RESUMO – RIO GRANDE DO SUL www.professorclaudiomar.com.br HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO SUL Habitantes do Rio Grande do Sul antes da chegada do europeu Indígenas divididos em três grandes grupos (critério lingüístico): Guarani: nas margens da laguna dos Patos (arachanes ou patos), litoral norte (carijós), bacias dos rios Jacuí e Ibicuí (tapes), região dos Sete Povos das Missões. Pampeanos: no sul (charruas) e sudoeste (minuanos). Jês (caingangues): os mais antigos, habitavam o planalto sul-rio-grandense (coroados, ibijaras, botocudos, bugres, caaguás, pinarés, guaianãs). Sociedades comunais, organização tribal, base família gentílica (materna), nômades vivendo em cabanas. Pescadores, caçadores, coleta de frutas e raízes; trabalho e propriedade coletivos. Resultados da chegada do homem europeu: Maioria: destruição de tribos, desapropriação de terras, morte ou caça para escravização (bandeirantes). Minoria (restante): assimilação como peões de estâncias. Guaranis – incorporados às missões jesuíticas estabelecidas no oeste (Sete Povos das Missões) ou como peões nas estâncias de gado. Pampianos – incorporados como peões nas estâncias de gado. Presença das missões (reduções) jesuíticas espanholas Primeira Fase (1626-1638): 1626: jesuítas, sob as ordens do rei espanhol, fundam a missão de São Nicolau, nas margens do rio Piratinim, a 2 km do rio Uruguai. Outras quinze reduções instaladas até o atual município de Candelária (centro do estado). Objetivos: reunir (reduzir em um espaço) os indígenas para protegê-los dos caçadores de escravos, realizar a catequese e criar uma sociedade auto-suficiente (pecuária e agricultura). Destruição realizada pelos bandeirantes (50 mil indígenas vendidos em São Paulo, entre 1628 e 1631) obrigou o deslocamento dos jesuítas para a margem direita do rio Uruguai. Segunda Fase (1682-1801): 1682: jesuítas erguem, novamente, missão de São Nicolau e outras seis (Sete Povos). Objetivos: sob ordens do rei espanhol, em resposta à presença portuguesa no rio da Prata (fundação de Colônia do Sacramento), realizar a catequese e criar uma sociedade auto-suficiente (pecuária e agricultura). Gado roubado pelos estancieiros luso-brasileiros (dos campos de Viamão e Rio Grande) e hispanoamericanos (dos campos de Montevidéu). Missões prejudicadas pelos tratados de fronteira entre os domínios português e espanhol (Tratado de Madri, Santo Ildefonso e Badajós). Guerra Guaranítica (1753-1756): impede a execução do Tratado de Madri, mas enfraquece as reduções jesuíticas e os índios missioneiros. 1801: tropas militares portuguesas destruíram os Sete Povos, território foi definitivamente incorporado aos domínios portugueses e as terras, divididas em grandes propriedades, foram distribuídas aos súditos do rei. Expansão portuguesa em direção ao rio da Prata Interesse no comércio (escoamento da prata peruana) espanhol no rio da Prata. 1680: fundação da Colônia do Sacramento (margem esquerda do rio da Prata). 1684: fundação de Laguna (litoral sul de Santa Catarina). 1738: fundação do forte militar (presídio) Jesus-Maria-José (atual cidade de Rio Grande). Professor: Claudiomar Oltramari Página 1 RESUMO – RIO GRANDE DO SUL www.professorclaudiomar.com.br Pecuária (preia, criação, charqueada e frigoríficos) Gado (bovino e muar) foi introduzido pelos jesuítas espanhóis na banda oriental do rio Uruguai e se reproduziu livre pelos campos do pampa e do planalto. Preia (caça de gado): Segunda metade do século XVII: bandos de caçadores extraíam couro, sebo e língua e vendiam na Colônia do Sacramento. Início do século XVIII: bandos de caçadores de gado em pé (vivo) na Vacaria Del Mar (pampa) e Vacaria dos Pinhais (planalto), conduzindo-o (tropeio pelos três caminhos: de Laguna, dos Conventos e de Vacaria) ao mercado do centro do Brasil para servir como força motriz, transporte e alimento na região mineradora das Gerais. A partir da metade do século XVIII: caça de gado (pilhagem) missioneiro e castelhano para abastecer rebanhos das estâncias sul-rio-grandenses. Estância (criação de gado): Estâncias missioneiras (pioneiras) na metade oeste. Estâncias hispano-americanas nas proximidades de Montevidéu. Estâncias sul-rio-grandenses (luso-brasileiras) nos campos de Viamão e Rio Grande, depois se alastrando para o oeste até incorporar a região da Campanha e os campos do planalto. Grande propriedade rural, baixa densidade demográfica, produção extensiva, sem melhoramentos técnicos e competitivos. Trabalho nas estâncias: peonada (indígenas charruas, minuanos e guaranis) originou o gaúcho (fidelidade). Charqueada: Início: 1780, em Pelotas, para salgamento e conservação da carne a ser vendida no mercado interno brasileiro para consumo de escravos das lavouras agroexportadoras. Introdução do trabalhador escravo de origem africana. Limites da charqueada sul-rio-grandense: escravidão (custo permanente de manutenção e reposição); matéria-prima de baixa qualidade (gado criado solto, sem refinamento de raça, sem controle de procriação e sanitário); matéria-prima cara (sal importado de Cádis, na Espanha); escoamento deficitário (sem porto marítimo e os obstáculos da barra de Rio Grande); concorrência de charque platino (“saladeros” com estrutura capitalista); falta de protecionismo alfandegário. Frigoríficos: Impossibilidade de acumulação de capital na