Projeto Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil Relatório de Pesquisa 03 Caracterização, Análise e Sugestões para Adensamento das Políticas de Apoio a APLs Implementadas: O caso do Estado Mato Grosso do Sul UFSC Departamento de Economia www.redesist.ie.ufrj.br www.politicaapls.redesist.ie.ufrj.br Projeto Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil CARACTERIZAÇÃO, ANÁLISE E SUGESTÕES PARA ADENSAMENTO DAS POLÍTICAS DE APOIO A APLS IMPLEMENTADAS NO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL Relatório de Pesquisa 03 Equipe Estadual Coordenação: Cleonice Alexandre Le Bourlegat Pesquisadores: Emerson Alan Baptista Vargas Michel Ângelo Constantino de Oliveira Assistente de Pesquisa: Cláudia de Matos Fernandes Danielle Guimarães Silva Fabiano Dotto Maristela de Oliveira França Graduandos: Edir Monteiro Lejanoski Rogério Espinosa Ramos Colaboradores: André Joseph Le Bourlegat Marcilio Moreira Rodrigo Maia Mato Grosso do Sul Equipe de Coordenação do Projeto / RedeSist Coordenador: Renato Ramos Campos Marco Vargas Fabio Stallivieri Pablo Bittencourt SUMARIO Introdução .................................................................................................................. 8 Capitulo 1 Estrutura de apoio e as políticas para APL’s no estado....................... 11 Capitulo 2 O conceito de APL utilizado para orientar as políticas e conseqüências na implementação das políticas:a inclusão e exclusão de PLS................ 42 Capitulo 3 Análise das políticas:Objeto, foco e instrumentos da política .................. 94 Capitulo 4 Anexos Referencias Considerações finais ...................................................................... 198 ……………………………………………...…………………………………… …………………………………………………...……………………………… 206 TABELAS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Evolução da População Estadual………………………………………………………………….… Balança Comercial Interestadual de Mato Grosso do Sul – 2006 ............... Tabela 3 - Balança Comercial Inter regional de Mato Grosso do Sul – 2006 ............................................................................................................ Balança Comercial Interestadual e por Região e Exterior de Mato Grosso do Sul – 2006 ............................................................................................... Origem das Entradas setoriais segundo a intensidade dos fatores de produção em 2006 ...................................................................................... Destino das Saídas setoriais segundo intensidade dos fatores de produção em 2006 ....................................................................................... .Destino das Saídas setoriais segundo a intensidade dos fatores de produção (síntese) -2006........................................................................... .. Destino das Entradas setoriais segundo a intensidade dos fatores de produção (síntese) -2006............................................................................. Destino das Compras setoriais segundo a natureza da atividade econômica-2006. 10 Destino das Vendas setoriais segundo a natureza da atividade econômica -2006 . 102 130 123 124 130 133 134 134 137 142 11 Entradas, Saídas e Saldo Comercial dos Principais Segmentos Compradores e Vendedores das Atividades Agrícolas e Agroindustriais -2006 ................................ 145 12 Balança Comercial das principais Atividades Industriais – 2006 ................. 146 13 Balança Comercial das principais Atividades de Serviços -2006 ................ 147 14 Principais produtos de importação de MS -2006 ......................................... 149 15 Principais produtos de exportação de MS em 2006 .................................... 156 16 Balança Comercial de Mato Grosso do Sul com outros países – MS ......... 164 17 Balança Comercial entre MS e os Blocos Econômicos .............................. 165 18 Participação dos Municípios no Fluxo de Exportação e Importação em Mato Grosso do Sul – 2006 ......................................................................... 167 19 Valor das Saídas dos APLs objetos de políticas- 2006 ............................... 190 20 Valor das entradas dos APLs objetos de políticas- 2006 ............................ 191 MAPAS 01 Mato Grosso do Sul na Faixa de Fronteira do Centro-Oeste do Brasil ................ 29 02 Mato Grosso do Sul na Bacia do Prata ................................................................ 30 03 Eixos Nacionais de Desenvolvimento e Integração ............................................. 33 04 Projetos estruturantes de produção para o Mato Grosso do Sul ........................ 34 05 Poliduto ligando Cuiabá ao porto de Paranaguá ................................................. 36 06 Trajeto da Ferrovia Novoeste ............................................................................... 37 07 Municípios inseridos nos APLS identificados e apoiados pelo NE- PL/MS ......... 77 08 Municípios atingidos pelos projetos DRS do Banco do Brasil – 2009 ................. 81 09 Fluxos de Saída e Entrada de Mato Grosso do Sul em relação aos Estados do Brasil – 2006 ............................................................................................. .......... 125 10 Importação de MS dos principais países de outros continentes – 2006 .......................... 151 11 Importação de Mato Grosso do Sul dos Países da América do Sul -2006 ...................... 151 12 Exportação de MS para principais países de outros continentes – 2006 ......................... 159 13 Exportação de Mato Grosso do Sul aos Países da América do Sul – 2006 .................... 160 14 APL de Leite Glória de Dourados ......................................................................... 172 15 APL de Mandioca e Fécula do Vale do Ivinhema ................................................ 176 16 APL de Confecções de Campo Grande e de Três Lagoas ............................................... 181 17 APL de Madeira e Móveis .................................................................................... 185 18 APL Cerâmico Terra Cozida do Pantanal ............................................................ 188 GRÁFICOS 1 Balança Comercial Interestadual de MS – 2006 ........................................... 122 2 Balança Comercial Inter regional de MS -2006 ............................................... 123 3 Saídas por Intensidade de fatores -2006 ......................................................... 134 4 Entradas por Intensidade de fatores -2006 .................................................... 134 5 Compras do Estado por Setor -2006 ................................................................ 141 6 Vendas do Estado por Setor – 2006 ................................................................ 141 7 Entradas e Saídas Interestaduais nas Atividades Agrícolas e Agroindustriais de MS- 2006 ...................................................................................................... 143 8 Entradas e Saídas Internacionais nas Atividades Agrícolas e Agroindustriais de MS -2006 ...................................................................................................... 143 9 Balança Comercial por Setores de Atividades -2006 ........................................ 147 10 Principais Países de Origem das Compras de Mato Grosso do Sul – MS ....... 150 11 Municípios importadores de MS (com Corumbá) -2006 .................................... 153 12 Municípios Importadores de Mato Grosso do Sul -2006 ................................... 154 13 Evolução das Importações em Mato Grosso do Sul ......................................... 155 14 Principais produtos de exportação de MS em 2006 .......................................... 157 15 Principais Países de Destino das Vendas feitas em MS -2006 ........................ 158 16 Municípios Exportadores de Mato Grosso do Sul – 2006 ................................. 161 17 Evolução da Importação e exportação de MS .................................................. 162 18 Principais Parceiros Internacionais no Comércio Corrente ............................... 163 19 Produção de Leite dos Municípios do APL de Glória de Dourados – 2006 ...... 173 20 Consumo de Carvão Vegetal em Mato Grosso do Sul ..................................... 183 QUADROS 01 02 03 04 05 06 07 Sindicatos integrantes da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul............................................................................................ APLs identificados para apoio governamental sob a coordenação da AGRAES................................................................................................... APLs identificados para apoio governamental sob a coordenação da EMBRAPA Gado de Corte ...................................................................... APLs identificados para apoio governamental sob a coordenação do Sistema FIEMS ....................................................................................... APLs identificados para apoio governamental sob a coordenação de Universidades .......................................................................................... APLs da Rede de Cooperação de APLs do CODESUL .......................... 23 63 64 65 66 68 10 APLs identificados para apoio governamental do setor industrial sob a coordenação do Sebrae-MS..................................................................... APLs identificados para apoio governamental do setor agrícola e agroindustrial sob a coordenação do Sebrae-MS ................................... APLs identificados para apoio governamental do setor turístico e do artesanato sob a coordenação do Sebrae-MS......................................... Planos de Negócio da Estratégia DRS em Mato Grosso do Sul ............ 75 82/83 11 APLs identificados e não apoiados por políticas públicas ...................... 84/85 12 APLs não identificados em Mato Grosso do Sul ...................................... 88/93 08 09 72 73/74 INTRODUÇÃO A presente pesquisa, no seu conjunto, teve como foco a análise do mapeamento e das políticas de APL’s no Estado de Mato Grosso do Sul, como parte de um projeto mais amplo e que abrangeu os Estados das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O conceito de APL foi o norteador deste projeto, abordado numa visão sistêmica como unidades territoriais locais, constituídas de um conjunto de atores econômicos, políticos e sociais que mantém interações - sejam estas tênues ou consolidadas – no desenvolvimento de atividades correlatas. Estão aí incluídos tanto os produtores de bens e de serviços finais, como os fornecedores de matérias-primas, equipamentos e outros insumos, ou então empresas distribuidoras e comercializadoras. Ainda se inserem os trabalhadores, consumidores e organizações voltadas à formação e treinamento de recursos humanos, informação, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, como também organizações de apoio, regulação e financiamento, oiu então as cooperativas, associações, sindicatos e demais órgãos de representação. Portanto, os Arranjos Produtivos e Inovativos Locais representaram o quadro de referências de base, a partir do qual se buscou compreender os processos de geração, difusão e uso de conhecimentos e da dinâmica produtiva e inovativa. Nesse caso, também a produção e a inovação foram abordadas como processos sistêmicos, fruto da interação dos distintos atores envolvidos e suas competências. Nessa abordagem procurou-se abranger atores e atividades produtivas e inovativas de diferentes portes e funções, originários dos vários setores, que interagem com distintas dinâmicas e trajetórias, desde as mais intensivas em conhecimentos até aquelas que utilizam conhecimentos endógenos ou tradicionais, atores esses que podem operar em escala local, nacional ou internacional. Ao mesmo tempo em que se mapeou as unidades de APLs identificados e apoiados no Estado, aguçou-se o olhar para inventariar APLs também aqueles não incluídos nessa listagem – nos “vazios” de APLs - desse modo, procurando enriquecer esse mapeamento e, sempre que 8 possível, levando-se em conta a rica diversidade social, econômica, cultural e ambiental existente no estado. O presente relatório, mais especificamente, teve como objetivo a realização de uma análise crítica das políticas implementadas em Mato Grosso do Sul, bem como a proposição de sugestões de novas políticas de apoio a APLs e de desenvolvimento regional para esse Estado. As políticas estaduais para APLs implementadas pelas instituições públicas e privadas foram, portanto, sistematizadas, avaliadas e analisadas, observando-se duas ações específicas: 1. Análise da estrutura de apoio a APLs e das políticas implementadas no estado ressaltando os responsáveis pelo apoio, principais ações, prioridades, estratégias, abrangência, instrumentos, complementaridade, superposições e conflitos nas mesmas. 2.Sistematização das políticas públicas e privadas para APLs levantadas em fase anterior, complementada por novos levantamentos, atualização de informações secundárias e realização de entrevistas com os responsáveis nos organismos de apoio a APLs dos estados. As informações levantadas nos relatórios 1 e 2 foram consideradas insumos básicos para o desenvolvimento desta etapa, que implicou numa análise qualitativa mais abrangente destas informações iniciais associadas a outras complementadas nesta etapa. Desse modo, na consecução dessa etapa de análise crítica, procurou-se na sistematização das políticas públicas e privadas para APLs, de um lado, proceder à recuperação das informações apresentadas no primeiro relatório destacando os organismos de apoio e as políticas implementadas para APLs. De outro lado, buscou-se realizar entrevistas com os responsáveis nos organismos de apoio aos APLs, para a caracterização avaliação e análise das políticas implementadas. No tocante à análise da estrutura de apoio a APLs e das políticas implementadas no estado, houve a análise da aderência e efetividade das políticas implementadas e a verificação e análise das prioridades, estratégias, abrangência, instrumentos, formas de apoio, complementaridade, superposições e conflitos das políticas e dos organismos de apoio a APLs no Estado. Foi fundamental, nesse caso, verificar se os conceitos e políticas implementadas pelas organizações de apoio estavam em conformidade com o foco analítico e metodológico de Arranjos Produtivos e Inovativos Locais utilizados pelo projeto. Houve ainda o cuidado de 9 explicitar possíveis discrepâncias entre o conceito adotado e a prática utilizada pelas organizações que formulam políticas de APLs no Estado, como também destacar a “aderência” do conceito utilizado pelas organizações em suas práticas de identificação e implementação de políticas. 