PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA E O ESTADO ATUAL DOS PROGRAMAS BRASILEIROS DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA DE ECONOMIA Área Temática: Universidade e Movimento Estudantil Édivo de Almeida Oliveira 1 [email protected] RESUMO O presente artigo objetiva apresentar os principais conceitos e parâmetros utilizados pelo Sistema Qualis da CAPES na avaliação da produção científica pertinente a área de Economia e explicitar o estado atual dos programas de pós-graduação nessa área, existentes no Brasil. O processo de socialização e construção do conhecimento exigem à devida consideração e aplicação do princípio da indissociabilidade da tríade ensino, pesquisa e extensão por parte das universidades e demais instituições de ensino. Na realidade, o processo ensino-aprendizagem perpassa a prática da pesquisa, uma vez que oportuniza a professores e alunos orientar o processo a partir da investigação. Nesse sentido, a pesquisa passa a ser entendida tanto como elemento potencializador do processo ensino-aprendizagem, quanto processo inalienável para o aprimoramento e descoberta de novos conhecimentos. Com as Ciências Econômicas isso não é diferente. Assim, este trabalho justifica-se por oportunizar a divulgação dos principais periódicos nacionais, do sistema de classificação dos mesmos e a situação dos programas de pós-graduação de Economia a comunidade acadêmica da UESB, sobretudo aos alunos do curso de Ciências Econômicas. Para alcançar os objetivos, a metodologia utilizada consistiu na análise do relatório da comissão de especialistas da área de Economia da Capes no triênio 2007-2009 e de revisão bibliográfica. Além da introdução e das considerações finais, o trabalho está dividido em seções que explanam sobre a definição e a finalidade da pesquisa e produção científica, assim como os conceitos associados ao Sistema Qualis, além de discutir o estado atual dos programas de pós-graduação na área de Economia. Os resultados obtidos indicam que havia 52 programas de pós-graduação na área de Economia aprovados pela CAPES. Constituídos de 20 mestrados acadêmicos, 19 mestrados/doutorados e 13 mestrados profissionais. Os documentos salientam a concentração espacial dos programas de pósgraduação em Economia na região Sudeste. Observou-se, também, que os cursos são avaliados pela CAPES por intermédio das notas que abrangem o intervalo de “1” a “7”, de modo que as notas “6” e “7” são exclusivas para aqueles programas com doutorado e que se destacam substancialmente 1 Aluno do 6º semestre do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e bolsista do Programa de Educação Tutorial de Ciências Econômicas dessa mesma instituição. por apresentarem desempenhos superiores aos demais, inclusive, apresentando desempenhos equiparáveis àqueles programas internacionais de referência na área. No triênio 2007-2009 ou no momento do credenciamento dos mesmos, na área de Economia, constata-se que dentre os mestrados acadêmicos, 12 programas apresentaram conceito “3” e 8 programas apresentaram conceito “4”. Entre os programas com doutorado 5 foram conceituados com nota “4”, 10 apresentaram conceito “5” e 4 programas receberam nota “6”. O estudo constata, ainda, no período analisado um aumento de publicações em periódicos internacionais de elevada expressão, apontando para a uma paulatina, porém factual, elevação da qualidade das pesquisas e das publicações intelectuais na área de Economia nos últimos anos. Palavras-chave: Produção científica, periódicos, Sistema Qualis. INTRODUÇÃO O processo de socialização e construção do conhecimento exige invariavelmente à devida consideração e aplicação do princípio da indissociabilidade da tríade ensino, pesquisa e extensão por parte das universidades e demais instituições de ensino. Na realidade, o processo ensino-aprendizagem perpassa a prática da pesquisa, uma vez que oportuniza a professores e alunos orientar o processo a partir da investigação. Nesse sentido, a pesquisa passa a ser entendida tanto como elemento potencializador do processo ensinoaprendizagem, quanto processo inalienável para o aprimoramento e descoberta de novos