Missão Institucional: “Formar cidadãos, através da educação para atuar de forma transformadora, ética e crítica, no contexto profissional e social” I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DAS FACULDADES INTEGRADAS ICE ANAIS ISSN 2236-7659 2011/1 FACULDADES INTEGRADAS ICE DIREÇÃO ACADÊMICA COORDENAÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 1º SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DAS FACULDADES INTEGRADAS ICE CUIABÁ 2011 À comunidade acadêmica, Convido todos os atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem para iniciar uma nova fase no processo da busca do conhecimento científico; A partir deste ano faremos o Seminário Científico Integrado envolvendo todos os cursos. Seminário: do latim ―Seminarium‖, significa exposição seguida de debates por um grupo de estudo sobre temas específicos científicos ou culturais. O seminário é uma técnica de aprendizagem que inclui pesquisa, discussão e debates, é um processo metodológico que supõe o uso de técnicas de estudo de um assunto determinado, evitando que se torne uma exposição sem objetivos. Promove nos alunos as competências necessárias para desenvolver a capacidade de investigação, de síntese, análise e crítica. Um seminário tem por objetivo fazer com que o convidado reflita sobre o tema proposto e interaja com discussões e debates, transmitindo informações, discutindo- as e chegando a uma conclusão sobre o assunto proposto Tenho certeza de que o início é sempre um grande desafio, mas, JUNTOS, faremos o MELHOR possível para este momento, esforçando-nos para melhorar nossas produções a cada evento. Lembre-se: A leitura é FUNDAMENTAL para a boa prática do processo de investigação científica. Busque junto ao seu professor, a indicação de livros, revistas e outras formas de obter informações para gerar novos conhecimentos e assim encaminhar ações efetivas para uma sociedade melhor. O ICE dispõe de revistas científicas eletrônicas - publicadas anualmente, informe-se na sua coordenação. A publicação de artigos científicos é aberta para alunos e professores. Um forte abraço! Bom proveito a todos! Prof. MSc. Ideraldo Bonafé Direção Acadêmica Sumário 1 Realização ........................................................................................................................... 6 2 Apresentação ...................................................................................................................... 7 3 Objetivos .............................................................................................................................. 7 4 Categorias dos trabalhos .................................................................................................. 8 5 Cronograma e previsão dos trabalhos do comitê científico ......................................... 8 6 Áreas temáticas .................................................................................................................. 8 7 Estratégias para a realização do evento ........................................................................ 8 8 Normas para envio dos artigos ........................................................................................ 8 9 Comissão organizadora..................................................................................................... 9 10 Comitê científico ............................................................................................................. 9 11 Mesas redondas realizadas por área ........................................................................ 10 12 Mini-cursos realizados por área ................................................................................. 11 13 Programação do encontro ........................................................................................... 12 14 Artigos produzidos ........................................................................................................ 16 14.1 Resumo ...................................................................................................................... 16 14.2 Humanas .................................................................................................................... 17 14.2.1 Saúde e segurança no trabalho, um processo inovador ............................ 17 14.2.2 A Sustentabilidade Econômica nos Assentamentos de Reforma Agrária32 14.2.3 Instrumentos Econômicos de Política Ambiental Valoração Econômica do Meio Ambiente .................................................................................................................. 35 14.2.4 Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável .......................................... 39 14.2.5 A pluriatividade na agricultura familiar como desenvolvimento local ....... 49 14.3 Exatas......................................................................................................................... 61 14.3.1 Análise e Implementação de um Sistema de Detecção e Prevenção de Intrusão Utilizando a Ferramenta IPS-1........................................................................ 61 14.3.2 14.4 Realidade Virtual e Aumentada – Conceitos, Tecnologias e Aplicações 90 Educação ................................................................................................................. 100 14.4.1 Perfil do Professor para Atuar no Século XXI ............................................ 100 14.4.2 As Práticas de Saúde e Educação no Cotidiano de Uma Creche Municipal de Cuiabá - Mato Grosso: Um Estudo de Caso ...................................... 119 14.4.3 Concepções Avaliativas dos Professores do Ensino Fundamental de Uma Escola do Município de Cuiabá–MT ................................................................. 135 14.4.4 O Construtivismo e sua Presença na Educação Infantil e Ensino Fundamental ................................................................................................................... 157 14.4.5 Educação literária: o que é e como alcançar ............................................. 183 14.4.6 Livro Didático de Língua Portuguesa: Um Gênero do Discurso ............. 188 1 Realização 2 Apresentação As Faculdades ICE inseridas em seu compromisso de responsabilidade social vem ampliando seus esforços no desenvolvimento das atividades científicas e na formação de pessoal qualificado para atuação nas diferentes áreas do conhecimento. Suas estratégias envolvem distintos níveis pedagógicos e acadêmicos destacando-se a iniciação científica. A coordenação da Iniciação Científica, em parceria com os coordenadores dos cursos de graduação das Faculdades ICE, promoveram o I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, realizado nos dias 5 a 6 de maio de 2011. O programa do evento contemplou atividades científicas, tecnológicas e oficinas, como: apresentação de trabalhos orais, painéis, mini-cursos e oficinas de discussão que buscaram a interatividade entre os diretórios de grupos de pesquisas nas diferentes áreas do conhecimento. 3 Objetivos Divulgar a produção científica desenvolvida pelos alunos das Faculdades ICE, nas categorias de iniciação científica; Ampliar as atividades em nível de extensão desenvolvidas nas Faculdades ICE; Estimular o desenvolvimento e a produção de materiais pedagógicos, aplicativos educacionais e tecnológicos desenvolvidos pelos alunos e professores pesquisadores; Promover o intercâmbio entre as diversas áreas atuando como campo de pesquisa, socialização multidisciplinares. dos projetos, por meio de trabalhos 4 Categorias dos trabalhos Foram recomendados para obtenção da carta de aceite os trabalhos desenvolvidos pelos cursos de graduação e iniciação científica, nas diversas áreas de conhecimento. 5 Cronograma e previsão dos trabalhos do comitê científico Data limite para envio dos resumos: 20/04/2011 Notificação de Aceite dos Resumos: 30/04/2011 6 Áreas temáticas Exatas; Humanas; Educação. 7 Estratégias para a realização do evento Comunicações Orais e/ou Painéis 8 Normas para envio dos artigos As normas foram disponíveis pelo site: www.ice.edu.br/iniciacaocientifica seguindo-se os seguintes campos: Título do Trabalho: Pesquisador (es) – nome (s) completo (s) e titulação E-mail do orientador (obrigatório) Apresentador – Nome completo Áreas (Exatas, Humanas e Educação) Curso: Artigo Resumido: no máximo 4000 caracteres Modalidade de apresentação: (oral ou painel) Painel: 1,20 x 0,90 m Apresentação oral: 15 minutos no máximo. 9 Comissão organizadora Prof. MSc. Ideraldo Bonafé – Diretor Acadêmico Prof. Esp. Orlando Júnior – Coordenador da Iniciação Científica Prof. MSc. Ernesto Borba– Coordenador de Administração e Seqüenciais Prof. MSc. Gláucia Negreiros– Coordenadora de Pedagogia Prof. MSc. Andria Oliveira – Coordenadora de Letras Prof. Esp. Andersown Becher – Coordenador de Ciência da Computação Prof. Esp. Eliberto Cruz – Coordenador de Ciências Contábeis e Gestão Contábil-Tributária 10 Comitê científico Prof. DSc. Ideraldo Bonafé – Diretor Acadêmico Prof. Esp. Orlando Júnior – Coordenador da Iniciação Científica Prof. MSc. Ernesto Borba– Coordenador de Administração e Seqüenciais Prof. MSc. Gláucia Negreiros – Coordenadora de Pedagogia Prof. MSc. Andria Oliveira – Coordenadora de Letras Prof. Esp. Andersown Becher – Coordenador de Ciência da Computação Prof. Esp. Eliberto Cruz – Coordenador de Ciências Contábeis e Gestão Contábil-Tributária 11 Mesas redondas realizadas por área Curso Educação Humanas Exatas Tema Ensino de Língua e Literatura na Educação Básica Educação Inclusiva Desenvolvimento de Negócios A Pluriatividade na Agricultura Familiar como Desenvolvimento Local Plano de Negócios Qualidade de Vida no Trabalho Vendedor do Conhecimento vendendo a si para si mesmo Relações Interpessoais - Um Desafio para a Geração Contemporânea A Matemática Financeira e Cidadania Políticas de cotas Ação Afirmativa: Perspectiva da Academia A Pluriatividade na Agricultura Familiar como Desenvolvimento Local A Matemática Financeira e Cidadania A Turma dos 5 S Segurança da Informação em Ambientes em Nuvens TOTAL 14 12 Mini-cursos realizados por área Curso Educação Humanas Exatas Tema Leitura Cidadã: Caminhos e Procedimentos O Uso das Tecnologias na Escola Desenvolvimentos Tecnológicos - Inovação Marketing Pessoal Gerenciamento de Conflitos com ênfase em práticas trabalhistas Planejamento Estratégico Modelo de Gestão Classe Mundial Trabalhador do Conhecimento A Nova Ortografia da Língua Portuguesa Logística de MT para o Mundo Políticas de cotas Ação Afirmativa: Perspectiva da Academia Cálculo Básico Trabalhista Excelência no atendimento Instalando Firewall Aker Linha de Produto de Software TOTAL 15 13 Programação do encontro Data: 05/05/2011 Alunos Formandos em 2011 Tipo de Trabalho Palestra: Descrição do Evento Palestra sobre ―‖ aos alunos formandos no ano de 2011 Palestrante Nome da Palestrante Tipo de Trabalho Mesa Redonda Descrição do Evento Desenvolvimento de Negócios Mesa Redonda Mesa Redonda A Pluriatividade na Agricultura Familiar como Desenvolvimento Local Plano de Negócios Coordenadores e Mediadores Prof. Luiz Afonso; Prof. Marcus Silva; Aluno Luiz R. Filho (3º Sem). Profª. Ana Flávia Derze; Prof. Manoel Ribeiro. Mesa Redonda Qualidade de Vida no Trabalho Mesa Redonda Vendedor do Conhecimento vendendo a si para si mesmo. Relações Interpessoais - Um Desafio para a Geração Contemporânea A Matemática Financeira e Cidadania Políticas de cotas Ação Afirmativa: Perspectiva da Academia A Pluriatividade na Agricultura Familiar como Desenvolvimento Local Área: Humanas Mesa Redonda Mesa Redonda Mesa Redonda Mesa Redonda Mesa Redonda Mesa Redonda A Matemática Financeira e Cidadania A Turma dos 5 S Prof. Renato Figueiredo; Profª. Clarice Zunta. Profª. Roberta Duarte; Profª. Lázara Fares; Aluno Leuzimar Silva (3º Sem). Prof. Ricardo Laub; Prof. Maury Silva. Prof. Itamar Melo; Profª. Daniela Piloni. Prof. Bem-Hur Cardoso; Prof. Eduardo Silva. Profª. Silviane Silva; Profª. Rosana Machado. Profª. Regina Silva; Prof. Elizeu Silva. Profª. Sebastiana Fonseca; Prof. Alessandro Ferraz. Profª. Maria José Proni; Prof. Paulo Henrique Moraes. Área: Educação Tipo de Trabalho Mesa Redonda Descrição do Evento Ensino de Língua e Literatura na Educação Básica Mesa Redonda Educação Inclusiva: Deficiência Visual e Intelectual Coordenadores e Mediadores Profª. Adalgisa Gonçalves; Profª. Renata Romero; Profª. Eliana Moraes. Prof. Nelson Campos; Profª. Nancy Martins; Profª. Deglene Brito. Área: Exatas Tipo de Trabalho Mesa Redonda Descrição do Evento Segurança da Informação em Ambientes em Nuvem Coordenadores e Mediadores Prof. Andersown Becher; Cláudio Elautério; Ricardo Becker. Data: 06/05/2011 Área: Humanas Tipo de Trabalho Mini-Curso Mini-Curso Descrição do Evento Desenvolvimentos Tecnológicos - Inovação Coordenadores e Mediadores Prof. Luiz Afonso. Profª. Ana Flávia; Profª. Regina. Profª. Roberta; Gerenciamento de Conflitos com Profª. Lázara; ênfase em práticas trabalhistas Profª. Mara. Prof. Renato; Planejamento Estratégico Profª. Clarice. Modelo de Gestão Classe Prof. Wilquerson. Mundial Trabalhador do Conhecimento Prof. Ricardo Laub. A Nova Ortografia da Língua Profª. Renata; Portuguesa Profª. Andrea, Profº. Rosana; Logística de MT para o Mundo Prof. Vanderson. Políticas de cotas Ação Profª. Silviane. Afirmativa: Perspectiva da Academia Profª. Narada; Cálculo Básico Trabalhista Prof. Paulo Henrique. Exelência no atendimento Profª. Maria José. Marketing Pessoal Mini-Curso Mini-Curso Mini-Curso Mini-Curso Mini-Curso Mini-Curso Mini-Curso Mini-Curso Mini-Curso Área: Educação Tipo de Trabalho Mini-Curso Mini-Curso Descrição do Evento Leitura Cidadã: Caminhos e Procedimentos O uso das tecnologias na escola Palestrantes Profª. Adalgisa Gonçalves; Profª. Juscelina Ferreira. Profª. Maria Auxiliadora; Profª. Wilce Calazans; Profª. Sandra Regina. Área: Exatas Tipo de Trabalho Mini-Curso Descrição do Evento Instalando o Firewall Aker Mini-Curso Linha de Produto de Software Palestrantes Cláudio Elastério; Sérgio Kojima. Prof. Edie Correia. 14 Artigos produzidos 14.1 Resumo Curso Educação Exatas Humanas Título Educação literária: o que é e como alcançar Livro Didático de Língua Portuguesa: Um Gênero do Discurso Perfil do Professor para Atuar no Século XXI As Práticas de Saúde e Educação no Cotidiano de Uma Creche Municipal de Cuiabá - Mato Grosso: Um Estudo de Caso Concepções Avaliativas dos Professores do Ensino Fundamental de Uma Escola do Município de Cuiabá–MT Educação literária: o que é e como alcançar O Construtivismo e sua Presença na Educação Infantil e Ensino Fundamental Análise e Implementação de um Sistema de Detecção e Prevenção de Intrusão Utilizando a Ferramenta IPS-1 Realidade Virtual e Aumentada – Conceitos, Tecnologias e Aplicações Saúde e segurança no trabalho, um processo inovador A Sustentabilidade Econômica nos Assentamentos de Reforma Agrária Instrumentos Econômicos de Política Ambiental Valoração Econômica do Meio Ambiente Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável A pluriatividade na agricultura familiar como desenvolvimento local TOTAL 14 14.2 Humanas 14.2.1 Saúde e segurança no trabalho, um processo inovador Regina Nogueira da Silva - Professora Universitária Lucimara de Souza Miranda Gabriel - Acadêmica do Curso de Gestão Estratégica do Setor Público INTRODUÇÃO Os estudos sobre saúde e segurança no trabalho tiveram seu início no século XVI em função da percepção das muitas perdas humanas e também da Revolução Industrial. Tal evento por sua vez resultou no surgimento de associações as quais defendiam seus associados lutando por direitos, organizando e estruturando suas atividades. A partir destes conhecimentos, começaram a surgir as primeiras leis trabalhistas. Um dos primeiros relatos ocorreu na Itália em l700 com a publicação da obra De morbis artificum diatriba, de Ramazzini. Alguns conceitos de proteção são estabelecidos apenas ao longo do século XIX, três séculos após o primeiro registro conhecido, quando em diversas localidades foram estabelecidos progressivamente alguns preceitos de proteção que asseguravam a saúde e a segurança das pessoas nas organizações. Precisa-se estarmos atentos à compreensão do que vem a ser um acidente de trabalho e doença profissional ocasionados no ambiente de trabalho, a fim de se obter um melhor entendimento acerca do assunto em questão. Com o intuito de ajudar nesta tarefa, destacamos as definições respectivas contidas na legislação. Palavras Chave: Segurança, Saúde, Responsabilidade Social. SAUDE, E SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO As definições respectivas contidas na legislação, retiradas do site do Senado Federal, estabelece-se sobre a Lei nº 8.213, arrgios l9 e 20, de 24 de julho de l991, que os definem da seguinte maneira: Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. Ll desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. A saúde apresenta como formação e complementação de seus objetivos três conceitos que explicam de forma direta e transparente alguns critérios básicos sobre sua aplicação: Promoção adequada das condições ambientais: ao mencionarmos as condições ambientais estamos nos referindo a variáveis exigidas e incluídas no ambiente de trabalho, ou seja, as pessoas da organização estão diariamente sob essas variáveis, tais como iluminação, ruídos e temperatura. Controle dos fatores causadores das doenças: muitas vezes, durante a jornada de trabalho, as pessoas, ao manusearem ou estarem em contato direto com materiais e elementos prejudiciais à saúde, desenvolvem deficiências sérias, ocasionando riscos à saúde. Prevenção, redução e eliminação das causas prejudiciais: as organizações necessitam constantemente e progressivamente de desenvolvimento de planejamentos, educação correta na execução das atividades cotidianas e utilização dos materiais necessários para a realização destas. A segurança do trabalho apresenta, como formação e complementação de seus objetivos, três condições as quais explicam de forma direta e transparente alguns critérios básicos da sua aplicabilidade. São elas: Identificação das principais causas: estar atento ás ocorrências de acidentes de trabalho é uma característica importante dos gestores da organização, principalmente do gestor de pessoas. Contudo, ainda hoje, existem gestores que parecem não querer enxergar o que precisa ser feito e, muitas vezes, mesmo quando as pessoas da organização apontam tais necessidades, pouco ou nada é feito. Correção e manutenção das estruturas físicas: após a identificação das principais causas de acidentes de trabalho, os gestores responsáveis devem prosseguir na correção dessas causas e, em seguida, providenciar para que sejam realizadas as manutenções necessárias. Note que esta manutenção é bastante importante, porque garante a segurança das estruturas físicas nas quais as pessoas se encontram diariamente para executarem suas atividades. É clara para todos a importância de um ambiente seguro e saudável Prevenção, redução e eliminação de acidentes: a CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes- tem a atribuição de promover a prevenção dos acidentes, com isso tende a reduzir ou eliminar acidentes em muitas situações. Insistimos que os gestores em geral e o de pessoas, em particular, devem estar sempre preparados para prevenir, porque se reduz e/ou elimina acidentes dos mais diferentes graus de gravidade. IMPLANTAÇÃO DO SISTEM ADE SAÚDE E SEGURNAÇA DO TRABALHO As organizações iniciam o processo de desenvolvimento de uma unidade responsável pela saúde e segurança do trabalho adotando as condições impostas pela legislação trabalhista, garantindo à força de trabalho as condições adequadas para a execução de suas atividades. Conforme apresentado por Pacheco Junior (1995), um roteiro sucinto constituído de dez etapas que pode servir como um guia das normas da Série SHT 9000 para a implantação de um Sistema de Higiene e Segurança do Trabalho, difundido no mundo e adotado por muitas empresas – a ISO Série 9000. No passado, o titulo bastante utilizado era segurança e higiene do trabalho, mas ao conhecer as etapas pode-se notar que modificaram o termo anterior pelo atual – saúde e segurança do trabalho: 1a Etapa: compromisso da alta direção e definição da política: para que qualquer prática seja aceita e aplicada de forma correta é preciso que haja ética e transparência no que diz respeito aos ideais geradores desta ação, da mesma forma que o comprometimento das pessoas envolvidas influencia consideravelmente estas ações. 2ª etapa: definição da coordenação responsável pela implantação do sistema: a organização, ou melhor, a alta direção, seleciona a pessoa responsável ou as pessoas responsáveis pela coordenação do sistema de saúde e segurança do trabalho de acordo com a observância de alguns critérios, tais como: liderança, organização, capacidade e sistemática de operações, comportamento e relacionamento interpessoal e conhecimentos técnicos. 3ª etapa: diagnostico da situação presente da saúde e segurança do trabalho na empresa: torna-se necessária a verificação da atual situação da organização no que diz respeito a critérios como perfil das pessoas envolvidas, estruturas da organização, necessidades de desenvolvimento e comprometimento do quadro funcional. 4ª etapa: diagnóstico da situação presente da saúde e segurança do trabalho na empresa: torna-se necessária a verificação da atual situação da organização o que diz respeito a critérios como perfil das pessoas envolvidas, estruturas da organização, necessidades de desenvolvimento e comprometimento do quadro funcional. 4ª etapa: preparação de cronograma: o cronograma é importante porque dá visibilidade e lógica temporal ao processo de implantação do sistema. 5ª etapa: difusão da política e seus objetivos em todos os níveis hierárquicos da empresa: é importante que os gestores tenham excelente percepção do corpo funcional, pois sabemos que uma organização é uma amostra representativa do ambiente social que integra. 6ª etapa: formação de equipes de trabalho: outro fator importante par ao sucesso da implantação do sistema de saúde e segurança do trabalho é o real comprometimento não apenas das pessoas envolvidas na gestão, como também de toda a organização. Uma das pessoas envolvidas na gestão, como também de toda a organização. Uma das possibilidades de promover este comprometimento ―é adotar a forma participativa, isto porque existirá maior envolvimento das pessoas para atingir os objetivos traçados para a saúde e segurança do trabalho.‖ (PACHECO JUNIOR, 1995), inclusive porque formar equipes interdepartamentais é uma forma moderna de dar continuidade a programas, projetos e atividades em toda a organização. 7ª etapa: organização, higiene e limpeza em todas as áreas da empresa: os grupos de trabalho podem ter a incumbência de prevenir doenças em função de descuidos gerados pela falta de organização, higiene ou limpeza. Temos que dedicar maior atenção aos locais mais propícios à proliferação de doenças, de permanência de riscos e aos aspectos de higiene fundamentais para a saúde de toda a estrutura funcional, com o intuito de impedir que eles afetem a organização. 8ª etapa: elaboração do manual de saúde e segurança do trabalho: sabe mos que a temática saúde e segurança do trabalho têm especificidades que fogem ao conhecimento comum. Assim, uma única falha em um dado processo pode acarretar prejuízo (não necessariamente de ordem financeira); por outro lado, uma falha no campo da saúde e segurança do trabalho pode gerar problemas extremamente graves, pois, como é dito no popular, ―com saúde ao se brinca‖. 9ª etapa: elaboração e implementação de procedimentos e instruções: é o ordenamento das etapas anteriores, acrescendo informações de forma clara e simples sobre meios e modos de conseguir a cooperação das demais áreas de organização 10ª etapa: realização: ao observarmos uma nova sistemática, é de fundamental importância o acompanhamento e o controle contínuo, visando constatar os níveis de eficiência e eficácia, com o intuito de avaliar positiva ou negativamente os resultados ou a técnica. SAUDE NO TRABALHO São as três áreas de atuação da saúde do trabalho, que são: a medicina preventiva, a prevenção sanitária e a medicina preventiva, a prevenção sanitária e a medicina ocupacional, AS QUAIS SÃO TRABLAHADAS POR Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001), são implementadas a partir dos itens abaixo informados, que auxiliam no entendimento do tema abordado: Medicina preventiva: tem por objetivo a prevenção e o controle de doenças que muitas vezes impossibilitam os trabalhadores de exercerem suas atividades. Para a serem tomadas pela organização, as quais deverão apresentar planejamentos quanto à saúde e à segurança das pessoas na organização, promovendo programas de educação sanitária e instruindo-as corretamente quanto ao uso de materiais e de condutas diárias. É importante ressaltar que o acompanhamento por intermédio de exames regulares auxilia eficazmente na prevenção de doenças, assim como algumas medidas profiláticas e outros procedimentos, a saber, abaixo procuramos elencar algumas medidas da medicina preventiva, de acordo com a Portaria Ministerial nº 3.237, de 27 de julho de l972. Programar e executar planos de proteção à saúde dos empregados Analisar a fadiga dos empregados indicando as medidas preventivas Proceder ao levantamento das doenças profissionais e lesões traumáticas e estudos epidemiológicos, analisando os resultados com vista às atividades preventivas. Participar da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA); Participar do treinamento dos empregados que se relaciona com assuntos ligados à prevenção e proteção da saúde. Prevenção sanitária: a prevenção sanitária tem por alvo a vigilância sanitária sobre o ambiente a fim de não representar riscos à vida, assegurando condições ambientais adequadas aos integrantes da organização, possibilitando a tomada de medidas coercitivas em tempo hábil, impedindo sua proliferação. Para um maior entendimento, a seguir seguem algumas medidas da prevenção, sanitária, de acordo com a Portaria Ministerial nº 3.237, de 27 de julho de l972: Realizar inquéritos sanitários nos locais de trabalho; Colaborar com os órgãos competentes no estabelecimento de normas de higiene e medicina do trabalho Colaborar com os demais órgãos da empresa no estabelecimento de medidas de controle sanitário dos ambientes e locais acessórios de trabalho; Realizar a divulgação de assuntos de higiene e medicina do trabalho; Articular-se e manter intercâmbio com entidades ligadas aos problemas de higiene e medicina do trabalho. Medicina Prevenção Medicina Preventiva sanitária ocupacional Desenvolvimento, acompanhamento e manutenção da saúde do trabalho Nas organizações Figura 1.1 - Ciclo de atividades da saúde do trabalho Medicina ocupacional: objetiva adaptar as pessoas da organização a sua função, prevenindo-as contra os riscos de agentes prejudiciais à saúde. São algumas medidas da medicina ocupacional de acordo com a Portaria Ministerial nº 3.237, de 27 de julho de l972. Realizar exames pré-admissionais, periódicos e especiais, inclusive provas biológicas, radiológicas e outros exequíveis para os fins previstos; Estudar a importância do fator humano no acidente e estabelecer medidas para o atendimento acidentados; Estudar as causas do absenteísmo; médico dos Sugerir medidas visando ao aproveitamento de recursos médicos comunitários; Colaborar com os órgãos competentes na reabilitação profissional, nos casos de redução de capacidade laborativa do empregado. A saúde do trabalho atua em três áreas, são elas: a medicina preventiva, a prevenção sanitária e a medicina ocupacional, completando um ciclo de atividades que denominamos Ciclo de atividades da saúde do trabalho. De acordo com a figura acima 1.1, podemos observar que este processo ocorre em sentido horizontal e que se afunila e complementa com a etapa que segue: Desenvolvimento, acompanhamento e manutenção da saúde do trabalho nas organizações: as unidades que cuidam da saúde do trabalho não devem apenas se preocupar em executar as atividades típicas; na verdade elas devem ir mais além e desenvolve3r, acompanhar e manter a qualidade de vida no ambiente de trabalho, não somente visando ao conforto das pessoas, mas principalmente pensando em maior eficiência e eficácia do trabalho e desenvolvido, gerando melhor resultado para a empresa. ELEMENTOS PERTENCENTES AO AMBIENTE DE TRABALHO Os elementos abaixo mencionados são aqueles que estão presentes no cotidiano das pessoas e nas organizações. Mas existe um bom motivo, que é o destaque pelo fato de causarem impactos consideráveis na vida das organizações, afetando de uma forma positiva ou negativa os negócios, com materialização nos resultados de ordem financeira. Iluminação: é crescente a importância da preocupação com a iluminação no ambiente de trabalho, já que é possível conciliar a redução de acidentes e erros de produção com o bem-estar das pessoas da organização, desde que a iluminação obedeça a critérios técnicos. Ruídos: normalmente consideramos ruídos como sendo um certo barulho desagradável que nos traz algum desconforto e, até mesmo, causa irritabilidade. É mais o menos isso. Precisamos compreender com este ―barulho‖ é formado e quais as suas implicações nada positivas. Temperatura: determinadas atividades exigem das pessoas adaptação às diferentes temperaturas às quais estão expostas diariamente por determinados períodos de tempo. Diz-se isto uma vez que, em alguns casos, as pessoas executam suas atividades submetidas a temperaturas elevadas ou a temperaturas baixas causando fadigas e outros problemas de saúde e, consequentemente, redução na qualidade do trabalho. RISCOS PERTENCENTES AO AMBIENTE DE TRABALHO Além dos três elementos: iluminação, Ruído e Temperatura, as pessoas na organização encontram-se em meio a riscos oriundos do próprio ambiente de trabalho, os quais por sua vez, causam sérias deficiências à saúde das pessoas e ocasionam danos que poderão afetar mais adiante dos resultados financeiros das organizações. Riscos Químicos Riscos Físicos Riscos Biológicos Os eventos negativos podem ser originados por falta de conhecimento, negligencia e até mesmo por falta de ética dos gestores de pessoas, pois muitas vezes estes estão conscientes dos muitos fatores de riscos, mas, por uma questão de custos, resolvem não desenvolver nenhuma iniciativa que reduza ou elimine os eventos prejudiciais. E é por acreditarmos na importância destes fatores é que apresentaremos seus conteúdos com definições e considerações atuais e em conformidade com o site do Ministério do Trabalho e Emprego, onde constam na NR-9, algumas observações a respeito do Programa de prevenção de riscos ambientais, a saber: Para efeito desta NR, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. A definição dos riscos ambientais é bastante clara e objetiva no que se refere à intensidade e tempo de exposição, uma vez que sabemos das causas destes impactos na saúde do trabalhador e não queremos que isto aconteça, até porque os negócios da organização também sofrerão impactos. Riscos físicos: As pessoas da organização estão executando suas atividades diárias utilizando-se de uma boa iluminação, com temperatura agradável ou plenamente suportável e com baixo nível de ruídos. o Destacamos aqui a NR-9, que menciona o seguinte: “Consideram-se os riscos físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, ionizantes, temperaturas extremas, radiações radiações não ionizantes, bem como o infeassom e o ultrassom”. Riscos químicos: numa organização, o corpo funcional está diariamente exposto às condições ambientais, ou seja, as pessoas respiram o mesmo ar, ingerem alimentos e entram em contato com papeis e pessoas e até com agentes químicos, a relação de riscos químicos com as pessoas da organização, destacamos uma definição de riscos químicos na NR-9, onde: Consideram-se agentes químicos as substancias, compostas ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas forma de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou serem absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão Riscos biológicos: durante a jornada de trabalho pessoas podem sofrer algum acidente, correto? Imagine que este pequeno acidente fosse um pequeno corte. Pensando desta forma, em princípio, um pequeno corte é apenas um pequeno corte. Mas quando paramos e analisarmos o caso, surge uma questão: mas e se esse corte der origem a uma infecção? Perceba que, ao acontecer um fato como este, a pessoa acidentada pode ter estado em contato com agentes biológicos, tais como bactérias ou alguns vírus, uma definição da NR-9, na qual ―consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.‖. SEGURANÇA DO TRABALHO E PREVENÇÃO DE ACIDENTES A prevenção de acidentes visa á busca constante de redução e eliminação dos acidentes de trabalho e, por isso, onde abaixo elencaremos os itens que claramente enfatiza sobre os cinco etapas, que pode ser absorvido pelas organizações com facilidade. 1ª etapa – Conscientização – vale enfatizar a definição (Lei nº 8.213, arts. 19 e 20, de 24 de julho de l991) ´já apresentada, que diz que acidente de trabalho ―é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou perturbação funcional.‖ 2ª etapa – Classificação dos acidentes: os acidentes são classificados de acordo com a sua complexidade e lesões que resultam em alguma deficiência de maior ou menor gravidade. Conforme é classificado por Chiavenato (2000), que apresentamos no comentário abaixo: Acidente sem afastamento: neste caso a pessoa acidentada tem condições plenas de continuar o seu trabalho no mesmo dia ou um ou dois dias depois sem grandes restrições. O acidente sem afastamento não aparece nos mapas estatísticos ou se aparece vem como uma informação específica no sentido de demonstrar que os acidentes não causaram danos às pessoas acidentadas, nem mesmo à imagem da organização. Acidente com afastamento: neste tipo de acidente pode resultar em algumas incapacidades que ocasionam o afastamento da pessoa acidentada. CONSIDERAÇOES FINAIS Apesar de todos sabem que em tempos de crises ou dificuldades, os níveis de desemprego e insegurança com relação ao emprego aumentam consideravelmente, a questão é: até que ponto este fato afeta a saúde e a segurança no trabalho., no entanto é essencial estarmos conscientes de que por mais óbvios que sejam os cuidados que se deve ter, não são poucas às vezes que aparece figura daquele colega que adora criticar o outro por fazer ―tudo conforme o figurino‖, por assim dizer. Contudo, em tempos difíceis, é ai que mora o grande perigo, pois é preciso que cada um tenha acima de tudo vontade e esteja principalmente motivado a cumprir as normas sem dar ouvidos aos desmotivados e não comprometidos dentro do sistema organização em estarem atentos e principalmente se fazerem presentes na contribuição, preservação e continuo trabalho de conscientização para que as leis estabelecidas e que devem ser observadas e cumpridas por toda a organização através dos grupos nomeados pela CIPA e desenvolvidas dentro das empresas através do SIPAT realmente venham a surtir efeitos e se fazerem presentes com os consideráveis resultados esperados pelas equipes que atuam dentro das organizações e pelas organizações que é de fazer um ambiente de trabalho SEGURO e SEM ACIDENTES. Portanto, é oportuno enfatizar que o processo de desenvolvimento e manutenção das unidades que constituem o sistema de saúde e segurança do trabalho acontece lentamente, por meio de muitas lutas e conquistas. Entretanto, podemos observar um grande avanço na permanência da saúde e segurança do trabalho como uma função nobre das organizações. Este interesse por sua vez vem crescendo por iniciativa das organizações e é controlado com base no aperfeiçoamento dos documentos legais os quais visam garantir os direitos e as condições de trabalho dos integrantes de cada organização. Observamos atualmente que um número expressivo de organizações traz para si campanhas e programas permanentes de saúde e segurança do trabalho. É bem verdade que todas essas atividades têm como origem o crescente sentimento de responsabilidade social pelas organizações no Brasil, seguindo experiências bem-sucedidas em outras sociedades. Em suma, cuidar da saúde, e dar segurança às pessoas da organização se transformou em ação social, o que atinge a sociedade como um todo e os clientes e consumidores de forma particular. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ANJOS, Luiz C´pesar G. de. Gestão de pessoas: ed. Compacta. São Paulo: Atlas, 2010. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos. 6. ed. Comp. São Paulo: Atlas, 2000. MINISTÉRIO DA PREVIENCIA SOCIAL. Portaria nr 8, de 23 de fevereiro de l999. Altera a Norma Regulamentadora - NR 5, que dispõe sobre a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA e dá outras providencias. Disponível em http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/Legislação/Portarias/1999/Conteudo //port8.asp. Acesso em: 15.11.2010. PACHECO JUNIOR, Waldemar. Qualidade na segurnaça e higiene do trabalho: série SHT 9000, ormas para gestão e garantia da segurança e higiene do trabalho. São Paulo: Atlas l995. TCHIZAWA, Takeshy; FERREIRA, Victor Cláudio Paradela; FORTUNA, Antonio Alfredo Mello. Gestão com pessoas: uma abordagem aplicada às estratégias de negócios. Rio de Janeiro: FGV, 2001. 14.2.2 A Sustentabilidade Econômica nos Assentamentos de Reforma Agrária Prof. Sebastião Caetano de Freitas e Prof. Luiz Affonso Deliberador Mickosz Estudos realizados em áreas de assentamentos de reforma agrária, na região noroeste do Estado de Mato Grosso, têm evidenciado um conjunto de fatores que respondem pelo insatisfatório resultado alcançado nos projetos de reforma agrária nos municípios de Juruena, Cotriguaçu, Castanheira, Juina, Aripuanã, Rondolândia e Colniza, que servem como parâmetro para analisar a questão no que tange principalmente a renda das famílias assentadas e a sua permanência na terra. É notório que o acesso a terra por si só não conduz a uma mudança nas condições de vida do assentado. Durante muitos anos temos assistido em Mato Grosso discursos perfeitos quando vistos sob a ótica da sustentação ideológica dos grupos políticos partidários, ligados a Reforma Agrária, mas que infelizmente não tem contribuído para resolver a questão fundamental que é a consolidação econômica e social dos assentamentos. E a sustentabilidade dos agronegócios nas áreas de reforma agrária devem passar pela inserção competitiva dos agricultores familiares no mercado consumidor que é o ponto de partida e chegada. Não há como fugir de ciclos biológicos e negociais. O agronegócio em pauta, não se limita ou se encerra na produção agropecuária em termos de possibilidades do desenvolvimento da sustentabilidade, alcança outras atividades não agrícolas como o eco-turismo, o artesanato, a geração e distribuição de energia elétrica através de biomassas, entre outras oportunidades de geração de renda, riqueza e trabalho para os assentados. A possibilidade de êxito dos agricultores familiares da reforma agrária só será real com o fortalecimento do espírito empreendedor, pois no agro-negócio não se separa pequeno, médio e grandes produtores, e sim produtores eficientes ou não. Desta maneira o conhecimento do agro-negócio no âmbito local, regional e nacional representa um instrumento fundamental para a inserção competitiva dos agricultores no mercado. O funcionamento de todas as cadeias produtivas e seus atores será de importância crucial para a organização dos agricultores em cooperativas, associações e/ou sindicatos. A constituição de uma organização produtiva e comercial que viabilize a gestão do empreendimento pelos assentados é primordial para a sustentabilidade dos assentamentos. O modelo de gestão a ser implantado através de cooperativismo ou de associativismo deverá levar em conta o grau de uniformidade de pensamento do grupo e a capacidade de tomada de decisão e manutenção da mesma por períodos de longa duração. A integração das unidades produtoras em torno de um projeto comum de comercialização e de uma marca é fundamental para consolidar a produção e o gerenciamento do processamento, distribuição e comercialização. A atuação no mercado exige capacitação em comercialização, mercado, estratégias de processos produtivos e marketing rural que deve envolver todo o corpo institucional da organização. A formação desta equipe de multiplicadores capacitada com o objetivo de replicar as experiências ―exitosas‖ pode dar-se através das Instituições de Educação, com ações de extensão diretamente nas áreas de assentamentos, utilizando-se professores e alunos-monitores das seguintes áreas de conhecimento: ciências agrárias, engenharia florestal, administração de empresas, economia, contabilidade, marketing, entre outras. Considerando-se um planejamento de ensino aprendizado que priorize o homem rural, os ecossistemas em questão e o desenvolvimento econômico social de forma sustentável. Esta assistência técnica visa oferecer mecanismos eficazes de produção, baseando-se na adoção de métodos adequados à realidade dos produtores da reforma agrária e da agricultura familiar, adequando-os as exigências de qualidade, quantidade e periodicidade de produção exigida pelo mercado consumidor globalizado. Assim, a tendência mercadológica para os produtos e serviços dos assentamentos da reforma agrária da região amazônica se apresenta como novos nichos de atuação empresarial, onde: O mercado de produtos orgânicos, a ação da assistência técnica deverá identificar, organizar e qualificar a produção existente fomentando a conversão de propriedades para o método orgânico; identificar mercados nacionais e internacionais e promover a solidificação das cadeias produtivas; Os mercados institucionais, são formados pelas demandas de produtos e serviços utilizados nas instituições públicas, promovendo a inserção dos produtos nas planilhas de compra dos órgãos públicos como escolas, hospitais, creches, presídios, etc.; Os mercados solidários, étnicos e produtos da biodiversidade, esses mercados tem características peculiares. O valor de compra está relativo ao saber-fazer da região e estar relacionado tanto a cultura popular, como também as características ambientais que fazem do produto um objeto raro ou exótico. Todos estes mercados são oportunidades de negócios que podem ser alcançados através de alianças mercadológicas com Organizações Não Governamentais - ONGs, com ações a nível nacional e internacional, com Instituições Públicas e Privadas que possuem instrumentos e mecanismos e infra-estrutura de apoio imediato de inserção em cadeias produtivas. Para se atingir os mercados com as melhores e maiores taxas de retorno para os produtores familiares que é o mercado ―equo-solidário‖ que tem a particularidade de uma nova relação de troca, na qual o preço estabelecido está baseado nas condições de vida dos produtores, ao invés das regras de mercado. A entrada nesse mercado requer uma base tecnológica que preserve o meio ambiente, elimine a presença de produtos químicos e que levem em consideração os aspectos sociais, como o não uso de mão de obra infantil ou escrava. Hoje este mercado é constituído pelos seguintes países: Canadá, França, Itália, Reino Unido, Alemanha, Japão, Bélgica, Suécia e Estados Unidos. O mais importante é que estes países estão investindo milhões de dólares na região das florestas da fronteira noroeste do Estado de Mato Grosso, com o objetivo de demonstrar que é possível o desenvolvimento harmônico entre a economia e meio ambiente na região, com a promoção da conservação do uso sustentável da biodiversidade das florestas tropicais do Brasil. Concluindo esta proposta de consolidação das áreas de assentamento da reforma agrária da região noroeste de Mato Grosso, com foco na comercialização e mercados, tem se a considerar que as organizações dos assentados devem estar voltadas ao planejamento estratégico da comercialização não do que se produz, mas a de produzir o que se vende. 