UFBA GRH UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL GRUPO DE RECURSOS HÍDRICOS - GRH PROJETO GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DO SEMI-ÁRIDO DO ESTADO DA BAHIA VOLUME III – SISTEMA DE APOIO À DECISÃO PARA O GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO RIO PARAGUAÇU 2004 UFBA GRH UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL GRUPO DE RECURSOS HÍDRICOS - GRH GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DO SEMI-ÁRIDO DO ESTADO DA BAHIA SUBPROJETO SISTEMA DE APOIO À DECISÃO PARA O GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO RIO PARAGUAÇU VOLUME III Capítulo 7 (Financiamento CTHIDRO) Salvador, 2004 UFBA GRH UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL GRUPO DE RECURSOS HÍDRICOS - GRH GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DO SEMI-ÁRIDO DO ESTADO DA BAHIA UFBA Reitoria Reitor Naomar Monteiro de Almeida Filho Vice Reitor Francisco José Gomes Mesquita Rua Augusto Viana s/n – Canela – Palácio da Reitoria CEP: 40110-060 Salvador – BA Fone: 263-7072 Fone Geral: 263 – 7000 R. 7072 Fax 245-2460 E-mail: [email protected] Escola Politécnica Diretor Caiuby Alves da Costa Rua Aristides Novis 02, 40 andar Federação, Salvador, Ba. CEP: 40.210-630 Fone: (0xx71) 245-9927 / 245-6126 End. Internet: www.ufba.br Grupo de Recursos Hídricos E-mail: [email protected] Site: www.grh.ufba.br UFBA GRH GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DO SEMI-ÁRIDO DO ESTADO DA BAHIA EQUIPE TÉCNICA Coordenadora do Projeto: Yvonilde Dantas Pinto Medeiros Doutora em Hidrologia e-mail: [email protected] Professor Adjunto – UFBA: Vania Palmeira Campos Doutora em Química e-mail: [email protected] José Maurício Fiúza Mestre em Avaliação de Impactos Ambientais e-mail: [email protected] Professor Visitante: Bojan Srdjevic Doutor em Ciências Técnicas e-mail: [email protected] Pesquisadores e Consultores Alessandra da Silva Faria Mestre em Engenharia Ambiental e Urbana e-mail: [email protected] Ana Carla Souto Rocha Socióloga e-mail: [email protected] Andrea Sousa Fontes Eng. Civil e Esp. em Gerenciamento de Recursos Hídricos e-mail: [email protected] Ângela Patrícia Deiró Damasceno Socióloga e-mail: â[email protected] Antônio Marcos Santos da Silva Eng. Sanitarista e Ambiental e Esp. em Gerenciamento de Recursos Hídricos e-mail: [email protected] Aucimaia de Oliveira Tourinho Geógrafa e Esp. em Gerenciamento de Recursos Hídricos e-mail: [email protected] Carlos Fernando Pessoa Monteiro Filho Engenheiro Químico e-mail: [email protected] Clélia Nobre de Oliveira Proença Eng. Sanitarista e Ambiental e Esp. em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais na Indústria e-mail: [email protected] Cristiane Santos Garrido Bacharel em Ciências Econômicas e-mail: [email protected] Edilson Raimundo Silva Analista de Sistema e Esp. em Inteligência Artificial e Análise de Sistemas e-mail: edí[email protected] Érika Valeska Meireles Campos Oceonógrafa e Mestre em Geologia e-mail: [email protected] Isabel Cristina Martins Galo Bacharel em Administração e Especialista em Gerenciamento em Recursos Hídricos e-mail: [email protected] Jarilson Andrade Santana Engenheiro Civil E-mail: [email protected] Lenise Conceição Brandâo Santos Eng. Sanitarista e Ambiental e Esp. em Gerenciamento de Recursos Hídricos e-mail: [email protected] Maria do Socorro Gonçalves Eng. Sanitarista e Ambiental e Esp. em Gerenciamento de Recursos Hídricos e-mail: [email protected] Martha Schaer Barbosa Eng. Civil e Mestre em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental e-mail: [email protected] UFBA GRH GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DO SEMI-ÁRIDO DO ESTADO DA BAHIA EQUIPE TÉCNICA Ramon Castro de Oliveira Eng. Sanitarista e Ambiental e Esp. em Gerenciamento de Recursos Hídricos e-mail: [email protected] Aldair Dias Sampaio Estudante de Engenharia Sanitária e Ambiental Silvia Mota Dantas Bacharel em Comunicação Social e-mail: [email protected] Diego Alvares Estudante de Engenharia Civil Soraia de Cássia Alves Hohlenverger Eng. Sanitarista e Ambiental e Esp. em Gerenciamento de Recursos Hídricos e-mail: [email protected] Virgínia Silva Neves Eng. Sanitarista e Ambiental e Esp. em Gerenciamento de Recursos Hídricos e-mail: [email protected] Wilton Nascimento Bernardo dos Santos Artista Plástico e-mail: [email protected] Eloi Crispim de Jesus Estudante de Engenharia Santária e Ambiental Felipe Góes Lima Estudante de Engenharia de Minas Flávia Bezerra Amorim Estudante de Engenharia Sanitária e Ambiental Herica de Oliveira Santos Estudante de Engenharia Sanitária e Ambiental Mauricio Sena Gomes Borges Estudante de Engenharia Civil Murilo da Silva Crespo Estudante de Ciências da Computação Maria Elizabete Pereira dos Santos Doutora em Ciências Sociais e-mail: [email protected] Theodulo Cerqueira de Almeida Neto Estudante de Engenharia Sanitária e Ambiental Francisco Inácio Negrão Mestre em Hidrogeologia e-mail: inegrã[email protected] Joana Angélica Guimarâes da Luz Doutora em Engenharia dos Ambientais e Florestais e-mail: [email protected] Andrezza do Nascimento Almeida Estudante de Ciências Sociais Thiago Santana Santos Estudante de Ciências da Computação Recursos Maria Gravina Ogata Advogada e-mail: [email protected] Maria Quitéria C. de Oliveira Mestre em Ciências - Geologia Sedimentar e-mail: quité[email protected] Equipe de Apoio: Ana Elizabete Gonçalves da Silva Estudante de Secretariado Executivo e Técnica em Administração Célia Regina Silva de Aquino Técnica em Contabilidade Eliana Santos de Souza Estudante de Secretariado Executivo Estudantes de Graduação: Renelma Cristina de Almeida Apoio Administrativo Adriano Nascimento Mascarenhas Estudante de Geografia Sival Ribeiro de Sena Apoio Administrativo APRESENTAÇÃO O projeto de pesquisa “Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Semi-árido do Estado da Bahia” foi desenvolvido na Universidade Federal da Bahia, pelo Grupo de Recursos Hídricos do departamento de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica, financiado pelo CT-Hidro durante os anos de 2001 a 2004. Este projeto teve como objetivo o desenvolvimento de metodologias que fundamentem e orientem a implementação dos instrumentos de gerenciamento dos recursos hídricos de forma adequada a regiões semi-áridas. Estando subdividido em dois subprojetos: “Sistema de Apoio à Decisão para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paraguaçu” que teve como objetivo desenvolver um sistema de apoio à decisão que atenda os interesses dos usuários, adotando-se abordagem multicritério e “Enquadramento de Rio Intermitente aplicado à bacia do rio Salitre” com o objetivo de propor uma metodologia participativa para o enquadramento, baseando-se nas condições naturais da bacia, como a intermitência e salinidade dos seus rios. Os resultados obtidos estão apresentados em quatro volumes: Volume I: este volume abrange os cinco primeiros capítulos, englobando todos os aspectos conceituais que fundamentaram o desenvolvimento dos subprojetos citados. Volume II: abrange o capítulo seis, apresentando o desenvolvimento do subprojeto Enquadramento de Rio Intermitente aplicado à bacia do rio Salitre, bem como os resultados obtidos; Volume III: abrange o capítulo sete, apresentando o desenvolvimento e resultados obtidos no subprojeto Sistema de Apoio à Decisão para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paraguaçu. Este sub-projeto, que teve como objetivo desenvolver uma importante ferramenta de apoio a decisão, vem contribuir no auxílio ao “futuro” Comitê da Bacia do Rio Paraguaçu na articulação de ações necessárias a compatibilização do uso, controle e proteção dos seus recursos hídricos, atendendo aos princípios da Lei Federal nº. 9.433/97 e da Lei Estadual nº 6.855/95. Esta ferramenta agrupa grande número de informações da bacia, permite a composição e simulação de cenários de alocação da água e classifica-os por meio da análise multicritério. O principal resultado deste subprojeto consistiu-se na construção do sistema de apoio a decisão, aqui denominada de Sistema de Apoio ao Usuário da Água (SAUA) – versão 1.0, que dentre os resultados obtidos durante o desenvolvimento do SAUA, destacam-se: - definição da arquitetura do sistema; - construção do protótipo; - especificação e construção do sistema de informações existente e geradas; - inserção da análise multicritério com uso de indicadores e do método AHP (Processo de Análise Hierárquica) e; - construção da interface A etapa de construção da primeira versão do sistema é dada como concluída. Porém, por ser ferramenta auxiliar ao gerenciamento de recursos hídricos, o SAUA deve ter continuidade. Os desdobramentos institucionais, legislativos, organizacionais, econômicos e ambientais têm influência integral na constituição do SAUA e seguirão moldando equipamentos, programas, componentes, instalações e meios de comunicação ligados ao tema gerenciamento de águas. Como recomendações tem-se: - ampliação dos conjuntos de dados disponíveis; - inclusão de outros modelos matemáticos; - implementação de lógicas heurísticas na análise/avaliação de cenários e utilização de modelagem 3D, além de imagens (aéreas/satélites) no geoprocessamento e, - inclusão de ferramentas para disponibilização de dados na internet e acesso remoto a informações utilizadas pelo sistema, dando mais condições para a tomada de decisões quanto ao gerenciamento dos recursos hídricos. Volume IV: consta do Manual do Usuário do Sistema LISTA DE TABELAS Tabela 7. 1 - Componentes conceituais do sistema .................................................................... 3 Tabela 7. 2 - Banco de dados socioeconômicos ....................................................................... 13 Tabela 7. 3 - Banco de dados dos aspectos físicos ou geo-ambientais..................................... 13 Tabela 7. 4 - Banco de dados hidrológicos............................................................................... 14 Tabela 7. 5 - Demandas atuais para os reservatórios em estudo - 2002 ................................... 16 Tabela 7. 6 - Demandas futuras a curto prazo para os reservatórios em estudo - 2007 ........... 16 Tabela 7. 7 - Demandas futuras a médio prazo para os reservatórios em estudo - 2012..........17 Tabela 7. 8 - Demandas futuras a longo prazo para os reservatórios em estudo - 2022 .......... 17 Tabela 7. 9 - Vazões afluentes média, mínima e máxima no eixo da barragem ......................19 Tabela 7. 10 - Vazões mínimas remanescentes mensais no período de 1973 - 1990............... 19 Tabela 7. 11 - Resumo das características dos reservatórios....................................................19 Tabela 7. 12 - Resumo das demandas e disponibilidades das barragens em estudo ................ 20 Tabela 7. 13 - Relação Demanda x Disponibilidade ................................................................20 Tabela 7. 14 - Detalhe dos nós da rede de fluxo da área da bacia em estudo........................... 25 Tabela 7. 15 - Municípios por região para cálculo indicador consumo per capita...................32 Tabela 7. 16 - Valores médios dos parâmetros produção média “por área” e “por emprego”.32 Tabela 7. 17 - Resumo dos critérios, atributos, parâmetros e indicadores ...............................37 Tabela 7. 18 - Escala de SAATY adaptada para uso do SAUA...............................................38 Tabela 7. 19 - Mapas socioeconômicos e físicos inseridos no SAUA .....................................45 i LISTA DE FIGURAS Figura 7.1 - Subsistemas do SAUA e suas interligações............................................................ 4 Figura 7.2 - Estrutura geral dos módulos e fluxos de informações. ........................................... 5 Figura 7.3 - Esquema funcional do módulo de georreferenciamento ........................................ 6 Figura 7.4 - Esquema funcional do módulo de inferência.......................................................... 8 Figura 7.5 - Esquema funcional do módulo da base de dados ................................................... 8 Figura 7.6 - Esquema funcional do módulo de modelagem ....................................................... 9 Figura 7.7 - Esquema funcional do módulo de interface.......................................................... 10 Figura 7.8 - Fluxograma das informações da Matriz de Recursos Hídricos. ........................... 21 Figura 7.9 - Estrutura de consultas das informações existentes e geradas pelo SAUA ........... 22 Figura 7.10 - Sistema dos reservatórios da bacia do rio Paraguaçu ......................................... 24 Figura 7.11 - Sistema de rede de fluxo visualizado no SAUA................................................. 26 Figura 7.12 - Resumo dos Critérios e Atributos....................................................................... 36 Figura 7.13 - Estrutura hierárquica do processo de análise multicriterial do SAUA ............... 39 Figura 7.14 - Estrutura de dados e apresentação do sistema de informações...........................41 Figura 7.15 - Estrutura física dos bancos de dados do sistema de informações do SAUA...... 42 Figura 7.16 - Tela de entrada no SAUA................................................................................... 43 Figura 7.17 - Tela principal do Sistema de Apoio ao Usuário de Água - SAUA..................... 44 Figura 7.18 - Tela principal do SAUA aplicada a bacia do rio Paraguaçu............................... 45 Figura 7.19 - Mapas comparativos de aspectos socioeconômicos da bacia. ............................ 46 Figura 7.20 - Mapas comparativos de aspectos físicos da bacia. ............................................. 46 Figura 7.21 - Tela de zoom no município de Miguel Calmon.................................................. 47 Figura 7.22 - Tela de acesso aos dados socioeconômicos do município de Miguel Calmon... 48 Figura 7.23 - Tela de acesso aos dados físicos do município de Miguel Calmon, destacando hidrografia e uso do solo .................................................................................................. 48 Figura 7.24 - Zoom da barragem de França.............................................................................. 49 Figura 7.25 - Janela dos dados físicos da barragem de França................................................. 50 Figura 7.26 - Janela da Matriz de demandas x disponibilidades da barragem de França ........50 Figura 7.27 - Matriz de recursos hídricos apresentando demandas urbanas ............................ 51 Figura 7.28 - Janela dos cenários criados no sistema e seus valores constituintes................... 52 Figura 7.29 - Janela de criação de um novo cenário ................................................................ 53 Figura 7.30 - Criação do Cenário Atual ................................................................................... 54 Figura 7.31 - Criação do Cenário 1 .......................................................................................... 54 Figura 7.32 - Criação do Cenário 2 .......................................................................................... 55 Figura 7.33 - Janela de edição dos cenários (como exemplo a barragem de Apertado) ..........55 Figura 7.34 - Tela apresentando a rede hídrica utilizada para simulação................................. 56 Figura 7.35 - Janela de ponderação das importâncias relativas dos atributos, critérios e barragens........................................................................................................................... 57 Figura 7.36 - Janela de especificação das importâncias relativas dos atributos do critério ambiental .......................................................................................................................... 57 Figura 7.37 - Janela de especificação das importâncias relativas dos critérios........................58 Figura 7.38 - Janela de simulação dos cenários........................................................................ 59 Figura 7.39 - Janela de apresentação dos resultados da simulação dos cenários ..................... 59 Figura 7.40 - Janela de apresentação dos indicadores gerados para os cenários...................... 60 Figura 7.41 - Tela com resultado final da análise multicritério................................................ 61 ii SUMÁRIO 7 SISTEMA DE APOIO À DECISÃO PARA O GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO RIO PARAGUAÇU ......................... 1 7.1 Introdução................................................................................................................... 1 7.2 Sistema de Apoio aos Usuários de Água (SAUA) ..................................................... 2 7.2.1 Arquitetura do sistema ....................................................................................... 2 7.2.2 Sistema de informações do SAUA .................................................................... 12 7.2.3 Alocação de água ............................................................................................. 28 7.2.4 Análise multicritério ......................................................................................... 28 7.2.5 Interface............................................................................................................ 40 7.2.6 Estrutura de dados e procedimentos do sistema .............................................. 40 7.3 SAUA da bacia do rio Paraguaçu ............................................................................. 42 7.3.1 Telas de acesso ao SAUA ................................................................................. 43 7.3.2 Sistema de informações existentes e geradas no SAUA ................................... 45 7.3.3 Procedimento de análise multicritério do SAUA .............................................52 7.4 Considerações Finais e Conclusões.......................................................................... 