conhecimentos. No Brasil, os programas de pós-graduação constitui um dos espaços privilegiados de produção de saber. Com as Ciências Econômicas isso não é diferente. O nível qualitativo dos programas brasileiros de pós-graduação e os seus correspondentes periódicos, acabam por externar, em grande medida, a posição sustentada pelo Brasil na produção científica internacional no âmbito desse segmento da ciência social, ao adotar-se como parâmetro a produção decorrente dos países líderes nas pesquisas pertinentes à área supracitada. Neste sentido, tendo em vista divulgar o estado atual dos programas de pós-graduação na área de Economia em território brasileiro, assim como o estado da produção intelectual e as exigências e condicionantes implicados no processo de avaliação dos mesmos, o presente artigo objetiva, de maneira introdutória, apresentar os principais conceitos e parâmetros utilizados pelo Sistema Qualis na avaliação da produção científica pertinente a área e apresentar o estado atual dos programas de pós-graduação existentes no Brasil. Para tanto, como metodologia o trabalho utilizou-se de relatórios elaborados pela CAPES e de pesquisa bibliográfica. Além desta seção introdutória e das considerações finais, o trabalho está dividido em seções que explanam sobre a definição e a finalidade da pesquisa e produção científica, assim como os conceitos associados ao Sistema Qualis, além de discutir o estado atual dos programas de pós-graduação na área de Economia. DEFINÇÃO E IMPORTÂNCIA DA PESQUISA E DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA A universidade como instituição proveniente e emanada das relações sociais intrínsecas ao convívio social, não está alheia às demandas e problemáticas da sociedade. Na medida em que suas funções residem na produção e difusão do conhecimento com o intuito de não só formar profissionais nas mais distintas áreas, mas também de formar cidadãos conscientes e propor formas de pensar e solucionar as problemáticas, dilemas e fenômenos das mais diversas naturezas surgidos no interior da sociedade, a sua própria existência perpassa de modo indelével as estruturas socioeconômicas, culturais e mesmo políticas da comunidade. É indiscutível a condicionalidade da promoção e manutenção da indissociabilidade da tríade ensino, pesquisa e extensão pelas universidades, no sentido de absorver as demandas sociais e incorporá-las nos seus currículos e ações no exercício de sua função social. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9394/96: A educação superior tem por finalidade formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira e colaborar na sua formação contínua; incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e tecnologia e da criação e difusão da cultura e promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição (COSTA et. al, 2010, p.03). Na realidade, os componentes da tríade ensino, pesquisa e extensão estabelecem uma relação de interdependência entre si, de tal maneira que o desenvolvimento de cada um deles, em grande medida, depende do estabelecimento de uma comunicação direta e efetiva com os demais. Todavia, o que se verifica na prática é um verdadeiro distanciamento conceitual e, sobretudo, operacional entre pesquisa, extensão e ensino. Nas universidades em geral, a pesquisa passou a exercer um papel de destaque e de maior dignidade no interior das mesmas, o que confluiu para a mitificação da figura do pesquisador, que por sinal, muito se distancia da proposta implícita na tríade ensino-pesquisa-extensão. O pesquisador, nesse contexto, passou a ser idealizado como um ser dotado de habilidades especiais e de um cognitivo privilegiado, cabendo aos seus pares apenas a replicação nas salas de aulas daquilo que o brilhantismo dos pesquisadores “presenteiam” a humanidade. A mitificação da figura do pesquisador em conjunto com questões de caráter institucionais pertinentes às limitações de carga horária confluiu no afastamento dos pesquisadores, geralmente vinculados aos programas de pós-graduação stricto sensu, das atividades mais propriamente relacionadas ao ensino. Entretanto, não se deve ignorar o fato de que os professores