ANÁLISE DA DEMANDA DE CUIDADOS NA ALTA HOSPITALAR DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS MUNICIPAIS DE SÃO PAULO Nascimento AB Mestre pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Docente de Pós-Graduação, Graduação e Extensão do Centro Universitário Senac – SP. [email protected] Introdução: Alguns estudos apontam para a necessidade de discussão sobre a rede de atenção à saúde preconizada pelo SUS. Esta proposta decorre da necessidade de mudança da gestão das condições agudas para a inclusão da gestão das condições crônicas, as quais trazem consigo demandas específicas de cuidados. Justificativa: Desta forma, cabendo ao enfermeiro o desafio de primar pela integralidade, objetivando a congruência de ações visando à continuidade dos cuidados em equipamentos de saúde coerentes com estas demandas. Objetivo: Analisar as demandas de cuidados no momento da alta hospitalar. Método: Foram analisados 430 prontuários de egressos de 2 hospitais secundários públicos municipais de São Paulo, denominados: Hospital A e Hospital B. Os critérios de inclusão foram: ter o aceite da direção dos hospitais por meio do “Termo de Responsabilidade” e ter data de internação hospitalar em abril/2010. Esta pesquisa foi aprovada no CEP-EEUSP (867/2009) e no CEP-SMS (221/2010). O Serviço de Arquivo Médico de cada hospital disponibilizou os prontuários dos pacientes egressos em abril/2010, sendo as informações registradas em base informatizada de dados. Os prontuários foram analisados quanto ao tipo e ocorrência dos cuidados básicos e invasivos prestados no momento da alta hospitalar, visando identificar a eventual necessidade de continuidade da assistência em outros estabelecimentos de saúde, a fim de se assegurar a equidade e integralidade do atendimento. Resultados: Entre os cuidados básicos, 52.4% dos pacientes tiveram alta hospitalar com prescrição de medicamentos por via oral, 12.6% de glicemia capilar, 11.8% de inalação, 7.1% de insulinoterapia, 4.2% de nutrição via oral assistida e 3.7% de nutrição enteral por via alternativa. Entre os cuidados invasivos, 52.7% dos pacientes tiveram alta hospitalar com prescrição de medicamentos por via endovenosa, 9.8% de estomaterapia, 9% de medicamentos por via intramuscular, 4.7% de oxigenioterapia, 4.5% de fisioterapia e 3.1% de cateterismo vesical de demora. Sendo que sob o aspecto da locomoção, 11.4% dos pacientes encontravam-se acamados e 12.8% deambulando com auxilio. Enquanto que sob o aspecto dos cuidados no banho, 9.8% necessitavam de banho no leito e 13% de banho na cadeira. Conclusões: No momento da alta hospitalar foram identificados cuidados que demandariam assistência no pós-alta de outros estabelecimentos de saúde para o fornecimento de recursos materiais e humanos. Sob os aspectos de locomoção e cuidados no banho quase ¼ dos pacientes que tiveram alta hospitalar apresentavam algum déficit para estes auto-cuidados, demandando auxilio de terceiros, e provavelmente, de suporte da rede de atenção à saúde. Portanto, evidencia-se a continuidade do cuidado no momento pós-alta hospitalar, sendo necessária a reflexão de outros serviços que possibilitem a sua continuidade por meio da orientação aos familiares e provisão de recursos para que ela ocorra evitando eventuais reinternações hospitalares. Bibliografia: Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Rev Med Minas Gerais 2008, 18(4): 3-11. Organização Mundial de Saúde. Cuidados inovadores para condições crônicas: componentes estruturais de ação (relatório mundial). Brasília, 2003.