61 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA...................................................................................... 65 iii 7 7.1 SISTEMA DE APOIO À DECISÃO PARA O GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO RIO PARAGUAÇU Introdução A dinâmica econômica em uma bacia hidrográfica pode alterar suas características físicas, como por exemplo impermeabilização do solo e desmatamento e potencializar a demanda pelo uso da água que, principalmente na região semi-árida, leva a grandes conflitos pelo uso dos recursos hídricos. Esses conflitos tendem a minimizar por meio da alocação ótima da água, que em outras palavras significa dizer uma melhor distribuição deste recurso, levando em consideração a disponibilidade hídrica da bacia e seus usos mais preponderantes. No entanto, esta alocação deve respeitar os princípios culturais e interesses dos usuários da bacia e ser baseada em informações que variam no espaço e no tempo e estão relacionadas com suas características naturais. O sistema de gerenciamento dos recursos hídricos é baseado em um processo complexo, onde o sistema de apoio a decisão (SAD) apresenta-se como poderosa ferramenta, auxiliando os gestores na tomada de decisão e permitindo que indivíduos e grupos de diferentes interesses percebam a relevância de seus resultados. Dentro deste contexto, o presente capítulo tem como objetivo apresentar informações sobre o desenvolvimento de um SAD, que neste projeto é denominado de Sistema de Apoio ao Usuário da Água (SAUA), para ser aplicado ao gerenciamento de recursos hídricos da Bacia do Rio Paraguaçu. Este sistema tem a função principal de auxiliar o Comitê de bacia na articulação de ações necessárias a compatibilização do uso, controle e proteção dos recursos hídricos. O SAUA é uma ferramenta de grande importância, pois facilita a implementação do planejamento e gerenciamento de recursos hídricos, agrupando um grande número de informações da bacia hidrográfica, relacionando suas características climatológicas, físicas, hidrológicas e antrópicas, permitindo a composição e simulação por modelagem hidrológica de vários cenários com diferentes configurações de alocação da água e classificá-los por meio da análise multicritério, segundo os interesses de preservação das características ambientais e desenvolvimento dos seus setores econômico e social, expresso pelo Comitê de bacia, incorporado pelos usuários, sociedade civil e poder público. O SAUA atende ainda os princípios da Lei Federal nº. 9.433/97, que menciona o Comitê de bacia como responsável pelo gerenciamento dos recursos hídricos na bacia hidrográfica, implementa um sistema de informações sobre recursos hídricos, que é um dos instrumentos de gestão desses recursos, e descentraliza a obtenção e produção de dados. Na Bahia, a Lei Estadual nº 6.855/95 não apresenta o Comitê de bacia como um organismo responsável pelo gerenciamento dos recursos hídricos, apesar de incentivar a sua formação, estando neste momento em processo de reformulação. O SAUA foi desenvolvido para o gerenciamento dos recursos hídricos dos principais reservatórios, existentes ou projetados, da Bacia do Rio Paraguaçu (Baraúnas, Casa Branca, Apertado, Bandeira de Melo, França, São José do Jacuípe e Pedra do Cavalo). Esse critério de análise por reservatórios foi adotado porque as demandas pelo uso da água tendem a se concentrar nos locais de maior oferta hídrica, tendo como conseqüência o aumento da possibilidade de geração de conflitos. Esta segmentação também facilita a caracterização de usos, disponibilidades e contribui para a estruturação do gerenciamento das águas. A interface do SAUA, ou seja, módulo de diálogo entre o sistema e o usuário, apresenta-se em forma matricial, facilitando a visualização e análise dos resultados obtidos e 1 consequentemente a identificação da solução mais adequada aos objetivos propostos. Com este intuito, a conceituação e a estruturação da matriz foram feitas, definindo e apresentando informações consideradas relevantes para o planejamento e o gerenciamento dos recursos hídricos, como também foram contempladas as informações possíveis de serem geradas com auxílio de processos de simulação e análises de alternativas. A Bacia do Rio Paraguaçu, localizada na região centro-leste do Estado da Bahia, foi escolhida para construir e aplicar o SAUA por apresentar grande diversidade e intensidade de atividades econômicas com alto nível de degradação, resultando em comprometimento da disponibilidade hídrica e conflitos pelo uso da água em seus mananciais. Cabe ressaltar, que o Comitê da Bacia do rio Paraguaçu ainda encontra-se em processo de formação, tornando o desenvolvimento do sistema um desafio ainda maior, onde algumas dúvidas não podem ser respondidas de forma imediata. No entanto, as reuniões realizadas para formação da comissão pró-comité possibilitaram a interação do corpo técnico com grupos de usuários, sociedade civil e poder público, apresentando vantagens na utilização do programa. É importante lembrar que, apesar de ter sido desenvolvido para a Bacia do Rio Paraguaçu, o SAUA tem dentro da sua estrutura de dados parte dos resultados obtidos no subprojeto Enquadramento de Rio Intermitente - Caso de Estudo Rio Salitre, detalhado e apresentado no Volume II. Isto se dá pelo fato do SAUA, em futuras versões, ser aplicado a outras bacias da região semi-árida podendo unir em um único sistema um grande número de informações, tornando-se um eficiente sistema de tomada de decisões para esta região. Com o objetivo de descrever todo desenvolvimento e aplicação do SAUA, este capítulo será apresentado em 4 partes: i) introdução; ii) Sistema de Apoio aos Usuários de Água (SAUA), onde é descrito todo processo metodológico de desenvolvimento do sistema; iii) SAUA da bacia do rio Paraguaçu, onde são apresentadas as telas e funções do sistema e iv) considerações finais e conclusões. A seguir será apresentado o processo de desenvolvimento e aplicação do sistema de apoio aos usuários de água para a bacia do rio Paraguaçu. 7.2 7.2.1 Sistema de Apoio aos Usuários de Água (SAUA) Arquitetura do sistema A arquitetura básica do SAUA foi definida a partir de cinco elementos: i) especificação dos componentes conceituais; ii) definição das entidades funcionais; iii) representação da estrutura do sistema; iv) descrição dos módulos operacionais e v) descrição dos fluxos de dados entre os módulos operacionais; Estes elementos são partes de uma especificação inicial de desenvolvimento, enfocando aspectos que caracterizam os objetivos a serem alcançados, de acordo com a metodologia de desenvolvimento de sistemas, baseada na análise de objetos. Desta forma, são colocados em evidência elementos que contribuem para a composição das etapas seguintes, onde são implementados processos pertinentes à engenharia de sistemas. Os dois principais blocos constituintes da arquitetura deste sistema são: a estrutura de dados, que organiza todas as informações necessárias ao processamento e a estrutura de procedimentos, que é composto por funções e rotinas, com suas interligações. Essa especificação foi estabelecida como um conjunto de diretivas de desenvolvimento, que se aplicam, em primeira instância, ao problema do gerenciamento de recursos hídricos, sendo que seu conteúdo deve ser alterado ao longo do processo de otimização das decisões de gerenciamento, pois os estudos sobre sistemas de apoio ainda são recentes e a especificação 2 do SAUA é, tão somente, uma contribuição para o desenvolvimento de tecnologias próprias e adaptadas às condições observadas na região semi-árida. 7.2.1.1 Especificação dos componentes conceituais A definição dos componentes conceituais foi feita a partir de uma visão mais geral dos objetos de interesse do sistema, focalizando o gerenciamento de recursos hídricos. Para isto, foram definidos 4 tipos de componentes: objetos, procedimentos, processos e objetivos, conforme a Tabela 7.1. Tabela 7. 1 - Componentes conceituais do sistema Objetos bacias, gestor, usuários, captações, mananciais, poços, reservatórios, adutoras, capacidade, quantidade, qualidade, disponibilidade, eficiência, preços, datas, setores Procedimentos aumento, diminuição, início, final, permanência, transformação, priorização, criação, eliminação Processos demanda, abastecimento, irrigação, poluição, tratamento, reutilização, transferência, gerenciamento, alocação, setorização Objetivos ambientais, econômicos, políticos, tecnológicos, demográficos, sociais, hidrológicos, industriais, comerciais, estéticos, históricos. Estes componentes conceituais foram submetidos a um quadro de possíveis cenários gerados pelas preferências dos usuários, onde foram considerados os aspectos relevantes na montagem do modelo do sistema. Dentre estes se destacam: i) o balanceamento das demandas x disponibilidades de acordo com os vários critérios; ii) o acompanhamento das mudanças naturais e antrópicas; iii) a geração de resultados comparativos e explicativos das condicionantes do processo e iv) a realimentação das fontes de dados com a transformação de resultados em novos registros. 7.2.1.2 Definições das entidades funcionais As entidades funcionais consistem nos principais objetos do sistema e foram definidas com base nas necessidades de informação relacionada aos requisitos de especificação de um SAD aplicado ao gerenciamento dos recursos hídricos. As entidades definidas foram: - - - Bacia hidrográfica - área multidimensional limitada e especificada como escopo para aplicação do sistema, sobre a qual são feitas buscas e gerações de informações; Plano Diretor da Bacia - conjunto de informações oficiais e diretrizes para a gestão dos recursos hídricos; Usuários do sistema - representam atores ou grupos de atores interessados nos recursos que serão alocados, pertencentes ao Comitê do Paraguaçu; Gerenciamento de recursos hídricos - processo de alocação das demandas atuais e futuras pela distribuição dos recursos hídricos disponíveis e projetados a partir do balanço demanda x disponibilidade, considerando os diversos aspectos envolvidos na tomada de decisão; Gestor - representa o conjunto de usuários responsáveis pela tomada de decisões, segundo a Lei nº. 9.433/97 é o Comitê de bacia, cujas necessidades básicas são compilação, estruturação e análise de informações envolvidas na geração de decisões satisfatórias quanto a sistemas que funcionam baseados em critérios múltiplos e sujeitos a incertezas, como os recursos hídricos; Cenários - formados por conjuntos de informações que caracterizam uma determinada situação, podendo representar o estado atual do sistema, o estado futuro através de simulações e/ou hipóteses de políticas de gerenciamento; 3 - - - - Hipóteses - possibilidades de ocorrências. São representadas por expressões do tipo: “se isto acontecer, o que acontecerá com esse aspecto do sistema?”. No caso do SAUA, estas hipóteses fazem referência à alocação de água. Simulações de Cenários - procedimentos com utilização de algoritmos matemáticos e geração de tendências sobre parâmetros determinados, fornecendo informações relevantes sobre o comportamento hídrico da bacia; Avaliação de Cenários - geração de um conjunto de indicadores, que são obtidos a partir de procedimentos efetuados sobre os dados da base do sistema, conjugados com dados gerados pelo processo de simulação. Este conjunto de indicadores pode ser analisado pelo gestor (Comitê de bacia) e constitui-se de uma parte dos dados de entrada para o processo de análise dos cenários. Análise dos Cenários - procedimento de comparação entre os indicadores dos cenários. Esta análise é baseada em uma metodologia multicriterial na determinação da escolha mais adequada entre as alternativas (cenários) e tem como objetivo obter eficiência na distribuição de água, onde a melhoria da relação custo-benefício, avaliada segundo as preferências dadas aos critérios da análise, juntamente com a sensibilidade às incertezas ambientais, é chave para o processo decisório. 7.2.1.3 Representação da estrutura do sistema O SAUA é um sistema de informações que pode ser estudado e trabalhado por intermédio dos seus subsistemas. Neste relatório, o conjunto destes subsistemas, seus mecanismos de funcionamento, suas estruturas internas e suas inter-relações, constituíram a forma de representação da estrutura geral do sistema SAUA. Cabe ressaltar que subsistemas são partes operacionais e especializadas do SAUA, formados por grupos de operações particulares, efetuadas por um ou mais softwares, sobre um conjunto de dados de entrada e saída. No SAUA, estes subsistemas foram definidos como: interface, informação, análise, avaliação e inferência, conforme a Figura 7.1, que apresenta também as interligações entre os subsistemas. Figura 7.1 - Subsistemas do SAUA e suas interligações O subsistema de interface consiste em uma estrutura visual gráfica e intuitiva que fornece, de maneira simples, o acesso às funções e aos dados do sistema. Suas funções principais são providas por uma estrutura interativa que estimula o usuário, captura erros e o guia na operação do sistema. Este subsistema representa a visualização espacial sob diversos critérios, com acompanhamento de vários processos podendo ser feita por temas específicos, aplicados a um determinado objeto, como município ou rio. 4 O subsistema de informação forma a base para a tomada de decisão e é o instrumento essencial para a análise de qualquer alternativa, consistindo em um elemento vital para o processo de planejamento. A informação é utilizada no processo de tomada de decisão para minimizar os riscos de forma a maximizar os benefícios. As informações do SAUA foram organizadas em estruturas expansíveis e adaptáveis, devendo suportar necessidades de análises e mudanças no planejamento da gerência e podem ser divididas em dois tipos: existentes e geradas, sendo explicadas no item 7.2.2 Sistema de Informações do SAUA. O subsistema de avaliação utiliza modelos matemáticos para representação, simulação e otimização de cenários de tomada de decisão, verificando a aplicabilidade das opções de gerenciamento na busca do uso adequado dos sistemas de água. Os resultados podem aparecer em uma escala temporal ou através de índices de confiabilidade do sistema como um todo. O subsistema de análise utiliza um método multicriterial para comparar indicadores representativos dos cenários gerados pelos usuários, com base na atribuição da importância relativa, apresentada no item 7.2.4 Análise Multicritério. A aplicação deste método resulta na indicação do cenário mais adequado de acordo com as definições dos pesos. O subsistema de inferência consiste em procedimentos que definem o relacionamento lógico das operações e informações entre os diversos subsistemas do SAUA. A forma de representação deste relacionamento define o funcionamento virtual dos outros subsistemas, comandando as necessidades de trocas de dados e estabelecendo o processo operacional de acordo com a legislação em vigor, que pode ser formalizado em sentenças programáveis. Para melhor entendimento, estes subsistemas foram reorganizados em cinco módulos, onde: os subsistemas de inferência e de análise foram incluídos no módulo de inferência; o de avaliação que gerou o módulo de modelos; o de informação que é o módulo de base de dados; o de interface que gerou o módulo de interface e o módulo de geoprocessamento. Os módulos foram interligados por fluxos de informação, conforme a Figura 7.2 com a estrutura geral do SAUA. Figura 7.2 - Estrutura geral dos módulos e fluxos de informações. A descrição dos módulos operacionais, bem como seus esquemas funcionais estão descritos no item a seguir e são complementados pelos diagramas UML, que representam a estrutura interna do sistema sob os seguintes temas: objetos e classes; modos de uso e atividades. Os diagramas UML para este projeto são apresentados em anexo. 5 7.2.1.4 Descrição dos módulos operacionais Os módulos operacionais do SAUA são conjuntos de definições e procedimentos que representam os requerimentos gerais de um sistema do tipo de “apoio à decisão”. As funções dos módulos operacionais têm suas especificações baseadas na divisão das necessidades de processamento do sistema como um todo e podem ser melhor entendidas a partir dos esquemas funcionais que apresentam a forma como estão definidos os blocos de operações dentro dos módulos. Estes blocos são tratados como entidades lógicas individualizadas e abertas no sentido da definição de atributos. Conforme já mencionado, para o SAUA foram estabelecidos cinco módulos operacionais: o de geoprocessamento, responsável pela visualização das informações espaciais da bacia; o de inferência, conjunto de procedimentos formais que definem o relacionamento lógico entre os subsistemas do SAUA; o da base de dados, que consiste em estruturas de dados inter-relacionadas; o de modelagem, conjunto de procedimentos necessários à utilização de modelos matemáticos para simulação de situações operacionais envolvendo diversos aspectos ambientais da bacia; o de interface que é responsável pela interação do usuário com o SAUA. Estes módulos são descritos com mais detalhes a seguir. Módulo de geoprocessamento Este módulo é responsável pela visualização das informações espaciais, podendo apresentar diversos aspectos da situação atual, dos cenários e das mudanças ocorridas. Nele a conexão entre imagens temáticas e suas informações associadas é estabelecida, funcionando como acesso as informações. A Figura 7.3 apresenta o esquema funcional deste módulo. Figura 7.3 - Esquema funcional do módulo de georreferenciamento A principal atribuição do módulo de geoprocessamento consiste na exibição de estruturas espaciais georreferenciadas (shapes) de acordo com as informações requeridas pelo usuário, propiciando comparação visual dos aspectos físicos e/ou socioeconômicos da bacia. Este módulo é constituído por quatro blocos lógicos: programação; visualização; biblioteca de mapas e shapes (temas); e, acesso à base de dados. O primeiro bloco é formado por rotinas que executam funções gerais de georreferenciamento com base em parâmetros definidos pelo módulo de inferência, além de ativar as rotinas de acesso às informações provenientes do módulo da base de dados. O segundo bloco se comporta como um componente incorporado ao módulo de interface que contém funções pré-definidas para manipulação de entidades gráficas georreferenciadas. O bloco da biblioteca de mapas e shapes 6 consiste em estruturas gráficas exibidas pelo sistema e sobre as quais serão feitas as operações de visualização. O último bloco, de acesso à base de dados, interage diretamente com o módulo de base de dados requisitando e gerando conjuntos de dados, que são então manipulados de forma a apresentar visualizações de acordo com as necessidades dos cenários e opções definidas pelos gestores. Para melhor visualização dos temas, quando se está estudando uma determinada região, o SAUA provê a facilidade de configuração das suas características, com texturas diversas e cores de linhas divisórias. Os temas utilizados por esta versão do SAUA são: Divisão Municipal; Hidrologia; Geologia; Solos; Usos do Solo; Vegetação; Barragens; Postos Pluviométricos e Postos Fluviométricos. A rede hídrica, utilizada para simulação do comportamento hídrico de cenários, também é acessada de forma georreferenciada, sendo que os usuários podem verificar os resultados das simulações diretamente no mapa da bacia, quando a rede hídrica é exibida. O módulo de geoprocessamento foi programado em MS Visualbasic 6, sendo sua base de dados desenvolvida em MS Access 2000 e acessada com o uso de ODBC (Open Data Base Connectivity) e DAO (Data Aceess Objects), a geração de temas foi feita com uso do ESRI Arcview 3.2 e a representação espacial em ESRI Map Objects 2.2. Estes softwares foram selecionados por serem, individualmente, mais adequados para programação de sistemas de apoio a decisão que manipulam informações de uma bacia do porte do rio Paraguaçu. Módulo de inferência O módulo de inferência compõe-se de um conjunto de procedimentos formais que define como deve ser o relacionamento lógico das operações e informações entre os diversos subsistemas do SAUA. Além disto, executa as funções de análise multicriterial através de comparações entre as variantes dos cenários. Este módulo tem como atribuição integrar-se com outros a partir do gerenciamento das necessidades de trocas de dados com base em sentenças programáveis, sendo responsável pela execução de procedimentos de análise multicriterial utilizando índices do sistema e/ou das informações geradas pelos modelos matemáticos acoplados. O gerenciador de parâmetros, o conjunto de normas, o conjunto de valores e o comparador constituem nos blocos lógicos operacionais do módulo de inferência. Estes blocos são apresentados no esquema funcional, conforme a Figura 7.4. O gerenciador de parâmetros determina como entram e se direcionam as informações manipuladas pelo módulo, enquanto o conjunto de normas, que é formado por sentenças organizadas recursivamente, estabelece o corpo lógico integrado. O conjunto de valores armazena definições de grupos de variantes do sistema formando referências para operação geral e o comparador consiste na estrutura hierárquica comparadora que envolve procedimentos heurísticos de verificação de correspondência, além de efetuar procedimentos de análise multicriterial sobre informações geradas pelas estruturas matemáticas de simulação e otimização acopladas ao sistema. 