METODOLOGIA PARA O PROCESSO DE SELEÇÃO DE PETIANOS DO
GRUPO PET – COMPUTAÇÃO DA UFCG
Ianna Duarte Kobayashi1, Ighor Oliveira do Rêgo Barros2 , Joseana Macêdo Fechine³
1
Aluna do Curso de Ciência da Computação, integrante do PET-Computação, Depto. de Sistemas e
Computação DSC/UFCG, Campina Grande, PB, e-mail: [email protected]
2
Aluno do Curso de Ciência da Computação, integrante do PET-Computação, Depto. de Sistemas e
Computação DSC/UFCG, Campina Grande, PB, e-mail: [email protected]
4
Professora do Depto. de Sistemas e Computação DSC/UFCG, Tutora do PET-Computação,
Campina Grande, PB, e-mail: [email protected]
RESUMO – Este artigo descreve a metodologia e a evolução do processo de seleção do PET –
Computação, explicitando todas as etapas e avaliações aplicadas, visando familiarizar o leitor da
importância e a imparcialidade do processo, que atualmente é composto por duas etapas. A
primeira é composta de uma prova escrita e um debate e a segunda de uma dinâmica e uma
entrevista.
ABSTRACT – This article describes and exemplifies the PET methodology and evolution of the
selection process. It explains in details all the stages and tests applied, and want to make the
reader know the importance of the process. Nowadays, it is done in two stages: the first one is a
written test and a debate, the second one is a game and an interview.
(Palavras-chave: PET, Metodologia para o processo de seleção, Prova Escrita, Debate, Dinâmica,
Entrevista).
1. INTRODUÇÃO
A questão da avaliação, foco de freqüentes estudos na área educacional, é comumente
cercada de muitos cuidados. Por sua utilização há longos períodos a serviço da exclusão,
questiona-se seu real e ideal papel na educação [TONELLI, 2003]. “Por se tratar de um fenômeno
social, a avaliação tem a ver com ações, atitudes e valores dos indivíduos em suas diversas
dimensões” [FREITAS, 2002].
Diante desta citação fica evidenciado que avaliar pessoas é uma tarefa extremamente
complexa e árdua. Subjetividade, observação e análises minuciosas são alguns dos fatores
envolvidos nos processos seletivos, levando em conta que todos os fatores são muito variáveis
quando o assunto é o ser humano.
Pensando dessa forma, o grupo PET - Computação caracteriza o processo de seleção de
petianos com uma atividade fundamental, pois esta atividade possibilita intensificar o crescimento
do grupo, ao integrar novos petianos que fortaleçam ainda mais a corrente de pensamento que o
programa se propõe a seguir.
Devido à tamanha importância da atividade, o PET - Computação da UFCG (Universidade
Federal de Campina Grande) sentiu a necessidade de criar um processo de seleção que
conseguisse identificar melhor o perfil petiano nos candidatos, pois as seleções anteriormente
aplicadas se baseavam, apenas, na análise do CRE (Coeficiente de Rendimento Escolar), em
uma prova subjetiva com questões técnicas e uma entrevista.
Neste processo, a etapa que mais evidenciava características que iam além da graduação
era a entrevista, porém ainda não era suficiente para a observação de outras qualidades de um
petiano como iniciativa, capacidade de trabalhar em grupo, entre outras.
Muitos selecionados nesse antigo processo se caracterizavam por serem ótimos alunos,
porém com perfil predominantemente de pesquisador, o que não era detectado na entrevista. Tal
aspecto só era evidenciado depois quando esses petianos ingressavam no grupo e não
conseguiam ter uma boa integração com as atividades.
O grupo observou que características de um bom petiano como criatividade, poder de
argumentação, espírito de liderança, capacidade de trabalhar em grupo e boa oratória, não eram
facilmente captadas pela seleção antiga. Logo, se buscou uma reformulação do processo.
O processo atual foi dividido em duas etapas de caráter eliminatório, a primeira consiste
em uma prova com questões de criatividade, atualidade e uma dissertação. Depois é realizado um
debate sobre um tema atual e polêmico, para avaliar como os candidatos se portavam em
situações que precisavam mostrar sua opinião e defendê-la. A segunda etapa é composta por
uma atividade em grupo e uma entrevista.
