiva Ocasional Ofensiva Tabela 146 – Confronto das estratégias e da continuidade em inovação 14 (21,2%) 19 (33,9%) 33 (27,0%) 10 (15,2%) 7 (12,5%) 17 (13,9%) 10 (15,2%) 8 (14,3%) 18 (14,8%) 2 (3,0%) 0 (0,0%) 2 (1,6%) 11 (16,7%) 10 (17,9%) 21 (17,2%) 19 (28,8%) 11 (21,4%) 31 (25,4%) 66 (100%) 56 (100%) 122 (100%) Há uma ligeira concentração de estratégias oportunistas nas inovadoras ocasionais, enquanto há uma ligeira concentração de estratégias ofensivas nas inovadoras persistentes. Isso corrobora a descrição das estratégias propostas por Freeman e Soete (1997), onde a estratégia oportunista é, de fato, ocasional, dependente de uma oportunidade de mercado identificada, enquanto que a estratégia ofensiva é realizada de forma persistente, com investimentos contínuos em P&D. Olhando separadamente o grau de novidade da inovação, temos a seguinte distribuição de estratégias, apresentada na Tabela 147. Dependente Tradicional Oportunista Total Total Imitativa Não radical Defensiva Radical Ofensiva Tabela 147 – Confronto das estratégias e da radicalidade da inovação 11 (30,6%) 22 (25,6%) 33 (27,0%) 6 (16,7%) 11 (12,8%) 17 (13,9%) 5 (13,9%) 13 (15,1%) 18 (14,8%) 0 (0,0%) 2 (2,3%) 2 (1,6%) 4 (11,1%) 17 (19,8%) 21 (17,2%) 10 (27,8%) 21 (24,4%) 31 (25,4%) 36 (100%) 86 (100%) 122 (100%) Os dados mostram uma concentração das empresas com inovações radicais nas estratégias ofensiva e oportunista, que somam 58,4% dos casos. A terceira posição 252 é ocupada pela estratégia defensiva, que, assim como a ofensiva, também possui forte dedicação à P&D, porém com menor aversão ao risco. No caso das empresas sem inovações radicais, embora haja também uma concentração nas estratégias ofensiva e oportunista, ela é menor que no primeiro caso (50,0%). Há casos de empresas com estratégia dependente e as estratégias imitativa e tradicional aparecem de forma mais representativa, sendo que a última ocupa a terceira colocação. Embora os resultados ainda estejam sujeitos a validação estatística, de difícil realização no presente caso, o estudo sugere que há diferenças nas estratégias de inovação adotadas pelas empresas, o que leva a resultados diferentes em termos de continuidade e do grau de novidade das inovações produzidas. Assim, quanto à hipótese geral HG5, qual seja, HG5: A inovação contínua e a inovação radical decorrem de estratégias de inovação diferentes. Não podemos afirmar com precisão que diferentes estratégias de inovação resultam em diferentes perfis empresariais quanto à produção contínua e a radicalidade das inovações. No entanto, a pesquisa traz indicativos de que essa diferença existe. 6.7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Ainda que a revisão bibliográfica realizada tenha indicado uma série de fatores que influenciam as empresas inovadoras de uma forma geral, apenas alguns desses fatores estão relacionados à inovação radical e à inovação contínua. De fato, embora haja diferenças teóricas e empíricas entre as inovadoras contínuas e as inovadoras radicais, elas não são excludentes. A intersecção existe. O Quadro 21 a seguir mostra um resumo das variáveis levantadas inicialmente e as que influenciam a inovação radical e a inovação contínua. 253 Quadro 21 – Quadro-síntese dos fatores relevantes para a inovação e para a inovação radical e a inovação contínua Inovadoras Inovação Radical (+) (+) Acesso a informações científicas e tecnológicas Acesso a informações de mercado Alocação de recursos financeiros Cadeia produtiva/Concorrência Condições de fundação Cultura e valores/Assunção de riscos Cultura e costumes nacionais Liderança/Ação da direção Cultura e valores das empresas Liderança/Comunicação Disponibilidade de financiamento Setor/Diversificação Educação e Treinamento Governança (–) Governo Cadeia produtiva/Fornecedores Legislação Costumes Legitimidade Liderança Inovação Contínua Localização (+) Nível de desenvolvimento da cadeia produtiva Alocação interna de recursos Organização interna Educação e treinamento Percepção da demanda Organização interna Pessoas e habilidades Processos e ferramentas (–) Redes de Relacionamento Cultura e valores/Encorajamento dos funcionários Setor Liderança Nota-se que apenas um dos fatores está presente como discriminante nas duas listas, ainda assim, com uma sobreposição que cerca toda a variável: a liderança. Interessantemente, ela tem efeitos opostos sobre cada um dos grupos. Enquanto ela é positiva para a inovação radical, ela é negativa para a inovação contínua. O resultado aponta que uma inovadora ocasional requer mais a presença de uma liderança que a persistente, o que é, de certa forma, razoável. Empresas que trabalham a inovação de forma persistente provavelmente dispõem de processos mais ajustados para as tarefas, talvez dispensando alguns papéis relacionados à liderança. Nas inovadoras ocasionais, em que provavelmente pouca coisa está parametrizada, a presença da liderança passa a ser fundamental para se atingir um resultado satisfatório. De forma análoga, uma inovação radical é mais difícil de ser traduzida ao corpo funcional que a desenvolverá, o que corrobora o papel da liderança em seu desenvolvimento. Os demais fatores não são compartilhados pelas empresas com inovações radicais e as com inovações contínuas. 254 O fator ‘acesso a informações de mercado’ influencia positivamente as empresas com inovações radicais. Uma inovação que crie um novo mercado necessariamente não terá como antever com absoluta certeza o sucesso de sua introdução. Assim, o acesso a informações de mercado, ao reduzir essa incerteza, ganha importância para a inovação radical. Este tipo de argumentação está presente, por exemplo, no trabalho de Freeman e Soete (1997), que indicam que essas informações são críticas para empresas com estratégias de inovação mais ativas. O fator ‘cadeia produtiva/concorrência’ também influencia positivamente as empresas com inovações radicais. Como indicam Porter (1979), Utterback e Suárez (1993), a competição é um dos grandes estímulos para o inovador. Inovações radicais, que embutem uma maior dificuldade em serem copiadas, normalmente constituem a meta perseguida pelas empresas. De forma análoga ao Oceano Azul de Kim e Mauborgne (2005), uma inovação radical diferencia as empresas, afastando-as dos concorrentes. Este mesmo tipo de argumentação cabe para o fator ‘setor/diversificação’, onde as empresas buscam oportunidades para inovar mesmo que fora de seu setor. O fator ‘cultura e valores/assunção de riscos’ influencia positivamente as empresas com inovações radicais. O Manual de Oslo (OECD, 2005, p.32) menciona que uma das principais competências organizacionais é a “disposição para o risco e [a] capacidade de gerenciá-lo”. Na mesma direção, Keizer et al. (2002, p.213) afirmam que “a essência da inovação de produto é criar ou estabelecer algo novo. Como este processo necessariamente envolve risco, as empresas inovadoras devem ter uma estratégia não que evite o risco, mas de rápido diagnóstico e gestão do risco”. Evitar o risco evita também que a empresa inove. É de se esperar também que, quanto mais inédita a inovação, mais presente o risco. Lidar com esse risco inerente ao processo é fundamental para quem pretende inovar de forma radical. Ainda sobre as empresas com inovações radicais, dois fatores contribuem negativamente para a inovação radical, ou seja, promovem de forma mais clara a inovação incremental. São eles, a ‘cadeia produtiva/fornecedores’ e os ‘costumes’. 