7 Figura 7.4 - Esquema funcional do módulo de inferência Nesta versão do SAUA, o módulo de inferência é constituído apenas das rotinas responsáveis pela implementação do procedimento de análise multicriterial (AHP), executado sobre cenários de demandas e prioridades de atendimento, criados pelos usuários. O módulo de inferência é programado em linguagem C++, com acesso à base de dados através de ODBC. Esta linguagem foi selecionada por ter sido projetada para desenvolvimento de sistemas orientados a objetos e por facilitar o emprego de processos de análise multicriterial e decisões heurísticas. Módulo da base de dados Este módulo consiste em estruturas de dados expansíveis e adaptáveis, totalmente interrelacionadas, devendo suportar as necessidades das análises quantitativas (prioritariamente) e qualitativas de água, disponibilizando informações de mudanças no planejamento. Este módulo também gerencia entradas/saídas e ligações entre os bancos de dados e tem a capacidade de armazenar e disponibilizar informações necessárias à execução das operações do sistema, garantindo a sua integridade, bem como gerar consultas que formam conjuntos específicos de informações requisitadas pelos outros módulos e manter as ligações de dados. A Figura 7.5 apresenta o esquema funcional com os blocos operacionais deste módulo. Figura 7.5 - Esquema funcional do módulo da base de dados 8 Pela Figura 7.5, observa-se que este módulo é constituído por quatro blocos lógicos: funcionalidades do usuário, que atende as necessidades de dados dos usuários; procedimentos de GIS, constituído de consultas à base de dados implementadas de acordo com os requisitos das informações do módulo geoprocessamento; requerimentos dos modelos, onde estão definidas as informações que serão disponibilizadas aos modelos matemáticos usados pelo sistema e; o bloco de banco de dados, representado por tabelas, relacionamentos entre elas e estruturas de integridade, sendo composto pelo banco principal e os secundários, que correspondem aos aspectos físico, socioeconômico e hidrológico. O módulo de bancos de dados foi implementado em MS Access 2000 e o seu acesso se dá pelo ODBC (Open Data Base Connectivity), no caso de se utilizar a linguagem C++ e Visual Basic, ou DAO (Data Access Objects), para Visual Basic. Estes softwares foram selecionados por serem os mais adequados ao porte do sistema. Módulo de modelagem O módulo de modelagem é um conjunto de procedimentos necessários à utilização de modelos matemáticos para simulação de situações operacionais envolvendo diversos aspectos ambientais da bacia, com ênfase nos aspectos hidrológicos. Estes modelos são requisitados dependendo da necessidade das análises a serem feitas. Inicialmente o principal modelo do sistema é o MODSIM, utilizado através do seu módulo executável "SimSis.exe". O esquema funcional do módulo de modelagem está apresentado na Figura 7.6. Figura 7.6 - Esquema funcional do módulo de modelagem Este módulo tem como atribuições: a implementação das ligações com os programas de modelagem matemática e o gerenciamento da aplicação dos modelos, busca e envio dos dados necessários e gerados pelos modelos, ao subsistema de informações, sendo composto por quatro blocos operacionais: conjuntos de modelos a serem aplicados representando as descrições funcionais, sobre os quais vão ser determinados os procedimentos de análise de dados; dados requisitados pelos modelos que consiste em um conjunto de indicações referenciando as informações necessárias juntamente com as estruturas de buscas; resultados que são formados por conjunto de descrições de tipo de informação gerada pelos modelos, dados de atualização, integridade e localização destas informações; e, modelos hidrológicos, que consistem em programas identificados e escolhidos para aplicação no sistema, acoplados através de chamadas aos próprios programas ou às suas interfaces. O módulo de modelagem foi implementado através de consultas executadas na base de dados, procedimentos de interface para geração e leitura de arquivos utilizados pelos modelos, além de procedimentos de ativação/controle dos modelos.Nesta versão do SAUA, utilizou-se o modelo MODSIM, sendo seus dados e resultados manipulados por rotinas internas do sistema, que realizam a operação de simulação de forma transparente para o usuário. A 9 simulação, utilizando o MODSIM pode ser feita tomando como dados de entrada para vazões afluentes, séries características de anos secos, médios e úmidos. Módulo de interface O módulo de interface é responsável pela interação do usuário com o SAUA. Esta interação acontece através de telas sobrepostas a uma tela principal, onde estão dispostas as principais funções do sistema, com ênfase na apresentação espacial da bacia e no georreferenciamento de suas informações. Este módulo tem como objetivo fornecer ao usuário uma maneira simples e direta de acesso às funções do sistema, bem como representar de forma gráfica, textual e numérica aspectos ambientais, econômicos, sociais e técnicos, relevantes para a tarefa de tomada de decisão. Associado a isto, o módulo de diálogo disponibiliza o acesso a parâmetros de funcionamento geral e específico do sistema, criando um ambiente operacional dedicado à otimização da busca de soluções para as necessidades das tarefas de gerenciamento dos recursos hídricos da bacia de forma a proteger partes do sistema contra acessos indevidos. A Figura 7.7 apresenta o esquema funcional deste módulo. Figura 7.7 - Esquema funcional do módulo de interface Este módulo é composto de seis blocos lógicos: abertura do sistema, que faz a verificação de integridade geral do SAUA, inicia registro de operações, sinaliza pendências ou problemas no sistema e executa procedimentos de inicialização; das funcionalidades, sejam elas das análises, avaliações, políticas e informações, que disponibilizam as funções de acesso, processamento e apresentação de dados das respectivas operações e o controle de cenários, que estabelece o cenário atual e identifica outros possíveis, determinando quais funcionalidades são disponibilizadas. O módulo de interface foi programado em MS Visualbasic 6, com uso de ODBC para acesso à base de dados, por serem estes os softwares mais adequados para este tipo de programação. 10 7.2.1.5 Descrição dos fluxos de dados entre os módulos operacionais Os fluxos de dados entre os módulos do SAUA são constituídos por trocas de conjuntos de dados ou instruções de comando, que são passadas de um módulo para outro com o objetivo de realizar determinadas tarefas. Estes fluxos ocorrem em dupla direção, de acordo com as necessidades dos módulos. Os fluxos de dados foram agrupados pelos módulos para os quais estão associados. Os fluxos de dados F1, F2, F3 e F4 dizem respeito às funções da interface do sistema. Os fluxos F1, F5 e F7 realizam atribuições do módulo de geoprocessamento. Os fluxos F2, F8 e F9 estão associados aos procedimentos de modelagem, os fluxos F4, F6, F7 e F9 executam tarefas de acesso à base de dados e os fluxos F3, F5, F6 e F8 processam informações do módulo de inferência. O fluxo F1 ocorre quando o usuário acessa espacialmente informações geradas pela aplicação dos modelos ou deduzidas pelo módulo de inferência ou ainda fornecidas pelo próprio usuário. As funções ativadas por este fluxo são aplicadas diretamente no software SIG do módulo de geoprocessamento, que obedece às configurações definidas pelo usuário em seus cenários. Como principais informações deste fluxo tem-se: comandos de acesso ao software SIG, parâmetros de configuração do software SIG, imagens georreferenciadas em formatos 2D e 3D e o acompanhamento das alterações em imagens causadas pelas alterações em circunstâncias condicionantes dos cenários. O fluxo F2 também faz parte da interface do usuário e é ativado quando se verifica e/ou se altera diretamente conjuntos de parâmetros dos modelos. As principais informações deste fluxo referem-se aos parâmetros de configuração dos modelos, à escolha de dados de entrada e aos controles de acesso/visualização dos resultados dos modelos. O fluxo F3 é ativado quando o usuário verifica e altera as diretrizes definidas na política de gerenciamento do usuário e verifica as conclusões lógicas da aplicação da política, recebendo sugestões, análises de consistência entre informações do sistema e do usuário. As principais informações deste fluxo dizem respeito às instruções de composição da política de gerenciamento, aos resultados de análises e simulações a respeito da situação do sistema como um todo e aos comandos de controle de simulações. O fluxo F4 acontece quando o usuário verifica e altera organizadamente informações e a estrutura da base de dados, exporta, importa dados, realiza consultas, gera relatórios. As principais informações deste fluxo são: comandos de acesso à base de dados, resultados de consultas, grupos de dados formatados em relatórios e controles de visualização. O fluxo de dados F5 é ativado quando o módulo de geoprocessamento gera resultados da aplicação georreferenciada dos parâmetros dos cenários com constatações poligonais de interesse. Estas constatações são cruzadas com outros conjuntos de dados para verificação da integridade do sistema. As principais informações deste fluxo consistem nos parâmetros de configuração do software GIS, nos resultados de consultas espacializadas e nos conjuntos de dados adicionais. No caso do fluxo de informação F6, o módulo de inferência consulta e altera informações na base de dados, define a aplicabilidade de conjuntos de dados de acordo com a política definida pelo usuário. Suas principais informações dizem respeito às instruções de gerenciamento da base de dados, aos resultados de consultas específicas e aos conjuntos de dados específicos dos cenários e das políticas de gerenciamento. No fluxo F7, o módulo de geoprocessamento busca e coloca conjuntos de informações na base de dados, mantendo a integridade entre o georreferenciamento, os dados textuais dos 11 cenários e de seus processos de análise. Principais informações deste fluxo: conjuntos de dados georreferenciados, caracterização dos cenários em estudo, resultados de consultas poligonais em temas apresentados, séries temporais para visualização de mudanças. No fluxo F8, o módulo de inferência define parâmetros para os modelos, analisa a coerência dos resultados e constrói constatações a partir da combinação destes resultados. As principais informações deste fluxo são: instruções e comandos para a escolha dos modelos e dos dados a serem usados por estes modelos, conjuntos filtrados de informações resultantes da aplicação dos modelos. O fluxo F9 acontece quando a base de dados fornece parâmetros para os modelos e recebe os resultados da aplicação destes, mantém todas as informações a serem usadas pelos modelos, bem como seus resultados. As principais informações deste fluxo são: parâmetros e dados para avaliação pelos modelos, resultados da aplicação dos modelos, informações sobre inconsistências, regras de aplicabilidade dos modelos. 7.2.2 Sistema de informações do SAUA A base de informação é a fundação de qualquer procedimento organizacional. A partir do seu conteúdo são definidas as capacidades do sistema de informações, o qual a tornará utilizável. Na determinação da melhor estrutura para uma base de informações é necessária a definição de suas unidades básicas de relacionamento. No caso aqui abordado, a unidade principal é a bacia hidrográfica, a partir dela são especificadas unidades de acesso aos diversos conjuntos de dados associados aos aspectos socioeconômicos, geo-ambientais e hidrológicos. O sistema de informação, como tratado neste projeto, é do tipo SIG (Sistema de Informações Georreferenciadas), isto significa que as informações trabalhadas pelo sistema estão associadas a posições geográficas identificadas em temas como: divisão municipal, geologia, vegetação e outros. Um sistema desse tipo facilita ao usuário a ligação das informações a aspectos concretos do mundo espacial que representa a região em estudo, bem como o monitoramento do estado dos recursos hídricos, avaliando cenários atuais e futuros. As informações que estabelecem a dependência entre demanda hídrica e realidade sócio-econômica são constituídas de dados secundários com respeito aos municípios que compõe a bacia. Estes parâmetros podem direcionar o uso da água bem como priorizar ações de gestão na bacia. As informações existentes estão estruturadas em quatro bancos de dados secundários e um banco principal, o qual vincula todos os outros bancos e mantém os dados das análises. Os bancos secundários são: geo-ambiental; socioeconômico; hidrológico e; dados do modelo MODSIM. As informações destes bancos se conectam, sendo processadas a nível pontual ou espacial. A nível pontual, encontram-se barramentos, postos pluviométricos e fluviométricos e a nível espacial, encontram-se municípios, tipos de solos, vegetação, entre outros. O cruzamento destas informações é efetuado com o aplicativo de geoprocessamento. Estes dados foram obtidos em fontes secundárias, sendo elaborada uma revisão e consolidação dos diagnósticos físico e socioeconômico da bacia do Paraguaçu com o objetivo de desenvolver e testar o sistema a partir do preenchimento de matrizes. A seguir são descritas as informações existentes no banco de dados do sistema e as informações possíveis de serem geradas através destas. 12 7.2.2.1 Informações existentes no SAUA Aspectos socioeconômicos A caracterização socioeconômica foi apresentada no Capítulo 4 identificando elementos demográficos, econômicos e sociais, de forma a fornecer, como indicadores as demandas consuntivas e as não consuntivas. Estas informações foram inseridas no banco de dados socioeconômicos do sistema, conforme a Tabela 7.2, consistindo na base para diversas análises. Tabela 7. 2 - Banco de dados socioeconômicos Informação Humano Animal Agricultura Temas População urbana e rural total dos municípios População urbana e rural abastecida pelas barragens Consumo per capita Taxas de crescimento Densidade demográfica IDS x IDE Saneamento População animal População animal abastecida pelas barragens Consumo per capita Taxas de crescimento Cultura Área irrigada Área com potencial de irrigação Fonte IBGE Projetos Executivos de Barragens EMBASA IBGE IBGE SEI IBGE IBGE Projetos Executivos de Barragens EMBASA IBGE IBGE Projetos Executivos de Barragens Relatórios de Barragens Aspectos físicos A caracterização física ou geo-ambiental foi apresentada no Capítulo 4 abordando os estudos climáticos, de vegetação, de solos, usos do solo, geológicos e hidrogeológico. Nestes estudos foram obtidas a caracterização e a distribuição espacial dos tipos litológicos, identificação e caracterização dos tipos de solos; avaliação do equilíbrio dos recursos hídricos e de macrozoneamento das águas subterrâneas. Estas informações foram inseridas no banco de dados dos aspectos físicos ou geo-ambientais e estão apresentadas na Tabela 7.3. As informações geo-ambientais foram processadas num sistema de informações geográficas composto por dados cartográficos e temáticos e tabelas com dados descritivos. Este sistema tem aplicações que permitem a digitalização, gestão, manipulação, análise, modelação e visualização de dados georreferenciados possibilitando a constante atualização dos dados inseridos. Tabela 7. 3 - Banco de dados dos aspectos físicos ou geo-ambientais Informação Área dos municípios Área dos municípios inseridos na bacia Clima Vegetação Solos Usos do solo Geologia Hidrogeologia Fonte IBGE Plano Diretor ANA DDF EMBRAPA SEI CBPM IBGE No estudo climatológico, os temas abordados foram: tipo climático, temperatura, umidade, evaporação e insolação. Estes fatores interferem direta ou indiretamente na determinação da disponibilidade hídrica da região. 13 Aspectos hidrológicos As informações referentes aos aspectos hidrológicos estão apresentadas na Tabela 7.4 juntamente com a sua fonte. Tabela 7. 4 - Banco de dados hidrológicos Informação Dados pluviométricos Dados fluviométricos Estações climatológicas Curso d´água Dados de Barragens Fonte ANA ANA SEI ANA Projetos Executivos No inventário das estações pluviométricas e fluviométricas foram inseridas todas as informações que descrevem o posto, como a bacia, o rio, o município, a localização e o acesso, bem como a sua área de influência. As informações referentes às barragens são apresentadas a nível pontual, onde são abordadas suas características como os níveis operacionais máximo e mínimo, a função cota x área x volume, os volumes máximo e mínimo e as vazões regularizadas. Os dados hidrológicos foram inseridos no sistema já consistidos. A análise e a consistência dos dados pluviométricos foram realizadas utilizando a metodologia de dupla massa e tendo como objetivo complementar as séries de dados das estações que apresentassem alguma lacuna. Esta metodologia é baseada em processos iterativos de ajuste de uma curva dupla acumulada, obtida pela soma dos valores acumulados, onde os ajustes são realizados de acordo com parâmetros de calibragem e de correlação. O preenchimento de falhas foi executado a nível mensal, a partir das médias de longo período dos totais mensais do próprio posto analisado. Para o conjunto de postos pluviométricos foi realizada uma análise local considerando o raio de influência entre os postos e características topográficas, como altitude dos postos (DNAEE, 1994). A seleção dos postos principais foi realizada a partir da proximidade dos reservatórios estudados. O preenchimento das falhas das estações fluviométricas foi realizado a partir do teste de continuidade e correlação de áreas com postos próximos quando se verificava a homogeneidade do comportamento hidrológico entre as séries (SANTOS et al., 2001). Em função da inexistência ou insuficiência de registro fluviométrico nos pontos estudados foram utilizadas duas metodologias para gerar as vazões médias mensais nos eixos das barragens: (i) correlação de áreas de drenagem e (ii) aplicação de modelo de simulação hidrológica, que neste estudo foi selecionado o "MODHAC" – Modelo Hidrológico Auto-Calibrável, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas – IPH / UFRG (LANNA e SCHWARZBACH, 1989). A escolha das metodologias seguiu, sempre que possível, os estudos apresentados nos projetos executivos das barragens em estudo. Os estudos hidrológicos foram desenvolvidos com o objetivo de determinar as disponibilidades hídricas e caracterização hidrológica dos reservatórios existentes e a serem construídos na bacia hidrográfica. Cabe ressaltar que estes estudos tiveram como base as informações retiradas dos relatórios de cada barragem, que serão descritos a seguir. 