Nas demais seções deste artigo, o processo de seleção do PET – Computação será
apresentado de forma completa e os resultados obtidos serão evidenciados.
2. METODOLOGIA
A metodologia adotada para o processo de seleção consiste em definir, inicialmente, qual o
conteúdo de cada atividade e, em seguida, definir a forma de realização dessas atividades. Para
tanto, inicialmente, os responsáveis pela atividade se reúnem para discutir como será o conteúdo
das etapas.
Todos do grupo dão sugestões sobre temas interessantes para a redação, para a questão
de opinião e para o debate. Em seguida, elabora-se a prova, que geralmente, contém uma
questão de criatividade, uma questão de opinião e uma dissertação. Por fim, escolhe-se o tema do
debate e define-se a atividade em grupo que será realizada.
Depois de definir as datas para todas as etapas, inicia-se o período de inscrição, com
duração de duas semanas em média. Na primeira semana deste período marca-se uma reunião
com os interessados para mostrar o que é o PET e qual a sua atuação no meio acadêmico e na
sociedade. Além disso, são descritos os pré-requisitos exigidos para o candidato. Com isso,
dúvidas são retiradas e cada candidato confirma ou não a sua vontade de ingressar no programa.
Para a inscrição ser efetivada o candidato deve entregar a ficha de inscrição preenchida,
uma foto 3x4, histórico escolar, xerox de diplomas de cursos de línguas e/ou outros cursos e uma
carta de apresentação.
Depois desta fase, é iniciado o processo de seleção, que contém duas etapas de caráter
eliminatório, conforme descrição a seguir.
Etapa 1: Formada por duas atividades com duração de duas horas cada.
Atividade 1: Prova subjetiva com questões sobre atualidade, curiosidade, opinião e uma redação.
A questão sobre curiosidade é, geralmente, sobre algo que muitos desconhecem e só serve para
o grupo avaliar se o candidato após a realização da prova terá a curiosidade de procurar a
resposta certa, o que será questionado na fase da entrevista.. Esta questão não é contabilizada
na pontuação da atividade
O objetivo desta atividade é verificar se o candidato tem conhecimento sobre os assuntos
em questão, sabe redigir bem, tem criatividade e está atualizado.
Atividade 2: Promoção de um debate com todos os candidatos sobre um assunto polêmico.
Geralmente, o tema é divulgado um dia antes para que os candidatos possam se informar melhor,
tornando o debate mais rico em informações.
Todos os membros do grupo participam desta atividade como avaliadores, com exceção
da tutora que não participa para que os candidatos fiquem mais a vontade diante da discussão.
Cada avaliador recebe uma tabela com os nomes dos candidatos e as seguintes
características para avaliar: iniciativa, participação, coerência, domínio do assunto, segurança,
poder de argumentação, boa oratória, perfil de petiano e observações gerais.
Cada avaliador deverá dar uma nota para cada um dos itens avaliados e a nota final é
dada pela média de todas as notas.
Durante o debate os avaliadores têm o papel de avaliar e de questionar os candidatos para
que a discussão se torne mais rica, porém não é permitido que o petiano dê sua opinião para não
induzir os candidatos.
O objetivo desta atividade é avaliar características como iniciativa, participação, coerência,
domínio do assunto, segurança, poder de argumentação, boa oratória e o perfil de petiano.
Concluída esta etapa, avalia-se o CRE, a carta de apresentação, a prova, a redação e o
debate, atribuindo os pesos a cada uma dessas variáveis para obtenção da nota média. De posse
dessa informação, é feita a primeira classificação.
É importante ressaltar que todos os petianos, ou seja, alunos e tutora lêem todas as cartas
de apresentação, redações e as demais questões da prova e atribuem nota para a obtenção da
média final de cada candidato.
Após a conclusão desta etapa, inicia-se a segunda, a qual as médias obtidas são
desconsideradas e todos partem de um mesmo patamar.
Etapa 2: Formada por uma atividade em grupo e uma entrevista.