que efetivamente trabalham com o ensino, mas que não estão diretamente vinculados aos programas de mestrado e doutorado, tem notadamente restringida as suas possibilidades institucionais de executarem pesquisas que exigem maior fôlego (MOREIRA, 2005). Isto posto, é mister ressaltar que o princípio da indissociabilidade da tríade ensino-pesquisaextensão exige que a pesquisa não se constitua um elemento superior, com maior ou menor relevo ou de maior ou menor dignidade e valor que os outros dois componentes no âmbito da universidade. Costa et. al (2010), por sua vez, destacam que o ensino depende da extensão para não descolar-se da realidade concreta e dos dilemas factuais surgidos no interior da sociedade, de modo a apreendê-las e solucioná-las de forma salutar. Por outro lado, o ensino também estabelece estreita relação com a pesquisa, sendo o ensino por intermédio dessa última, constantemente sustentado e aprimorado. No entendimento de Paulo Freire a pesquisa, definitivamente, não é uma prática ou mesmo uma qualidade de natureza estranha ao ensino. Para o renomado autor, a pesquisa é um desdobramento natural da própria prática do ensino e vice-versa. Nas palavras do próprio Freire: Fala-se hoje, com insistência no professor pesquisador. No meu entender o que há de pesquisador no professor não é uma qualidade ou forma de ser ou de atuar que se acrescenta à de ensinar. Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa. O de que se precisa é que, em sua formação permanente, o professor se perceba e se assuma, porque professor, como pesquisador (FREIRE, 2002 apud MOREIRA, 2005, p.27). Portanto, na percepção de Freire o ensino surge da necessidade humana de conhecer o cognoscível, indagando e apreendendo a realidade que o circunda. Por seu turno, o próprio ato de pesquisar é um esforço humano que objetiva a constatação e intervenção da realidade factual, cuja convergência natural é o ato do ensino. Disso decorre que o ensino e a pesquisa são inerentemente uma via de mão-dupla, de modo que o devido equilíbrio e articulação entre esses e a extensão é o que possibilita a universidade, enquanto instituição promotora da busca pelo conhecimento novo e da sua disseminação, efetivar sua razão existencial no âmago da sociedade. Com efeito, a pesquisa científica constitui-se como um dos canais da produção científica, cujo objetivo é expor para a comunidade acadêmica os resultados e esforços provenientes do processo investigativo, sendo a socialização do conhecimento resultante da pesquisa, uma condição indispensável para a validação acadêmica e científica do conhecimento apreendido, bem como, para o devido reconhecimento do pesquisador. Segundo Barbosa et. al (2010), a pesquisa e a produção científica permite que o pesquisador seja duplamente beneficiado na medida em que os progressos consistentes de seu trabalho sejam disseminados. Primeiramente, em função de permitir o progresso da própria comunidade, dado que o desenvolvimento e bem-estar da sociedade relacionam-se intimamente com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Além disso, as possibilidades na carreira profissional são substancialmente ampliadas conforme os trabalhos do investigador sejam divulgados e referendados pela comunidade científica, uma vez que suas contribuições à comunidade acadêmica atuam de modo a atestar a capacidade do estudioso e profissional em levantar hipóteses, formular ideias, questionar, testar teorias, sugerir soluções e inferir conclusões. O processo de investigação implica, geralmente, em algumas etapas que permitem isolar um determinado objeto ou fenômeno a ser compreendido, aplicar instrumentos específicos para um tratamento teórico ou experimental e, por fim, objetar conclusões. Os trabalhos acadêmicos e científicos diferenciam e segmentam-se em distintos tipos de expressões literárias, na medida em que possuem diferentes finalidades ou mesmo em função das exigências que emanam de cada área do conhecimento humano e da natureza específica dos objetos estudados. Neste contexto, podemos classificar os trabalhos acadêmicos em (BARBOSA et. al, 2010): Trabalho científico e monográfico; Trabalho