14 7.2.2.2 Informações geradas no SAUA Matriz Demanda x Disponibilidade de Projeto A matriz de demanda x disponibilidade de projeto tem como principal função realizar e apresentar o balanço hídrico a curto, médio e longo prazo dos lagos das barragens estudadas e utilizadas (Baraúnas; Casa Branca; Apertado; Bandeira de Melo; França; São José do Jacuípe e Pedra do Cavalo) para o desenvolvimento do sistema, sendo de grande importância para tomada de decisões no processo de gerenciamento dos recursos hídricos, na bacia de estudo. Nesta matriz apresentam-se demandas, disponibilidades hídricas e conseqüentemente o seu balanço hídrico, cujos dados referem-se aos citados nos projetos executivo, de viabilidade e de demandas das barragens, cedidos pelos órgãos responsáveis pela sua elaboração e operação. Todas estas informações, retiradas dos relatórios de cada barragem foram inseridas no banco de dados do SAUA e utilizadas para construção da matriz demanda x disponibilidade de projeto das barragens. - - - - - - Baraúnas: dados obtidos do relatório Estudos de Demanda da Barragem de Baraúnas, realizada pela Superintendência de Recursos Hídricos - SRH, atualmente em processo de revisão. Este relatório dá procedimento aos estudos contidos no relatório Estudo para Otimização do Projeto da Barragem de Baraúnas. Casa Branca: dados apresentados no Estudo de Viabilidade da Barragem de Casa Branca, Tomo I – Relatório dos Estudos Básicos, julho de 2002, realizado pela SRH, atualmente em fase de elaboração. Apertado: dados obtidos no relatório Elaboração de Projeto Executivo da Barragem de Apertado e suas Obras Complementares, Volume I – Relatório do Projeto, Tomo B.1 – Concepção e Estudos Básicos, março/1996, elaborados pela CERB. Bandeira de Mello: dados apresentados no Estudo de Viabilidade de Barragem em uma Área do Médio Paraguaçu, Relatório de Estudos Básicos, Volume I, Tomo I, fev/2000, elaborados pela CERB. França e São José do Jacuípe: dados apresentados no relatório Estudo de Demandas das Barragens de França e Jacuípe, 2003, em desenvolvimento pela SRH. Estes dados correspondem aos mais atuais, portanto em fase de aperfeiçoamento. Pedra do Cavalo: dados de demanda apresentados são os únicos que correspondem aos medidos pela empresa que a opera (EMBASA - unidade OMPB - Barragem), não sendo portanto dados secundários. Dados obtidos dia 10 de abril de 2003. As demandas estudadas foram divididas em atuais, ano 2002, e futuras, anos 2007, 2012 e 2022, caracterizadas como curto, médio e longo prazo, respectivamente. Os dados retirados destes relatórios correspondem aos relacionados às demandas de projeto (humana, animal e irrigação - únicos setores abastecidos pelas barragens em estudo). As demandas ecológicas foram retiradas da avaliação da disponibilidade hídrica da bacia. Os estudos apresentam como demanda atual para setor agrícola, aquelas correspondentes às áreas irrigadas no ano de elaboração dos relatórios, e demandas futuras como sendo as das áreas potenciais para irrigação. Como este tipo de estudo não relaciona a demanda com os respectivos anos de acontecimento, considerou-se como demanda atual e curto prazo aquelas apresentadas nos relatórios como sendo as das áreas irrigadas no ano de projeto, e a médio e longo prazo com as áreas potencialmente irrigáveis. 15 É de grande relevância salientar que: - - - - este estudo de demanda consiste na obtenção de dados preliminares que subsidiam a elaboração da Matriz de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paraguaçu; as demandas apresentadas para as barragens de Baraúnas, São José do Jacuípe e França ainda não correspondem a dados oficiais, pois, ainda encontram-se em fase de execução e ou revisão; as demandas apresentadas nos relatórios das barragens de Baraúnas e Bandeira de Melo são as máximas diárias, enquanto que as demais são as médias diárias; as demandas atuais são consideradas consistentes para os reservatórios de São José do Jacuípe e França, por ter seus dados retirados de relatórios elaborados através de dados primários, e Pedra do Cavalo por ter seus dados cedidos pela empresa operadora da barragem. As demais demandas foram estimadas a partir dos estudos populacionais e consumos “per capita” apresentados nos projetos executivos; para a barragem de Pedra do Cavalo, foram fornecidos até o momento pela empresa operadora dos dados de vazões atuais, ficando pendente as demandas futuras que serão calculadas para outras versões de aperfeiçoamento do sistema e para as demais barragens, as demandas futuras foram estimadas nas projeções populacionais dos projetos executivos, sendo a de irrigação a mais crítica. Quanto aos estudos apresentados nos projetos das barragens, os relatórios específicos demonstram que, de maneira geral, as demandas para consumo humano e animal foram calculadas seguindo os métodos padrões para estudos deste tipo. As projeções populacionais foram obtidas através de processos estatísticos que mais se adequaram a cada região, através de dados de órgãos como IBGE e FNS obteve-se as populações de referência para as projeções e taxas de crescimento. Os consumos “per capita” apresentados foram os indicados pelas empresas de abastecimento de água do Estado, EMBASA e CERB, segundo o grau de urbanização das cidades e comunidades rurais e porte do animal. Após estudos e análises dos relatórios dos projetos executivos das barragens, obteve-se os resultados das demandas atuais, curto, médio e longo prazo, conforme as Tabelas de 5 a 8. Tabela 7. 5 - Demandas atuais para os reservatórios em estudo - 2002 Barragens Baraúnas Casa Branca Apertado Bandeira de Melo França São José do Jacuípe Pedra do Cavalo Abastecimento humano zona urbana zona rural 38,51 22,89 0,74 6,20 57,31 35,82 60,55 11,42 256,10 50,25 7.983,60 - Dessedentação animal 4,52 46,41 21,33 61,76 - Irrigação TOTAL 95,40 809,26 1.805,44 571,05 962,65 436,17 - 161,32 810,00 1.811,64 710,59 1.055,95 804,28 7.983,60 Tabela 7. 6 - Demandas futuras a curto prazo para os reservatórios em estudo - 2007 Barragens Baraúnas Casa Branca Apertado Bandeira de Melo França São José do Jacuípe Pedra do Cavalo Abastecimento humano zona urbana zona rural 44,42 24,06 0,84 7,54 68,90 37,29 66,00 12,38 283,76 54,46 - Dessedentação animal 4,64 46,41 21,33 61,76 - Irrigação 95,40 809,26 1.805,44 571,05 962,65 436,17 - TOTAL 168.52 810.10 1.812.98 723.65 1.062.36 836.15 - 16 Tabela 7. 7 - Demandas futuras a médio prazo para os reservatórios em estudo - 2012 Barragens Baraúnas Casa Branca Apertado Bandeira de Melo França São José do Jacuípe Pedra do Cavalo Abastecimento humano zona urbana zona rural 61,06 25,28 0,96 9,18 82,16 38,86 71,93 13,42 300,08 57,15 - Dessedentação animal 4,75 46,41 21,33 61,76 - Irrigação TOTAL 1.070,40 809,26 7.638,40 29.578,77 962,65 1.036,04 - 1.161.49 810.22 7.647.58 29.746.20 1.069.33 1.455.03 - Tabela 7. 8 - Demandas futuras a longo prazo para os reservatórios em estudo - 2022 Barragens Baraúnas Casa Branca Apertado Bandeira de Melo França São José do Jacuípe Pedra do Cavalo Abastecimento humano zona urbana zona rural 73,46 27,93 1,26 13,59 114,34 42,36 86,23 15,76 377,08 69,30 - Dessedentação animal 5,00 46,41 21,33 61,76 - Irrigação TOTAL 1.070,40 809,26 7.638,40 29.578,77 962,65 1.036,04 - 1.176.79 810.52 7.651.99 29.781.88 1.085.97 1.544.18 - Verifica-se que nas barragens de Baraúnas, Casa Branca, Apertado, Bandeira de Melo, França e São José do Jacuípe as demandas para irrigação são as mais expressivas, o restante distribuí-se entre consumo humano, demanda ecológica e dessedentação animal, sendo este último o de menor expressão. A longo prazo, estima-se que a vazão para irrigação terá um grande aumento em relação aos demais setores, isto acontecerá caso as áreas potencialmente irrigáveis venha a ser realmente irrigadas. A distribuição das demandas pode ser facilmente explicada. As barragens de Casa Branca e Apertado estão localizadas no trecho do Alto Paraguaçu, região caracterizada como uma das menos populosas do Estado e também menos urbanizada. A densidade populacional é de 10,8 hab/km2, o que indica claramente um grande vazio populacional em vários pontos. Em relação ao consumo humano, estas barragens atenderão apenas a sede de Mucugê e algumas pequenas comunidades próximas ao seu lago. Quanto as barragens de São José do Jacuípe, França e Bandeira de Mello, estas estão localizadas no trecho do Baixo e Médio Paraguaçu, uma área densamente ocupada com 32,94 hab/km2, superior a média do Estado de 20 hab/km2. As três barragens abastecerão mais de 60 comunidades, entres sedes e pequenas localidades. Esta área da bacia também apresenta uma diversificação na atividade agrícola em todos os seus 59 municípios, que junto com a pecuária representa uma das principais atividades econômicas da região. A barragem de Bandeira de Melo, localizada no trecho de Médio e Baixo Paraguaçu, está próxima a grandes perímetros irrigados como Flamengo, Caldeirão, Piranhas, Canabrava, Canto do Gado, Colônia do Incra e Moreno. Na Barragem de Pedra do Cavalo, as demandas para consumo humano são as mais significativas, sendo as demandas para irrigação desprezíveis. Futuramente, a barragem atenderá também uma demanda para geração de energia elétrica, no entanto, o valor da demanda para este fim ainda não está definido. A disponibilidade, estimada para determinar o balanço hídrico, foi estabelecida como a vazão regularizada da barragem, não sendo, portanto um elemento gerado pelo sistema. No entanto, este gera uma disponibilidade que corresponde à quantidade de água existente na bacia e que pode ser utilizada para atender as necessidades hídricas no eixo da barragem, definindo as vazões médias mensais, a partir de duas metodologias: (i) correlação de áreas de 17 drenagem ou (ii) aplicação de modelos de simulação hidrológica, seguindo os estudos apresentados nos projetos executivos das barragens. As vazões médias mensais para o eixo da barragem servem de base para o cálculo da curva de permanência, a Q90% e vazão ecológica. Estes estudos tiveram como base dados de estações climatológicas, pluviométricas e fluviométricas. A fonte dos dados referentes a clima foi desenvolvido pela SEI (1999), já os dados pluviométricos e fluviométricos foram obtidos a partir do sistema de informações hidrológicas da Agência Nacional de Águas (ANA), cujos arquivos estão disponíveis na internet no site http://hidroweb.aneel.gov.br/HidroWeb.asp. Os reservatórios existentes na bacia do rio Paraguaçu, considerados neste estudo, possuem armazenamento superior a 50 hm³. Estes reservatórios são: Apertado (204,11 hm³), França (59 hm³), São José do Jacuípe (355 hm³) e Pedra do Cavalo (5.330 hm³). Quanto aos projetados destacam-se aqueles com capacidade de armazenamento superior a 20 hm³ que são os de Baraúnas (39 hm³), de Casa Branca (22,37 hm³) e de Bandeira de Melo (318 hm³). A metodologia de cálculo da vazão ecológica seguiu recomendação da legislação estadual de recursos hídricos do Estado da Bahia (BAHIA, 1997), tendo-se adotado o valor de 20% da vazão com permanência de 90% (20% Q90%), que relaciona a vazão ou nível d´água de um rio com probabilidade de ocorrerem valores iguais ou superiores, sendo calculada para as vazões médias mensais simuladas para o eixo da barragem. Para caracterização pluviométrica da bacia foram identificadas 131 estações, sendo que estas estações estão localizadas na área da bacia e nas proximidades. Foram cinco postos selecionados para análise. Para os reservatórios de Baraúnas, Casa Branca e Apertado o posto pluviométrico representativo da região foi o posto de Andaraí, cujo código é 01241008. O posto pluviométrico de Itaetê (01240012) se mostrou representativo para o reservatório de Bandeira de Melo e os postos França (01140010) e Gavião II (01139022), para os reservatórios de França e São José do Jacuípe, respectivamente. No reservatório de Pedra do Cavalo foi utilizado o posto pluviométrico do lago da barragem. A partir do inventário de estações fluviométricas da Agência Nacional de Água – ANA, foram identificadas 30 estações que se localizam ao longo da calha do rio Paraguaçu e de seus principais afluentes. Para o reservatório de Baraúnas o posto fluviométrico representativo foi o de Cocho dos Malheiros (51135000), no Rio Cochó. O posto de Andaraí (51120000) se mostrou mais representativo para os reservatórios de Casa Branca e Apertado, sendo preenchido por correlação de área com o posto de código 51190000. Para o reservatório de Bandeira de Melo, o posto selecionado foi o de Iaçu (51280000), preenchido por correlação de área com o posto 51240000. Os postos de França (51410000) e Gavião II (51430000) foram os mais representativos para os reservatórios de França e São José do Jacuípe, respectivamente, onde um posto preenchia o outro a partir da correlação de área. Para o reservatório de Pedra do Cavalo, o posto utilizado foi o de mesmo nome, cujo código é 51999100, de responsabilidade da EMBASA. Foram consideradas as características pluviométrica e fluviométrica, identificando as vazões características médias mensais e as ecológicas, para um período em comum de 18 anos consecutivos, compreendido entre 1973 a 1990. A partir deste período foram determinadas as vazões características médias mensais dos barramentos e as vazões ecológicas. O estudo completo encontra-se em Anexo. As características fluviométricas no eixo das barragens representadas pelas vazões mínimas, médias e máximas são apresentadas na Tabela 7.9. 18 Tabela 7. 9 - Vazões afluentes média, mínima e máxima no eixo da barragem Reservatório Baraúnas Casa Branca Apertado Bandeira de Melo França São José do Jacuípe Pedra do Cavalo Vazão média (m³/s) 0,87 1,18 9,98 61,2 2,5 3,27 105,20 Vazão mínima (m³/s) 0,19 0,08 0,70 5,10 0,00 0,00 4,60 Vazão máxima (m³/s) 6,98 5,93 49,60 444,20 28,8 142,5 1.860,00 Uma das conclusões foi que os dados obtidos da vazão mínima no eixo do reservatório de Pedra do Cavalo foram inferiores aos encontrados no eixo do reservatório de Bandeira de Melo. Essa situação deve-se a uma seca intensa ocorrida no ano de 1998, quando as vazões a partir de Itaetê foram gradativamente consumidas pelas diversas captações de água para irrigação, sem ocorrer a contribuição de vazão no trecho até Pedra do Cavalo (EMBASA, sd). A vazão ecológica ou vazão mínima a ser restituída ao rio foi 20% da vazão com 90% de permanência (Q90%). A curva de permanência foi calculada para as vazões médias mensais afluentes aos eixos das barragens estudadas para um período de 18 anos, com início em 1973 e término em 1990, período comum aos dados hidrológicos existentes na bacia. A Tabela 7.10 apresenta as vazões mínimas que escoam para jusante, por descarga de fundo ou por qualquer outro dispositivo que não inclua bombas de recalque para o eixo de cada reservatório. Tabela 7. 10 - Vazões mínimas remanescentes mensais no período de 1973 - 1990 Reservatório Baraúnas Casa Branca Apertado Bandeira de Melo França São José do Jacuípe Pedra do Cavalo Vazão mínima (m³/s) 0,04 0,04 0,33 2,18 0,02 0,00 2,40 A Tabela 7.11 apresenta um resumo dos resultados obtidos com este estudo da caracterização hidrológica dos reservatórios existentes e a serem construídos na bacia do rio Paraguaçu. O período inicialmente analisado foi de 1973 a 1990, que compreende o período comum a todos os reservatórios. Tabela 7. 11 - Resumo das características dos reservatórios Mucugê Mucugê Itaetê Piritiba 139,40 21,37 22,37 1,00 1.166,00 108,69 204,11 10,87 17.047,20 121,68 318,00 15,30 1.910,00 24,19 59,00 1,20 São José do Jacuípe Jacuípe São José do Jacuípe 4.584,00 216,00 355,00 7,50 0,81 8,90 18,18 0,40 2,20 67,00* 0,04 0,33 2,18 0,02 0,00 2,46 Rio Casa Apertado Branca Cochó Catorzinho Paraguaçu Município Seabra Nome do reservatório Baraúnas Área km² 1.624,00 útil 39,00 Volumes (hm³) máximo mínimo 2,85 Vazão regularizada 1,21 m³/s (90% garantia) Vazão ecológica m³/s 0,04 Bandeira de Melo Paraguaçu Jacuípe França Pedra do Cavalo Paraguaçu Cachoeira / São Félix 52.881,29 49.68,99 5.330,00 2.985,00 * com garantia de 100% de permanência 19 O balanço hídrico - demanda x disponibilidade tem como objetivo verificar a possibilidade de existência de conflitos de uso da água entre usuários do lago das barragens, permitindo a tomada de decisões e formulação de cenários segundo os usos preponderantes e interesses locais. O balanço foi feito com os dados estudados e apresentados anteriormente, sendo realizado para um cenário atual e três cenários futuros. O cenário atual corresponde ao ano de 2002 e os cenários futuros aos anos de 2007 (curto prazo), 2012 (médio prazo) e 2022 (longo prazo). Deve-se salientar que as disponibilidades hídricas das barragens correspondem àquelas referentes ao seu volume útil, compreendido entre volume máximo e mínimo de acumulação e as demandas consuntivas observadas nas barragens e as não consuntivas. Esses dados também foram utilizados para construir a Matriz de demanda x disponibilidade da bacia, um sistema de informações que apresenta valores de demanda retirados do lago de cada barragem, a suas disponibilidades hídricas e o seu balanço, como será mostrado adiante. As Tabelas 7.12 e 7.13 apresentam um resumo dos totais demandados e disponibilidades hídricas das barragens em estudo obtidas através da Matriz do Balanço Demanda x Disponibilidades das Barragens da Bacia do Rio Paraguaçu. Cabe ressaltar que na demanda total de cada barragem, além das apresentadas nas Tabelas 7.5 a 7.8, foram incluídas as vazões mínimas remanescentes ou ecológicas da Tabela 7.10. Tabela 7. 12 - Resumo das demandas e disponibilidades das barragens em estudo Barragem Baraúnas Casa Branca Apertado Bandeira de Melo França São José do Jacuípe Pedra do Cavalo Demanda média (l/s) Atual Curto Prazo Médio Prazo Longo Prazo (2002) (2007) (2012) (2022) 201,32 208,52 1.201,49 1.216,79 850,00 850,10 850,22 850,52 2.141,64 2.142,98 7.977,58 7.981,99 2.890,59 2.903,65 31.926,20 31.961,88 1.075,95 1.082,36 1.089,33 1.105,97 804,28 836,15 1.455,03 1.544,18 10.383,60 - Disponibilidade (l/s) 90% 100% 1.210,00 810,00 8.900,00 18.180,00 400,00 2.200,00 - 67.000,00 Tabela 7. 13 - Relação Demanda x Disponibilidade Barragem Baraúnas Casa Branca Apertado Bandeira de Melo França São José do Jacuípe Pedra do Cavalo Atual (2002) 16,64 104,94 24,06 15,90 268,99 36,56 15,50 Demanda / Disponibilidade (%) Curto Prazo (2007) Médio Prazo (2012) Longo Prazo (2022) 17,23 99,30 100,56 104,95 104,97 105,00 24,08 89,64 89,69 15,97 175,61 175,81 270,59 272,33 276,49 38,01 66,14 70,19 - Os resultados indicam um alto comprometimento das demandas para as barragens de França e Casa Branca, cujas capacidades de atendimento já se encontram esgotadas caso essas barragens venham a satisfazer todas as demandas solicitadas. A barragem de Bandeira de Melo apresenta sua disponibilidade superada a partir do ano de 2012 (médio prazo). No entanto, isto só acontecerá caso as áreas com potenciais de irrigação venham a ser utilizadas. A Figura 7.8 apresenta um fluxograma, onde é possível observar a seqüência em que os dados para geração da matriz demanda x disponibilidade de projeto são computados, determinando o balanço hídrico. É importante enfatizar que esta matriz apresenta um processo de consulta permitindo ao usuário consultar as informações dos municípios. Os dados que podem ser consultados estão listados na Figura 7.9. 20 Figura 7.8 - Fluxograma das informações da Matriz de Recursos Hídricos. 