255 De fato, a inovação radical pode trazer alterações importantes na cadeia de fornecedores. Como mencionam Afuah e Bahram (1995), a inovação pode ser radical apenas ao nível do fornecedor, talvez alijando-o da cadeia. Dessa forma, é razoável supor que, quando possível, os fornecedores exerçam algum tipo de pressão para manutenção do status quo. Essa pressão por não fazer grandes alterações em produtos ou processos pode partir também de fontes internas da empresa. Trabalhar com uma novidade requer uma movimentação do corpo funcional a fim de se qualificar e reaprender sobre as novas bases. Essa relação do homem com a máquina está presente em vários trabalhos, sendo talvez importante citar o de Marx (1996), que aborda aspectos dessa relação. O fator ‘organização interna’ tem efeito positivo sobre a continuidade da inovação. Essa argumentação corresponde ao citado por Tidd et al. (2001), que afirma que inovar vai além do desenvolvimento de produtos e processos, depende de um contexto organizacional favorável, com suas estruturas e seus processos. Para empresas que persistentemente inovam, a existência de uma organização voltada a este fim é até intuitiva, embora não seja simples, como indica Van Looy et al. (2005). Para eles, as “atividades de inovação, pelas suas características próprias, apresentam requisitos duais e paradoxais em termos de interação” (VAN LOOY et al., 2005, p.209). Assim, a organização enfrenta um desafio diante da necessidade de desenvolver dois tipos de atividades essencias, sobrecarregando seus custos. Uma delas é a exploração (do inglês, exploration), no sentido de pesquisar, e a outra, a exploração (do inglês, exploitation, ou traduzido por alguns autores como explotação), no sentido de auferir ganhos do que já foi desenvolvido. March (1991) explora muito bem este dilema, que leva as empresas a decidir entre o curto e o longo prazos. De forma complementar, segundo a mesma lógica, a ‘alocação interna de recursos’ também é fundamental para a inovação contínua, corroborando o mencionado por Langrish et al. (1972). 256 Desta forma, para as empresas que pretendem inovar persistentemente e se manterem lucrativas, a organização interna e a alocação interna de recursos tornamse muito importantes. Além de recursos financeiros, a disponibilidade de recursos humanos também influencia positivamente a inovação contínua. Como citado pela OECD (2005, p.53), “muitos conhecimentos sobre inovação estão incorporados nas pessoas e em suas habilidades”. No entanto, curiosamente, uma cultura de encorajamento das iniciativas individuais aparece como um fator negativo. Em outras palavras, o fator é mais importante para as inovadoras ocasionais. Uma hipótese é que quem inova continuamente já tem essa motivação incorporada na organização, precindindo de mecanismos de encorajamento. Empresas que não estão acostumadas a inovar dependem de algum tipo de estímulo a iniciativas individuais. Resumindo, as inovadoras persistentes parecem ser dependentes de uma estrutura interna, organizada e dotada de profissionais treinados e recursos. A existência de uma estrutura parece condicionar a empresa a continuar inovando. Para as empresas que inovam ocasionalmente, o papel das lideranças e o encorajamento das iniciativas individuais ganham grande importância. Estes pontos indicam que podemos rejeitar a hipótese HG2. Já no caso das empresas com inovações radicais, as iniciativas parecem estar pautadas pela relação da empresa com seus concorrentes, por uma cultura que privilegie o apetite por risco, do acesso a informações de mercado e pela ação da liderança. Empresas sem inovações radicais parecem ser tolhidas por força dos fornecedores ou por questões internas. Estes pontos indicam que podemos rejeitar a hipótese geral HG1. A partir de uma análise das variáveis ambientais levantadas neste estudo, a hipótese geral HG3 teve o intuito de examiná-las sobre a ótica da teoria institucionalista. De forma bastante prática, o intuito foi verificar possibilidades de ação do poder público sobre o ambiente, a fim de estimular a inovação contínua e a inovação radical. 257 Os resultados mostraram que investimentos em educação e treinamento influenciam positivamente a inovação contínua, enquanto que investimentos em pesquisa pública podem ter influência sobre a inovação radical. Uma melhoria na estrutura de incentivos públicos que englobasse essas dimensões poderia ter impacto sobre todo o conjunto de empresas inovadoras. Como vimos no teste da hipótese geral HG4, as empresas podem conjugar características que a levem à inovação radical e contínua, enquanto que, na hipótese geral HG5, como vimos na seção 6.6.2, a presente pesquisa mostra indícios de que as estratégias diferem quando comparamos empresas inovadoras contínuas e as com inovações radicais. O Quadro 22 mostra um resumo dos resultados dos testes das hipóteses gerais. As hipóteses gerais HG1 e HG2 se basearam no teste de hipóteses derivadas, enquanto que as hipóteses gerais HG3, HG4 e HG5 usaram outro tipo de argumentação. Quadro 22 – Quadro-resumo das hipóteses gerais Hipóteses Gerais HG1 HG2 HG3 HG4 HG5 Descrição Não há diferenças significativas entre os fatores que motivam a inovação radical e a incremental nas empresas brasileiras. Não há diferenças significativas entre os fatores que motivam as inovadoras persistentes e as inovadoras ocasionais. Não há forças institucionais que limitem as empresas a inovar de forma radical e contínua. Os conceitos de radicalidade e continuidade em inovação são mutuamente excludentes. A inovação contínua e a inovação radical decorrem de estratégias de inovação iguais. Resultado Rejeitada Rejeitada Rejeitada Rejeitada Indicativos de rejeição 258 7 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES Este capítulo tem como objetivo apresentar as conclusões oriundas dos testes estatísticos e da discussão dos resultados realizados. Ele se constitui de um breve sumário do estudo, apresentando seus objetivos e a metodologia utilizada, da apresentação das conclusões do estudo e de recomendações para pesquisa futura. 7.1 SUMÁRIO DO ESTUDO O presente estudo teve como objetivo geral investigar variáveis externas e internas às empresas, de forma a entender que fatores são mais importantes para o desenvolvimento de um perfil empresarial voltado à inovação tecnológica e quais estão presentes de forma mais contundente nas empresas que inovam continuamente e nas que inovam de forma radical. Um levantamento abrangente listou os fatores presentes na bibliografia voltada ao tema ‘inovação’, a fim de servir de ponto de partida para o estudo dos fatores que condicionam os casos especiais citados acima. Foi proposto um modelo integrativo que considerasse todas as variáveis selecionadas. A partir de uma base de dados composta exclusivamente por empresas inovadoras, o grupo foi segmentado de acordo com o seu perfil para que se realizassem diversas análises multivariadas. Os testes realizados incluíram análises de variância, análises discriminantes, regressões logísticas e análise fatorial. As regressões logísticas foram realizadas de modo a confirmar os resultados das análises discriminantes, tendo em vista se tratar de um teste mais robusto quanto ao não atendimento de algumas premissas. Os testes estatísticos trouxeram como resultado uma gama de fatores que influenciavam a inovação contínua e a inovação radical. Todos os testes foram confrontados para a seleção destes fatores. 259 Os resultados trouxeram suporte empírico para a rejeição de quatro das cinco hipóteses gerais e indícios de rejeição da última hipótese geral. O estudo pôde mostrar ainda que há fatores que levam as empresas a terem dois focos simultâneos: a inovação radical e a inovação contínua. Assim, as estratégias de inovação escolhidas tendem a seguir cada um dos focos definidos. Há também um indicativo de possibilidades de ação do poder público para a promoção de um ambiente favorável a empresas inovadoras. 