didático; Trabalho de conclusão de curso (TCC); Relatório da pesquisa de iniciação científica; Resumo e resenha; Ensaio teórico; Relatório técnico de pesquisa; Com efeito, a publicação científica configura-se, notadamente, num fator essencial e condicional para o desenvolvimento de uma determinada região, dado que expressa o grau de esforço por parte do Estado e do setor privado em prol do desenvolvimento de novos conhecimentos e inovações tecnológicas, que por sua vez condicionam, em grande medida, o grau de bem-estar social e a plataforma econômica de uma comunidade. Claro está que a pesquisa e a publicação científica são fundamentais tanto para o pesquisador individual, quanto para a sociedade em geral. Dentre os veículos utilizados pela academia e instituições de pesquisas para socialização de suas contribuições à comunidade científica, certamente, os periódicos possuem significativo destaque. Os periódicos são veículos de publicações eletrônicas ou impressas com edições periódicas, especializadas na divulgação de resultados de pesquisas científicas mediante publicação de artigos, resenhas, resumos de pesquisas, entre outros. Precipuamente, os periódicos devem possuir ISSN (Internacional Standard Serial Number) — indicador internacional que individualiza o título de uma publicação — e uma base de indexação. Ademais, a credibilidade dos periódicos relaciona -se intimamente com a qualidade editorial dos mesmos em função da originalidade dos artigos publicados, da qualidade do corpo editorial e de um processo de avaliação peer-review (SAMPAIOJORGE, 2010). DEFINIÇÃO DO SISTEMA QUALIS No Brasil a instituição responsável pela avaliação e validação dos diversos periódicos de amplitude nacional ou internacional para efeito no sistema de ensino é a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A CAPES avalia os periódicos por intermédio de um conjunto de procedimentos e processos, denominados Qualis Periódicos, que relacionam e classificam os periódicos com base nas informações coletadas através de um aplicativo denominado Coleta de Dados. De fato, o Sistema Qualis Periódicos estratifica e divulga os periódicos em oito classificações elencadas a seguir, em ordem decrescente de valor: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C. Segundo a CAPES (2009), os valores dos estratos supracitados condensam-se em pesos, sendo essa avaliação efetuada a cada três anos. Na avaliação realizada em 2009, os pesos e estratos foram estabelecidos, no que se refere à área de Economia, da seguinte forma: Estrato A1 A2 B1 Peso 100 80 60 B2 B3 B4 B5 C 40 25 15 5 0 Fonte: CAPES, 2009, p.07 O Sistema Qualis se utiliza de componentes que possibilitam sua devida operacionalização, a saber, Qualis Critérios, Qualis Dados e Qualis Lista, que factualmente determinam os critérios e procedimentos empregados, atualizam e mantém um banco de dados acerca dos veículos de publicação e gera uma lista que elencam os periódicos de cada área de avaliação e suas respectivas classificações. Além desses, o documento da área ao estabelecer os critérios utilizados por cada área para avaliação trienal e pelo Qualis Critérios, acaba por representar um instrumento essencial na efetiva viabilização do Sistema Qualis. Em suma, podemos inferir que a avaliação no que concerne a qualidade das publicações nas distintas áreas, é feita de modo indireto, no sentido de que ao efetuar a indicação dos veículos de publicação de maior amplitude, circulação e impacto para as correspondentes áreas, evidencia -se, por consequência, o grau de qualidade dos trabalhos que cada periódico escolhe para publicação. AVALIAÇÃO DOS PERIÓDICOS E DO ESTADO ATUAL DOS PROGRAMAS DE PÓSGRADUAÇÃO NA ÁREA DE ECONOMIA No que concerne aos programas de pós-graduação na área de Economia, no ano de 2009 havia 52 programas de pós-graduação aprovados pela CAPES, compostas por 20 mestrados acadêmicos, 19 mestrados/doutorados e 13 mestrados profissionais (CAPES, 2009). De fato, constata-se uma expressiva concentração espacial dos programas de pós-graduação em Economia na região Sudeste, uma vez que dos 20 programas de mestrados acadêmicos, 8 concentravam-se nessa região, a