21 Figura 7.9 - Estrutura de consultas das informações existentes e geradas pelo SAUA 22 Comportamento da Rede Fluxo Conforme mencionados no Capítulo 3, vários modelos computacionais de gerenciamento dos recursos hídricos foram identificados e parcialmente avaliados, sendo a utilização de modelos de rede de fluxo considerada a mais positiva, pois conseguem representar o sistema a partir de uma rede formada por “nós” e “arcos”. Dentre estes modelos, selecionou-se o MODSIM para ser aplicado na bacia do rio Paraguaçu, por ser versátil, bem documentado e testado em diversas situações. Este modelo simula e otimiza uma rede de fluxo de volumes armazenados em reservatórios e sua distribuição para as demandas prédefinidas quanto à quantidade de água necessária e prioridade de atendimento, identificando o cenário que faz uma alocação mais otimizada da água e fornece subsídios para gerar planos operacionais. Sua aplicação é realizada através da atribuição das prioridades em pontos de cálculo e dos custos ou prêmios para indicar ou bloquear o caminho da água pelo sistema. O SAUA utiliza o “núcleo” funcional do MODSIM (SimSis), através de uma interface própria, projetada para atender especificadamente as necessidades do estudo. Os dados de trabalho do modelo são mantidos em um banco de dados próprio vinculado ao banco de dados principal do sistema. Para simulação e verificação do comportamento da rede hídrica, é necessária a elaboração dos cenários, que são compostos por um conjunto de informações indispensáveis para realização do processo de simulação da rede de fluxo do MODSIM. Estas informações dividem-se em: demandas solicitadas pelos usuários, especificadas por barragem e por setores abastecidos (consumo humano urbano, consumo humano rural, irrigação, industria e ecológico); prioridades de atendimento das barragens e das demandas. Estas prioridades variam numericamente de 1 a 99, sendo que a menor e maior prioridade correspondem ao maior e menor valor numérico respectivamente. Cabe ressaltar que a demanda ecológica sempre terá prioridade sobre as demais durante o processo de elaboração dos cenários, garantindo a vazão mínima necessária para a manutenção da vida aquática, tendo portanto sempre prioridade 1. Além dos cenários elaborados, existem ainda os cenários atuais e de projeto que podem ser tomados como base para a elaboração de novos cenários. Os dados desses cenários são carregados diretamente do sistema de informação do SAUA, não podendo ser alterados pelos usuários. Nesta primeira versão do sistema, considerou-se como cenário atual aquele previsto nos projetos executivos das barragens para o ano em curso. Para a aplicação do modelo de rede de fluxo na bacia do rio Paraguaçu, foi construído o sistema de recursos hídricos representado como uma rede de fluxo composto de sete reservatórios (Casa Branca, Apertado, Baraúnas, Bandeira de Melo, França, São José do Jacuípe e Pedra do Cavalo) com demandas e pontos de controle, conforme a Figura 7.10 que apresenta a esquematização do sistema. Este sistema foi representado por uma rede composta de 54 nós, detalhados na Tabela 7.14, e 53 links. Os nós são referentes aos 7 reservatórios, 4 nós de passagem e 43 nós de demanda destinados ao abastecimento humano rural e urbano, dessedentação animal, indústria, irrigação e vazão mínima (demanda ecológica). É importante lembrar que esta rede de fluxo não é visualizada pelo usuário, mas por uma interface própria do SAUA. 23 Figura 7.10 - Sistema dos reservatórios da bacia do rio Paraguaçu 24 Tabela 7. 14 - Detalhe dos nós da rede de fluxo da área da bacia em estudo Nome Apertado Bandeira de Melo Baraúnas Casa Branca França Pedra do Cavalo S. J. Jacuípe AP_abs_urb AP_abs_rur AP_irr AP_ind AP_des AP_Qec BA_abs_urb BA_abs_rur BA_irr BA_ind BA_des BA_Qec BM_abs_urb BM_abs_rur BM_irr BM_ind BM_des BM_Qec CB_abs_urb CB_abs_rur CB_irr CB_ind CB_des CB_Qec FR_abs_urb FR_abs_rur FR_irr FR_ind FR_des FR_Qec PC_abs_urb PC_abs_rur PC_irr PC_ind PC_des PC_Qec D_FINAL SSJ_abs_urb SSJ_abs_rur SSJ_irr SSJ_ind SSJ_des SSJ_Qec 5112 51170000 5119 5124 Tipo Reservatório Reservatório Reservatório Reservatório Reservatório Reservatório Reservatório Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda Demanda No De Passagem No De Passagem No De Passagem No De Passagem Correspondência Física Barragem do Apertado Barragem de Bandeira de Melo Barragem de Baraúnas Barragem de Casa Branca Barragem de França Barragem de Pedra do Cavalo Barragem, de São José do Jacuípe Demanda Abastecimento Urbano da Barragem de Apertado Demanda Abastecimento Rural da Barragem de Apertado Demanda Irrigação da Barragem de Apertado Demanda Industrial da Barragem de Apertado Demanda Dessedentação Barragem de Apertado Demanda Ecológica Barragem de Apertado Demanda Abastecimento Urbano da Barragem de Baraúnas Demanda Abastecimento Rural da Barragem de Baraúnas Demanda Irrigação Barragem de Baraúnas Demanda Industrial da Barragem de Baraúnas Demanda Dessedentação da Barragem de Baraúnas Demanda Ecológica Barragem de Baraúnas Demanda Abastecimento Urbano da Barragem de Bandeira de Melo Demanda Abastecimento Rural da Barragem de Bandeira de Melo Demanda Irrigação Barragem de Bandeira de Melo Demanda Industrial da Barragem de Bandeira de Melo Demanda Dessedentação Barragem de Bandeira de Melo Demanda Ecológica Barragem de Bandeira de Melo Demanda Abastecimento Urbano da Barragem de Casa Branca Demanda Abastecimento Rural da Barragem de Casa Branca Demanda Irrigação Barragem de Casa Branca Demanda Industrial da Barragem de Casa Branca Demanda Dessedentação Barragem de Casa Branca Demanda Ecológica Barragem de Casa Branca Demanda Abastecimento Urbano da Barragem de França Demanda Abastecimento Rural da Barragem de França Demanda Irrigação Barragem de França Demanda Industrial da Barragem de França Demanda Dessedentação Barragem de França Demanda Ecológica Barragem de França Demanda Abastecimento Urbano da Barragem de Pedra do Cavalo Demanda Abastecimento Rural da Barragem de Pedra do Cavalo Demanda Irrigação Barragem de Pedra do Cavalo Demanda Industrial da Barragem de Pedra do Cavalo Demanda Dessedentação Barragem de Pedra do Cavalo Demanda Ecológica Barragem de Pedra do Cavalo Demanda Final após Confluência dos rios Demanda Abastecimento Urbano da Barragem de São José do Jacuípe Demanda Abastecimento Rural da Barragem de São José do Jacuípe Demanda Irrigação Barragem de São José do Jacuípe Demanda Industrial da Barragem de São José do Jacuípe Demanda Dessedentação Barragem de São José do Jacuípe Demanda Ecológica Barragem de São José do Jacuípe Vazão Incremental de Contribuição do posto 51120000 Vazão Incremental de Contribuição do posto 51170000 Vazão Incremental de Contribuição do posto 51190000 Vazão Incremental de Contribuição do posto 51240000 25 A Figura 7.11 apresenta a forma como a rede de fluxo é visualizada pelo SAUA. Esta rede é formada pelos 7 reservatórios analisados e suas respectivas demandas, sendo utilizada para simulação do comportamento hídrico da bacia, considerando os reservatórios estudados, seus dados característicos, séries de vazões afluentes observadas e geradas, além dos dados de demandas e prioridades de atendimento. Figura 7.11 - Sistema de rede de fluxo visualizado no SAUA Após a construção do esquema do sistema de rede de fluxo, foram inseridos os dados fluviométricos a serem usados como entrada para o modelo de simulação. Estes dados correspondem a 18 anos consecutivos, compreendidos entre 1973 a 1990. Este período é comum para os reservatórios estudados e foi definido em estudo hidrológico. Séries específicas foram geradas neste período filtrando dados de maneira a obter séries anuais representativas para anos com menores, médias e maiores valores de vazão que representam, respectivamente, 3 períodos: ano seco; ano médio e ano úmido. As demandas consideradas na aplicação do modelo foram determinadas no item da Matriz Demanda x Disponibilidade de Projeto que consistem nas médias atuais e futuras solicitadas dos reservatórios, sendo consideradas, nesta etapa, apenas as demandas atuais (2002) que foram fixadas e distribuídas uniformemente ao longo do ano. Observa-se na Figura 7.10 a existência de uma Demanda Final (D FINAL), adotada para receber todo excedente hídrico do sistema, apresentando um grande valor de demanda (10.000 m³/s) e prioridade mínima. Outra demanda considerada no sistema foi à ecológica, vazão mínima, determinada a partir da curva de permanência das vazões afluentes dos reservatórios, com valores atribuídos conforme o estudo hidrológico. Foram considerados também 4 nós de passagem, que representam as vazões incrementais de contribuição da bacia. Os dados necessários para os reservatórios são as características gerais (volumes), as vazões afluentes e as curvas cota (x) área (x) volume (C-A-V). Essas informações encontram26 se na tabela resumo do estudo hidrológico, obtidas nos projetos executivos e de estudo de viabilidade existentes dos reservatórios. Depois de inseridos todos os dados necessários para a aplicação do modelo foram elaborados 6 diferentes cenários de alocação de água para os diversos usos da bacia de forma a entender o comportamento deste problema hídrico e realizada a simulação de cada cenário com a utilização de um modelo de rede de fluxo - MODSIM, versão ACQUANET, determinando a probabilidade de ocorrência de falhas no atendimento das demandas e no processo de operacional dos volumes dos reservatórios. Nos cenários elaborados, as prioridades de atendimento das demandas foram variáveis e as estratégias operacionais diversificadas, de forma que os dados do sistema representem o que está acontecendo na realidade e o que pode vir a acontecer. De acordo com a Lei nº. 9.433/97, as demandas de abastecimento humano e dessedentação animal prevalecem sobre as demais demandas, sendo por isso estabelecidas como prioritárias, após serem atendidas, as demais demandas passam a ter atendimento. A partir destes cenários, pôde-se proceder a análises e avaliações de sistemas e propor soluções para a melhoria do desempenho. A estrutura básica de simulação é composta por variáveis, sejam elas de entrada, de estado ou de saída, de parâmetros do modelo e de intervalo de tempo. A simulação dos cenários compreende três etapas distintas: i) preparação dos dados de entrada do modelo; ii) simulação; e, iii) apresentação e análise das informações de saída. Para todos os cenários o armazenamento desejado dos reservatórios foi de 50% do seu volume. O detalhamento da simulação e análise dos cenários encontra-se em Anexo. Observa-se, a partir desta simulação e análise, que este modelo matemático tem capacidade de representar, satisfatoriamente, o funcionamento do sistema ao longo do tempo, fornecendo elementos necessários para o gerenciamento dos recursos hídricos e permitindo aos tomadores de decisão, uma visão do comportamento futuro do sistema de maneira a auxiliar na distribuição/alocação das águas. Portanto, este modelo foi considerado adequado para ser inserido no SAUA, combinando processos de simulação e otimização, utilizados na análise da complexidade do sistema hídrico. Porém, a limitação deste modelo consiste em efetuar otimização estática, onde as tarefas de simulação do comportamento dos cenários efetuadas geram resultados ao longo de uma escala temporal, tornando necessária avaliação de desempenho, que analisará o comportamento da simulação destes cenários a partir de indicadores, os quais transformam dados em informações relevantes para os tomadores de decisão. A definição destes indicadores encontra-se detalhada no próximo item. Serão inseridas, também, algumas informações adicionais que subsidiarão a avaliação dos cenários perante a análise multicritério, especificamente para o critério ambiental. Estas informações são específicas para cada setor separadamente: - - Abastecimento humano urbano e rural: deverá ser informado se haverá sistema de coleta ou confinamento de esgotamento sanitário e se haverá sistemas de tratamento de efluentes domésticos; Industria: se haverá sistema de tratamento de efluentes industriais; Agricultura: se a cultura é orgânica. Estas informações são inseridas no SAUA para complementar a avaliação dos cenários perante a análise multicritério. 27 7.2.3 Alocação de água O objetivo do sistema SAUA é auxiliar o tomador de decisão na construção, simulação e análise de alternativas de alocação de água para lidar com a crescente escassez de recursos hídricos, buscando mecanismos que ampliem a eficiência no uso da água, ou seja, redução dos desperdícios, pois o uso racional da água torna-se fundamental na maximização do desenvolvimento socioeconômico. Devido às limitações dos recursos hídricos estão sendo desenvolvidas técnicas como gestão da demanda dos diversos usos da água e participação da sociedade no processo de tomada de decisão. Os decisores, que neste sistema são chamados “usuários”, devem estar diretamente envolvidos no processo de alocação da água, pois qualquer possibilidade de alteração da situação atual, necessita de uma análise dos impactos que poderão ocorrer para que possam dar a sua permissão. Esta análise é feita levando em consideração diversos fatores, principalmente se os direitos de uso são estabelecidos, se existem investimentos em tecnologias de uso eficiente de água; questão econômica, social, ambiental Para buscar a eficiência nos usos e o combate à escassez de água são necessárias alternativas tanto no que se refere a oferta de água quanto a demanda para os diversos usos, levando-se em consideração aspectos econômicos, sociais, ambientais, técnicos e políticos, de acordo com a região em questão. A alocação dos recursos hídricos se torna mais viável quando ocorre de forma coletiva, onde os decisores estão mobilizados e dispostos a atuarem com o intuito de aumentar a disponibilidade de água. O processo de alocação da água cria uma flexibilidade às mudanças, respondendo com maior eficiência a gestão dos recursos hídricos, consistindo esta a sua principal vantagem, pois busca adaptar as variadas necessidades hídricas locais à disponibilidade dos recursos hídricos. O processo de alocação de água consiste no ato de distribuir um determinado recurso, que neste estudo é a água, entre os diversos usuários, que aqui se consolida no Comitê de Bacia, representante legal do processo de tomada de decisão para a gestão dos recursos hídricos. Este processo engloba várias atividades, que vão desde da avaliação da disponibilidade hídrica da bacia até a definição dos critérios e das possibilidades de alocação de água, chamadas de “cenários”. 7.2.4 Análise multicritério A inserção da análise multicritério em um sistema de apoio a decisão como o SAUA, tem como principal objetivo submeter os cenários elaborados e simulados pelo MODSIM a critérios e subcritérios que possam avaliar quais deles satisfazem os interesses comuns dos usuários. Interesses esses expressos durante o estabelecimento dos pesos e prioridades dos referidos critérios e subcritérios. O método escolhido para a análise multicritério foi o AHP, por apresentar dentre suas características principais a simplicidade de utilização pelos usuários e a transparência em que se dá o processo decisório, fazendo com que a sua aplicação se torne adequada. Este método fundamenta-se principalmente na capacidade de trabalhar características como diversidade e complexidade de atores, critérios e ações, considerando que a questão dos recursos hídricos não pode estar sujeita a decisões puramente técnicas, econômicas ou políticas. É um método flexível, transparente, permite ampla análise de sensibilidade, além de possibilitar que o próprio decisor opere o modelo, conferindo pesos aos critérios e notas às alternativas. 28 Este método está baseado em três princípios: construção de hierarquias, onde o problema é decomposto em níveis hierárquicos; estabelecimento de prioridades, a partir da atribuição da importância relativa e consistência lógica, onde é possível avaliar o modelo de priorização. O método AHP é detalhado no Capítulo 3. 7.2.4.1 Critérios, atributos, indicadores e parâmetros para avaliação dos cenários Para a avaliação dos cenários serão utilizados três critérios que possuem relevância no processo de desenvolvimento regional da bacia: critério ambiental, socioeconômico e técnico. Cabe ressaltar que o critério político não será processado em nenhum momento pelo sistema e sim por meio de “discussões” entre os representantes do comitê durante todo o processo, desde a construção até a escolha final do cenário mais adequado, ou seja, aquele que atenda aos interesses dos usuários. Estes critérios estão subdivididos em subcritérios, que aqui foram denominados atributos. Cada atributo avaliará, por meio de indicadores, os efeitos de cada cenário. Critério ambiental As demandas solicitadas nos cenários para cada setor produzirão efluentes que podem causar grande efeito nocivo ao meio ambiente, degradando os solos e os recursos hídricos da bacia. A retirada de água dos lagos das barragens também pode comprometer a manutenção da vida aquática a sua jusante. Estes efeitos podem ter amplitudes diferentes para cada cenário e setor abastecido, devendo ser analisados separadamente. Permitindo analisar quais dos cenários têm maior possibilidade de degradação ambiental, este critério será avaliado por quatro atributos: - possibilidade de poluição por efluentes industriais; possibilidade de poluição por efluentes domésticos; possibilidade de poluição por agrotóxicos e fertilizantes; possibilidade de poluição por dejetos de animais. Avaliar a poluição de um corpo hídrico por efluentes domésticos, industriais e agrícolas exige grande número de indicadores bioquímicas (OD, DBO, DQO) e hidrológicos (vazão), que variam no tempo e no espaço. Através destes indicadores é possível obter a curva de depressão de oxigênio do rio, avaliando os impactos sobre os organismos e, consequentemente, os desequilíbrios ecológicos. A falta de informações, sobre a qualidade da água para a Bacia do rio Paraguaçu, impossibilitou o cálculo dos indicadores bioquímicos necessários a avaliação dos impactos ambientais sobre os corpos hídricos, exigindo uma grande campanha de coleta e análise de qualidade da água ao longo dos anos para obter seus valores médios diários ou mensais, obrigando o uso de métodos mais simples para avaliação deste critério. Adotou-se como metodologia, representar os indicadores do critério ambiental por meio das próprias demandas simuladas. Esta opção vem da suposição de que na análise dos cenários, para qualquer indicador, terá maior possibilidade de poluição aquele que tiver maior demanda, pois, gerará mais efluente. No entanto, este quadro se altera caso em algum dos cenários exista sistemas de tratamento de efluentes. Daí a importância das informações adicionais inseridas durante o processo de elaboração dos cenários apresentados no item 7.2.2.2 Informações geradas pelo SAUA em Comportamento da Rede de Fluxo. 