14.2.3 Instrumentos Econômicos de Política Ambiental Valoração Econômica do Meio Ambiente Prof. Luiz Affonso Deliberador Mickosz Apresentação Valoração Econômica do Meio Ambiente Talvez a mais ampla atividade analítica que se possa realizar a cerca de um objeto do conhecimento. Para Macedo, em Tauk (1995), ―significa compreende-lo e mesura-lo segundo as relações mantidas entre seus elementos e aspectos físicos, bióticos, econômicos, sociais e culturais”. A avaliação ambiental permite que se identifiquem suas potencialidades de uso, de ocupação, suas vulnerabilidades e seu desempenho futuro estimado. Assim, possibilita que se otimizem decisões inerentes a preservação ambiental. Através de técnica comparativa, a valoração econômica busca estabelecer parâmetros com situações alternativas, avaliando e mensurando cenários ambientais, servindo de balizamento para os processos de gerenciamento e monitoramento a serem realizados no meio ambiente. Como já assinalava David Pearce (1976, pg1) em Azqueta e Ferrero (1994), ―há muitos anos os recursos naturais e o meio ambiente em geral, cumprem ao menos quatro funções que são valoradas positivamente na sociedade. Podemos dizer que: 1. Formam parte da função de produção de grande quantidade de bens econômicos; 2. Proporcionam bens naturais cujos serviços são demandados pela sociedade, vindo assim a formar parte da função de produção de utilidade da economia doméstica; 3. Atuam igualmente como um receptor de resíduos e dejetos de todas as classes; 4. O meio ambiente constitui um sistema integrado, proporciona os meios para sustentar toda classe de vida. Deste modo valorar economicamente os recursos naturais significa poder contar com indicadores de suma importância para o bem estar da sociedade, permitindo compara-los com outras possibilidades de uso ou processos alternativos. Busca-se aí a utilização de um denominador comum, capaz de permitir a atribuição de pesos e medidas para todas as coisas, e em geral esse peso é somente um, o dinheiro. Essa afirmativa pode ser fortemente contra argumentada por um grande número de estudiosos do assunto, que se justificam tão somente na posição de ―cavaleiros do apocalipse‖, sem, contudo, dar uma contribuição mais efetiva na busca de alternativas contundentes para a valoração ambiental, que seja capaz de determinar ou estimar prejuízos e lucros dissociados da valoração monetária ou da valoração de mercado. Vê-se, então em um extremo, posturas derivadas da ―Ética da Terra‖, para a qual, a natureza humana tem um valor intrínseco, inerente, e possuindo direitos morais e naturais. Esta filosofia naturalista acaba num reconhecimento de direitos dos animais e de todos os seres vivos, chegando a criar problemas filosóficos bastante sérios. No outro extremo encontra-se a ―Ética Antropocêntrica‖, que confere valor as coisas e suas relações com o ser humano, para quais as coisas têm valor na medida de sua utilidade e necessidade junto ao desenvolvimento da humanidade. Os estudos atuais indicam que uma boa opção está em assumir uma ―Ética Antropocêntrica Estendida‖ em que se assuma uma série de instrumentos de valores para o ser humano, incluindo-se as futuras gerações, tais como: valores de uso, de opção e de existência. Esse tipo de planejamento busca garantir certa eqüidade inter-gerações. Já há dez anos, Colby (1991), ―caracteriza cinco paradigmas diferentes no estudo das relações entre o homem e a natureza: 1º a economia de fronteira; 2º a proteção ambiental; 3º a administração dos recursos; 4º o ecodesenvolvimento e 5º a ecologia profunda‖. Desses cinco paradigmas capazes de cobrir todo o espectro existente entre a Economia Neoclássica e as posições dos ecologistas de extremo, somente os três primeiros são antropocêntricos, o quarto assume uma posição duvidosa e somente o quinto resulta em uma posição certamente biocêntrica. Vê-se que a base econômica para tratamento das questões ambientais é bastante recente. Através dos conceitos de economias externas ou externalidades, desenvolvidos na economia neoclássica, para tratar com as questões dos custos sociais, apresenta-se uma linha básica para as análises sobre o assunto. Deste modo, com base na Teoria Neoclássica da Economia Ambiental, a valoração ambiental irá focalizar a economia inserida no meio ambiente, buscando retratar os fluxos relevantes nas transformações do sistema econômico, incentivos e desincentivos de mercado com análise de impactos ambientais de curto e médio prazo, ajudando a contornar as dificuldades de avaliação devido a sua extensa metodologia analítica, e principalmente promovendo uma ―ajuda‖ eficiente às estratégias e políticas apoiadas unicamente em instrumentos de comando e controle. O autor de Valoración Económica de La Calidad Ambiental edifica sua obra em três partes subseqüentes na ordem 1 Fundamentos Teóricos (bem estar individual e bem estar coletivo), 2 Métodos de Valoração (custos evitados e indusidos, custo de viagem, preços hedônicos, valoração contingente) e 3 Algumas aplicações ( qualidade ambiental e saúde, o ruído, contaminação atmosférica). Considerações Vale a pena ampliar, de algum modo, a capacidade de reflexão sobre os argumentos aqui propostos nesta pequena abordagem introdutória, a respeito dos limites das análises e seus campos de aplicabilidade, bem como os métodos de valoração, a fim de se compreender que, o que se pretende focar são argumentos de valoração do que se supõe serem condições de bem estar social para indivíduos, associados a um meio ambiente mais atrativo e limpo. Apresentar a necessidade de se elaborar as contas ambientais, contabilizando as perdas geradas pelas atividades de produção e consumo, mostrando a necessidade de se atualizar os atuais indicadores macroeconômicos, a fim de se internalizar as questões ambientais em forma de contabilidade ambiental, e para tanto oferecer mecanismos facilitadores desta problemática. Referências Bibliográficas Livro Texto OYARZUN, Diego Azqueta – Valoración Económica de La Calidad Ambiental. McGRAW – HILL INTERAMERICANA DE ESPAÑA, S.A. 1994, ISBN 84-481-1853-7. Livros Complementares AZQUETA, Diego e FERRERO, Antonio – Análisis económico y gestion de recursos naturales. Alianza Editorial, 1994, ISBN 84-206-6807-9 . COLBY, M.E. – La administración ambiental en el desarrollo: evolución de los paradigmas. El trimestre Económico. 1991, pg. 231 TAUK, Sâmia Maria – Análise Ambiental: Uma visão Multidisciplinar. Editora UNESP, 1995, ISBN 85-7139-099-1. 14.2.4 Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável Prof. Luiz Affonso Deliberador Mickosz Resumo Buscar-se-á ter o município como objeto de estudo, num sentido de resgate do lugar obscuro que a história o havia colocado, para uma posição mais arrojada de protagonista das ações administrativas e políticas, despertando a atenção de organismos internacionais - Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento - que destinam fundos para investigações genéricas de auto conhecimento sócio econômico ambiental, dando lugar a uma série de trabalhos de colaboração na área. Segundo Yunéen (1997), “...O município é, antes de tudo, uma comunidade de cidadãos e, no fundo, a comunidade originária no sistema político nacional, vale dizer, a unidade básica e elementar no contrato social...‖ Este texto será norteado pelo estudo ―Gestión Urbana em Cidades Intermédias de América Latina” publicado em 1993 pelas Nações Unidas , destinado aos Assentamentos Humanos (Hábitat), onde distingue um conjunto de três atribuições municipais para a gestão urbana: a primeira referindo-se a autonomia com maior nível de decisão política e independência financeira, a segunda aplicada mais diretamente a forma de gestão participativa admitindo um processo mais democrático e responsável de prática de cidadania, e a terceira que efetive um governo local eficiente dinamizador do desenvolvimento da cidade. Assim apresentará os municípios como entidades político administrativas verdadeiramente representativas e que se articuladas à estrutura dos estados poderão alcançar uma real democratização dos territórios de cada uma das nossas nações, é o que argumenta Yunéen (1997). Objetivos Obter um plano de desenvolvimento de um território que responda as exigências da população, que promova a racionalidade de todos os atuantes no processo e faça mais eficiente as atividades de toda a sociedade, criando condições que contribuam para que a gestão pública municipal seja mais científica e democrática, diagnosticando o município e analisando suas atividades e potencialidades econômicas para uma gestão racional de seus recursos naturais. Formular e implementar políticas públicas de ordenamento e ocupação do espaço geográfico baseadas nos princípios de desenvolvimento proposto pela Agenda 21 Brasileira, 2000, buscando sempre ressaltar a dimensão ambiental nas políticas urbanas que venham a ser adotadas em todos os níveis de governo. Introdução Evolução do Conceito de Desenvolvimento Sustentável O antigo conceito de preservação, baseado na intocabilidade dos recursos naturais, há algum tempo foi superado e substituído por outro que condiciona a preservação a um novo modelo de desenvolvimento da civilização, fundamentado no uso racional dos recursos naturais, para que estes possam continuar disponíveis às gerações que ainda virão. A este desenvolvimento, que não esgota, mas conserva e realimenta sua fonte de recursos naturais, que não inviabiliza a sociedade, mas promove a repartição justa dos benefícios alcançados, que não é movido apenas por interesses imediatistas, mas sim baseado no planejamento de sua trajetória e que, por estas razões, é capaz de manter-se no espaço e no tempo, é que se dá o nome de desenvolvimento sustentável. Segundo o Relatório Brundtland das Nações Unidas, apresentado em 1987, entende-se que: “ Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”. Esse ―novo conceito‖ foi consolidado como diretriz para a mudança de rumos no desenvolvimento global sendo definido pelos 170 países presentes à Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, e considerada o maior e mais representativo evento diplomático dos últimos tempos. Para tornar realidade as novas aspirações, a Conferência aprovou a Agenda 21, documento contendo uma série de compromissos acordados pelos países signatários, que assumiram o desafio de incorporar, em suas políticas públicas, princípios que desde já os colocavam a caminho do desenvolvimento sustentável. Paralelamente, o Programa para o Desenvolvimento das Nações Unidas, realizado entre 1993 e 1995, como projeto experimental denominado “Manejo Ambiental Urbano” -zoneamento- teve a finalidade de criar uma metodologia de trabalho capaz de promover a capacitação, a nível municipal, de políticos, funcionários públicos, educadores, empresários e líderes comunitários e tomadores de decisão no campo da gestão ambiental urbana (municipal). A sistematização de experiências diversas tornou possível a formulação de um guia metodológico, podendo ser aplicado de modo eficaz a todos que busquem estratégias de capacitação para gestão ambiental, considerando-se as tendências mais importantes de desenvolvimento e urbanização regional. Destacam-se, ainda, os impulsos à descentralização e desconcentração estatais, à maior valorização dos recursos humanos e às demandas pelo exercício direto da cidadania e a gestão participativa como política democrática urbana. Estas perspectivas refletiram-se em três seções que compreendem o Guia: a primeira dedicada às considerações básicas que definem os conceitos e as fundamentações teóricas que orientam o trabalho; a segunda apresenta os passos da metodologia que orienta o trabalho de capacitação em gestão ambiental urbana; a terceira sintetiza experiências que exemplificam o processo prévio e a redação desse material. Espera-se que a sua utilização traga benefícios aos setores que necessitem a aplicação de capacitação para o manejo ambiental, buscando promover formas de desenvolvimento sustentáveis baseadas na justiça social e ambiental, com a finalidade de se alcançar melhores condições de qualidade de vida. A implantação da Agenda 21 pressupõe a tomada de consciência por todos os indivíduos sobre o papel ambiental, econômico, social e político que desempenham em sua comunidade e exige, portanto, a integração de toda a sociedade no processo de construção do futuro. Entende-se que essa forma de ação, em que a sociedade compartilha com o governo as responsabilidades pelas decisões, permite uma maior agregação em torno do projeto de desenvolvimento, aumentando suas chances de efetivação. Yunéen, Rodriguez e Sanches, citam Richard Morse (1989, p.76) em “Las ciudades como personas”, utilizando-se de suas palavras para fundamentar o fechamento do Capitulo I do Guia Metodológica de Capacitacion en Gestion Ambiental Urbana para Universidades de América Latina y el Caribe (1997). Morse (1989, p.76) “...as cidades são agora pontos nodais da nação, e não suas cidadelas de controle...” Argumentação Asqueta e Ferrero (1994, Madri, pg20), comentam que os recursos naturais constituíram uma das preocupações fundamentais dos economistas clássicos como Malthus, Ricardo ou Mill, especialmente ao zoneamento da terra agricultável. Citam ainda que, Adam Smith, fundador da moderna ciência econômica considerava que o crescimento econômico e o crescimento da população eram fenômenos passageiros, “...afortunada é a nação que cresce rapidamente..., todavia à cita com um triste destino: o equilíbrio em um mínimo de sustentabilidade”, e continua, “...triste é a nação que tenha alcançado o equilíbrio estacionário ao nível de subsistência...”. O conceito de desenvolvimento sustentável começou a ser divulgado pelo relatório ―Nosso futuro comum‖, a partir de 1987. O termo busca transferir a mensagem de que é possível desenvolver-se utilizando racionalmente o meio ambiente, e propõe que todos os países se unam na busca de se evitar o aumento da degradação ambiental de florestas, atmosfera, solo e oceano. Os problemas dos recursos ecológicos e sociais da Terra são intimamente independentes. Pobreza, crescimento acelerado da população, destruição dos recursos e degradação do meio ambiente estão profundamente relacionados. O crescimento da raça humana e as grandes disparidades entre poder econômico e político contribuem para a destruição dos recursos naturais, danificando o meio ambiente, e recursos e meio ambiente degradado afeta a vida das pessoas. A degradação ambiental pode contribuir para a instabilidade política e econômica. Eficácia Desse modo, e nesse caso, a via política apresenta-se como ferramenta de fundamental eficácia na mudança do atual modelo econômico de desenvolvimento para um novo modelo, socialmente mais justo e ecologicamente responsável. Reorganizar o sistema de gestão passou a ser a primeira e principal tarefa dos gestores do ambiente urbano, adotando rumos organizacionais sob a forma de “novos marcos de gestão urbana”, devendo passar obrigatoriamente por: mudanças de escala relativas a opções por projetos de viabilidade econômica menos impactantes; incorporação da dimensão ambiental nas políticas setoriais urbanas, buscando preservar os recursos naturais estratégicos pela observância de questões habitacionais, abastecimento, saneamento, e ordenação do espaço pelo zoneamento agro ecológico econômico e social; integração das ações de gestão na busca de redução de custos, aumento e criação de sinergias que ampliem os impactos positivos; necessidade do planejamento estratégico de desenvolvimento otimizado da economia; descentralização das ações administrativas e dos recursos contemplando as ações micro regionais e locais; incentivo à inovação com apoio a pesquisa e inserção de inovações tecnológicas; inclusão dos custos ambientais e sociais no orçamento e na contabilidade de projetos infraestruturais; indução de novos hábitos de moradia, transporte e consumo nas cidades; e fortalecimento da sociedade civil e dos canais de participação e ação comunitária. Eficiência Na elaboração do plano diretor de desenvolvimento sustentável deverão ser utilizadas as orientações da Agenda 21 Brasileira, sempre que possível, a qual estabelece os seguintes componentes de sustentabilidade: ambiental, econômica, ecológica, social, política, institucional, demográfica, cultural e espacial. A lógica metodológica de abordagem das diretrizes de reordenamento do sistema, nesse caso, atinge a eficiência nas fases de elaboração e execução do plano diretor de desenvolvimento, garantindo custos reduzidos de implantação, dada a elaboração participativa da sociedade, com a garantia de objetivos atingidos. Acredita-se que o desafio maior da gestão urbana está em buscar modelos de políticas que permitam a interação de novas acomodações da economia globalizada com a regulamentação das políticas públicas para com os modos de produção da comunidade, e seu enfrentamento frente ao quadro dos excluídos sociais e de deterioração ambiental. A inserção do País – Brasil -, dos Estados e dos Municípios nesses novos patamares de contemporaneidade aumenta as adaptações de planos políticos institucionais, numa tentativa, nem sempre válida, de garantir o processo de transição. Custos Administrativos O plano diretor de desenvolvimento sustentável, instrumento transparente de gestão pública, garante-se como ferramenta de estratégias capazes de não somente aprimorar critérios de alocação e redistribuição de recursos do Estado, como também aumenta a participação da sociedade nos processos decisórios de planejamento da gestão municipal. Isto, por si só, já seria argumento suficiente para sustentar e contrapor posições contrárias ou afirmativas de que os custos administrativos seriam elevados. A dinâmica da co-responsabilidade na gestão pública e a prática do planejamento exercida em conjunto são a garantia de busca de equilíbrio nas regulamentações referentes às políticas públicas, onde então a manobra de grupos de interesses ficam mais restritas. Incentivo ao Esforço Máximo O Brasil adotou uma estratégia de inserção econômica de mercado altamente competitivo, impondo-se a ajustes de alavancagem tecnológica em todos os setores da atividade produtiva. Associado a esta ação, externamente as alterações de regulamentações comerciais impuseram medidas de controle passando a exigir produtos ecologicamente corretos. Os organismos internacionais e as agências de fomento de políticas de crescimento e incentivo ao desenvolvimento, adotaram medidas restritivas de créditos para mega projetos, exigindo do gestor público a adoção de medidas que retratem a atividade sócio, econômica, política e ambiental do município. Assim, as pesquisas voltaram a espelhar a realidade local e micro regional, o planejamento da cidade passou a ser compartilhado pelos munícipes e as despesas devem ser apresentadas através de um planejamento plurianual, sob pena de crime fiscal por parte do gestor público. Vale ressaltar que nesse caso o planejamento continuado de atividades a fins, na gestão pública, não são sinônimos de burocracia, são ações que convalidam a viabilidade desse instrumento de administração ímpar no processo de cidadania e na modernidade que se busca imprimir na gestão pública municipal. De acordo com Herrera (1990, p.194), Diretor do Departamento de Geociência da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP: ―uma condição essencial de uma sociedade viável é a participação, traduzida no direito de todos os membros participarem nas decisões sociais em todos os níveis‖. Equidade Especificamente no caso de planos diretores de desenvolvimento, a participação da comunidade é um pré-requisito essencial para a obtenção de uma sociedade realmente compatível com o meio ambiente, pois mudanças de hábitos de consumo e produção não podem ser impostas, atingem a eficácia na equidade se forem assumidas conscientemente por toda a comunidade conduzindo ao esforço máximo. Isso não significa dizer que os conceitos estabelecidos no plano gestor venham a ser equânimes, as sociedades não são essencialmente igualitárias no acesso aos bens e aos serviços, alterações ali propostas certamente afetarão negativamente e positivamente vários setores de atividade econômica, política, social, ambiental e cultural, e esse custo será muitas vezes incomensurável. Aceitação Política O hábito do planejamento e especificamente o plano de gestão municipal não são documentos de reflexão de estudos considerados prontos e acabados, representam sim um diagnóstico social seguido de metas e ações corretivas e ou indicativas de novos posicionamentos estratégicos. Por Jaguaribe (1979, p.80), “... tendo por objetivo conduzir a sociedade de uma micro região a patamares superiores de desenvolvimento, e a isso damos o nome de melhores condições de welfare state”. Assim, sua permanência estará totalmente relacionada ao grau de envolvimento da sociedade para com a elaboração do planejamento e com os objetivos ali traçados, o plano diretor deverá refletir os anseios dos munícipes, caso contrário não se justificará. Interferência em decisões privadas Na elaboração do plano gestor de zoneamento municipal, a metodologia garante o acompanhamento pela comunidade via audiências públicas, onde as fases do planejamento são apresentadas aos vereadores, representantes comunitários, líderes de bairros, interessados de organismos governamentais e não governamentais, até sua conclusão. A partir daí, o documento é então entregue a sociedade em ato público. Sua implantação dar-se-á na medida em que os esforços do gestor público forem se evidenciando, e suas metas começarem, então, a serem atingidas. Se a sua consecução buscou diagnosticar corretamente as aspirações da cidade - meio urbano e rural - retratando seus problemas, e adotando medidas de cura possíveis de serem atingidas, certamente haverá um incentivo positivo ao esforço máximo de apoio por parte da sociedade. Permanência A visão de sustentabilidade não corresponde a uma simples extrapolação de tendências. Ela tem o caráter primordial de uma indicação do tipo de futuro que atenda àquilo que valoramos, respeitando-se a base natural que nos proporciona os insubstituíveis serviços de apoio à vida e nos apresenta limites. Isto significa conferir à noção do desenvolvimento sustentável um sentido moral e ético, antes que essencialmente econômico. Significa também um rompimento com a receita fácil e habitual de apoiar o progresso material em estratégias que dizem respeito apenas a acumulação de capital e mudança técnica. Significa, ainda, uma alteração radical em práticas voltadas para o crescimento econômico pelo crescimento econômico, característica essa que impõe mudanças radicais na conduta do governo, das instituições privadas e dos indivíduos. Considerações Finais A sustentabilidade visada é um processo sem fim, que significa mudanças nos sistemas econômicos que estamos acostumados a usar. Não se pode omitir que, na sustentabilidade estão subentendidas categorias como atenção e tratamento privilegiados para os setores: educação, saúde, equidade e cidadania, parâmetros indispensáveis de qualquer consideração de realidades sustentáveis do futuro. A promoção destes setores significa garantir o aumento da riqueza social, oferecendo às pessoas condições para que sejam mais eficientes e se posicionem melhor na sociedade, em face de seus direitos, obrigações e possibilidades produtivas. A execução de planos e metas capazes de conduzir os esforços neste sentido recebe o nome de Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável – é o zoneamento municipal agindo. A dialética de futuro, da abertura política, da cidadania e da garantia de direitos democráticos, por um Brasil mais edificante e participativo nas questões sociais, econômicas e ambientais. Referências Bibliográficas ASQUETA, Diego e FERREIRO, Antônio - Analisis Econômico y Gestión de recursos Naturales. 1994, ed Alianza Editorial, Madri, p.20 Documentos Básicos - Seminários Universidade e Meio Ambiente. Editora IBAMA, 1990, Brasília. EKINS, Paul. The Concept of Environmental Sustainbility. Cap. 4. In: Economic Growthan Environmental Sustainbility – Londres e Nova York: Routlede, 2000. JAGUARIBE, Hélio. Introdução ao Desenvolvimento Social, Ed. Paz e Terra, 1979, p.80 CDD 330.981.301.400981 MAY, Peter Herman e MOTTA, Serôa Ronaldo, et all - Valorando a Natureza: análise econômica para o desenvolvimento sustentável. Editora Campus Ltda, 1994, RJ. ISBN 85-7001-867-3 Ministério do Meio Ambiente - Subsídios a Elaboração da Agenda 21 Brasileira – Gestão dos Recursos Naturais. Editora IBAMA, 2000, Brasília. ISBN 85-7300-095-3 MUELLER, Charles, “As Contas Nacionais e os Custos Ambientais da atividade econômica“ – Análise Econômica,1995. NOGUEIRA, Jorge Madeira e FARIA, Ricardo Coelho de. – Métodos de Valoração Contingente. Aspectos Teóricos e Testes Empíricos. NOGUEIRA, Jorge Madeira e MEDEIROS, Marcelino A A de. – Quanto vale aquilo que não tem valor ? Valor da existência, economia e meio ambiente. Recife: Anais do XX Encontro Nacional de Economia (AMPEC), Volume 2, 1997. TAUK, Sâmia Maria – Análise Ambiental, uma visão multidisciplinar. Editora UNESP, 1995, SP. ISBN 85-7139-099-1 YUNEÉN, Rafel Emilio; RODRIGUEZ, Roberto Eliseo e SANCHES, José Ramón Guia Metodológica de Capacitacion en Gestion Ambiental Urbana para Universidades de América Latina y el Caribe. Editora Copyright 1997, New York, USA. 14.2.5 A pluriatividade na agricultura familiar como desenvolvimento local Profª. Regina Nogueira da Silva O Trabalho apresentado em por objetivo expor sobre o novo olhar para a pluriatividade na agricultura familiar, permitindo portando conceituar a propriedade como uma unidade de produção e reprodução, permitindo portando perceber que o meio rural por sua vez não é baseada exclusivamente em atividades agrícolas, onde, a família do pequeno produtor rural procura vender sua força de trabalho e com isto, permitir que tenham qualidade de vida e que ele juntamente com sua família permaneça no meio rural, evitando portando o seu deslocamento para a cidade, ou seja, evitando portanto o êxodo rural. A Pluriatividade, portanto, refere-se a uma unidade produtiva, multidimensional, onde, por sua vez se pratica a agricultura como também desenvolve-se outras atividades, tanto dentro como fora da propriedade, pelas quais são recebidos diferentes tipos de remuneração e receitas que contribuem para o sustento do pequeno produtor rural e sua família. Desta forma, a pluriatividade permite separar a alocação do trabalho dos membros pertencentes a família rural e de suas atividades principais, como também o trabalho efetivo das rendas, permitindo assim que a força de trabalho do pequeno produtor rural juntamente com os de sua família sejam utilizadas na execução de serviços na própria região, permitindo com isso, que o agricultor permaneça no campo e com a disponibilização de seus serviços os mesmos recebam um valor representativo que irá ajudar no sustento de sua família e permitir que as mesmas continuem no meio rural. Palavras-chave: Agricultura Familiar, Pluriatividade, Produçao e Desenvolvimento Local. AGRICULTURA FAMILIAR E TECNOLOGIA Todas as agriculturas praticadas no Brasil são igualmente importantes para a pesquisa agropecuária. Se a diversidade de contextos – históricos, ecológicos, socioculturais, econômicos e político-institucionais – é constitutiva da realidade do País, não existe uma, senão muitas agriculturas. Todas dão contribuições relevantes à sociedade, a partir do contexto singular que lhes coloca vários desafios, exige muitas funções, concede algumas potencialidade e impõe certos limites. Isso revela complementariedade e interdependência dessas agriculturas. Entre elas, a agricultura familiar ocupa um lugar de destaque, cuja institucinalidade ocorreu com a Lei nr ll.322, de 24 de julho de 2006, Lei da Agricultura Familiar. (SOUZA, 206, p.25). De acordo com SOUZA ( 2006, p. 25), Para conceituar Agricultor familiar rural ou empreendedor rural, utilizamos a definição legal que define o mesmo como sendo aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, a quatro requisitos, quais sejam: Não tenha, a qualquer título, área maior do que quatro módulos fiscais. Utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento. Tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento. Dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. Para Souza (2006, p.26), não é inusitada a existência da polemica em torno do conceito de agricultura familiar no Brasil. O fundamento é entender-se que, seja qual for o terreno de disputa em torno da precisão e validade do conceito, a agricultura familiar exerce papel importante na agricultura brasileira. De acordo com Souza (2006, p. 12), Na sua importância incontestável, a agricultura familiar está incluída na definição das políticas públicas de vários países, embora não haja consenso internacional quanto ao significado do conceito de agricultura familiar. No caso brasileiro, com a política de inclusão social do governo, a agricultura familiar é considerada tanto como instrumento de desenvolvimento sócio-economico (como fonte de emprego e veículo de segurança alimentar, de qualidade do produto e de proteção ao meio ambiente), quanto como instrumento político de fortalecimento da democracia. É oportuno ressaltar que mesmo não estado caracterizado em lei, traços adicionais importantes da agricultura familiar precisam ser considerados, como sua diversidade e pluriatividade. No que concerne a este último, deve-se ter bem presente que a grande maioria dos estabelecimentos familiares lida com sistemas agrários complexos. Já sua diversidade relaciona-se a fatores tais como situação dos produtores, nível educacional, acesso as instituições de saúde, meio ambiente, aptidão das terras (SILVA ET alli, 2004) a disponibilidade de infra-estrutura, e a um conjunto formado por elementos culturais, ambientais e econômicos. A importância econômica e social da agricultura familiar é maior do que normalmente se admite. Segundo o Novo Retrato da Agricultura Familiar – O Brasil Redescoberto, que trabalhou os dados do Censo agropecuário l995-96, são 4,1 milhões de representando estabelecimentos 85,2% estabelecimentos familiares dos familiares estabelecimentos ocupam mais de existentes no Pais, agropecuários. 70% da Esses Mao-de-obra, compreendem 30,5% da área total dos estabelecimentos agropecuários (cerca de l7,8 milhões de hectares) e respondem por 37,9% do valor bruto da produção agropecuária brasileira. Não por outras razoes, há numerosos estudos salientando o perfil desse grupo social e econômico como pródigo mantenedor de postos de trabalho. (SOUZA, 2006, p. 13). A PLURIATIVIDADE A presença e generalização das atividades não-agricolas são fenômenos em cursos em vários países do mundo. Conforme descreve Teixeria (1998), cerca de 40 a 60% das explorações dos paises mais industrializados, obtém mais da metade de suas rendas fora da agricultura em l978. Nos Estados Unidos, atualmente, apenas 10% do pessoal ocupado no meio rural vive da agricultura. Já na América Latina o rural não-agricola ocupa entre 20% a 30% da população.(SOUZA, 2006). Esse fenômeno da diminuição do peso das atividades agrícolas no emprego e na composição da renda das pessoas e famílias residentes do meio rural, dando lugar aos empregos múltiplos e fontes de rendas diversificadas, tem sido identificado na literatura como pluriatividade e agricultura de tempo parcial. As famílias pluriativas, como analisa Teixeria (1998) são aquelas em que um ou mais membros do grupo doméstico exercem alguma atividade extraagricola e∕-ou possui uma fonte de renda fora da agricultura. A agricultura familiar possui meios de crescer e é um aspecto de inúmeros estudos a respeito, sobretudo aos olhos sociais, onde sociólogos apresentam a maior parte de pesquisas a respeito. Fato este que ocorre porque o desenvolvimento dos agricultores familiares está intimamente ligado a questão da reprodução destas famílias e falta de trabalho social por parte dos órgãos competentes, em especial os órgãos públicos. (PIRES,2009). Nos estudos apresentados por Baumel e Basso (2004, p. 139), os autores defendem a tese da pluriatividade, na busco do desenvolvimento da agricultura familiar A pluriatividade se estabelece como uma prática social, decorrente da busca de formas alternativas para garantir a reprodução das famílias de agricultores, um dos mecanismos de reprodução, ou mesmo de ampliação de fontes alternativas de renda: com o alcance econômico, social e cultural da pluriatividade das famílias que residem no espaço rural, integram-se em outras atividades ocupacionais, além da agricultura. Segundo Schneider (2003, p.144), as agroindústrias, ou atividades ―para-agricolas‖ consistem suas tarefas no beneficiamento ou processamento de produtos agrícolas in natura ―{...} ser dentro da propriedade {...} é a chamada agregação de valor a um determinado produto {...}, diz o o autor. Sem duvidas esta agregação de valor ao produto é importante sob o aspecto econômico da família, porém deve-se estar atento para inúmeros outros fatores que envolvem esta questão, como logística de distribuição, mercado consumidor, comercialização, tributação, preço e e concorrência de outros produtos. AS FORMAS PIONEIRAS DA PLURIATIVIDADE NA AGRICULTURA: O “TRABALHO RURAL ACESSÓRIO” E AS “ATIVIDADES NÃO-AGRICOLAS COMPLEMENTARES” Conforme menciona Scheineder (2003), uma vez que se concorda que o fenômeno atualmente denominado pluriatividade não representa uma situação inteiramente nova no modo de funcionamento das formações sociais e econômicas agrárias e que lhe falta conteúdo teórico e conceitual é relevante examinar como os autores de alguns estudos clássicos interpretaram essa realidade. É nos trabalhos de Kautsky e Chayanov que se encontram algumas das primeiras referencias ao ―trabalho acessório‖ e a ―outras atividades nãoagricolas‖, entendidos como formas complementares de obtenção de renda e de inserção econômica de pequenos proprietários ou camponeses. Segundo Kautsky (1980), o desenvolvimento do capitalismo na agricultura tende a uma ―lenta e gradual‖ subordinação à industria. Para ele, o processo é comandado pela dinâmica do progresso tecnológico na agricultura (especialmente devido aos efeitos da agroquímica), que acaba por transformála em um ramo da industria, completando-se, assim, uma longa evolução que resulta na afirmação da superioridade técnica da grande propriedade sobre as pequenas ( ou unidades camponesas, como também são chamadas). No entanto, Kautsky afirma que o processo de transformação estrutural da agricultura sob o capitalismo não elimina necessariamente, as pequenas propriedades desde que elas desenvolvam ―formas de trabalho acessório‖ (que podem ou não estar ligadas à agricultura) que lhes permitam manter sua reprodução social. (SCHNEIDER, 2000) A permanência de pequenos proprietários estaria relacionada à própria natureza do processo de desenvolvimento capitalista na agricultura, pois não obstante a superioridade técnica e empresarial da grande exploração, o que favorece a obtenção de maior taxa de lucro pelos capitalistas, os pequenos proprietários continuariam a desempenhar o papel fundamental de fornecimento da força de trabalho para as unidades maiores. Segundo Kautsky (1980, p. 178): {...} não devemos pensar que apequena propriedade territorial esteja em vias de desaparecer na sociedade moderna, ou que possa ser inteiramente substituída pela grande propriedade. A grande propriedade, por mais que rechace os camponeses livres, sempre manterá uma parte deles à sua ilharga, uma parte que ressuscita como pequenos arrendatários. No entanto, o autor por sua vez ressalta, a possibilidade de persistência das pequenas propriedades camponesas somente é admitida sob a condição que elas venham a assumir uma função acessória e complementar à grande empresa que, por sua vez, exercerá seu pleno domínio no terreno da produção agrícola. Tal função estaria relacionada à pouca disponibilidade de terra e às dificuldades de modernização tecnológica, o que restringe sua capacidade de concorrência e reduz sua renda a níveis que obrigam essas pequenas unidades a buscar uma atividade complementar ou, então, a abandonar definitivamente o campo. (Schneider, 2004). De acordo com Kautsky (l980. P.194), existem três tipos de ocupação acessória que podem exercer esse papel: Trabalho agrícola assalariado, mais conhecido como trabalho temporário, exercido nas grandes propriedades em épocas de maior demanda por Mao-de-obra, como nas colheitas Ocupação dos camponeses em industrias a domicilio, o que, em geral, ocorre em regiões de pouca aptidão agrícola para consolidar uma agricultura competitiva, caso de várias áreas na Alemanha e no restante da Europa por ocasião de seus estudos. Apesar de ser meios eficiente do que a grande industria urbana, para Kautsky a industria a domicilio rural desfrutaria da vantagem de se apoiar na agricultura, o que lhe permite rebaixar os custos d e produção, especialmente com a remuneração da força de trabalho. Fundação de industrias no campo, que progride em função do avanço das comunicações (canais, estradas de ferro, telégrafos), o que também ocasiona a necessidade de trabalhos complementares para as famílias de pequenos proprietários. Desta forma, afirma Kaustsky (1980, p.206), ―{...