7.2 CONCLUSÃO DO ESTUDO Por meio de pesquisa empírica, o presente estudo procurou ampliar o conhecimento sobre o universo das empresas inovadoras. Longe de ser um grupo homogêneo, as empresas inovadoras diferem entre si em relação a vários quesitos. Investigamos dois deles, a continuidade e a radicalidade. A continuidade pode ser entendida como a frequência com que a empresa introduz novidades no mercado. É uma medida relacionada ao ritmo de lançamento de novos produtos e de incorporação de novos processos. Já a radicalidade refere-se ao grau de novidade das inovações lançadas. Embora houvesse uma suposta relação teórica entre os conceitos, na medida em que a inovação contínua é frequentemente confundida com a inovação incremental, o estudo empírico mostrou que os conceitos são diferentes, motivados por fatores distintos. A inovação contínua parece ser motivada por investimentos fixos em estrutura, na destinação de um orçamento e na disponibilidade de pessoal qualificado. Inovações ocasionais parecem ser motivadas por ímpetos pessoais, tanto de funcionários encorajados a expor e a trabalhar suas ideias, quanto da ação dos líderes. 260 A inovação radical parece ser motivada pela preocupação com a concorrência, pelo apetite pelo risco, pelo conhecimento do mercado e pelo papel da liderança. Já a inovação incremental parece sofrer ação da pressão dos fornecedores e dos costumes da empresa. Embora tenhamos segmentado os fatores relacionados à inovação em externos e internos, o que se verifica na prática é que os perfis inovadores são o resultado de uma composição de fatores. Em relação à inovação contínua, os fatores internos são os mais preponderantes, significando que isso está praticamente circunscrito à decisão da empresa em investir em se tornar uma inovadora persistente. Já em relação à inovação radical, há um equilíbrio entre fatores internos e externos, sendo que as empresas com esse perfil provavelmente percebem ou fazer usufruto de algum benefício presente no ambiente. Há indicativos de que as estratégias de inovação que resultam em inovações contínuas e radicais são diferentes, sendo que a combinação de posições diferentes em relação a cada um dos tipos de inovação resulta em empresas distintas. Empresas inovadoras tradicionais são empresas já estabelecidas, que mantém sua competitividade inovando em processo ou através de inovações incrementais de produto. Empresas inovadoras por projeto são empresas que não possuem ou não valorizam uma estrutura interna de P&D, formando grupos quando necessitam atuar em algum nicho identificado ou problema a resolver. Empresas inovadoras emergentes são empresas menores, que buscam alternativas de crescimento pela atuação em outros setores. Empresas inovadoras seriais são empresas que inovam continuamente de forma radical. 7.2.1 Implicações Teóricas O principal objetivo da pesquisa foi contribuir para o entendimento dos conceitos de continuidade e radicalidade das inovações utilizando-se de um método quantitativo. Dentro do grupo de empresas inovadoras, a pesquisa se preocupou em avaliar a inovação contínua e a inovação radical. 261 Os resultados dos testes das hipóteses gerais confirmaram que: • há diferenças significativas entre os fatores que motivam as inovadoras radicais e as incrementais, ou seja, que há fatores que influenciam a radicalidade das inovações; • há diferenças significativas entre os fatores que motivam as inovadoras persistentes e as inovadoras ocasionais, ou seja, que há fatores que influenciam a continuidade das inovações; • há forças institucionais que moldam o ambiente limitando as empresas a inovar de forma contínua e radical; • os conceitos de radicalidade e continuidade não são mutuamente excludentes, havendo empresas que conjugam as duas características; e • há indícios de que a inovação contínua e a inovação radical decorrem de estratégias de inovação distintas. Da análise de cada um dos fatores relacionados no estudo, sobre aqueles que responderam adequadamente aos testes estatísticos, podemos concluir que: • A alocação interna de recursos para atividades de inovação é um fator presente em inovadoras persistentes. Em outras palavras, a conclusão óbvia é que não há inovação sem que a empresa se dedique a ela investindo recursos para sua realização de forma sistemática. É uma conclusão coerente com o referencial teórico apresentado, principalmente de Langrish et al. (1972). • Na mesma direção, a disponibilidade de pessoal qualificado e o investimento em organização interna têm impactos positivos para as inovadoras persistentes, indicando que uma estrutura voltada à inovação é fundamental para as empresas que busquem inovar de forma contínua. Os achados corroboram o trabalho de Tidd et al. (2001), que afirmam ser necessário um contexto organizacional favorável para o sucesso da inovação. • Uma cultura que encoraje os funcionários a expor suas ideias influencia de forma negativa a forma persistente de inovar e, consequentemente, de forma positiva a inovação ocasional. Em ambientes menos estruturados, onde o objetivo de inovar não se encontra explícito, a dependência da iniciativa de funcionários criativos cresce. 262 • A liderança exerce uma força importante em cenários de incerteza, como os que são mais frequentes na inovação radical. Em cenários onde o trabalho se torna contínuo, a liderança pode ter um impacto negativo sobre as empresas. A conclusão sobre o papel da liderança corresponde, em parte, ao que McDermott e O’Connor (2002) já haviam sugerido. Para eles, a liderança é mais importante em ambientes desestruturados. • O nível da concorrência e a tendência à diversificação são apontados como fatores importantes na motivação das empresas a investirem na inovação radical. É interesante notar que a rivalidade entre as empresas, como destacado no modelo de Porter (1979), leva as empresas a inovar de forma radical, tentando provavelmente reduzir a interface competitiva, ou seja, focando os novos produtos para mercados ainda não explorados, os Oceanos Azuis de Kim e Mauborgne (2005). • O acesso a informações de mercado é apontado como um fator importante para a inovação radical. De fato, corroborando Nonaka (2001, p.27), que afirma que “numa economia onde a única certeza é a incerteza, apenas o conhecimento é fonte segura de vantagem competitiva”, entende-se que, em projetos de inovação radical, onde a incerteza é grande, o posicionamento do inovador estará tanto melhor quanto mais informações ele detiver. • A inovação radical, por definição, é mais arriscada que a inovação incremental. O presente estudo apenas reforça este ponto, ao indicar que a tolerância ao risco é uma das características das empresas com inovações radicais. • Os costumes da empresa podem dificultar o lançamento da inovação radical. Como já levantado por Langrish et al. (1972), há fatores que prejudicam a inovação, tais como a resistência a novas ideias ou forte ligação às antigas. Quanto mais radical a inovação, mais diferente a ideia e, portanto, mais sujeita a resistências internas ela estará. • Os fornecedores também exercem papel que prejudica a inovação radical. Provavelmente por não enxergarem vantagens no fato de seu cliente inovar de forma radical, os fornecedores estão mais fortemente atrelados à inovação incremental. Rosenberg (1976), Nelson e Rosenberg (1993) já alertavam sobre a necessidade dos fornecedores de fazer adaptações quando há 263 modificações relevantes no cliente. É, portanto, natural a resistência a inovações radicais. No entanto, em casos em que os fornecedores não possuem poder de barganha relevante, essa resistência não é de conclusão imediata. No futuro, investigar esse tipo de relação pode traz mais luz sobre a influência dos fornecedores sobre a inovação. O estudo indica que há empresas que conseguem sustentar sua capacitade inovadora ao estabelecer uma frequência de inovação com lançamentos na fronteira tecnológica. Os resultados complementam o que Hicks e Hegde (2005) e Libaers (2008) intitulam de “inovadoras seriais” ao enumerar outras categorias de empresas inovadoras. As inovadoras seriais são as que aliam frequência e