charqueada e criação sul-rio-grandense. Investimentos estrangeiros (Swift, Armour e Anglo), inviabilizando a charqueada e subordinando a criação de gado. Povoamento açoriano Migração determinada pelo governo português para ocupar litoral catarinense, sul-rio-grandnse e a região dos Sete Povos (Tratado de Madri). Pequenos proprietários, trabalho familiar, subsistência, policultura. Colonos designados para a região missioneira não conseguiram estabelecer-se lá (motivo: Guerra Guaranítica) e ficaram provisoriamente instalados na região próxima à laguna dos Patos, Viamão (surgimento de Porto Alegre) e Rio Pardo. Colonização açoriana fracassou porque ficou dependente da criação de gado. Povoamento ítalo-germânico Germânicos a partir de 1824 e italianos a partir de 1875. Assentados nas regiões dos vales dos rios dos Sinos, Caí e Taquari. Pequenos proprietários, trabalho familiar, subsistência, policultura. Professor: Claudiomar Oltramari Página 2 RESUMO – RIO GRANDE DO SUL www.professorclaudiomar.com.br Sucesso (acumulação de capital comercial) a partir de excedentes de produção comercializados na região colonial, depois no mercado sul-rio-grandense e no Brasil. Papel dominador do comerciante e transportador (origem da burguesia sul-rio-grandense). Porto Alegre transformada na “cidade dos alemães” (comércio no porto da cidade). Guerra dos Farrapos (1835-1845) Motivação: Segundo o manifesto de Bento Gonçalves: revolta contra a falta de protecionismo ao charque sul-riograndense (em relação ao concorrente platino), o centralismo e o autoritarismo da Coroa brasileira (nomeação de administrador provincial contrário aos interesses locais). Infra-estrutura produtiva deficitária: crise da pecuária (criação de gado e charqueada não competitiva no mercado brasileiro). Farrapos (estancieiros e charqueadores) versus legalistas (administradores e militares do império e comerciantes locais). 20 de setembro de 1835: ataque e invasão da cidade de Porto Alegre (perdida para os legalistas no ano seguinte). 11 de setembro de 1836: proclamada a República Rio-Grandense, com capital em Piratini. 6 de novembro de 1836: promulgada Constituição republicana. 1839: tomada de Laguna e proclamação da República Juliana. 5 de março de 1845: assinatura da Paz de Poncho Verde. Positivismo no Rio Grande do Sul 1882: estudantes de Direito (adeptos da doutrina positivista) fundam o Partido Republicano RioGrandense (PRR). Positivismo: doutrina de Augusto Comte, que critica o liberalismo, propõe um governo autoritário, de “sábios” (sociólogos), para estabelecer a “ordem como princípio e o progresso como finalidade”. 15 de novembro de 1889: PRR assume o poder no RS com a proclamação da República. Liderança autoritária de Júlio de Castilhos (até morrer, em 1898) e Borges de Medeiros (até 1928). Republicanos no poder: Estabelecimento de políticas públicas de infra-estruturas necessárias ao “progresso” econômico: desobstrução da barra de Rio Grande, portos, estradas de ferro, energia. Poder exercido de forma autoritária, inviabilizando adversários (dissidências no PRR: Fernando Abott e Assis Brasil) e oposição política (federalistas: Gaspar Silveira Martins). Positivistas (“pica-paus”) versus federalistas (“maragatos”) “Revolução” Federalista (1893-1895) ou Revolta da Degola: Federalistas voltam do exílio (no Uruguai) para retirar positivistas do poder. Federalistas (ex-liberais monarquistas) adotaram o parlamentarismo e fundaram o Partido Federalista em 1892. Acordo de paz não solucionou impasses. “Revolução” de 1922/1923: “Chimangos” (lenço branco) versus “maragatos” (lenço vermelho). Maragatos não aceitam quinta reeleição (fraudulenta) de Borges de Medeiros. Acordo de Pedras Altas estabelece revisão constitucional (impedindo reeleição de Borges de Medeiros) e coloca o negociador, Getúlio Vargas, como líder sul-rio-grandense (FUG – Frente Única Gaúcha), projetando-o nacionalmente através da Aliança Liberal (RS, PB e MG). Professor: Claudiomar Oltramari Página 3 RESUMO – RIO GRANDE DO SUL www.professorclaudiomar.com.br Trabalhismo no RS 1945: criação do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), tutelado por Vargas, com base nas lideranças operárias e do Ministério do trabalho. Líderes no RS: Alberto Pasquallini e Leonel Brizola. Brizola adquire controle do partido regionalmente e Fernando Ferri (outro líder) sai do PTB e cria o MTR (Movimento Trabalhista Renovador). Organizações de classe 1906: criada a FORGS (Federação Operária do Rio Grande do Sul), de influência anarquista. 1917: greve geral de operários urbanos com vitórias salariais e de condições de trabalho. 1919: greve geral de operários urbanos fracassada com enfraquecimento da FORGS. 1927: criada a Farsul (Federação das Associações Rurais do Rio Grande do Sul). 1930: criado o Centro da Indústria Fabril do Rio Grande do Sul. 1930: criada a FIERGS (Federação das Indústrias do estado do Rio Grande do Sul). 1975: criada a Comissão Pastoral da Terra, no Rio Grande do Sul. 1984: criação oficial do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra). Só depende de nós... "Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje. Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus por ter um teto para morar. Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim." (Charles Chaplin) Professor: Claudiomar Oltramari Página 4