10 Capítulo 01 Estrutura de Apoio e as Políticas para Apl’s no Estado O presente capítulo teve como objetivo apresentar a estrutura institucional e as políticas existentes em Mato Grosso do Sul na formulação das políticas de APLs. Nesse sentido, procurou-se, de um lado, caracterizar os órgãos que realizam políticas para APLs no Estado e as políticas por eles implementadas recentemente. E, de outro, buscou-se definir a política oficial do governo do estado e seu papel enquanto protagonista de políticas para APLs e articulador da ação de órgãos de outras esferas de governo. 1.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ÓRGÃOS QUE REALIZAM POLÍTICAS PARA APLS EM MATO GROSSO DO SUL E DAS POLÍTICAS POR ELES IMPLEMENTADAS No contexto histórico e territorial em que emergiram as políticas de Arranjos Produtivos Locais em Mato Grosso do Sul, destacam-se duas organizações: (01) o Sebrae-MS, organização precursora dos projetos de APL em Mato Grosso do Sul; (02) o Núcleo Estadual de Apoio aos APLs (NE-APLS/MS), inserido na estrutura da “Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo (SEPROTUR); (03) o Banco do Brasil S/A.. Por meio da execução dessas políticas, esses três organismos vêm congregando parceiros, tanto do segmento governamental, como do privado. E, no caso do governo, além de organizações na liderança de projetos de APLs que buscam acesso a recursos federais, tem sido comum a indicação de organizações com representação no referido núcleo, para coordenar a execução do Plano de Desenvolvimento de Arranjo Produtivo Local solicitado no GTP-APLs. Nesse caso de função coordenadora de APL na execução da política junto do NE-APL/MS, estão incluídas organizações como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Mato Grosso do Sul (SENAI/MS), a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (AGRAER), a 11 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Católica Dom Bosco, Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (UNIDERP). 1.1.1 Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/MS) O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) tem suas origens dentro do BNDE (atual BNDES), em 1960, quando surgiu o Grupo Executivo de Assistência à Média e Pequena Empresa (GEAMPE), para elaborar o plano de amparo à média e pequena empresa industrial, com vistas à melhoria de produtividade e fortalecimento de sua estrutura econômico-financeira, embora o decretoque o criou não tenha saído do papel. Em 1964, o BNDE criou, como ação complementar, o Programa de Financiamento à Pequena e Média Empresa (FIPEME), para ser um instrumento de apoio ao crédito ao empresariado de pequeno e médio porte. O programa formava junto com a FUNTEC (atual FINEP) o Departamento de Operações Especiais do BNDE (atual BNDES), no qual se montara um sistema de apoio gerencial à micro e pequenas empresas. Em 1972, esse departamento se transformou no o Centro Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena Empresa (CEBRAE), integrado à estrutura do Ministério do Planejamento e operava programas específicos para as pequenas e médias empresas.A partir de 1982,com a força de atuação e reivindicação dos empresários junto ao governo, o CEBRAE passou a atuar mais politicamente junto às micro, pequenas e médias empresas e como canal de ligação entre os pequenos negócios e os demais órgãos governamentais. Entre 1985 a 1990, o CEBRAE enfrentou uma operação desmonte e foi inserido na estrutura do Ministério da Indústria e Comércio. Em 1990, o CEBRAE acabou se transformando em Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Essa nova instituição deixava de pertencer à administração pública para se transformar em serviço social autônomo, mas como sociedade civil sem fins lucrativos. Embora opere em sintonia com o setor público, não se vincula à estrutura pública federal. As Receitas são provenientes de Contribuição Social. 12 Entretanto, sua vinculação ao processo de desenvolvimento continuou, competindo ao Sebrae planejar, coordenar e orientar programas técnicos, projetos e atividades de apoio às micro e pequenas empresas, em conformidade com as políticas nacionais de desenvolvimento. Atualmente, o SEBRAE está organizado sob o formato de "sistema" e tem atuação de caráter nacional. É composto por uma unidade central coordenadora (SEBRAE Nacional) e por unidades vinculadas em todos os Estados e no Distrito Federal, além de estruturas de atendimento existentes em várias cidades do interior (escritórios técnicos). Constitui um sistema de ampla capilaridade, com aproximadamente 600 pontos de atendimento, do extremo Norte ao extremo Sul do País. Seu órgão máximo de orientação é o Conselho Deliberativo do SEBRAE, composto por uma maioria de representação pertencente ao setor produtivo - industrial, comercial, agrícola e de serviços - áreas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, a instituições financeiras e de fomento que operam linhas de crédito adequadas ao atendimento das necessidades do segmento. A ligação do colegiado com o Governo Federal ocorre por meio de um conselheiro indicado pela Secretaria Nacional de Economia, do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento. Os SEBRAEs Estaduais também são orientados por um Conselho Deliberativo. Sua estrutura se inspira naquela do organismo nacional. E de cada um deles faz parte, ainda, um representante do próprio SEBRAE Nacional. Desse modo, as unidades existentes nos Estados e no Distrito Federal possuem personalidade jurídica própria, mas desenvolvem o mesmo tipo de atendimento indicado a partir da orientação do Conselho Deliberativo Nacional. Em Mato Grosso do Sul, o Sebrae funciona com uma estrutura formada por uma diretoria executiva - constituída por Diretoria Superintendente, diretor de operações e diretoria técnica – um Conselho Deliberativo e um Conselho Fiscal. Do Conselho Deliberativo fazem parte Federação das Indústrias do Estado de MS, Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso Sul, Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil S/A, Associação das Microempresas do Estado de MS, Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo, Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e 13 Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Federação do Comércio do Estado de Nato Grosso do Sul. Integram o Conselho Fiscal a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil S/A e a Federação do Comércio do Estado de Mato Grosso do Sul. Em 2009, o Sebrae/MS operou no Estado com 130 funcionários, destinando ao trabalho com APLs 10 funcionários e 06 consultores terceirizados, números esses que correspondem aos APLs coordenados e também aos apoiados pelo SEBRAE MS.As principais formas de operação desses técnicos têm sido coordenação, articulação, apoio institucional, técnico e financeiro. O Sebrae nacional tornou-se conhecida pelas ações realizadas junto aos poderes constituídos, buscando medidas de favorecimento ao desenvolvimento das micro e pequenas empresas. Devese realçar aqui seu empenho na aprovação pelo Congresso Nacional, do Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, que atribui tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido previsto na Constituição Federal (Lei 9841/99). Em 2008, começaram a valer as mudanças da Lei Complementar nº 128/2008, que institui a figura do Microempreendedor Individual (MEI), com o intuito de tirar da informalidade uma dezena de milhões de trabalhadores (SEBRAE, 2009). A atuação do SEBRAE é definida por meio de Direcionamentos Estratégicos voltados ao processo de melhoria do planejamento e da gestão orientada para resultados. Levam em conta o atual cenário globalizado em que as grandes empresas tendem a ocupar espaço. Pregam a "cooperação", a rede, o conhecimento e o associativismo para fazer com que as pequenas empresas tenham a capacidade de ter escala e se tornarem competitivas nesse ambiente de globalização (HONORATO, 2009). Ele atua por meio de políticas nacionais de direcionamento estratégico com base em programas estruturantes voltados ao fomento do empreendedorismo e desenvolvimento sustentável que tornem mais competitivas as MPEs. A entidade promove cursos de capacitação, facilita o acesso a serviços financeiros, estimula a cooperação entre as empresas, organiza feiras e rodadas de negócios e incentiva o desenvolvimento de atividades que contribuem para a geração de emprego e renda. Os projetos são gerenciados pelas Unidades de Negócios e de Gestão do SEBRAE. 14 O enfoque nas políticas para Arranjos Produtivos Locais em Mato Grosso do Sul foi dado desde 2003, frente ao direcionamento estratégico do SEBRAE nacional estabelecido para 2003-2005. Aparecei entre uma de suas sete prioridades estratégicas a necessidade de “atuar, prioritariamente em ações coletivas, com foco em arranjos produtivos locais, através de soluções integradas”. Dois técnicos dessa instituição foram enviados, em 2001, para participar do curso de capacitação oferecido no Rio e Brasília a respeito do projeto “Espelhos do Mundo” e sobre Arranjos e Sistemas Produtivos Locais. Ainda em 2003, o SEBRAE/MS teve a iniciativa de preparar todo o pessoal técnico, inclusive da diretoria, sobre a concepção de Arranjo Produtivo Local, num curso que durou um ano, com apoio de um integrante da Redesist. Para esse curso de preparação foram convidados e participaram, parceiros do Sebrae/MS, inclusive o coordenador do Núcleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais. O curso foi aberto também à comunidade. O primeiro trabalho partiu da demanda do grupo envolvido com atividade cerâmica em Rio Verde de Mato Grosso e Coxim. A solicitação do líder dos ceramistas locais, hoje diretor do Conselho do Sebrae (representante da FIEMS), foi o de transformar os empreendimentos locais em um cluster. E a resposta foi a elaboração de um projeto de Arranjo Produtivo Local, hoje considerado um dos APLS que mais atraiu recursos e o mais consolidado dentro do Estado. A mandioca,no ambiente agroindustrial, também atraiu a atenção do Sebrae, por se tratar de um projeto já existente e do enfoque da política estadual na agricultura familiar, mediante recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAf). O turismo também foi foco de interesse da política de APLs. Integrantes da do Sebrae/MS haviam se envolvido, em 2002, com trabalhos de regionalização e inventário do turismo no Estado em obediência ao Plano de Desenvolvimento Turístico e Sustentável de Mato Grosso do Sul (PDTUR-MS). Até 2004, já tinham sido elaborados projetos de APL para três regiões do turismo: Costa Leste, Norte e Serra da Bodoquena. Em 2004 foram iniciados mais 02 projetos de APL: piscicultura Grande Dourados e apicultura Pantanal/ Sudoeste. Em 2004, o SEBRAE adotou a metodologia “Gestão Estratégica para Gestão de Resultados (GEOR)”, buscando efeitos combinados para um conjunto articulado de ações e resultados em 15 cadeia, voltados a um determinado público-alvo identificado no projeto desenvolvido, de modo a tornar sua atividade sustentável num horizonte de 2 a 3 anos . Na metodologia GEOR em execução em 2005 e 2006 foram enfocados públicos-alvo em 07 projetos de APLs, o da mandioca no Vale do Ivinhema, o cerâmico Terra Cozida do Pantanal e os cinco outros no setor de turismo e artesanato: dois na Serra da Bodoquena e os outros no Pantanal, Costa Leste e região Norte (Terra Cozida do Pantanal). Uma marca na atuação do Sebrae/MS no desenvolvimento de projetos de APLs tem sido a parceria com as prefeituras municipais. Para 2005/2007 o Sebrae nacional avançou nas propostas de enfoque às ações coletivas de setores prioritários na interface com os territórios, como também nas políticas de APLs em direção ao agronegócio, comércio e serviços e soluções estruturantes. Também incluiu nas suas diretrizes a capacitação dos agentes e aprofundamento nas parcerias com organismos públicos e privados. Na política estabelecida para 2006/2010 o Sebrae nacional colocou a mortalidade das micro e pequenas empresas, como um problema a superar. Entre as doze diretrizes estratégicas estavam as de estabelecer alianças estratégicas para mobilizar recursos, competências e conhecimentos, promover a educação empreendedora e a cultura da cooperação e promover o acesso à tecnologia e a ampliação da capacidade de inovação. Por seu turno, o Sebrae/ MS colocou como prioridade para 2009/10 a ampliação do acesso das micro e pequenas empresas às políticas públicas e a promoção de sua inclusão nas cadeias produtivas. Os APLs e outros projetos em andamento foram considerados como sustentadores dessa prioridade. Nesse sentido estabeleceu entre suas metas a inclusão das MPEs nas cadeias produtivas emergentes: sucroalcooleiro, mínero-siderúrgico, florestas, papel e celulose, e de turismo. E de outro lado, se compromete com a diversificação da base econômica no agronegócio, atuando com apicultura, ovinocultura, piscicultura e produção de alimentos agroecológicos, nos territórios prioritários. 