intensidade em seu desempenho inovador. São empresas com características semelhantes às apontadas pelos autores, à exceção da quantidade de patentes. Por essa conjugação de frequência e intensidade não ser trivial, o grupo de empresas identificadas é pequeno frente aos demais grupos. As demais categorias englobam as empresas inovadoras tradicionais, utilizando-se aqui um rótulo com definição diferente do preconizado por Freeman e Soete (1997), que são empresas que inovam persistentemente, mas de forma incremental. São empresas estabelecidas, cuja reformulação constante de produtos e processos faz parte de seu negócio. As empresas inovadoras por projeto são as que provavelmente trabalham por projeto, formando equipes para a solução de problemas específicos. Uma estrutura fixa de P&D não é relevante. Eventualmente, a solução que a equipe desenvolve pode ser tecnologicamente diferente, ou seja, uma inovação. As empresas inovadoras emergentes inovam por necessidade. Ao contrário das inovadoras tradicionais, elas não estão estabelecidas e buscam justamente seu espaço. O porte menor dificulta a frequência das inovações, tornando-as mais ocasionais. Porém, ao buscarem diferenciação e diversificação, elas se apoiam normalmente em inovações radicais para atingir seus objetivos. 264 Este modelo, baseado na frequência e na intensidade da inovação, traz um diferencial em relação a outros modelo de categorização de empresas inovadoras. Enquanto Tidd et al. (2001) se preocupam com a tipificação de pequenas empresas e Pavitt (1984) se preocupe com as características setoriais e com aspectos ligados à cadeia produtiva, nosso modelo se restringe a empresas inovadoras. Assim, ele pode ser útil a pesquisas futuras que tenham foco nesse grupo de empresas. 7.2.2 Implicações Práticas Acredita-se que o estudo se insere em duas categorias de implicações práticas. A primeira, voltada aos empreendedores e empresários, que podem utilizar as conclusões da pesquisa como suporte para um direcionamento de seus negócios. Assim, empresas que tenham a inovação como objetivo podem avaliar que fatores observar para transformá-la em algo mais contínuo e radical. A segunda categoria está relacionada às políticas públicas. É notório que uma empresa que inove de forma persistente contribuirá para a melhoria dos indicadores nacionais de inovação, tendo em vista que esse tipo de medição está presente em pesquisas importantes como a Pintec do IBGE. Mais que melhorar as estatísticas nacionais, uma empresa inovadora tem impactos importantes sobre a economia. Nossa pesquisa mostra que investimentos contínuos em educação e treinamento são fundamentais para o incentivo a esse tipo de empresa. Por outro lado, empresas com inovações radicais podem contribuir de forma mais direta para a competitividade do país. Seus produtos e processos tendem a estar alinhados com a fronteira do conhecimento, o que possibilita sua inserção em mercados mais exigentes. Embora a maior parte dos fatores que motivam as empresas a inovar continuamente sejam internos, mais dependentes da própria empresa, há alguns fatores externos, cuja empresa não tem, individualmente, grande poder de influência. É o caso de agentes da cadeia produtiva e de acesso a informações de mercado, que são vistos como relevantes para a inovação radical, e da educação, que é vista como relevante 265 para as inovadoras persistentes. O estudo sugere que essas questões podem ser alvo de ações específicas do Poder Público. 7.3 LIMITAÇÕES DO ESTUDO A utilização de questionários disponibilizados em webpage não permite um acompanhamento das respostas e nem uma uniformidade no entendimento das perguntas. Como cita Gil (1987, p.77-78), sendo a percepção do questionário subjetiva, os dados colhidos dependem das pessoas que os responderem. Não há como garantir que o entendimento das perguntas representou exatamente a intenção do pesquisador. Além disso, uma outra limitação refere-se ao fato de não se poder afirmar com absoluta certeza que as respostas obtidas sobre a amostra representem perfeitamente o comportamento do universo das empresas. Para mitigar esse risco, foram utilizados vários testes estatísticos. Como cita Gil (1987, p.77-78), este tipo de estudo leva ainda a uma limitada apreensão do processo de mudança. Como o levantamento proporciona uma imagem estática do fenômeno estudado, não há como apontar tendências, a menos que a pesquisa seja replicada no futuro. As empresas da amostra eram brasileiras. Assim sendo, não é possível assumir que os resultados sejam verdadeiros para empresas em outros países. Por fim, como os testes foram realizados de forma diretamente relacionada à inovação inscrita no Prêmio Finep, é possível que este retrato mostre uma situação que não represente exatamente o modus operandi das empresas selecionadas. As inovações podem ter sido inscritas justamente por fugirem das características habituais das novidades lançadas pela empresa. Neste caso, utilizamos como premissa que as inovações inscritas representam bem a forma de ação das empresas. Como o Prêmio Finep de Inovação acaba também por ter uma 266 componente de promoção das empresas ganhadoras, é razoável supor que as inovações inscritas estejam alinhadas com a estratégia da empresa. 7.4 RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS Por se tratar de uma pesquisa de caráter descritivo/explicativo, ela pode se tornar o ponto de partida de uma série de outras pesquisas. Cada uma das variáveis levantadas constituem-se em um foco para pesquisas futuras. Um estudo mais minucioso das variáveis pode ajudar na sua operacionalização, a fim de ampliar sua contribuição prática. Um ponto não abordado pela presente pesquisa diz respeito ao estudo das empresas não inovadoras. Nosso ponto de partida foram os inúmeros estudos realizados sobre variáveis que distinguiam empresas inovadoras das não inovadoras. No entanto, podem ser sugeridos modelos integradores que organizem os vários fatores que influenciam a inovação. Recomenda-se também que a relação perfil e estratégia seja validada com amostras maiores. A presente pesquisa trouxe alguns resultados relevantes para esse entendimento, porém acredita-se que uma investigação mais direcionada pode trazer importantes contribuições para o entendimento da dinâmica entre a estratégia e a constituição de um perfil inovador. Por fim, sugere-se que a pesquisa seja reproduzida no futuro, a fim de se ter uma melhor ideia da dinâmica desses conceitos, bem como se sugere trabalhar individualmente os setores, o que foi impossível neste estudo, tendo em vista o tamanho da amostra. 267 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDI. Balanço PITCE 2005. Brasília: ABDI, 2005. ABERNATHY, W.J., UTTERBACK, J.M. Patterns of industrial innovation. In: TUSHMAN, M.L., MOORE, W.L.(eds.) Readings in the management of innovation. 2.ed. New York: Harper Business, 1988, p.25-36. ACEDO, F.J., BARROSO, C., GALAN, J.L. The resource-based theory: dissemination and main trends. Strategic Management Journal, v.27, p.621-636, 2006. AFUAH, A.N., BAHRAM, N. The hypercube of innovation. Research Policy, v.24, 1995, p.51-76. ARDICHVILI, A., CARDOZO, R., RAY, S. A theory of entrepreneurial opportunity identification and development. Journal of Business Venturing, n.18, 2003, p.105123. ARNOLD, E. Developing company technological capabilities. 