região Nordeste e Sul possuindo 5 cada uma e a região Norte e Centro-Oeste com 1 programa cada uma. Quanto aos programas com doutorado, 13 concentravamse na região Sudeste e os 6 restantes estando divididos igualmente entre a região Centro-Oeste, Sul e Nordeste (CAPES, 2009). Os programas são avaliados pela CAPES por intermédio das notas que abrangem o intervalo de “1” a “7”, de modo que as notas “6” e “7” são exclusivas para aqueles programas com doutorado e que se destacam substancialmente por apresentarem desempenhos superiores aos demais, inclusive, apresentando desempenhos equiparáveis àqueles programas internacionais de referência na área. O conceito “5” que é a maior nota admitida para um programa de pós-graduação que ofereça apenas mestrado, corresponde ao nível máximo de qualidade que um programa de mestrado acadêmico pode alcançar. Consideram-se, notadamente, as notas “4” e “3”, desempenhos satisfatórios e regulares, respectivamente. Todavia, os programas que recebem os conceitos “1” e “2” são considerados insatisfatórios, isto é, com desempenhos abaixo daquele admitidos conforme os parâmetros estabelecidos, implicando na não indicação da renovação do reconhecimento dos mesmos pela CAPES junto ao Conselho Nacional de Educação (CNE). No que se refere aos conceitos dos programas de pós-graduação obtidos no triênio 20072009 ou no momento do credenciamento dos mesmos, a despeito da área de Economia, constata-se que dentre os mestrados acadêmicos, 12 programas apresentaram conceito “3” e 8 programas apresentaram conceito “4”. Entre os programas com doutorado 5 foram conceituados com nota “4”, 10 apresentaram conceito “5” e 4 programas receberam nota “6” (CAPES, 2009). Evidencia-se, por conseguinte, que os programas brasileiros de pós-graduação na área de Economia, embora sustentem desempenhos considerados satisfatórios, é inconteste a necessidade de avançar em diversos aspectos quantitativos e qualitativos, tendo em vista atingirem os parâmetros convencionados como indicadores de um programa de excelência nos moldes dos melhores programas internacionais. Não obstante, também é inegável que a área de Economia tem contribuído substancialmente para o desenvolvimento científico e educacional do país, uma vez que entre no triênio 2007-2009 foram titulados 1.141 mestres acadêmicos, 278 doutores e 537 mestres profissionais (CAPES, 2009). Os critérios aplicados para a referida avaliação da qualidade de um programa de pósgraduação na área de Economia, que conforme anteriormente explicitado resulta em alguns parâmetros avaliativo, que podem ser elencados como segue (CAPES, 2009): Corpo Docente: representa 20 % no que se refere à totalidade da nota atribuída aos programas. Este quesito considera, sobretudo, o nível de competência concernente ao grau de titulação, dedicação, adequação e experiência apresentado pelos docentes para desenvolverem as atividades relativas ao ensino, pesquisa e orientação do programa. Corpo Discente, Tese e Dissertações: constitui-se 35% da totalidade da nota. Neste quesito avalia-se a quantidade e distribuição das teses e dissertações defendidas no período avaliado, ponderadas pela quantidade de docentes permanentes e discentes do programa, bem como, pela quantidade geral de docentes dos mesmos, além de serem auferidas por indicadores pertinentes à área. Produção Intelectual: também representa 35% do peso da nota. Neste quesito avalia-se tanto a quantidade de publicações qualificadas, quanto à distribuição das mesmas em relação ao corpo docente permanente do programa, além de considerar as produções de natureza técnica ou artística, e aquelas patentes que se demonstrem relevantes. Inserção Social e Relevância: constitui-se 10% do peso, sendo considerados neste quesito os impactos científicos, tecnológicos, econômicos, sociais e educacionais dos programas em âmbito regional, nacional e internacional, além da capacidade de integração e cooperação em atividades de pesquisa com outros programas e centros de pesquisas. Proposta do Programa: embora tal quesito não tenha nenhum peso em termos quantitativos, configura-se como um indicador qualitativo decisivo para a