Atividade 1: Atividade em grupo – modificada para cada processo de seleção, mas busca
promover o trabalho em grupo e estimular a criatividade de cada um. Esta atividade tem duração
de duas horas.
O objetivo desta atividade é analisar como cada participante interage com o seu colega
para produzir a atividade proposta, bem como analisar a forma de criação do produto resultante
da atividade. Alguns exemplos de atividades já realizadas: Produção de uma painel com tema livre
e produção de um jornal com matérias pré-determinadas.
Atividade 2: Entrevista – realizada por uma banca avaliadora composta pelo tutor, o coordenador
do curso, dois professores do departamento e dois petianos. Cada avaliador dará sua nota sobre
cada candidato e depois será calculada a média final.
O objetivo desta atividade é procurar conhecer melhor o candidato, de forma a elucidar
dúvidas remanescentes das outras etapas, visando avaliá-lo em relação ao perfil de um petiano.
Ao final desta etapa, calcula-se a média dos candidatos e a classificação final é realizada.
3. RESULTADOS
O processo de seleção descrito é realizado há quatro seleções, vem sendo refinado e será
aplicado, novamente, na próxima seleção.
Antes de iniciar o processo de seleção, o grupo se reúne com o objetivo de discutir a forma
de encaminhamento das atividades a serem realizadas como a elaboração da prova a ser
aplicada, o tema do debate, o tipo da atividade em grupo e a banca de entrevistadores.
Ao final de cada seleção, o processo é avaliado, havendo uma discussão dos temas
abordados que foram submetidos nas diversas etapas. Esta avaliação busca melhorar aspectos
negativos que tenham sido observados, bem como fortalecer os aspectos positivos da seleção.
Houve experiências negativas ao escolher um tema muito polêmico que envolvesse
aspectos religiosos para o debate, a exemplo do tema “Casais gays podem adotar crianças?”.
Esse tema causou muitas discussões que foram difíceis de serem conduzidas durante o debate.
Nas quatro últimas seleções foram obtidos bons resultados, no que se refere à escolha de
alunos que estejam mais adequados ao perfil de um petiano. Na Tabela 1 são apresentados os
dados obtidos.
Tabela 1: Inscritos e selecionados no processo de Seleção do PET-Computação.
Ano
Nº. de
Nº. de
selecionados
Inscritos na primeira
etapa
2003
2004
2005
2005
11
11
18
8
7
6
7
6
Nº. de
selecionados
na segunda
etapa
3
3
3
3
4. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES
Apesar de o processo de seleção ser mais dispendioso, pois leva cerca de um mês, foram
observados bons resultados e os novos integrantes passaram a estar mais próximo do foco do
programa. É evidente que o perfil de um verdadeiro petiano é construído ao longo de sua
participação e aprendizagem diante das atividades que o PET oferece, porém alguns prérequisitos são necessários para que o aluno possa desenvolver e integrar-se melhor ao grupo.
O uso da metodologia apresentada possibilitou minimizar dificuldades relacionadas à
capacidade de distinguir um bom aluno, com perfil de apenas pesquisador, por exemplo, de um
bom aluno com perfil petiano.
É importante destacar que o grupo ao final de cada seleção faz uma análise dos resultados
obtidos e da adequação da metodologia adotada, fazendo as considerações e ajustes necessários
que minimizem os problemas que surgiram ao longo do processo de seleção.
A metodologia tem proporcionado, portanto, a seleção de alunos cujo perfil está em melhor
sintonia com os três pilares do PET, a saber: ensino, pesquisa e extensão.
Sendo assim, o grupo acredita que a metodologia adotada para o processo de seleção
está sendo bem sucedida e procura repassá-la para todos que sentirem a necessidade de utilizar
uma metodologia de seleção similar à adotada pelo grupo.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. [FREITAS, 2002]. FREITAS, L.C. de (org.) Avaliação: construindo o campo e a crítica.
Florianópolis: Insular, 2002.
2. [TONELLI, 2003]. TONELLI, A. Avaliação de competências em curso de Especialização a
distancia via web. Florianópolis, 2003. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) –
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa
Catarina.
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