} estas três espécies de trabalho acessório ao alcance dos pequenos camponeses não se excluem de modo algum.Podem existir simultaneamente, e, freqüentemente, coexistem‖. Sendo assim, pode-se enfatizar que a questão das atividades rurais nãoagricolas (ainda que não explicitamente nesses mesmos termos) aparece na obra de Kautsky não apenas com uma forma de reafirmação de seu argumento central, em favor da superioridade técnica da grande propriedade e do inequívoco processo de industrialização da agricultura, tornando-a um apêndice da indústria, mas também como uma divergência a Lenin, Engels e ao próprio Marx, já que autor tem uma visão radicalmente distinta a respeito dos desígnios da estratificação social e econômica decorrente do processo de penetração do capitalismo no campo. A FAMILIA PLURIATIVA: UMA UNIDADE DE ANALISE Com base nos elementos teóricos delineados, torna-se necessário fixar uma unidade de observação pertinente ao estudo da pluriatividade e da agricultura familiar. Nesse sentido, a abordagem aqui empreendida considera as famílias rurais como unidades onde a presença da pluriatividade deve ser entendida como um ponto de partida para reflexão sobre o próprio funcionamento e as características da agricultura familiar. A unidade de análise que servirá de referência a este trabalho, e que deverá se constituir em locus privilegiado da observação sociológica, será a família rural, entendida como um grupo social que compartilha um mesmo espaço (não necessariamente uma mesma habitação) e possui em comum a propriedade de um pedaço de terra. Esse coletivo está ligado por laços de parentesco e consangüinidade (filiação) entre si, podendo a ele pertencer, eventualmente, outros membros não consangüíneos (adoção). É no âmbito da família que se discute e se organiza a inserção produtiva, laboral e moral dos seus diferentes membros integrantes e é em função deste referencial que se estabelecem as estratégias individuais e coletivas que visam garantir a reprodução social do grupo. Embora seu objetivo seja a reprodução material, cultural e moral do grupo, não há caminho predeterminado ou estratégias definidas ex ante, mesmo que nos casos empíricos estudados a inserção no mercado de trabalho de atividades não agrícolas seja uma alternativa freqüentemente trilhada pelos membros da família, o que poderá não se repetir se esta mesma definição for utilizada para investigar outros contextos sociais e econômicos. (SCHNEIDER, 1998). Para operacionalizar a utilização da família como unidade analítica, sugere-se, também, a separação heurística das unidades familiares em unidades de produção e grupos domésticos (Neves, 1995; 1997; Carneiro, 1998). Esta separação é particularmente operacional ao estudo de situações nas quais as famílias ou os indivíduos recorrem às atividades não agrícolas e à pluriatividade como estratégias ou mecanismos para viabilizar seus interesses pessoais ou coletivos, em geral traduzidos na busca de rendas mais altas ou trabalhos menos penosos que a atividade agrícola (Schneider, 1999, p. 125). Conforme também haviam sugerido Fuller (1984) e Barthez (1982; 1987), a separação da unidade familiar em unidade de produção e grupo doméstico funciona como recurso metodológico que permite ir além das necessárias, mas insuficientes, medidas da quantidade de tempo de trabalho e do valor das rendas obtidas fora da propriedade como critérios definidores de uma unidade pluriativa. Assim, será possível, ainda, evidenciar as diferentes formas de alocação do trabalho no interior da propriedade que, provavelmente, variam entre unidades exclusivamente agrícolas e aquelas que combinam a agricultura com outros tipos de atividades. Isto permitirá compreender as variações da pluriatividade em situações onde as propriedades, seus sistemas produtivos e o contexto social e econômico são muito semelhantes, como acontece nos dois casos estudados. Além disso, essa separação entre unidade de produção e grupo doméstico também permitirá ativar a variável da composição demográfica da família como elemento importante à compreensão das distintas formas que assume a pluriatividade, bem como os efeitos diferenciados que decorrem da inserção do homem ou da mulher em atividades não agrícolas. (SCHNIDER, 1999). Além dessa ―manobra heurística‖, que pretende dar um enfoque multidimensional à unidade de análise sugerida – a família rural –, considera-se necessário tecer um último comentário sobre a utilização do conceito de estratégia (que muitas vezes aparece adjetivado como estratégia de reprodução), que não é apenas o elo entre as unidades familiares investigadas e o ambiente ex-terno, mas também a ligação que parece superar a dicotomia sociológica em torno do problema da relação estrutura-agente ou processos micro versus macro. Nesse sentido, a utilização do conceito de estratégia levará em consideração os marcos teóricos e conceituais sobre as unidades familiares e sua relação com o contexto socioeconômico específico. Do ponto de vista substantivo, as estratégias são interpretadas como o resultado das escolhas, opções e decisões dos indivíduos em relação à família e da família em relação aos indivíduos (Marini e Pieroni, 1987). É preciso ponderar, contudo, que essas estratégias ocorrem nos limites de determinados condicionantes sociais, culturais, econômicos e até mesmo espaciais, que exercem pressões sobre as unidades familiares. Portanto, a tomada de decisões e as opções, sejam quais forem, de indivíduos e famílias, possuem um referencial que na prática se materializa segundo as relações sociais, econômicas e culturais em que vivem. Assim, embora se tratem de estratégias conscientes e racionais, essa consciência é mediatizada por uma racionalidade informada pela realidade, que tanto é a expressão das relações materiais presentes, como daquelas herdadas de seu passado e transmitidas culturalmente. Desse modo, as estratégias não são causais ou teleológicas, mas resultado da ação humana frente às contingências e situações objetivas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Quando nos referimos portanto a Pluriatividade na Agricultura Familiar podemos afirmar que o meio rural passa por um momento de transformação, onde o meio rural não pode ser visto apenas como espaço rural em que as familias não tinham perspectiva de um novo horizonte, onde, buscasse dias melhores para sua família e principalmente para os seus filhos. Percebe-se portanto, que o meio rural não pode mais ser considerado apenas um espaço onde o agricultor rural juntamente com a sua família apenas desenvolvia atividades agropecuárias. Diante de diversos trabalhos de pesquisa apresentados envolvendo a evolução e a nova roupagem no que refere as atividades pluriativas desenvolvidas por membros das famílias de agricultores rurais. Schneider , afirma em sua pesquisa que : ―O modelo de vida colonial deixou de existir em sua plenitude, mas, no entanto, algumas s características de sua sociabilidade foram foram revitalizadas em um novo ambiente social e econômico do qual participam as industrias de calçados e os agricultores familiares‖ (SCHNEIDER, l999, p.191). No entanto, estudos do mencionados projeto Rurbano e as conclusões que chegam o autor Schneider demonstram no entanto que nas condições modernas da produção agrícola, a pluriatividade das famílias agrícolas tornouse uma prova da sua capacidade de adaptação aos novos contextos sociais e da sua permanência ao meio rural. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO SILVA, Luciana Souza da. O turismo rural: instrumento para desenvolvimento sustentável. Edicion electronica. ISBN. 84-690 -1052-2 BAUMEL, Adriana; Luiz Carlos. Agricultura familiar e a sustentabilidade da pequena propriedade rural. In: CAMARGO, Gisele; CAMARGO FILHO, Mauricio. FAVARO, Jorge Luiz (Org.) 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José Eli da. O desenvolvimento agrícola: uma visão histórica. São Paulo: Universidade de São Paulo, Hucitec, l991, p. 219. 14.3 Exatas 14.3.1 Análise e Implementação de um Sistema de Detecção e Prevenção de Intrusão Utilizando a Ferramenta IPS-1 1 Sarah Milani , Andersown Becher 2 1 Centro de Processamento de Dados de Mato Grosso - Cepromat. 2 Prof. Andersown Becher Paes de Barros - ICE. [email protected], [email protected] Resumo Como componente meramente essencial em uma rede de computadores, o firewall atua na grande maioria das vezes como filtro de pacotes, limitando-se a bloquear apenas conexões em portas e endereços IP definidos. Diante da necessidade de reforçar a segurança da informação, este artigo apresenta a implementação e análise da ferramenta IPS-1. Trata-se de uma solução inovadora software blade para detecção e prevenção de intrusos, que compõe a arquitetura de segurança dos produtos Check Point® Software Technologies Ltd, empresa líder mundial em segurança corporativa. Para validar a performance do IPS-1 quanto a funcionalidade de detecção e prevenção de ataques, será realizado um estudo de caso onde é apresentada toda a configuração do ambiente de teste, a seleção das ferramentas necessárias, seleção das categorias de ataques, geração do tráfego de ataque, bem como os resultados obtidos para cada classe de ataque gerado. Palavras-chave: IPS-1, IPS, ataque, segurança da informação. Abstract As a mere essential component in a computer network, the firewall works mainly as a package filter. It has to block just definite connections in ports and IP addresses. Due to the necessity of strengthening the information security, this paper presents the implementation and analysis of tool titled IPS-1. It is an innovative solution software blade for detention and prevention of intruders that composes the security architecture of the products Check Point® Software Technologies Ltd, a world-wide leader company in corporative security. In order to validate the performance of the IPS-1 related to the functionality of detention and prevention of attacks, it was carried out a case study where the whole test configuration environment, the election of the necessary tools, the election of the attack categories, the generation of the traffic attack, as well as the results obtained for each category of generated attack are presented. Keywords: IPS-1, IPS, attack, information security. 1. Introdução Em virtude do crescimento exponencial da Internet nos últimos anos, a utilização desta incrível ferramenta em ambientes corporativos tornou-se uma necessidade e não mais um mero diferencial no mercado. Entretanto, casos de empresas que já foram vítimas de algum tipo de ataque à segurança da informação, bem como os prejuízos imensuráveis associado a esses incidentes, se tornam cada vez mais freqüentes. Visando manter um ambiente computacional seguro, tendo como base os princípios da segurança da informação, o administrador de rede deve estar não apenas ciente dos riscos que a sua empresa pode estar exposta, mas também estar preparado para desenvolver e implementar estratégias de segurança que visem minimizar e controlar os riscos e impactos proporcionados. Atualmente, o administrador de rede carrega uma cruz. Não basta apenas aplicar patches de correções, manter o software atualizado, ou implementar regras de firewall. Há a necessidade de algo que alerte em tempo real as tentativas de invasão. (ORTALE, 2001, p.01) Ferramentas como sistemas de antivírus e firewall atualmente são imprescindíveis, porém deixam lacunas que quando bem exploradas expõe as corporações a grandes riscos como invasão de sistemas, roubo, alteração e destruição de informações. Muitas vezes tais incidentes só são identificados quando o mesmo encontra-se indisponível para acesso, o que pode ser tarde demais e já ter gerado grandes prejuízos. Neste contexto, a monitoração contra ataques e intrusões, tornou-se um dos pontos chave na estrutura de segurança de uma rede de computadores, auxiliando o administrador de rede a prevenir ataques e a agir quando o mesmo é iniciado ou detectado. Este estudo tem como objetivo apresentar uma solução alternativa para reforçar a segurança de rede através da implementação do IPS-1, sistema de detecção e prevenção de intrusão da Check Point. 2. IDS, IPS e IDPS Diante da necessidade de complementar e reforçar a segurança da informação surgem os sistemas de detecção de intrusão (IDS1) e os sistemas de prevenção de intrusão (IPS2). Silva (2007, p. 57) define detecção de intrusão como o processo de monitoração de eventos em sistemas computacionais em rede ou no tráfego de rede, onde a verificação destes objetiva-se em encontrar traços de intrusões, ataques, mau uso, ou ações que violem a política de segurança da organização. Existem diversos tipos de ferramentas IDS para diferentes plataformas, porém as ferramentas IDS trabalham basicamente de modo parecido, ou seja, analisando os pacotes que trafegam na rede e comparando-os com assinaturas já prontas de ataques, identificando-os de forma fácil e precisa qualquer tipo de anomalia ou ataque que possa vir a ocorrer em sua rede/computador. As 1 2 IDS - Intrusion Detection System. IPS - Intrusion Prevention System. correspondências de ataques são descobertas através da comparação dos dados do pacote com assinaturas de ataques armazenadas em banco de dados. Atualmente, o termo IPS tem sido utilizado para representar um conjunto de ferramentas que além de detectar o ataque também é capaz de bloquear o tráfego deste, impedindo sua continuidade e prevenindo danos subseqüentes. Como complemento do IDS, o IPS tem a capacidade de identificar uma intrusão, fazer a análise da relevância do evento e bloquear determinados eventos, fortalecendo assim a tradicional técnica de detecção de intrusos. Desta forma, um IPS poderia agir localmente sobre uma tentativa de intrusão impedindo que ela atinja seus objetivos e minimizando os possíveis danos. Existem algumas controvérsias quanto ao uso do conceito de IPS para representar uma nova classe de ferramentas. Alguns autores salientam que agregar apenas a função de reação aos sistemas de detecção de intrusão não justifica a criação de uma nova terminologia. Outros, entretanto, entendem que a execução de medidas pró-ativas de bloqueio no próprio sistema já é suficiente para classificá-lo de outra forma. Para resolver estas controvérsias, este trabalho usará as terminologias adotadas por Scarfone e Mell (2007, p. 2-1) e abordará a categoria IDPS3. Algumas soluções IDS e IPS oferecem muitas vezes as mesmas capacidades, permitindo que os administradores desabilitem as funções gerais dos sistemas de prevenção de intrusos, fazendo com que estes funcionem e atuem apenas como IDS. O software escolhido para implementação e análise neste artigo, oferece funcionalidades tanto de sistemas de detecção de intrusos quanto de sistemas de prevenção de intrusos. Assim, podemos classificá-lo como uma solução IDPS. 3. IPS-1 3 IDPS - Intrusion Detection and Prevention Systems. A arquitetura ―Software Blade‖ trata-se de um conceito revolucionário introduzido pela Check Point em 2009, que permite consolidar funções de segurança em um único sistema. Oferece através desta, gerenciamento centralizado a uma plataforma integrada e flexível composta por vários módulos de segurança independentes, denominados softwares blades. A solução IPS-1 faz parte do conjunto de softwares blades oferecidos pela Check Point (CHECK POINT, 2009). A vantagem desta arquitetura se dá a partir da simplicidade de configuração, permitindo adicionar soluções através da simples ativação de funcionalidades no gateway. Outro ponto favorável é a flexibilidade dos recursos e configurações, sendo possível migrar softwares de um sistema para outro, consolidar diversos softwares em uma única plataforma, e ainda definir níveis de acesso aos recursos de hardware por software blade. O IPS-1 está disponível em dois métodos de implantação: IPS-1 Software Blade – integra-se a solução Check Point Security Gateway para fornecer uma camada de segurança para além da tecnologia de firewall Check Point. IPS-1 Sensor - instalado sem o Check Point Firewall e dedicado a proteger o segmento de rede contra tentativas de intrusão. Neste trabalho será apresentada as fases de implementação e análise para o módulo ―IPS-1 Software Blade‖. O nível de proteção da solução IPS-1 inclui as seguintes funcionalidades (CHECK POINT, 2010): Detecção e prevenção de vulnerabilidades conhecidas. Detecção e prevenção de falhas, como por exemplo, proteção contra CVE‘s4 específicos. Detecção e prevenção do uso indevido de protocolo, que em muitos casos indica que atividade maliciosa ou ameaça em 4 Common Vulnerabilities and Exposures: Define-se como um padrão no tratamento e divulgação de informações sobre vulnerabilidades reportadas. O CVE (Common Vulnerabilities and Exposures) é um banco de dados público em que todos interessados possam obter acesso a informações sobre vulnerabilidades. potencial. Exemplos de protocolos geralmente manipulados em ataques: HTTP, SMTP, POP e IMAP. Detecção e prevenção de comunicação de saída de malware. Detecção e prevenção de tentativas de tunelamento. Estas tentativas podem indicar o vazamento de dados ou de tentativas para contornar as medidas de segurança, tais como filtragem web. Detecção, prevenção ou restrição de certas aplicações que, em muitos casos, consomem a largura de banda podendo provocar ameaças à segurança da rede, tais como aplicações Peer to Peer e Instant Messaging. Detecção e prevenção de tipos de ataque genérico, sem qualquer assinatura pré-definida. 4. Estudo de Caso Para validar as funcionalidades de prevenção e detecção apresentadas anteriormente, foi necessário definir e configurar os cenários para gerar o tráfego de ataques. Nesta seção serão abordadas todas as configurações e especificações realizadas para montar o ambiente de testes, bem como as ferramentas utilizadas, a rotina de ataques programada e os demais procedimentos envolvidos na fase de validação das funcionalidades do software IPS-1. A metodologia proposta neste estudo de caso é composta pelas seguintes etapas: 1. Definição do ambiente de simulação; 2. Seleção das ferramentas utilizadas; 3. Classificação dos ataques; 4. Ataques propostos; 5. Geração do tráfego de ataques. A seguir serão apresentas todas as fases listadas bem como, todas as operações nelas executadas. 4.1 Definição do ambiente de teste O escopo desta etapa do trabalho foi modelar um ambiente de testes que se identificasse o máximo possível a um ambiente de rede sob ataque real, através do qual serão feitas análises do tráfego durante a realização das simulações de ataques. Dessa forma, o ambiente proposto para o desenvolvimento dos testes buscou simular uma pequena rede corporativa, segmentada em três cenários: Rede externa de ataque (10.0.0.0/8) - composta pela maquina ―Attacker‖; Rede interna (11.0.0.0/8) - representada pelo host ―Target‖, como alvo de destino dos ataques; Rede de Gerência (192.168.42.0/24) – configurada para gerenciamento do software IPS-1. O ambiente de teste configurado para implementar e validar o software IPS-1, foi baseado em máquinas virtuais, conforme apresentado na topologia a seguir. Figura 1 – Topologia do Ambiente de teste configurado para validar a solução IPS-1 Na Figura 1, observa-se entre a rede ―Alvo‖ e a rede ―Ataque‖, encontrase configurado o host ―KillBill‖, maquina virtual rodando o IPS-1 integrado à solução de firewall FW-1, atuando também como gateway da rede. Ambas soluções (FW-1/IPS-1) fazem parte da arquitetura de software Blade da Checkpoint, versão R71. O host ―Console R71‖ é a máquina física onde estão instaladas as VMs. A partir dela serão acessados todos os consoles de gerenciamento e monitoramento do software IPS-1, por isso encontra-se na rede ―Gerência‖ - 192.168.42.0. Para que a solução de firewall não interfira no processo de avaliação dos ataques analisados pelo IPS-1, foi adicionada e aplicada apenas uma regra no firewall, permitindo o acesso de qualquer origem para qualquer destino em qualquer porta. 4.2 Seleção de Ferramentas Essa etapa foi dedicada à obtenção de ferramentas que permitissem reproduzir o cenário de avaliação proposta na topologia do ambiente de teste, apresentada anteriormente na Figura 1. 4.2.1 IPS Demo Toolkit Nos hosts ―Attacker‖ e ―Target‖ foram instalados a distribuição IPS Demo Toolkit, trata-se de uma distribuição de um sistema operacional proprietário desenvolvido pela Check Point. Através do IPS Demo Toolkit é possível simular vários tipos de ataques, bem como configurar um ambiente honeypot, este segundo processo será descrito mais adiante. Reúne diversas técnicas para realização de testes de intrusão, estes foram subdivididos em categorias distintas de acordo com as características e alvo de ataque. Entre os scripts disponíveis do IPS Demo Toolkit, podemos encontrar os mais diversos tipos de ataques, entre eles: ataque Syn, Ping of death, ataques da camada de aplicação como o FTP bounce, dentre outros. Quando determinado tipo de ataque é selecionado, é executado um script pré-configurado para atacar a maquina alvo (Target). Na máquina Target, nosso alvo de intrusões nessa arquitetura, foi configurado um Honeypot. Segundo Spitzner (2002, p.6) Honeypots são sistemas criados para atraírem e serem comprometidos por um atacante, gerando um registro histórico de todas as ações feitas neste ataque. Após o comprometimento dos sistemas é possível extrair informações que auxiliam na implementação de um mecanismo de defesa ou até mesmo para gerar alertas de invasão. Shirey (2007, p. 142) define Honeypot como um sistema (servidor web, por exemplo) ou recurso de sistema (um arquivo em um servidor) que é projetado para atrair crackers e intrusos em potencial, como uma armadilha. As máquinas Honeypot executam serviços falsos, que respondem como seus originais, mas na verdade estão fazendo outras operações totalmente diferentes. 4.2.2 BackTrack BackTrack é atualmente uma das melhores distribuições Linux com foco em ferramentas de segurança e testes de penetração (PenTest). Pode ser usado diretamente do CDROM (Live CD), possui interface gráfica (KDE, Flux Box, etc), e em minutos, pode disponibilizar um conjunto de aplicações específicas para: obtenção de informações e reconhecimento (Footprinting); enumeração e scanning; testes em Web Servers; testes em redes wireless; exploit e obtenção de acesso; elevação de privilégios, manutenção de acessos e dentre outras operações. A versão utilizada neste trabalho, BackTrack 4, surgiu a partir da fusão de duas distribuições bem difundidas - Whax e Auditor Security Collectione. A versão 4 - codename pwnsauce, adota um sistema baseado nas distribuições Debian e Ubuntu (8.10 i386 32 bits) com o seu próprio repositório, oferecendo uma vasta gama de software gerenciável através do gestor de pacotes APT (BACKTRACK, 2010). 4.3 Classificação dos Ataques A classificação dos ataques no processo de avaliação de sistemas de detecção e prevenção de intrusão permite descrever aspectos relevantes quanto ao contexto dos mais diferentes ataques, isto é, entender a seqüência de passos e ações executadas para a realização de atividades não autorizadas e que de alguma forma coloquem em risco a estabilidade da rede e de seus serviços. O conhecimento do contexto de um ataque permite a realização de uma série de medidas para minimizar a probabilidade de que tais eventos sejam bem sucedidos. Nessa etapa o objetivo é selecionar um conjunto de ataques que explore características técnicas únicas entre si. Ao invés de simplesmente reunir um conjunto de ataques, esta etapa do estudo de caso limitou-se em selecionar ataques cuja detecção seja possível a partir diferentes mecanismos de detecção existentes no IPS-1. Dessa forma, os ataques selecionados nessa etapa, representam um conjunto de características ímpares que permitem avaliar as diferentes capacidades de detecção e não simplesmente a base de assinaturas dessas ferramentas. A seleção da rotina de ataques foi dividida em duas categorias: Network Security e Application Intelligence. 4.3.1 Network Security Os ataques desta seleção são direcionados ao nível de segurança do protocolo TCP/IP visando comprometer a integridade das conexões da camada de rede. Engloba todo e qualquer ataque que altere de alguma forma a legitimidade e a estrutura do pacote IP. Como por exemplo, ataques de IP Fragments, Max Ping Size, Null Payload ICMP. 4.3.2 Application Intelligence Muitas das mais sérias ameaças da Internet vêm de ataques que tentam explorar as vulnerabilidades de aplicativos. Como os ataques orientados à aplicações tendem a ser mais sofisticados, os mecanismos de defesa devem ser igualmente sofisticados e eficaz para detectar os mesmos. Nesta seção, vulnerabilidades da serão camada encontrados de ataques Aplicação. que Nessas exploram categorias as serão encontrados desde ataques a banco de dados MS-SQL até ataques de aplicativos peer to peer, como por exemplo, Kaaza, eMule e BitTorrent. 4.4 Ataques Propostos Depois de definir as categorias das rotinas de ataques conforme o objeto alvo e demais características técnicas, será elaborada a seleção de ataques utilizados na fase de avaliação do software IPS-1. Dando continuidade a sequência das etapas definidas anteriormente, esta seção apresenta os ataques que irão compor o cenário de validação do sistema de detecção e prevenção IPS-1. Assim, foram escolhidos aleatoriamente ataques que explorem vulnerabilidades distintas, tendo como objetivo validar os diferentes mecanismos de detecção e prevenção do software IPS-1. A Tabela 1 apresenta a classificação dos ataques escolhidos de acordo com suas respectivas categorias e as ferramentas utilizadas para simular determinado tráfego de ataque. Categorias Network Security Application Control Ataques Ping of Death TCP Syn Flood Teardrop LAND IMAP Buffer Overflow FTP Bounce FTP Brute Force Bit Torrent Squid DoS Wins Replication MS SQL Scanner Ferramentas IPS Demo Toolkit BackTrack 4 IPS Demo Toolkit IPS Demo Toolkit IPS Demo Toolkit IPS Demo Toolkit BackTrack 4 IPS Demo Toolkit IPS Demo Toolkit IPS Demo Toolkit BackTrack 4 Tabela 1 – Classificação e Seleção da rotina de ataques propostos. A fim de proporcionar uma melhor compreensão diante dos resultados obtidos, a seguir será realizada uma breve descrição técnica do funcionamento dos ataques selecionados. 4.4.1 Network Security Ping of Death A RFC 791 específica que o tamanho máximo de um pacote IP é 65.535 bytes. Um ataque Ping of Death consiste em enviar um pacote IP com um tamanho maior de bytes para o host que se deseja atacar. Um datagrama IP de 65,536 bytes, por exemplo, corresponderia a um pacote IP inválido, e isso é possível devido à forma como o pacote é fragmentado (dividido em blocos para transmissão) (JUNIPER, 2010, p.55). TCP SYN Flood Um ataque SYN Flood ocorre quando um host torna-se sobrecarregado devido à várias solicitações de conexões incompletas realizadas por pacotes SYN, passando a não mais responder à solicitações de conexões legítimas. Assim, ao inundar um computador com conexões TCP incompletas, o atacante finalmente preenche o buffer de memória da vítima. Uma vez que este buffer está cheio, o servidor atacado não pode mais processar novas conexões TCP. Este ataque pode danificar o sistema operacional do host atacado, e de qualquer maneira, desativa suas operações normais (JUNIPER, 2010, p. 40). Teardrop Ataque Teardrop explora as falhas de fragmentação e remontagem de pacotes IP. O cabeçalho IP contém campos de controle necessários para lidar como problemas de fragmentação. Cada fragmento se parece com o pacote IP original, entretanto o campo offset especifica a posição correta dos fragmentos no pacote desfragmentado original. Um ataque Teardrop cria uma série de fragmentos IP que sobrepõem os campos offset (JUNIPER, 2010, p.56). Land Este ataque explora a função spoofing e ataque SYN. Basicamente, consiste em enviar para a máquina alvo um pacote com SYN (pedido de conexão) usando o endereço desta máquina como endereços de origem e destino e um mesmo número de porta nas portas de origem e destino. O sistema receptor responde enviando um pacote SYN-ACK para si, criando uma conexão vazia que permance ativo enquanto o tempo limite não é atingido, gerando um loop. Este ataque pode sobrecarregar o sistema, provocando uma negação de serviço (JUNIPER, 2010, p. 54). 4.4.2 Application Intelligence IMAP Buffer Overflow O IMAP5 trata-se de um protocolo padrão para acessar emails, fornecendo funções de gerenciamento de mensagens recebidas a partir de um servidor remoto. Ataques do tipo ―Buffer Overflow‖ podem ser gerados através da alteração dos argumentos repassados por comandos, por exemplo, ―EXAMINE‖ e ―SELECT‖ quanto durante o processo de login. Esta vulnerabilidade pode ser explorada remotamente pelo atacante, podendo comprometer a disponibilidade do serviço. FTP Bounce Hosts executando serviços desatualizados de FTP podem retransmitir numerosos ataques TCP, incluindo o port scanning. Há uma falha no modo como muitos servidores FTP lidam com conexões através do comando PORT, que permite que dados possam ser enviados para hosts e portas especificados pelo usuário (MCNAB, 2008, p. 56). Assim, este ataque permite que um servidor seja utilizado como um "proxy" entre o atacante e o host alvo, atuando como ponto de acesso a outras conexões. Dessa forma, o atacante pode mascarar a sua origem, pois para a máquina alvo o ataque origina-se do servidor FTP. FTP Brute Force Em ataques do tipo força bruta, o atacante busca se autenticar através de métodos exaustivos de tentativa e erro, testando várias combinações de usuários e senhas. Utiliza como base de pesquisa listas com diversas palavras e combinações alfa-numérico, disponíveis para download na Internet. Quanto maior a wordlist, maior a probabilidade de conseguir quebrar a autenticação de determinado serviço. Nesse caso o objeto alvo de ataque será o serviço de FTP. 5 IMAP - Internet Message Access Protocol. Bit Torrent Attack BitTorrent é uma arquitetura para redes Peer-to-Peer (P2P) cujo foco principal é a distribuição eficiente de conteúdos. Para entender como age um ataque BitTorrent, primeiramente será descrito como funciona sua arquitetura. Segundo Erman et al., (2005) a obtenção de dados em uma rede BitTorrent pode ser dividida em fases, conforme ilustra a Figura 2. A primeira fase corresponde à obtenção do arquivo de metadados que representa um determinado conteúdo. Na segunda fase, uma entidade centralizada, denominada tracker, é utilizada como ponto de encontro. A última etapa compreende a troca de peças visando a obtenção de todas as partes do conteúdo (KONRATH, 2007). Ataques de BitTorrent exploram a facilidade em obter identidades e "envenenam" o tracker (fase 2) para, em seguida, disseminar ações maliciosas (fase 3). Um atacante, portanto, pode valer-se desta vulnerabilidade e criar várias identidades (KONRATH 2007). Figura 2 – Fases de um download através do BitTorrent. Fonte: (KONRATH, 2007) Squid DoS Attack Recentemente foi lançada uma notificação de atualização de segurança para o Proxy Squid, devido ao processo de validação de dados incorretos. Assim, o Squid foi dado como uma aplicação vulnerável a ataques de negação de serviço durante o processamento de determinados pacotes de solicitação DNS e diante do método TRACE (SQUID CACHE, 2010). Diante desta vulnerabilidade, serão realizados ataques de negação de serviço, tendo como principal objetivo tornar indisponível o servidor de Proxy. Wins Replication Attack O serviço WINS6 é responsável por desempenhar as funções de registro de nome e resolução de nome Netbios associado ao endereço IP em redes internas. O boletim de segurança lançado pela Microsoft em alerta para a descoberta de uma vulnerabilidade de execução remota de códigos no WINS devido à forma como ele lida com a validação de nome no computador. Um invasor pode explorar a vulnerabilidade construindo um pacote de rede malintencionado capaz de permitir a execução remota de códigos em um sistema afetado. O invasor que explorar com êxito essa vulnerabilidade poderá assumir o controle total de um sistema afetado, comprometendo a integridade e disponibilidade deste serviço (MICROSOFT 2009). SQL Scan A busca por vulnerabilidades é um dos passos iniciais na anatomia de um ataque, e o mesmo acontece com o uso de scanner, que através da emissão de pacotes e a suas respectivas respostas compõem um quadro de vulnerabilidade do alvo em questão. Para simular este ataque será realizado um scanner que busca vulnerabilidades relacionadas ao sistema gerenciador de banco de dados, MS SQL. 4.5 Geração do tráfego de ataques Depois de selecionado e classificado os ataques em suas respectivas categorias, será necessário reproduzir o tráfego destes ataques no ambiente de simulação. Para que isso fosse possível, algumas operações foram realizadas: 6 WINS - WindowsInternet Name Services. Ativação do Ambiente HoneyPot Como já foi descrito anteriormente, a máquina ―Target‖ representa nosso alvo de intrusão. Para que o ambiente esteja habilitado para receber a rotina de ataques é necessário ativar a configuração de HoneyPot neste host, selecionando a opção ―1 – Start HoneyPot ―. Ao selecionar esta função, vários serviços falsos serão iniciados na máquina Target com o objetivo de simular serviços reais sendo executados em portas de conexão padrão. Configuração das proteções do IPS-1 Para habilitar as ações de inspeção do IPS-1 diante de determinado tráfego de ataque é necessário setar as configurações de suas proteções. Estas proteções podem ser configuradas manualmente de acordo com as necessidades de cada ambiente. A solução IPS-1, classificada como um IDPS, permite configurar, por proteção, o modo de atuação como ―Prevent‖ (atuando como IPS) ou ―Detect‖ (atuando como IDS). Como estaremos avaliando as funcionalidades de prevenção do IPS-1, as seguintes proteções foram habilitadas como ―Prevent‖: Ping of Death; Teardrop; LAND; IMAP Servers Overly Long Commands Buffer overflow; FTP Bounce; Bit Torrent; Squid Proxy TRACE Request Remote Denial of Service; Microsoft WINS Replication Attack; Network Quota; MS SQL Monitor Protocol; Coleta do Log de tráfego de Ataque A ferramenta ―SmartView Tracker‖, aplicativo que compõe o box de soluções de segurança dos produtos Check Point, permite coletar e visualizar informações detalhadas de todas as conexões da sua rede em tempo real. Através deste é possível realizar uma auditoria do tráfego de rede, customizar filtros de log de conexão e exportá-los em arquivos de texto ou para um banco de dados externo. Neste caso, esta ferramenta será utilizada para visualização dos logs de conexões e ações do IPS-1. Assim, deverá ser iniciado antes de ser gerado o tráfego de ataque, para que seja possível acompanhar em tempo real as conexões logadas. 4.6 Reprodução do tráfego de ataque Para facilitar o entendimento da metodologia abordada neste trabalho, as rotinas de ataques foram divididas em dois cenários. 4.6.1 Cenário 1: Ataques gerados pelo IPS Demo Toolkit Este cenário é composto pelo host ―Attacker‖ (IP: 10.0.0.2) atuando como host atacante através da opção número 2 do menu do IPS Demo Toolkit – ―Start Attack Tool‖. Conforme foi descrito anteriormente, a ferramenta IPS Demo Toolkit é composta por vários scripts de ataques pré-configurados. Para que o tráfego seja gerado é necessário apenas selecionar determinado tipo de ataque e este já será direcionado para a maquina ―Target‖ (IP: 11.0.0.2). Para simular os ataques da categoria ―Network Security‖ foi utilizado o script ―Targa2‖. Este script é composto por diversas funções e métodos de ataque, foi utilizado para gerar o tráfego dos seguintes ataques da classe ―Network Security‖: ping of death, teardrop e land. Para executar o ataque ping of death foi utilizada função de ataque ―jolt attack‖ que compõe o script targa2. Trata-se de um simples script escrito em C capaz de gerar pacotes IP com tamanho superior à 65,535 bytes. O script completo encontra-se disponível em: http://mixter.void.ru/targa2.c. Já os ataques da categoria Application Intelligence, foram reproduzidos a partir da função Replay. Trata-se de uma forma particular de ataque em que parte de uma transmissão de rede é gravada e reproduzida posteriormente. O fluxo armazenado é composto por uma coleção de pacotes onde cada pacote representa um segmento do fluxo, que pode ser repetido por qualquer cliente ou servidor (WHELLER, 2008). Todos os pacotes contendo informações coletadas de tráfego malicioso estão disponíveis em /morphix/IPS/cap nos hosts rodando o IPS Demo Toolkit. A sintaxe da função ―replay‖ utilizada para gerar o tráfego malicioso segue o mesmo padrão para todos os ataques, diferenciando apenas na referencias dos arquivos *.replay e portas de conexão utilizadas. Veja a seguir os comandos e os parâmetros processados para os ataques IMAP Buffer Overflow, FTP Bounce, Bit Torrent, Squid DoS e Wins Replication, respectivamente. - replay-client.pl –t 15 –m –c 11.0.0.2 Block_SELECT_CMD_BO.replay –s 65000 - replay-client.pl –t 15 –m –c 11.0.0.2 –p 21 –f cap/ftp_bouce.replay –s 65000 - replay-client.pl –t 15 –m –c 11.0.0.2 –p 2240 –f cap/bittorrent.replay –s 65000 - replay-client.pl –t 15 –m –c 11.0.0.2 –p cap/Squid_Proxy_TRACE_Request_Vulnerability.replay –s 65000 –p 143 –f cap/IMAP- 3128 –f - replay-client.pl –t 15 –m –c 11.0.0.2 –p 42 –f cap/wins.replay –s 65000 4.6.2 Cenário 2: Ataques gerados pelo Back Track Para executar o ataque SYN Flood, da categoria ―Network Security‖ foi utilizado o módulo ―TCP SYN Flooder‖, um dos módulos disponíveis na ferramenta Metasploit Framework 3. Este aplicativo encontra-se disponível na coleção de exploits e ferramentas auxiliares da distribuição Back Track. A Figura 3 apresenta a configuração realizada para gerar 1000 conexões SYN com destino ao host Target (IP:11.0.0.2) na porta 80 (HTTP). Figura 3 – Configuração do Módulo TCP SYN Flooder no Back Track, para gerar o tráfego do ataque ―SYN Flood‖ O ataque consiste em enviar várias solicitações de conexão do endereço de origem forjado. Como resultado, os usuários legítimos ficam impedidos de fazer uso dos serviços prestados pelo host alvo. Para simular os ataques ―FTP Brute Force‖ e ―MS SQL Scanner‖, ambos da categoria ―Application Intelligence‖, foi utilizado o softwares Hydra e a função mssqlscan, respectivamente. Através do software Hydra é possível efetuar ataques de brute force nos protocolos TELNET, FTP, HTTP, HTTPS, HTTP-PROXY, SMB, SMBNT, MSSQL, MYSQL, REXEC, RSH, RLOGIN, CVS, SNMP, SMTP-AUTH, SOCKS5, VNC, POP3, IMAP, NNTP, PCNFS, ICQ, SAP/R3, LDAP2, LDAP3, Postgres, Teamspeak, Cisco auth, Cisco enable, LDAP2, Cisco AAA. Neste caso, foi escolhido o protocolo FTP do host Target – 11.0.0.2. Para isso, foi necessário realizar o download de uma ―wordlist‖, as palavras desta lista foram utilizadas nas combinações de senhas durante as tentativas de ataques brute force. O ataque realizado validou combinações de senhas para o usuário ―root‖. O seguinte comando foi utilizado para realizar este ataque: # hydra –l root –P wordlist.lst –f –V 11.0.0.2 ftp Para executar o trafego MS SQL Scanner foi utilizado o script mssqlscan.sh, disponível em /pentest/database/mssqlscan. Esta pequena ferramenta faz uma varredura de servidores MS SQL em determinado local de destino. O comando foi submetido a partir da seguinte sintaxe: # mssqlscan -t 11.0.0.2 -o <output to file> 5. Coleta e Análise dos Resultados A metodologia de validação abordada neste trabalho tem como objetivo avaliar a capacidade de detecção e prevenção da ferramenta IPS-1, bem como analisar a exatidão em relação à identificação do tráfego de ataque diante da sua base de proteções. 5.1 Identificação do Tráfego de Ataque Para facilitar a compreensão dos resultados obtidos, as análises serão apresentadas conforme foi definido no item ―Reprodução do Tráfego de Ataque‖, descrito anteriormente. Portanto, o processo de identificação do tráfego de ataque segue a mesma classificação de cenários. 5.1.1 Cenário 1: Resultados obtidos para ataques gerados pelo IPS Demo Toolkit Categoria: Network Security Depois de executado o ataque ―Ping of Death‖ com destino ao host ―Target‖ (11.0.0.2), o tráfego detectado pelo console de log do Tracker Checkpoint mostra o bloqueio de vários pacotes ICMP enviados a maquina alvo, como pode ser visto na Figura 4. Pode-se observar, nesta mesma figura, que para apenas um tráfego gerado, foram detectadas duas formas de ataques, IP Fragments e Ping of Death, ambas utilizando o mesmo tipo de proteção, por assinatura. Ao analisar a descrição da ameaça nas propriedades das respectivas assinaturas, identificou-se que ambas as proteções referem-se à manipulação de fragmentação IP. Figura 4 - Bloqueio do tráfego de ataque "Ping of Death" É importante ressaltar que primeiramente o ataque foi identificado pelo mecanismo da proteção ―IP Fragments‖ e foi posteriormente registrado como ―Ping of Death‖, como foi apresentado no log do Tracker. Assim, podemos concluir que o mecanismo de detecção e prevenção do IPS-1, registrou o ataque em duas fases. A primeira fase acionou a proteção ―IP Fragments, pois neste momento o ataque gerado executou o processo de fragmentação dos pacotes. A segunda fase reconheceu o ataque como ―Ping of Death‖, pois após os pacotes serem remontados, verificou-se que o tamanho excedia o padrão normal de um pacote IP. Diante deste evento, é importante reconhecer a necessidade de entender como determinados tipos de ataques ocorrem e a relação entre eles, contribuindo assim para uma melhor compreensão e análise do evento de intrusão. O tráfego de ataque ―Teardrop‖ segue o mesmo evento descrito anteriormente, entretanto dessa vez, o tráfego foi primeiramente identificado e bloqueado pela proteção ―Teardrop‖ e logo a seguir foi acionada também a proteção ―IP Fragments‖. Um ataque Teardrop explora as falhas de fragmentação e remontagem de pacotes IP. Dessa forma, o IPS-1 ao inspecionar as informações do pacote IP detectou falhas no processo de remontagem dos pacotes, devido à sobreposição da ordem de montagem definida pelo campo ―offset‖, acionando a proteção ―Teardrop‖. Por se tratar de um tráfego de ataque onde existe o processo de fragmentação de IP, também foi ativada a proteção ―IP Fragments‖. O tráfego de ataque ―Land‖ foi bloqueado pela proteção do tipo ―Signature‖, denominada ―Land‖. Em ataques Land, é enviado para a máquina alvo um pacote SYN ligado com o endereço IP de origem e destino idênticos, gerando um loop, como pode ser visto na Figura 5. Figura 5 – Tráfego de ataque Land com origem e destino idênticos, bloqueado pelo IPS-1 Outro fator relevante que deve ser observado em ataques Land é que não apenas os endereços IPs (origem/destino) são idênticos, mas também as portas de conexão, esse evento pode ser identificado ao visualizar as propriedades do tráfego capturado, como mostra a Figura 6. Figura 6 - Portas de conexão de origem e destino idênticas. Categoria: Application Intelligence O tráfego de ataque de buffer overflow para o protocolo IMAP foi bloqueado e reconhecido como ataque ―IMAP Protocol Violation‖. O campo ―Attack Information‖, apresentado na Figura 6, confirma a ação do tráfego de ataque gerado: SELECT command buffer overflow, sendo preciso quanto ao processo de identificação do ataque. Figura 7 – Tráfego de ataque Buffer overflow bloqueado e identificado com ataque de violação ao protocolo IMAP. O tráfego de reprodução do ataque ―FTP Bounce, foi detectado e bloqueado pela proteção ―FTP Bouce‖ do tipo ―Protocol Anomaly‖. Ao acessar as propriedades do registro, verificou-se que o campo ―Attack Information‖ confirma a ocorrência de uma incompatibilidade no campo ―PORT‖ do tráfego gerado, alegando que a porta de conexão do cabeçalho IP é diferente, caracterizando um legítimo ataque ―FTP Bounce. A Figura 8 mostra a descrição desse evento no campo ―Attack Information‖. Figura 8 - Tráfego de Ataque FTP Bounce bloqueado por armazenar informações distintas na estrutura do pacote Ao ser reproduzido, o ataque da categoria de aplicações ―peer-to-peer‖ Bit Torrent, foi detectado e bloqueado, pela proteção ―Bit Torrent‖. Quando o IPS inspeciona o tráfego de conexões HTTP para aplicações peer-to-peer, não só as portas são validadas, mas também toda conexão de solicitação e resposta HTTP. O ataque ―Squid Dos‖ foi detectado como ―Proxy Server Enforcement‖ e bloqueado pelo mecanismo de prevenção da proteção ―Squid Proxy TRACE Request Remote Denial of Service‖. Ao visualizar as propriedades adicionais do tráfego capturado, foi observado que o campo ―Attack Information‖ confirma a execução de uma solicitação TRACE manipulada para explorar falhas do serviço de Proxy (Squid). Depois de executado o ataque de ―Wins Replication‖, a proteção ―Microsoft WINS Replication Attack‖ foi acionada, bloqueando o tráfego de ataque. A propriedade do tráfego de ataque também confirma a operação maliciosa executada, informando: ―Ataque de Replicação do Protocolo Microsoft WINS por conexões TCP‖. 