definição do conceito final atribuído aos programas. Objetiva avaliar as propostas e adequação dos programas em relação à proposta curricular, inserção social dos discentes e desafios específicos da área em questão, bem como, a infraestrutura oferecida pelas mesmas para consecução das atividades pertinentes ao ensino, pesquisa e extensão. Notadamente, a produção científica na área de Economia é fundamentalmente avaliada através dos artigos completos publicados em periódicos científicos, de maneira que o Qualis configura-se como o principal indicador da qualidade das publicações e, portanto, do próprio nível da produção intelectual dos programas de pós-graduação nessa área. De fato, nos últimos anos a produção científica na área tem experimentado significativo avanço com notável crescimento da quantidade de publicações em periódicos internacionais de referência dentro desse segmento da ciência social (CAPES, 2009). A CAPES (2009) admite como periódicos apenas aqueles veículos de publicação que possuem e cumprem os seguintes pré-requisitos e exigências: conselho editorial, editor responsável, ISSN, linha editorial, avaliação por pares, periodicidade mínima semestral, vínculo institucional dos autores, normas de submissão, terem publicados no ano anterior no mínimo 50% da quantidade planejada pela revista e, por fim, as publicações devem incluir resumo, abstract e palavras-chave. O processo de definição trienal do Qualis na área de Economia, nos últimos anos baseou -se, precipuamente, nos entendimentos e deliberações da Comissão Qualis, que por sua vez conta com as decisivas contribuições e colaborações das associações pertinentes a área e com o auxílio de algum ranking proposto por autores num artigo considerado plausível e consistente pela própria comissão no que tange à classificação dos periódicos internacionais. No triênio 2007-2009, a avaliação trienal fundamentou-se no ranking proposto por Yolanda K. Kodrzycki e Pingkang Yu num paper denominado “New Approaches to Ranking Economics Journals” publicado em junho de 2006 pela Federal Reserve Bank of Boston. Este paper propõe a classificação dos periódicos com base na quantidade de vezes que os mesmos são citados, ponderando-as conforme a influência dos outros periódicos que os citam. Evidentemente, tal processo exige a devida implementação de mecanismos que evitem ou pelo menos atenuem as distorções engendradas pelas autocitações (CAPES, 2009). Portanto, ao convencionar o número máximo de citações como índice 100, a classificação dos periódicos na área de Economia no triênio 2007-2009 estruturou-se do seguinte modo (CAPES, 2009): Estrato A1: classificação composta por periódicos internacionais com índice de citação compreendido entre 17,00 – 100,00, além do Cambridge Journal of Economics, History of Political Economy, Journal of Economic Methodology e Journal of Post-Keynesian Economics. Estrato A2: compreende o Industrial and Corporate Change, Economic Geography, National Tax Journal, Journal of Health Economics e Economic Inquiry, além daqueles periódicos internacionais com índice de citação entre 4,50 – 16,99. Estrato B1: corresponde aos periódicos internacionais classificados como B no triênio anterior e pelos periódicos internacionais que sustentam índice de citação 1,34 – 4,49. Dentre os periódicos nacionais com estrato B1, podemos citar: Economia (Brasília), Estudos Econômicos (São Paulo-Impresso), Revista ANPEC, Revista Brasileira de Economia (Impresso), Revista de Economia Política (Impresso), dentre outros. Estrato B2: compreendem alguns periódicos internacionais classificados como C e os periódicos nacionais classificados como A no triênio anterior, bem como, os periódicos internacionais de índice de citação 0,55 – 1,33. Entre os periódicos nacionais com esse estrato temos: Crítica Marxista (São Paulo), Dados (Rio de Janeiro-Impresso), Economia e Sociedade (UNICAMP-Impresso), Estudos Avançados (USP-Impresso), dentre outros. Estrato B3: classificação que integra os periódicos internacionais com índice de citação entre 0,15 – 0,54, juntamente com os periódicos nacionais de estrato B no triênio anterior. Entre os periódicos nacionais