16 1.1.2 Núcleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais de Mato Grosso do Sul O Núcleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais de Mato Grosso do Sul (NE-APLs/MS) é um órgão estadual e faz parte da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo (SEPROTUR). Foi criado em 12 de junho de 2007, pelo decreto. DECRETO Nº 12.345, por indução do Grupo de Trabalho Permanente sobre Arranjos Produtivos Locais sob a coordenação do MDIC. O Núcleo situado nesse Grupo de trabalho é um organismo importante na emissão e/ou regulação das políticas para os arranjos, além que se configura como um fórum permanente de discussões e deliberações que reúne representantes de entes públicos ou privados legitimamente interessados no desenvolvimento econômico, social, científico e tecnológico de Mato Grosso do Sul e que também enfatizam a preservação ou a melhoria do meio ambiente. Em realidade, esse órgão deu continuidade aos trabalhos já realizados no âmbito da “Coordenadoria de Articulação e Apoio Institucional” da mesma secretaria. Essa coordenadoria atua no sentido de: (01) Acompanhar e promover as atividades integrando os setores produtivos e as instituições executoras das ações e projetos relacionados com as competências da Secretaria; (02) Articular e divulgar os planos, programas, projetos e ações de natureza técnica e econômica dos setores produtivos do Estado; (03) Articular e acompanhar as ações das Unidades de Execução Operacional; (04) Apoiar e coordenar a atuação dos conselhos vinculados à Secretaria e acompanhar a celebração de convênios e instrumentos similares entre a Secretaria e as entidades públicas e privadas. Dadas essas finalidades, a Coordenadoria de Articulação e Apoio Institucional articula-se com as Câmaras Técnicas Setoriais e com o Fundo Constitucional do CentroOeste. 17 Fazem parte do Núcleo os representantes de: • 04 órgãos governamentais: (01) Secretaria de Desenvolvimento Agrário, da Produção da Indústria, do Comércio e do Turismo; (02) Secretaria do Meio Ambiente, das Cidades, do Planejamento e da Ciência e Tecnologia; (03) Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (AGRAER); (04) - Fundação de Trabalho e Qualificação Profissional de Mato Grosso do Sul; • 03 federações: (01) Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul (FAMASUL); (02) Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (FIEMS); (03) Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Mato Grosso do Sul (FETAGRI/MS); • sistema S (de serviços): (01) Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - Administração Regional de Mato Grosso do Sul (SENAR-AR/MS); (02) Serviço ) Nacional de Aprendizagem Industrial de Mato Grosso do Sul (SENAI/MS); (03) Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Mato Grosso do Sul (SEBRAE/MS); • 06 instituições de pesquisa: (01) Embrapa (os três centros); (02) Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); (03) Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD);(04) Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS); (05) Universidade Católica Dom Bosco (UCDB); (06) Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (UNIDERP); • Municípios e bancos : (01) Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (ASSOMASUL); (02) Banco do Brasil S.A.; (03) Caixa Econômica Federal. Cabe aos integrantes do NE-APLs/MS: (01) Prestar apoio técnico e financeiro e mesmo dispor recursos humanos e materiais, na execução das ações acordadas para implementar projetos ou programas de Arranjos Produtivos Locais; (02) Realizar estudos e trabalhos e disponibilizar documentos necessários a pessoas ou os entes interessados ou participantes dos Arranjos Produtivos Locais. 18 1.1.2 Banco do Brasil - Programa Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) O Banco do Brasil fundado em 1808, com a chegada da família real ao Brasil, já completou 200 anos de existência. Essa instituição financeira brasileira foi constituída na forma de sociedade de economia mista e capital aberto, controlado pela União. Atua como banco comercial, de investimento e de desenvolvimento, além de ser agente financeiro do governo federal. O Banco por sua importância e disseminação ganhou forte capilaridade no país. Em 2007, contava com quase 3.977 agências, além de 17 agências fora dele. Trabalhava nesse ano com 24.600.000 clientes, atendidos por um 82.879l funcionários. O conjunto de unidades funcionais do banco se estrutura por meio de relações hierárquicas e funcionais. Os órgãos máximos de gestão são: Assembléia Geral de Acionistas e uma Diretoria Executiva constituída de presidência e vice-presidências. Na estrutura geral da organização, a gestão é estratificada em três níveis (estratégico, tático e operacional) para o atendimento administrativo e negocial. Em nível nacional funciona a gestão estratégica e que funciona por meio de Diretorias, Unidades e Agências Autônomas. Nesse nível, ocorre a gestão dos processos de negócios e de apoio aos negócios. Atualmente, o atendimento negocial do Banco do Brasil se estrutura em governo, agronegócio, varejo e atacado por meio de vice-presidências. Em nível regional, aparecem as superintendências – de Varejo, Comerciais e de Governo - que funcionam com ações táticas, ou seja, no gerenciamento de redes de distribuição. O nível operacional é exercido diretamente pela rede de distribuição – da qual fazem parte as agências - e cuja atribuição é operacionalizar as estratégias de negócio e apoiar os negócios e a gestão do conglomerado. As responsabilidades são distribuídas em três níveis: gerencial, técnica e operacional. Ao nível gerencia cabe a gestão de pessoas, recursos e processos. A atribuição no nível técnico é o desenvolvimento e implementação de modelos, metodologias, produtos e serviços. E o nível gerencial tem a responsabilidade de executar as atividades de apoio administrativo e negocial. Nesse tipo de organização, o Programa Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) foi lançado em nível nacional, em 2003, como uma “estratégia negocial” do banco e que constitui 19 uma unidade gerencial inserida no âmbito da vice-presidência do Varejo e Distribuição e que envolve diretorias relacionadas com o varejo, micro e pequenas empresas e menor renda. Por sua natureza, essa estratégia de atendimento é dirigida em cada Estado por uma gerência específica na Superintendência de Varejo. Inclusão social e democratização do acesso ao crédito tem sido o grande objetivo do banco e, nesse sentido, para o uso dessa estratégia no se deu prioridade para as regiões de menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). Atingiu-se, na fase inicial, as regiões Norte, Nordeste, Vales do Jequitinhonha (em Minas Gerais) e do Mucuri (Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia), Em Mato Grosso do Sul, a estratégia DRS do Banco do Brasil passou a ser implementada em 2006, por meio da gerência regional inserida na estrutura da Superintendência de Varejo do banco em Mato Grosso do Sul, sediada em Campo Grande, que opera com um gerente e mais 04 técnicos. Foram 67 agências do Banco do Brasil no Estado que adotaram essa estratégia e criaram seu próprio plano. Em 2009, o Banco do Brasil chegou a elaborar e colocar em execução cerca de 70 planos de negócios dentro de Mato Grosso do Sul que atingiram em torno de vinte mil famílias. 1.1.4 Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (FIEMS) A Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (FIEMS) constitui o Sistema Indústria no Estado, junto do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Mato Grosso do Sul (SENAI/MS), do Serviço Social da Indústria (SESI- DRS/MS) e do Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Ele integra o Sistema Indústria nacional, articulado a outras 25 federações de indústrias estaduais, tendo como representante máximo dessas organizações a Confederação Nacional da Indústria (CNI), criada desde 1938. Esse conjunto nacional reúne mais de 1250 sindicatos e 350 mil empresas, como a grande base do sistema de representação da indústria no Brasil. A CNI criou nos anos 40, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Social da Indústria (SESI) e em 1969 o Instituto Euvaldo Lodi (IEL). O SENAI apóia as empresas na formação de recursos humanos prestação de serviços de assistência ao setor produtivo, de laboratório, de pesquisa aplicada e informação tecnológica. Já o SESI, considerado 20 o gestor das políticas de responsabilidade social do setor, busca promover a qualidade de vida do trabalhador e seus familiares. O IEL constitui o elo entre a indústria e o meio acadêmico, tendo como objetivo promover a capacitação empresarial. Além de estágios acadêmicos, o IEL oferece o Programa de Iniciação Científica e Tecnológica para Micro e Pequenas Empresas (BITEC) em parceria com o SENAI, o SEBRAE e o CNPq, com o objetivo de transferir conhecimentos gerados nas instituições de ensino diretamente para o setor produtivo. Com o apoio dessas organizações o Sistema Indústria mantém uma rede de escolas, laboratórios e centros tecnológicos espalhados por todo o território nacional. Após lutar pela diversificação do parque industrial brasileiro (dos anos 40 a 80 do século XX) e pela competitividade do produto brasileiro no mercado internacional e redução do custo Brasil (anos 80), o Sistema Indústria trabalhou para consolidar o parque industrial no país (década de 90). Atualmente, sua bandeira tem sido a das reformas institucionais que permitam o desenvolvimento do Mapa Estratégico da Indústria 2007-2015, com metas e programas capazes de promover a competitividade por meio de um crescimento com eficiência e que favoreça a inclusão social e a inserção do país na sociedade do conhecimento. O Sistema Indústria busca, nesse sentido, a implementação de atividades de excelência em formação profissional, inovação tecnológica, responsabilidade social, capacitação empresarial e inserção internacional. A Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (FIEMS) foi criada em 1979, após a instalação do Estado de Mato Grosso do Sul. Quando isso ocorreu, o Estado já contava há 30 anos com o SENAI e SESI. Á FIEMS estão ligados 22 sindicatos (Gráfico 01), alguns de âmbito municipal, regional e estadual, vinculados à indústria alimentícia (carnes, panificação, laticínio etc), têxtil e vestuário, calçados, madeira e móveis, construção civil, extrativismo mineral. 21 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. Sindicato das Indústrias de Alimentação de Corumbá Sindicato das Indústrias da Alimentação do Estado de Mato Grosso do Sul Sindicato das Indústrias de Frio, Carnes e Derivados do Estado de Mato Grosso do Sul Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado de Mato Grosso do Sul Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Mato Grosso do Sul Sindicato das Indústrias de Fabricação do Açúcar do Estado de Mato Grosso do Sul Sindicato das Indústrias da Fabricação do Álcool de Mato Grosso do Sul Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Móveis em Geral, Marcenarias, Carpintarias, Serrarias, Tanoarias, Madeiras Compensadas e Laminadas, Aglomerados e Chapas de Fibras de Madeiras, de Cortinados e Estofados no Estado de Mato Grosso do Sul Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de Corumbá Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção do Estado de Mato Grosso do Sul Sindicato das Indústrias do Vestuário de Corumbá Sindicato das Empresas do Vestuário Industrial da Região Sul do Estado de Mato Grosso do Sul Sindicato das Indústrias do Vestuário, Tecelagem e Fiação do Estado de Mato Grosso do Sul Sindicato das Indústrias de Calçados do Estado de Mato Grosso do Sul Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Corumbá Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico da Grande Dourados Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Mato Grosso Do Sul Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado de Mato Grosso do Sul Sindicato das Indústrias Extrativas de Corumbá e Ladário Sindicato das Indústrias de Cerâmica do Estado de Mato Grosso do Sul Sindicato das Indústrias de Geração de Energia Elétrica de Pequeno e Médio Porte do Estado de Mato Grosso do Sul 22. Sindicato das Indústrias de Plásticos e Petroquímicos do Estado Quadro 01 Sindicatos integrantes da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul A FIEMS opera por meio de uma diretoria executiva, um conselho fiscal e um conselho de representantes e possuem 2 delegados junto à CNI. Desde o final de 2008, essa entidade passou a abrigar dentro de sua estrutura e por meio de convênio, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) que opera com o Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul 22 (CODESUL), formado pelos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, ampliando assim o acesso às linhas de crédito para empresas que atuam de forma solidária. O BRDE se vinculou ao SICRED, que deve atuar como um braço do banco no interior do Estado de Mato Grosso do Sul. O Sistema Indústria estadual também mantém em parceria com o BNDES um Posto de Informações, com várias atribuições: (01) designar empregados com qualificação adequada para a divulgação das informações sobre o apoio do BNDES às MPMEs; divulgar e distribuir material fornecido pelo BNDES; desenvolver, em articulação com o BNDES, parceria com agentes financeiros atuantes na localidade; enviar ao BNDES, periodicamente, relatório sobre os atendimentos realizados, segundo modelo previamente definido; interpretar demandas, identificando Arranjos Produtivos Locais e oportunidades de atuação do BNDES. Esse sistema não é um formulador de políticas para APLs, mas atua e apóia APLs em parceria com as organizações que o fazem, seja com capacitação, apoio tecnológico ou como coordenador de APLs junto ao NE-APLs/MS. Como apontado anteriormente, ele integra e preside hoje o Conselho Deliberativo do Sebrae/MS e faz parte do Núcleo Estadual de APLs de Mato Grosso do Sul. Portanto, suas ações têm-se dado especialmente em parceria com essas organizações e agora com o BRDE do CODESUL. 