5.1.2 Cenário 2: Resultados obtidos para ataques gerados pelo Back Track Categoria: Network Security O ataque ―TCP SYN Flood‖, configurado para gerar 1000 conexões SYN na porta 80 (HTTP), foi capturado pelo log do Smart View Tracker e bloqueado pela proteção ―Network Quota‖. Através desta proteção é possível definir um número total de conexões, excedendo este limite o tráfego é reconhecido como tráfego de ataque. Neste caso, o número de conexões foi definido para 100, como mostra a Figura 9. Figura 9 - Limitando número de conexões por segundo a partir da mesma origem através da proteção Network Quota Categoria: Application Intelligence Ao reproduzir o tráfego de ataque ―FTP Brute Force‖ através do software Hydra, todas as tentativas de conexões foram bloqueadas pela proteção ―Network Quota‖ e detectadas pela proteção ―Syn Attack‖. Como já havíamos configurado anteriormente a proteção Network Quota para bloquear conexões que excedessem 100 conexões por segundo, este tráfego foi também foi barrado. Já a proteção ―Syn Attack‖ foi configurada apenas para ―detectar‖, monitorando apenas as conexões. A Figura 10 mostra o log capturado desses eventos. Figura 10 - O tráfego do ataque ―FTP Brute Force‖ foi bloqueado e detectado por proteções distintas. Deve-se ressaltar que essas configurações devem ser alteradas diante da estrutura e necessidade de cada ambiente de rede. Para uma rede de pequeno porte, 50 conexões por segundo pode configurar uma tentativa de ataque. Entretanto, ao analisarmos o tráfego interno de uma rede de grande porte, para um mesmo intervalo de tempo, esta estatística pode representar um tráfego provavelmente legítimo. Portanto, é necessário que essas estatísticas sejam analisadas antes de configurar e habilitar determinadas proteções do IPS-1. Ao gerar uma rotina de scan para Bancos de Dados MSSQL no host de destino (Target), o registro capturado é identificado como ―MS-SQL Monitor Protocol Enforcement Violation‖ pela proteção ―MS-SQL Monitor Protocol‖. Ao verificar os registros adicionais do tráfego capturado, pode-se identificar no campo ―Attack Information‖ que foi detectado vazamento de informações de versão na conexão, evento condizente às propriedades de uma rotina de atividades scan. Assim, todo o tráfego gerado pelo MS SQL Scanner foi bloqueado. 6. Considerações Finais No decorrer deste artigo foi apresentado todo o processo de implementação e análise da ferramenta IPS-1, que permitiu adicionar uma camada adicional à segurança da informação através de funcionalidades de detecção e prevenção de intrusão, atuando juntamente com a solução de firewall. A fim de validar estas funcionalidades, o software blade IPS-1 foi submetido a uma seleção de rotinas de ataques. Durante a fase de seleção das rotinas de ataque, foram definidos dois grupos: ―Network Security‖ e ―Application Intelligence‖, com o intuito de explorar funcionalidades distintas, possibilitando uma avaliação mais ampla e detalhada do IPS-1. Outro fator que intensificou o processo de validação foi a escolha de ferramentas independentes para gerar o tráfego de ataque, sendo uma destas, solução proprietária da Check Point (IPS Demo Toolkit), e a outra, uma das distribuições mais populares com foco em testes de seguranças e testes de penetração (BackTrack). A metodologia de avaliação proposta para este trabalho validou a capacidade de detecção e prevenção do IPS-1, bem como a correlação entre o tráfego identificado e o tráfego reproduzido. Deste modo, foi possível constatar diante dos registros de log capturados, que o software blade IPS-1 detectou e bloqueou todos os tráfegos de ataques gerados. Ao analisar os detalhes fornecidos em cada log, foi possível identificar um alto nível de precisão entre o tráfego de ataque reproduzido e os eventos identificados pelo mecanismo de detecção e prevenção do software. Dessa forma, o IPS-1 mostrou-se eficiente diante dos requisitos avaliados. Faz-se necessário lembrar que o processo de atualização da base de proteções do IPS-1, como qualquer outra solução para este fim, deve ser configurado de modo que possa manter-se constantemente atualizado. Como proposta para trabalhos futuros, pretende-se ampliar a metodologia de validação do IPS-1 incluindo uma nova classe na rotina de ataques, ―Web Intelligence‖. Esta categoria adicional iria validar as proteções de servidores e clients web contra ataques de Cross-Site Scripting e demais métodos como LDAP Injection, SQL Injection e Command Injection. Referências Bibliográficas BACKTRACK. BackTrack Linux - Penetration Testing Distribution. 2010. Disponível em: http://www.backtrack-linux.org/. CHECK POINT. Check Point Software Technologies Ltd. Check Point Software Blades Architecture. 2009. Disponível em: http://www.checkpoint.com/. CHECK POINT. Check Point Software Technologies Ltd. Check Point – Intrusion Prevention System IPS. 2010. Disponível em: http://www.checkpoint.com/. ERMAN, D., ILIE, D., and POPESCU, A. Bittorrent session characteristics and models. 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Through the evolution of generations of interfaces between humans and computer systems, we conclude that on account of these developments, Augmented Reality has been able to more acceptance and occupying a larger space, because, Augmented Reality has evolved from the Virtual Reality, however, still today both are seen as a single technology. Keywords: Virtual Reality, Augmented Reality. RESUMO O presente artigo é relativo ao estudo de uma nova tecnologia da informática: Realidade Virtual e Aumentada, no qual aborda os fundamentos e conceitos e quais são as áreas que atualmente vem sendo aplicadas. Através da evolução das gerações das interfaces entre o homem e os sistemas computacionais, concluiremos que por conta dessa evolução, a Realidade Aumentada vem conseguindo maior aceitação e ocupando um maior espaço, até porque, Realidade Aumentada evoluiu a partir da Realidade Virtual, porém, ainda hoje ambas são vistas como uma única tecnologia. Palavras-chave: Realidade Virtual; Realidade Aumentada. 1. INTRODUÇÃO. A Realidade Virtual e Aumentada é um campo da computação que estuda a percepção do mundo real com informações e dados gerados eletronicamente por meio de um computador. Essa nova tecnologia vem ganhando campo seguindo a evolução da informática. Dessa forma, vamos desvendar de forma sucinta o que é essa tecnologia, quais são as ferramentas que atualmente são usadas para a implementação tanto da realidade virtual quanto da realidade aumentada, as tecnologias dos equipamentos usados e de que forma ela está sendo empregada nos diversos setores que necessitam dela para dar mais agilidade ou conforto às pessoas ou resolver certos problemas. Com isso, pretendemos buscar o possível de informações relativas ao novo campo da computação que vem sendo falado tanto no meio acadêmico quanto para o público em geral. 2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES. Analisando a evolução das diversas interfaces ao longo das décadas, percebemos que antes as pessoas tinham que adaptar-se às máquinas, porém, felizmente com os vários esforços dos pesquisadores, professores, estudantes, empresas, etc, aliados à grande corrida evolutiva dos softwares, hardwares e meios de telecomunicações, esse processo se inverteu, hoje as tecnologias da informática tornaram-se uma ferramenta indispensável e até mesmo invisível aos diversos tipos de usuários. ‖Realidade Virtual e Aumentada são duas áreas relacionadas com gerações de interfaces com o usuário, facilitando e potencializando as interações do usuário com as aplicações computacionais‖ (KIRNER e SISCOUTTO,2007, p.02). Ao longo dos anos, as interfaces entre homem e máquina foram melhorando consideravelmente, isso teve início nas décadas de 40 e 50 com as linguagens de máquina, através de chaves e lâmpadas, na década de 60 surgiram as primeiras interfaces gráficas ainda rudimentares, através dos consoles de vídeo, na década de 70 e 80 com o advento dos microcomputadores e por meio dos comandos, surgiu o DOS evoluindo para o Windows, que perdura até hoje, porém, há aqueles que entendem que há limitações, tanto nas telas de vídeo quanto nas representações como os menus, janelas e ícones que o Windows proporciona. Diante desse contexto, surgiu a Realidade Virtual e Aumentada, como uma nova interface, usando representações tridimensionais rompendo com as limitações das interfaces existentes, possibilitando interações mais naturais. Porém, na Realidade Virtual há limitações, principalmente se levarmos em conta o custobenefício dos equipamentos usados tais como luvas, óculos estereoscópicos, e mouses 3D, etc, além do transporte do usuário para o ambiente virtual o qual causava a princípio um certo desconforto e também dificuldades de interações e até mesmo treinamento, salientando também que na maioria das vezes o ambiente virtual é projetado em locais fechados. Por conta disso, a tecnologia ainda não se popularizou. Para suprir essa deficiência e na tentativa de popularizar a nova tecnologia, criou-se uma nova concepção com intuito de priorizar aquilo que já existia de melhor e criando mecanismo que pudessem ser mais simplificado e de fácil acesso por conta do usuário, denominou-se então de Realidade Aumentada. Uma vez que esta projeta objetos virtuais no meio físico, por exemplo: pode-se projetar um vaso com flores em uma mesa real, em um ambiente físico, esse processo é conhecido como sobreposição (KIRNER e SISCOUTTO,2007), isso vem tornando possível graças às melhorias dos sistemas computacionais que permitem a execução de objetos mais tangíveis e naturais e desprezando o uso de equipamentos mais caros e priorizando mais os equipamentos com um custo-benefício mais acessível. Lembrando que para executar o exemplo dado acima, é imprescindível que haja uma webcam que captura a imagem de um figura contendo a codificação encapsulada da linguagem que implementa a realidade aumentada e as imagens que serão vistas no monitor são a junção do mundo real com um objeto virtual. Tanto a Realidade Virtual quanto a Realidade Aumentada podem ser usadas para fins individuais e coletivos, locais ou remotos, porém a Realidade Aumentada tem uma certa vantagem tendo em vista que pode ser usada tanto em ambientes fechados quanto em abertos, não depende de equipamentos caros e não depende de treinamentos por parte dos usuários, por isso está sendo mais aceito. Assim, a tendência aponta para uma nova interface que seria a realidade aumentada o qual poderia ser implementada nas mais diversas áreas desde entretenimento até experimentos científicos e isso é um dos objetivos deste estudo, ou seja, entender como essa nova tecnologia vem contribuindo no melhoramento da execução dos trabalhos nas áreas afins. A Realidade Virtual e Aumentada engloba outras disciplinas como multimídia, hiper-realidade, rastreamento e interação. Multimídia seria de maneira resumida uma técnica para apresentar informações que mesclam texto, som, imagens fixas e animadas. Já a Hiper-realidade seria uma interface ainda mais avançada, segundo (Tiffim,2001 Apud Kirner E Siscoutto,2007,p.12): ―Hiper-realidade é a capacidade tecnológica de combinar realidade virtual, realidade física, inteligência artificial e inteligência humana, integrando-as de forma natural para acesso do usuário ―. O Rastreamento dá ao usuário a sensação do controle em ambientes virtuais ou aumentados, podendo agarrar, mover e soltar objetos, há também os equipamentos para desenvolvidos para uso em realidade virtual, são equipamentos mecânicos, magnéticos, de ultra-som, etc. Por fim, a Interação é a capacidade de o usuário atuar em ambientes virtuais e aumentados e para que isso ocorra de maneira eficaz, faz-se necessário um controle do posicionamento do usuário, aqui entra o rastreamento. A interação pode ser observada com freqüência nos jogos de computador. Assim, como se pôde observar, a realidade virtual e aumentada é uma tecnologia multidisciplinar que engloba outros conceitos importantes e que merecem seus respectivos conhecimentos. 3. FERRAMENTAS PARA O DESENVOLVIMENTO. A Realidade Virtual e Aumentada, assim como outras áreas, desenvolveram-se através da evolução das tecnologias e a convergência de diversos fatores, incluindo pesquisas, a disponibilidade de produtos acessíveis entre outros. Os pesquisadores tiveram papel importante, pois disseminaram de maneira gratuita à sociedade esses recursos que são usados para o desenvolvimento da realidade virtual. A linguagem VRML – Virtual Reality Modeling Languagem ou Linguagem para Modelagem em Realidade Virtual, (Site dc-ufscar, 2010),―É uma linguagem independente de plataforma que permite a criação de cenários 3D, por onde se pode passear, visualizar objetos por ângulos diferentes e interagir com eles‖. Já para o desenvolvimento da realidade aumentada é usada uma biblioteca chamada Artoolkit. Ambas linguagens são gratuitas, além disso há outras disponibilizadas por pesquisadores e até empresas. O desenvolvimento das ferramentas de RV e RA tem sido contínuo e tendem a se tornar cada vez mais sofisticadas e graças ao melhoramento de hardwares gráficos. As ferramentas de RV e RA vem apresentando melhoramentos importantes, no entanto, ainda há problemas, mas esses problemas estão sendo pesquisados e aprimorados para o bom desenvolvimento dos projetos. Podemos citar algumas ferramentas disponíveis atualmente para o desenvolvimento da RV e RA, essas ferramentas ou são engine (KIRNER e SISCOUTTO,2007,p.115)‖...engine é uma coleção de módulos de simulação que não especifica diretamente o comportamento ou o ambiente do jogo‖ ou um framework (KIRNER e SISCOUTTO,2007,p.243),‖...framework é um conjunto de classes abstratas e concretas usadas para o desenvolvimento de uma aplicação para o desenvolvimento de uma aplicação com domínio específico‖ ou ainda um editor gráfico e conforme (KIRNER e SISCOUTTO, 2007, p.115 a 125), a começar pela RV temos: Ferramenta Editor Biblioteca Engine Framework Gráfico Panda 3D SIM OGRE SIM OpenSceneGraph SIM OpenSG SIM Crystal Space SIM IrrLicht SIM SIM VRJuggler Blender SIM FluxStudio SIM Para a Realidade Aumentada temos as seguintes ferramentas: Ferramenta Editor Gráfico ARToolKit SIM ARToolKit Plus SIM ARTag SIM DART SIM ARSTudio SIM JARToolkit SIM Essas são as ferramentas usadas atualmente para a implantação da Realidade Virtual e Aumenta e elas vêm sofrendo constantes atualizações no intuito de melhorar cada vez mais os trabalhos que venham ser implementados. Tais ferramentas estão disponibilizadas para o público que tenha interesse no aprofundamento da tecnologia, seja através da internet ou através de livros. 4. TECNOLOGIAS. Atualmente o que ainda mais limita a popularização da Realidade Virtual e Aumentada tem sido ainda o custo da tecnologia, porém, as tendências apontam que num futuro próximo a tecnologia se popularize, no entanto, já há setores que já vem usufruindo desta nova tecnologia. Para entender como a tecnologia é aplicada, primeiramente se faz necessário o entendimento do conceito do sistema hepático. Hepático deriva da palavra grega hapthai que quer dizer toque e esta relacionada ao contato físico.‖Em mundos virtuais esta situação pode ocorrer. Neste caso, é necessário o uso de sistemas hepáticos acoplados aos sistemas de RV e RA para que a identificação dos objetos seja possível‖ (KIRNER e SISCOUTTO, 2007, p.153). Assim, o sistema hepático são os dispositivos usados pelo usuário para a percepção do mundo virtual com o real, através do tato, toque, etc. Esses dispositivos são divididos conforme a parte do corpo e o seu uso, há dispositivos para as mãos, braços e pernas e para o corpo inteiro. Podemos citar exemplos de alguns dispositivos: 1. Para as mãos: 1.1 Atuador pneumático – embutido em uma luva oferece sensação tátil. 1.2 Atuadores vibratórios – emitem vibrações durante o contato com algum objeto, encontrados em luvas e dispositivos 2D como mouses. 1.3 Luvas com sistema de captura de movimento e emissão de força. 1.4 Prancha de pinos para reconhecimento de texturas de objetos. 2. Para as pernas: 2.1 Joysticks. 2.2 Braços mecânicos. 3. Para o corpo: 3.1 Plataformas móveis para jogos. 3.2 Simuladores – para jogos. Sabe-se que há vários outros dispositivos no mercado como o popular ―vídeo capacete‖ ou head-mounted display(HMD) que é um dos dispositivos que mais isola o usuário do mundo, muito usado pela NASA e também vários outros projetos em desenvolvimento. 5. APLICAÇÕES. Atualmente várias áreas já usam os benéficos da RV e RA, tendo em vista que a demanda da necessidade de oferecer sistemas mais realistas, fez com que setores como a medicina, a engenharia a aviação entre outros buscassem formas de auxílio e resolução de alguns problemas. A medicina é uma das áreas que mais vêm se beneficiando com os avanços tecnológicos nos últimos anos apresentados pela RV e RA. Segundo (Costa e Ribeiro,2009.p.55): ―Especialmente, em cirurgias minimamente invasivas, que envolve uma pequena câmera de vídeo e instrumentos específicos para conduzir a cirurgia. Acredita-se que neste cenário as técnicas de Realidade Virtual e Aumentada podem ter uma significativa parcela de contribuição ‖ Dessa forma, projetos estão sendo desenvolvidos com o auxílio da realidade virtual para realização de cirurgias à distancia. Por exemplo, num possível campo de batalha um médico poderia realizar uma cirurgia em um soldado usando técnicas de realidade virtual, como controlando os braços de um robô. A realidade virtual tem sido utilizada para treinar e realizar vários tipos de cirurgias como da medula, artroscopias e endoscopias, isso reduz o custo do treinamento e da própria cirurgia além dos riscos cirúrgicos dos próprios pacientes. Assim, a RV e RA tem atraído cada vez mais pesquisadores e profissionais da área de saúde devido as técnicas que a tecnologia possui de objetos reais. ―Recentemente, um sistema de Realidade Aumentada foi apresentado para apoiar casos de traumatologia e cirurgia ortopédica, o sistema EVI (Easy Visualization In-Situ)‖. (COSTA e RIBEIRO,2009.p.55), este sistema serviu para para fortalecer ainda mais a aliança entre a classe médica e a Realidade Virtual e Aumentada. A indústria do petróleo e gás também vem sendo beneficiada com o auxílio da RV e RA, uma vez que, nesses setores há diversos profissionais como geólogos, engenheiros, físicos, profissionais da computação entre outros que necessitam de algum tipo de simulação e RV e RA se encaixou perfeitamente para resolução de algum tipo de problema relacionado, como comunicação, redução de erros e tomada de decisões, aumentando a eficiência. Conforme (Costa E Ribeiro,2009.p.59): ―É na sede da Petrobrás, empresa brasileira que possui 13 centros de Realidade Virtual espalhados por suas unidades, que está o mais moderno na área de exploração e produção de petróleo. É por meio dessa tecnologia que os geólogos e geofísicos analisam as propriedades do fundo do oceano, reconhecendo com precisão os pontos onde se deverá perfurar para chegar ao petróleo. Identificados os reservatórios, a Realidade Virtual também ajuda a aproveitar ao máximo a extração de cada um deles, o que ajuda a economizar tempo e dinheiro.‖ A Petrobrás é uma das empresas que mais investe na tecnologia, tendo em vista que a maior beneficiária, pois é através da RV que são feitos os treinamentos e simulações para se chegar aos poços de petróleo. A aviação também tem um forte vinculo com a RV e RA, pois é por dessa tecnologia que são realizados as simulações dos vôos, treinamento de pilotos e desenvolvimento de aviões. Na indústria automobilística a realidade aumentada vem sendo implantada de forma iminente principalmente na simulação dos motores dos automóveis, como é o caso da empresa BMW, na qual existe um projeto de realidade aumentada que projeta o que está no painel no vidro do veículo. No ensino, a Realidade Virtual e Realidade Aumentada vêm contribuindo de forma surpreendente uma vez que nos últimos anos foram desenvolvidos diversos sistemas de Realidade Virtual e Realidade Aumentada específicos para as áreas científicas como matemática, química e física. Há projetos como o ScienceSpace para aqueles interessados nas disciplinas de física e química, o Construct3D é voltado para os seguidores da geometria além de outros projetos voltados para o desenvolvimento matemático para crianças. Por fim, vale ressaltar que existe também a Tele presença, um tipo de realidade virtual que está sendo muito falado atualmente no qual uma pessoa pode manipular um robô à distância para que realize alguma tarefa. Através da tele presença forças policiais podem efetuar o desarmamento de minas ou bombas preservando a integridade da pessoa responsável por aquela operação. Assim, a Realidade Virtual e Aumentada vem despertando interesse nas mais diversas áreas na proporção que a tecnologia vem sendo aperfeiçoada. 6. CONCLUSÃO. A Realidade Virtual e a Realidade Aumentada são tecnologias que vem sendo aprimoradas com o avanço da tecnologia da informática. Num primeiro momento pressupõe-se que é uma única tecnologia, no entanto, conforme vai se aprofundando nos conceitos e na forma que elas são aplicadas percebe-se nitidamente que são tecnologias análogas. A tendência é que ambas as tecnologias venham a se popularizar, pelo menos é isso que os especialistas no assunto acreditam, todavia, podemos perceber que o assunto está sendo divulgado na mídia e já foi tema de reportagem nos maiores veículos de comunicação. Assim, a finalidade foi conhecer os conceitos, as ferramentas, as tecnologias e onde essa tecnologia vem sendo aplicada para subsidiar de alguma forma na resolução de algum problema ou tornar-se mais simples uma solução. RFERÊNCIAS: http://www2.dc.ufscar.br/~grv/tutrv/tutrv.htm, Acessado em 15/05/2010. http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/foto/ 0,,19806160EX,00.jpg&imgrefurl=http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL10603926174,00TECNOLOGIA%2BJA%2BESTA%2BPRONTA%2BPARA%2BAUMENTAR%2BO%2B MUNDO%2BCOM%2BREALIDADE%2BVIRTUAL.html&usg=__tjfL2GSARMFruoYVsm3Wv-9TBU=&h=335&w=535&sz=31&hl=ptBR&start=11&itbs=1&tbnid=yl5r_nUYaUq88M:&tbnh=83&tbnw=132&prev=/images%3 Fq%3Drealidade%2Bvirtual%2Baumentada%26hl%3DptBR%26sa%3DG%26rlz%3D1I7RNWZ_pt-BR%26prmdo%3D1%26tbs%3Disch:1, Acessado em 20/05/2010. KIRNER, Cláudio e SISCOUTTO, Robson. Realidade Virtual e Aumenta. Conceitos Projetos e Aplicações.IX Simpósio de RV e RA .Petrópolis-RJ:SBC,2007. COSTA, Rosa Maria e RIBEIRO, Marcos Wagner S. Aplicações de Realidade Virtual e Aumentada. XI Simpósio de RV e RA.Porto Alegre:SBC,2009. http://www.youtube.com/watch?v=50uPrai5WoE , Acessado em 20/05/2010 http://www.slideboom.com/presentations/113709/Realidade-Virtual, Acessado 29/05/2010 http://www.gizmodo.com.br/conteudo/cinco-motivos-para-robos-humanoides-algumdia-travarem-nossas-guerras, Acessado em 29/05/2010 em 14.4 Educação 14.4.1 Perfil do Professor para Atuar no Século XXI CALDAS OLIVEIRA, Maria Conceição Cerqueira Orientadora Professora Msc. Neiva Propodoski RESUMO O estudo denominado Perfil do Professor para Atuar no Século XXI traça um breve caminho percorrido na formação do professor no Brasil. Mostra através de uma análise retrospectiva histórica legal, o espaço pedagógico dependente da legislação educacional, e os processos de formação dos professores. Procura estabelecer elos com o contexto-histórico-político e social para uma maior compreensão dos fatos e entender a formação desse profissional na sociedade. Fundamento também meu estudo na formação de profissionais reflexivos, que estejam de acordo com as necessidades do homem para atuar na sociedade. Considero que essa temática possui relevância no quadro político e educacional no Brasil, à medida que se verificou que não haverá ensino de qualidade, nem reformas educativas, nem inovações pedagógicas que substitua uma adequada formação de professores. Concluo que o homem é um ser social que se manifesta no mundo, com outros homens, com a natureza, em sociedade, em constante busca, em um constante aprendizado, que não é estático, que transforma o mundo e é transformado a partir de sua inter-relações. Palavras-chave: Educação – Formação de Professores – Perfil do Professor INTRODUÇÃO Nesse novo século, tem-se atribuído uma grande expectativa à educação escolar no sentido de reconhecer um direito como meio de democratizar os saberes, a fim de garantir a formação de indivíduos capazes de intervir na realidade onde vivem. Compreendida a função da escola, busca-se entender de que forma ela poderá contribuir para que seus alunos possam participar das decisões no âmbito social. Portanto, exigir uma escola que atenda as aspirações do aluno que hoje busca a mesma há que se pensar na formação do profissional que atua nestas instituições. A formação do atual aluno implica que a escola busque suporte para proporcionar a formação de seus educandos. Mais ainda, há muito a ser transformado, pois é preciso compreender a realidade para que se possa encontrar possibilidades para as escolas realizarem seu papel. Da mesma forma que a sociedade exige pessoas criticas, autônomas e responsáveis, as escolas necessitam de profissionais que hajam de forma comprometida e competente. Assim a ação pedagógica não será responsabilidade apenas de alguns, mas de todos, pois é a partir da compreensão da realidade escolar, que se entra em sintonia com toda a sociedade para que juntos formem indivíduos conscientes e conhecedores da realidade onde vivem. Partindo desse pressuposto é que optei pelo tema o Perfil do Professor para Atuar no Século XXI. Assim, apresento algumas reflexões sobre a educação e a formação para atuar na sociedade. A pesquisa teve como objetivo desenvolver um entendimento acerca da formação dos professores, tendo como preocupação as limitações e propagações da sua prática pedagógica, visando à compreensão necessária face às transformações sociais no Século XXI. Para o desenvolvimento do estudo foi realizada uma análise retrospectiva histórico legal desde o período colonial do professor até os dias atuais. Tornou-se também necessário estabelecer elos com o contexto históricopolítico-econômico e social para uma maior compreensão dos fatos e entender a formação desse profissional na sociedade. Também aponto a necessidade da formação do professor ser capaz de formar profissionais reflexivos, que estejam de acordo com as novas necessidades do homem e do mundo no Século XXI. Considerando que o homem é um ser social que se manifesta no mundo, com outros homens, com a natureza, em sociedade, em constante busca, em um constante aprendizado, que não é estático, que transforma o mundo e é transformado a partir das suas interpretações. O CAMINHO PERCORRIDO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR NO BRASIL A Historia da Educação no Brasil nos faz falar igualmente sobre a Historia Geral e suas causas e efeitos no sistema educacional vigente, pois estão intimamente ligados a questões políticas que envolve a sociedade no exato momento que acontecem os fatos ou o ato dos que detêm o poder naquele período da sociedade, por isso jamais deve-se falar que uma coisa não tem nada haver com a outra, as duas na verdade caminham juntas. Aranha (1996, p. 19) diz isso claramente: ―(...) A educação não é um fenômeno neutro, mas sofre os efeitos da ideologia, por estar de fato envolvida na política‖. Com o descobrimento do Brasil, a igreja católica tendo o propósito de desenvolver um trabalho de evangelização missionária, implanta o catolicismo como religião tradicional dos colonizadores, impondo aos indígenas locais e aos escravos africanos, através de ideologia católica, pressupostos invisíveis na vida social e cultural da colônia. O catolicismo impunha seus valores, suas crenças, suas ideologias e sua cultura, com objetivo de escamotear as verdades e principalmente manter a obediência que era pregada pela religião aos nossos colonizadores. O objetivo proclamado da ação dos jesuítas é a conversão do índio a fé católica; na realidade o que se faz é subjulgá-lo e, quando resiste, massacrá-lo. O resultado está diante de nós: de milhões de índios que aqui viviam na época da chegada dos portugueses, restam cerca de 200 mil! (PILETTI, 1990, p. 23). O ensino que os padres jesuítas ministravam era completamente alheio à realidade da vida da colônia. Desinteressado, uniforme e neutro destinado a dar cultura geral básica aos habitantes que aqui viviam. Os primeiros Jesuítas que chegaram ao Brasil eram chefiados por Padre Manoel da Nóbrega e cumpriam ordens do rei de Portugal – Dom João III, que formulou e instituiu os regimentos que deveriam ser aplicados no Brasil – Colônia de Portugal. O plano de ensino que atendia a nossa primeira política educacional foi instituído por Nóbrega, tanto para os filhos dos índios que aqui se encontravam, quanto para os filhos de colonos portugueses. O ensino dos Jesuítas então implantado contava com incentivo e subsidio da Coroa Portuguesa e constituiu-se em uma política educacional a Ratio Studirum, que privilegiava a formação das elites que era uma versão de educação pública religiosa, educação que dominou até a metade do século XVIII. Com a expulsão dos Jesuítas, determinou-se o fechamento dos colégios por eles fundados e administrados. Do fechamento dos colégios à substituição dos educadores e do sistema jesuítico, transcorreram 13 anos. Essa lacuna desmantelou toda a estrutura administrativa do ensino. As Reformas Pombalinas se contrapunham ao predomínio das idéias religiosas, uma vez que tinham como base as idéias laicas inspiradas no iluminismo que instituíram ao Estado a responsabilidade pelo ensino, que se originou assim os primeiros passos para a nossa versão de educação pública estadual. Nesse período foram introduzidas diversas disciplinas isoladas, como as ―aulas régias‖ e consequentemente, contratados professores ―leigos‖ para ministrar o ensino. O fato mais importante dessa Reforma Pombalina foi à garantia de uma educação pública que direcionasse a formação de profissionais a serviço do Estado. Dentro deste contexto a educação brasileira passa a ser exercida por professores não qualificados, ou seja, leigos. No contexto educacional o termo ―leigo‖ foi associado aos professores que não possuíam uma formação básica para lecionarem em determinadas séries. Essa atribuição de professor leigo não se dá somente ao que se refere à formação desse profissional, dá-se ao desconhecimento de uma didática aliada a uma prática concreta ditada como ―eficiente e necessária‖ na formação desse profissional, e consequentemente, com o tipo de homem que se quer formar para uma determinada sociedade. Atualmente o professor apontado como leigo se depara com a discriminação e com a exclusão por não ser capacitado para atuar de uma forma efetiva na sala de aula, porém ao mesmo tempo, a esse profissional destina-se uma função importante: de ser um profissional que goza de uma autoridade reconhecida. Sobre essa política dual Nóvoa aponta que: Há uma política aparentemente contraditória de desvalorização sistemática do estatuto da profissão docente e, simultaneamente, de dignificação da imagem social do professor. A compreensão deste paradoxo obriga a um duplo raciocínio. Por um lado, o Estado exerce um controle autoritário dos professores, inviabilizando qualquer veleidade de autonomia profissional: a degradação do estatuto e do nível cientifico insere-se nesta estratégia de imposição de um perfil baixo da profissão docente. Por outro lado, o investimento missionário (e ideológico) obriga o Estado a criar as condições de dignidade social que salvaguardem a imagem de prestigio dos professores, nomeadamente junto às populações (1995, p.18). A vinda da Família Real para o Brasil ocasionou a implantação do ensino superior, nasce o Ensino Superior, assim iniciava-se um processo de autonomia que culminaria na Independência Política. Mas, torna-se relevante ressaltar que a educação superior implantada tinha como propósito exclusivo proporcionar uma educação para elite aristocrática e nobre que compunha a corte, haja vista que a criação da Universidade no Brasil atendeu somente aos anseios dessa elite. Os primeiros Cursos Superiores aqui implantados, de cunho não teológicos, eram organizados na base de aulas avulsas e tinham um objetivo profissional voltado para a prática. Essa educação devia formar técnicos em economia, na agricultura e na indústria. Assim, é anunciada uma nova ordem política educacional brasileira, assentada nos ideais da Revolução Francesa que embutiam idéias de desenvolvimento nacional, ou seja, um sistema nacional de educação, que abranja a graduação das escolas e sua distribuição por todo território nacional. Observa-se pela primeira vez, uma preocupação com a educação popular. Como resultado dos debates da Assembléia Constituinte de 1823, foi abolido o privilégio do Estado para dar instrução primária gratuita a todos os cidadãos.Quanto aos cursos de formação dos professores Brzezinski afirma que: Os estudos pedagógicos no tempo do Império realizaram-se nos cursos de formação do magistério – as Escolas Normais. Entre 1835 e 1846, no período regencial (entre a abdicação de D. Pedro I e a declaração de maioridade de D. Pedro II), são criadas essas escolas no Rio de Janeiro, Bahia, Pará, Ceará e São Paulo. Mas era comum a introdução da disciplina pedagogia nos liceus (escolas de nível médio). Todavia, foram instituições muito instáveis, improvisadas, pouco eficazes para atender sua função de formar professores primários (apud PIMENTA, 2000, p. 88). Em 1827, foi instituída por lei a criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades e lugarejos. A lei determinava que houvesse no império, escolas primárias em cada turno, com ginásios em cada comarca e as universidades deveriam ser implantadas nos lugares mais apropriados. A primeira escola normal implantada no Brasil foi em Niterói, em 1830, sendo a pioneira na América Latina, e de caráter público, a partir dai é que tem inicio a formação de professores no país. Sobre as instituições que cabiam a formação de professores, Romanelli diz que foram criadas até 1871 pelo menos dez escolas normais, tais como: A escola normal da Bahia, criada em 1836; a do Pará, em 1839; a do Ceará, em 1845; a da Paraíba, em 1854; a do Rio Grande do Sul, em 1870; e a de São Paulo, como segunda ou terceira tentativa, em 1875/1878; a Escola Normal Livre, na Corte, em 1874 e, depois, a oficial em 1880; a de Mato Grosso, em 1876; a de Goiás, em 1881. Além dessas, destacou-se a criação do Pedagogium, em 1890, de curta duração, que deveria ter funcionado como centro de pesquisas educacionais e museu pedagógico (1999, p. 163). No período republicano as escolas normais tiveram um crescimento acelerado, mas como não eram organizadas nas diretrizes estabelecidas pelo Governo Federal ficavam restritas as reformas efetuadas aos limites geográficos dos Estados. Logo, as escolas normais não atendiam as necessidades do país, e apenas contribuíam para aumentar o número de professores leigos – sem habilitação para o exercício do magistério. Na Segunda República, há um período de grande radicalização política. Nesse período o país passava pela revolução de 30 com uma instabilidade que sempre causa qualquer revolução, que teve como seu primeiro ato dos detentores do poder na época a criação do Ministério da Educação e das Secretarias de Educação dos Estados. Em 1932, Anízio Teixeira e outros intelectuais, lançam o ―Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova‖, em que formalizam suas propostas teóricas e operacionais. Observa-se que o ―Manifesto‖ era dirigido ao povo e ao governo, e apontava para a necessidade de construção de um sistema nacional da educação. A noção da Pedagogia como ciência única da educação dá lugar ao movimento da educação nova, iniciado na Europa no final do século XIX. Nesse contexto, a educação passa a difundir novos objetivos, programas e métodos de ensino a partir de influências de movimentos sociais e políticos e do desenvolvimento da Biologia, Psicologia e Sociologia. Desenvolve-se uma ciência experimental da educação, diferente da pedagogia abstrata e filosófica que vigorava até aquele momento. Para Pimenta: Em 1939, o curso de pedagogia formava bacharéis denominados de ‗técnicos em educação‘. À mesma época, na então Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras, da Universidade de São Paulo, foram instituídos entre outros, os cursos de Sociologia e Psicologia, que mais tarde passariam a realizar estudos e pesquisas voltados à educação, mas especificamente, à aprendizagem no caso da Psicologia, e à escola como instituição social, no caso da Sociologia. Esses estudos dariam origem a outros ramos dessa área, aplicada à educação que em outros países já recebiam a denominação de ‗ciências da educação‘ (2000, p. 31). Nos anos de 1937 a 1945 a historia e o mundo passam por várias transformações, com a Segunda Guerra Mundial o período é de extrema repressão pelo nazismo de Hitler e fascismo de Mussolini, para Aranha (1996, p.181) ―são avessos à teoria, e se vangloriam da predominância de um antiintelectualismo fundado no primado da ação. Mais do que idéias, lhes interessam a retórica e seus efeitos de doutrinação, que levam à obediência e à disciplina‖. O Brasil com o governo populista de Getulio Vargas, apesar deste governo se enveredar ou concordar com as idéias totalitárias de Hitler, luta ao lado dos aliados. Nessa época acontece no país uma expansão e fortalecimento da indústria nacional, com a utilização de mão de obra barata. Acontece a consolidação das leis trabalhistas, apesar da guerra fria e da hegemonia dos Estados Unidos. O Governo estabeleceu regras e normas rígidas de controle do currículo e programas impostas para todos os sistemas de ensino, pode se dizer que as rédeas eram curtas e de controle, fazendo com que o direito a educação deixe de estar explicito na Constituição. Nos idos de 1945 a 1964 o mundo continua a sofrer transformações com o imperialismo das grandes potências com possíveis conflitos entre principalmente Estados Unidos e a antiga União Soviética, na educação brasileira nasce a Escola tecnicista para dar vazão a mão de obra das indústrias e do comércio, esta escola consiste, segundo Aranha (1996 , p. 183) em, planejamento e organização racional da atividade pedagógica; operacionalização dos objetivos; parcelamento do trabalho, com a especialização das funções; incentivo à utilização de varias técnicas e instrumentos, como instrução programada, ensino por computador, maquinas de ensinar, telensino, procurando tornar a aprendizagem ‗mais objetiva‘. Em nosso país esta tendência trouxe prejuízo as escolas públicas com a burocratização do ensino, pois ignora que o processo pedagógico tem sua própria especificidade e jamais poderá haver rígida separação entre concepção e execução do trabalho. Registra-se o nascimento da primeira LDB em 1961, a Lei nº 4.024/61 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, embora pretendesse tratar da Educação Nacional, limitou-se à organização escolar, mantém a estrutura tradicional no sistema de ensino, que continua a ser organizado, de acordo com a legislação anterior. Observa-se que na sua essência, a Lei continuava a mesma, a única diferença foi a de não ter prescrito um currículo fixo e rígido, em cada nível e ramo. Essa flexibilidade no currículo quebrou a rigidez e favoreceu em certo grau de descentralização, visto que possibilitava aos Estados e estabelecimentos a possibilidade de anexarem disciplinas optativas ao currículo estabelecido pelo Conselho Federal de Educação. Porém, não é fácil mudar. Logo, as escolas mantiveram o mesmo currículo e o mesmo programa, apesar da flexibilidade permitida. No final de 1967, o Governo criou uma comissão especial com o objetivo de analisar o sistema educacional, a fim de detectar os pontos críticos, para propor mudanças no cenário atual. Foi nesse contexto, que a escola a partir de uma reforma administrativa assumiu uma organização empresarial. Essa comissão propõe uma revisão no esquema de remuneração do magistério, a fim de atingir gradativamente, o tempo integral e a dedicação exclusiva do professor. Segundo Romanelli (1999, p.221) a comissão propõe ainda as seguintes medidas: a) Ajustar a formação do ensino superior às realidades do país. Como? Atendendo a ―uma demanda cada vez maior, correspondente ao ritmo de crescimento populacional‖; adaptando ―cursos e currículos as imposições do desenvolvimento nacional, ajustando-se as características que singularizam o nosso País‖. Portanto, propõe o relatório a diminuição da defasagem quantitativa e estrutural com objetivo da reforma de ensino. b) Instituindo a cobrança de anuidades do ensino superior, como ―forma de obter mais justiça social‖. c) Reduzindo os currículos e diminuindo a duração dos cursos de formação profissional, pelo menos de certas carreiras, e criando carreiras de curta duração. d) Introduzindo o sistema de créditos e a matrícula por disciplina, como medida de maior economia e melhor aproveitamento dos fatores empregados. e)Instituindo o vestibular unificado, ―possibilitando‖ (assim) o aproveitamento de todas as vagas existentes por parte dos aprovados. f) Criando um ciclo básico comum para cada área. g) Criando um primeiro ciclo especializado para as carreiras de curta duração, como a formação de professores do ensino médio, técnicos laboratoristas, engenheiros operacionais, etc. h) Criando um segundo ciclo especializado para as carreiras longas como Medicina, Engenharia, Direito, etc. i) Finalmente, criando cursos de pós-graduação, nos níveis de mestrado e doutorado. Em 1969, foi abolida a distinção entre o bacharelado e a licenciatura em pedagogia. Com o Parecer nº 252/69 do Conselho Federal de Educação, que regulamentou o Currículo mínimo do Curso de Pedagogia, orientou o curso para a formação de profissionais técnico-administrativos da educação oferecendo as habilitações de especialistas em supervisão, orientação e administração, além de formar professores para o Ensino Normal. No final da década de 60 e no início da década de 70, a ação do regime militar na reforma do sistema de ensino materializa-se em duas leis casadas: a Lei nº. 5692/71, da Reforma do Ensino de 1º e 2º graus, e a Lei nº. 5540/68 da Reforma Universitária, que no seu Artigo 30 estabelece: [...] a formação de professores para o ensino de 2º grau, de disciplinas gerais ou técnicas, bem como o preparo de especialistas destinados ao trabalho de planejamento, supervisão, administração, inspeção e orientação no âmbito das escolas e sistemas escolares far-se-á em nível superior. Nos anos de 1964 a 1985 mesmo com uma eminente guerra fria existente entre as grandes potencias da época com desfiles de armas atômicas pelas duas potencias e o medo gerado na população mundial, instala-se no Brasil após um golpe militar uma ditadura com a cassação de muitos membros do poder legislativo presos e exilados, funcionários públicos tiveram sua destituição de cargos e inquérito militar, da população brasileira foi retirado o direito de escolha através do voto de vereador a presidente da república. A educação sofreu muito com esse regime ditatório, pois efetuou uma reforma vertical sem se importar com a opinião de alunos, professores e outros setores da sociedade, sobre isso Piletti (1990, p.114) diz que: [...] Os resultados são os que vemos em quase todas as nossas escolas: elevados índices de repetência e evasão escolar, escolas com deficiência de recursos materiais e humanos, professores pessimamente remunerados e sem motivação para trabalhar, elevadas taxas de analfabetismo. Tanto a Reforma do ensino de 1º e 2º graus pela Lei n.