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A UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro está conduzindo uma pesquisa sobre vários aspectos que influenciaram a inovação que sua empresa inscreveu no Prêmio. Gostaríamos de poder contar com sua participação nesta pesquisa. Ela é muito importante. Para tanto, encaminharemos nos próximos dias, um e-mail com um link. Ele permitirá acessar um questionário de preenchimento rápido e fácil. Todas as respostas são anônimas e não serão divulgadas individualmente. Se sua empresa se inscreveu mais de uma vez no período de 2004 a 2006, provavelmente você receberá mais de um questionário. Pedimos a gentileza de responder a todos. A partir da segunda resposta, boa parte do questionário será suprimido, tornando o preenchimento mais simples. Não é necessário responder a este e-mail. Porém, qualquer dúvida ou informação adicional pode ser solicitada encaminhando um e-mail para [email protected]. Agradecemos antecipadamente. Sua participação é muito importante! Atenciosamente, Bernardo Hauch Ribeiro de Castro, MSc. Doutorando - COPPEAD/UFRJ [email protected] Site: http://www.coppead.ufrj.br PS: O questionário a ser acessado através do link mencionado foi criado com o uso da ferramenta "Google Docs", não havendo possibilidade de infecção por vírus e sendo compatível com a maior parte dos computadores e redes. 282 APÊNDICE B – E-mail encaminhado às empresas Prezado <<nome>>, <<nome da empresa>> Conforme mencionamos no e-mail de 6/10/2010, você está sendo contatado, pois se inscreveu no Prêmio Finep de Inovação nos últimos anos. A UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro está conduzindo uma pesquisa sobre vários aspectos que influenciaram a inovação que sua empresa inscreveu no Prêmio. Gostaríamos de poder contar com sua participação nesta pesquisa. Ela é muito importante. Inovação inscrita: <<título da inovação>> Ano: <<ano de inscrição no Prêmio>> Categoria: <<produto ou processo>> Para tanto, solicitamos que acesse o link a seguir e responda às questões. O preenchimento não lhe tomará muito tempo e será de grande utilidade para a pesquisa. https://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=dFc5VFNYbHE3RzJaNHcwZlV FcmpYU0E6MQ Lembramos que as respostas são anônimas. Agradecemos mais uma vez sua colaboração e colocamo-nos à disposição para quaisquer dúvidas ou informações adicionais pelo e-mail [email protected]. Atenciosamente, Bernardo Hauch Ribeiro de Castro, MSc. Doutorando – COPPEAD/UFRJ [email protected] Site: http://www.coppead.ufrj.br PS: O questionário a ser acessado através do link mencionado foi criado com o uso da ferramenta "Google Docs", não havendo possibilidade de infecção por vírus e sendo compatível com a maior parte dos computadores e redes. 283 APÊNDICE C – Questionário 284 285 286 287 288 289 290 291 292 293 294 APÊNDICE D – Empresas respondentes Abirush Automação e Sistemas S/A Albras Alumínio Brasileiro S/A Altanova Ltda. Ar Engenharia Térmica Ltda. Armazeem Mato Grosso - Estilo e desenvolvimento em moda artesanal Azanonatec / Zanona & Rodrigues Ltda. Beach Park Hotéis e Turismo S/A Beckhauser & Cia Ltda. Bematech Indústria e Comércio de Equipamentos Eletrônicos S/A Braskem S/A ByJG.com.br / JG Vieira de Rezende Magalhães Califórnia Biotecnologia Agrícola Ltda - BioCampo Cecrisa Revestimentos Cerâmicos S/A Cedan - Cerâmica Dantas ltda Centertel Ltda Central Laminações Ltda. Ci&T Software S/A Cianet Ind e Com S/A Clorovale Diamantes Ind e Com S/A Colhefort Industria de Maquinas Agricolas Ltda. / Agromaq Máquinas Agrícolas Ltda. Colorminas Colorifício e Mineração Ltda. Columbia Tecnologia em Petróleo e Serviços Ltda. Companhia de Informática do Paraná S/A - Celepar Companhia de Saneamento do Paraná - Sanepar Compuletra Ltda. Contronic Sistemas Automáticos Ltda. CoProcess Industrial Ltda. Cristalia Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda. Daiken Indústria Eletrônica Ltda. Datalab do Brasil Ltda. Dersehn do Brasil Ltda. E.Fares Abdala Neto - ME Ecoban Agroindustrial Ltda. Edtuner Electronics do Brasil Ind e Com. Ltda Me Embria Technologies Enersud Indústria e Soluções Energéticas Ltda. Exatron Industria Eletronica Ltda. Excegen Genética S/A Fiberwork Comunicações Ópticas Ltda. Fundação Aplicações de Tecnologias Criticas - Atech Grameyer Equipamentos Eletrônicos Ltda. Grupo HT4B / LHR Consultoria de Empresas Ltda. Hp Equip. e Inst. Bio Medicos Ind. e Com. Ltda HT Print do Brasil Ltda. Icase Tecnologia da Informação Ltda. Itaiacoca S/A Mineração Indústria e Comércio ITO Clínica - Ronco & Apneia do Sono Ivia Serviços de Informática 295 Jaoudi Mendonça Industria e Comércio de Biojóias Ltda ME / Rita Prossi Junqueira Compressores e Máquinas Ltda. Karsten S/A Klabin S/A Leader Brasil Ltda. Light Infocon Tecnologia S/A M&D Monitoração e Diagnose Ltda. Magneti Marelli Powertrain Metalurgica Barros Ltda. MidiaVox Ltda. Módulo Security Solutions S/A Movitec Compressores Neger Tecnologia e Sistemas Ltda. Neokoros Brasil Ltda New Ink Informática Ltda. Nickney Editora Ltda. Nomade Máquinas Ltda. NovoCell S/A Oniria / LDGames Produtora de Softwares LTDA Optimedia Tecnologia em Informática Ltda. P&C Música e Informática / Acacia Maria Picoli-ME Persona Representação e Serviços de Informática Ltda. PhDsoft / Engesoftware Tecnologia Ltda. Plano Bê Desenvolvimento de Sistemas Ltda. Positivo Informática S/A Prosyst Desenvolvimento de Sistemas Ltda. PS Soluções Indústria, Comércio, Representações e Consultoria Ltda. QuiZZ Soluções Interativas / Supertec Serviços de Informática e Rep Ltda. ME Randon S/A Implementos e Participações Santal Equipamentos S/A Comércio e Indústria Scientia Laboratórios Ltda. Seccional Brasil S/A Sideral Indústria e Comércio Ltda. Siemens Ltda. Silvestre Labs Química e Farmacêutica Ltda. Sirius Produção Indústria e Comércio Ltda. Standart 2000 Ltda. Suspensys Sistemas Automotivos Ltda. Tech4B Technology for Business TECNICER / ALOCER Tecno Plating Manutenção de Máquinas Industriais Ltda. Teknikao Ind. e Com. Ltda. Treetech Sistemas Digitais Ltda. Tupy S/A V2COM / KBS Empreendimentos e Participações Ltda. Vá A Pé - Calçados Ergonômicos / Margot Gonçalves FI Vallée S/A Veros Produtos Químicos Vinibrasil - Vinhos do Brasil S/A Way TV Belo Horizonte S/A 296 Weg Equipamentos S/A Weg Tintas Ltda. WiNGS Telecom WK Energia / Energetika Cer ZMT Comunicações e Tecnologia Ltda. 297 APÊNDICE E – Histogramas das respostas P1 P2 80 40 60 30 40 20 20 10 0 P3 50 40 30 20 10 0 0 1 2 3 4 5 1 P4 2 3 4 5 P5 60 20 20 10 0 0 2 3 4 5 1 P7 2 3 4 5 60 40 20 0 2 3 4 5 1 2 3 4 5 4 P13 2 3 4 5 1 P14 40 30 30 30 20 20 20 10 10 10 0 0 0 3 4 5 5 1 2 3 2 4 5 4 5 3 P15 40 2 4 0 40 1 3 20 1 5 2 40 0 3 1 P12 20 2 5 60 40 1 4 0 60 0 3 20 P11 20 2 40 80 40 5 60 P10 60 4 P9 100 80 60 40 20 0 1 1 P8 80 3 50 40 30 20 10 0 30 40 2 P6 40 1 1 4 5 1 2 3 298 P16 P17 30 P18 50 40 30 20 10 0 20 10 0 1 2 3 4 5 80 60 40 20 0 1 P19 2 3 4 5 P20 50 40 30 20 10 0 2 3 4 5 2 3 4 5 1 80 60 20 20 40 10 10 20 0 2 3 4 5 S/A P28 2 3 4 5 10 0 2 3 1 P29 20 4 5 3 4 5 4 5 4 5 P27 2 3 P30 50 40 30 20 10 0 30 2 50 40 30 20 10 0 1 40 1 1 P26 50 40 30 20 10 0 Ltda. 3 0 1 P25 100 80 60 40 20 0 2 P24 30 5 5 0 1 P23 4 4 10 40 3 5 20 30 2 4 30 40 1 3 40 P22 0 2 P21 100 80 60 40 20 0 1 1 80 60 40 20 0 1 2 3 4 5 1 2 3 299 P31 P32 80 P33 50 40 30 20 10 0 60 40 20 0 1 2 3 4 5 60 40 20 0 1 P34 2 3 4 5 P35 50 40 30 20 10 0 20 0 3 4 5 1 P37 2 3 4 5 40 20 0 2 3 4 5 1 2 3 4 5 2 3 4 5 2 3 4 5 4 5 4 5 20 0 1 2 3 4 5 1 2 3 P45 100 80 60 40 20 0 20 0 5 5 40 P44 4 4 60 40 3 3 P42 60 2 2 80 P43 50 40 30 20 10 0 1 1 P41 50 40 30 20 10 0 1 5 50 40 30 20 10 0 P40 50 40 30 20 10 0 4 P39 50 40 30 20 10 0 60 1 1 P38 80 3 50 40 30 20 10 0 40 2 2 P36 60 1 1 1 2 3 4 5 1 2 3 300 APÊNDICE F – Análise discriminante (45 variáveis / radicalidade) Tests of Equality of Group Means P25 P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12_inv P13_inv P14_inv P16 P17 P18 P19 P20 P45 P15 P21 P22 P23 P24_inv P26 P27 P28 P29 P44 P30 P32 P31 P33 P34 P35 P36 P37 P38 P39 P40 P41 P42 P43 Wilks' Lambda 1,000 1,000 1,000 ,992 ,985 ,926 ,963 ,986 1,000 ,972 ,998 ,993 ,993 ,998 ,960 ,982 ,999 1,000 1,000 ,996 ,960 ,999 ,972 ,988 ,940 ,976 ,999 ,955 ,990 ,952 ,997 ,991 ,993 ,999 ,960 ,982 ,998 ,999 1,000 ,999 ,994 ,927 ,989 ,983 ,984 F df1 df2 Sig. ,023 ,030 ,003 ,769 1,570 8,028 3,855 1,411 ,046 2,904 ,247 ,682 ,726 ,217 4,223 1,901 ,071 ,013 ,000 ,357 4,181 ,053 2,923 1,200 6,401 2,476 ,112 4,797 ,998 5,143 ,349 ,881 ,684 ,055 4,155 1,859 ,245 ,114 ,019 ,147 ,570 7,899 1,154 1,726 1,691 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 ,879 ,862 ,953 ,383 ,213 ,006 ,052 ,238 ,831 ,091 ,620 ,411 ,396 ,643 ,042 ,171 ,791 ,911 ,991 ,551 ,043 ,818 ,090 ,276 ,013 ,119 ,739 ,031 ,320 ,025 ,556 ,350 ,410 ,815 ,044 ,176 ,622 ,736 ,892 ,702 ,452 ,006 ,285 ,192 ,196 Log Determinants Log Determinant 0 6 1,716 1 6 1,212 Pooled within-groups 6 1,885 The ranks and natural logarithms of determinants printed are those of the group covariance matrices. Radical_Final Rank 301 Functions at Group Centroids Function Radical_Final 1 0 -,450 1 1,044 Unstandardized canonical discriminant functions evaluated at group means Classification Function Coefficients Radical_Final 0 1 P5 1,279 ,600 P6 P14_inv ,457 1,686 1,025 2,176 P16 -,121 -,732 P23 P40 1,497 5,376 2,138 6,213 (Constant) -17,573 -23,304 Fisher's linear discriminant functions 302 APÊNDICE G – Análise discriminante (20 fatores / radicalidade) Tests of Equality of Group Means P_1E2 P3 P4 P_5e6e7 P_8e9e10e11 P12_inv P_15e16 P_13e14 P_17a20 P21 P22 P_23e24 P_25e26 P_27a30 P_32a35 P_36a39 P_40a43 P31 P44 P45 Wilks' Lambda 1,000 ,992 ,985 ,992 ,990 ,993 ,990 ,991 ,999 ,972 ,988 ,999 ,999 ,954 ,978 ,998 ,955 ,999 ,997 ,960 F df1 ,004 ,769 1,570 ,786 1,051 ,726 1,053 ,895 ,096 2,923 1,200 ,128 ,085 4,896 2,220 ,210 4,751 ,055 ,349 4,181 df2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Sig. ,950 ,383 ,213 ,377 ,308 ,396 ,307 ,346 ,757 ,090 ,276 ,722 ,771 ,029 ,139 ,648 ,032 ,815 ,556 ,043 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 101 Test Results Box's M 24,274 Approx. 7,872 df1 3 df2 68054,728 Sig. ,000 Tests null hypothesis of equal population covariance matrices. F Eigenvalues Canonical Function Eigenvalue % of Variance Cumulative % Correlation 1 ,090(a) 100,0 100,0 ,288 a First 1 canonical discriminant functions were used in the analysis. Wilks' Lambda Test of Function(s) 1 Wilks' Lambda ,917 Chi-square 8,654 df 2 Sig. ,013 Standardized Canonical Discriminant Function Coefficients P_27a30 P45 Function 1 ,736 ,681 303 APÊNDICE H – Regressão logística (45 variáveis / radicalidade) Variables in the Equation Step 0 Constant B -,843 S.E. ,215 Wald 15,388 df 1 Sig. ,000 Exp(B) ,431 Omnibus Tests of Model Coefficients Step 1 Step 2 Step 3 Step 4 Step 5 Step 6 Step Block Model Step Block Model Step Block Model Step Block Model Step Block Model Step Block Model Chi-square 7,883 7,883 7,883 8,235 16,119 16,119 6,710 22,829 22,829 4,218 27,047 27,047 5,004 32,050 32,050 5,429 37,479 37,479 df 1 1 1 1 2 2 1 3 3 1 4 4 1 5 5 1 6 6 Sig. ,005 ,005 ,005 ,004 ,000 ,000 ,010 ,000 ,000 ,040 ,000 ,000 ,025 ,000 ,000 ,020 ,000 ,000 Model Summary -2 Log Cox & Snell Nagelkerke R Step likelihood R Square Square 1 118,124(a) ,074 ,104 2 109,888(a) ,145 ,205 3 103,178(b) ,199 ,282 4 98,960(b) ,231 ,327 5 93,957(b) ,267 ,379 6 88,528(b) ,305 ,432 a Estimation terminated at iteration number 4 because parameter estimates changed by less than ,001. b Estimation terminated at iteration number 5 because parameter estimates changed by less than ,001. Hosmer and Lemeshow Test Step 1 2 3 4 5 6 Chi-square 1,143 6,244 16,138 4,710 14,665 6,595 df 3 7 8 8 8 8 Sig. ,767 ,512 ,040 ,788 ,066 ,581 304 Variables in the Equation B FI05 -,462 Constant ,323 FI05 -,642 FI06 ,473 Constant -,461 Step FI05 -,702 3(c) FI06 ,454 FE04 ,546 Constant -1,966 Step FI05 -,673 4(d) FI06 ,469 P14_inv ,407 FE04 ,566 Constant -3,354 Step FI05 -,663 5(e) FI06 ,543 P14_inv ,468 FI15 -,439 FE04 ,686 Constant -2,740 Step FI05 -,647 6(f) FI06 ,519 P14_inv ,437 FI15 -,600 FE04 ,590 FE21 ,869 Constant -5,427 a Variable(s) entered on step 1: FI05. b Variable(s) entered on step 2: FI06. c Variable(s) entered on step 3: FE04. d Variable(s) entered on step 4: P14_inv. e Variable(s) entered on step 5: FI15. f Variable(s) entered on step 6: FE21. Step 1(a) Step 2(b) S.E. ,173 ,464 ,200 ,172 ,554 ,207 ,180 ,218 ,841 ,209 ,184 ,204 ,219 1,150 ,211 ,199 ,214 ,205 ,238 1,169 ,214 ,205 ,221 ,225 ,243 ,398 1,793 Wald 7,160 ,486 10,275 7,520 ,693 11,527 6,383 6,261 5,460 10,368 6,533 3,963 6,699 8,497 9,878 7,451 4,787 4,575 8,308 5,490 9,180 6,439 3,907 7,095 5,917 4,765 9,160 df 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Sig. ,007 ,486 ,001 ,006 ,405 ,001 ,012 ,012 ,019 ,001 ,011 ,046 ,010 ,004 ,002 ,006 ,029 ,032 ,004 ,019 ,002 ,011 ,048 ,008 ,015 ,029 ,002 Exp(B) ,630 1,382 ,526 1,604 ,630 ,495 1,575 1,726 ,140 ,510 1,599 1,502 1,762 ,035 ,515 1,721 1,597 ,645 1,986 ,065 ,523 1,681 1,548 ,549 1,804 2,385 ,004 305 APÊNDICE I – Análise fatorial Communalities Initial Extraction P25 1,000 ,660 P1 1,000 ,563 P3 1,000 ,736 P5 1,000 ,529 P9 1,000 ,721 P10 1,000 ,751 P11 1,000 ,736 P12 1,000 ,541 P16 1,000 ,600 P17 1,000 ,748 P18 1,000 ,524 P19 1,000 ,753 P20 1,000 ,564 P22 1,000 ,613 P27 1,000 ,741 P28 1,000 ,573 P29 1,000 ,638 P44 1,000 ,695 P30 1,000 ,818 P32 1,000 ,631 P33 1,000 ,541 P34 1,000 ,639 P35 1,000 ,657 P37 1,000 ,758 P38 1,000 ,622 P39 1,000 ,758 P40 1,000 ,675 P41 1,000 ,555 P42 1,000 ,698 P43 1,000 ,614 Extraction Method: Principal Component Analysis. Scree Plot 8 Eigenvalue 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Component Number 306 Matrizes de Anti-imagem P25 P1 P3 P5 P9 P10 P11 P12 P16 P17 P18 P19 P20 P22 P27 P28 P29 P44 P30 P25 0,497 0,032 0,028 0,128 -0,025 0,036 -0,073 0,093 0,036 -0,055 0,113 -0,058 -0,091 0,076 -0,022 0,000 0,056 0,125 -0,013 P1 0,032 0,521 -0,011 -0,040 -0,036 0,007 -0,078 -0,025 -0,003 -0,084 -0,058 0,072 -0,069 0,000 0,003 -0,027 -0,008 P3 0,028 -0,011 0,304 -0,036 -0,133 0,049 -0,106 -0,044 0,045 -0,040 0,091 -0,004 -0,075 -0,027 -0,059 -0,024 0,010 P5 0,128 -0,040 -0,036 0,501 -0,057 -0,015 -0,030 0,015 0,011 0,050 -0,072 -0,024 -0,123 0,069 -0,029 -0,012 -0,004 0,087 0,025 -0,057 0,330 0,052 -0,102 Correlação Anti-imagem Covariância Anti-imagem P9 -0,025 -0,036 -0,133 0,019 P34 P35 P37 P38 P39 P40 P41 P42 -0,098 0,128 0,018 0,079 -0,048 -0,064 -0,028 -0,014 0,008 -0,041 -0,028 -0,044 0,045 -0,036 0,016 0,039 -0,075 0,027 0,035 0,019 -0,014 -0,063 0,085 0,009 -0,122 0,086 0,022 0,054 -0,100 -0,025 -0,006 -0,010 -0,067 -0,020 0,006 0,043 0,005 -0,004 -0,005 -0,071 0,021 0,008 -0,092 0,081 -0,033 -0,023 -0,034 0,001 0,005 0,011 -0,054 0,041 0,062 -0,078 0,038 0,065 -0,034 -0,001 0,016 0,036 0,007 0,049 -0,015 -0,072 0,260 -0,079 0,081 -0,039 -0,171 0,066 0,054 -0,047 -0,001 -0,011 -0,015 -0,062 -0,054 0,059 -0,057 -0,005 0,005 -0,073 -0,010 0,034 0,034 -0,040 0,025 P11 -0,073 -0,078 -0,106 -0,030 -0,029 -0,079 0,268 -0,071 0,034 0,063 -0,076 -0,057 -0,005 -0,033 0,018 0,004 0,027 -0,041 -0,021 0,027 -0,097 0,040 0,012 0,055 -0,030 -0,011 0,052 -0,045 0,017 P12 0,093 -0,025 -0,044 0,015 0,081 -0,071 0,588 -0,082 -0,092 -0,025 -0,028 0,002 -0,056 -0,006 -0,014 0,053 0,019 -0,028 0,104 -0,053 -0,014 0,086 -0,024 -0,030 -0,043 0,030 0,034 0,010 -0,028 -0,035 0,045 0,064 P33 P10 0,081 -0,072 -0,029 0,063 P32 -0,020 -0,016 0,036 -0,003 0,011 -0,033 -0,039 0,034 -0,082 0,564 0,068 -0,001 -0,067 -0,080 0,011 0,113 0,099 0,030 -0,006 -0,024 -0,016 0,026 -0,074 P17 -0,055 -0,084 -0,040 0,050 -0,023 -0,171 0,063 -0,092 0,068 0,269 -0,098 0,001 0,023 0,069 -0,018 -0,039 0,017 0,027 0,020 0,028 -0,046 0,069 0,021 0,018 -0,014 -0,058 0,011 -0,035 0,036 P18 0,113 -0,058 0,091 -0,072 -0,034 0,066 -0,076 -0,025 -0,001 -0,098 0,469 -0,125 -0,061 -0,071 0,041 0,050 0,065 -0,075 -0,096 0,060 -0,042 0,030 -0,054 0,063 0,050 0,039 0,001 -0,079 P19 -0,058 0,072 -0,004 -0,024 0,001 0,054 -0,057 -0,028 -0,067 0,439 -0,098 -0,064 -0,115 -0,098 -0,054 0,105 -0,028 -0,064 0,084 0,049 0,007 -0,073 -0,068 0,059 P20 -0,091 -0,069 -0,075 -0,123 0,052 -0,047 -0,005 0,002 -0,080 0,023 -0,061 -0,098 0,543 0,042 0,052 0,067 0,025 0,003 -0,033 -0,003 0,093 -0,096 -0,004 0,077 -0,077 0,028 -0,051 0,046 0,085 P22 0,076 0,063 -0,027 0,069 -0,102 -0,001 -0,033 -0,056 0,011 0,069 -0,071 0,042 0,525 0,071 -0,081 -0,049 0,000 0,041 0,005 -0,045 0,087 -0,021 -0,028 -0,022 -0,070 -0,025 -0,003 -0,057 P27 -0,022 0,000 -0,059 -0,029 0,064 -0,011 0,018 -0,006 0,113 -0,018 0,340 -0,036 -0,107 -0,044 -0,085 -0,086 0,020 -0,020 0,030 0,053 -0,034 0,023 0,005 0,033 -0,002 P28 0,000 0,003 -0,024 -0,012 0,019 -0,015 0,004 -0,014 -0,072 -0,039 0,034 -0,115 0,067 -0,081 -0,036 0,494 0,016 0,090 -0,018 -0,022 -0,011 -0,048 -0,002 -0,103 -0,080 0,083 -0,003 0,033 -0,119 P29 0,056 -0,027 0,010 -0,004 0,005 -0,062 0,027 0,053 0,010 0,017 0,050 -0,098 0,025 -0,049 -0,107 0,016 0,404 0,062 -0,055 0,026 0,032 -0,044 0,021 0,011 0,018 -0,107 0,054 -0,079 -0,046 P44 0,125 -0,008 -0,004 0,087 0,011 -0,054 -0,041 0,019 -0,028 0,027 0,065 -0,054 0,003 0,000 -0,044 0,090 0,062 0,379 -0,092 -0,052 0,051 -0,073 -0,009 -0,035 0,025 -0,003 0,031 0,023 -0,097 P30 -0,013 0,006 -0,005 0,025 -0,054 0,059 -0,021 -0,009 -0,035 0,020 -0,075 0,105 -0,033 0,041 -0,085 -0,018 -0,055 -0,092 0,185 0,013 -0,070 0,049 -0,109 -0,011 -0,028 0,010 -0,090 0,022 0,074 P32 -0,020 0,043 -0,071 0,008 0,041 -0,057 0,027 -0,028 -0,108 0,028 -0,096 -0,028 -0,003 0,005 -0,086 -0,022 0,026 -0,052 0,013 0,359 0,001 -0,070 -0,024 -0,002 -0,003 -0,100 0,031 -0,037 0,013 P33 -0,016 0,005 0,021 -0,092 0,062 -0,005 -0,097 0,104 -0,069 -0,046 0,060 -0,064 0,093 -0,045 0,020 0,032 0,051 -0,070 0,001 0,358 -0,149 0,001 0,013 -0,035 -0,025 -0,054 0,096 0,005 P34 -0,067 -0,028 0,016 0,085 -0,078 0,005 0,040 -0,053 0,099 0,069 -0,042 0,084 -0,096 0,087 -0,020 -0,048 -0,044 -0,073 0,049 -0,070 -0,149 0,374 -0,030 -0,080 0,092 0,001 -0,050 0,059 P35 -0,020 -0,014 0,039 0,009 0,038 -0,073 0,012 -0,014 0,030 0,021 0,030 -0,042 -0,004 -0,021 0,030 -0,002 0,021 -0,009 -0,109 -0,024 0,001 -0,030 0,347 -0,087 -0,041 -0,004 0,096 -0,098 P37 -0,098 0,008 -0,075 -0,122 0,065 -0,010 0,055 0,086 -0,006 0,018 -0,054 0,049 0,077 0,053 -0,103 0,011 -0,035 -0,011 -0,002 0,013 -0,080 -0,087 0,312 -0,095 -0,044 -0,042 0,035 0,032 P38 0,128 -0,041 0,027 0,086 -0,034 0,034 -0,030 -0,024 -0,024 -0,014 0,063 0,007 -0,077 -0,022 -0,034 -0,080 0,018 0,025 -0,028 -0,003 -0,035 0,092 -0,041 -0,095 0,392 0,000 -0,008 -0,017 -0,010 P39 0,018 -0,028 0,035 0,022 -0,001 0,034 -0,011 -0,030 -0,016 -0,058 0,050 -0,073 0,028 -0,070 0,023 0,083 -0,107 -0,003 0,010 -0,100 -0,025 -0,030 -0,004 -0,044 0,000 0,295 -0,067 -0,004 0,015 P40 0,079 -0,044 0,019 0,054 0,016 -0,040 0,052 -0,043 0,026 0,039 -0,068 -0,051 -0,025 0,005 -0,003 0,054 0,031 -0,090 0,031 -0,054 0,001 -0,042 -0,008 -0,067 0,307 -0,063 P41 -0,048 0,045 -0,014 -0,100 -0,006 0,025 -0,045 0,030 -0,074 -0,035 0,046 -0,003 0,033 0,023 0,022 -0,037 0,096 -0,050 -0,098 -0,017 -0,004 -0,175 P42 -0,064 -0,036 -0,063 -0,025 -0,010 0,043 0,017 0,034 0,043 0,036 -0,079 0,042 0,085 -0,057 -0,002 -0,119 -0,046 -0,097 0,074 0,013 0,005 0,059 -0,087 0,032 -0,010 0,015 -0,063 0,041 0,463 P43 -0,040 0,032 0,048 0,008 0,017 -0,001 0,010 -0,015 -0,004 -0,054 0,056 -0,072 0,039 -0,051 0,000 -0,045 0,026 0,031 -0,077 0,015 0,040 0,007 -0,065 -0,075 0,011 -0,098 -0,157 P25 0,500 0,064 0,073 0,256 -0,062 0,101 -0,200 0,172 0,068 -0,151 0,234 -0,123 -0,174 0,149 -0,053 0,000 0,125 0,287 -0,043 -0,048 -0,039 -0,154 -0,047 -0,250 0,289 0,047 0,203 P1 0,064 0,873 -0,027 -0,079 -0,087 0,019 -0,208 -0,045 -0,006 -0,223 -0,116 0,151 -0,130 0,120 0,001 0,007 -0,058 -0,018 0,018 0,099 0,012 -0,064 -0,033 0,020 -0,091 -0,072 -0,110 0,099 -0,072 P3 0,073 -0,027 0,762 -0,092 -0,419 0,174 -0,373 -0,105 0,109 -0,142 0,241 -0,011 -0,184 -0,067 -0,183 -0,061 0,028 -0,013 -0,022 -0,214 0,064 0,048 0,121 -0,244 0,079 0,118 0,064 -0,041 -0,168 0,136 -0,149 -0,051 -0,070 -0,024 -0,010 0,022 0,056 -0,013 0,011 -0,125 0,041 0,001 0,047 -0,064 0,059 0,052 0,047 0,071 -0,028 P5 0,256 -0,079 -0,092 0,642 -0,140 -0,040 -0,082 0,027 0,020 -0,236 0,135 P9 -0,062 -0,087 -0,419 -0,140 0,737 -0,245 -0,097 0,183 -0,077 -0,078 -0,085 0,003 0,123 -0,245 P10 0,101 0,019 0,174 -0,040 -0,245 0,589 -0,300 0,207 -0,102 -0,646 0,188 0,160 -0,126 -0,002 0,034 -0,011 0,033 -0,079 -0,046 -0,108 -0,069 0,043 P16 0,001 -0,072 -0,009 -0,042 0,096 0,035 -0,030 -0,175 0,395 -0,109 0,043 0,042 -0,087 0,041 -0,134 0,200 0,082 0,020 -0,217 0,196 -0,307 0,193 0,139 -0,225 -0,051 0,015 0,032 -0,220 0,120 0,181 -0,222 0,112 0,204 -0,095 -0,005 0,049 -0,016 -0,025 -0,035 -0,042 -0,191 -0,172 0,269 -0,187 -0,018 0,015 -0,242 -0,033 0,106 -0,141 0,078 0,123 0,191 0,047 0,122 P11 -0,200 -0,208 -0,373 -0,082 -0,097 -0,300 0,774 -0,178 0,086 0,235 -0,214 -0,167 -0,013 -0,088 0,061 0,010 0,082 -0,127 -0,094 0,087 -0,314 0,126 0,040 0,191 -0,094 -0,038 0,180 -0,139 0,047 P12 0,172 -0,045 -0,105 0,027 0,183 0,207 -0,178 0,657 -0,142 -0,231 -0,048 -0,056 0,003 -0,102 -0,013 -0,025 0,109 0,041 -0,060 0,226 -0,112 -0,031 0,201 -0,049 -0,072 -0,101 0,062 0,065 P16 0,068 -0,006 0,020 -0,077 -0,102 0,086 -0,142 0,751 0,174 -0,002 -0,135 -0,145 0,021 0,258 0,022 -0,060 -0,109 0,215 -0,015 -0,050 -0,039 0,062 -0,157 P17 -0,151 -0,223 -0,142 0,136 -0,078 -0,646 0,235 -0,231 0,174 0,600 -0,276 0,003 0,060 0,185 -0,059 -0,108 0,051 0,083 0,089 0,089 -0,148 0,216 0,069 0,063 -0,042 -0,205 0,038 -0,107 0,102 P18 0,234 -0,116 0,241 -0,149 -0,085 0,188 -0,214 -0,048 -0,002 -0,276 0,653 -0,276 -0,120 -0,142 0,103 0,114 0,154 -0,253 -0,233 0,145 -0,101 0,075 -0,141 0,147 0,135 0,102 0,003 -0,169 0,109 -0,137 0,070 -0,028 -0,241 -0,153 0,067 0,084 P19 -0,123 0,151 -0,011 -0,051 0,003 0,160 -0,167 -0,056 -0,135 0,003 -0,276 0,629 -0,201 0,097 -0,165 -0,248 -0,232 -0,131 0,369 -0,071 -0,161 0,207 -0,109 0,133 0,016 -0,203 -0,185 0,142 0,094 P20 -0,174 -0,130 -0,184 -0,236 0,123 -0,126 -0,013 0,003 -0,145 0,060 -0,120 -0,201 0,669 0,079 0,121 0,007 -0,103 -0,008 0,212 -0,213 -0,010 0,187 -0,166 0,071 -0,125 0,099 0,169 0,130 0,054 P22 0,149 0,120 -0,067 0,135 -0,245 -0,002 -0,088 -0,102 0,021 0,185 -0,142 0,097 0,079 0,169 -0,159 -0,106 -0,001 0,011 -0,105 P27 -0,053 0,001 -0,183 -0,070 0,191 -0,035 0,061 -0,013 0,258 -0,059 0,103 -0,165 0,121 0,169 0,802 -0,088 -0,289 -0,122 -0,337 -0,246 0,058 P28 0,000 0,007 -0,061 -0,024 0,047 -0,042 0,010 -0,025 -0,137 -0,108 0,070 -0,248 0,130 -0,159 -0,088 0,784 0,036 0,207 -0,052 -0,026 P29 0,125 -0,058 0,028 -0,010 0,015 -0,191 0,082 0,109 0,022 0,051 0,114 -0,232 0,054 -0,106 -0,289 0,036 0,825 0,159 -0,200 0,068 0,084 -0,113 P44 0,287 -0,018 -0,013 0,200 0,032 -0,172 -0,127 0,041 -0,060 0,083 0,154 -0,131 0,007 -0,001 -0,122 0,207 0,159 0,807 -0,347 -0,141 0,138 P30 -0,043 0,018 -0,022 0,082 -0,220 0,269 -0,094 -0,028 -0,109 0,089 -0,253 0,369 -0,103 0,131 -0,337 -0,059 -0,200 -0,347 0,751 0,049 -0,273 0,185 P32 -0,048 0,099 -0,214 0,020 0,120 -0,187 0,087 -0,060 -0,241 0,089 -0,233 -0,071 -0,008 0,011 -0,246 -0,052 0,068 -0,141 0,049 0,860 P33 -0,039 0,012 0,064 -0,217 0,181 -0,018 -0,314 0,226 -0,153 -0,148 0,145 -0,161 0,212 -0,105 0,058 0,084 0,138 -0,273 0,002 P34 -0,154 -0,064 0,048 0,196 -0,222 0,015 0,126 -0,112 0,215 0,216 -0,101 0,207 -0,213 0,197 -0,057 -0,111 -0,113 -0,194 0,185 P35 -0,047 -0,033 0,121 0,022 0,112 -0,242 0,040 -0,031 0,067 0,069 0,075 -0,109 -0,010 -0,049 0,087 -0,004 0,057 P37 -0,250 0,020 -0,244 -0,307 0,204 -0,033 0,191 0,201 -0,015 0,063 -0,141 0,133 0,187 0,163 -0,263 0,032 P38 0,289 -0,091 0,079 0,193 -0,095 0,106 -0,094 -0,049 -0,050 -0,042 0,147 0,016 -0,166 -0,048 -0,094 -0,181 0,044 P39 0,118 0,709 -0,069 -0,026 0,131 0,197 -0,049 -0,069 -0,048 -0,177 -0,062 -0,007 -0,116 -0,057 0,087 0,163 -0,094 0,074 0,014 0,090 -0,004 -0,111 -0,004 -0,263 -0,181 0,217 -0,008 0,075 -0,250 0,057 0,032 0,044 -0,309 0,153 -0,199 -0,106 -0,194 -0,024 -0,100 0,066 -0,010 0,090 0,059 -0,231 -0,431 -0,044 -0,105 0,041 -0,377 0,082 0,002 -0,191 -0,069 -0,006 -0,008 -0,307 0,092 -0,100 0,031 0,774 -0,407 0,003 0,039 -0,093 -0,076 -0,164 0,255 0,011 -0,191 -0,407 0,673 -0,084 -0,235 0,240 0,002 -0,131 0,142 -0,024 -0,431 -0,069 0,003 -0,084 0,811 -0,265 -0,112 -0,011 0,295 -0,266 -0,216 -0,100 -0,044 -0,006 0,039 -0,235 -0,265 0,756 -0,271 -0,146 -0,136 0,101 0,085 0,066 -0,008 -0,093 0,240 -0,271 0,855 0,000 -0,022 -0,044 -0,025 0,853 -0,222 -0,012 0,041 -0,168 -0,059 -0,105 0,047 -0,072 0,056 -0,005 0,122 -0,038 -0,072 -0,039 -0,205 0,135 -0,203 0,071 -0,177 0,074 0,217 -0,309 -0,010 0,041 -0,089 -0,011 -0,146 0,000 P40 0,203 -0,110 0,064 0,139 0,049 -0,141 0,180 -0,101 0,062 0,038 0,102 -0,185 -0,125 -0,062 0,014 -0,008 0,153 0,090 -0,377 0,092 -0,164 0,002 0,295 -0,136 -0,022 -0,222 0,772 -0,502 P41 -0,109 0,099 -0,041 -0,225 -0,016 0,078 -0,139 0,062 -0,157 -0,107 0,003 0,142 0,099 -0,007 0,090 0,075 -0,199 0,059 0,082 -0,100 0,255 -0,131 -0,266 0,101 -0,044 -0,012 -0,502 0,761 P42 -0,134 -0,072 -0,168 -0,051 -0,025 0,123 0,047 0,065 0,084 0,102 -0,169 0,094 0,169 -0,116 -0,004 -0,250 -0,106 -0,231 0,254 0,031 0,011 0,142 -0,216 0,085 -0,025 0,041 -0,168 0,096 0,683 P43 -0,092 0,072 0,110 0,052 -0,002 0,022 -0,033 -0,011 -0,126 0,138 -0,158 0,088 -0,142 -0,118 0,099 0,085 -0,208 0,040 0,109 0,019 -0,167 -0,222 0,033 -0,252 -0,372 -0,037 0,022 Sublinhadas: Measures of Sampling Adequacy(MSA) 0,000 -0,116 -0,307 -0,076 -0,112 -0,089 0,254 0,096 307 Total Variance Explained Component 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Total 7,279 4,119 2,251 1,915 1,494 1,324 1,268 1,035 ,892 ,820 ,771 ,743 ,692 ,557 ,542 ,488 ,472 ,453 ,418 ,355 ,339 ,304 ,258 ,247 ,232 ,202 ,185 ,134 ,113 ,098 Initial Eigenvalues Extraction Sums of Squared Loadings % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative % 24,263 24,263 7,279 24,263 24,263 13,730 37,993 4,119 13,730 37,993 7,504 45,497 2,251 7,504 45,497 6,384 51,881 1,915 6,384 51,881 4,981 56,862 1,494 4,981 56,862 4,413 61,275 1,324 4,413 61,275 4,228 65,503 1,268 4,228 65,503 3,449 68,952 2,973 71,925 2,733 74,658 2,569 77,227 2,475 79,702 2,308 82,010 1,856 83,866 1,807 85,673 1,625 87,298 1,572 88,870 1,511 90,382 1,392 91,774 1,184 92,958 1,129 94,087 1,014 95,102 ,859 95,960 ,825 96,785 ,774 97,559 ,674 98,233 ,616 98,850 ,445 99,295 ,378 99,673 ,327 100,000 Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Sums of Squared Loadings Total % of Variance Cumulative % 3,747 12,489 12,489 3,727 12,423 24,911 3,685 12,283 37,195 2,325 7,750 44,945 2,183 7,276 52,220 2,106 7,021 59,241 1,878 6,262 65,503 308 APÊNDICE J – Análise discriminante (7 fatores / radicalidade) Tests of Equality of Group Means F2 F3 F1 F4 F6 F5 F7 Wilks' Lambda ,946 ,999 ,987 ,991 ,995 1,000 ,978 F df1 df2 Sig. 5,804 ,101 1,373 ,878 ,500 ,038 2,229 1 1 1 1 1 1 1 101 101 101 101 101 101 101 ,018 ,752 ,244 ,351 ,481 ,845 ,139 Log Determinants Log Determinant 0 1 ,017 1 1 -,213 Pooled within-groups 1 -,046 The ranks and natural logarithms of determinants printed are those of the group covariance matrices. Radical_Final Rank Variables Entered/Removed(a,b,c,d) Entered Min. D Squared Between Statistic Exact F Statistic Groups Step Statistic df2 Sig. Statistic df1 df2 Sig. 1 F2 ,268 0 and 1 5,804 1 101,000 ,018 At each step, the variable that maximizes the Mahalanobis distance between the two closest groups is entered. a Maximum number of steps is 14. b Minimum partial F to enter is 3.84. c Maximum partial F to remove is 2.71. d F level, tolerance, or VIN insufficient for further computation. 309 APÊNDICE K – Regressão logística (7 fatores / radicalidade) Omnibus Tests of Model Coefficients Step 1 Step Block Model Chi-square 5,961 5,961 5,961 df 1 1 1 Sig. ,015 ,015 ,015 Model Summary -2 Log Cox & Snell Nagelkerke R Step likelihood R Square Square 1 120,046(a) ,056 ,080 a Estimation terminated at iteration number 4 because parameter estimates changed by less than ,001. Variables in the Equation Step 1(a) F2 Constant B ,570 -,908 S.E. Wald df ,248 5,292 1 ,228 15,860 1 a Variable(s) entered on step 1: F2. Hosmer and Lemeshow Test Step 1 Chi-square 5,385 df 8 Sig. ,716 Sig. ,021 ,000 Exp(B) 1,769 ,404 310 APÊNDICE L – Análise discriminante (45 variáveis / continuidade) Tests of Equality of Group Means P25 P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P16 P17 P18 P19 P20 P45 P15 P21 P22 P23 P24 P26 P27 P28 P29 P44 P30 P32 P31 P33 P34 P35 P36 P37 P38 P39 P40 P41 P42 P43 Wilks' Lambda ,970 ,987 ,995 ,976 ,935 ,993 ,998 ,994 ,980 ,995 ,999 ,998 ,997 1,000 ,975 1,000 ,996 ,999 ,976 ,985 1,000 ,995 ,972 1,000 ,952 ,991 1,000 ,932 ,964 ,960 ,971 ,970 ,990 ,945 ,997 ,999 ,998 ,998 ,997 ,952 ,990 ,949 ,988 ,990 ,923 F 3,055 1,281 ,479 2,488 6,929 ,729 ,250 ,621 2,032 ,462 ,080 ,231 ,270 ,006 2,567 ,029 ,416 ,094 2,419 1,481 ,001 ,507 2,847 ,029 5,003 ,857 ,037 7,249 3,780 4,115 2,969 3,105 ,979 5,861 ,334 ,076 ,170 ,218 ,323 5,076 ,960 5,398 1,252 1,027 8,396 df1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 df2 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Sig. ,084 ,260 ,490 ,118 ,010 ,395 ,618 ,433 ,157 ,498 ,777 ,632 ,604 ,938 ,112 ,866 ,520 ,760 ,123 ,226 ,981 ,478 ,095 ,864 ,028 ,357 ,847 ,008 ,055 ,045 ,088 ,081 ,325 ,017 ,564 ,783 ,681 ,642 ,571 ,026 ,330 ,022 ,266 ,313 ,005 311 APÊNDICE M – Regressão logística (45 variáveis / continuidade) Omnibus Tests of Model Coefficients Step 1 Step 2 Step 3 Step Block Model Step Block Model Step Block Model Chi-square 8,083 8,083 8,083 8,117 16,199 16,199 4,449 20,649 20,649 df 1 1 1 1 2 2 1 3 3 Sig. ,004 ,004 ,004 ,004 ,000 ,000 ,035 ,000 ,000 Model Summary -2 Log Cox & Snell Nagelkerke R Step likelihood R Square Square 1 132,337(a) ,076 ,102 2 124,221(a) ,147 ,196 3 119,771(a) ,183 ,245 a Estimation terminated at iteration number 4 because parameter estimates changed by less than ,001. Hosmer and Lemeshow Test Step 1 2 3 Chi-square ,069 10,239 18,650 df 1 6 6 Sig. ,793 ,115 ,005 312 APÊNDICE N – Regressão logística ( 7 fatores / continuidade) Omnibus Tests of Model Coefficients Step 1 Step Block Model Chi-square 6,589 6,589 6,589 gl 1 1 1 Sig. ,010 ,010 ,010 Model Summary -2 Log Cox & Snell Nagelkerke R Step likelihood R Square Square 1 133,831(a) ,063 ,084 a Estimation terminated at iteration number 4 because parameter estimates changed by less than ,001. Hosmer and Lemeshow Test Step 1 Chi-square 9,181 gl 8 Sig. ,327 313 APÊNDICE O – Análise discriminante (análise conjunta) Log Determinants Log Determinant 1 7 -,876 2 7 -10,394 3 7 1,186 4 7 -,161 Pooled within-groups 7 ,915 The ranks and natural logarithms of determinants printed are those of the group covariance matrices. Quadrante rad cont Rank Variables Entered/Removed(a,b,c,d) Entered Min. D Squared Between Statistic Exact F Statistic Groups Step Statistic df2 Sig. Statistic df1 df2 Sig. 1 P5 ,065 1 and 3 1,168 1 99,000 ,283 2 P31 ,255 2 and 4 ,805 2 98,000 ,450 3 P23 ,681 1 and 3 3,994 3 97,000 ,010 4 P40 1,018 3 and 4 3,295 4 96,000 ,014 5 P16 1,066 2 and 3 1,456 5 95,000 ,212 6 P6 1,391 1 and 3 3,951 6 94,000 ,001 7 P4 1,476 1 and 3 3,554 7 93,000 ,002 At each step, the variable that maximizes the Mahalanobis distance between the two closest groups is entered. a Maximum number of steps is 90. b Maximum significance of F to enter is .05. c Minimum significance of F to remove is .10. d F level, tolerance, or VIN insufficient for further computation. Standardized Canonical Discriminant Function Coefficients P4 P5 P6 P16 P23 P31 P40 1 -,391 -,378 ,544 -,701 ,588 ,294 ,505 Function 2 ,069 ,329 ,290 -,476 ,248 ,797 -,497 3 ,676 -,746 ,361 ,115 -,366 ,170 ,055 Functions at Group Centroids Function 1 2 3 1 -,472 ,580 ,072 2 ,364 -,623 ,981 3 -,382 -,594 -,226 4 1,257 ,171 -,176 Unstandardized canonical discriminant functions evaluated at group means Quadrante rad cont