1.1.5 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) O Mato Grosso do Sul conta com três unidades de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), todas instaladas desde 1975: (01) EMBRAPA Gado de Corte em Campo Grande; (02), EMBRAPA Agropecuária Oeste em Dourados; (03) EMBRAPA Pantanal em Corumbá. A existência da EMBRAPA está ligada às políticas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Sua missão é viabilizar a geração, adaptação e transferência de conhecimentos e tecnologias no agronegócio estadual, especialmente aqueles que visam a exportação. Funciona, portanto, como um órgão de fomento tecnológico, na busca por mecanismos, técnicas e culturas para maximizar a escala produtiva na agropecuária brasileira. O 23 sistema Embrapa foi instituído durante os governos militares em 1972, no âmbito do projeto desenvolvimentista de modernização agrícola. Ao ser criada, a Embrapa herdou do antigo Departamento Nacional de Pesquisa e Experimentação (DNPEA), uma estrutura composta de 92 bases físicas: 9 sedes dos institutos regionais, 70 estações experimentais, 11 imóveis e 2 centros nacionais. Hoje, o sistema Embrapa administra todo o sistema de pesquisa agropecuária do governo no âmbito federal. A Embrapa Gado de Corte, localizada no município de Campo Grande, apresenta duas bases físicas: uma de 3 mil hectares, a 15 km do centro da cidade e outra base de 1.600 hectares (Fazenda Modelo) a 40 km, em direção a Corumbá. Em sua trajetória, os pesquisadores se notabilizaram pelo desenvolvimento de tecnologias para o incremento e crescimento do rebanho do gado de corte- especialmente bovino - visando o aumento da produção de carne por animal e por hectare. Voltou-se aos estudos de sistemas de produção, tendo sido responsável pelo lançamento de diversas variedades de forrageiras, como também tem se ocupado de pesquisas nas áreas de sanidade e nutrição do rebanho, melhoramento, reprodução e manejo animal. Envolveu-se mais recentemente com a agroindústria da carne e do couro. Passou a abrigar o Centro Tecnológico do Couro de Mato Grosso do Sul1, construído entre 2004-2009. Tem procurado ainda combater combate às más práticas dos criadores e realizar pesquisas com ectoparasitos, de onde resulta grande parte dos problemas de qualidade do couro. Mais recentemente, essa unidade passou a se envolver com a criação de ovinos e caprinos para a pequenas, médias e grandes propriedades no Brasil central. Foi instalado nas dependências da Fazenda Modelo da Embrapa Gado de Corte, em 2007, o Núcleo de Pesquisa e Transferência de Tecnologia da Embrapa Caprinos, proposto na Câmara Setorial de Ovinocaprionocultura dentro do estado, do qual a Embrapa Gado de Corte faz parte. O referido núcleo deve colocar em execução o projeto de criação do Arranjo Produtivo Local (APL) de Ovino-caprinocultura. As 1 O Centro Tecnológico do Couro de Mato Grosso do Sul é um laboratório experimental (curtume, laboratórios e biblioteca), instalado numa área de 3 hectares e em regime de comodato, por iniciativa da SEPROTUR e Associação Centro de Tecnologia do Couro de Mato Grosso do Sul e apoio da FINEP. Destina-se ao desenvolvimento de pesquisas, capacitação de recursos humanos na melhoria da qualidade da fabricação de peles e couros no atendimento a todo Centro-Oeste e regiões de atividade pecuária vizinhas (Goiás, Minas Gerais e São Paulo). O projeto é executado com apoio dos sindicatos vinculados ao setor, sistema FIEMS, órgãos de governo e universidades regionais. O projeto encontra-se na primeira fase, ou seja, o do beneficiamento do couro até o estágio wet blue (curtimento). A segunda fase - a do amaciamento e tratamento final do couro - necessita de novas instalações e novos recursos. 24 instalações são formadas por curral, galpões de reprodutores e matrizes, sala de aula, copa, alojamentos, banheiros e laboratório para dar suporte às atividades de pesquisa, transferência de tecnologia e capacitação. A Embrapa Agropecuária Oeste, localizada no município de Dourados foi instalada com o objetivo apoiar o desenvolvimento da fronteira agrícola em passagem pelo sul do estado. As pesquisas se concentraram principalmente no melhoramento genético de alguns cultivos – com destaque para o arroz, feijão, milho, soja e trigo – mas também em fitossanidade e conservação, manejo e fertilidade do solo. Nos últimos anos, sua tendência tem sido a de acompanhar a apoiar os agronegócios, atingindo não só o Mato Grosso do Sul, mas também o Mato Grosso e as Regiões Noroeste do Paraná e Oeste de São Paulo. Envolveu-se recentemente, com pesquisas de apoio a alguns APLs de Municípios da Grande Dourados e Vale do Ivinhema, a exemplo da piscicultura, pecuária de leite e mandioca. A Embrapa Pantanal, localizada no Município de Corumbá, surgiu com o intuito de realizar pesquisas no reconhecimento dos recursos naturais da rica biodiversidade e as potencialidades socioeconômicos do Pantanal, com foco em suas interações, visando conhecer não só os recursos como a dinâmica desse ambiente e apontar o desenvolvimento de tecnologias mais apropriadas. Pesquisas mais atuais têm-se voltado a estudos de comunidades de pescadores de áreas riberinhas e produtoras de mel. 1.1.6 Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (AGRAER) A Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (AGRAER) teve origem na Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural (EMATER) e na criação do novo Estado passou a se chamar Empresa de Pesquisa e Assistência Técnica e Extensão Rural de MS (EMPAER). Trabalhava vinculada à Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER), esta criada para atuar junto da EMBRAPA, mas como órgão de assistência técnica e extensão rural. Ambas, Embrapa e Embrater atuavam como braço operacional do Ministério da Agricultura. 25 Com o governo do PT, a EMPAER transformou-se em Instituto de Desenvolvimento Agrário, Pesquisa e Extensão (IDATERRA) e passou a ter como prioridade a assistência técnica e extensão rural dada a agricultores familiares, indígenas, assentados, comunidades negras e pescadores artesanais. Desde então, deixou de ser o braço operacional do Ministério da Agricultura para se tornar braço operacional da Secretaria do Desenvolvimento Agrário. Nesse sentido, se alinhou à política de combate à pobreza rural, especialmente com projetos que visem a consolidação dos três territórios rurais homologados pelo MDA, dotados de maior concentração da agricultura familiar – Território da Reforma, Território Grande Dourados e Território Cone Sul - abrangendo o centro e o Sudoeste do Estado. Nesses territórios a AGRAER articula os atores em projetos comuns, fazendo do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) um dos instrumentos de governança local. Os projetos de APL dos quais vêm participando relacionam-se basicamente com a pecuária de leite, apicultura, ervamate, piscicultura. Entre as universidades parceiras, a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) teve destaque nos estudos diagnósticos realizados sobre cadeias produtivas relacionadas às políticas setoriais propostas pelo governo de Estado, como também estudos logísticos a ela relacionados e aos eixos nacionais de desenvolvimento. Acabou por criar uma Especialização nessa área e mais tarde um Mestrado em Agronegócios. A Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (UNIDERP) focou seu interesse em estudos agronômicos e ambientais relacionados ao agronegócio. E nesse campo de conhecimento organizou um Mestrado de natureza profissionalizante. Nesse mesmo caminho e aliada à EMBRAPA, a Universidades Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) criou um Mestrado em Agronomia, cuja área de concentração passou a ser a Produção Vegetal. Já na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), o conceito de Arranjo Produtivo Local passou a ser trabalhado desde 2003, no âmbito do Mestrado em Desenvolvimento Local, quando o SEBRAE/MS iniciou suas ações no estado. Integrou-se à Rede de Pesquisa sobre Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (REDESIST), coordenada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob indicação do próprio SEBRAE/MS. 26 1.2 POLÍTICA DO GOVERNO DO ESTADO PARA APLs A política oficial que se definiu no governo de Mato Grosso do Sul para Arranjos Produtivos Locais pode ser mais bem compreendida, quando analisada no contexto e especificidade territorial desse Estado, levando-se em conta sua origem e trajetória no contexto nacional e sulamericano. 1.2.1 Contexto histórico e territorial das políticas emergentes de desenvolvimento Em primeiro lugar, é preciso salientar o papel exercido pela localização de Mato Grosso do Sul, como Estado fronteiriço e militarizado do Centro-Oeste (Mapa 01), integralmente inserido na Bacia Platina (Mapa 02), cujas em grande parte foram terras disputadas na Guerra contra o Paraguai. 27 Faixa de fronteira Mapa 01 Mato Grosso do Sul na Faixa de Fronteira do Centro-Oeste do Brasil Fonte: Figura adaptada por Le Bourlegat, com mapa FIPLAN- Governo de MS 28 Mapa 02 Mato Grosso do Sul na Bacia do Prata Fonte: Le Bourlegat, 2000 29 Outra variável de peso no entendimento das políticas adotadas pelo governo esteve relacionada às condições vividas num Estado agrícola, recém-criado, que avançava para a fase agroindustrial, submetido a projetos programados para sua maior articulação com as áreas de consumo. Como unidade administrativa, o Mato Grosso do Sul só foi constituído há cerca três décadas (1977) por iniciativa estratégica de governos militares, por ocasião do deslocamento da fronteira de modernização agrícola (Marcha para o Oeste), fruto da política de interiorização do desenvolvimento e integração nacional. Desde as origens, o novo Estado, a C&T e inovação associada ao planejamento desenvolvimentista fez parte da estrutura de governo. A economia do Estado conheceu intenso dinamismo no setor agropecuário nos anos 70/80 (avanço do PIB e renda per capita), mediante aporte de recursos financeiros e humanos de outras regiões brasileiras. Até o final da década de 90 do século XX, o Mato Grosso do Sul já estava integrado ao centro dinâmico industrial da economia brasileira (área de expansão) e dependente dele. Começou a vivenciar a partir de então as contradições geradas pelo modelo de ocupação. Como o aumento do PIB e da renda não se dera de modo uniforme, o Estado passou a conviver com o fenômeno da pobreza, conflitos sociais no meio rural (sem terra, brasiguaios, confinamento de populações indígenas), como também a economia da contravenção e o crime em áreas de fronteira. O uso predatório e indisciplinado do solo resultara no desaparecimento de cerca de 80% da vegetação do cerrado e outros problemas ambientais graves. Nessas novas condições, a sociedade se viu diante da debilidade da elite política tradicional – os latifundiários - para articular seus interesses aos da maioria. E a classe emergente de agricultores empresários ainda não apresentava maturidade política para assumir essa liderança. Por outro lado, ocorreram mudanças no quadro da estrutura social (ampliação das classes médias) que repercutiram na diversificação e ampliação do consumo urbano, somado a um significativo índice de urbanização e ampliação do setor terciário. O território ainda podia contar com um rico potencial de recursos naturais: paisagens naturais (Pantanal) e minerais (ferro, manganês, calcário, granito). E havia sido criado um setor agropecuário moderno ao qual se pretendia agregar valor via industrialização. Em nível nacional, nesse mesmo período, a política de interiorização do desenvolvimento tinha sido substituída pelo Programa Brasil em Ação (PPA 1996/ 99), que priorizou a logística na 30 articulação das novas áreas dinâmicas de fronteira agrícola com os portos de exportação, num esforço de redução do custo Brasil. Nasceu desse modo, a política dos Eixos Nacionais de Desenvolvimento e Integração, em nível nacional e sul-americano (Mapa 03). Passou-se a priorizar os chamados “empreendimentos estruturantes”, ou seja, aqueles capazes de aumentar a competitividade da economia, reduzir os custos de produção e comercialização, eliminar gargalos e melhorar a oferta de mão-de-obra qualificada. Durante sua execução, tais projetos deveriam impulsionar a realização de novos investimentos, geradores de efeitos multiplicadores sobre o desenvolvimento econômico e social do País. O novo modelo de desenvolvimento econômico e social passava a ter maior compromisso com a conservação ambiental, com a justiça social e com a democracia. A partir de então, os projetos precisaram ser pensados de maneira integrada (Mapa 03). De acordo com os estudos realizados sobre os Eixos Nacionais de Desenvolvimento e Integração, entre 1997 e 1999, Mato Grosso do Sul ficava na transição do Eixo Oeste e Sudoeste (Mapa 03). Os custos do Eixo Oeste estavam entre os mais altos do País, fato que colocava Mato Grosso do Sul em grande desvantagem competitiva. Previu-se a implantação de corredores multimodais que permitissem a integração de rodovias, ferrovias e hidrovias, de modo a garantir um escoamento mais eficiente da produção local. Implicava na conclusão da hidrovia Tietê-Paraná e a ampliação do tráfego na hidrovia ParanáParaguai, aliviando as rodovias. E a Ferronorte foi preparada para ser corredor destinado a vincular áreas de produção com a rede ferroviária do Estado de São Paulo e os portos do Sul e Sudeste. Nesse período em que o PIB industrial praticamente se equiparou ao do agrícola dentro do Estado, a oferta de energia elétrica passou a ser o grande gargalo. Frente à passagem do gasoduto, via-se nessa fonte a nova matriz energética como potencial na projeção de termelétricas. 