º 5.692 de agosto de 1971, como na universidade esta lei foi imposta pelo sistema de governo, sem nenhum envolvimento da sociedade civil ou estudantes e professores, esta reforma, segundo Piletti (1990, p. 121) tinha por objetivo geral ― proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidade como elemento de autorealização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania.‖, porém este objetivo ficou apenas no papel já que na prática não acontecia. Ao analisar a Lei se verifica que a mesma trazia em sua estrutura grandes modificações tais como o ensino de 1º grau deixa de oferecer formação profissional e se destina somente à educação geral, isso traz um déficit aos alunos, pois os mesmos em sua maioria não conseguiam terminar o 1º grau e seguirem até o final do 2º grau. Com a reforma o ensino de 2º grau tornou-se todo ele profissionalizante, com os cursos de três anos para auxiliar técnico e de quatro anos para técnico, esta forma de ensino trouxe em linhas gerais transtorno as escolas que não estavam preparadas para o ensino profissionalizante, com isso varias escolas tentavam burlar a Lei com a elaboração de um currículo oficial para possíveis vistorias e outro real para suprir as necessidade da comunidade escolar (Lei 5.692/71). A reforma de 1971 aumentou o numero de matérias obrigatórias em todo o território nacional. Sem contar o ensino religioso, facultativo para os alunos, o núcleo comum obrigatório passou a abranger dez conteúdos específicos: um de Comunicação e Expressão (Língua Portuguesa); três de Estudos Sociais (Geografia, História e Organização Social e Política do Brasil); dois de Ciências (Matemática e Ciências Físicas e Biológicas); e quatro Praticas Educativas (Educação Física, Educação Artística, Educação Moral e Cívica e Programas de Saúde).(...) Disciplinas mais reflexivas – que podem favorecer a discussão critica como filosofia, sociologia, psicologia etc. – deixaram de ser ministradas no ensino de 2º grau (PILETTI, 1990, p.122). Em 1985 termina o governo militar e começa ainda que por eleição indireta do primeiro presidente civil desde 1964 - uma Nova Republica nasce com a herança de vários problemas econômicos e sociais que move a todos na esperança de mudanças. Renova-se a esperança para a educação com a Constituição de 1988 e posteriormente com entrada em vigor da Lei de Diretrizes e Base da Educação a n.º 9394/96, que estabelece normas e metas a serem seguidas pela educação nacional, na busca de melhoramento do sistema de ensino da educação básica ao superior e capacitação do profissional da educação. A década de 90 é marco do pelo grande avanço tecnológico - com melhoria no sistema de telefonia fixa que posteriormente migra para a móvel melhoria tecnológica nas escolas como um recurso, e com uma economia, mas estabilizada por sua melhoria, após passar por varias planos econômicos – tudo isso atinge diretamente a educação que continua em sua busca em melhorar ano após ano, Oxalá se um dia consiga uma homogenia na educação do país, sem a necessidade de copia de modelos que deram certo lá para aquele contexto, já para nós e nosso contexto merece uma releitura dos que passaram para melhorar o que deu certo e ampliar sua abrangência. O PERFIL DO PROFESSOR PARA O SECULO XXI Em uma analise da formação dos educadores no Brasil, como já visto, sempre foi tratado com descaso ou imposição pelos governantes, tendo como principal reflexo a má formação desses profissionais e a falta de uma identidade para os mesmos. A Identidade do professor ou mais propriamente do Pedagogo, estão atreladas a várias dificuldades que interferem diretamente no desempenho e criação de sua identidade, tais como baixos salários, deficiência na formação, desvalorização profissional, falta de condições de trabalho, e de profissionalismo, isso tudo recai sobre a inadequada formação acadêmica em outras áreas, ou seja, nem todos os professores são pedagogos. A busca por uma identidade é algo que vem sendo construída gradativamente no transcurso da historia da Pedagogia como área do conhecimento, que está entre as Ciências da Educação, que demanda a tarefa de verificar a maneira como acontece essa construção em meio as relações sociais, os valores, formação do profissionalismo, estrutura política, e a valorização do professor. Assim, as novas ações das práticas educativas apontam novos caminhos na formação de professores, e se representam como um dos seus aspectos que são os saberes docentes, constituído pela experiência, o conhecimento e os saberes pedagógicos. Mobilizar os saberes da experiência implica mediar o processo de construção de identidade dos futuros professores. Nesse sentido, a construção de uma identidade profissional implica que se, [...] constrói, a partir da significação social da profissão, da revisão constante dos significados sociais da profissão; da revisão das tradições. Mas, também da reafirmação de práticas consagradas culturalmente e que permanece significativas. Práticas que resistem a inovações porque prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade. Do confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas à luz das teorias existentes, da construção de novas teorias. Constrói-se também pelo significado de cada professor, enquanto ator ou autor, confere à atividade docente no seu cotidiano a partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas representações, de seus saberes, de suas angústias e anseios, do sentido que tem em sua vida o professor. Assim, como a partir de sua rede de relações com outros professores, nas escolas, sindicatos e em outros agrupamentos (PIMENTA, 2000, p.19). Dessa forma, o professor reflexivo deverá estar sempre questionando sobre o seu saber, o seu conhecimento, assim como o seu fazer teoricamente. Essa competência pedagógica nasce sobre a reflexão da própria prática do professor num movimento que a ação é o agir e a reflexão ao refletir. Assim sendo, o professor não desvincula o agir do pensar, haja vista que, a relação entre a atuação e o pensamento do professor, implica a utilização da reflexão como um processo de união entre o agir e o pensar, bem como entre a teoria e a prática. Enguita define cinco categorias do profissionalismo docente. São elas: competência, licença, vocação, independência e auto-regulação. Todas essas categorias colaboram muito na somatória da busca de identidade do professor, pois se lhe faltar um desses atributos, ser professor passa a ser apenas uma mera profissão que visa repassar a informação e não ajuda o aluno a transformar essas informações em conhecimento, deixando o mesmo muitas vezes sedento de saberes (apud. BRZEZINSKI, p.14). Assim, para que o Professor tenha ou descubra essas cinco categorias é necessário que haja uma política publica para a educação de qualidade. Por outro lado são oportunidades necessárias que mirem exatamente nas deficiências existentes no sistema de ensino tentando sanar as dificuldades existentes. A noção do professor reflexivo baseia-se na consciência da capacidade de pensamento e reflexão que caracteriza o ser humano como criativo e não como mero reprodutor de idéias e práticas que lhe são exteriores. É central, nesta conceptualização a noção do profissional como uma pessoa que, nas situações profissionais, tantas vezes incertas e imprevistas, actua de forma inteligente e flexível, situada e reactiva. [...] (ALARCÃO, 2004, p. 41). É importante também refletir sobre a sociedade do conhecimento que se traduz por redes, teias, árvores do conhecimento, sem hierarquias, em unidades dinâmicas e criativas, favorecendo a conectividade, o intercâmbio entre instituições e pessoas, articulação, contatos e vínculos, interatividade. Dessa forma é necessária uma formação continuada que necessita de maior integração entre os espaços sociais, pois é fundamental para que o professor adquira novas competências para atuar na sociedade. Hoje a educação deve equipar o aluno para viver melhor na sociedade do conhecimento. A importância de se compartilhar o conhecimento na escola é uma realidade, o que significa que nenhum profissional que se diz comprometido com a formação de um aluno capaz de intervir na realidade deve omitir. Alarcão fala sobre o conhecimento na escola: O conhecimento está lá, na escola, lugar privilegiado para as iniciações, as sistematizações, o estabelecimento de relações estruturantes, as discussões criticas e as avaliações. (...) no momento do ensino é fundamental para explicar, para revelar a sua evolução histórica e para preparar a sua apreensão critica (2003, p. 31). A formação de professores reflexivos implica um processo emancipatório, à medida que propicia os professores uma atitude reflexiva em relação ao seu ensino e as condições sociais que o determinam. Nesse contexto, o trabalho docente constrói- se e transforma-se no cotidiano da vida social, como prática social, visa a transformação de uma realidade a partir das necessidades práticas do homem social. Assim, é importante entendermos que o desempenho do professor está intrinsicamente relacionado com a sua formação, com seu preparo técnico, psicológico, cultural, sociológico, e filosófico. Portanto, a eficiência do ensino é atribuída à eficácia do processo de formação do professor. O papel do professor reflexivo surge no início do século XX, mais propriamente a expressão professor reflexivo, veio como uma enxurrada no cenário educacional que confundia a muitos, a palavra reflexão enquanto adjetivo e não como atributo dos professores. O conceito é originário do estado de Massachusetts nos Estados Unidos com os estudos de Donald Schön relacionados a reforma curricular nos cursos de formação de profissionais, após todo seu processo de observação ele conclui que o currículo não poderia ser apenas normativo que apresenta a ciência, sua aplicação, depois estagio que deve ser para colocar em pratica o apreendido. Para Schön (2000) uma formação teórica sem refletir sobre a experiência vivida não seria a melhor maneira de formar o professor, ele propõem uma formação baseada na pratica, ou seja, na valorização pratica profissional como forma de construção de conhecimento, por meio da reflexão, analise e problematização. Isso tudo faz com que o professor tenha condições de desenvolver em seu aluno a consciência critica, na busca para a transformação sócio-cultural-econômica de uma sociedade. Pimenta e Ghedin (2005, p. 56-57) analisam conceitos de outros autores sobre reflexividade que ajudam na construção de um novo conceito, entre esses autores está de Pérez Gómez: A reflexividade é capacidade de voltar sobre si mesmo, sobre as construções sociais, sobre intenções, representações e estratégias de intervenção Supõem a possibilidade, ou melhor, a inevitabilidade de utilizar o conhecimento à medida que vai sendo produzido (1999, p. 29). No Brasil pode ser citado como um dos métodos para se trabalhar a reflexividade, a de Paulo Freire em sua proposta, através do processo ação-reflexão- ação, onde faz uma análise crítica dos fatos e busca uma consciência política do individuo. O novo conceito de professor reflexivo gerou um grande fascínio que trouxe com isso alguns conflitos, pois como sempre existem resistências ao novo, mudança sempre traz o medo de não dar certo, ou que isso vá dar trabalho. Um dos conflitos levantados foi o de colocar em dúvida a confiança na competência de alguns profissionais, que incorreu num erro de generalizar as situações recorrentes do sistema de ensino, perante o espírito pós-moderno e a valorização da pratica, diante de problemas complexos da sociedade. Devido o professor não ter uma formação reflexiva o mesmo se sente diminuído por não conseguir solucionar os conflitos do quotidiano escolar. Estes pensamentos ainda estão sendo superados de certa forma pelas universidades e faculdades particulares na busca de formar profissionais críticos reflexivos e que consigam gerir um conceito, baseado na ética e respeito profissional. Assim, o professor para desenvolver uma pratica reflexiva deve utilizar resultados de investigações educacionais para refletir sobre sua pratica, dentro do sistema de ensino-aprendizagem conquistando com isso maior autonomia de sua ação pedagógica. Para Perrenoud: Apropriar-se de métodos que facilitam a observação, a analise das rotinas e dos problemas, a afinação e experimentação de alternativas, seja de forma singular ou plural, ou seja, individual ou coletivamente ajudam a melhor significativamente a pratica do professor (apud GIESTA, 2001, p. 21). Para isso o preparo do professor é fundamental, pois a sala de aula é um lugar complexo e de constante transformação por lá passam os mais variados problemas sejam de ordem pessoal, ou de conflitos comportamental do grupo, ou que atinge ao grupo. Assim, o professor tem e deve estar preparado para que de alguma maneira possa dar respostas às situações postas por seus alunos. Por isso, o mesmo tem a necessidade de se conhecer e ter conhecimentos que o apóiem em seus enfrentamentos imediatos, pois o conhecimento sedimentado empobrece a reflexão sobre a ação dentro do processo de aprendizagem. O professor que desenvolve a pratica reflexiva desde o inicio ou durante a sua formação traça um olhar mais direcionado dando maior oportunidade e facilitando a aprendizagem dos alunos. Diminuindo assim o que o aluno faz com mais freqüência que é a autodefesa, sobre algo que considera inadequado, ou não conhece, isso o leva a se defender da forma que ele considera mais adequada no momento, seja, através de palavrões ou tentar ridicularizar o docente. Neste momento está a melhor hora do docente mostrar de forma sutil sua argumentação bem elaborada sobre sua prática, refletindo sobre o conflito e lançando mão de sugestões de melhora, junto com os alunos, dessa forma conseguirá traze-los como co-autores de uma ação de transformação, ―a teoria no auxilio da prática oriunda da reflexão sobre o saber e o fazer docente orienta na escolha da rota mais adequada para o ensino e aprendizagem, possibilitando pensar sobre as razões e as conseqüências das escolhas pedagógicas‖ (GIESTA, 2001, p. 25). A condição reflexiva do docente o leva a desenvolver capacidade de apropriação critica, a construção de conhecimento pedagógico, por meio do habito de fazer perguntas reflexivas do ensino que o levem a varias respostas possíveis, que não podem ser deixadas de lado, sem uma ação concreta por parte do professor reflexivo, e isso causa transformações importantes para a sociedade em geral. Libanêo faz uma reflexão sobre as implicações que uma ação do profissional não capacitado pode dar, diante do ceticismo e o relativismo que o sistema quer impor aos educadores. ―(...) É preciso atentar para a inexistência de políticas educacionais sólidas, de posicionamento da nação ante a escola básica, [...] da desqualificação da escola publica, do desprestigio social da profissão de professor‖ (2002, p.193). Nesse contexto, o profissional da educação, o professor reflexivo para o século XXI deve estar atento, a sua formação continuada e abrangente, deve também estar com igual atenção a todos os chamados que a sociedade faz, na busca da melhoria da qualidade da educação. Estando atendo a isso e sem esquecer sua identidade, e seu papel na sociedade, e principalmente na educação leva-o a sonhar com uma sociedade mais justa e igualitária, com uma educação de qualidade e democrática, que vê para alem do ato de ensinar. Assim, quem sabe em um futuro próximo possamos estar vendo, professores dando depoimentos mais prazerosos sobre a educação e sua qualidade, pois as vezes o que se vê é a desmotivação desse profissional frente aos desafios, de uma sociedade que perdeu sua base familiar, imposta por uma sociedade capitalista e de consumo, e que perdeu seus valores. CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação passou por grandes transformações no decorrer de sua historia, com a chegada dos Jesuítas os primeiros educadores do país abre-se uma perspectiva sobre o ato de ensinar, porem após a expulsão dos Jesuítas e acontece uma grande lacuna no que tange a educação no Brasil, ficando por 200 anos o sistema fragilizado quanto ao ensino e a formação de profissionais da educação. As Reformas Pombalinas da instrução pública são inseridas, no quadro das reformas modernizadoras necessárias na tentativa de reverter o quadro que se instalava no sistema educacional e econômico do Brasil, em que o poder concentravase nas ―mãos‖ da igreja. No período republicano as escolas normais tiveram um crescimento acelerado, mas como não eram organizadas nas diretrizes estabelecidas pelo Governo Federal ficavam restritas as reformas efetuadas aos limites geográficos dos Estados. Também sofreu mudanças embora que sempre direcionada à obediência e à disciplina do Estado. É importante grafar este período com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que tratava a educação como um problema social sendo para a época um grande avanço social e educacional. Na década 1970 ressurge o pensamento para reformulação do curso de Pedagogia e as licenciaturas através de organismos oficiais do governo e entidades independentes de educadores. A busca por uma identidade é algo que vem sendo construída gradativamente no transcurso da historia da Pedagogia como área do conhecimento, que esta entre as Ciências da Educação, que demanda a tarefa de verificar a maneira como acontece essa construção em meio as relações sociais, os valores, formação o profissionalismo, estrutura política, e a valorização do professor. O Pedagogo passa a ter a necessidade de buscar ser um professor reflexivo, para integralizar suas idéias e pensamentos de modo cientifico e investigativo na vontade de transformar o sistema educacional a médio e não mais a longo prazo como vivenciamos ao longo da historia da educação, com a criação ou adaptação de teorias que ajudem a melhor e re-significar paradigmas existentes na sociedade não apenas nas instituições publicas como as privadas. Em análise do trajeto percorrido na formação de professores, através da Legislação Educacional Brasileira verificou-se que a mesma distorceu e manipulou as reformas educacionais, tentando camuflá-las, jogando implicitamente as responsabilidades do fracasso educacional nos ombros dos professores com os mais diversos títulos: da omissão, da passividade, da falta de compromisso, da incapacidade de tornar, de transformar a educação brasileira em uma educação democrática. Para superar algumas práticas na formação de professores, os profissionais da educação devem criar e incorporar esquemas que mobilizem situações concretas, configurando uma ação reflexiva ao seu acervo de experiências teóricas e práticas, visto que a pós-modernidade exige do professor uma constante reflexão, ou seja, um olhar crítico e reflexivo sobre a sua ação. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Historia da Educação. 2 ed. São Paulo: Moderna, 1996. ALVES, Nilda (Org.). Formação de Professores: Pensar e Fazer. 5. ed. São Paulo: Cortez, 1999. ALARCÃO, Isabel. Professores Reflexivos em uma escola reflexiva – 2. ed. – São Paulo, Cortez, 2003 (Coleção Questões da Nossa Época; 103) BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional : Lei 9.394 de 20.12.1996 ( Lei Darcy Ribeiro). 2ª ed. Revista – atualizada- ampliada – Bauru, SP: EDIPRO, 2001 – (Série legislação). BRZEZINSKI, Iria. Pedagogia, Pedagogos e formação de Professores: Busca e Movimento. 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Em vista disso esta pesquisa objetivou investigar o nível de conhecimentos das educadoras da creche quanto aos conhecimentos de práticas de saúde e educação na educação infantil. A pesquisa foi realizada em duas etapas. Na primeira etapa realizou-se uma revisão bibliográfica sobre o tema. Na segunda etapa foi feita uma pesquisa de campo, um estudo de caso em uma Creche Municipal de Cuiabá, MT. Como instrumento de coletas de dados procedeu-se aplicação de um questionário junto às educadoras desta creche. Dessa forma, a partir dos dados coletados constatou-se a necessidade de inclusão dos conhecimentos sobre o processo saúde-educação nos currículos de formação inicial ou continuada dos profissionais da educação infantil. PALAVRAS-CHAVES: EDUCAÇÃO; SAÚDE; CRECHE. ABSTRACT Studies on child development show clearly the real importance of the first year of life for the physical, cognitive, affective and social development of humans. Soon the children's education has a key role in shaping the individual and reflects a significant improvement in the child's learning. Therefore this report focuses on issues related to the health of children in day care environment, then talk about health in this environment involves many actions in the prevention of child health, these actions which will always be linked to the educational practices. Given that this study investigated the level of knowledge of the nursery teachers regarding the knowledge of healthcare practices and education in early childhood education. The survey was conducted in two stages. In the first stage is a literature review on the subject. In the second step was a field research, a case study in a Creche Municipal Cuiabá, MT. As a tool for collecting data as were applied a questionnaire with the educators of kindergarten. Thus, from the data collected it was found the need to include knowledge of the health-education curricula for initial training or continuing education programs for early childhood professionals. KEYWORDS: EDUCATION, HEALTH, DAY CARE. INTRODUÇÃO Este trabalho abordará assuntos relacionados à saúde das crianças em ambiente de creche, então falar de saúde nesse ambiente implica em muitas ações na prevenção da saúde infantil, ações estas que sempre estarão vinculadas às práticas de educação. Para estabelecermos uma melhor compreensão realizamos uma pesquisa de campo em uma instituição de educação infantil um estudo de caso, onde elaboramos e aplicamos um questionário às educadoras dessa instituição com o objetivo de caracterizar aspectos relacionados aos cuidados de saúde infantil na creche , bem como reconhecer que as creches têm como função primordial o educar e cuidar de forma integrada e , também verificar na proposta pedagógica desta instituição a existência de rotinas de saúde de forma a identificar percepções das educadoras da creche quanto a praticas de saúde e educação. Neste sentido buscamos através da pesquisa sensibilizar as educadoras para o direito á saúde das crianças e para busca permanente da compreensão de seus deveres ,responsabilidades nas práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde em conjunto com a instituição no caso a creche. HISTÓRICO DA CRECHE Para iniciar apresentamos um pouco da história da creche em nosso país, a fim de que possamos compreender como ao longo dos anos essa Instituição sofreu e vem sofrendo mudanças e como essas transformações repercutem na educação da criança pequena. Assim, no Brasil as creches surgiram no fim do século XIX, com o objetivo de ―cuidar‖ dos filhos de mães trabalhadoras, definindo o seu caráter assistencialista, especialmente para as classes pobres com período integral, este fato aconteceu para acompanhar a crescente urbanização e industrialização fazendo necessária a necessidade da força de trabalho feminino, tornado a grande marca dessas instituições a sua postulação como novidade com propostas modernas, científicas palavras utilizadas fartamente nessa época de exaltação do progresso e da indústria. Dessa forma a creche para as crianças de zero a três anos, foi vista como muito mais do que um aperfeiçoamento das Casas dos Expostos, que recebiam as crianças abandonadas. Porém, com a demanda das classes mais favorecidas que buscavam um espaço coletivo para a socialização dos seus filhos que favorecesse seu desenvolvimento, o número de vagas oferecidas passou a ser insuficiente então uma das alternativas foi criar os períodos parciais e as creches particulares. O atendimento institucional à criança pequena, no Brasil e no mundo apresenta ao longo de sua história concepções bastante divergentes sobre sua finalidade social. Grande parte dessas instituições nasceu com o objetivo de atender exclusivamente as crianças de baixa renda (BRASIL, 1998, p.17). Em vista disso percebe que dentro de uma perspectiva histórica, há toda uma tradição assistencialista no conceito de creche. Também merece destacar que segundo Silvestre (2005) de acordo com sua etimologia a palavra creche significa manjedoura e chegou até nós através dos franceses, e durante muitos anos era um local onde ficavam as crianças para que as mães pobres pudessem trabalhar. Assinala ainda Santos (2004) que ―historicamente, as creches iniciaram na França para atendimento de crianças pobres, no Brasil segue uma trajetória ligada à filantropia‖. (p.1). E isso vem a mudar a partir dos anos 80, em conseqüência de novos estudos sobre a psicologia da criança e da inserção cada vez mais da mulher no mercado do trabalho. Logo os direitos das crianças somente foram reconhecidos na legislação brasileira nos últimos anos, na Constituição de 1988 que reconhece como direito da criança pequena, o acesso à educação em creches e pré-escolas e no Estatuto da Criança e do Adolescente de1990 que consagram à criança como sujeito de direitos. Conforme sustenta Santos (2004): A saúde é um direito da criança e, de acordo com a Constituição Federal é um dever do estado garanti-la a todas ;esta questão encontra se inserida , também ,no Estatuto da criança e do Adolescente, devendo ser lembrada por todos os envolvidos na assistência a criança .(p.2) Apesar de garantido por lei, o acesso às creches não é uma realidade para todas as famílias, que inclusive buscam alternativas, como: escolas, creches e berçários particulares. As autoras Campos, Rosemberg, Ferreira (2001, p.18) fazem as seguintes colocações sobre o assunto: Ao definir que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de (Art.208), entre outros, o atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade‘ (inciso IV), a Constituição cria uma obrigação para o sistema educacional, que certamente terá que se equipar para dar respostas a esta nova responsabilidade. Seguindo esses parâmetros temos também a LDB que regulamenta a educação infantil, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e o Plano Nacional de Educação, repisam a necessária junção e complementação do cuidar e do educar no atendimento das crianças de 0 a 6 anos. Aliás, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), determina ainda que cada instituição do sistema escolar, também as instituições de educação de educação infantil tenha um plano pedagógico elaborado pela própria instituição com a participação dos educadores. E a formação dos educadores das instituições de ensino deverá ter pelo menos o curso superior ou especializações em educação infantil. Como se nota as educadoras das creches em especial nesse texto tem um importantíssimo papel na sociedade bem como diretamente com as crianças, são através dessas pessoas que a maioria das crianças vão se espelhar devido ao grande espaço de tempo que passam com elas na instituição. Nesse contexto de cuidar e educar um dos papéis da creche é manter a integridade física e mental da criança preservadas, entra aí os cuidados da saúde da criança na creche. Cabe, por oportuno, destacar a lição de Silvestre (2005): A educação infantil é o maior passo para a formação futura da criança e organização das bases para as competências e habilidades que serão desenvolvidas ao longo da existência humana. A crianças de 0 a 6 anos de idade que freqüenta berçários, maternais e pré-escolas está aos cuidados e dependente de profissionais responsáveis pela saúde, segurança, higiene e educação, os quais devem ser muito bem preparados para tal atividade.(p.9) A mesma autora citada acima destaca que muitas são as exigências desta profissão, visto que estamos lidando com o bem mais precioso das famílias: um filho. E quando assumimos esta responsabilidade, devemos fazê-lo promovendo a qualidade de vida. Trabalhado todos os dias como higiene corporal, mental, bucal ambas são as formas de enriquecer o universo infantil de informações práticas e vivência por parte de educadores e crianças. Como enfatiza as autoras Prates; Oliveira (2001, p.39): Saúde envolve a busca do equilíbrio físico, mental e social, bem como a relação do indivíduo com o ambiente. Saúde é movimento, ação. Por isso, falar sobre saúde nas instituições de Educação Infantil implica promover ações de higiene, prevenção de doenças e de acidentes e a realização de atividades que busquem o crescimento e o desenvolvimento da criança em sua ―totalidade‖. Soma-se a isso, de acordo com a Constituição Federal de 1988 em seu Artigo 208, IV a educação infantil é um dever do Estado e será efetivado mediante a garantia de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade. Com a nova Constituição Federal, aprovada em 1988, a creche passou a fazer parte legal da área de educação e não mais da promoção social ou também da chamada assistência social, embora o texto dessa Constituição mantenha essa articulação . Registre-se ainda que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de n° 9394, de 20 de dezembro de 1996, em seu artigo 4°, inciso IV apresenta a mesma determinação da Constituição Federal em relação ao dever do Estado e o ―atendimento gratuito em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade‖. No artigo 30, inciso I, determina que a educação infantil seja oferecida em ―creches, ou entidades equivalentes para crianças de até três anos de idade‖. No artigo 11, inciso V há a determinação para o Município oferecer educação infantil em creches e pré-escolas. Santos a respeito disso faz o seguinte comentário (2004, p.15): No Brasil temos entidades voltadas para a questão da educação infantil e legislação para as ações nesta área, porém estar inserido na Lei não garante a efetividade da ação no atendimento à criança, rendo em vista que os recursos financeiros para este atendimento não estão claros na própria legislação nem para a comunidade educacional e tampouco para as autoridades dos setores públicos. Convém evidenciar que a expressão educação infantil foi adotada recentemente, em nosso país, quando consagrada na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei nº. 8.069, de 13/07/90) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (nº. 9394 de 1996) para caracterizar as instituições educacionais pré-escolares, referindo-se ao atendimento e educação de crianças de zero a seis anos de idade assim discriminados: de zero a três anos, atendimento e educação em creches; de quatro a seis anos; atendimento e educação em pré-escolas. Cabe às instituições de educação preparar-se para acolher e interagir com as diferentes estruturas familiares que constituem a sociedade nos dias atuais. Para tanto, a formação de seus profissionais é de extrema importância, pois, no dia-a-dia, são eles que vão lidar com a criança e sua família. Silvestre faz a seguinte colocação sobre o assunto (2005, p.32): Para adquirirmos o respeito dos nossos clientes é necessário que façamos com que vejam o quanto estamos envolvidos com o nosso dia-a-dia. Um profissional deve estar consciente das necessidades de higiene adequadas para a realização de um trabalho seguro. E os pais observando estas condições ficarão cada vez mais confiantes no trabalho oferecido e na possibilidade de deixar seus filhos aos cuidados de outros profissionais. ROTINAS DE SAÚDE NA CRECHE Para Barbosa (2000, p. 40) “a importância das rotinas na educação infantil provém da possibilidade de constituir uma visão das mesmas como concretizações paradigmática de uma concepção de educação e de cuidado‖. A autora afirma que estas rotinas sintetizam o projeto pedagógico das instituições e apresentam a proposta de ação educativa dos profissionais. E que a rotina é usada, muitas vezes, como o cartão de visitas da instituição, quando da apresentação desta aos pais ou à comunidade, ou um dos pontos centrais de avaliação da programação educacional. Sendo assim a rotina como ser considerada como categoria pedagógica nos quais os profissionais habilitados na educação infantil se preparam e se organizam o trabalho no dia-a-dia nas instituições de educação infantil. As denominações dadas a essas rotinas são diversas: o horário, o emprego do tempo, a seqüência de ações, o trabalho dos adultos e das crianças, o plano diário, a rotina diária, a jornada, etc. Além do mais a necessidade das rotinas na educação infantil provém da possibilidade de constituir uma visão das mesmas como concretizações paradigmática de uma concepção de educação e de cuidado. Conforme sustenta Barbosa (2000, p. 40). Na prática educativa de creches e pré-escolas, está sempre presente uma rotina de trabalho que pode ter autorias diversas: em alguns casos, são normas ditadas pelo próprio sistema de ensino; outras vezes, são os técnicos ou burocratas dessas repartições; outras, os diretores, supervisores ou os professores e os demais profissionais da instituição e, em algumas instituições também as próprias crianças são convidadas a participar. O modo de funcionamento da instituição - horário de entrada e saída das crianças, horário de alimentação, turno dos funcionários são fatores condicionantes dos modos de organizar a rotina. Dessa forma a rotina apresenta a estrutura sobre a qual será organizado o tempo de trabalho educativo realizado com as crianças. Deve envolver os cuidados, as brincadeiras e as situações de aprendizagens orientadas. Uma rotina adequada é um instrumento construtivo para a criança, pois permite que ela estruture sua independência e autonomia, além de estimular a sua socialização. Portanto, rotina diária é o desenvolvimento prático do planejamento; seqüência de diferentes atividades cotidianas da creche e esta seqüência que vai possibilitar que a criança se oriente na relação tempo-espaço e se desenvolva, esse desenvolvimento precisa dos cuidados que estão relacionados com a dimensão afetiva e os aspectos biológicos do corpo como: qualidade de alimentação e os cuidados com a saúde. A organização do tempo deve prever possibilidades diversas e muitas vezes simultâneas de atividades, como atividades mais ou menos movimentadas, individuais ou grupo, com maior ou menor grau de concentração; de repouso, alimentação e higiene; atividades 7 referentes aos diferentes eixos de trabalho. (BRASIL, 1998 p.73) . 7 REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL VOLUME I Como se nota a criança é vista como um ser singular, no seu pensar, sentir e agir, sendo, portanto, um ser humano completo, independente de sua fase de crescimento e desenvolvimento. Então a rotina é uma necessidade que se coloca neste momento em que buscamos resignificar o seu papel social e construir sua identidade pela valorização dos tempos da criança, pelo resgate de seus direitos, das suas competências e dos saberes que lhe são próprios. Segundo esse preceito a instituição de educação infantil deve ser flexível em sua rotina, permitindo um ambiente de cuidados que considere as peculiaridades das crianças, diferentes faixas etárias e as condições de atendimento da creche. A rotina na educação infantil pode ser facilitadora ou cerceadora dos processos de desenvolvimento e aprendizagem Rotinas rígidas e inflexíveis desconsideram a criança, que precisa adaptar-se a ela e não o contrário, como deveria ser; desconsideram também o adulto, tornando seu trabalho monótono, repetitivo e pouco participativo. O número de horas que a criança permanece na instituição, a amplitude dos cuidados físicos necessários ao atendimento, os ritmos e diferenças individuais e a especificidade do trabalho pedagógico demandam um planejamento constante da rotina. (BRASIL , 1998 p.73). Por conseguinte do ponto de vista higiênico sabe-se que o desenvolvimento infantil precisa de uma série de cuidados que se iniciam antes mesmo do nascimento, ou seja, desde a gravidez e que estão sujeitos, às condições e aos modos de vida dos pais. Outro fator de grande importância são as condições do nascimento e o cuidado com a criança nos seus primeiros anos de vida. Devido a isso na educação infantil em especial creches as considerações sobre os ambientes são de grande importância no desenvolvimento das crianças, faz se necessário que sejam separadas, respeitando sua faixa etária. Pois cada indivíduo é único, tem e passa por fases diferentes que necessitam ser trabalhados para se dar a aprendizagem e desenvolvimento da mesma. É possível, principalmente na creche, que alguns grupos iniciem o ano com determinadas características e necessidades, que estarão modificadas no final do primeiro trimestre. Algumas crianças começam a freqüentar o primeiro grupo das creches ainda no seu primeiro mês de vida, outras serão matriculadas próximo ao quarto mês ou no final do primeiro ano. Assim nas instituições que atendem bebês e crianças pequenas, não se pode prever uma organização do cotidiano de forma homogênea e que se mantenha o ano todo sem alterações. (BRASIL , 1998 p.75). Oportuno destacar que no planejamento institucional se devem levar em conta os processos de cuidados de higiene, lazer da criança, pois as organizações de uma rotina devem contemplar todos esses momentos sendo de responsabilidade da instituição. Além disso, quando referimos ao cuidar estamos falando de atividades, processos e decisões diretas ou indiretas de sustentação, habilidades com relação a assistir as pessoas de tal maneira a refletir atributos comportamentais como: empáticos, de apoio, compaixão, protestos, de socorro, de educação e outros, dependendo das necessidades, problemas, valores e metas do individuo ou grupo que está sendo assistido. Assim sendo as instituições de educação infantil deve ter uma organização mantendo uma rotina a fim de se criar um ambiente seguro quanto à saúde da criança. Aliás, a higiene é uma ciência fundamental à proteção e à promoção da saúde, e refere-se não só à higiene física, mas também, à higiene ambiental e mental. O planejamento dos cuidados e da vida cotidiana na instituição deve ser iniciado pelo conhecimento sobre a criança e suas peculiaridades, que se faz pelo levantamento de dados com a família no ato da matrícula e por meio de um constante intercâmbio entre familiares e professores. Algumas informações podem ser colhidas previamente à sua entrada na instituição, como os esquemas, preferências e intolerância alimentar; os hábitos de sono e de eliminação; os controles e cuidados especiais com sua saúde. Outras serão conhecidas na própria interação com a criança e sua família, ao longo do tempo. (BRASIL , 1998 p.75). Até mesmo as rotinas por faixa etária de 0 a 3 anos, que são geralmente denominados de berçário e maternal nas creches, têm como eixo central as atividades vinculadas aos cuidados corporais, sendo constituídas principalmente de momentos ligados á higiene, à alimentação e do sono. Onde as educadoras aproveitam o momento para mediar à aprendizagem das crianças. Outros momentos de cuidados, que são associadas nas rotinas de 0 a 3 anos, são os momentos de jogos, de brincadeiras com materiais e com o próprio corpo podendo trabalhar com atividades dirigidas ou de grupos. A troca de fraldas, a amamentação, o banho de sol, o banho de água, o almoço, o suco, o chá e o sono apresentados somente como práticas de cuidados, sem um enlace cultural. Para Barbosa (2000 p. 172). As rotinas das crianças de 4 a 6 anos, ao contrário, de certa forma negam as necessidades corporais, pois procuram regula-las aos padrões sociais. Há uma concentração nas atividades que socializem que criem hábitos, que ensinem habilidades, que fixem conteúdos. As propostas de rotinas apresentadas para as crianças maiores apresentam uma maior variabilidade nos momentos, nos tempos mais curtos de duração das mesmas e na maior ênfase aos processos de transmissão de informações e preparação para a escola fundamental que as rotinas para as crianças bem pequenas. Ainda para autora a rotina normalmente é compreendida como sinônimo de algo pouco agradável, isso porque a repetição prevista em seu desenvolvimento e a pouca flexibilidade encontrada na sua organização tornam-se verdadeiras camisas-deforça para as profissionais, ou seja, propor algo que não siga os horários e espaços previstos para acontecer as deixam sem coordenadas. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada em uma creche do município de Cuiabá-MT, onde foram feitas observações diretas, analise documental (Proposta Pedagógica da IEI) e aplicação de questionários as educadoras e gestora da Instituição. A metodologia se caracteriza por uma pesquisa qualitativa, um estudo de caso, fundamentada na legislação vigente e referencial bibliográfico sobre a educação infantil. A preocupação desse tipo de pesquisa é retratar a complexidade de uma situação particular, focalizando o problema em seu aspecto total. O pesquisador usa uma variedade de fontes para coleta de dados que são colhidos em vários momentos da pesquisa e em situações diversas, com diferentes tipos de sujeito. Dessa forma, numa situação de pesquisa, o investigador terá que observar momentos da rotina, das atividades diárias e entrada das crianças na instituição. Deverá também escutar as educadoras para em seguida, começar a fazer seus questionamentos, cruzando as informações oriundas dessas fontes. Bodgan e Beklin apud Lüdke (1982, p.46) recomendam que o pesquisador iniciante lance mão de uma series de estratégias, para não correr risco de terminar a coleta com um amontoado de informações difusas e irrelevantes. RESULTADOS E DISCUSSÕES De acordo com a pesquisa realizada na Instituição de Educação Infantil , obtivemos os seguintes resultados: Com relação a idade das educadoras não houve grande diferença na faixa etária das mesmas em média 30 a 35 anos com 80%.Do total de respondentes, 60% possuem Graduação, quanto à formação das educadoras esta dividida em ensino médio e cursos superiores. Assim quando questionadas sobre o que significa educar e cuidar na educação infantil nas respostas consta-se que para as educadoras o cuidar e o educar estão relacionados e não podem ser separadas ou trabalhadas individualmente, estão associadas ao desenvolvimento total da criança. Oportuno destacar que segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96), as creches e pré-escolas têm como finalidade o atendimento em educação infantil, contemplando as necessidades de desenvolvimento intelectual e acesso ao saber, bem como o direito à socialização, às vivências infantis a aos cuidados assistencialistas específicos e necessários. Em relação às atividades de rotina e saúde quando perguntamos se a Instituição trabalha com algum tipo de rotina para beneficiar a saúde das crianças as respostas foram, que são várias as formas e atividades diárias realizadas como o banho, escovação dos dentes, alimentação saudável que propiciam cuidados e bem estar da criança no ambiente de educação infantil em especial a creche. Em vista disso cabe destacar que segundo Santos (2004, p.20): Para um bom atendimento à criança deverão ser garantidos alguns procedimentos e ações de saúde como: - o estado vacinal atualizado; - alimentação equilibrada; - atendimento psicológico de acordo com as necessidades evidenciadas; - avaliação e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento; - garantia dos encaminhamentos para o atendimento das questões levantadas; - atendimento público de saúde; - prevenção de acidentes; - atendimento das emergências; - ambiente calmo com boas condições de higiene; -educação continuada a toda a equipe de assistência à criança para oferecer ensinamentos sobre cuidados diários, higiene e prevenção de infecções e, conseqüentemente, formação de hábitos saudáveis de vida. Em relação ao papel da creche na manutenção da saúde das crianças deve ser relevado que na creche o papel da educadora é fundamental ao desenvolvimento da criança e a essa especificidade a mesma tem que ter um bom planejamento e executar as ações necessárias aos cuidados de saúde da criança, como elas responderam que é necessária observação, zelar, verificar e estar atentas a qualquer situação. Registra-se ainda que a educadora /creche deve estar preparada, ter soluções para problemas do dia-a-dia, e, é imprescindível que tenha afinidade com crianças e sólidos conhecimentos acerca da higiene, saúde e puericultura, (SILVESTRE,2005). Quando questionadas a respeito do seu planejamento diário e a contemplação de atividades que contribuem para manter a saúde das crianças interessante as respostas dadas pelas educadoras, pois percebe que estas têm noção da importância dessas atividades em seu plano diário. Infere-se das respostas analisadas que para as educadoras atividades desenvolvidas cotidianamente na creche que trabalham o corpo, mente das crianças contribui para manter a saúde das mesmas, Elas citam atividades como correr, subir e teatros faz com que aconteça a interação das crianças sendo elas próprias beneficiadas. É de ser verificado que as atividades desenvolvidas diariamente com a criança na creche e pré-escola devem prever momentos de trabalho orientado, momentos livres, propiciando o alívio de tensões, favorecendo a criatividade, a socialização, a desinibição, motivando as ações independentes, as interações entre os grupos. Assim como, cuidados com a higienização e alimentação, promovendo ações educativas de promoção à saúde e prevenção de doenças. (SANTOS 2004, p.41) Ao serem indagadas se a Proposta pedagógica da Instituição contempla rotinas de saúde e de que forma isso é feito, podemos observar que as educadoras não tinham o pleno conhecimento da proposta pedagógica que orienta a conduta e ações que deverão desenvolver na creche sobre os cuidados de saúde das crianças. Oportuno destacar que todo ser vivo depende do atendimento de suas necessidades para sua sobrevivência e desenvolvimento. No caso do ser humano, em particular das crianças pequenas, as necessidades podem ser divididas em físicas ou biológicas, sociais ou de relações econômicas, educativas e afetivas.Exemplificando, as necessidades físicas incluem, minimamente: nutrição, calor, movimentação, manutenção da integridade, prevenção de agravos mediante proteção contra infecções, acidentes e criação de hábitos saudáveis, e tratamento de doenças. (SANTOS 2004, p.73). Sabe-se quão é importante que as Instituições infantis ofereçam aos seus funcionários cursos e momentos para discussão sobre temas de saúde. Através dessa análise de dados percebemos que as educadoras estão um pouco alheias ao assunto em específico, elas têm a noção do que é o cuidar garantindo a integridade física da criança, porém cursos ou noções de primeiros socorros, como socorrer em caso de acidentes como queda, cortes elas não possuem. Sobre as dificuldades encontradas pelas educadoras podemos observar que elas citam que falta parceria família/creche, número elevado de crianças no mesmo ambiente, estrutura física, faz com que se sintam prejudicadas na realização do seu trabalho de cuidar e educar com relação aos cuidados de saúde das crianças. Ainda que os cuidados com a saúde sejam, muitas vezes, compreendidos como cuidados com o corpo, há uma ordem de significações culturais mais abrangentes que recorta o olhar sobre o corpo e sua relação com a higiene e com a saúde, correspondendo a um contra-senso de causar visão de mundo e de uma organização social. Neste estudo, procuramos refletir sobre o modo relativo das concepções das educadoras colocarem em discussão, e dar abertura para que a organização do cuidar/educar nas creches possam contemplar a promoção do crescimento e desenvolvimento saudável das crianças. CONSIDERAÇÕES FINAIS O resultado desta pesquisa reafirma a necessidade de considerarmos, em qualquer projeto de formação e de educação para a saúde, as necessidades e anseios da população alvo. No caso específico das educadoras da creche, apontam a necessidade de inclusão dos conhecimentos sobre o processo saúde-educação nos currículos de formação inicial ou continuada, sempre tomando em conta a dimensão histórica e cultural. Este estudo de caso, embora restrito a uma creche, revela concepções que podem estar norteando, questões que abrangem neste momento as práticas de cuidados com crianças em creches com as mesmas características. É preciso conhecer e entender cada passo desta transformação para podermos compreender as necessidades da criança, estimulá-la e acima de tudo, contribuir para que se desenvolva harmonicamente, guardando para a vida futura uma imagem positiva e confiante de si mesmo. Para finalizar esperamos que este estudo contribua no sentido de indicar a importância de praticas de educação e saúde nas Instituições infantis, e que os sistemas educacionais procurem cada vez mais oferecer uma formação continuada para seus educadores. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n° 8069 de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. In São Paulo. Governo do Estado. Direitos da Criança e do adolescente. São Paulo: Imprensa Oficial, 1998. p. 19 a 58. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto - MEC. Lei n° 9394 de dezembro de 1996, que dispõe as diretrizes e bases da educação nacional (LDB). BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. , Brasília: MEC/SEF, 1998. KUHLMANN JUNIOR, Moysés. Infância e educação infantil: uma abordagem histórica Porto Alegre: Mediação. 2004. MELLO, Maura Maria Sá de. Educação & Nutrição: Uma receita de saúde. Porto Alegre, RS: Mediação, 2003. MENGA, LÜDKE, André, Marli E.D.A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU 1988. OLIVEIRA, Zilma de Moraes. Creches: Crianças Faz de conta & Cia. 9 ed.Petrópolis: Vozes, 2001. OLIVEIRA, Zilma Ramos. 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Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2004. 14.4.3 Concepções Avaliativas dos Professores do Ensino Fundamental de Uma Escola do Município de Cuiabá–MT PORQUERIO, Jocilane da Costa RONDON, Gislei Amorim de Souza RESUMO O presente estudo objetivou desenvolver uma análise sobre a concepção teórico-prática da avaliação no ensino fundamental indicando possibilidades para uma nova forma de avaliação , a partir da investigação da prática pedagógica de professores do ensino fundamental , numa escola da rede pública de ensino no município de Cuiabá. Utilizou-se como metodologia uma abordagem qualitativa ,um estudo de caso , através da aplicação de questionário em que os sujeitos envolvidos foram professores do Ensino Fundamental e Médio da Escola investigada, que contribuíram respondendo ao questionário dando seus depoimentos à cerca da avaliação da aprendizagem. Com isso, pode se verificar a partir da análise dos dados coletos que a avaliação não se estabelece mais de forma classificatória, e excludente, do modelo tradicional. Mas se utiliza uma nova ótica, valorizando o aluno como sujeito principal na relação do ensino aprendizagem, fazendo da avaliação um processo contínuo, diagnóstico e formativo. Enfim, a avaliação não pode ser vista como punição desvalorização do outro, mas sim como meio de possibilidades para auxiliar o docente a encontrar novos caminhos, ajudar seus alunos a vencer os desafios, as dificuldades que surgirem mediante as atividades de aprendizagem, bem como na sua vida social. PALAVRAS –CHAVES :AVALIAÇÃO , CONCEPÇOES , PROFESSORES ABSTRACT This study aimed to develop an analysis of the design theory and practice of evaluation in elementary schools indicating possibilities for a new form of assessment, based on the observation of teaching practice of elementary school teachers in a public school education in the municipality of Cuiabá. Methodology was used as a qualitative approach, a case study through a questionnaire in which the individuals involved were elementary school teachers investigated and Middle School, who contributed by answering a questionnaire giving their testimony about evaluation of learning. Therefore, it can be verified from the data analysis that estimate does not impose more so qualifying, and excluding the traditional model. But using a new perspective, valuing the student as the main subject in the relation of teaching and learning, making a continuous process of assessment, diagnosis and training. Finally, the evaluation can not be seen as punishment belittle others, but as a means of possibilities to help the teacher to find new ways to help their students overcome the challenges, the difficulties that arise through learning activities, as well as their social life. KEYWORDS EVALUATION, DESIGNS, TEACHERS INTRODUÇÃO É importante ressaltar que à avaliação do rendimento do aluno, isto é, do processo ensino aprendizagem, tem sido uma preocupação constante dos professores. Por quê? Faz parte de o trabalho docente verificar e julgar o rendimento dos alunos, avaliando os resultados do ensino. Cabe ao docente reconhecer as diferenças na capacidade de aprender dos alunos, para poder ajudá-los a superar suas dificuldades e avançar na aprendizagem. Dessa forma o que se pretende demonstrar é que, em decorrência de uma nova concepção pedagógica, à avaliação assume dimensões mais amplas. Logo a atividade educativa não tem por meta atribuir notas, mas realizar uma série de objetivos que se traduzem em termos de mudanças de comportamentos dos alunos. E cabe justamente à avaliação verificar em que medida esses objetivos estão realmente sendo alcançados, para ajudar o aluno à avançar na aprendizagem. Mas toda essa mudança exige a formação de um profissional com um novo perfil, com capacidades intelectuais que lhe permitem adaptar-se à produção flexível. Por meio da ação Mediadora, fazendo da avaliação um instrumento auxiliar de um processo de conquistado conhecimento. Nesse sentido a pesquisa realizada é de extrema relevância, pois permitiu verificar qual a postura do professor diante do ato avaliativo, como é trabalhado o erro em nossa escola e quais são suas concepções avaliativas. Assim sendo a presente pesquisa objetivou desenvolver uma análise sobre a concepção teórico-prática da avaliação no ensino fundamental indicando possibilidades para uma nova forma de avaliação , a partir da investigação da prática pedagógica de professores do ensino fundamental , numa escola da rede pública de ensino no município de Cuiabá. 1.DISCUTINDO A AVALIAÇÃO EDUCACIONAL SOB A PERSPECTIVA DE ALGUNS TEORICOS Em todo o momento de nossa existência passamos por um processo avaliativo de nossas atitudes, comportamentos, decisões e também somos reprovados pelas decisões errôneas. Mas com o passar do tempo aprendemos com os nossos erros, somos sujeitos à modificações, construtor de novos pensamentos e capazes de conquistar novos objetivos inseridos em uma sociedade que vive em constante mudança. Nesse sentido é que buscaremos investigar novas concepções do ato de avaliar no processo ensino aprendizagem, onde a criança em seu primeiro contato com o ambiente escolar , já começa passar pelo olhar clinico da avaliação, seja pelo seu comportamento, pelas atividades realizadas, pelo cumprimento de horário , e assim por diante. O processo avaliativo em nossos dias não somente visa em nivelar o quanto o aluno aprendeu ou deixou de aprender, mas abrange toda uma situação diferenciada de ações que manifestem o interesse desse aluno e o comprometimento na aprendizagem significativa e de qualidade. Em vista disso se faz necessário uma reflexão ,pois não podemos atribuir conceitos de medida e testagem no que se refere ao desenvolvimento humano: social, emocional, cognitivo, cultural e político. Porém avaliação contribui para auto avaliação, a busca de qualidade, para repensar e replanejar uma ação desenvolvida no aspecto quantitativo e qualitativo. Assinala Rabelo (2004), devemos repensar em nossas práticas pedagógicas uma maneira consciente, capaz de produzir uma transformação social e não com uma permanência inconsciente e não refletida. Precisamos buscar esclarecer sobre nossas ações e que estas reflitam de forma significativa sobre o nosso fazer pedagógico. O mesmo autor sustenta que avaliar não pode ser um ato mecânico nem mecanizante , senão não poderemos estar contribuindo para a construção de competências técnicas e sócio- política- culturais. (RABELO,2004). Como se nota , o autor deixa claro que avaliar é muito mais que um ato mecânico, a avaliação deve auxiliar o processo de ensino aprendizagem no sentido de que esta contribui para promover o desenvolvimento de competências e habilidades em nossos alunos .E que através da avaliação poderemos vislumbrar quais as maiores dificuldades que os alunos possuem para que possamos investir na superação destas dificuldades. Entretanto, os procedimentos avaliativos em sala de aula quando existem, nem sempre mostra as dificuldades que os alunos encontram para aprender e não estabelecem um sistema de reação imediata nos possíveis problemas ligados ao ensino aprendizagem. Como enfatiza Adriana de Oliveira Lima o uso incorreto e excessivo da aplicação dos testes e provas como o único tipo de avaliação não pode ocorrer , pois, . ―o professor, não compreendendo a prova como instrumento de avaliação do processo pedagógico como um todo, acaba realizando um julgamento da aprendizagem individual de cada aluno‖.(LIMA,2002,p.41). Além do mais do ponto de vista educacional quando se fala apenas em testar e medir, o destaque recai na aquisição de conhecimento ou em aptidões específicas. A mesma autora sustenta que: Se o professor não toma a totalidade, certamente isenta-se da avaliação.isto é, não se questiona se ele de fato ensinou, mas apenas se o aluno aprendeu. Ora, isentando-se da avaliação, está excluído do processo ensino aprendizagem, pois não é parte avaliada do processo. (LIMA, 2002,p.41). Quando usamos o termo avaliar, estamos nos referindo não apenas aos aspectos quantitativos da aprendizagem, mas também aos qualitativos, abrangendo tanto a aquisição de conhecimentos e informações dos conteúdos quanto as habilidades, interesses, atitudes, hábitos de estudo e ajustamento pessoal e social. A definição mais comum adequada, encontrada nos manuais, estipula que a avaliação é um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão. (LUCKESI ,1996,p33). Dessa forma , de acordo com o autor, pode-se dizer que avaliar é julgar ou fazer uma admiração de alguém ou alguma coisa, tendo como base uma escala de valores. Assim sendo, a avaliação consiste na coleta de dados quantitativos e qualitativos e na interpretação desses resultados com base em um julgamento previamente definidos. Portanto, não é suficiente testar e medir, pois os resultados obtidos através desses instrumentos devem ser interpretados em termos de avaliação. Ou seja, enquanto a medida é basicamente um processo de descrever quantitavelmente o nível do conhecimento adquirido, a avaliação é um processo que consiste numa tomada de decisão tendo como base padrões e critérios. Além disso, a avaliação para atingir sua finalidade educativa tem que ser coerente com os princípios pedagógicos e sociais do processo de ensino aprendizagem. A prática avaliativa não pode ser uma ação isolada das outras decisões relativas à proposta pedagógica, as alterações na forma de avaliar deverão ser integrantes do projeto da escola, necessitando sempre de estudo e reflexão, como resultado do trabalho coletivo dos professores. No discurso pedagógico, a escola propõe construir crianças e jovens pensantes, que saibam tomar decisões inteligentes, entre outras expectativas. Nas práticas diárias, no entanto, restringe, apaga, recolhe as singularidades, faz um arrastão nas diferenças, nas subversões ou atos de rebeldia. Suspende, expulsa, remaneja, aprova, desaprova, matricula novamente...( ROSA in MEYER;SOARES apud HOFFMANN;2005,p.41). Nesse sentido a escola passa ser vista como um lugar onde o aluno precisa estudar, a qualquer custo obter uma boa nota e a aprendizagem fica sem valor, porque o processo de construção e reconstrução do conhecimento não importa. Esse agir gera um vazio no processo de ensino aprendizagem onde a escola que deveria ser uma referência de prazer, atrativo e estimulador torna-se um local de castigo. A essas perspectiva é necessário revisar o papel da avaliação e das práticas utilizadas pelos professores, para depois dessa reflexão buscar um outro caminho que assegure ao professor a certeza e o sentimento de estar realizando ações justas, dialógicas e transparentes no processo avaliativo. Dessa forma a autora traz uma analise bem coerente à respeito deste pensamento ao ressaltar que ―reconstruir as práticas avaliativas sem discutir o significado é como preparar as malas sem saber o destino da viagem‖.(HOFFMANN, 2005, p.13). Feitas estas considerações também é interessante apresentarmos alguns conceitos de filósofos que fizeram suas definições adotando uma atitude reflexiva no termo avaliativo na função do ensino aprendizagem. Tyler diz que : O processo de avaliação consiste essencialmente em determinar em que medida os objetivos educacionais estão sendo realmente alcançados pelo programa do currículo e do ensino. E acrescenta : ‗Como os objetivos educacionais são essencialmente mudanças em seres humanos em outras palavras, como os objetivos visados consistem em determinar o grau em que essas mudanças de comportamento estão realmente ocorrendo‘.( apud HAYDT.2002,p11). O autor propõe que os objetivos educacionais estejam vinculados na observação do comportamento do aluno, relacionados às condições e situações nos projetos e atividades em sala de aula em que o aluno deverá atingir os objetivo. Para Michael Scriven : Uma atividade metodológica que consiste na coleta e na combinação de dados relativos ao desempenho, usando um conjunto ponderado de escalas de critérios que leve a classificações comparativas ou numéricas, na justificação: a) dos instrumentos e coleta de dados; b) das ponderações; c) da seleção de critérios‖. Já esse autor define avaliação não como apenas um grau de obtenção de objetivos, mas também os próprios objetivos e as outros resultados não previsto. Avaliação desse objetivo visa apreciar o valor ou julgar, dando importância atribuição ao mérito.( apud HAYDT.2002,p12). Também Stuffebeam diz que : ―a avaliação é o processo de delinear, obter e fornecer informações úteis para o julgamento de decisões alternativas‖.( apud HAYDT.2002,p12). Para esse autor a avaliação tem finalidades básicas, auxiliar o processo de tomada de decisão e verificar a produtividade. Ele sustenta que avaliação não pode ser entendida como medida, pois limitaria e seria inflexível para satisfazer extensão de informações exigidas pela avaliação, abrindo uma lacuna para o processo de tomada de decisão. Soma-se a este fato estamos em todo tempo em busca de mudanças que possam melhorar o ensino nas escolas, mas essa melhoria na qualidade só acontecerá quando deixarmos de limitarmos nas mudanças de métodos, técnicas e propostas curriculares. Não descartando suas influências positivas na melhoria da qualidade, mas uma mudança que seja significativa e concretizada numa postura efetiva e de um sentido real pedagógico. Para que haja uma mudança é necessário que o professor supere as práticas respaldadas no modelo tradicional de avaliação de forma punitiva, classificatória, seletiva, e excludente, construindo uma prática de avaliação no contexto da aprendizagem significativa. De acordo com Hoffmann requer uma prática mediadora na construção do conhecimento; Se o aluno tiver sua aprendizagem mediada, seu conhecimento irá evoluir sempre no sentido de uma maior riqueza de informações ou argumentos sobre determinado tema; de maior coerência ou entendimento sobre o tema que aprende; de maior precisão de vocabulário, de dados, de cálculos, de informações.(2005,p.51). Acreditamos que o professor deve, portanto, considerar os conhecimentos prévios dos alunos e acompanhar mais o processo do que o produto, uma avaliação contínua, investigativa, diagnóstica, como instrumento impulsionador da aprendizagem, ou seja, um momento a mais para aprender. Sabemos que cada professor tem sua maneira de lidar com seus alunos, é necessário somente que estes se comprometa com sua turma de forma que o aluno tenha nele um profissional e amigo para resolver suas dificuldades e não julgá-lo. Apostar no professor significa, então, contar com ele para, em muitos casos, ―tirar água da pedra‖, ou seja, conseguir alfabetizar letrando apesar de todos os problemas que cercam os alunos. (DEMO, 2006,p.90). Temos professores e alunos de todos os tipos, mas a forma de avaliarem, utilizadas por alguns professores, é responsável por um grande número de alunos evadidos e reprovados em algumas escolas e instituições. É importante que professores alunos, direção e coordenação, juntos busquem o aperfeiçoamento do sistema avaliativo sugerindo mudanças necessárias. De acordo com Demo, ―saber avaliar é instrumento essencial, precisamente porque é preciso saber dos problemas para podermos enfrentálos. Diagnosticar bem para intervir bem‖.( 2006,p.90). Nesse sentido avaliação deve começar no primeiro dia de aula, logo que os alunos chegam à escola, o professor começa a avaliá-los. Dessa maneira poderá obter informações para planejar seu trabalho, se interagir com seu aluno, conhecendo quais são os conteúdos que domina, para que, a partir do conhecimento do aluno sejam introduzidos novos conteúdos. Toda essa mudança requer desse profissional da educação uma reflexão profunda na sua práxis docente, capaz de desenvolver competências de análise e reflexão fundamentais ao exercício da docência, vislumbrando possibilidades de compreender avaliação como meio de intervir quando algo está dando errado e precisa de uma reestruturação do ensino. Como bem diz Hoffmann : A avaliação é de tamanha complexidade que requer educadores com bom senso e responsabilidade frente a situações inesperadas, atenção às diferenças que interferem nos juízos avaliativos, na interpretação das novidades que surgem e, sobretudo, na invenção de estratégias inovadoras para enfrentar situações inéditas.(2005,p54). Por isso , o papel do professor está em criar condições para que o aluno aprenda e se desenvolva de forma ativa, inteligível e sistemática, criando oportunidade de aprendizagens ativas, de tal modo que o aluno desenvolva suas capacidades cognitivas assim como suas convicções afetivas morais, sociais, políticas, ou seja, o aluno é o sujeito que busca adquirir um novo patamar de conhecimentos, de habilidades e modos de agir. Para que isso aconteça , o professor precisa acima de tudo, investir em favor de sua qualificação profissional, tornando-se apto a desenvolver sua prática pedagógica voltada para o processo de desenvolvimento do ser humano. O educador precisa ter consciência de sua função, não perdendo a dimensão de que a escola é o lugar da ampliação da experiência humana, o lugar onde se constrói conhecimento, que para tanto, precisa ser atraente e ser capaz de despertar o interesse do aluno proporcionando uma educação prazerosa. 2. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS Com base nos objetivos estabelecidos, estruturou-se a pesquisa de cunho qualitativo e quantitativo e em caráter exploratório, tendo como referência a análise teórica. A metodologia utilizada para realização deste trabalho, teve como base pesquisa de campo exploratória, estudo de caso em uma Escola pública de Educação Básica do Município de Cuiabá-MT Selecionou-se uma amostra da população constituída num total de 10 professores, que lecionam tanto no Ensino Fundamental como no Ensino Médio. Quanto à fonte de informações utilizamos a pesquisa bibliográfica, com leitura de autores que desenvolveram pesquisas que perpassam a temática em estudo, possibilitando, assim, a fundamentação de conceitos que envolvam a prática do processo avaliativo. De acordo com Ludke e André( 1986 ) , o estudo de caso qualitativo,é o que se desenvolve numa situação natural, é rico em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada. As mesmas autoras ressaltam que o estudo de caso traz uma aproximação maior das ações com os fenómenos escolares, podendo ser melhor compreendido quando observado no seu ambiente habitual, produzindo um papel significativo nas realizações reais, efetivas, na prática escolar. Interessante destacar que as pesquisas que se utilizam da abordagem qualitativa possuem a facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir, em maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos. Além de tudo tivemos plena participação dos professores que demonstraram interesse sob a temática do processo avaliativo. 3.RESULTADO E DISCUSSÕES Com vistas em descrevermos como se vem caracterizando a avaliação da aprendizagem seguem-se alguns relatos sucintos, organizados a partir das informações obtidas através de questionário com professores que nos forneceram elementos significativos para esclarecer o sentido que vem ocupando a avaliação da aprendizagem no contexto educacional. Destaca-se que apesar de aplicarmos o questionário a 10 professores , apresentamos as respostas de 5 a 6 somente , haja vista alguns terem deixado questões em branco sem serem respondidas . De acordo com a pesquisa dos entrevistados 100% exercem a função de professor e atuam no Ensino fundamental e Médio, seu tempo de atuação têm uma variação entre 5 a 25 anos de carreira. Questionado sob graduação que possuem, 35% são Pedagogos, 35% formados em Letras,15% em Geografia e 15% Ciências Sociais e todos são pós-graduados. Quando perguntado por que escolheram o caminho da Educação e mais especificamente ser professor, 60% responderam por vocação, exercendo a sua atividade em sala de aula com prazer e competência. Nesse sentido Paulo Freire faz uma reflexão; {...} é fundamental que na, prática da formação docente, o aprendiz de educador assuma que o indispensável pensar certo não é presente dos deuses nem se acha nos guias de professores que iluminados intelectuais escrevem desde o centro do poder, mas, pelo contrário, o pensar certo que supera o ingênuo tem que ser produzido pelo próprio aprendiz em comunhão com o professor formador.(2008, p.38-39). Com base nesta reflexão e na pesquisa isso nos leva a crer que toda ação humana é investida de sentidos, construídos em um processo dinâmico que considera os sujeitos em seus contextos, no interior dos quais experimentam situações que possibilitam uma interpretação da realidade e de sua própria experiência. O papel do educador consiste em contribuir nesta interação com os alunos e não distanciar-se deles, tornando possível que ocorra a aprendizagem. Contudo, 40% responderam que estão na Educação precisamente como professor porque escolheram sua formação nos cursos de acesso fácil e menos concorridos, pois estavam mais de acordo com suas condições financeiras Conforme as respostas destes profissionais , pode-se inferir que existe profissionais desmotivados, sem prazer em exercer sua função, criando uma barreira na relação entre o professor e aluno. Agora faremos as análises das perguntas abertas, iniciando com a primeira questão: O que significa para você a palavra avaliação? ―Avaliar é um processo que visa conhecer o grau de desenvolvimento do aluno frente a área de conhecimento trabalhada‖ (resposta do professor ). ―Dados para a proporção do quanto se aprendeu, das dificuldades e um encaminhamento para a intervenção‖ (resposta do professor). ―Julgamento de uma determinada atividade (coisa)‖ (resposta do professor ) .―É um processo contínuo de aprendizagem―. (resposta do professor ). ―Saber que o seu planejamento chegou a ser compreendido e saber de onde, eu irei partir para novos conteúdos.‖ (resposta do professor ) Analisando a compreensão dos professores percebemos que avaliação tem um papel fundamental no processo ensino aprendizagem, ou seja, este é o ponto de partida que eles verificam os conhecimentos obtidos e se estão aptos para um novo aprendizado. Percebemos que a avaliação da aprendizagem do aluno está diretamente ligada à avaliação do próprio trabalho docente. Ao avaliar o que o aluno aprendeu, o professor está avaliando o que ele próprio conseguiu ensinar. Com isso notamos que avaliação é um alerta dos avanços e dificuldades dos alunos na aprendizagem e fornece ao professor indicações de como deve caminhar e reorientar a sua prática pedagógica visando aperfeiçoá-la. Trazemos a contribuição de Villas Boas acrescenta que assevera ―a avaliação é vista, então, como uma grande aliada do aluno e do professor. Não se avalia para atribuir nota, conceito ou menção. Avalia-se para promover a aprendizagem do aluno‖. (2004,p29) A mesma autora completa que é por isso que devemos fazer da avaliação educativa e não classificatória ou retentora de alunos, mas sim a identificação do estágio de compreensão e assimilação do saber pelo educando, junto com as dificuldades que este encontra, bem como os fatores que determinam tais dificuldades com vistas à doação de medidas corretivas de ação.(VILLAS BOAS,2004) É inegável que para utilizar a avaliação como acompanhamento da aprendizagem, ela deve ser contínua, de caráter investigativo e processual. Ao invés de estar a serviço da nota, a avaliação passa a contribuir com a função básica da escola que é promover o acesso ao conhecimento. Sabendo que avaliação da aprendizagem favorece ao conhecimento, perguntamos aos professores: Defina o que é avaliação da aprendizagem para você? ―Uma forma de se perceber o quanto o aluno evolui no processo de ensino aprendizado, é um meio de buscar subsídios para sanar possíveis dificuldades.‖(resposta do professor). ―É um ponto de partida útil para assimilação dos conteúdos abordados em aula.‖(resposta do professor ) ―De acordo as diretrizes Curriculares aprendizagem quer dizer conhecimentos eruditos, ético e moral.‖ (resposta do professor). ―Feedback do aluno para o professor‖. (resposta do professor). ―É compreender o grau de conhecimento atingido pelo aluno.‖ (resposta do professor). ―A avaliação é um processo, ou seja, não é feita de uma só vez. Deve-se aproveitar o ato de avaliar também como momento de aprendizado. (resposta do professor) Com relação há essas respostas, infere-se que as maiorias dos professores sinalizam que avaliação da aprendizagem está ligada a ensinar, aprender e avaliar e não são momentos separados, formam uma interação permanente e contínua entre professores e alunos ou vice-versa. Por isso é tão importante que, antes de avaliar o professor se pergunte a serviço de quem está sua avaliação, quem se beneficia com a avaliação que se faz desses alunos concretos. Dessa forma trazemos aprendizagem; uma reflexão do que seja avaliação para Toda e qualquer avaliação pressupõe objetos e critérios. Habitualmente, na escola, o único objeto avaliado é o aluno ou, às vezes, só a sua aprendizagem e, somente enquanto um produto. Mas, no processo de ensino aprendizagem, deveríamos avaliar também outras questões, tais como: os seus objetivos, os conteúdos, as propostas de intervenções didáticas com seus materiais e recursos utilizados .(RABELO, 1998,p70). Segundo o autor a avaliação tem que se adequar à natureza da aprendizagem, levando em conta não só os resultados de tarefas realizadas, o produto, mas o que ocorreu no caminho, o processo, observado as tentativas que o aluno fez para realizar as atividades, as dúvidas que manifestou, como interagiu com os colegas, se demonstrou alguma independência, se revelou progressos em relação ao ponto que estava. Somente a consideração conjunta do produto e do processo permite ao professor estabelecer as interpretações adequadas sobre o desempenho dos alunos. Dependendo desse desempenho, às vezes, é preciso rever o que foi inicialmente proposto. Quando se trata de avaliação, e não apenas de um exame de qualificação todos os envolvidos aprendem, sejam professores, sejam alunos; os professores aprendem com as formas de aprender dos alunos para assim ajudá-lo nessa tarefa e também com a maneira como eles entendem as explicações, podendo perceber o alcance ou nível dessa compreensão; já os alunos aprendem com as informações relevantes extraídas da avaliação, que os ajudará a corrigir erros que possam levá-los a interpretações ou em respostas não esperadas. Assim os professores compreenderão os motivos de raciocínios infundados, de respostas deduzidas e injustificadas que levam a esse erros evitáveis, quando subjacente a eles existe uma intenção sincera da aprendizagem. Através dessa análise concordamos com o pensamento da a autora Esteban que preconiza : A avaliação como um processo de reflexão sobre e para a ação contribui para que o professor se torne cada vez mais capaz de recolher indícios, de atingir níveis de complexidade na interpretação de seus significados, e de incorporá-los como eventos relevantes para a dinâmica ensino aprendizagem. (1999,p.24). Outro aspecto interessante que perguntamos aos professores foi: Como se desenvolve o processo ensino aprendizagem em sala de aula? ―Diálogos, pesquisa, troca de experiência.‖ (resposta do professor) ― O ensino aprendizagem de desenvolve através da interação professor-aluno e aluno-aluno.‖ (resposta do professor) ―De forma gradativa, acompanhando cada fase do desenvolvimento do aluno.‖ (resposta do professor) ―Dependendo da atividade, há preponderância do afetivo ou do cognitivo.‖ (resposta do professor) ―À partir da realidade de cada aluno.‖ (resposta do professor) É inegável que no processo da construção do conhecimento o valor pedagógico da interação humana é ainda mais evidente, pois é por intermédio da relação professor-aluno e da relação aluno-aluno que o conhecimento vai sendo coletivamente construído. O professor, na sua relação com o aluno, estimula e ativa o interesse do aluno e orienta o seu esforço individual para aprender. Villas Boas (2004,p.36), enfatiza : A interação entre professor e aluno durante todo um período ou curso é um processo muito rico, oferecendo oportunidade para que se obtenham vários dados. Cabe ao professor estar atento para identificá-los, registrá-lo e usá-los em benefício da aprendizagem. Além do mais o professor deverá refletir sobre sua atuação em sala de aula não reforçando uma relação vertical com os alunos, ou seja, uma postura autoritária, onde este não permite que os alunos se manifestem durante as aulas, proibindo de fazer questionamentos, sugestões e transformando-os cada vez mais em alunos passivos e acríticos. Logo, a postura dos professores deverá ser a de assumir uma linha de reflexão significativa, tendo a preocupação de como deverá ensinar e como os alunos aprendem. Acredita-se que quando os professores estão compromissados com a aprendizagem dos alunos deverão superar tanto os conteúdos desvinculados das reais necessidades dos alunos, quanto a metodologia passiva, onde observa-se a presença tão marcante ainda em nossas escolas. Dessa forma, sugere-se que o professor construa uma postura dialética, no que se refere ao processo avaliativo. Assim perguntamos aos professores: Como você avalia aprendizagem dos seus alunos? ―Através do diálogo, debates, apresentações orais e escritas, provas,t estes, e cadernos.‖ (resposta do professor) ―Através da observação no desenvolvimento das atividades e a mudança de conduta do aluno.‖ (resposta do professor) ―Observando sua postura diante dos conteúdos ministrados; sua oralidade, participação, seu empenho, seus questionamentos e as sua dificuldades.‖ (resposta do professor) ―Através de sua participação em sala de aula, frequência e exercícios avaliativos.‖ (resposta do professor) Dessa maneira compreende-se que avaliação deve ser considerada como um processo interativo, quando através dela, professores e alunos aprendem sobre si mesmos, fazendo a reflexão do desempenho quando realizada por todos envolvidos no processo, o professor, aluno e a classe. Selecionar e organizar trabalhos dos alunos realizados num determinado período é uma forma para que os alunos visualizem seu processo particular de aprender. Com a ajuda do professor e refletindo sobre sua produção, o aluno pode perceber seus pontos fortes, suas dificuldades, tornando-se mais consciente de seu processo de aprendizagem. Em sala de aula, os alunos devem ser ajudados a refletir sobre o modo como estão realizando cada tarefa e como melhorará suas competências. Educa-se e forma-se para a vida, compreendendo cada aluno naquilo que lhe é próprio, que vem alcançando em relação aos objetivos de estudo e além deles, de diferente, de inusitado, de criativo. A escola não é um concurso entre melhores e piores. Todos aprendem e são capazes de fazer o melhor se confiarem em si próprio e nos seus professores. Mas essa confiança exige o abraço, o bater palmas, o sorriso do outro com quem convive. Não surge da obrigação, nem se desenvolve a partir do sentimento precoce de fracasso e de humilhação diante dos outros.(HOFFMANN,2005,p.55) O clima de amizade, companheirismo e respeito é uma condição indispensável para a facilitação do ensino e da aprendizagem do aluno, pois além de criar um clima favorável à prática docente, desenvolve também no aluno a autoconfiança e a confiança no outro, percebendo assim que todos estão dispostos a auxiliá-lo no seu crescimento individual e social. Contribuindo para a auto-avaliação do aluno na condição de olhar criticamente não só o resultado de seu trabalho, como também o que aconteceu no caminho percorrido. Para Rabelo(1998,p97), a auto-avaliação passa por dois tipos: Do aluno, quando avalia não só o seu próprio desenvolvimento, como também o do grupo como um todo e também o trabalho pedagógico realizado;Do professor, quando avalia o seu próprio trabalho, levando em consideração o desenvolvimento dos alunos, dentro da proposta pedagógica da escola. Por isso, é importante que alunos e professores discutam os resultados das avaliações, pois, o professor realiza a avaliação formadora que é planejada de forma a se constituir em mais um espaço de ensino aprendizagem. Ao aluno devem ser dadas condições para analisar, compreender seu desempenho e dessa forma, junto com o professor propor metas para o período seguinte. Portanto, será democrático e escola que possibilitar a todos os educandos que nela tiverem acesso uma apropriação ativa dos conteúdos escolares, ou seja, se um aluno se matrícula na escola ele tem o objetivo de conseguir aprender conteúdos que desconhece e pretende elevar o seu grau de compreensão da realidade. Para tanto a prática escolar e consequentemente a prática docente deverão criar condições necessárias e suficientes para que essa aprendizagem se faça da melhor forma possível. Isso significa que as práticas escolar e docente desenvolverão meios efetivos pelos quais os educandos, de fato, aprendam os conteúdos que estão sendo proposto. Todavia, estamos percebendo que avaliação da aprendizagem auxilia o educador e o educando no processo de ensino e aprendizagem e no crescimento de ambos. Mas qual é a visão desse educador mediante aos erros? Nesta perspectiva que fizemos a seguinte pergunta: Lidar com o sucesso é simples e gostoso. Resultados ―ruins‖ merecem atenção mais delicada, neste intuito como você trabalha a questão do ―erro‖ com seus alunos? ―Orientando-os a perceber seu erro e a buscar a correção que pode ser em livros, questionamento com os colegas.‖ (resposta do professor) ―Que a partir dos erros compreendemos a forma correta de acertos,‖ (resposta do professor) ―O erro é trabalhado de forma natural como parte integrante do processo de aquisição do conhecimento.‖ (resposta do professor) ―Mostrando que o erro é parte contínua de se aprender e, em minhas aulas quando erro não fico me justificando, pois é algo normal.‖ (resposta do professor) ―O erro para mim é o ponto de partida para trabalhar o desenvolvimento do aluno.‖ (resposta do professor) Não basta ao aluno identificar o que erra, é preciso que ele tenha claro o processo que desenvolveu para chegar a determinado resultado e, a partir daí, poder rever sua trajetória. Os alunos precisam de profissionais que demonstrem interesse por eles para estar incentivando sempre quando se sentirem desmotivados para aprender. Com isso é tarefa do professor criar um ambiente na sala de aula propício ao diálogo, levando a refletir sobre os porquês de estarem desmotivados. O aluno precisa aprender que é a partir do erro que se aprende. Assinala Haydt, ―Mas a eficácia da avaliação depende do fato de o aluno conhecer seus erros e acertos, para poder reafirmar os acertos e corrigir os erros.