de estrato B3, podemos citar: Análise Econômica (UFRGS), Cadernos de Ciências Sociais Aplicadas (UESB), Revista Brasileira de Inovação, Revista Econômica do Nordeste, dentre outros. Estrato B4: integram os periódicos nacionais de estrato C no triênio anterior e os periódicos internacionais com índice de citação no intervalo 0,00 – 0,14. Como exemplos de periódicos nacionais com esse estrato, podemos citar: Econômica (Niterói), Ensaios FEE (Impresso), História Econômica e História de Empresas, Revista de Economia (Curitiba), dentre outros. Estrato B5: formado pelos periódicos nacionais considerados locais no triênio anterior. Exemplos de periódicos nacionais com estrato B5: Bahia Análise & Dados, A Economia em Revista, Economia e Tecnologia (Campinas), Revista USP, Revista Brasileira de Estatística, entre outros. Estrato C: corresponde aos periódicos considerados como inadequados conforme os parâmetros científicos. Alguns exemplos: Série Estudos e Pesquisas, Revista do Serviço Público, Carta Social e do Trabalho, entre outros. Quanto aos periódicos que não sejam da área de Economia estabelece-se o critério de empregar a classificação mais utilizada nas áreas em questão. Todavia, a classificação mais elevada aplicada aos periódicos nacionais e internacionais de outras áreas são respectivamente B2 e A2 (CAPES, 2012). É digna de nota a reclassificação para B1, promovida pelo Comitê Qualis Economia em agosto de 2012 de quatro periódicos até então considerados B2, a saber, Economia - Revista da ANPEC, Estudos Econômicos, Revista Brasileira de Economia e Revista de Economia Política. Em função dessas modificações o atual quadro da distribuição dos periódicos pertinentes à área de Economia apresenta-se como segue (CAPES, 2012): A1 A2 B1 B2 B3 B4 B5 Soma C Não Periódicos Total Fonte: CAPES, 2012, p.03 Total de Periódicos 28 67 87 138 103 111 207 741 121 83 945 % 3.78 9.04 11.74 18.62 13.90 14.98 27.94 100 12.8 8.78 Elaborado pelo autor. Qualquer sistema avaliativo baseia-se no estabelecimento de um modelo padrão previamente idealizado e entendido pelo agente avaliador como excelência, e então tomando como referência esse modelo, o agente avaliador executa a avaliação dos objetos a serem avaliados. Com os procedimentos e parâmetros empregados pela CAPES para avaliar os programas de pós-graduação e os periódicos na área de Economia não é diferente. Não é difícil perceber que os critérios avaliativos empregados pela CAPES enfatizam e enfocam, sobremaneira, as atividades vinculadas à pesquisa, em detrimento de um método de avaliação que concomitantemente enfatize, em igualdade de condições, tanto o ensino, quanto a extensão. Na realidade, essa “super” valorização da pesquisa não só subvaloriza os outros dois componentes da tríade, como também não geram estímulos suficientes para que os programas de pós-graduação e mesmo a universidade em geral desenvolvam em conformidade com excelentes pesquisas, atividades vinculadas à prática do ensino e da extensão de qualidades equiparáveis àquela primeira. Ora, se admitirmos que — assim como preconizado por Demo e Freire — a indissociabilidade da tríade ensino-pesquisa-extensão seja um dos fundamentos para que a universidade cumpra de modo eficaz seu papel no interior da sociedade, bem como, que o devido exercício de qualquer um desses componentes depende, em larga escala, de uma harmônica articulação com as demais, e à luz dessas proposições analisarmos os sistemas de avaliação dos veículos de publicação científica e dos programas de pós-graduação, torna-se nítido que os procedimentos avaliativos empregados pela CAPES conflitam substancialmente com o princípio da indissociabilidade. Isto posto, embora uma análise mais detalhada desse conflito ultrapasse a alçada e a proposta basilar desse trabalho, no nosso entendimento, um dos principais motivos para ocorrência dessa discrepância reside na dificuldade de se instrumentalizar procedimentos que permitam avaliar e mensurar, de modo satisfatório, a qualidade do ensino e da extensão desenvolvidas nas universidades, dado que essas atividades implicam em nuances e propriedades que, em contraste com a pesquisa, se caracterizam por serem inerentemente de difícil mensuração. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo da presente investigação foi abordar, ainda que de modo introdutório, o estado atual dos programas de pós-graduação no Brasil e os periódicos na área de Economia, dispensando maior detalhamento aos critérios e procedimentos avaliativos aplicados aos mesmos. A discussão acerca da importância e da finalidade da pesquisa e da produção científica evidencia a necessidade da indissociabilidade da tríade ensino, pesquisa e extensão no processo de socialização e produção do conhecimento especializado. Os critérios utilizados no processo de avaliação dos cursos de pós-graduação e da produção científica na área de Economia pauta-se, implicitamente, no desequilíbrio entre os componentes da tríade supracitada, uma vez que o processo avaliativo vigente enfatiza a pesquisa em detrimento de uma maior valorização e apreciação do ensino e da extensão, que por sua vez, engendra certo prejuízo desses últimos no âmbito da universidade. A despeito da área de Economia, constata-se a concentração espacial dos programas de pósgraduação na região sudeste, sobretudo, em relação aos programas com doutorado, em detrimento das demais regiões. Destarte, a notável discrepância das realidades regionais decorrente da centralização histórica dos investimentos e recursos na região sudeste, corrobora para a manutenção persistente e avultada das disfunções sociais e econômicas subjacentes a sociedade brasileira. Embora, em termos gerais, a pós-graduação na área de Economia em território brasileiro apresente desempenho significativamente satisfatório e corrobore substancialmente para o desenvolvimento científico do país, inclusive no tocante a formação de recursos humanos de alta qualificação, constata-se a necessidade da promoção de avanços em aspectos quantitativos e qualitativos que elevem o patamar das mesmas em relação àqueles considerados referenciais na área, ou mesmo daqueles programas pertencentes às outras áreas no âmbito nacional considerados de excelência no contexto científico internacional. Por fim, o estudo revela um aumento de publicações em periódicos internacionais de elevada expressão apontando para a uma paulatina, porém factual, elevação da qualidade das pesquisas e das publicações intelectuais na área de Economia nos últimos anos. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 1. COSTA, Marvile Palis; ALMEIDA, Maria Olívia Duarte Batistuta; FREITAS, Terezinha Silva. Ensino. Pesquisa e extensão: compromisso social das universidades. Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Minas Gerais, 2010. Disponível em: <http://www.uftm.edu.br/upload/ensino/tcc_teresinha.pdf > Acesso em: 27 ago. 2012. 2. BARBOSA, Elvina Maria de Sousa; RAMOS, Joelson; CIRÍACO, Maria do Socorro S. Despertando para a produção intelectual: a importância da pesquisa científica. XIII Encontro Regional de Biblioteconomia e Documentação. Teresina, 2010. Disponível em: <http://rabci.org/rabci/node/248 >. Acesso em: 27 ago. 2012. 3. SAMPAIO-JORGE, Felipe. Respondendo às perguntas...Afinal como funciona o Qualis Capes? O que é Área 21? Onde está o BrJB nisso tudo?. Brazilian Journal of Biomotricity, v.4.n.1, p.1-2, 2010. Disponível em: <http://www.brjb.com.br/files/brjb_100_4201003_id2.pdf >. Acesso em: 27 ago. 2012. 4. CAPES. Ministério da Educação. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Documento de Área 2009. 2009. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/images/stories/download/avaliacao/ECONOMIA_19jun10.pdf> . Acesso em: 27 ago. 2012. 5. CAPES. Ministério da Educação. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Documento de Área 2009. 2010. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/images/stories/download/avaliacao/Qualis_Economia.pdf > Acesso em: 01 ago. 2012. 6. MOREIRA, Janine. Universidade, pesquisa e saberes: o professor como construtor de saber científico. Linguagens, Educação e Sociedade. Teresina: n.13, p.26-36, jul./dez. 2005. Disponível em: <http://www.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/Revista/N%2013/artigo2.pdf>. Acesso em: 09 out. 2012.