1.2.2 Planejamento Estratégico Estadual MS 2020 No PPA Brasil em Ação (1996-1999) a política dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento serviu de orientação ao planejamento estratégico de Mato Grosso do Sul, 31 inspirado no exemplo do Rio Grande do Sul. O plano MS 2020 de Mato Grosso do Sul apresentava como “visão de futuro” uma sociedade integrada com justiça social, amparada numa economia de bases tecnológicas modernas e de modelos ambientalmente sustentáveis. As estratégias foram previstas para curto (200-2004), médio (2005-2010) e longo prazos (20112020) e teve como um dos princípios, Mapa 03 Eixos Nacionais de Desenvolvimento e Integração Fonte: Programas Brasil em Ação e Avança Brasil o desenvolvimento endógeno e participativo (COREDES), associado ao acesso a modernas tecnologias, numa ação integrada às políticas federais. Entre as ações priorizadas desse plano estavam a: (01) Agroindustrialização de produtos locais (soja, carne, couro), com incentivo à entrada de empresas externas e de produtos de passagem vindos dos Estados do Norte (redução do custo Brasil); (02) Pólo minero siderúrgico (ferro e manganês) e pólo petroquímico (gasoduto); (03) Pólo de papel e celulose; (04) Pólo de mineração de calcário; (05) Regularização fundiária e reforma agrária; (06) Projetos para minimizar desemprego tecnológico nas cidades. Com base nisso e na política de Eixos Nacionais de Desenvolvimento e Integração, foram proposto eixos estruturantes de produção para o Estado (Mapa 04). 32 Ferronorte Hidrovia Paraná Hidrovia do Paraguai CONAB CentroSudeste BR 163 e Ferroeste Mapa 04 Projetos estruturantes de produção para o Mato Grosso do Sul Fonte: Plano MS2020 No Movimento Brasil Competitivo de 2006 e por meio do Índice de Competitividade Estadual ICE-F2, Mato Grosso do Sul foi classificado em 8º lugar no ranking dos estados brasileiros, como Estado de “média competitividade”. Levando em conta essa condição, o PPA 2008-2011 estadual apontou como meta principal a passagem para “alta competitividade”. A visão de futuro desse plano, portanto foi “Fazer do Mato Grosso do Sul um Estado mais competitivo e com desenvolvimento sustentável”. Procurou, ao mesmo tempo, se alinhar à Política Nacional de 2 O Movimento Brasil Competitivo (MBC) é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), criada em 2001, mantida por grandes empresas, voltada ao estímulo e ao fomento do desenvolvimento da sociedade brasileira. Tem como objetivo principal viabilizar projetos que visam o aumento da competitividade das organizações e da qualidade de vida da população. O Índice de Competitividade Estadual ICE-F foi desenvolvido pela Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser (FEE), da Secretaria de Planejamento e Gestão do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Foi desenvolvido sob a abordagem do diamante da competitividade de Michael Porter, no que diz respeito ao eixo denominado condições dos fatores produtivos, para o qual se conjugaram 34 variáveis em grupos de fatores produtivos relacionados com a competitividade: qualificação da força de trabalho, conhecimento e inovação e infraestrutura. 33 Desenvolvimento Regional - PNDR e ao Plano Estratégico de Desenvolvimento do Centro-Oeste – PEDCO (2007-2020) do Ministério da Integração Nacional. Colocou entre as principais diretrizes a “diversificação e adensamento das cadeias produtivas, com ênfase na atração de novos investimentos privados”. Foram estabelecidos como programas, projetos e ações estruturantes para o Estado: (01) Programa MS Competitivo – apontou como foco prioritário as condições dos fatores produtivos: infra-estrutura, qualificação da força de trabalho, conhecimento e inovação; (02) Plano Estadual de Logística de Transportes (PELT) – priorizou as seguintes obras estruturantes e que constituem importantes corredores de exportação: • Poliduto MS-PR - liga Campo Grande - Porto de Paranaguá, para o transporte de etanol, gasolina ou diesel, previsto no PAC. • Ampliação da malha de rodovias pavimentadas que incluiu: • Implantação e federalização da MS-040 com ponte sobre o rio Paraná- esta última com recursos previsto no PAC - que encurta o caminho em 130 a150 km para São Paulo e permite desviar grande parte do tráfego hoje existente nas BRs 262 e 267. A federalização foi um meio de garantir recursos nesse sentido; • Asfaltamento da BR-359, entre Alcinópolis e o entrocamento da BR-163 na região norte - com recursos previsto no PAC • Estadualização da BR163/MS • Complexo Logístico Intermodal de Campo Grande – priorizando a implantação do Terminal de Cargas do Aeroporto Internacional de Campo Grande e ampliação das suas pistas; 34 Mapa 05 Poliduto ligando Cuiabá ao porto de Paranaguá Fonte: PPA 2008-2001 de MS 35 • Construção da Ferrovia Novoeste - projeto de integração ferroviária do Estado do Mato Grosso do Sul e Paraná e que proporciona acesso ao Porto de Paranaguá. • Ampliação da Rede Básica de Energia Elétrica com implantação de linhas de transmissão entre Ribeirãozinho (GO), Campo Grande (MS) e Corumbá; Mapa 06 Trajeto da Ferrovia Novoeste Fonte: PPA 2008-2001 de MS 36 (03) Projeto de Integração Fronteiriça - desenvolvimento da região de fronteira internacional seca com o Paraguai, com o objetivo de proporcionar infra-estrutura para a segurança, vigilância sanitária e fiscal e alternativas para a diversificação da matriz econômica regional, com a constituição de um Maciço Verde com 15 km de largura. (04) Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado de Mato Grosso do Sul – o objetivo foi organizar, de forma vinculada, as decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas. (05) Biocombustíveis – setor em franco crescimento no Estado - relacionado à atividade de produção de açúcar e álcool etanol, incluindo a produção de cana, considerado um grande gerador de emprego e renda – e que suscitou previsões em ampliação de infra-estrutura de transportes: rodovias, poliduto e portos. (06) Outros - Mobilização de Recursos e Parcerias Público-Privadas, Modernização da Gestão Pública, Qualidade de Vida e Bem Estar, Gestão de Recursos Hídricos e Biodiversidade, Descentralização das Ações para o Desenvolvimento Regional e Gestão Territorial 1.2.3 A política de Arranjos produtivos Locais no Estado A política de governo de APLs em Mato Grosso do Sul deu-se nesse contexto político de escala estadual,nacional e sul-americano. Nasceu por indução de políticas federais e por meio de pactos estabelecidos entre órgãos de governo estadual e federal, apoiada por organizações parceiras no Estado. Os primeiros projetos de APL que se tornaram objeto de política do governo de Mato Grosso do Sul foram os mesmos que haviam sido encaminhados à Finep- MCT, “Programa de Apoio ao 37 Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT)” que se utilizava da metodologia das plataformas tecnológicas, em momento de transição para as novas políticas do PPA 2004-2007 “Avança Brasil”. Com a vigência do Programa Avança Brasil (PPA 2000-2003) ocorreu no MCT a substituição do programa de plataformas tecnológicas pelo “Programa de Apoio à Inovação em Arranjos Produtivos Locais (APLs)”. Nesse sentido, foi preciso readequar os projetos do Estado que já haviam sido encaminhados ao MCT, para obtenção de recursos. Embora não perdessem o conteúdo original, tais projetos passaram a ser rotulados de Arranjos Produtivos Locais, necessitando algumas adequações para se ajustar aos novos critérios. Em 2003, o Sebrae MS, em resposta ao Direcionamento Estratégico do Sebrae nacional de 20032005, introduziu o conceito de APL e ações referentes ao mesmo no Estado, com objetivo de fortalecer o desenvolvimento de micro e pequenos empreendimentos. Lançou suas bases no apoio ao APL cerâmico do Norte do Estado, da mandioca no Vale do Ivinhema, do Turismo na Costa Leste (um dos eixos estruturantes de produção em Três Lagoas e entorno) e Turismo em Bonito e Serra da Bodoquena. No final de 2003 e término da vigência do Programa “ Avança Brasil”, por iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento do Centro-Oeste (SCO), do Ministério da Integração Nacional, foram definidos para Mato Grosso do Sul recursos financeiros a três dos APLs que contavam com a consultoria do Sebrae/MS) – APL de mandioca do Vale do Ivinhema, APL cerâmico do Norte do Estado e o APL do Turismo na Costa Leste, visando capacitação de pessoal e ganhos de competitividade Em agosto de 2004, primeiro ano da vigência do PPA 2004-2007 (Plano Brasil de Todos) foi instalado em nível federal o Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL), com o objetivo de adotar uma metodologia de apoio integrado a arranjos produtivos locais, com base na articulação de ações governamentais. Nesse ano o GTP APL trabalhou apenas com 11 APLs em toda região Centro-Oeste, como experiência piloto. Em 2005, dois políticos sul-mato-grossenses do Congresso Nacional tentaram, sem muito sucesso, alocar recursos financeiros federais previstos no PPA 2004-2007 junto ao Ministério da 38 Integração Nacional para Arranjos Produtivos Locais, por meio de elaboração de emendas parlamentares e com a participação popular. No entanto, essa tentativa de apoio, por necessitar da mediação do governo estadual, conseguiu mobilizar “Coordenadoria de Articulação e Apoio Institucional” da Secretaria de Produção e Turismo e as Câmaras Setoriais a ela vinculadas. Tratava-se de uma coordenadoria que até então, funcionara apenas com atribuição de articular projetos de desenvolvimento com o Fundo Constitucional do Centro Oeste (FCO). Em 2007, portanto, no final da vigência do Plano “Brasil de Todos”, por indução do Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP-APL) coordenado pelo MDIC, ocorreu a criação formal do Núcleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos APLs de MS (NE-APLs/MS), que passou a funcionar no âmbito da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria.do Comércio e do Turismo. Consta das considerações do decreto de criação do Núcleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais de Mato Grosso do Sul (NE-APLs/MS) a intenção de se criar políticas direcionadas a Arranjos Produtivos Locais visando: • Aumento de emprego e renda e diminuição das desigualdades regionais e sociais; • Necessidade de modificar o atual modo de ação individualizada dos vários agentes governamentais e não-governamentais que atuam no desenvolvimento local; • Valorização da cooperação mútua, aprendizado coletivo, conhecimento difuso e capacidade de inovação dos agentes econômicos que participam dos processos produtivos; Dentro da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo (SEPROTUR), o Núcleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais (NE-APLs/MS) se configura como um fórum permanente de discussões e deliberações que reúne representantes de entes públicos ou privados legitimamente interessados no desenvolvimento econômico, social, científico e tecnológico de Mato Grosso do Sul e que também enfatizam a preservação ou a melhoria do meio ambiente. 39 A finalidade do NE-APLs/MS é praticar ou subsidiar ações que concorram para o implemento, melhoria progressiva e sustentabilidade dos fatores humanos e de produção no âmbito dos Arranjos Produtivos Locais (APLs). Nesse sentido, cabe a esse organismo: (01) Receber demandas ou identificar necessidades dos agentes interessados ou participantes dos Arranjos Produtivos Locais e encaminhá-las aos entes e autoridades competentes, com as articulações institucionais que se mostrarem necessárias nesse sentido; (02) Coordenar e promover articulação e integração de parcerias firmadas entre os diversos agentes interessados ou participantes dos Arranjos Produtivos Locais; (03) Elaborar o Termo de Referência voltado a ações de implementação de projetos e programas; (04) Identificar, caracterizar, selecionar e aprovar os Arranjos Produtivos Locais de interesse, assim como orientar na elaboração dos Planos de Desenvolvimento Preliminares (PDPs), para submetê-los ao Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL) sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). 40 O PPA de 2008-2011, que incorporou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), continuou prevendo ações dirigidas aos Arranjos Produtivos Locais e priorizou os projetos que permitissem o desenvolvimento de Microempresas e Empresas de Pequeno e Médio Porte, além do que ampliou ações relacionadas à política dos Eixos de Integração e Desenvolvimento, incorporando avanços na política de integração sul-americana (IIRSA). 41 Capítulo 2 O Conceito de Apl utilizado para Orientar as Políticas e Consequências na Implementação das Políticas: A Inclusão e Exclusão de Apls. O conceito de Arranjo Produtivo Local, dado o contexto e a forma como foi introduzido no Mato Grosso do Sul, apresentado no capítulo anterior, com exceção daquele utilizado pelo Sebrae/ MS, não tem sido concebido de maneira uniforme pelos organismos que formulam políticas em Mato Grosso do Sul, ou até mesmo deixam de ser definidos por organismos que ainda não se sentem seguros em relação ao conceito. Essa condição, pelo que foi possível apreender na pesquisa, tem sido uma das variáveis de peso nas dificuldades para implementar políticas orientadas para APLs dentro do estado. Nesse sentido e, com apoio das entrevistas feitas a integrantes dessas organizações que formulam ou apenas apóiam os APLs e dados complementares de fontes secundárias, procedeu-se à análise dessa situação no contexto da formação territorial do Estado, já apresentado no capítulo 01. 2.1 CONCEITO DE APL NA FORMULAÇÃO DA POLÍTICA DO GOVERNO ESTADUAL O conceito de Arranjo Produtivo Local, a exemplo do que ocorreu com o conceito de Cadeia Produtiva, foi inserido em Mato Grosso do Sul induzido por políticas governamentais de instância federal e no âmbito de entendimentos pactuados e parcerias estabelecidas para acesso a recursos financeiros federais. 