29 Critério socioeconômico De maneira análoga ao descrito no critério ambiental, alguns cenários podem apresentar maiores tendências no desenvolvimento socioeconômico da bacia, permitindo melhores condições de “conforto social” e “desenvolvimento econômico”. A avaliação deste critério será feita a partir de cinco atributos: - aumento médio da população urbana e rural com acesso Sistema de Abastecimento de Água (SAA); aumento médio da população urbana e rural com acesso a Energia Elétrica possibilidade de melhora das condições de saúde da população urbana e rural; possibilidade de geração de produção e emprego no setor agrícola; O indicador que avaliará o atributo “aumento médio da população urbana e rural com acesso SAA” será o número médio de pessoas a serem abastecidas pelas demandas médias simuladas, sendo calculadas a partir dos parâmetros consumo “per capita urbano” e consumo “per capita rural”, conforme as seguintes equações: Pu = Qu.86400 qu 1 Pr = Qr.86400 qr 2 Pt = Pu + Pr 3 Onde: - Pu e Pr (hab) - população urbana e rural média atendida; Pt (hab) - população total abastecida; Qu e Qr (m³/s) - demanda média para abastecimento humano urbano e rural simulada qu e qr (l/hab/dia) - consumo “per capita urbano” e “per capita rural” O consumo “per capita” estabelecido para a zona urbana e rural foi, respectivamente, 120 l/hab/dia e 80 l/hab/dia. O indicador que avaliará o atributo “possibilidade de melhora das condições de saúde da população urbana e rural” será a demanda média simulada. A esta demanda será associada, durante o processo de composição dos cenários, a informação de existência ou não de sistema de coleta ou confinamento dos efluentes domésticos. Esta opção vem da suposição de que um sistema de abastecimento de água com coleta ou confinamento dos efluentes domésticos reduzem a possibilidade de contatos com agentes patogênicos presentes nestes efluentes e, consequentemente, melhoria nas condições de saúde pública. Deve ficar claro que esta suposição apresenta-se como caráter primário, pois a melhora dos índices de saúde pública está ligada a vários fatores relacionados com a educação ambiental e infra-estrutura local. O atributo “possibilidade de geração de renda e emprego no setor agrícola” será avaliado a partir do indicador “número médio de empregos gerados” e calculado pelos parâmetros “produção média (ton)/ha e produção média (ton)/empregos” calculados para bacia, seguindo a seguinte ordem: com a demanda média simulada será calculada a área média a ser irrigada (Am) em ha; com o valor da área média e o parâmetro“produção média (ton)/ha” calcula-se a produção média em ton; e por fim, com o parâmetro “produção média 30 (ton)/empregos” calcula-se o número médio de empregos a ser gerados. As expressões utilizadas para os cálculos são apresentadas a seguir. - Cálculo da área média irrigada: Qm = Kc.Ks. Am N .262800 , Am = Qm.N .262800 Kc.Ks 4 onde: - Qm (m³/s) - demanda média simulada pelo MODSIM; Kc - coeficiente de cultura Ks - coeficiente de sombreamento Am (ha) - área média plantada N - eficiência do método de irrigação - Cálculo da Produção média: Pm = Am × pm 5 onde: - Pm (ton) - produção média total Am (ha) - área média plantada pm (ton/ha) - produção média - Cálculo do número de empregos médios gerados Em = Pm em 6 onde: - E - empregos médios a serem gerados Pm (ton) - produção média total em (ton/empregos) - produção média (ton)/empregos Os parâmetros Ks e Kc variam para cada tipo de cultura e o parâmetro N varia para cada tipo de método de irrigação. Para fins de comparação dos cenários utilizou-se valores médios que representam os valores globais: Ks = 0,875, Kc = 1,05 e N =0,725, tornando o sistema mais simples para o usuário. Cabe mencionar, que para outras versões do sistema é necessário um estudo para definir estes parâmetros com mais precisão. Os parâmetros “produção média (ton)/ha e produção média (ton)/empregos” foram obtidos por meio de três informações apresentadas pelo IBGE (2000) para os municípios da Bacia do Rio Paraguaçu: área plantada (ha), produção por cultura (ton) e números de empregos gerados no setor agropecuário. Os cálculos para obtenção dos valores médios desses parâmetros podem ser observados em Anexo. Como a análise multicriterial será avaliada por cenário e por barragem e tendo em vista a grande extensão da bacia e a variedade econômica da região, os valores médios para estes parâmetros foram calculados para três regiões da bacia, cujo critério utilizado foi a proximidade dos municípios com as barragens analisadas no sistema. A região 1, envolve parte dos municípios do alto e médio Paraguaçu próximos as barragens de Baraúnas, Casa Branca, Apertado e Bandeira de Melo. Como todas estas barragens estão próximas, considerou-se o mesmo valor médio para todas elas. A região 2, envolve parte dos municípios do médio Paraguaçu próximos as barragens de França e Sâo 31 José do Jacuípe e a região 3, que envolve parte dos municípios do médio e baixo Paraguaçu próximos a barragem de Pedra do Cavalo. A Tabela 7.15 apresenta os municípios por região. Tabela 7. 15 - Municípios por região para cálculo indicador consumo per capita Região I Barragens: Baraúnas, Casa Branca, Apertado e Bandeira de Melo Andaraí Barra da Estiva Barro Alto Boa Vista do Tupim Boninal Bonito Canarana Iaçu Ibicoara Ibiquera Iramaia Iraquara Itaberaba Itaeté Lajedinho Lençóis Maracás Marcionílio Souza Mucugê Mulungu do Morro Nova Itarana Nova Redenção Palmeiras Piatã Planaltino Ruy Barbosa Seabra Souto Soares Utinga Wagner Região 2 Barragens: França e São José do Jacuípe Baixa Grande Capela do Alto Alegre Capim Grosso Conceição do Coité Gavião Macajuba Mairi Miguel Calmon Morro do Chapéu Mundo Novo Nova Fátima Pé de Serra Pintadas Piritiba Quixabeira Retirolândia Riachão do Jacuípe Santaluz São Domingos São José do Jacuípe Serrolândia Tapiramutá Valente Várzea da Roça Várzea do Poço Região 3 Barragem: Pedra do Cavalo Anguera Antônio Cardoso Cabaceiras do Paraguaçu Cachoeira Candeal Castro Alves Conceição da Feira Cruz das Almas Feira de Santana Governador Mangabeira Ichu Ipecaetá Ipirá Itatim Lamarão Maragogipe Milagres Curitiba Rafael Jambeiro Santa Bárbara Santa Terezinha Santo Estevão São Félix São Gonçalo dos Campos Sapeaçu Saubara Serra Preta Serrinha Tanquinho A Tabela 7.16 apresenta os valores médios dos dois parâmetros para as três regiões. Tabela 7. 16 - Valores médios dos parâmetros produção média “por área” e “por emprego” Regiões Região I Região 2 Região 3 Pm (ton/ha) 3,28 1,88 7,98 em (ton/empregos) 9,87 31,37 6,47 Quanto aos atributos “possibilidade de geração de produção e emprego no setor industrial.” e aumento médio da população urbana e rural com acesso a energia elétrica, estes encontram-se em fase de estudo, devendo seguir a mesma metodologia do indicador “possibilidade de geração de produção e emprego no setor agrícola” e “aumento médio da população urbana e rural com acesso SAA” respectivamente. 32 Critério técnico Este critério tem como objetivo avaliar a viabilidade do cenário quanto as regras operacionais estabelecidas na sua elaboração a partir da atribuição de prioridades de atendimento das demandas e das barragens. Serão utilizados quatro indicadores para a análise da distribuição de água no sistema: confiabilidade, elasticidade, vulnerabilidade e índice de escassez. A confiabilidade mede a freqüência em que o sistema apresenta falha no atendimento, a elasticidade indica com que rapidez o sistema se recupera desta falha, a vulnerabilidade mostra a susceptibilidade do sistema a uma variação dos resultados, ou seja, quanto menor o período de falhas menor é a vulnerabilidade do sistema e o índice de escassez é a relação entre a quantidade de escassez ao longo do ano de operação do sistema e a demanda necessária. Cabe ressaltar que os valores destes indicadores calculados e apresentados pelo SAUA correspondem a valores médios, uma vez que estes são calculados para cada demanda média simulada em cada barragem. - Confiabilidade O índice de confiabilidade qualifica o quanto uma demanda simulada é atendida em um limite desejável. Neste sistema foi definido um percentual de confiabilidade constante de 90%, onde a cada mês que a relação entre a demanda simulada e a demanda necessária apresentar-se abaixo desta confiabilidade é anotada uma falha. O índice de confiabilidade vai representar a divisão dos meses sem falhas pela quantidade de meses da simulação. São etapas do cálculo: Definição de três variáveis: K, que representa a quantidade de meses em estudo. Z, que pode assumir valores 0 ou 1. Z será 1 se demanda mínima desejável no mês i for atingida, caso contrário o valor de Z será 0. Índice percentual para a confiabilidade - representa a porcentagem mínima da demanda necessária que deverá ser satisfeita para que uma demanda seja considerada confiável no mês referido. Iteração para calcular o valor de Z para cada mês Z=1, caso a demanda fornecida >= (índice percentual de confiabilidade * demanda necessária). Z=0, caso contrário. Definição do valor do índice de confiabilidade da demanda: 1 α= K K ∑ Zi 7 i =1 Quanto mais próximo de 1 for o valor de α, melhor será a confiabilidade do cenário. - Elasticidade O índice de elasticidade representa a capacidade de recuperação de um sistema. Considerando o mesmo conceito de falha e estado aceitável que foram adotados no cálculo da confiabilidade, o índice de elasticidade é igual a quantidade de vezes que a demanda passa de um estado inaceitável (com falha) para um estado aceitável dividida pela quantidade de meses que o fornecimento é aceitável. Suas etapas do cálculo são: 33 Utilização da variável Z definida no cálculo da confiabilidade Definição uma variável: W, que pode assumir valores 0 ou 1. W será 1 se a demanda fornecida no mês estiver em estado inaceitável e passar para estado aceitável no mês seguinte. Caso contrário W será 0. Iteração para calcular o valor de W para cada mês Se (em Mêsi Z=0 e em Mêsi+1 Z=1) então W=1; Caso contrário W=0; Cálculo do somatório de W para cada mês e recuperação do somatório de Z já realizado no cálculo de confiabilidade. Definição do valor do índice de elasticidade da demanda pela divisão do somatório de W pelo somatório de Z. Para a definição deste indicador são utilizadas as seguintes equações: ε i ≤ ε max → X i ∈ A → Z i = 0 ε i > ε max → X i ∈ F → Z i = 1 8 X i ∈ A ∧ X i +1 ∈ F → Wi = 1 − caso contrário − → Wi = 0 9 Onde: A e F - situações aceitável e inaceitável criadas a partir da análise da tolerância máxima Xi - performance atual durante o mês i. O tempo médio que a performance é inaceitável é determinado pela Eq. (10) 12 N TF = ∑ i =1 12 N Zi / ∑Wi 10 i =1 O índice de elasticidade é definido pela Eq. (11), sendo o valor recíproco da Eq. (10). γ =T F 11 Quanto maior for esse índice, maior será a capacidade do sistema em recuperar-se, ou seja, indica que o sistema é mais elástico. - Vulnerabilidade O índice de vulnerabilidade representa o quanto a demanda fica abaixo de um limite crítico (percentual da demanda). Na vulnerabilidade, continuará a ser utilizado o conceito de falha usada na confiabilidade e será atribuído um novo conceito a uma outra falha relativa à vulnerabilidade cujo cálculo é idêntico ao cálculo da falha de confiabilidade. Para este estudo de caso, o percentual usado no cálculo da vulnerabilidade é de 20%. O índice de vulnerabilidade será equivalente ao número de meses que o fornecimento fica abaixo do nível de confiabilidade (falha de confiabilidade) e abaixo do nível de vulnerabilidade (falha de vulnerabilidade) dividido pelo número de meses em que há falhas de confiabilidade. Suas etapas do cálculo são: 34 Utilização das variáveis Z e K já definidas Definição de duas variáveis: Y - se a situação é inaceitável em determinado mês. Índice percentual de vulnerabilidade – representa a porcentagem mínima da demanda necessária que deverá ser satisfeita para que uma situação seja considerada aceitável no mês referido. Este valor poderá ser definido pelo usuário nas próximas versões do programa mas na versão atual este valor foi definido como 20%. Iteração para calcular o valor de Y para cada mês Y=1 se (Z=0 e demanda fornecida < percentual de vulnerabilidade * demanda necessária); Y=0, caso contrário. Definição do valor do índice de vulnerabilidade da demanda pela divisão do somatório de Y pelo somatório de Z. As equações utilizadas para a definição deste indicador são: X i ∈ F ∧ ε i ≥ εν → Yi = 1 outros casos → Yi = 0 12 N 12 N i =1 i =1 ν = ∑ Yi /( K − ∑ Z i ) 12 13 Quanto maior o valor da vulnerabilidade, mais vulnerável será o sistema. - Índice de Escassez Indice de escassez é a medida entre a freqüência e quantidade de escassez ocorridas ao longo do ano de operação do sistema durante N anos. O cálculo do índice de escassez é feito com base nos déficits anuais de fornecimento de água na demanda. Primeiramente, são armazenados as demandas de água durante o ano i (di) e os déficits anuais acumulados (si, ) durante todos os meses do ano. Em seguida, calcula-se o somatório dos déficits anuais divididos pelas demandas anuais elevados ao quadrado e divide tal somatório pela quantidade de anos da simulação. Suas etapas do cálculo são: Utilização do número de anos, das demandas necessárias e dos déficits mensais. Definição de três variáveis: Demanda_necessária_anual: armazena demandas necessárias por ano. Demanda_déficit_anual: armazena os déficits acumulados na demanda ao longo do ano, para cada ano em estudo. Somatório_da escassez_anual: representa o valor do somatório de (Demanda Necessária Anual/Demanda Déficit Anual)2 para o ano N. Iteração para calcular as demandas necessárias e os déficits anuais Fator de correção 2,631578947 Cálculo do valor da variável “Somatório escassez Anual”. Definição do valor do índice de escassez da demanda pelo somatório escassez anual * 100/N, onde N é o número de anos. 35 A equação utilizada para a definição deste indicador são: 100 λ= N N s ∑ ( dii ) 2 14 i =1 Quanto maior o valor encontrado deste índice, maior será a quantidade de escassez no sistema ao longo do período analisado. Em resumo a Figura 7.12 e a Tabela 7.17 apresentam os critérios com seus respectivos atributos, parâmetros e indicadores. Figura 7.12 - Resumo dos Critérios e Atributos 36 Tabela 7. 17 - Resumo dos critérios, atributos, parâmetros e indicadores Critério Ambiental Atributo efluentes industriais Possib. efl. domésticos de poluiçã agrotóxicos e fertilizantes o por dejetos animais (difusa) Aumento médio da população urbana e rural com acesso SAA Socioeconômico Possib. de melhora das condições de saúde da população urbana e rural Aumento médio da população com acesso a energia elétrica Possib. geração de renda e emprego no setor agrícola Parâmetros Expressões - - - - - - - - Demanda média simulada (Qm) Per capita urbano e rural (qu e qr) Qu.86400 qu Qr .86400 Pr = qu Pt = Pu + Pr - - Em desenvolvimento Em desenv. Demanda média simulada (Qm), Coef. sombreamento (Ks) e cultura (Kc), efic. método de irrigação (N), produção média/ha (pm) e empregos/ton. (em). Demanda média simulada Pu = ks.kc. Am N .262800 Pm = Am × pm Pm em Em = Em desenv. Em desenv. Confiabilidade K - meses Z - valor 0 ou 1 Indice de confiabilidade - % mínima da dnecessária que deverá ser satisfeita 1 α= K Elasticidade Número médio de empregos gerados Em desenv. K ∑ Zi i =1 ε i ≤ ε max → X i ∈ A → Z i = 0 ε > ε max → X i ∈ F → Z i = 1 i X i ∈ A ∧ X i +1 ∈ F → Wi = 1 − caso contrário − → W = 0 i TF = População média urbana e rural abastecida Demanda média simulada Em desenv. Qm = Possib. geração renda e emprego setor industrial Z – idem confiabilidade W - valor 0 ou 1 Indicadores 12 N 12 N i =1 i =1 ∑ Zi / ∑Wi Demandas mensal necessária e atendida Demandas mensal necessária e atendida γ =TF Técnico Vulnerabilidade Indice de escassez Z e K - utilizadas Y - determina é inaceitável em um mês. Indice de vulnerabilidade - % mínima da dnecessária que deverá ser satisfeita Dnecessária e déficits anuais. Multiplicar fator de correção com déficits e demandas anuais Calcular valor da variável “Somatório escassez Anual”. X i ∈ F ∧ ε i ≥ εν → Yi = 1 − outros casos − → Yi = 0 ν= 12 N 12 N ∑ ∑ Zi Yi / i =1 λ= 100 N Demandas mensal necessária e atendida i =1 N s ∑ ( dii )2 i =1 Nº de anos, demandas mensais necessárias e déficits demandas 37 7.2.4.2 Avaliação e Classificação dos Cenários pela Análise Multicritério Os cenários simulados são avaliados a partir da análise multicritério realizada em 2 etapas. Na primeira etapa é feita a definição das importâncias relativas dos critérios, atributos e barragens e o cálculo dos seus pesos. Na segunda etapa é feita a classificação final dos cenários perante os critérios e atributos. Etapa 1 - Definição importâncias relativas e pesos dos critérios e atributos A importância relativa, tanto dos critérios, atributos e barragens, é definida pelo usuário, utilizando a escala de SAATY (SAATY, 1965) adaptada para uso do SAUA, contendo 5 níveis representados por valores numéricos de acordo com a Tabela 7.18. Tabela 7. 18 - Escala de SAATY adaptada para uso do SAUA Grau de importância muito mais importante mais importante igual importância menos importante muito menos importante Valor 9 5 1 1/5 1/9 A adaptação da escala de SAATY foi feita para simplificar o processo de ponderação dos componentes da estrutura hierárquica de decisão (Figura 7.13) e facilitar o uso do sistema pelos usuários. Esta escala pode ser modificada para a escala SAATY padrão, na medida que os usuários forem se habituando ao processo de análise multicriterial no SAUA. A definição das importâncias relativas é realizada comparando par a par os critérios, atributos e barragens, por exemplo: comparar o critério ambiental com os critérios socioeconômico e técnico e comparar o critério socioeconômico com o técnico. O método AHP definirá o peso de cada critério, atributo e barragem por meio da matriz de importância relativa, que será alimentada pelos valores numéricos da escala de SAATY adaptada e especificados pelos usuários, como já descrito. Etapa 2 - Comparação e classificação dos cenários A comparação dos cenários, perante os atributos e critérios, tem como função classificálos entre os melhores e piores cenários de acordo com as preferências de importâncias definidas pelos usuários. Considerando um critério Ci com um atributo Ai, cujos indicadores são Ic1, Ic2, Ic3,...Icn relacionados cada um ao cenário ci. A comparação e classificação dos cenários c1, c2, c3,...,cn perante o atributo Ai serão realizadas a partir do cálculo dos valores relativos dos indicadores e sua ponderação pelo peso do respectivo atributo. Os valores relativos serão obtidos com a divisão de cada indicador pela sua soma total. Em seguida os valores já ponderados de cada cenário serão ponderados novamente pelo peso do critério Ci. Este procedimento será repetido para cada atributo A1, A2, A3,..., An do critério Ci classificando os cenários de acordo com cada um deles. A comparação e classificação dos cenários para cada critério serão realizadas somando os valores numéricos finais obtidos em cada atributo. Por fim, a classificação final dos cenários será obtida somando os valores numéricos dos cenários obtidos em cada critério. 38 Figura 7.13 - Estrutura hierárquica do processo de análise multicriterial do SAUA 39 Neste processo é importante lembrar que, no critério ambiental, o melhor cenário corresponde aquele que apresente menor possibilidade de poluição por efluentes, ou seja, aquele com menor demanda simulada, que caracteriza-se como indicador. No entanto, durante o cálculo dos valores relativos dos indicadores, terá maior valor aquele cenário que apresentar maior valor de demanda simulada, que passando pelo processo de ponderação, apresentará o maior valor numérico, classificando-se como o melhor cenário dentro dos atributos, indo de encontro a realidade. Para este critério em especial, os valores relativos dos indicadores serão invertidos, passando por um processo de MINIMIZAÇÃO, fazendo com que o melhor cenário seja aquele que apresentar menor vazão e possibilidade de poluição por efluentes. Ainda para o critério ambiental, as informações adicionais inseridas na composição dos cenários passam a ser relevantes no cálculo dos valores relativos. Se, durante a composição de um cenário for especificado, juntamente com a demanda solicitada para abastecimento humano urbano e rural, que haverá sistemas de tratamento de efluentes domésticos, a possibilidade de poluição teoricamente não será nula. Porém, para fins operacionais do sistema, será considerado que o indicador deste cenário para este atributo será zero, sendo a possibilidade de poluição nula. As considerações citadas nos dois últimos parágrafos são válidas para todos atributos do critério ambiental e o atributo “Possibilidade de melhora das condições de saúde da população urbana e rural” do critério socioeconômico. 