‖(2002,p.55). No entanto, o acerto é importante, mas o fracasso também. Daí a contribuição do educador em esclarecer aos alunos dos seus acertos e erros, possibilitando-os compreender que estes vão lhe ajudar mais em sua aprendizagem. Para isso é importante que o aluno não estude nas vésperas de prova, mas que seja um processo contínuo durante ano letivo, pois contribuirá para superar o erro e o fracasso encontrados durante a avaliação. Outro aspecto importante para a avaliação da aprendizagem é verificar os instrumentos que são usados para avaliar, por isso fizemos a seguinte pergunta: Quais os instrumentos que você utiliza para realizar a avaliação? ―Freqüência, participação, exercícios, etc..‖ (resposta do professor) ―Atividades em grupo e individual, orais e escritas, seminários,teatro, etc..‖ (resposta do professor) ―Prova, caderno, presença e pesquisa, etc..‖ (resposta do professor) ―Oficinas de produção, leitura e interpretação, correção juntamente com os alunos, atividades, diálogo com questionamentos, etc..‖ (resposta do professor) ―Provas, participação contínua do aluno, etc..‖ (resposta do professor) Os instrumentos avaliativos precisam sempre está condizente com aquilo que foi ensinado para que o aluno possa compreendê-lo. Isso significa que os instrumentos como provas e testes são elaborados pelo professor à medida que os conteúdos são ensinados. Utilizam-se esses instrumentos para analisar como o aluno está compreendendo e elaborando seus conhecimentos e a partir daí rever seu trabalho, se está sendo satisfatório ou não. Contudo, é a partir desse procedimento que o professor conhece como cada aluno está se desenvolvendo no processo de aquisição do conhecimento e elaboração de novos saberes. Para finalizar nossa pesquisa perguntamos aos professores: Quais as dificuldades que você encontra para realizar a avaliação? ―A avaliação é complicada quando marcada anteriormente. O mais adequado e fazer naturalmente durante os momentos de aula, sem pressão e se possível em grupo para que os alunos se ajudem. Eles aprendem muito uns com os outros.‖ (resposta do professor) ―Bem, percebo que cada aluno tem suas dificuldades, mas na avaliação o que mesmo geralmente dificulta são: interesse por parte dos alunos, dificuldade em ler e escrever, interpretar textos, orações e frases.‖ (resposta do professor) ―Por ser uma turma reduzida cujo contato é direto, não há dificuldades. A percepção da dificuldade é imediata e assim também a intervenção.‖ (resposta do professor) ―A falta de interesse e descompromissos dos alunos.‖ (resposta do professor) Ainda para alguns professores o ato avaliativo continua sendo um labirinto sem saída, pois se sentem desmotivados com os resultados apresentados dos seus alunos. Tendo em vista que para que aconteça uma melhora no sistema avaliativo, não bastam somente tentativas de mudanças na forma de avaliar, temos de observar como o currículo está organizado e mudar toda a estrutura deste, pois se analisarmos os currículos poderemos constatar que a avaliação aparece sempre no final da programação, sempre se coloca o objetivo em primeiro lugar, não existe uma avaliação prévia para se elaborar objetivos sobre os conteúdos não assimilados. Erros didáticos ocorrem no processo de avaliação, por mais que o professor utilize métodos e técnicas no decorrer do processo de ensino, ao terminar o ano letivo, por falta de tempo, como justificam, acabam avaliando os alunos de maneira diferente, utilizando a avaliação final para atribuição de notas. Hoje a avaliação não tem apenas a função de classificar e promover os alunos de uma série para outra, mas sua função é de diagnosticar e de verificar em que medida os objetivos propostos estão sendo alcançados porque sua dimensão é orientadora. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo e nos limites deste trabalho, buscamos focalizar que o sentido da avaliação no processo ensino aprendizagem não é feita pela mensuração de notas, médias ou outro tipo de medidas, mas sim em uma construção constante do conhecimento na relação professor, aluno e escola. Assim, a avaliação faz parte da rotina da sala de aula sendo usada periodicamente com um dos aspectos integrantes do processo ensino aprendizagem, possibilitando ao professor averiguar se os objetivos propostos foram atingidos pelo aluno através das atividades. Por outro lado, vimos que a avaliação permite ao aluno conhecer seus processos e dificuldades, adquirindo consciência para poder melhorar e prosseguir no desenvolvimento do conhecimento. Nesta perspectiva, a avaliação não tem um fim em si mesma, mas é um meio a ser utilizada por professores e alunos para o aperfeiçoamento do processo ensino aprendizagem. Percebemos durante a análise de dados que a avaliação está assumindo uma nova função, diagnóstica e formativa à medida que se desenvolve para ajudar o aluno a progredir na aprendizagem, e o professor a reorganizar sua ação pedagógica. Contudo, é importante ressaltar que os instrumentos de avaliação sejam utilizados tanto pelo professor como pelo aluno. É preciso preocupar-se mais com o que o aluno sabe e procurar estratégias para que a aula se torne interessante, utilizando verdadeiramente o conhecimento que o aluno traz consigo e associá-lo aos conteúdos científicos. Todavia à escola ou instituições precisam se mobilizar e ter autonomia para tomar decisões, oferecendo capacitação aos professores, dar esclarecimento aos pais e alunos sobre o processo de avaliação, lutar em favor que o número de alunos sejam reduzido em sala de aula, principalmente nas escolas públicas, pois só assim o professor terá possibilidades de acompanhar de forma significativa o aluno. Avaliação enquanto possibilitadora da melhoria do processo do ensino fornece ao professor várias informações sobre o curso do processo educativo, permitindo-lhe emitir análise sobre o desenrolar da seqüência e de acordo com essa análise, imprimir as modificações pertinentes para ajustá-las às características, capacidades e necessidades dos alunos, possibilitando fazer e refazer novos caminhos para uma aprendizagem de qualidade. Dessa forma propomos uma avaliação a serviço do desenvolvimento da aprendizagem e melhoria do ensino, tendo por objetivo a inclusão dos alunos no processo da escolarização. REFERENCIAL BIBLIOGRAFICO ANDRE, Marli E.D.; LÜDKE, Menga. Pesquisa em educação :abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. DEMO, Pedro. Avaliação para cuidar que o aluno aprenda. São Paulo:Criarp,2006. ESTEBAN, Maria Teresa (org.).Avaliação:uma prática em busca de novos sentidos.Rio de Janeiro:DP&A,1999. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia:saberes necessários à prática educativa. 37 ed.São Paulo: Paz e Terra,2008. HAYDT ,Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. 6 ed. São Paulo:Ática,2002. HOFFMANN, Jussara.O jogo do contrário em avaliação, Porto Alegre:Mediação,2005. LIMA, Adriana de Oliveira. Avaliação Escolar julgamento x construção.. 8 ed. Petrópolis, RJ:Vozes,2002. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem Escolar. Campinas, SP :Cortez, 1996. RABELO , Edmar H. Avaliação :novos tempos ,novas práticas . 7 ed. Petrópolis, RJ: Vozes,2004. VILLAS BOAS ,Maria Benigna de Freitas Portofólio , Avaliação e Trabalho Pedagógico.Campinas, SP:Papirus, 2004. 14.4.4 O Construtivismo e sua Presença na Educação Infantil e Ensino Fundamental BILEGO, Ana Paula RONDON, Gislei Amorim de Souza RESUMO Por se acreditar na viabilidade da teoria educacional construtivista como a mais apropriada ainda hoje, busca-se aqui, tecer noções gerais acerca da temática e iniciar uma discussão sobre como andam as observações e impressões do tema. Para tanto, o presente trabalho trata do Construtivismo sob uma ótica de percepção em uma escola pública municipal de ensino básico. Neste estudo, visa-se oportunizar uma reflexão acerca da aplicação de matrizes construtivistas na educação infantil e ensino fundamental.. Dessa forma foi feita uma pesquisa de campo com uma abordagem qualitativa, onde primeiramente realizou-se uma revisão bibliográfica e posteriormente um levantamento de dados através de aplicação de questionários as professoras da instituição ..Assim sendo , com base na analise dos dados coletados ,pode-se perceber que, embora não seja um assunto tão novo, é um conteúdo ainda encarado de certo modo como uma inovação no ramo educacional. Mesmo sendo um tema bastante discutido e conhecido, verificou-se que o Construtivismo ainda é visto como uma alternativa recente no sentido de pouca utilização em atividades na escola, onde a ―presença‖ construtivista é restrita a determinadas tarefas consideradas fáceis de serem executadas pelas crianças. Entretanto,, é perceptível a clara noção de importância do tema por parte destas professoras no sentido de compreenderem a construção do saber como algo necessário ao pleno desenvolvimento da infância. . PALAVRAS – CHAVE: CONSTRUTIVISMO, EDUCAÇÃO E ENSINOAPRENDIZAGEM. ABSTRACT By believing in the viability of constructivist educational theory as the most appropriate today, we seek to weave general notions on the subject and start a discussion about how to walk the observations and impressions on the subject. To that end, this work deals with the Constructivism in a perspective of perception in a public school of elementary education. This study aims to create opportunities for reflection on the application of constructivist early childhood education and elementary school .. Thus was a field research with a qualitative approach, which first held a review and a subsequent review of data from questionnaires of the teachers of the institution .. Therefore, based on analysis of collected data can notice that, although not an issue as new content is still viewed somewhat as an innovation in business education. Despite being a topic widely discussed and known, it was found that constructivism is still seen as a recent alternative in the sense of little use in activities at school, where the "presence " constructivist is restricted to certain tasks are considered easy to be performed by children . However, it is clear to the perceived importance of the subject by these teachers in order to understand the construction of knowledge as something necessary to the full development of children. KEY - WORDS: constructivism, EDUCATION AND TEACHING-LEARNING INTRODUÇÃO Respeitar os saberes e necessidades de cada um; oferecer alternativas de um futuro mais promissor, utilizando-se da apreensão de conhecimentos; reavaliação de problemas, vislumbrando contribuir para superá-los: ofertas construtivistas a serem consideradas. Para tanto, o presente trabalho trata do tema Construtivismo sob uma ótica de percepção de uma escola pública municipal de ensino básico. Buscando entender se existe interesse voltado ao ensino em bases construtivistas, se realmente a proposta pedagógica dessa escola está ―além do papel‖ – se estão efetivamente aplicando as bases construtivistas no dia-a-dia escolar de ensino e aprendizagem. Assim sendo o estudo , visa-se oportunizar uma reflexão acerca da aplicação de matrizes construtivistas na educação infantil e ensino fundamental. Além do que, objetiva-se notar se realmente esta corrente teórica está beneficiando e contribuindo para a educação do alunado. Contudo, visa-se como imprescindível para obtenção de informações com veracidade neste ensaio, uma maior aproximação das práticas educativo-pedagógicas que as equipes profissionais desempenham na rotina escolar e, para tanto, haver uma abordagem in loco desses processos. Desse modo, a instituição escolhida para a pesquisa foi uma escola pública municipal de ensino fundamental que gentilmente permitiu a coleta de dados para este estudo e disponibilizou seu quadro de profissionais da educação para responderem os questionamentos para fins de conhecimento acadêmico e científico. 1.SIGNIFICADOS SOBRE A TEORIA CONSTRUTIVISTA PARA ALGUNS AUTORES Sem dúvidas, o construtivismo é mesmo uma corrente teórica que lida coma inteligência humana de modo que ela se determina da ação do meio e o sujeito. Ou seja, o ser humano também sofre influência do ambiente em que está, dando respostas e agindo a estímulos provenientes do exterior. De forma elaborada, erige e ordena seus conhecimentos próprios. Conforme relata Goulart: Segundo o construtivismo, o ser humano nasce com potencial para aprender. Mas este potencial – esta capacidade – só se desenvolverá na interação com o mundo, na experimentação com o objeto de conhecimento, na reflexão sobre a ação. A aprendizagem se organiza, se estrutura num processo dialético de interlocução. Por isso, a escola utiliza hoje as dinâmicas de grupo, que possibilitam a discussão, o diálogo. É preciso haver um elemento dialogante para que o saber se construa. Nossos pontos de vista e nossas idéias se clareiam quando temos com quem discuti-los. A interação social no grupo de sala de aula é, pois, fundamental, para que a aprendizagem circule, movida pelas relações afetivas. A organização acadêmica tradicional, com os alunos fechados em si mesmos, pensando e produzindo sozinhos, deve abrir espaço para que aconteça a polifonia, o debate, o trabalho coletivo, a interlocução. (1998, p.94) Portanto, o conhecimento aqui não visa atingir uma verdade final e o ser humano opera e modela suas ações de acordo com vivências próprias. Tudo isso como resultado das percepções com o seu meio e em seu determinado tempo. E essa medida será dada pela própria criança. A mesma autora discorre sobre esse ponto quando diz que: (...), o construtivismo propõe uma maneira de ensinar que leva em consideração a forma pela qual a criança resolve as situações problemáticas que lhe são apresentadas. Deve-se esperar que a criança elabore suas respostas, evitando interferir em seu raciocínio. Além disso, não se deve colocar para a criança problemas que ela não esteja preparada para responder. (2003, p. 134) É preciso que a maturação da criança seja respeitada. Estimulá-la com um excessivo volume de informações com a intenção de acelerar suas capacidades em termos de conhecimento, acarreta, muitas vezes, um resultado oposto ao esperado inicialmente. Para êxitos na educação construtivista, com efetiva aprendizagem e sem que ocorram pressões em torno da mesma, é necessário salientar que ―observação, paciência e acompanhamento‖ são termos recorrentes dentro dessa proposta. E não somente enquanto roteiro teórico, mas indiscutivelmente como prática cotidiana. Seguindo ainda as idéias da autora, surge mais um apontamento salutar diante deste panorama: (...) o construtivismo, diferentemente de posturas tradicionais, tem o objetivo de acompanhar o desenvolvimento de cada criança. É sabido que todas as crianças passam pela mesma seqüência de desenvolvimento, mas, como o ritmo é variável de uma criança para outra, a cronologia desta seqüência varia de uma criança para outra. Como a postura construtivista está sempre voltada para analisar o raciocínio da criança em cada momento de seu desenvolvimento, é provável que ele seja mais adequado ao ensino de crianças com dificuldades de aprendizagem do que outros modelos de ensino. (2003, p. 135 - 136) De maneira breve, Barros diz: ―O construtivismo refere-se ao processo pelo qual um indivíduo desenvolve sua própria inteligência adaptativa e seu próprio conhecimento.‖ (1996, p.50). Para a autora, ocorre que, quando se adquirem novos saberes, há a assimilação e a acomodação dos conhecimentos. Isso acontece quando uma nova informação se depara com um dado já existente para a pessoa e então, se equilibram. 1.1 O CONSTRUTIVISMO NA SALA DE AULA SEGUNDO TEÓRICOS Sobre essa abordagem, (GOULART, 2003) alerta para o perigo de padronizações no jeito de ensinar dos professores, fazendo com que os mesmos desfizessem de todo método que conhecem e trabalham em prol de um único arquétipo e que poderia restringir as várias outras incontáveis soluções para bem se ensinar e se aprender. E destaca ainda que os moldes construtivistas não são indicados a todos que dele pretendem fazer uso. Requer certa inclinação e concordância com seus procedimentos. Conforme destaca abaixo: Alguns especialistas em educação costumam considerar que o construtivismo é o modelo teórico que melhor fundamenta o ensino e, por este motivo, os professores deveriam ser treinados para utilizá-lo. Sem dúvida, trata-se de uma postura teórica bem fundamentada na pesquisa, mas não se pode afirmar que seja a melhor. Outros modelos de ensino também se basearam em pesquisas científicas e merecem crédito. Além disso, para se tornar construtivista, um professor tem de apresentar algumas características de personalidade que o habilitem a assumir tal postura. Ele deve ser uma pessoa capaz de observar muito, deve ser paciente para esperar que o aluno demonstre seu raciocínio, sem fazer antecipações e deve se identificar com os princípios do construtivismo. Na verdade, o melhor método de ensinar é aquele que o professor conhece bem e no qual acredita, por isto o aplica com sucesso. (2003, p 136). Sendo assim, conforme o exposto até o momento fica evidenciado as dimensões que podem ser tomadas quando se adota o modelo construtivista enquanto opção alternativa para mudanças na organização e dinâmica do que se encontra vigente como ensino. E Goulart aponta para esta questão: O ensino deve levar em conta o papel que os comportamentos infantis e as aquisições cognitivas representam na vida presente do aprendiz. É necessário respeitar o repertório comportamental da criança e seus propósitos, sem impor-lhe maneiras de agir e de pensar, que não correspondem às suas necessidades e competências atuais. Conhecendo-se os comportamentos predominantes em cada etapa do desenvolvimento, os objetivos que eles visam e as prioridades adaptativas da criança, pode-se orientar melhor a ação educativa e talvez prevenir certas formas de malogro e inadaptação escolar. (1998, p.21) E é no contexto escolar da Educação Infantil que tais atitudes tornam-se possíveis de serem executadas. Conforme descreve Goulart: De acordo com os pressupostos da teoria construtivistainteracionista da aprendizagem, a pré-escola, deve ter uma proposta psicopedagógica desenvolvimentista, cujo objetivo é possibilitar às crianças o desenvolvimento das estruturas lógicas necessárias à aprendizagem de nível operatório (pela compreensão das regularidades dos sistemas e de seus fatos básicos e pela construção de conceitos). (1998, p.36). A responsabilidade da educação inicial transpõe barreiras, extrapola os limites das salas de aula e influencia muito mais do que muito se tem acreditado. Ainda em Goulart: A educação escolar tem uma dimensão política, ou seja, uma função social, que é compromisso também da pré-escola. A proposta construtivista viabiliza o cumprimento deste compromisso na medida em que não apresenta fatos ou fenômenos determinados e definitivos à criança. Ao contrário, refaz com ela a história, analisando causas e conseqüências de cada acontecimento, uso e costume. Não oferece respostas prontas. Ao contrário, faz perguntas, lança desafios. (1998, p.42). O conhecimento tem como característica própria não somente registrar e sim assimilar, com interação até que haja o domínio desse novo saber em reestruturação. Finalizando, Goulart traz mais a seguinte contribuição: ―(...), para construir o conhecimento no processo escolar o aluno precisa desenvolver certos hábitos e dominar algumas técnicas que facilitem e/ou possibilitem a aprendizagem.‖ (1998, p. 73-74). Portanto, é preciso que haja coragem por parte dos educadores em apresentar saídas possíveis a seus alunos e prepará-los para que criem as suas também, conforme defende Cunha: (...) uma estrutura flexível de arranjo de sala de aula e às relações entre professora e criança e entre elas mesmas. Trata-se de manter, reestimular e estender aquilo que é considerado como a forma mais intensa de aprendizagem :- o modo espontâneo de a criança aprender através do jogo e das experiências que por si busca. Nessa atmosfera, o aluno é levado não a responder perguntas como na escola tradicional, mas a formulá-las diante do mundo externo. Uma tal mudança nas escolas muito significativa para a qualidade de vida de nossas crianças. (1986, p. 11) Em busca de um ―ensinar e aprender‖ diferenciado, é que o construtivismo se coloca enquanto opção considerável. E quando se fala em diferenciar o modo de ensino e aprendizagem, não significa se utilizar de técnicas dificílimas ou aparatos e recursos de alto custo ou de dificuldade de acesso; ao contrário: é sim buscar encontrar o que já existe disponível de conhecimentos trazidos pelos próprios alunos e então, a partir daí, desenvolvê-los. Muitos questionamentos surgem ao se adotar uma postura construtivista no que tange a formação do alunado. Como mostra Cunha abaixo, a pergunta principal é relativa à como construir sociedades melhores através desses alunos: Que tipo de homem queremos formar? Eis a primeira questão que se deve considerar, quando se trata de educação. - Serão indivíduos com conhecimentos verbais provavelmente não utilizáveis na vida real, ou - Serão indivíduos preparados para raciocinar em qualquer situação, com espírito critico e móvel, com objetividade e coerência de pensamento? Se optarmos pelo segundo tipo, como poderemos formá-lo? (1986, p.23) Uma das possíveis respostas seria o convívio social, visto que o mesmo pode trazer significativas experiências ao indivíduo em formação e contribui certamente ao seu crescimento pessoal. ―Vale dizer que a interação social, proporcionando outros pontos de vista, favorece o exercício da coordenação e o desenvolvimento do raciocínio, enquanto que este último auxilia a cooperação social.‖ (CUNHA, 1986, p. 33). Em suas fala, Cunha trata de um pensamento comum a boa parte dos educadores e pais onde muitos acreditam que disciplina se consegue através de total ―comportamento― e silêncio em uma sala de aula crianças estudam. ―E pensar que muitos querem ver nossas crianças sentadas, cada qual em sua carteira, escutando em silencio as palavras do mestre.‖ (1986, p.36). É preciso ter-se clara a noção de que, no Construtivismo, ―O fundamental é deixá-la fazer suas próprias investigações nas diversas áreas do currículo e, a partir daí, construir suas noções.‖ (CUNHA, 1986, p.42). Um dos aspectos mais explícitos em termos de conduta pouco contextualizada nas instituições de ensino seria a de que as ―regrinhas― da escola devem ser obedecidas, sem uma prévia explicação de suas razões e tampouco suas conseqüências e, menos ainda, sobre suas vantagens. Assim, a criança não compreende – quando sai da escola – boa parte das regras sociais que lhe são cobradas, como afirma Cunha: O que a escola geralmente faz é prescrever que a criança se adapte às noções estabelecidas dentro de uma sociedade e não diretamente ao mundo real. Acredita-se que as noções exigidas refletem a realidade, mas sabemos que estas evoluem e, portanto, o importante é levar a criança a enfrentar diretamente a realidade e não as noções já estabelecidas. É impossível querer formar uma pessoa racional, se lhe dissemos o que deve pensar! Essa investigação por parte da criança pode ser incentivada por uma variedade de oportunidades que a estimule a confrontar os múltiplos aspectos do mundo em que vive. (1986, p. 42) Além de todos os elementos que se apresentam ao universo da criança externamente, Piaget coloca que a criança depende muito de sua estruturação mental para que ocorra a real aprendizagem e tudo isso requer certo tempo, estímulos adequados e na medida certa e também um conhecimento dos fenômenos formadores do caráter da mesma; de sua bagagem de vivências. Cunha explana acerca do tema: A teoria de Piaget não só preconiza a atividade da criança como instrumento de sua aprendizagem, como elucida que, havendo uma sucessão de estruturas diferentes no desenvolvimento, a assimilação pela mesma de determinada noção vai depender de sua atual estrutura mental. Torna-se então necessário conhecer, primeiramente, a seqüência das estruturas mentais ao longo do desenvolvimento, sendo ela a mesma para todos os indivíduos, independentemente de idade cronológica e, em segundo lugar, conhecer o ponto de partida onde se encontra cada criança. Deve-se lembrar que só será assimilado aquilo que está ao seu alcance e que uma experiência demasiado complexa, um fenômeno alem de seu entendimento atual serão assimilados diferentemente, segundo as limitações impostas por suas estruturas mentais. (1986, p. 45) O avanço em aprender dependeria, portanto, do nível de desenvolvimento mental, psíquico, e afetivo da criança, conforme o exposto. E isto pode ser bastante reforçado no ambiente escolar. Um estudo que priorize a criança e não o conteúdo somente, tende a conseguir melhores resultados em termos de ensino. Novamente em Cunha: Uma escola que proporcione a individualização do ensino, isto é, uma escola centrada na criança, permite-lhe assimilar a realidade conforme o seu nível de desenvolvimento, em vez de deixar que lhe sejam impostos objetivos arbitrários.A fim de que haja esta individualização ou adequação do ambiente aos diferentes níveis das crianças, torna-se necessário liberar a professora de seu papel tradicional, ou seja, o de simples transmissora de informações. (1986, p. 45) O papel do educador nesta perspectiva é reforçado enquanto mediador do conhecimento, o elo entre o saber e o aprender. E cada aluno é único em seu processo de aquisição. As múltiplas facetas dos elementos ofertados em sala de aula sob forma de matérias e disciplinas, devem abrir caminho para aprendizagens mais significativas e estimulantes. A seguir, Cunha aponta para este aspecto: A sala de aula deve oferecer diversas atividades de complexidade diferente, que poderão ser realizadas simultaneamente pelas crianças, individualmente ou em grupo.Torna-se então a professora uma coordenadora das atividades em andamento, uma monitora disponível, de modo a assisti-las quando necessário e estimula-las com sugestões para o prosseguimento de suas investigações. (1986, p. 46) Um grande equívoco que ocorre na teoria de bases construtivistas, é uma falsa idéia de que a criança e/ou o aluno devem ter realizadas todas as suas vontades, visto que o Construtivismo, nesta ótica errônea, seria uma teoria permissiva, o que não condiz com a verdade, como esclarece Cunha: Não se trata de deixar a criança fazer tudo o que quer, num laissez-faire completo, mas de delimitar as experiências que estão ao seu alcance, a fim de que ela possa adquirir a segurança que permitira a continuidade de aprendizagem.Trata-se também de selecionar aquelas experiências que são importantes e que poderão servir de base para conhecimentos futuros, na formação cientifica e estética do aluno.Deve-se levar em conta que há uma integração de conhecimento, uma continuidade na construção de novas noções e que aquilo que a criança aprende hoje vai ser o fundamento do que aprendera amanhã. (1986, p. 66) É quase que uma idéia consensual que, tudo que o que se presencia na infância, será revivido. E esta noção, não unânime, mas bem provável, ganha mais destaque quando envolvida no panorama educacional, visto que os primeiros exemplos práticos tornam-se conhecidos nos anos iniciais. Entre muitos educadores, também existem juízos valorativos que preconizam que a relação com o alunado deve ser permeada de sinceridade e trabalho em conjunto, pois o dia - dia escolar solicita esta postura. De acordo com o citado abaixo, Cunha revela que: Essa preocupação com o valor e a integração dos conhecimentos é compartilhada no dialogo da professora das crianças. Aquela deve expor honestamente suas idéias e opiniões sobre as atividades escolhidas por estas e, conforme o caso, dar a liberdade de experimentar ou não suas sugestões. (...) Os prós e os contras serão discutidos. Assim, o planejamento de todo o trabalho será feito em comum. (1986, p. 66) Por parte do educador, há de se ter parcimônia no que diz respeito ao trato de conteúdos anteriormente adquiridos por seus alunos, como esses estão organizados no pensar de cada criança e ainda como estão sendo aplicados na rotina escolar. E com a participação de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizageminclusive e prioritariamente os alunos - cada um corresponderá ao seu papel definido em conjunto e em acordo. Essas vivências, já na mais tenra idade, só fortalecem o respeito mútuo (entre educadores e seu alunado), ampliam as possibilidades de soluções para se ―aprender a compreender‖ e isto acaba por se estender as suas funções sociais que lhe serão demandadas na vida adulta. Finalizando em suas contribuições, Cunha mais uma vez salienta essa utilidade como exposto abaixo: A teoria de Piaget, com sua ênfase na iniciativa e atividade do sujeito, nos impele a adotar nova atitude diante da criança: quanto mais se lhe permitir ser tratada como individuo, com algo a oferecer a comunidade na qual se encontra na qualidade de criança, mais útil poderá tornar-se como adulto; quanto mais se lhe permitir o uso da experiência direta, tanto melhor ―aprenderá a aprender―; quanto mais possa participar da organização e da coletividade escolar, mais poderá enfrentar a solução de problemas, a tomada de decisões e a colaboração com os outros. Assim sendo, tanto mais adaptável se tornará às transformações da vida. (1986, p. 91 e 92). Mais facilmente amoldável às variações e modificações, porém não moldada e nem passiva. Diante do imenso desafio de se educar dessa forma, sem o empenho em padronizar o ensino, é preciso haver suporte em toda extensão do campo educacional, visando efetivar cotidianamente estes objetivos. Goulart aponta para esta questão: A educação é um empreendimento social, por isso é um macrofenômeno, cuja caracterização é multidisciplinar. Ocorre uma abordagem multidisciplinar quando um conjunto de profissionais estuda um mesmo tema, cada um sob sua própria ótica, cada um evidenciando sua competência numa determinada área. Este tipo de abordagem requer, pois, que cada especialista – o filósofo, o psicólogo, o sociólogo, etc – tenha bem nítida a visão de sua ciência; é necessário, pois, recuperar o específico de cada disciplina, para que se possa dar conta do fenômeno educacional. (2003, p.14) Basicamente, se concebe no construtivismo o empenho na compreensão do sujeito que está aprendendo. E aprender é construir. A aprendizagem neste contexto fornece um caráter ativo ao processo. Ir ―fazendo‖ vai se aprendendo. Tentando, ainda que errando. O principal é notar o tipo de pensamento que leva ao equívoco. É o que Goulart apresenta em sua fala: (...), as avaliações são indispensáveis quando se adota uma postura construtivista, porque, em lugar de considerar apenas o que é certo ou errado, tem-se de analisar o raciocínio que está por detrás do erro cometido pela criança. (2003, p.135) O saber obtido assim, possui qualidade e significado, muito mais do que somente certo volume de informações e conhecimentos novos. Compartilhar primeiramente para levar a autonomia: este é o caminho. Novamente, Goulart complementa esta idéia: Outra crença freqüente é de que a adoção do construtivismo elimina qualquer possibilidade de se colocar limites no comportamento da criança. Piaget analisou a construção do julgamento moral e da autonomia e, ao fazê-lo, realçou que, após a fase de anomia, a criança vive uma fase de heteronomia, na qual ela constrói seu modelo de certo/errado a partir dos limites impostos pelo adulto. Deve-se lembrar que as pessoas não atingem a autonomia se não passarem por essa fase heterônoma, isto é, se não aprenderem o que é certo ou errado a partir da intervenção do adulto. (2003, p. 135) O ensino é compartilhado, feito em conjunto e gradual. Deve privilegiar a reflexão dos atos e o progresso de acordo com as condições existentes para que ocorra este aprendizado, esta apropriação do conhecimento. Tais condições envolvem também toda a programação sistematizada de conteúdos ofertados pelas instituições de ensino, trabalhados na esfera do diálogo e com flexibilidade para novos temas que forem surgindo. Vale explicita justamente este ponto: Numa perspectiva piagetiana, a aprendizagem não é simplesmente resultante da associação entre estímulo e resposta. Ela é construída pelo sujeito na relação dialética com os conteúdos escolares. (1995, p. 38) Os saberes já encontrados em cada aluno não devem ser vistos com obstáculos a novos dados e sim como elementos que impulsionam o enriquecimento e atualização dos já conhecidos. Mais uma vez, Vale elucida e reforça este pensamento: O progresso no conhecimento só será obtido através de um conflito cognitivo. É esse conflito que irá mover a construção do conhecimento. É a situação - problema que proporciona o crescimento, exigindo equilibração. Se não houvesse o conflito cognitivo, não haveria necessidade de crescer, de mudar. (1995, p.41) Instigar, indagar, questionar... São atitudes de um educador com forte perfil construtivista. Seus alunos só têm a ganhar com isso. Essa tomada de decisão realça o caráter investigativo da criança, fazendo com que construa seus pareceres e teça opiniões a respeito de seus objetos de estudo. Em uma visão resumida, Vale destaca com seriam os comportamentos destes alunos diante de prováveis dificuldades: Os alunos de professores construtivistas não têm medo de errar. Sabem que o erro pode ocorrer, que não é motivo de castigo, de notas baixas. Esses alunos não têm medo de buscar, de perguntar, procurar informações, imitar e inventar. (1995, p. 42) Em suma, Vale aponta para o verdadeiro sentido de todo este cenário educacional onde coloca que: Analisando o processo de ensino - aprendizagem do ponto de vista da conceitualização piagetiana e do construtivismo, acreditamos que uma proposta metodológica deve ser altamente operatória, participativa, estimuladora e inovadora. (1995, p.67) Além disso, também deve primar pela criticidade e contextualização, assim como da inserção social. Somos seres sociais e compomos o mundo que nos cerca. As crianças em formação também dele fazem parte e devem muito mais do que apenas ―pertencer‖, precisam ―estar‖. Assim diz Becker: ‖Piaget afirma que o sujeito não existe desde sempre; ele é produto de sua própria construção. Tanto a subjetividade quanto a objetividade são construções do próprio sujeito: ao constituir o mundo, o sujeito constitui-se‖. (2003, p.58). Para que consiga este nível de reconhecimento e participação, tem-se que oferecer tempo para o amadurecimento das atitudes do aluno; para que as mesmas possam ter consistência, suas opiniões precisam ser respeitadas, valorizadas, orientadas e elevadas. Isto são alguns dos pilares da educação construtivista. Seguindo, Becker: retoma esta noção: A ação que constrói conhecimento é uma ação que se debruça, inicialmente, sobre os resultados dessa ação prática que busca o êxito e que vai progressivamente na direção de seus mecanismos íntimos, isto é, na busca da compreensão. Essa ação caracteriza-se radicalmente por uma gratuidade: ela não busca êxito, ela quer compreender. Por isso, para construir conhecimento, precisa-se de tempo: tempo biológico, tempo psicológico, tempo cognitivo, tempo cultural, tempo histórico... tempo livre. (2003, p. 60 e 61) É preponderante a função dos profissionais da educação diante de todo este processo, desta missão de formar um ser; este, sujeito de sua própria história e detentor de sua autonomia. Suas ações podem ser decisivas e todo o seu fazer profissional, necessita se pautar em atitudes transformadoras no âmbito da sala de aula, palco desse saber e onde as obras apresentadas são as realidades narradas pelos protagonistas deste enredo: os alunos. Segundo Becker: Pensamos a formação do professor com uma visão interacionista, construtivista, do ser humano em geral e do conhecimento em particular - visão esta capaz de suportar a realidade trazida para dentro da sala de aula pelo aluno, e transformá-la em matéria – prima da ação pedagógica visando , antes de qualquer coisa, à construção das condições prévias de todo conhecimento e, a fortiori, de toda aprendizagem. (2003, p. 73) Para finalizar, fica uma reflexão, para traduzir o exposto até o momento de como ser construtivista nos dias atuais e, nesse enfrentamento de tantos entraves na ―educação do construir‖, eis que uma das saídas é colocada pelo autor Becker: A escola, em geral, e a universidade, em particular, sofrem de uma inércia histórica no que se refere à transmissão e à produção do conhecimento. A disposição profunda parece ser sempre a de copiar, de reproduzir. Na verdade, nós praticamos e professamos uma pedagogia e uma didática da reprodução, ou da repetição, quando ensinamos. Quando pesquisamos, enfrentamos dificuldades para superar esse quadro e orientar nossas atividades na direção de um construtivismo científico. (2003, p. 97) 2.PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O estudo aconteceu na cidade de Cuiabá-MT, no mês de Outubro de 2010. Foi utilizada na pesquisa de campo uma abordagem qualitativa, onde num primeiro momento, foi feito um levantamento bibliográfico sobre a temática, utilizando-se também como complementação o registro fotográfico. Num segundo momento, realizou-se um levantamento de dados com consultas orais no próprio campo de pesquisa com os integrantes da instituição a fim de esclarecimentos referentes à aplicação dos questionários. Estes, com perguntas abertas e fechadas aos profissionais que colaboraram fornecendo suas opiniões. O universo de amostragem se compõe por um total de 6 (seis) profissionais, sendo que destes, 5 (cinco) são professores e 1 ( um) faz parte da coordenação da escola. As minúcias do questionário, que foi pensado e acordado entre pesquisador (a) e orientador (a), são relevantes no sentido de captar o mais puramente possível os reais pensamentos das pesquisadas diante do tema central do trabalho. E, sendo assim, chegou-se ao consenso de que perguntas abertas exprimiriam melhor as opiniões, sendo que as de múltipla escolha seriam reservadas a descrição individual de cada uma. 3.RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 PERFIL DAS ENTREVISTADAS A pesquisa foi realizada com uma amostra de educadoras, onde 49% atuam como professoras em sala de aula, 17% em estágio, 17% na coordenação e 17% na readaptação dos alunos. Também uma maioria de 49% estão trabalhando na área há apenas 1 (um )ano e o restante de divide em 17% com 22, 17% com 24 e 17% com 31 anos de atuação. Em relação as séries em que lecionam, 16% no 5º ano, 16% não quiseram e/ou não souberam responder, 17% ficam na educação infantil de 4 anos, 17% na faixa etária de 5 anos, 17% no 1º ciclo e 17% na sala de apoio. Das respostas obtidas quanto á graduação, 83% são pedagogas e 17% composta por educadoras físicas. Já no grau de formação, 50% somente graduadas, 33% possuem pós – graduação e 17% ainda cursam o ensino superior. Sobre as razões que levaram estas profissionais a optarem pela educação, 32% afirmam ser por uma vocação, 17% já trabalhavam em escolas, 17% acreditam ser uma missão, 17% falta de opções de cursos quando cursaram suas faculdades e 17% não quiseram e/ou não souberam responder. 3.2 QUESTÕES ESPECÍFICAS SOBRE A PESQUISA Tabela 2 Importância da educação escolar na vida da criança pequena. Professora 1 ―É o alicerce, é a base, é prepará-la para a vida: o que ela aprende na infância, nunca esquece.‖ Professora 2 É uma iniciação da vida da criança, pois, ela precisa ter educação desde a primeira fase de sua vida‖. Professora 3 ―É a base para inserir a criança na sociedade, tornando-a cidadã participativa e capaz‖. Professora 4 ―A importância é estimular os alunos, ou seja, a criança, a se desenvolver no plano intelectual, motor, afetivo e social‖. Professora 5 A educação escolar é de suma importância para a criança, pois, quanto antes tiver acesso, mais se desenvolverá‖. Professora 6 ―A educação na vida da criança é a base. O que aprendemos na infância nunca esquecemos‖. Todas colocam que é importante como primeiros passos na formação da criança, haja vista que vivemos em comunidade e a educação desempenha, segundo as opiniões, a função de educar, formar caráteres e conduzir corretamente o futuro dos pequenos. É importante também, conforme expõem, enquanto meio de socialização e pleno desenvolvimento das habilidades como um todo da criança, auxiliando em seu integral avanço. Tabela 2 Como você avalia a contribuição do Construtivismo para a Educação Infantil? Professora 1 Resp.‖ Na Educação infantil, o Construtivismo contribui para a construção do conhecimento, onde a criança tem a oportunidade de utilizar das mais diferentes linguagens e exercer a capacidade que possuem de terem idéias e hipóteses sobre o que descobrem e buscam desvendar e aprender‖. Professora 2 Resp.‖ Apesar de muitos se acharem construtivistas, na prática é diferente apesar de sua importância corre-se o risco de confundir liberdade para aprender com desorganização‖. Professora 3 Resp. Não quis e/ou não soube responder Professora 4 Resp. ―Proporciona ao educando uma educação com objetivos reais, sólidos, críticos e criativos‖. Professora 5 Resp. ―Muito importante, pois, cada criança tem que expressar aquilo que sabe fazer ou aprender a construir‖. Professora 6 Resp. ―Contribui para a construção do conhecimento onde a criança utiliza de diferentes linguagens para o seu desenvolvimento cognitivo motor‖. Aqui deixam clara a noção de que o Construtivismo não deve ser encarado como método de ensino sem planejamento ou usado de qualquer forma. Demonstram compreendê-lo enquanto organizado e elaborado previamente pelo educador, onde as atividades devem ser pensadas com cuidado e aplicadas de acordo com os conteúdos e acompanhando o ritmo de cada criança. Tabela 3 – O que é Construtivismo? Em quais autores construtivistas você fundamenta a sua prática? Professora 1 Resp. ―Construtivismo na educação tem um papel significativo onde o sujeito aprende conforme suas idéias, experiências e ações propiciando a interação social no processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança. A minha prática é fundamental nas contribuições de JEAN PIAGET e VIGOTSKY.‖ Professora 2 Resp ―Desenvolve o social, onde o indivíduo aprende conforme suas idéias e experiências Jean Piaget e Vigotsky‖. Professora 3 Resp. ―É aquilo que é expresso pelas crianças, deixar as crianças construir e não fazer por elas (Piaget)‖. Professora 4 Resp. ―É o despertar do ―eu‖ da criança. Ela vê percebe e cria através do que vê seus próprios conceitos liberdade de agir, pensar criar‘. Professora 5 Resp ―È uma teoria e não um método de alfabetização, um método específico e sim desenvolver um prática pedagógica‖. Professora 6 Resp. ―Construtivismo é uma linha de pensamento difundida por alguns autores, entre eles Vigotsky e Piaget.