2.1.1 Origens dos projetos de APL na política do governo estadual na origem de sua conceituação As primeiras vinculações federais que desencadearam o processo foram com a FINEP do Ministério de Ciência e Tecnologia, relativa à metodologia das plataformas tecnológicas 42 integrantes do “Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT)”, apresentado no PPA 1996-99. Os projetos do governo estadual com parceiros locais acabaram sendo encaminhados ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), em momento de transição para o PPA 2004-2007 “Avança Brasil”, quando o PADCT acabou sendo substituído pelo “Programa de Apoio à Inovação em Arranjos Produtivos Locais (APLs)”. Nessa ocasião, o Mato Grosso do Sul havia criado a Superintendência de Ciência e Tecnologia (SUCT-MS). E desde seu aparecimento em 1999, essa superintendência passou a responder pelas ações da política de C&T e inovação do Estado. A partir de 2000, a SUCT-MS inseriu-se ao sistema regional e nacional de C&T, quando nasceu o primeiro “Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico para Mato Grosso do Sul (PDCT-MS). Frente ao compromisso de partícipe do “Plano de desenvolvimento de C&T do Centro Oeste (PDC&T-CO)”, Mato Grosso do Sul teria que apresentar uma carteira de projetos que pudessem ser viabilizados com apoio da FINEP e CNPQ, a partir de 2001. A elaboração dos projetos de Mato Grosso do Sul, sob orientação desses organismos parceiros de nível federal, havia sido acompanhada de uma fase de sensibilização e capacitação dos atores com quem o Estado pretendia se envolver, em relação à metodologia de “plataformas tecnológicas” 3 espelhando-se na abordagem dos técnicos vinculados ao PADCT. Havia sido programado nesse sentido, estudos e capacitações, com recursos capitaneados na Finep e CNPq, por meio do PADCT. Nessa ocasião, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul chegou a oferecer um curso de Especialização sobre “Agente de Inovação e Difusão Tecnológica”, de 360 horas (entre 2000 e 2001). A incorporação do conceito de “cadeia produtiva” tinha ocorrido no bojo da metodologia de “plataformas tecnológicas” que fazia parte do conteúdo do curso. A fácil adesão dos atores locais ao processo de capacitação e mobilização do governo estadual que trazia o conceito de “cadeia produtiva” também, pôde ser explicada em parte, porque nesse conceito estava embutido a idéia de agregação de valor ao produto por meio da industrialização, vinculada aos anseios locais de se avançar para uma etapa agroindustrial dentro do Estado. 3 O termo "plataforma" teria sido atribuído pelo consultor do Banco Mundial, C.Weiss, como forma de se referir a um ambiente de comunicação e negociação entre os atores envolvidos, inspirado no termo utilizado na Tecnologia da Informação. A metodologia da “plataforma tecnológica” acabou sendo estruturada pela equipe brasileira, sob a coordenação do autor da concepção e colocada em prática a partir do PADCT III. 43 Nessa política pactuada com a União, as prioridades dadas à metodologia da plataforma tecnológica do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT), se voltaram para políticas setoriais com projetos de cadeias produtivas e núcleos de inovação tecnológica. Por ocasião da preparação desses planos, além da criação de um Fórum de Ciência e Tecnologia que agregava as organizações parceiras e da capacitação desses atores locais, o governo estadual incentivou e implementou políticas setoriais, com a constituição de câmaras técnicas setoriais no aparelho de governo do Estado. Essas câmaras técnicas, como passaram a ser chamadas, apareciam como ambientes de interação e diálogo entre empresas industriais, agrícolas, de serviços, de governo e instituições, na definição de cada política setorial priorizada nas políticas do Estado. E, por meio do Fórum de Ciência e Tecnologia, em 2001, as organizações parceiras das várias câmaras deram início às suas ações de execução dos vários projetos setoriais, com base na metodologia das plataformas tecnológicas. Foram considerados prioritários na construção dessas políticas, os projetos estruturantes do Plano MS-2020: o setor de couro e derivados, gás natural, mandioca, pecuária de corte, bovinocultura de leite, turismo. Desse modo, as câmaras técnicas setoriais criadas em Mato Grosso do Sul abrangeram tanto segmentos mais tradicionais - como mandioca, bovinocultura e bubalinocultua, ovinocapricultura, leite, floresta, sucroalcooleiro – como aqueles cuja atividade ainda se delineava no Estado e/ou atraía o interesse de investidores - piscicultura, suinocultura, avicultura e estrutiocultura,algodão, biodiesel, fruticultura. Além deles, estava a câmara correlacionada às estratégias logísticas dos eixos de desenvolvimento, a câmara de Logística, Armazenagem e Transporte. Em 2001, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a Fundação Cândido Rondon (FCR) e as Secretarias de Estado de Receita e Controle (SERC) e de Produção e Turismo (SEPROTUR), realizaram o diagnóstico de 11 cadeias produtivas dentro do Estado, apontando tendências e proposições de políticas públicas, que envolviam os seguintes setores: avicultura, cotonicultura (algodão/têxtil), couro bovino (calçados e artefatos), leite, mandioca, minerosiderurgia, piscicultura, resíduos sólidos urbanos de Campo Grande (lixo), energia (não publicada), sojicultura e suinocultura. Sob orientação do MCT para apoio financeiro aos projetos de cadeias produtivas, o governo estadual havia selecionado e encaminhado em 1999, apenas três projetos: couro e derivados, gás 44 natural e mandioca para indústria feculeira. Entretanto, com a vigência do novo PPA em 2000 e do “Programa de Apoio à Inovação em Arranjos Produtivos Locais (APLs)”, tais projetos precisaram se readequar aos novos critérios para se caracterizarem como Arranjos Produtivos Locais, embora não tivessem sido alterados seus conteúdos. Continuavam propondo o fortalecimento de cadeias produtivas vinculadas a centros tecnológicos de inovação. Esse rico processo de preparação do ambiente organizacional dentro do Estado para a política de desenvolvimento setorial, por meio do incentivo ao fortalecimento de cadeias produtivas, acabou sendo um dos maiores óbices à implementação das políticas, quando essas se orientaram para os APLs. 2.1.2 Conceito de APL na política formulada pelo governo de Mato Grosso do Sul Na visão do governo do Estado, o uso do termo e atenção ao conceito de Arranjo Produtivo Local teria sido iniciado efetivamente, em 2004, quando surgiram demandas por parte do Ministério da Integração Nacional, que implicaram em convênios e parcerias, no sentido de identificar APLs em Mato Grosso do Sul que pudessem receber apoio financeiro desse ministério. O Núcleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos APLs de Mato Grosso do Sul (NE- APLs/MS) foi criado por indução do Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP-APL) coordenado pelo MDIC, como parte da estratégia de ampliação da atuação desse organismo federal, numa forma de "estratégia integrada" entre as duas instâncias de governo. O estímulo à implementação do NE-APLs/MS deu-se no sentido de envolver o governo estadual nas políticas dos APLs, como mecanismo de acolhimento de projetos do Estado, como também de incentivo ao compromisso das lideranças dos APLs no processo de elaboração dos Planos de Desenvolvimento e ainda, para promover articulações – de natureza institucional e empreendedora - que desse processo poderiam decorrer. Em síntese, o papel atribuído do GTPAPL ao núcleo foi o de que o mesmo pudesse induzir as demandas dos APLs em Mato Grosso do Sul, analisar suas propostas e promover as articulações institucionais, em acordo a cada Plano de Desenvolvimento. Entretanto, dado o contexto e o momento em que foi criado, no âmbito das políticas estaduais, o Núcleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais foi entendido 45 como política de subsídio e fortalecimento às cadeias produtivas. Essa concepção ficou visível na elaboração dos PPAs do Estado. O Programa “Gestâo de Cadeias” já fazia parte do PPA 20042007. No PPA 2008-2011 estadual, a “diversificação e adensamento das cadeias produtivas, com ênfase na atração de novos investimentos privados” apareceram como uma das principais diretrizes. E dentre as ações previstas nesse sentido esteve o fortalecimento dos Arranjos Produtivos Locais. Por outro lado, se pôde vislumbrar essa visão de elo direto dos APLs com as cadeias produtivas,por meio do decreto que criou o NE-APLs/Ms. Ele se inseriu na estrutura da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria.do Comércio e do Turismo (SEPROTUR) e o referido núcleo não só recebe indicações e sugestões das câmaras técnicas setoriais para os projetos de APLs como sempre deve submeter os projetos que lista ou que a ele chegam por demandas externas, à avaliação dessas câmaras. Com a criação do NE-APLs/MS em 2007 e o compromisso assumido com o GTP-APL, o primeiro passo no Estado foi proceder à identificação de projetos já existentes. O início se deu por aqueles projetos de APL já encaminhados aos ministérios, por outras formas de mediação. De posse do mapeamento de APLs dos ministérios, a etapa seguinte foi localizar os organismos oficialmente responsáveis pelos projetos e/ ou execução e/ou indicá-los para esse fim. Nesse processo, de acordo com as informações dadas em entrevista, o NE-APL/MS não tem e não usa um conceito próprio de APL. O governo aceita o conceito de quem o propõe e tem tentado fazer uma junção de todos eles, sem trazer para si a paternidade do mesmo. O NEAPL/MS é visto, nesse caso, como um simples organismo articulador e apoiador de projetos de APL e que conta com um conjunto de entidades participantes para esse fim. Por esse motivo, o governo estadual prefere trabalhar apenas com alguns critérios para caracterização do APL e contar com o apoio das organizações nele envolvidas. Nesse caso, o território para ser acolhido e incentivado como APL precisa apresentar pelo menos as seguintes características: conter um número significativo de empreendimentos - de qualquer porte – ou mesmo de indivíduos de determinado segmento produtivo, que compartilhem recursos comuns e mecanismos de governança. O papel do núcleo, na visão do governo estadual, existe para dar apoio a essa unidade produtiva e subsidiar sua gestão local, de 46 modo a consolidar os elos produtivos num processo de complementaridade e com base em objetivos comuns. E o núcleo também deve ser mediador das ações ali empreendidas perante outras esferas de governo, de modo a fortalecer o desenvolvimento local. Numa visão de conjunto, os APLs são vistos pelos responsáveis pelo NE-APLs/MS dentro do governo como bases de produção de um conjunto maior que seriam as cadeias produtivas. A consolidação de cada APL, nesse caso, teria que ocorrer, tanto por meio de elos de cooperação horizontal, como também vertical, de modo a se estabelecer cadeias de valor. Nesse processo, essas bases produtivas podem sair de uma produção meramente primária e avançar para uma base econômica de maior valor agregado. Entende-se que o apoio governamental dar-se-ia em duas escalas geográficas: primeiro atuam no adensamento de mini cadeias produtivas, fazendo dos APLs suas bases locais fortalecidas; depois atuam na consolidação de macro cadeias, já que estas podem extrapolar limites do próprio Estado. Trata-se mais especificamente de uma política voltada ao adensamento de cadeias. O desafio é congregar as instituições para fortalecer e dinamizar este processo e criar mecanismos que propiciem mudanças comportamentais De todo modo, o governo apóia ações de fortalecimento de APLs, especialmente aquelas feitas em parceria com o Ministério da Integração Nacional, que se voltam para áreas menos favorecidas, com políticas de redução das desigualdades regionais. O governo estadual reconhece que hoje, em termos de política de APLs, ainda se encontra em uma situação embrionária e, que tem um longo caminho a ser percorrido. Faz questão de alertar para o fato de que APLs não precisam ser necessariamente criados e que o importante é apoiar e fortalecer aqueles que já emergiram. Por outro lado, afirma-se existir maior consciência governamental de que o apoio aos APLs hoje é uma necessidade, especialmente, quando tomou ciência da significativa intervenção de políticas federais em nível de Estado para promoção de APLs, sem sua mediação. Um dos caminhos já percorridos pelo NE-APLs/MS tem sido o de intercambiar com organismos dos Estados da Rede CODESUL – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - da qual Mato Grosso do Sul faz parte, no intuito de realizar uma política integrada de fortalecimento de APLs e se fortalecer numa escala mais regional. 47 As reuniões do núcleo teriam perdido ritmo e freqüência, quando o governo percebeu que era, efetivamente, ele quem estava tomando decisões para os outros, no lugar dos atores serem os protagonistas dos APLs e o Estado ficar apenas na retaguarda. A retomada das reuniões teria que ocorrer com melhor condução do papel do governo estadual nesse sentido. 2.2 CONCEITO DE APL NA FORMULAÇÃO DA POLÍTICA DO SEBRAE/ MS O SEBRAE-MS foi a única organização que, dentro do Estado, conseguiu avançar na adoção de um conceito próprio de Arranjo Produtivo Local e com trabalho interno de capacitação pessoal, induzido em nível federal pelo novo direcionamento estratégico do Sebrae que priorizara os Arranjos Produtivos Locais a partir de 2003. 