7.2.5 Interface A interface corresponde ao módulo do sistema que permite o diálogo do usuário com todas as informações existentes e geradas no SAUA, consistindo-se de uma estrutura visual, intuitiva e simplificada, estimulando o usuário na busca das informações para um melhor conhecimento da situação hídrica da bacia em estudo. No SAUA, a interface se apresenta em diversas formas: gráficos, tabelas, mapas, relatórios e em forma de matrizes, onde são visualizadas informações existentes e geradas, como aspectos socioeconômicos, físicos e hidrológicos, consistindo estas, formas sintetizadas dos dados. Estas informações são sempre acessadas através da identificação do objeto da informação em um mapa temático de vegetação, solos, geologia divisão política e outros. A interface completa do sistema inclui: i) interface com usuário – “aparência”, com que o sistema se apresenta ao usuário e como interpreta os comandos do usuário; ii) interface com modelos matemáticos - identifica parâmetros e dados necessários aos modelos e armazena na base de dados os resultados; iii) interface com internet - especifica quais informações são apresentadas e quais dados são obtidos diretamente da rede e; iv) interface com fontes externas de dados - obtém informações através de dispositivos “on-line” ou “off-line”. No caso desta versão do SAUA, apenas a interface com o usuário e com os modelos foi implementada. 7.2.6 Estrutura de dados e procedimentos do sistema Segundo Porto e Azevedo (1997), a estrutura de dados planejada para sistemas de informação aplicados a recursos hídricos deve ser capaz de extrair e filtrar informações de fontes externas, que são então manipuladas por funções internas de edição e segurança. Entre as atribuições da estrutura de dados também se encontra a interface com modelos, coordenando sua execução e o tratamento de seus resultados. A estrutura de dados do sistema de informação do SAUA contempla módulos de armazenamento (bases de dados) e telas de apresentação, como mostra a Figura 7.14. 40 Figura 7.14 - Estrutura de dados e apresentação do sistema de informações Uma descrição desses módulos de armazenamento e telas é apresentada a seguir: - - - - - - - Base de Dados Socioeconômicos – mantém dados de população, saúde, economia, alfabetização, infraestrutura, área total e relativa, localização, demandas e projeções de crescimento de demandas, todos associados aos municípios. Base de Dados Geo-Ambientais – contém dados de alguns dos temas apresentados ao usuário, como: vegetação, solos, climatologia e topografia. Relacionam também aspectos antrópicos como uso do solo. Base de Dados Hidrológicos – contém informações de barragens, postos meteorológicos e hidrológicos, vazões dos mananciais, hidrografia. Base de Dados dos Modelos –espelha-se na estrutura de dados dos modelos a serem utilizados pelo sistema e mantém seus dados organizados por cenários, que por sua vez, relacionam pontos da estrutura hídrica criada para procedimentos de simulação e otimização. Os pontos são: reservatórios, demandas, de passagem, entre outros. Base de Dados de Avaliação e Análise - mantém os dados básicos de funcionamento do sistema, pois contém uma tabela principal de cenários e, a partir destes dados são acessadas todas as outras informações geradas pelo procedimento de avaliação dos índices de performance para o cenário em estudo. Cada grupo de índices está associado a um procedimento de análise. Apresentação Georreferenciada (SIG) – módulo responsável pela associação das informações do sistema a posições espaciais referenciadas pelas coordenadas UTM dos pontos de interesse para o usuário. A quase totalidade das informações do sistema pode ser acessada via mapas temáticos. Matriz Demandas x Disponibilidades – conjunto de valores calculados a partir de dados residentes nas bases socioeconômica, geo-ambiental e hidrológica. Estes dados são referenciados inicialmente pelas barragens cadastradas no sistema. Procedimento de Análise Multicriterial – Apresentação e entrada de informações para: criação de cenários a serem usados em processos de simulação; geração de 41 indicadores de avaliação dos cenários e; comparação multicriterial ponderada dos resultados desta avaliação. A estrutura física, implantada para o armazenamento das informações do sistema, é feita pela definição de um banco de dados principal com a base de dados de avaliação e análise. Todas as tabelas das outras bases de dados são então vinculadas dentro da base principal e seu acesso se dá através desta, conforme a Figura 7.15 e os bancos de dados correspondentes às bases são programadas em MS Access 2000. Principal Avaliação e Análise Modelos Sócio-Econômico tabelas vincul adas Hidrológico tabelas vinculadas tabelas vinculadas Geo-Ambiental tabelas vinculadas Figura 7.15 - Estrutura física dos bancos de dados do sistema de informações do SAUA 7.3 SAUA da bacia do rio Paraguaçu O desenvolvimento do Sistema de Apoio ao Usuário de Água - SAUA – para a bacia do rio Paraguaçu foi realizado em duas fases. Inicialmente foi construído um protótipo, que representa uma versão preliminar, com o objetivo de testar a utilização das ferramentas escolhidas para construção do sistema. O protótipo foi implementado a partir das funções básicas de programação e manipulação de dados do sistema, estabelecendo sua funcionabilidade no sentido de atender às necessidades comuns dos usuários do sistema - o comitê de bacia, quanto à alocação de água, fornecendo informações relevantes sobre a bacia, além de compor cenários possíveis de avaliar a situação hídrica e auxiliá-los no processo de tomada de decisões, servindo de base para implementação de novas funções que definirão o sistema completo. As descrições mais detalhadas sobre o funcionamento das telas do protótipo são apresentadas no manual de utilização do sistema, que encontra-se em anexo. A partir deste protótipo, que gerou um conjunto de alterações de forma e funcionamento no sistema, juntamente com maiores estudos de aplicabilidade, foi possível construir a primeira versão utilizável do SAUA, que consiste na segunda fase do desenvolvimento. Nesta fase, fez-se a construção das rotinas completas do sistema a partir das constatações originadas da experimentação do protótipo, sobre o qual foram então implementadas modificações no sentido de fazer com que o sistema responda de forma mais satisfatória, às questões formuladas pelos usuários. A seguir é apresentada de maneira resumida a versão 1.0 do SAUA, nas quais mostram as principais telas e funções deste sistema, sendo que, as descrições mais detalhadas sobre o 42 funcionamento completo do sistema são apresentadas no seu manual de utilização, que encontra-se em anexo. A apresentação do sistema está dividida em três partes. A primeira consiste nas telas de acesso ao SAUA. A segunda, que engloba os módulos de bases de dados e de georreferenciamento, corresponde ao sistema de informações existente e geradas no SAUA. A terceira, que engloba os módulos de base de dados, modelagem e inferência, consiste no procedimento de análise de cenários, incluindo a criação (construção), simulação, avaliação e classificação dos cenários, que representa o procedimento de análise multicritério do SAUA. O módulo de interface está presente nas três partes, pois corresponde a interação do usuário com o SAUA. 7.3.1 Telas de acesso ao SAUA A tela inicial é responsável pela entrada no sistema e sua segurança, controlando o acesso dos operadores, realizando procedimentos de inicialização e registro de atividades, conforme a Figura 7.16. Nesta figura são observados dois campos de controle: i) operador e ii) senha, além de dois botões de comando: i) iniciar e ii) fechar. Figura 7.16 - Tela de entrada no SAUA A partir destes campos e comandos, é possível acessar a tela principal do SAUA, apresentada na Figura 7.17, e consequentemente escolher a bacia que se quer analisar. Nesta figura está representado o mapa do Estado da Bahia, onde destaca-se a região semiárida, bem como as duas bacias em estudo. O comando para acessar uma destas bacias pode ser feito a partir do clique em cima da bacia escolhida no mapa ou no botão referente a esta bacia. Neste capítulo apenas será mencionada a utilização do sistema para a bacia do rio Paraguaçu. 43 Figura 7.17 - Tela principal do Sistema de Apoio ao Usuário de Água - SAUA Após a escolha da bacia, neste caso a do rio Paraguaçu, é apresentada a tela com o mapa georreferenciado da bacia, sua divisão política, rede hidrográfica e localização dos barramentos estudados, conforme a Figura 7.18. Nesta tela é possível observar um resumo da caracterização da bacia, onde encontram-se dados gerais, como a área total, a extensão do rio principal (rio Paraguaçu), a quantidade total de municípios, dentre estes quantos tem a sede inserida na bacia, vegetação, uso do solo e domínio hidrogeológicos predominantes. 44 Figura 7.18 - Tela principal do SAUA aplicada a bacia do rio Paraguaçu Além desta informações resumidas pode-se visualizar, através dos botões de acesso, os mapas georreferenciados socioeconômicos e físico, que representam as informações existentes e geradas do sistema e o procedimento de análise de cenários, que representa a análise multicritério, descritos a seguir. 7.3.2 Sistema de informações existentes e geradas no SAUA As informações existentes e geradas pelo sistema podem ser visualizados de três formas diferentes. A primeira refere-se aos mapas temáticos dos aspectos socioeconômicos e físicos da bacia que são acessados pelos botões localizados na parte inferior a direita da tela, úteis para a determinação de regiões com maior ou menor influência quanto aos aspectos analisados. A segunda e a terceira forma referem-se a busca de informações por município e por barragem respectivamente, detalhadas a seguir. Os mapas temáticos socioeconômicos e físicos inseridos nesta versão do sistema estão apresentados na Tabela 7.19 e exemplificados nas Figuras 7.19 e 7.20. Cabe mencionar que novos mapas temáticos podem ser inseridos no sistema SAUA. Tabela 7. 19 - Mapas socioeconômicos e físicos inseridos no SAUA Mapas Socioeconômicos distribuição total da população; densidade demográfica; taxa de crescimento da população; grau de urbanização; taxa de alfabetização; mortalidade infantil; PIB municipal; efetivo de rebanhos. Mapas Físicos solos uso do solo geologia vegetação postos fluviométricos postos pluviométricos 45 Figura 7.19 - Mapas comparativos de aspectos socioeconômicos da bacia. Figura 7.20 - Mapas comparativos de aspectos físicos da bacia. 46 7.3.2.1 Acesso às informações à nível municipal Para se obter informações a nível municipal, o usuário do sistema deve clicar no mapa da Figura 7.18 sobre o município desejado. Ao fazer isto, o sistema apresenta outra tela onde o município escolhido é destacado. A Figura 7.21 apresenta um exemplo desta função do sistema, onde o município de Miguel Calmon foi selecionado. Observa-se nesta figura dois botões localizados na lateral esquerda da tela onde é possível obter informações dos aspectos socioeconômicos e físicos deste município, bem como de botões de comando localizados na sua parte inferior, que possibilita que todas as informações existentes no sistema a nível municipal possam ser configuradas, exportadas e impressas. Figura 7.21 - Tela de zoom no município de Miguel Calmon. A Figura 7.22 apresenta a tela com as informações socioeconômicas do município de Miguel Calmon, onde apresenta-se a área total do município e a inserida na bacia, sua população atual e projetada para curto, médio e longo prazo, com os respectivos consumo de água estimado. 47 Figura 7.22 - Tela de acesso aos dados socioeconômicos do município de Miguel Calmon As informações físicas possíveis de serem visualizadas através de mapas temáticos são hidrografia, geologia, solos, usos dos solos, vegetação, barragens, postos pluviométricos e fluviométricos, acessadas a partir do botão “dados físicos” e selecionando o tema ou os temas desejados. A Figura 7.23 apresenta um exemplo de visualização destas informações para o município de Miguel Calmon, onde estão selecionados os temas de hidrografia e uso do solo. Figura 7.23 - Tela de acesso aos dados físicos do município de Miguel Calmon, destacando hidrografia e uso do solo 48 7.3.2.2 Acesso às informações por barramentos As informações por barramentos podem ser acessadas de maneira idêntica ao acesso das informações por município, para isto basta clicar sobre uma das barragens apresentadas na tela da Figura 7.18. Ao clicar na barragem desejada, o sistema abrirá uma nova tela destacando-a como apresenta a Figura 7.24. Figura 7.24 - Zoom da barragem de França Observa-se nesta figura, onde é destacada a barragem de França, três botões localizados na lateral esquerda da tela onde é possível obter informações dos aspectos físicos da região, dados físicos da barragem e a matriz de demanda x disponibilidade de projeto. Além destes botões, existem botões de comando, possibilitando que todas as informações existentes no sistema por barramentos possam ser capturadas, exportadas e impressas. Os aspectos físicos da região correspondem aos apresentados à nível municipal. Os dados físicos da barragem correspondem: vazão regularizada; vazão ecológica, área de drenagem; volumes máximo, mínimo e útil; altura máxima da água; ano de início da construção e de conclusão, conforme a janela da Figura 7.25. A matriz de demanda x disponibilidade fornece as demandas de usos da água, a disponibilidade hídrica e o balanço hídrico dos lagos das barragens, conforme os projetos executivo, de viabilidade e de demandas das barragens. A função desta matriz é realizar e apresentar o balanço hídrico a curto, médio e longo prazo, como detalhado no item 7.2.2.2 Informações geradas no SAUA e apresentado na janela da Figura 7.26. 49 Figura 7.25 - Janela dos dados físicos da barragem de França Figura 7.26 - Janela da Matriz de demandas x disponibilidades da barragem de França 50 A matriz de demanda x disponibilidade permite a execução de consultas através de quatro botões, onde é possível acessar informações mais aprofundadas sobre as demandas urbana, rural, animal e ecológica, como ex: pode-se ter acesso aos dados das sedes municipais com previsão de serem abastecidas por esta barragem em seu projeto executivo e suas discretizações de demandas, bastando clicar no botão “demanda urbana”. O mesmo pode ser feito clicando os outros botões obtendo informações como abastecimento humano rural, dessedentação animal e irrigação. As informações que podem ser visualizadas no processo de consulta da matriz demanda x disponibilidade é detalhada no item 7.2.2.2 Informações geradas no SAUA. Na Figura 7.27, apresenta-se como exemplo informações que podem ser visualizados com relação às demandas urbanas por municípios abastecidos pela barragem de França. Figura 7.27 - Matriz de recursos hídricos apresentando demandas urbanas 51 7.3.3 Procedimento de análise multicritério do SAUA O procedimento de análise multicritério do SAUA é acessado pelo botão “Análise de Cenários” da tela apresentada na Figura 7.18 do item 7.3.1 Telas de acesso ao SAUA. Através deste, acessa-se a janela de “Cenários”, representada na Figura 7.28. Figura 7.28 - Janela dos cenários criados no sistema e seus valores constituintes Observa-se nesta janela a existência de 5 botões: i) “criar” - acessa a janela na qual são inseridas todas as informações necessárias para a criação de um novo cenário; ii) “editar” acessa a janela na qual são alteradas informações de cenários já criados; iii) “excluir” - tem a função de excluir um cenário criado; iv) “ponderar” - acessa a janela na qual são atribuídas as importâncias relativas dos atributos, critérios e barragens e v) “simular e analisar” - acessa a janela na qual visualiza os procedimentos de simulação e de análise dos cenários. Ainda na janela da Figura 7.28, observa-se duas planilhas de dados, uma na parte superior, onde são visualizados os nomes dos cenários e data de criação, e uma na parte inferior, onde são apresentados os dados dos cenários criados, como: nome da barragem; volumes iniciais e metas, carregados diretamente da base de dados do sistema; os valores das demandas, as prioridades de atendimento, especificados no campo “Pri” e as informações adicionais como a existência de tratamento de efluentes, especificados no campo “T”. Figura 7.29 apresenta a janela “novo cenário”, acessada através do botão “criar”, na qual são inseridas informações necessárias para a criação dos cenários, como: nome, descrição, data de criação e observações, que podem ser alterados pelo botão “editar” localizado na parte superior da tela da Figura 7.28. Além destas informações, observa-se a existência de um campo denominado “analisar”, sua seleção indica a escolha do referido cenário para a simulação e análise multicritério, descritos mais adiante. Na parte inferior da janela da Figura 7.29, pode-se escolher como base de criação do novo cenário, o cenário de projeto das barragens (atual, futuro próximo e futuro distante), um cenário já criado ou considerar todos os valores iniciais nulos. Cabe mencionar que o botão “editar” localizado na 52 parte inferior da tela da Figura 7.28 permite alterar os dados referentes a informações já existentes nos cenários, conforme a janela da Figura 7.30. Como mencionado no Capítulo 3 (Volume I), a elaboração dos cenários é definida a partir da inserção dos dados de vazão e atribuição de prioridades dentro do sistema. Figura 7.29 - Janela de criação de um novo cenário Para um melhor entendimento das telas que serão apresentadas e o processo de desenvolvimento do sistema, foram construídos três cenários hipotéticos: cenário atual, cenário 1 e cenário 2. - Cenário atual: corresponde ao cenário atual de projeto das barragens, carregado a partir da janela já apresentada na Figura 7.29. Considerou-se as prioridades de 1 a 4 às demandas ecológicas, humana urbana e rural, animal e irrigação respectivamente e tratamento dos efluentes domésticos urbanos gerado a partir da demanda humana urbana solicitada da barragem de Apertado e França e humana rural solicitada da barragem de França, além de irrigação de culturas orgânicas pelas barragens de Baraúnas e Casa Branca. Os volumes iniciais e metas foram carregados diretamente da base de dados do sistema Todas estas informações podem ser vistas na Figura 7.30. - Cenário 1: O cenário 1 foi gerado a partir do cenário atual, sendo inseridas uma demanda humana rural para barragem de Apertado e humana urbana para Casa Branca e considerando uma prioridade 3 para irrigação e 4 para dessedentação animal respectivamente para estas duas barragens. Todas estas informações podem ser vistas na Figura 7.31. - Cenário 2: O cenário 2 foi gerado a partir do cenário 1, onde a única modificação constou em considerar, para todas as barragens, uma prioridade 3 para o setor de irrigação e 4 para dessedentação animal e sistema de tratamento para a demanda humana urbana solicitada de Pedra do Cavalo. Todas estas informações podem ser vistas na Figura 7.32. Todas as informações foram alteradas para geração dos cenários atual, 1 e 2 pela janela apresentada na Figura 7.33, acessada pelo botão “editar” localizado na parte inferior da tela da 53 Figura 7.28, onde são inseridas as informações adicionais citadas no item 7.2.2.2 Informações geradas no SAUA, que se referem as informações relacionadas com tratamento ou não de efluentes domésticos, existência ou não de rede coletora ou sistema de confinamento de efluentes domésticos e industriais e cultivo de cultura orgânica ou não e alteração de prioridades. Estas informações serão utilizadas na análise multicritério. Figura 7.30 - Criação do Cenário Atual Figura 7.31 - Criação do Cenário 1 54 Figura 7.32 - Criação do Cenário 2 Figura 7.33 - Janela de edição dos cenários (como exemplo a barragem de Apertado) 55 Todas as informações de demanda que compõem os cenários, juntamente com os dados hidrológicos existentes na base de dados do sistema alimentam a rede de fluxo do MODSIM para simulação dos cenários. Esta rede pode ser exibida ou ocultada a qualquer momento pelo usuário para consulta de dados. A Figura 7.34 apresenta a rede completa do sistema, onde todos os sete reservatórios analisados encontram-se interligados. Cabe ressaltar, que esta mesma rede já foi apresentada no item 7.2.2.2 Informações geradas pelo SAUA. Para cada ponto da rede hídrica, mostrada na Figura 7.34 o SAUA disponibiliza gráficos da simulação dos volumes e vazões atendidas ao longo de um período definido (1 ano), para os casos de reservatórios e demandas, respectivamente. As telas que apresentam estes gráficos mostram também planilhas com outros valores de dados simulados para o ponto acessado. Figura 7.34 - Tela apresentando a rede hídrica utilizada para simulação Após composição completa dos cenários, inicia-se o processo de atribuição das importâncias relativas dos atributos, critérios e barragens, cuja janela é acessada a partir do botão “ponderar” da Figura 7.28 e apresentada na Figura 7.35. Como já discutido no item 7.2.4 Análise Multicritério, os cenários simulados serão avaliados perante três critérios: socioeconômico, ambiental e técnico, com seus respectivos atributos, cujos pesos serão obtidos pelo método AHP a partir da atribuição da importância relativa pela escala de SAATY adaptada. Este procedimento é realizado como apresentado na janela da Figura 7.35 onde o primeiro passo corresponde a seleção da barragem, seguido do critério e em seguida do botão “importância dos atributos” que abrirá a janela da Figura 7.36 onde é possível especificar a importância relativa de cada atributo com relação aos demais. Após ponderação de todos os atributos, passa-se a ponderar todos os critérios e por fim as barragens, seguindo o mesmo procedimento. 