‖ Majoritariamente, seu representante mais conhecido sem dúvidas é Jean Piaget e o mais citado também aqui nas pesquisas. Relatam bastante familiaridade com o autor e com suas teorias dentro do Construtivismo e entendem o mesmo como expressão da construção do saber de cada aluno; aquilo que é próprio da criança. Tabela 4 – Como você concebe e realiza a avaliação do desenvolvimento e da aprendizagem das crianças dentro da perspectiva construtivista? Professora 1 Resp. ―A criança nesta fase é apenas observada em suas ações e potencialidades e o professor passa a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e ajusta sua prática à necessidade de cada aluno. Cada aluno aprende a fazer ‖fazendo‖, portanto a prática educativa será conforme a situação de aprendizagem de cada criança‖. Professora 2 Resp. ―Não soube e/ou não quis responder. Professora 3 Resp. ―Ela vê então que é capaz de criar seu conceito sua opinião sabendo agir e interagir na sala de aula de acordo com o conteúdo proposto. È um ser participativo.‖ Professora 4 Resp. ―Através da observação‖ Professora 5 Resp.‖ A criança desenvolve a sua potencialidade onde o professor é o mediador‖ Professora 6 Resp. ―Eu compreendo a avaliação como parte de um processo de desenvolvimento indispensável. Busco avaliar de forma contínua.‖ Percebem o processo avaliativo como algo inerente ao ensino e aprendizagem; indispensável, portanto. O consideram parte integrante da visão construtivista e essencial para as etapas de evolução da criança. Descrevem que o aluno de desenvolve executando suas tarefas e, através dos erros, vai elaborando também seus conceitos. Tabela 5 – De um modo geral, na rotina diária da sala de aula que atividades você desenvolve junto às crianças? Professora 1 Resp. ―Trabalhamos em sala de aula numa perspectiva lúdica, onde a criança aprende brincando uma vez que na infância a criança vive o mundo da fantasia‖. Professora 2 Resp. ―Em sala, trabalho de diversas formas, inicio geralmente com as atividades que necessitam de mais atenção, pois as crianças estão mais calmas‖. Professora 3 Resp. ―Trabalhamos o lúdico onde a criança vive o mundo da fantasia, historinhas e brincadeiras.‖ Professora 4 Resp. ―Atividades de conquista de objetos, jogos de rapidez e atenção, jogos que desenvolvem o raciocínio‖. Professora 5 Resp. ―Atualmente, atuo na alfabetização – o ler – o interpretar e consequentemente: escrever‖. Professora 6 Resp ―Músicas, parlendas, pintura, recorte e colagem, jogos memória, quebra-cabeça, livros de histórias, desenhos livres, atividades‖. O lúdico está presente explicitamente nos dados aqui obtidos. Interessante citar que há uma busca em variações que possam contribuir para o melhor entendimento das atividades e que possam se adequar as crianças, e não o oposto. São considerados os aspectos de aceitação das atividades pelas crianças e a adequação das faixas etárias. Tabela 6 – Você acredita que o Construtivismo representa um avanço para a Educação Infantil? Professora 1 Resp ―Considerando tudo que está exposto aqui, sim‖. Professora 2 Resp. ―Espero que sim. Estando afastada 11 anos da sala de aula, percebo pelos colegas que ocorre esse fato.‖ Professora 3 Resp. ―Com certeza‖. Professora 4 Resp. ―A criança brinca, vivendo o mundo da fantasia.‖ Professora 5 Resp. ―Sim. Os autores construtivistas contribuíram para que não esqueçamos que criança aprende no tempo certo e de sua maneira.‖ Professora 6 Resp. ―Sim, desde que seja com uma prática pedagógica renovada.‖ É unânime o pensamento de que o Construtivismo pode sim melhorar as relações de ensino e aprendizagem, alem de que são respeitadas as etapas de crescimento natural da criança. Tabela 7 - Como a criança aprende? Professora 1 Resp. ―Aprende brincando através de jogos, brincadeiras, artes plásticas, dança, desenhos e projetos sobre o meio ambiente. Principalmente a socialização nesta fase é muito importante. ― Professora 2 Resp. ―A criança tem facilidade para aprender, dessa forma, aprende com atividades lúdicas, com manuseio de informações (jogos e brincadeiras) e porque não com o tradicional quadro.‖ Professora 3 Resp. ―Ela aprende com carinho atenção uma boa alimentação, saúde, acompanhamento da família. Na sala de aula, trabalha com brinquedos pedagógicos, historinhas, jogos, danças, projetos sobre o meio ambiente.‖ Professora 4 Resp. ―A criança ela já traz uma cultura própria de casa precisamos deixá-las transmitir aquilo que elas sabem deixando elas se expressarem de maneira livre e lúdica. Depois de conhecer o intrapessoal de cada aluno, podemos fazer modificações para um aprendizado maior, mas nunca fazer por eles.‖ Professora 5 Resp. ―Em primeiro lugar, tem que querer e gostar... Consequentemente vem a motivação... o interesse... e... o despertar para a aprendizagem: copiando observando, investigando e por fim criando, construindo.‖ Professora 6 Resp. ―Segundo a Emília Ferreiro, para que a proposta construtivista aconteça, concretize em sala de aula, o professor precisa ser criativo, interessado e ativo para ajudá-los a aprender coisas novas, ricas e variadas.‖ Entendem que o ―aprender‖ gira em torno do ―experimentar‖ e que isto é essencial para qualquer criança. No momento em que vivencia o conhecimento, adquire seus saberes. Valorizando a bagagem que o aluno traz consigo também se compreende seu modo de aprender. Ainda mais quando socializa pensamentos e tem espaço para expor suas idéias. O carinho, atenção, a participação familiar e sobre tudo, a boa orientação profissional em sala de aula, só vem a aprimorar os conhecimentos e a aperfeiçoar as capacidades de cada criança em suas especificidades. CONSIDERAÇÕES FINAIS É perceptível a clara noção de importância do tema por parte destas professoras no sentido de compreenderem a construção do saber como algo necessário ao pleno desenvolvimento da infância. Embora seja possível que ocorram distorções na aplicação dos conceitos construtivistas nas rotinas das escolas, é notável o esforço em torná-los usuais no decorrer da formação das crianças. Também é notório o interesse sobre o tema, visto que atinge diretamente a questão de ensino e aprendizagem que, atualmente, vem sendo colocada em pauta frequentemente diante de todo um cenário de dificuldades no ensino. Com relação ao tema específico, pode-se perceber que, embora não seja um assunto tão novo (em termos cronológicos), é um conteúdo ainda encarado de certo modo como uma inovação no ramo educacional. Mesmo sendo um tema bastante discutido e conhecido, algumas educadoras relatam (em conversas informais) ainda terem no Construtivismo uma alternativa recente no sentido de pouca utilização pelas mesmas em atividades na escola, onde a ―presença‖ construtivista é restrita a determinadas tarefas consideradas fáceis de serem executadas pelas crianças ou ainda que não ―tragam muitas dificuldades e atrapalhe a aula programada‖. Resumidamente falando: o Construtivismo tem sua devida relevância reconhecida, porém, quando atuante, ainda é limitado. Felizmente, este quadro de equívocos acerca do Construtivismo, como visto, vem mudando, ficando cada vez mais escasso e o ―construir‖ na educação vem sendo matéria trabalhada com maior freqüência, o que demonstra, ao menos, as intenções em seguir adiante nesta proposta. É certo também que, de acordo com os resultados obtidos, professores com perfil construtivista são encontrados na rede pública desde a Educação Infantil. Isto não deixa de ser um avanço, pois, mesmo que não haja um consenso sobre qual método educacional é o mais adequado – e nem se pretende tal finalidade – já é possível considerar a dada proposta em questão em situação de maior igualdade de espaço na educação com as demais existentes. Por fim, a impressão é a de que ainda é preciso, por aqueles que assim optarem, ampliar a participação do Construtivismo em tudo o que for desenvolvido em se tratando de ensino e aprendizagem e não somente ações pontuais sem grande segurança neste método educacional.Para se crer em seu sucesso, é imprescindível conhece-lo e,para isso, saber suas bases teóricas. Daí aplicá-lo com a indispensável confiança requerida. Certamente, o Construtivismo não é para todos, mas pode ser para muitos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, Célia Silva Guimarães. Psicologia e construtivismo. São Paulo: Ática, 1996. BECKER, Fernando. A epistemologia do professor: O cotidiano da escola. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 2004. ______________. A origem do conhecimento e a aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, 2003. ______________. O que é construtivismo? Disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p087-093_c.pdf/> Acesso em: 10 mai 2010. CUNHA, Mª Auxiliadora Versiani. Didática fundamentada na teoria de Piaget: a nova metodologia que veio revolucionar o ensino. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense – Universitária, 1986. DEMO, Pedro. ABC: Iniciação à competência reconstrutiva do professor básico. Campinas, SP: Papirus, 1995. FERREIRO, Emília. Atualidade de Jean Piaget. Porto Alegre: Artmed, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. Coleção leitura, 37. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GOULART, Íris Barbosa (org.). A educação na perspectiva construtivista: Reflexões de uma equipe interdisciplinar. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. __________________. Psicologia da Educação: Fundamentos teóricos aplicações à prática pedagógica. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2003. LA TAILLE, Yves de. Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão. 7. ed. São Paulo: Summus, 1992. LAKATOS, Eva Mª; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2003. LIMA, Lauro de Oliveira. Piaget para principiantes. 5. ed. São Paulo: Summus, 1980. REVISTA EDUCAÇÃO E LINGUAGEM. Instituto Cuiabano de Educação (ICE). Cuiabá: KCM, ano 1, nº.1, jul/dez 2006. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 23. ed. revisada e atualizada. São Paulo: Editora Cortez, 2007. VALE, Maria Irene Pereira. As questões fundamentais da didática: Enfoque políticosocial construtivista. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1995. 14.4.5 Educação literária: o que é e como alcançar Renata Romero Ferraz Resumo O presente artigo visa definir educação literária e descrever alguns problemas que a afetam, bem como associar as práticas interdisciplinares na escola com a possibilidade de resgate do interesse, do hábito de leitura e, consequentemente, da cidadania, por parte das gerações futuras de estudantes da educação fundamental e do ensino médio. Palavras-chave: educação, leitura, cidadania. Fernando Pessoa começa seu livro A língua portuguesa, afirmando que ―a palavra falada é um fenômeno natural; a palavra escrita é um fenômeno cultural‖ (PESSOA, 1999, p. 19). Isso é provado com o fato de que o ser humano, em condições normais, aprende a falar de maneira natural e espontânea, apenas por meio da exposição a falantes e aos aspectos fonéticos do seu idioma. Por outro lado, o contato com a palavra escrita, a alfabetização, dá-se por meio artificial, pois a simples exposição a palavras escritas não faz com que um analfabeto leia. Para que isso aconteça, é preciso que o sujeito do aprendizado tenha a sua disposição ao menos alguém alfabetizado que lhe ensine. Por isso, salvo raras exceções, a humanidade aprende a falar em casa, com sua família e comunidade, para posteriormente, na escola, receber as primeiras letras e ser alfabetizado. No entanto, o simples fato de ter freqüentado o ensino básico e, portanto, ter aprendido a decodificar os signos lingüísticos do alfabeto, e assim ser capaz de ler um enunciado, não garante a formação de um leitor competente, ou seja, de um sujeito capaz de passar com sucesso por todos os níveis de leitura que, além da decodificação do código lingüístico, abrangem a compreensão e a interpretação do conteúdo lido. Segundo dados do Ibope, do ano de 20058, 68% dos alfabetizados com mais de 15 anos no Brasil, apesar de poderem decodificar palavras e frases, não possuem a capacidade de identificar as informações escritas, ainda que explícitas no texto, ou seja, são os chamados analfabetos funcionais, lêem mas não entendem as informações contidas na palavra escrita. Nesse contexto, conclui-se que, apesar das preocupações por parte das autoridades governamentais em erradicar o analfabetismo absoluto e promover a democratização da educação básica no país, estamos longe de se obter um nível satisfatório de educação literária. Mas, o que é educação literária? E como obtê-la? De acordo com Cyana Leahy-Dios (2000), a educação literária consiste no ―processo de ensinar e aprender literatura‖ (LEAHY-DIOS, 2000, p. 13), ou seja, na apreensão do conteúdo literário referente a uma cultura lingüística 8 Disponível em http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI659284-EI994,00.html. Acesso em 30/04/2011. como sendo parte do conteúdo de formação de um indivíduo dentro de uma sociedade. Portanto, ainda de acordo com Leahy-Dios, esse tipo de educação refere-se ―educar através da literatura, de forma a contribuir para a reflexão sobre a autonomia crítica de leitura9‖. Num processo de educação literária o objetivo a ser alcançado não é simplesmente a alfabetização ou a prática do ensino da literatura por meio da memorização mecânica de fatos históricos ou biográficos. Seu objetivo principal é o chamado letramento que, conforme Magda Soares, ―é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno10‖. No entanto, apesar da literatura ser disciplina escolar prevista nos PCN‘s, tanto para a educação básica, quanto para o ensino médio, no Brasil, são criadas seguidas gerações de pessoas que não têm qualquer hábito de leitura e engrossadas as estatísticas de analfabetismo funcional, pois quem não lê regularmente perde a capacidade de compreensão do texto lido. De acordo com Kleiman e Moraes (1999, p. 30), ―a leitura poderia ser caracterizada como uma atividade de integração de conhecimentos, contra a fragmentação‖, ou seja, toda a prática de aprender perpassa a atividade de leitura, pois sem ela não há aprendizado significativo, há uma forma mecanizadas de memorização de conceitos que pouco fazem sentido e nada tem de utilidade na formação do sujeito. Em ou palavras: ―a literatura é a mãe de todas as outras áreas de estudos11‖ (Roland Barthes apud LeahyDios). No entanto, dessa mecanização depreende-se um processo de artificialização da escola, ou seja, o estudante da educação básica sai da escola com a impressão de que aquilo que foi estudado não tem utilidade na vida real, ou seja, o que é visto na escola satisfaz apenas ao contexto interno, somente a própria escola. Assim, estuda-se para passar de ano, tirar notas 9 Disponível em http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/literatura/0002.html. Acesso em 01/05/2011. 10 Disponível em http://www.verzeri.org.br/artigos/003.pdf. Acesso em 01/05/2011. 11 Disponível em http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/literatura/0002.html. Acesso em 02/05/2011. boas e não para apreender o conteúdo de modo a desenvolver competências e habilidades aplicáveis ao indivíduo em todos os aspectos de sua vida. Todavia, existem práticas que podem resgatar o interesse pela leitura por parte dos estudantes. Essas práticas perpassam pela interdisciplinaridade, ou seja, tendência que, de acordo com Carlos, chegou ao Brasil na década de 60 e que consiste na ―interação entre as disciplinas ou áreas do saber‖12. Com isso, a literatura pode ser ensinada e aprendida de maneira integrada e em forma de suporte para o ensino das outras áreas do conhecimento, promovendo assim o resgate do interesse pela leitura e principalmente a formação da cidadania por meio da educação. Sendo assim, a literatura, sobretudo a leitura, deve ser trabalhada de forma constante e interdisciplinar, pois, todo professor, independente da disciplina que ministra, é também um professor de leitura, uma vez que a por trás leitura competente dos enunciados de qualquer natureza está a origem do conhecimento, da transformação da informação disponível em algo que construa sentido e que tenha função na mente daquele que está em formação. Além disso, a escolha dos temas e dos textos trabalhados em sala de aula deve ser pautada pela contextualização em relação à realidade vivida por todos os elementos envolvidos no processo de educação: a escola, o professor e o estudante. Lajolo afirma que ―ou o texto dá sentido ao mundo, ou ele não tem sentido nenhum‖ (LAJOLO, 2000, p.15), isto é, não se incentiva a leitura ou o interesse pela realidade que nos cerca por meio de um conteúdo aparentemente artificial ao processo de educação. Diante das práticas que mecanizam a leitura, Freire afirma que ―A insistência na quantidade de leituras sem o devido adentramento nos textos a serem compreendidos, e não mecanicamente memorizados, revela uma visão mágica da palavra escrita. Visão que urge ser superada‖ (FREIRE, 2009, p. 18), ou seja, ―A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele‖ (Idem, p. 11). E isso se revela quando professor e aluno trabalham juntos num 12 Disponível em http://vsites.unb.br/ppgec/dissertacoes/proposicoes/proposicao_jairocarlos.pdf. Acesso em 28/04/2011. processo de troca de conhecimento, inserido no ambiente e na cultura partilhados por eles. Dessa forma, pode-se garantir mais do que a apreensão de conteúdos, garante-se a formação de um ser humano. Enfim, leitura é componente essencial da cidadania. Referências bibliográficas CARLOS, Jairo Gonçalves. Interdisciplinaridade: o que é isso? http://vsites.unb.br/ppgec/dissertacoes/proposicoes/proposicao_jairocarlos.pdf. Acesso em 28/04/2011. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 50ª edição. São Paulo: Cortez, 2009. IBOPE. http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI659284-EI994,00.html. Acesso em 30/04/2011. KLEIMAN, Angela B. & MORAES, Silvia E. Leitura e interdisciplinaridade: tecendo redes nos projetos da escola. Campinas: Mercado das Letras, 1999. LEAHY-DIOS, Cyana. Educação literária como metáfora social. Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense, 2000. __________________. Educando pela leitura ou a educação literária pede passagem. http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/literatura/0002.html Acesso em 02/05/2011. LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 2000. PESSOA, Fernando. A língua portuguesa. São Paulo: Companhia das letras, 1999. SOARES,Magda. O que é letramento. http://www.verzeri.org.br/artigos/003.pdf. Acesso em 01/05/2011. 14.4.6 Livro Didático de Língua Portuguesa: Um Gênero do Discurso Lezinete Regina Lemes [email protected] RESUMO: Neste artigo, apresentamos uma releitura do livro didático de língua portuguesa como gênero do discurso. Este enunciado concreto é tomado como gênero por caracterizar-se como um objeto de discurso multifacetado (BUNZEN, 2005, 2007). Assim, para entendermos sua constituição, assumimos a teoria enunciativo-discursiva do Círculo de Bakhtin. Além disso, apresentamos o conceito de autoria, o qual é base para elucidar e compreender o livro didático enquanto gênero do discurso, com base em Padilha (2005). Introdução Batista & Rojo (2005), após um estudo sobre o estado da arte no que tange a pesquisas relacionadas ao livro didático (LD), chegaram a conclusão de que é necessário que a literatura escolar considere-o como um objeto de investigação, tendo em vista que ele envolve diferentes dimensões (econômicas, técnicas, sociais, políticas e educacionais) e não apenas ―um meio para o estudo de conteúdos e de metodologia de ensino‖ (BATISTA & ROJO, 2005, p. 43). Rangel (2001), em seu artigo Livro didático de Língua Portuguesa: o retorno do recalcado, cujo título é bastante sugestivo, considera importantes os novos olhares que têm sido dados ao LD. Segundo ele, houve um período em que o LD era visto como o ―responsável pelos insucessos da escola em relação a suas funções essenciais‖ (RANGEL, 2001, p.14). Outro pensamento a ser superado é o desprestígio que cerca os estudos sobre LD, apesar das mudanças ocorridas nas abordagens temáticas e do surgimento de linhas de pesquisas direcionadas para este objeto de investigação. Considerando as novas abordagens em relação a este ―utilitário da sala de 13 aula‖ , defendemos (LEMES, 2009) juntamente com outros pesquisadores (BUNZEN, 2005; BUNZEN & ROJO, 2005; PADILHA, 2005; BARROS-MENDES, 2005) que o livro didático de Língua Portuguesa é um gênero discursivo, cuja definição está embasada na teoria enunciativo-discursiva de Bakhtin e seu Círculo. A constituição autoral do gênero livro didático de Língua Portuguesa Bakhtin (1922-1924) postula que o todo de uma obra está relacionado à reação que esse todo suscita no autor, englobando tanto o objeto quanto a reação do herói ao objeto. Em virtude disso, o autor-criador assume diferentes perspectivas para seu herói. O que interessa ao autor-criador não é todo do homem, mas seus atos isolados que, em boa medida, nos permitem confrontá-los, uma vez que eles nos pertencem também. Assim, acreditamos que o livro didático de Língua Portuguesa (LDP) é um gênero discursivo por caracterizar-se como um objeto de discurso multifacetado (BUNZEN, 2005, 2007). Padilha (2005) acredita que, na elaboração de um livro didático, há três elementos que atuam de forma indissociável: o autor (autor-criador), o herói (objeto) e o ouvinte (contemplador). O primeiro elemento é caracterizado como sendo aquele responsável pelo desenvolvimento do projeto autoral, isto é, ―a seleção dos textos, os 13 Esta termologia pertence a uma das classificações postas por Alain Choppin (1922) para distinguir quatro tipos de livros escolares: “a) os manuais ou livros didáticos — utilitários da sala de aula, obras produzidas com o objetivo de auxiliar no ensino de uma determinada disciplina [...]; b) os livros paradidáticos ou paraescolares — obras complementares que têm por função resumir, intensificar ou aprofundar conteúdos específicos do currículo de uma disciplina [...]; c) os livros de referência — dicionários, atlas e gramáticas, destinados a servir de apoio aos aprendizados [...]; d) as edições escolares de clássicos — que reúnem, de modo integral ou sob a forma de excertos, as edições de obras clássicas [...]” apud Batista & Rojo (2005, pp. 14-15) [grifo dos autores]. recortes, as adaptações a formulação das atividades, a escolha teórico-metodológica, as diferentes propostas, o projeto gráfico‖ (PADILHA, 2005, p. 81). Seguindo esta linha de pensamento, Padilha (2005, p. 88) considera que o autor, assim, como no romance, insere outros gêneros, que servem, no caso do livro didático, ao propósito pedagógico, assim como cartas e outros gêneros inseridos no romance servem aos propósitos do enredo, da seqüencialização dos conteúdos, na narrativa extensa. O segundo elemento está relacionado aos objetos de ensino que serão escolhidos e didatizados. Caberá ao autor todo processo de didatização para os conteúdos selecionados por ele, segundo suas concepções de língua(gem) ou conforme outras interferências, a saber: os documentos oficiais, as práticas escolares já difundidas etc. A atuação do autor-criador, nesse momento, não é uma das tarefas mais fáceis, tendo em vista que ele deverá responder a um projeto discursivo autoral prédeterminado, o qual será materializado por meio dos objetos de ensino priorizados por ele, a sua didatização, as relações entre esses objetos com a concepção de ensino do autor e do que é difundido no cenário acadêmico. Esse jogo de forças sociais foi observado por nós durante nosso trabalho de pesquisa mestrado, em que há um embate entre o discurso da inovação e a visão tradicional no que se refere à didatização dos conteúdos gramaticais nos LDP (LEMES, 2009). E o último elemento, segundo Padilha (2005, p. 83), diz ―respeito às formas de estruturação das obras tendo em vista os seus leitores: os alunos e o professor, bem como outros interlocutores, como os avaliadores do PNLD‖. Esse ponto de vista é corroborado por Bunzen (2005, p. 42- 43), quando diz: [...] podemos afirmar que as formas que o LDP vai adquirindo, se levarmos em consideração a relação gênero/atividade humana, são resultantes das concepções sobre as atividades de ensino e aprendizagem formal e sobre seus agentes (professores e alunos). É uma relação dialógica que se instaura entre a seleção de objetos de ensino e sua apresentação, levando em consideração determinados interlocutores e determinadas concepções de ensino-aprendizagem. Com base nessa constituição autoral, apresentamos, na próxima seção, algumas considerações para caracterizar o livro didático de Língua Portuguesa como gênero do discurso. O gênero livro didático de Língua Portuguesa Bunzen (2005) assume que o LDP é um gênero que pertence a determinadas esferas da atividade humana, circunscritas a um momento sócio-histórico, nesse caso, a relação das editoras com as escolas. O gênero LDP procura, na medida do possível, ―refletir as condições específicas e as finalidades de cada uma das suas esferas de origem e de circulação‖ (BUNZEN, 2005, p. 27). Bunzen & Rojo (2005, p. 86), ao argumentarem que LDP é um gênero discursivo, afirmam que ele possui unidade discursiva, autoria e estilo, proporcionada via fluxos e alinhamentos do discurso autoral, responsável pela articulação de textos e gêneros diversos e que tal processo indicia muito mais a produção de enunciados em um gênero do discurso do que um conjunto de textos num suporte, sem um alinhamento específico, sem estilo e sem autoria [grifo dos autores]. Para Barros-Mendes (2005, p. 26), o LDP está constituído por ―diferentes discursos e espaços discursivos imbricados em seus campos de produção e de circulação.‖ Aceitamos este posicionamento da pesquisadora, por entendermos, também, que o LDP assume discursos de outras esferas (jornalística, acadêmica, científica, escolar etc.) os quais estarão presentes durante a produção e posterior circulação. Um exemplo é a consideração dos gêneros discursivos como objeto de ensino, pois a intenção é, na medida do possível, trabalhar a língua materna na perspectiva dos gêneros. Esse propósito está de acordo com os documentos oficiais, que acabam por homologar essa prática de ensino nos LDP. Com base nesses pesquisadores, reafirmamos também que o livro didático de Língua Portuguesa é um gênero discursivo presente em diferentes instâncias públicas (esfera editorial, oficial, escolar) em que os três elementos constitutivos do gênero se fazem presentes. Quando Bakhtin(1952-53/1979) nos apresenta o tripé que constitui os gêneros do discurso, ele afirma, categoricamente, que a forma composicional é o primeiro elemento identificado em um gênero. Assim, podemos dizer as divisões que o LDP apresenta configura sua estrutura composicional: capa, ficha catalográfica, sumário, unidades, seções, teoria, exercícios etc. Já o conteúdo temático são os objetos de ensino selecionados para as aulas de língua materna, isso é, a transmissão, explicação e a produção de conhecimentos e saberes, os quais recebem uma determinada apreciação valorativa14 dependendo da concepção de língua(gem) dos autores. Em relação ao estilo, dividimo-lo em estilo do gênero e estilo do autor. Este é reconhecido pela configuração dada pelo autor ao seu LDP, o qual individualizará sua produção. Por exemplo, um LDP destinado ao Ensino Médio, dependendo do estilo individual de cada autoria, possui uma configuração diferenciada, em que o autor pode abordar os objetos de ensino por meio de unidades temáticas, temas transversais, gramaticais, em relação à prática de leitura e produção de texto na perspectiva dos gêneros discursivos e/ou textuais. E o estilo do gênero permite que um enunciado concreto torne-se único, apresentando um estilo próprio, que o diferenciará de outros gêneros. Por exemplo, o LD ―tem uma finalidade didática de ensinar, instruir, conduzir‖, o que justifica a existência de ―ordens, instruções, explicações, exposições‖ no LDP (BUNZEN & ROJO, 2005, p. 90), ou seja, é o estilo didático do gênero, que pode ser transmissivo, dedutivo, indutivo, construtivo, informativo ou injuntivo. Sendo assim, os autores têm um projeto discursivo autoral e, juntamente com outros agentes das situações mais próximas (editores, revisores, diagramadores, leitores críticos etc.) e mais amplas (especialistas do MEC, professores, oalunos etc.), que estão igualmente, porém de forma indireta, envolvidos em sua elaboração, determinarão o processo de edição, seleção, negociação dos objetos de ensino e de distribuição destes objetos ao longo do livro, determinando a configuração das unidades didáticas15. No bojo dessa caracterização do LDP com gênero discursivo, é possível, ainda, fazer analogia entre LDP e o romance dado esta fala de Bakhtin que nos fala da importância dos parceiros da comunicação (destinatários) na interação verbal numa dada esfera: Todas essas modalidades e concepções do destinatário são determinadas pelo campo da atividade humana e da vida a que tal enunciado se refere. A quem se destina o enunciado, como o falante (ou que escreve) percebe e representa para si os seus destinatários, 14 Reafirmamos o pensamento de Bakhtin/Volochinov (1929), quando diz que há apreciação valorativa em qualquer produção. Isso é perceptível no projeto autoral dos livros didáticos. Cada autor tem seu estilo e acredita numa concepção de ensino e aprendizagem de língua materna. 15 Entendem-se por unidades didáticas os capítulos ou lições que compõem o livro (CARBONE, 2003 apud BUNZEN, 2005, p. 27. qual é a força e a influência do enunciado — disto dependem tanto a composição quanto, particularmente, o estilo do enunciado. Cada gênero do discurso em cada campo da comunicação discursiva tem a sua concepção típica de destinatário que o determina como gênero (BAKHTIN, [1952-53/1979]2003, p. 301) [grifo nosso]. Essa analogia é possível porque percebermos que os autores de LDP orquestram diferentes vozes, buscando estabelecer conexão entre elas. Assim como o autor do romance, eles procuram deixar que seu discurso seja notado, como também os discursos dos documentos oficiais, dos pareceristas do MEC, dos professores, numa clara demonstração de que esses discursos configuram sua composição. O LDP, semelhantemente ao romance, possui uma formação híbrida, isso é, em sua composição, o autor recorre a diferentes gêneros pertencentes a diversas esferas para constituir o gênero LDP — esse enunciado concreto é resultado das Antologias, das Gramáticas e das aulas de Língua Portuguesa (BUNZEN, 2005). Nessa orquestração, o autor, como um maestro, deverá organizar e conduzir, coerentemente, os diferentes tipos de linguagens pertencentes a esses gêneros que configuram o LDP. Este hibridismo está relacionado ao conceito de plurilinguismo de Bakhtin (1934-35/1975). Segundo o pensador russo ([1934-35]2002, p. 73), ―o romance, tomado como um conjunto, caracteriza-se como um fenômeno pluriestilístico, plurilíngue e plurivocal‖. Essa caracterização do romance pode ser tomada para o LDP. Este, assim como o romance, ―é uma combinação de estilos‖ ([1934-35]2002, p.74). Nessa combinação, cada autor será reconhecido pelo tratamento didático dado ao seu livro. A questão do pluriestilístico está relacionada a uma rede textual multimodal16 que configura o livro didático. Observando atentamente um LDP, notamos que a multimodalidade17está presente em todo o livro. Podemos pensar essa questão pelo aspecto gráfico. O aspecto gráfico do livro é um exemplo pertinente para mostrarmos essa questão da multimodalidade associada ao pluriestilístico. Em um mesmo LDP, 16 Essa designação para o LDP foi dada por Bunzen (2007, p. 84) que considera a multimodalidade característica essencial do gênero LDP. 17 Segundo Descardesi, multimodalidade deve ser compreendida assim: “qualquer que seja o texto escrito, ele é multimodal, isto é, composto por mais de um modo de representação. Em uma página, além do código escrito, outras formas de representação como a diagramação da página (layout), a cor e a qualidade do papel, o formato e a cor (ou cores) das letras, a formatação do parágrafo, etc. interferem na mensagem a ser comunicada. Decorre desse postulado teórico que nenhum sinal ou código pode ser entendido ou estudado com sucesso em isolamento, uma vez que se complementam na composição da mensagem” (DECARDESI, 2002, p. 20) apud FERREIRA & BORTOLUZZI (2007, p. 1102). encontramos uma variedade de estilos em relação à disposição gráfica dos objetos de ensino. Isso pode ter como justificativa o objeto de ensino daquela unidade. Os exemplos a seguir pertencem à seção denominada Para compreender o funcionamento da língua. Os objetos de ensino dessa seção são Verbo – Modo Imperativo e Predicativo do Objeto. CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Português: linguagens. v. único. São Paulo: Atual, 2003, p. 156. CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Português: linguagens. v. único. São Paulo: Atual, 2003, p. 272. Os objetos de ensino apresentados anteriormente recebem quase o mesmo tratamento didático. Primeiramente, coloca-se um texto para ser explorado a fim de evidenciar o conteúdo gramatical da seção, neste caso, são tira e quadrinhos. A exploração dos conteúdos dá-se por meio de questões, em que se busca um olhar reflexivo para os fatos linguísticos dos textos. Num segundo momento, inicia-se a conceituação teórica. Outro dado relevante são as cores empregadas, uso de setas para evidenciar a explicação dada pelos autores, caixas de textos para enfatizar o assunto da unidade didática. No primeiro exemplo, colocou-se um boxe explicativo ao lado das questões, cujo objetivo é estabelecer conexão com o conteúdo da seção. Cada gênero transposto para o LDP funciona como objeto de ensino. Nessa transposição, há alteração do contexto social em que um determinado gênero circulou, mas, em relação ao uso da língua, existem algumas didatizações que alteram esse uso, por meio da reescritura do texto, a fim de trabalhar a norma, e há outras que usam gênero/texto qualquer para ser usado como modelo a ser seguido ou não. Um exemplo é o estudo das variantes linguísticas. Seu estudo objetiva que os alunos tenham noção da diversidade de registro linguístico que ocorre em seu país como também tenham uma atitude responsiva positiva para esse fato linguístico e não teçam comentários preconceituosos. E o LDP tem permitido ao aluno acesso a diferentes gêneros em que o uso da linguagem sofre consideráveis mudanças, em virtude do contexto sócio-histórico de produção. Isso evidencia que o livro didático é plurilíngue. Aliás, os programas de avaliação de LDP preveem que haja diversidade linguística e que seja didatizada, para que diferentes contextos culturais, como o regional, o urbano, o rural etc. sejam trabalhados, a fim de que haja apresentação de textos com variáveis registros e variantes linguísticas e, assim, os alunos tenham contato com diferentes usos da língua, em contextos diversos. Se o LDP expuser essa variedade, a coletânea terá avaliação positiva dos pareceristas. Em relação ao plurivocal, percebemos que o Manual do Professor é um material didático que deve ser mais bem estudado. Nele, encontramos diferentes vozes com as quais o livro do professor dialoga. No exemplo a seguir, há outra voz que perpassa a do autor: Desse modo, ensinar português é, fundamentalmente, oferecer aos/às alunos/as a oportunidade de amadurecer e ampliar o domínio que eles/elas já têm das práticas de linguagem. Em língua materna, a escola, obviamente, nunca parte do zero: os/as alunos/as têm uma experiência acumulada de práticas de fala e de escrita. Cabe-nos, no entanto, criar condições para que esse domínio dê um salto de qualidade, tornando-se mais maduro e mais amplo. (FARACO, 2003, p. 5) [grifo nosso]. O trabalho discursivo realizado anteriormente coaduna com as orientações postuladas pelo edital de convocação para seleção de livros didáticos. Nesse sentido, incumbe ao Ensino Médio — assim como ao livro a ele destinado: - retomar, ampliar e aprofundar a aprendizagem desenvolvida pelo aluno nas etapas anteriores de sua formação, garantindo-lhe as condições intelectuais de prosseguimento nos estudos; - contribuir para o desenvolvimento ético, humano e social do educando, preparando-o para a vida numa sociedade complexa, marcada pela transformação nos padrões de convivência e por graves tensões sociais geradas por persistentes desigualdades, no que diz respeito ao acesso a serviços e a bens materiais e culturais. (FNDE, 2003, pp.11-12) [grifo nosso] Observando as marcas linguísticas do texto do autor e do edital, notamos que o trabalho discursivo do autor é resultado da interpelação do documental oficial. O autor revozeia o discurso do documento a fim de que seu livro possa ser aceito. O sentido é construído segundo as condições de produção ditadas por outras vozes que se fazem superiores neste momento sócio-histórico-ideológico. Dessa forma, o enunciado posto no Manual espera, por parte dos seus interlocutores, uma atitude responsiva, evidenciando que o autor não escreve sozinho, porque ele se constitui nas relações sociais, em que o outro é parte constitutiva de suas ações. Diante dessas considerações acerca da hibridização, da questão do pluriestilístico, do plurilíngue e do plurivocal, Bunzen (2005, p. 44) defende que o LDP é um gênero nos seguintes termos: Esta reflexão parece indicar que a grande questão para Bakhtin não é a problemática da "transmutação" dos gêneros, como sugere Marcuschi (2003), mas do processo de produção de um enunciado num gênero do discurso que pode perfeitamente trazer para o seu interior textos em outros gêneros, outras vozes discursivas. Em outras palavras: estamos diante de uma discussão sobre a representação declarada ou não do discurso de outrem que deve ser vista como um procedimento normal também no discurso cotidiano (Brait, 1994) e didático. [...] Fato que nos fez compreender a própria estrutura composicional desse gênero do discurso como multimodal/ imbricada/ múltipla, uma vez que ela é composta por uma rede em que os textos/enunciados concretos produzidos pelos autores dos livros didáticos dialogam com outros textos em gêneros diversos e com textos não-verbais (imagens, ilustrações, etc.), com a finalidade principal de ensinar determinados objetos. É justamente o encaixamento/ a intercalação de textos em gêneros diversos e imagens com o texto didático produzido pelos autores que lhe dá um alinhamento, uma unidade enunciativo-discursiva e que nos possibilita vê-lo como um gênero do discurso. [grifo nosso] Acreditamos que essas considerações de Bunzen são contundentes e nos fazem olhar o livro didático de outra forma, pois nele encontramos diversos gêneros, os quais foram selecionados para uma determinada função, seja para exemplificar, para propor atividades de leitura, de gramática. Esse todo heterogêneo configura o LDP enquanto gênero discursivo. Considerações Finais O Livro Didático de Língua Portuguesa constitui-se enquanto gênero, testemunhando as mudanças sofridas no ensino de língua materna, por conta das variadas concepções de língua(gem) que norteiam o cenário educacional de nosso país. Ao afirmarmos isso, estamos partindo do pressuposto de que os autores de livros didáticos, na medida do possível, estão redefinindo seus objetos de ensino a fim de estabelecer diálogo mais estreito com as atuais concepções de ensino-aprendizagem em relação à língua(gem) como também negando outras com as quais trabalhavam. Para Bunzen (2005, p. 37), enfocar o LDP como um gênero do discurso significa dar relevo à sua própria historicidade, ou seja, compreendê-lo não como um conjunto de agregados de propriedades sincrônicas fixas, mas observar suas contínuas transformações que tem uma forte relação com o próprio dinamismo das atividades humanas. Assim, o LDP é um gênero discursivo tendo em vista que mantém diálogo com diferentes interlocutores como também ressoa vozes não apenas dos interlocutores mais imediatos como também de outros momentos. Bakhtin/Medvedev (1928) dizem, em relação ao romance, que o meio externo é, ao mesmo tempo, interno e externo à obra literária. Segundos os pensadores russos, essa interação da obra com o meio social acaba por refletir e refratar o meio ideológico do qual faz parte. E, de forma análoga, podemos pensar que o LDP também passa por essa situação, embora saibamos que há diferenças quanto às proposições e valores de uma obra artística e de uma obra didática. A obra didática está inscrita na esfera editorial e, ao mesmo tempo, na esfera oficial e escolar18i. Em cada uma dessas esferas, notamos que o LDP não sofre transmutação como sofre um romance, isto porque o livro didático deve seguir certos parâmetros para estabelecer e manter contato com as esferas sociais com as quais pretende dialogar. Esta ligação estreita com as esferas acaba delimitando e configurando o gênero LDP com seus interlocutores, pois é um enunciado concreto, pleno de eco e de ressonâncias provenientes da esfera oficial (PCN, PCN+, PCNEM, PNLEM, OCEM, LDB, DCNEM). Todos esses enunciados estão subjacentes ao todo do enunciado do LDP, configurando sua tríade (forma composicional, estilo, tema). Em virtude desse movimento dialógico, o LDP é um gênero escolar, porque assume uma função social de ―re(apresentar) para cada geração de professores e estudantes o que é oficialmente reconhecido, autorizado como forma de conhecimento sobre a língua(gem) e sobre as formas de ensino-aprendizagem‖ (BUNZEN, 2005, p. 27) Referências Bibliográficas BAKHTIN, M. M. (1952-53/1979). Os gêneros do discurso. In: _____. Estética da criação verbal. Traduzido por Paulo Bezerra. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. BAKHTIN, M. M.(1934-1935). O discurso Literatura e Estética (A Teoria do Romance) . et al. São Paulo: Editora da UNESP, 2002. 18 no romance. In:_____ . Questões de Traduzido por Aurora Fornoni Bernadini Entendemos por esfera Editorial o lugar de produção do livro didático, por Oficial, os agentes envolvidos na avaliação do livro (pareceristas do MEC) e por Escolar, os interlocutores do livro didático — professor e alunos. _______.(1922-1924). O autor e o herói. In:_____ (1979). 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