2.2.1 Origens dos projetos de APL na política do Sebrae/MS na origem de sua conceituação Com efeito, em 2003, no âmbito do Sebrae/MS ocorreu um amplo processo de capacitação de seus técnicos, com convite e abertura para os parceiros e integrantes dos conselhos (deliberativo e fiscal). No entanto, esse momento não suscitou o mesmo interesse ocorrido na etapa da formulação das políticas de cadeias produtivas, uma vez que estava destituído daquele contexto territorial e histórico anterior quando se inseriu o conceito de cadeia produtiva e política setorial e, ainda porque a política estadual não apresentava naquela época qualquer direcionamento nesse sentido. Ao contrário, na visão dos formuladores de políticas estaduais (SUCT-MS), da época, o APL como novo programa do MCT foi visto como “modismo”. Desse modo, o conhecimento gerado a respeito de Arranjos Produtivos Locais acabou se internalizando apenas no próprio Sebrae/MS. Em 2003, o Sebrae/MS indicou um pesquisador docente do Mestrado em Desenvolvimento Local da Universidade Católica Dom Bosco para compor a equipe de pesquisa sobre APLs da RedSist, patrocinada pelo Sebrae nacional, permitindo que esse tema também passasse a ser refletido no âmbito dessa instituição. 48 Antes disso, a preocupação básica dos integrantes do Sebrae/MS eram as mesmas de outras organizações que seguiam as políticas estaduais e eram parceiras nas ações da Seprotur, ou seja, atuavam com cadeias produtivas e políticas setoriais com ações estruturadas baseadas em gestão, produção e mercado, ações essas que nunca foram estancadas em nível do Estado. O Sebrae/ MS, portanto, continuou apoiando programas e projetos setoriais. Em meados de 2002, o Sebrae nacional havia iniciado, entre outras instituições, uma aproximação junto a RedeSist, instituição que introduziu o conceito de Arranjos Produtivos Locais no Brasil, com o objetivo de compreender o conceito e incorporá-lo às políticas publicas voltadas a promover o desenvolvimento econômico. A adoção do conceito levara o Sistema SEBRAE a adotá-lo como direcionamento estratégico a partir de 2003. O Sebrae nacional capacitou equipes técnicas das unidades federativas do Sistema SEBRAE para compreender o conceito. Deveriam retornar a seus Estados para identificar potenciais arranjos produtivos locais que poderiam receber uma intervenção do SEBRAE. Essa intervenção foi programada para se dar de forma estruturada, orientada pelo Termo de Referencia para Atuação em APLs, elaborado pela RedeSist e equipe do SEBRAE Nacional. 2.2.2 Conceito de APL do Sebrae/MS e critérios de seleção Antes da referida capacitação, os integrantes do Sebrae/MS nada sabiam a respeito do conceito. Depois dela e da diretriz estabelecida pelo Sistema SEBRAE, os mesmos integrantes passaram a adotar o conceito da Redesist de 2002 em suas ações: Arranjos Produtivos Locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas e que apresentam vínculos e interdependência (Glossário Redesist, 2002). Os técnicos do Sebrae/MS, desde o início, passaram a contar e ainda contam com apoio de um dos integrantes do quadro de pesquisadores da RedSist, ligados a ela desde suas origens. Por outro lado, alguns dos integrantes do quadro técnico do Sebrae/MS também freqüentaram e ou 49 freqüentam o Mestrado em Desenvolvimento Local da Universidade Católica Dom Bosco, desenvolvendo suas dissertações nesse tema, com a oportunidade de ampliar suas reflexões. Na visão do Sebrae/MS a capacitação se associou a outra forma de aprendizado,ou seja, à própria vivência dos técnicos no processo de apoio aos APLs. Tudo isso tem contribuído nesses últimos 6 anos para que o conceito original da RedeSist passasse por alguns ajustes, como fruto de um aprendizado próprio, realizado nas especificidades de Mato Grosso do Sul. Atualmente, por exemplo, o SEBRAE avalia com mais atenção quais são e como participam os atores locais, observando seu protagonismo e dinâmica endógena. Por outro lado, ampliou sua visão sistêmica em relação ao APL e vem dando maior valor ao papel das parcerias –público e privadas – como também à governança na construção de um ambiente propiciador de dinamismo no desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais. Verificou, por exemplo, que as prefeituras têm o papel fundamental no apoio aos APLs, como agente de governo nessa instância, para sua efetivo dinamismo e fortalecimento. E ainda que, em alguns casos em que o Sebrae/MS atua, os prefeitos e outras instituições já procuram o Sebrae/MS para discutir o Plano de Desenvolvimento dos municípios. Eles têm consciência que uma discussão mais ampliada e convergente sobre a realidade do município e ou da região resultará em projetos de desenvolvimento mais efetivos. Desse modo, hoje, os critérios apontados como básicos pelo Sebrae/MS para se eleger um APL ,na formulação de políticas de apoio dentro do Estado, têm sido, em primeiro lugar que haja uma demanda do setor empresarial e de organizações públicas e privadas.Analisa-se o histórico de atuação, metodologia e a densidade empresarial e organizacional. É dada grande importância ao papel, participação e comprometimento dos atores - empresários e instituições parceiras, destas com destaque para a prefeitura – principalmente daqueles que estão no local. Mas ainda entram como elementos dessa priorização o impacto e importância do APL para o desenvolvimento sócio e econômico do município, conjunto de municípios e região e, conseqüentemente, também do Estado e suas possibilidades de participação no comércio exterior. No contexto das políticas existentes no Estado em relação aos APLs e frente a determinados comportamentos adotados pelos atores apoiados, o Sebrae/MS se aponta casos de ações descontinuadas no apoio aos APLs. Em alguns casos isso se deu, quando os técnicos não sentiram respostas efetivas por parte dos atores e organizações envolvidas. Em outros, quando 50 tais técnicos se aperceberam de que estava na hora do SEBRAE sair da linha de frente e deixar o APL começar a caminhar com as próprias pernas. E ainda nos casos em que, conforme análise da equipe técnica do SEBRAE, a realidade apoiada não se caracterizava como APL, ou não atendia aos requisitos estabelecidos pelo Sebrae/MS para esse tipo de apoio. De todo modo, na visão do Sebrae/MS, a identificação dos APLs já não faz parte das prioridades de formulação de políticas de apoio. Atualmente, o Sebrae/MS atua muito mais com demanda orientada e organizada. Essa demanda nem sempre chega com o nome APL. Sua caracterização é feita pelos critérios referidos acima, mediante analise técnica. Atualmente o Sebrae/MS acha fundamental apoiar de forma estruturada e consistente organizações locais que a procuram para elaborar projetos de captação de recursos a APLs. Na visão dos técnicos do Sebrae/MS isso tem demonstrado o avanço no desenvolvimento da potencialidade e a competência local. E, buscar recursos de outras fontes disponíveis para APLs tem sido uma das ações mais importantes nas políticas de apoio aos APLs. Foi lembrado,nesse aspecto, que as demandas desse tipo costumam ser mais pontuais dentro do APL e se voltam basicamente à inovação e tecnologia que impactam diretamente a melhoria do processo de produção e ações de mercado. A atuação dos parceiros regionais e nacionais tem se dado e no âmbito de sua missão e campo de atuação. E a importância da cooperação com eles se concretiza na complementaridade e realização das ações, e na consciência da existência e da necessidade da interdependência entre todos. O maior desafio apontado pelo Sebrae/MS na execução das ações de apoio a APLs tem a visão de grande parte dos demandantes de que o Sebrae/Ms é quem vai trazer as respostas e fará o trabalho de graça. O esforço de uma ação inicial tem sido o de ao organizar o grupo que compõe o APL, trazer aos envolvidos a consciência de que ninguém e nenhuma instituição trará respostas prontas aos anseios e necessidades apresentadas - mas sim que todos farão parte de um processo onde será necessário investir tempo para a construção conjunta de respostas - e ainda que a maioria das demandas têm custo financeiro e que todos, de alguma forma, terão de contribuir. 51 Outro desafio está ligado à cultura do imediatismo, numa visão de que ações pontuais resolverão todas as demandas e necessidades. O esforço dos técnicos do Sebrae/MS têm sido o de instigar e conscientizar tais atores da importância do planejamento, de que se deve procurar executar o que foi planejado fazendo os ajustes necessários e ainda de que embora os interesses sejam divergentes, os objetivos do planejamento precisam ser convergentes, no atendimento de demandas do próprio APL. E, por fim, ainda existe o desafio de se desenvolver a cultura empreendedora de cada participante, de instigar seu protagonismo. No entanto, a principal vantagem apontada pelo Sebrae/MS em se apoiar APLs tem sido a possibilidade de realizar uma atuação em conjunto com diversas instituições, cada uma cumprindo de fato sua missão, seu papel no contexto do desenvolvimento local, no sentido mais amplo que esse termo possa expressar. Tem sido uma forma de apresentar e participar de resultados concretos, com um olhar além da economia. É tentar fazer as possibilidades e potencialidades do APL- dos atores econômicos e organizações locais público e privadas - com políticas e diretrizes de desenvolvimento de níveis municipal, estadual e federal, num desafio de orquestrar essa atuação com complementaridade e não sombreamento de ações; onde realmente o todo seja maior que a soma das partes. 2.3 CONCEITO DE APL NA FORMULAÇÃO DA POLÍTICA DO BANCO DO BRASIL S.A 2.3.1 Origens dos projetos de APL na política Banco do Brasil na origem de sua conceituação A Superintendência do Banco do Brasil em Mato Grosso do Sul atua com políticas de apoio a APLs, também por movida indução dos organismos de instância federal dessa organização. A Estratégia Negocial intitulada “Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS)” foi proposta pelo banco em nível nacional, em 2003, tendo como referencial a sustentabilidade (econômica, social e ambiental) em micro e pequenas empresas. A estratégia consiste na atuação do banco 52 como agente catalisador das potencialidades locais e dos diferentes agentes – econômicos, políticos e sociais - existentes nas comunidades, de forma a promover sua sustentabilidade. Por meio dessa estratégia DRS, o banco tem procurado possibilitar e fortalecer a construção de comunidades em rede, com características de interdependência, reciclagem, parceria, flexibilidade e diversidade. Nessa visão de organizações em rede o banco inclui as aglomerações, cadeias produtivas e Arranjos Produtivos Locais. Desse modo, o Arranjo Produtivo Local aparece para o Banco do Brasil como um dos “focos negociais” dessa estratégia, visto como uma rede caracterizada por vínculos de especialização, cooperação e aprendizagem. O principal papel do banco junto aos APLs seria o fortalecimento de parcerias interinstitucionais e locais, o apoio ao associativismo e cooperativismo e a valorização do protagonismo local. Com a forte capilaridade que o banco apresenta em função da presença de várias agências locais, foi vislumbrada a possibilidade do mesmo se inserir diretamente nas estratégias de comunidades locais para apoiar o fortalecimento de parcerias, contribuir para alavancar o crédito e customizar serviços e produtos do banco, mitigar riscos e contribuir para maior capacidade empresarial e inserção no mercado, inclusive internacional. O BB GIRO APL, criado em 2006, faz parte dessa estratégia e tem como objetivo disponibilizar capital de giro com condições especiais para as empresas que integram Arranjos Produtivos Locais – APL apoiados pelo BB. Os APLs também podem fazer uso dos produtos e serviços de comércio exterior que o Banco oferece, por meio da estratégia DRS, tais como Consultoria e Treinamento em Negócios Internacionais, Balcão de Comércio Exterior, Programa de Geração de Negócios Internacionais e Proger Exportação. 2.3.2 Conceito de APL do Banco do Brasil e critérios de seleção 53 Em nível nacional, o Banco do Brasil S.A mantém no seu portal (http://www.bb.com.br/portalbb) uma aba que apresenta a definição adotada de APL: O APL é uma concentração de agentes - empresas, cooperativas e associações urbanas, profissionais liberais e empreendedores informais - localizados em um mesmo território, operando em atividades produtivas correlacionadas e que apresentam vínculos expressivos de interação, cooperação e aprendizagem, tendo por objetivo o desenvolvimento econômico e social. Acrescenta ainda características que lhe atribuem especificidades ao APL: aglomeração, território, governança, diversidade de instituições, associação e cooperação, capital social, empreendedorismo, protagonismo local. No entendimento da gerência da estratégia DRS em Mato Grosso do Sul, o APL e o DRS apresentam estratégias diferenciadas em seu conceito e operacionalidade. A estratégia DRS propriamente dita é aplicada em comunidades constituídas de pessoas físicas, enquanto que a estratégia para APLs é aplicada a uma rede de pessoas jurídicas. O foco negocial APL tem sido trabalhado especificamente na diretoria de Micro e Pequenas Empresas e o do DRS na de , embora o banco esteja refletindo sobre uma redefinição dessas duas estratégias. O banco trabalha com visão de cadeia de valor, independente de ser comunidade, APL, aglomeração ou cadeia produtiva. O eixo do plano é a atividade produtiva de cada unidade detectada, além do ambiente institucional e organizacional. A visão de cadeia de valor significa para o banco considerar todas as etapas de produção e distribuição que agregam valor a produtos e serviços até o consumidor final, bem como todos os elementos de influência direta e indireta no ambiente produtivo, tais como governos, cooperativas e instituições públicas e privadas, entre outros. Por meio dessa estratégia negocial, o Banco do Brasil procura impulsionar o desenvolvimento sustentável das regiões em que exista uma de suas agências e as ações implicam em mobilização de agentes econômicos, políticos e sociais. Por meio dessa estratégia, o Banco do Brasil se propõe: 54 • Promover geração de trabalho e renda e inclusão social; • Democratizar o acesso ao crédito; • Impulsionar o associativismo e o cooperativismo; • Contribuir para a melhora dos indicadores de qualidade de vida; • Solidificar os negócios com micro e pequenos empreendedores rurais e urbanos, formais ou informais. O termo “regional” do DRS nesse caso, não diz respeito ao âmbito territorial de cada projeto e sim ao do território administrativo das agências. A visão territorial do banco pode ser tanto a da atuação da agência, como a da integração entre agências. A área de abrangência de cada agência é definida por sua jurisdição. Já a área do projeto é definida pela unidade do sistema produtivo que o banco pretende apoiar. A metodologia de atuação do banco em cada área de jurisdição se inicia com a sensibilização, mobilização e capacitação de funcionários do banco, assim como dos parceiros. Em seguida se parte para os primeiros contatos de detecção das unidades produtivas. Para a escolha da unidade a ser apoiada é necessário que faça parte de uma área produtora e ser o elo dessa produção e que haja um certo nível de aglomeração de atores envolvidos. Sua inclusão é feita com a participação da comunidade no seu território. Vem então, a fase da escuta dos parceiros e de suas vocações para se constituir uma Equipe de Trabalho DRS. As parcerias são montadas a cada projeto e a construção das ações é feita em conjunto. Essa equipe vai ter sob sua responsabilidade a elaboração de um diagnóstico e de um Plano de Negócios, bem como pela implementação, monitoramento e avaliação das ações planejadas da unidade produtiva eleita. No diagnóstico, além de se abordar toda a cadeia de valor da atividade produtiva, identificam-se pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças. Com base no diagnóstico, é elaborado um Plano de Negócios DRS, no qual são definidos os objetivos, metas e as ações para implementação do Plano, com datas e prazos numa visão de futuro de negócio (Figura o1). 