56 Figura 7.35 - Janela de ponderação das importâncias relativas dos atributos, critérios e barragens Figura 7.36 - Janela de especificação das importâncias relativas dos atributos do critério ambiental 57 Para continuar a exemplificar o sistema para os cenários construídos, observa-se na Figura 7.35, a seleção da barragem de Apertado e do critério ambiental e na Figura 7.36, a ponderação dos atributos do critério ambiental. Neste caso considerou-se no exemplo que todos os atributos têm a mesma importância relativa. Ao lado direito da janela da Figura 7.36 é apresentado uma escala onde pode ser melhor visualizado a importância de cada atributo com relação aos demais. Este procedimento repete-se para todas as barragens e atributos. Para avaliar a importância relativa entre os critérios, processa-se da mesma forma apresentada para a importâncias relativa dos atributos. No exemplo apresentado, Figura 7.37, o critério técnico mostrou-se, dentro da atribuição das importâncias relativas entre os critérios, o mais representativo para a análise dos cenários construídos, seguido do critério ambiental, social e econômico que apresentaram a mesma importância relativa. Ainda para o exemplo citado, considerou-se que as barragens apresentam a mesma importância relativa. Observa-se na parte inferior da janela das Figuras 7.36 e 7.37 um campo indicando “combinação consistente”, este indica que a definição das importâncias relativas foram realizadas com sucesso, sem incoerências. Figura 7.37 - Janela de especificação das importâncias relativas dos critérios Após o processo de ponderação, os cenários são simulados e classificados perante a análise multicritério, este procedimento é realizado pelo botão “simular e analisar” da Figura 7.28, que acessa a janela da Figura 7.38. Para simulação do comportamento hídrico da bacia, perante os cenários elaborados e escolhidos para serem simulados, deve-se selecionar entre os três períodos de dados de chuvas correspondentes à anos secos, médios ou úmidos. Para o exemplo em exercício considerou-se o período seco. No caso dos dados do cenário constituírem combinações impossíveis de serem simuladas o sistema dará um aviso e interromperá o procedimento.. 58 Figura 7.38 - Janela de simulação dos cenários Após ser feita, com sucesso, a simulação dos cenários, os resultados obtidos podem ser visualizados a partir do botão “analisar”, que abre a janela apresentada na Figura 7.39 A apresentação dessa janela divide-se em três partes: i) cenário; ii) reservatório e iii) demandas. Na primeira parte, escolhe-se o cenário o qual se quer observar os resultados dos reservatórios e demandas. Na segunda escolhe-se o reservatório e na terceira, a demanda que se quer avaliar. Um exemplo de apresentação dos resultados da simulação encontra-se na Figura 7.39. Figura 7.39 - Janela de apresentação dos resultados da simulação dos cenários 59 Na janela da figura acima observa-se o botão “gerar indicadores”, que tem o objetivo de capturar as demandas médias obtidas na simulação dos cenários e as importâncias relativas atribuídas no processo de ponderação para calcular e escalarizar os indicadores de cada atributo, conforme a tela da Figura 7.40 Figura 7.40 - Janela de apresentação dos indicadores gerados para os cenários Estes resultados são bastante técnicos e quanto mais próximo da unidade melhor, no entanto, a comparação é feita para mesma barragem e atributo, alterando-se apenas o cenário. Por este motivo, o usuário não necessita analisá-los obrigatoriamente, podendo obter o resultado final da análise multicritério acessando o botão “comparar cenário” e visualizá-los na tela da Figura 7.41 Cabe lembrar que a comparação dos cenários tem como função classificá-los entre os mais representativos para os menos representativos de acordo com as preferências de importâncias relativas definidas pelo comitê de bacia no processo de ponderação, cuja metodologia está descrita no item 7.2.4.2. Avaliação e Classificação dos Cenários pela Análise Multicritério. A tela da Figura 7.41 apresenta o resultado final da análise multicritério dos cenários exemplificados. Com este resultado, é possível constatar as pontuações escalarizadas que os cenários obtiveram durante todo o procedimento de análise e sua classificação quanto a maximização dos objetivos propostos. No exemplo, observa-se que o Cenário 1 apresentou a melhor pontuação, fazendo-o ocupar a 1ª posição, satisfazendo, portanto, o interesse comum dos usuários, sociedade civil e poder público, representados pelo comitê de bacia, expresso durante o processo de construção dos cenários e ponderação dos atributos, critérios e barragens. 60 Figura 7.41 - Tela com resultado final da análise multicritério Após a verificação do resultado final da avaliação dos cenários, o usuário pode retornar à tela de composição dos cenários ou ponderação dos elementos da análise e fazer alterações, testando as diversas possibilidades e conservando os cenários que mais satisfizer suas preferências. 7.4 Considerações Finais e Conclusões Este sub-projeto, que teve como objetivo desenvolver uma importante ferramenta de apoio a decisão, vem contribuir no auxílio ao “futuro” Comitê da Bacia do Rio Paraguaçu na articulação de ações necessárias a compatibilização do uso, controle e proteção dos seus recursos hídricos, a partir de decisões que compatibilizem as necessidades hídricas com as disponibilidades, de forma amenizar ou evitar a ocorrência de conflitos pelo uso da água, atendendo aos princípios da Lei Federal nº. 9.433/97 e da Lei Estadual nº 6.855/95. Esta ferramenta agrupa um grande número de informações física e hidroclimatológica da bacia, permite a composição e simulação de vários cenários com diferentes configurações de alocação da água e classifica-os por meio da análise multicritério. Portanto, o principal resultado consistiu na construção do sistema de apoio a decisão, aqui denominada de Sistema de Apoio ao Usuário da Água (SAUA) – versão 1.0, que responde questões formuladas pelo usuário relacionadas com diversos aspectos como: socioeconomia, vegetação, climatologia, usos do solo, ocupação animal e humana, geologia e hidrografia acerca de uma região estudada, sejam a nível municipal ou por barragem. Para esta segunda opção, o sistema viabiliza o estudo individualizado e/ou integrado a partir da simulação de uma rede de fluxo hídrico e análise multicritério. 61 Dentre os resultados obtidos durante o desenvolvimento do SAUA, destacam-se: i) definição da arquitetura do sistema Na definição da arquitetura do sistema foram estabelecidos os componentes conceituais, as entidades funcionais, a representação e descrição da estrutura do sistema em cinco módulos operacionais (geoprocessamento, inferência, base de dados, modelagem e interface) e descrição dos fluxos de dados entre os módulos e as relações constituintes dos componentes. ii) construção do protótipo Inicialmente foi feita a construção de um protótipo com o objetivo de testar a utilização das ferramentas escolhidas para construção do sistema. O protótipo foi implementado a partir das funções básicas de programação e manipulação de dados do sistema, estabelecendo sua funcionabilidade no sentido de atender às necessidades comuns dos usuários, quanto à alocação de água. O protótipo do SAUA representou uma versão preliminar, mas que pôde fornecer informações relevantes sobre a bacia do Paraguaçu, além de compor cenários que permitiram avaliar a situação hídrica da bacia e auxiliar os usuários da água no processo de tomada de decisões, servindo de base para implementação de novas funções que definiram o sistema completo. A construção do protótipo e sua apresentação dentro do processo de formação do comitê da bacia do rio Paraguaçu gerou um conjunto de alterações de forma e funcionamento no sistema, estas alterações juntamente com maiores estudos de aplicabilidade representaram a base para construção da primeira versão utilizável do SAUA. A partir dos resultados obtidos com esta construção, foram verificadas as definições do projeto inicial e ajustados seus parâmetros característicos, que serviram de base para o desenvolvimento da primeira versão utilizavel do sistema, onde algumas alterações representaram o avanço dos estudos das funções principais, desejadas para o SAUA. iii) especificação e construção do sistema de informações existente e geradas pelo SAUA A especificação e construção do sistema de informações existente e geradas pelo SAUA consistiu na base do processo organizacional, onde foram definidas as unidades básicas de relacionamento, neste caso a bacia hidrográfica, e a partir dela os diversos conjuntos de dados associados aos aspectos socioeconômicos, físicos, hidrológicos (obtidos em fontes secundárias) que encontram-se georreferenciados, bem como informações processadas no sistema, gerando a matriz demanda x disponibilidade de projetos das barragens e o comportamento da rede de fluxo que simula o balanço hídrico dos reservatórios por meio dos dados fornecidos pelo usuário durante o processo de elaboração dos cenários. O modelo de rede de fluxo selecionado para ser inserido no SAUA foi o modelo MODSIM, por ser versátil, bem documentado e diversamente testado, que simula e otimiza uma rede de fluxo de volumes armazenados em reservatórios e sua distribuição para as demandas e prioridade de atendimento pré-definidos. Os cenários podem ser construídos e simulados pelo SAUA que utiliza o “núcleo” funcional do MODSIM (SimSis), através de uma interface própria, projetada para atender especificadamente as necessidades do estudo e busca automaticamente as informações fornecidas durante a construção dos cenários, alimentado a rede de fluxo já existente composta de sete reservatórios (Casa Branca, Apertado, Baraúnas, Bandeira de Melo, França, São José do Jacuípe e Pedra do Cavalo) e suas respectivas demandas. 62 iv) inserção da análise multicritério A análise multicritério foi inserida no sistema para viabilizar o processo de comparação dos cenários de alocação de água, elaborados pelo usuário e simulados pelo sistema no “núcleo” funcional do MODSIM, perante a atribuição de importâncias relativas dos critérios e de seus atributos. O método escolhido para realizar a análise multicritério foi o AHP, por sua simples utilização, flexibilidade, sensibilidade e transparência no processo decisório, trabalhando com diversidade e complexidade de atores, critérios e ações. A análise multicritério é realizada pelo sistema a partir da especificação de importâncias relativas dos critérios e atributos pela escala de SAATY adaptada, que permite um melhor entendimento por parte dos usuários e simplifica o processo de ponderação dos componentes da estrutura hierárquica de decisão. Foram estabelecidos três critérios que possuem relevância no processo de desenvolvimento regional da bacia: critério ambiental, socioeconômico e técnico. Estes critérios estão subdivididos em subcritérios, denominados atributos, avaliados por meio de indicadores. O critério ambiental permite analisar quais dos cenários têm maior possibilidade de degradação ambiental; o socioeconômico aqueles que podem apresentar maiores tendências no desenvolvimento socioeconômico da bacia; e o técnico a viabilidade do cenário quanto as regras operacionais estabelecidas na sua elaboração a partir da atribuição de prioridades de atendimento das demandas e das barragens. O critério político é considerado por meio de “discussões” entre os representantes do comitê durante todo o processo de tomada de decisão. Após a definição dos pesos de cada critério, atributo e barragem por meio da matriz de importância relativa, os cenários são classificados entre os melhores e piores cenários de acordo com as preferências de importâncias definidas pelos usuários. v) construção da interface A interface do SAUA é apresenta em forma matricial, facilitando a visualização e análise dos resultados obtidos e consequentemente a identificação da solução mais adequada aos objetivos propostos. Com este intuito, a conceituação e a estruturação da matriz foram feitas, definindo e apresentando informações consideradas relevantes para o planejamento e o gerenciamento dos recursos hídricos, como também foram contempladas as informações possíveis de serem geradas com auxílio de processos de simulação e análises de alternativas. Sendo o SAUA desenvolvido para ser utilizado de forma participativa e descentralizada, onde os usuários podem ter as mais diversas formações, níveis intelectuais, sociais e culturais, a interface foi projetada para permitir um maior nível de entendimento, utilizando para isso, artifícios de programação visual, com cores e formas das telas muito expressivas e de fácil utilização. Durante o desenvolvimento do sistema foram enfrentadas questões conceituais relativas às decisões, como: quais são elas? quem é o agente tomador? quem estará sujeito às conseqüências? quais os interesses envolvidos? Como aspectos emocionais interferem? Como escolher entre as alternativas?. Estes aspectos configuraram o caráter não estruturado do processo decisório humano e sua conseqüente complexidade quando da modelagem e implementação de procedimentos computacionais auxiliares. Associar tais situações a eventos ambientais de também complexa modelagem representou um grande desafio, enfrentar este desafio significou perceber a necessidade de otimizar a forma de comunicação entre o usuário e a máquina. Neste caso a tarefa foi procurar realizar esta associação de forma compreensível, funcional e agradável. 63 Estas questões conceituais do gerenciamento de recursos hídricos na bacia do rio Paraguaçu estão associadas, dentre outras, a situações que envolvem aspectos políticos, para os quais o SAUA não poderá responder ou simular matematicamente. Utilizando processos matemáticos de simulação e otimização do comportamento do sistema hídrico da bacia a partir da rede de fluxo, o SAUA tem capacidade de gerar e analisar cenários, para representação de hipóteses de planejamento ambiental, auxiliando a prevenção de falhas no abastecimento de regiões, ocasionadas por mau planejamento de operação do sistema hídrico. As informações tratadas pelo SAUA são também apresentadas em matrizes de indicadores ambientais, socioeconômicos e de balanço hídrico, permitindo aos usuários definir ações baseadas em uma caracterização funcional ampla da bacia. A etapa de construção da primeira versão do sistema é dada como concluída. Porém, por ser uma ferramenta auxiliar ao gerenciamento de recursos hídricos em uma bacia hidrográfica, o SAUA deve ter sua continuidade de desenvolvimento ligada à própria evolução dos processos decisórios na bacia do rio Paraguaçu. Os desdobramentos institucionais, legislativos, organizacionais, econômicos e ambientais têm influência integral na constituição do SAUA e seguirão moldando equipamentos, programas, componentes, instalações e meios de comunicação ligados ao tema gerenciamento de águas. Nesta versão, destaca-se principalmente a sua simplicidade e amplitude, permitindo um processo rápido, e ao mesmo tempo democrático, levando em consideração julgamentos de vários atores com diversos pontos de vista e envolvimento com o problema, fornecendo um resultado que aponta as tendências destes atores, ou a priorização das alternativas possíveis para a solução. Algumas limitações foram identificadas no desenvolvimento do SAUA: uma delas refere-se ao desenvolvimento do sistema de apoio a decisão para um comitê de bacia ainda não instituído, dificultando a implementação da linguagem de comunicação entre um elemento computacional e os componentes do comitê; uma grande deficiência de dados primários e atualizados, como aqueles relacionados com os estudos de demanda e disponibilidades das barragens, limitando o confronto dos resultados simulados para os cenários elaborados pelos usuários e os atuais os resultados obtidos nos processos de simulação da rede de fluxo e impedindo, bem como aqueles relacionados com a qualidade da água dos rios Paraguaçu e Jacuípe, impedindo a obtenção de indicadores significativos dos atributos do critério ambiental, que foram especificados por meio de algumas simplificações. Como continuidade do projeto é sugerido a ampliação dos conjuntos de dados disponíveis, a inclusão de outros modelos matemáticos, a implementação de lógicas heurísticas na análise/avaliação de cenários e a utilização de modelagem 3D, além de imagens (aéreas/satélites) no geoprocessamento, que incrementarão a interface do sistema no sentido de retratar melhor a “realidade” ambiental da bacia. Deve-se também incluir ferramentas para disponibilização de dados na internet e acesso remoto a informações utilizadas pelo sistema, dando assim mais condições para a tomada de decisões acertadas no gerenciamento e planejamento dos recursos hídricos. 64 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA BAHIA. Governo do Estado da Bahia. Decreto nº. 6.296 de 21 de março de 1997. Dispõe sobre a outorga de direito de uso de recursos hídricos, infração e penalidades e dá outras providências, 1997. CERB (2000). Estudo de Viabilidade de Barragem em uma área do Médio Paraguaçu. Relatório de Estudos Básicos. Volume I – Tomo I – Texto. 2000 CERB. Barragem Apertado, Município Mucugê – Elaboração de Projeto Executivo da Barragem de Acumulação e suas Obras Complementares. Volume I – Relatório do Projeto. Tomo B.1 – Concepção e Estudos Básicos – Texto. 156p. 1996a CERB. Barragem de França. Projeto Detalhado da Barragem e Estruturas Anexas. 1996b CERB. Estudos Ambientais Complementares da Barragem de Baraúnas. 1998 DEPARTAMENTO NACIONAL DE ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA (DNAEE). 1994. Sistemática para Análise de Consistência e Homogeneização de Dados Pluviométricos. Brasília. 30p, 1994. EMBASA, sd - Relatório Técnico do rio Paraguaçu. OMPB – Divisão de Captação e Adução II. LANNA, A. E.; SCHWARZBACH, M. MODHAC - Modelo Hidrológico Auto-Calibrável. Instituto de Pesquisas Hidráulicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 55p, 1989. LEAL, A. C., A Bacia Hidrográfica – Questões Metodológicas. 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