55 A última etapa da metodologia DRS seria aquela da análise, implementação, monitoramento e avaliação das ações realizadas. È a hora de avalairar as ações, corrigir e agir em função dos resultados efetivos. Figura 01 Metodologia de atuação do Banco dooBrasil de DRS do NE-APLS/MS e como parceiro tem Em Mato Grosso do Sul, Banconadoestratégia Brasil é integrante por princípio apoiar todos os APLs identificados e apoiados pelo governo estadual. Além do núcleo constituem importantes parceiros no Estado a AGRAER, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Sebrae/MS e diversos sindicatos. Na visão da gerência do DRS em Mato Grosso do Sul, essas estratégias de ação do DRS junto aos APLs têm sido positivas, na medida em que têm efetivamente contribuído para ampliar a renda e, conseqüentemente, melhorar a vida das pessoas. Entretanto, o banco ainda enfrenta muitos desafios. O desempenho das instituições locais nas políticas implementadas ainda se mostram incipientes e ainda pouco se conta com o protagonismo dos atores locais. Eles não conseguem se desvencilhar de atitudes reveladoras de uma cultura assistencialista. Por outro lado, a maior parte dos atores não conta com capital de giro e enxergam o crédito como uma armadilha. Eles conduzem sua atividade e não percebem que o financiador deles é o fornecedor, pois não há uma formalidade nessa forma de financiamento. Quando o Banco mostra como funciona o financiamento os atores acabam por perceber a importância da presença do banco. 56 Entretanto, um dos maiores desafios que a instituição enfrenta nesses apoios é a materialização dos compromissos feitos, pois na cultura bancária se opera com prazos definidos, que raramente são cumpridos pelos executores. Os atores locais também não querem colaborar e se comprometer com a materialização das ações de crédito, quando ele é coletivo. Existem também desafios de ordem interna, diante de um quadro de funcionários pragmáticos que apresentam dificuldade e falta de sensibilidade para entender algumas ações. Trabalhar com pessoas envolve desejos, espírito empreendedor, prontidão, humor, subjetividade. Nesse sentido, há conflitos com a cultura bancária. São 67 agencias com planos e não tem como gerir isso tudo dessa forma. Em alguns casos, predomina o caráter apenas de cumpridor de tarefa. 2.4 CONCEITO DE APL ENTRE PARCEIROS EXECUTORES DE POLÍTICAS EM MATO GROSSO DO SUL Observou-se por entrevistas realizadas a dois dos parceiros considerados relevantes na coordenação de APLs apoiados por políticas públicas em Mato Grosso do Sul – os integrantes do sistema FIEMS e da Embrapa Gado de Corte, que os mesmos não adotaram conceitos, mas conseguem visualizar seu papel na execução de políticas como parceiros. No caso do Sistema Indústria, afirmou-se a organização já havia trabalhado com a noção de cluster quando atuou com o SENAR e que hoje centrou mais sua atuação no desenvolvimento de cadeias produtivas. Entretanto, como é grande parceiro do Sebrae/MS lhe dá suporte nas ações de apoio aos APLs e preferem adotar seu conceito e suas diretrizes. Nessas ações de apoio a APLs se sentem mais executores do que formuladores de políticas. Na visão dessa organização, o sistema se volta especificamente para apoiar a competitividade industrial e, nesse sentido, é operacionalizador. Assim ele capacita, contribui no aporte de novas tecnologias, é fomentador de bolsas para pesquisa. Como está colaborando de forma mais estreita com os Estados participantes da CODESUL, além do APL cerâmico, estão procurando se envolver com o APL de madeira e têxtil e confecções. Teriam interesse em apoiar também os APLs de Tecnologia da Informação e metalmecânico. 57 A Embrapa Gado de Corte também se considera conhecedora do conceito de cadeia produtiva, com quem vem trabalhando ao longo desses últimos anos, mas desconhedora do conceito de APL. Como parceira, ela se vê, antes de tudo, como órgão de pesquisa na busca de respostas tecnológicas aos processos produtivos. A cobrança social em relação a essa organização no Estado tem sido sempre em termos de transferência de tecnologia. Atualmente, além dos aspectos agroindustriais ligados ao gado bovino, a Embrapa Gado de Corte de Campo Grande está se envolvendo com o gado ovino, com foco especial na tecnologia de produção e com os territórios de cidadania. Ela adotou a filosofia de que a pesquisa não deve ser imposta, mas deve nascer aliada a uma demanda, pois não pode ficar engavetada. No caso dos APLs confessa não ter podido apoiar mais porque não foi preparada para tal e pouco conhece esse conceito, embora tenha muito interesse nessa política. Segundo se afirmou em entrevista, a Embrapa recebeu do MIDIC uma planilha para relacionar algumas informações relacionadas ao APL e houve surpresa daquele órgão ao descobrir que ela não dispunha dessas informações e não tinha conhecimento de como buscá-las. Os pesquisadores esperavam subsídios por parte do governo estadual de como atuar em APLs, mas nada obtiveram. Tentou-se uma aproximação com a prefeitura municipal e depois com a Agraer, mas sem sucesso.Houve frustração, pois a Embrapa não tem este preparo, embora pretenda tê-lo para poder contribuir melhor com essa política. 2.5 APLS SELECIONADOS PARA POLÍTICAS PÚBLICAS EM MATO GROSSO DO SUL São 03 os organismos de Mato Grosso do Sul que formulam políticas de apoio aos APLs: o governo por meio do NE-APLs/MS, o Sebrae/MS e o Banco do Brasil S.A. 58 2.5.1.APLs selecionados e apoiados pelo NE-APLs/MS A SEPROTUR, secretaria em que o NE-APLs/MS se insere, absorve todo segmento produtivo setor, primário, secundário e terciário – de modo que as políticas públicas para produção a transformação e os serviços são formuladas num mesmo ambiente. Com a criação do NE-APLs/MS em 2007 e o compromisso assumido com o GTP-APL, o primeiro passo foi proceder à identificação de projetos já existentes, aqueles projetos de APL já encaminhados aos ministérios, por outras formas de mediação. Nessa etapa, se tomou ciência da significativa intervenção de políticas federais em nível de Estado para promoção de APLs, sem que fossem mediadas por ele, fato interpretado como preocupante pelo governo. De posse do mapeamento de APLs dos ministérios, a etapa seguinte foi dos responsáveis pelo NE-APLs/MS localizarem os organismos oficialmente responsáveis pelos projetos e/ ou execução. A lista de Arranjos Produtivos Locais identificados junto aos organismos coordenadores foi apresentada e apreciada pelas respectivas câmaras técnicas e junto aos integrantes do Núcleo Estadual. Segundo se informou, alguns dos projetos de APL que apareciam na lista de órgãos federais nunca chegaram a ser efetivamente identificados e, nesse caso, foram tirados da referida lista. Nesse processo se definiram os 05 Arranjos Produtivos Locais considerados mais consistentes em termos de estrutura e estágio de acompanhamento para serem encaminhados ao GTP-APL. Alguns deles já haviam usufruído de apoio e fomento do Ministério da Integração Nacional (MI) e mesmo de outros órgão federais para iniciar suas ações. Dessa lista, faziam parte APLs que, de alguma maneira haviam recebido apoio financeiro. Os recursos, nesse caso, vieram de diversas fontes de organismos e programas federais. Foram os casos do Ministério de Desenvolvimento Agrário (PRONAF), Ministério da Pesca, Ministério do Turismo, ou Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), entre outros. Os APLs eleitos pelo governo para serem apoiados por políticas públicas ficaram sob a responsabilidade dos organismos envolvidos, definidos em reuniões das câmaras técnicas setoriais e no âmbito do NE-APLs/MS. Dentre as organizações de apoio, apenas a AGRAER – 59 organismo que integra o aparelho governamental - ganhou responsabilidades na coordenação de alguns APLs. Os outros ficaram sob a coordenação do Sebrae (os APLs apoiados com suas próprias políticas), a FIEMS (e o SENAI), a Embrapa e três universidades: UFMS, UCDB e UNIDERP. Os projetos do Banco do Brasil referentes à estratégia DRS só recentemente foram apresentados ao NE-APLs-MS e ainda não chegaram a ser reconhecidos nas políticas governamentais como projetos de APLs. O Banco do Brasil tem atuado apenas como agente financeiro que se disponibiliza a apoiar projetos já identificados pelo núcleo. 2.5.1.1 Parceiros no apoio às políticas públicas do governo estadual Entre os parceiros que assumem a responsabilidade na coordenação de projetos de APL, seja para a elaboração e/ou execução do plano de desenvolvimento, na lista de APLs identificados para serem apoiados, têm destaque, além da AGRAER dentro da estrutura do próprio governo estadual, o Sebrae/MS, o Sistema Indústria da FIEMS e a Embrapa, além de 03 universidades. Essas organizações integram e lideram câmaras técnicas setoriais e ainda fazem parte do NEAPLs/MS. Além disso, parte delas estão vinculadas ao Conselho Deliberativo do Sebrae/MS, que fortalecem os vínculos de parceria. A AGRAER por sua atribuição no Estado como órgão de assistência técnica, pesquisa e extensão rural no apoio à agricultura familiar e pelos elos mantidos com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, coordena projetos de desenvolvimento que respondem à priorização de políticas a esse segmento. O apoio aos agricultores familiares na melhoria das condições da produção do leite no abastecimento de laticínios e que propicie aumento da renda, tem respondido a uma dessa prioridades, motivo pelo qual esse órgão tem se interessado por apoiar projetos de APLs na produção de leite (Quadro 01). A EMBRAPA teve participação efetiva na elaboração e coordenação da execução dos projetos iniciais de cadeia produtiva vinculada à idéia de plataforma tecnológica, em fase anterior das políticas de APL no Estado. Destacaram-se nos projetos relacionados à carne bovina e centro tecnológico do couro, assim como a produção de mandioca e fecularias do Vale do Ivinhema, respectivamente a Embrapa Gado de Corte e Embrapa Agropecuária Oeste. A Embrapa Pantanal se envolveu ainda com o diagnóstico da atividade melífera do Pantanal. 60 APL Leite de Gloria de Dourados Leite do Bolsão CNAE (Código) * 105 105 Localização geográfica Código do IBGE Angélica 00856 Deodápolis 03454 Fátima do Sul 03801 Glória Dourados 04007 Ivinhema 04700 Jateí 05103 Novo Horizonte do Sul 06259 Vicentina 08404 Aparecida do Tabuado 01003 Agua Clara 00203 Brasilandia 02308 Cassilândia 02902 Inocência 04403 Paranaiba 06309 Santa Rita do Pardo 07554 Selvíria 07802 Três Lagoas 08305 Ponta Porã 06206 Quadro identificados para apoio governamental sob a coordenação da AGRAES 02 APLs Fonte: NE-APLs/MS Como parceira nas políticas de apoio, a Embrapa ficou responsável pelo APL de Couro e Derivados (Quadro 03) Atualmente, o projeto de APL da ovinocaprinocultura, na política atual de promoção do NEAPLs/MS, visando mercado externo ao Estado, está sob a coordenação da Embrapa Gado de Corte no Estado de Mato Grosso do Sul, que abriga Núcleo de Pesquisa e Transferência de Tecnologia da Embrapa Caprinos. Como seus pesquisadores participam de algumas câmaras técnicas e sua atenção maior tem sido basicamente no aprimoramento das cadeias produtivas e das “boas práticas”. 61 APL Couro e Derivados CNAE (Código)* 15 Localização geográfica Código do IBGE Campo Grande 02704 Amambai 00609 Dourados 03702 Iguatemi 04304 Nova Andradina 06200 Paranaíba 06309 Rio Brilhante 07208 Quadro 03 APLs identificados para apoio governamental sob a coordenação da EMBRAPA Gado de Corte Fonte: NE-APLs/MS A FIEMS teve significativa participação, durante a fase dos projetos de cadeias produtivas vinculadas à metodologia das plataformas tecnológicas, no setor de gás natural e energia e do Couro e Calçados. Naquele período, a energia já constituía o maior estrangulamento ao desenvolvimento da indústria do Estado. A idéia do projeto de cadeia produtiva encaminhado ao MCT foi a de transformar o gasoduto num grande eixo integrado de experiência industrial inovadora e irradiadora de tecnologias ligadas ao uso do gás natural, vinculado a um pólo petroquímico e a unidades termoelétricas. Nesse projeto, o primeiro a ser aprovado na época, o SENAI esteve na coordenação e abrigou interessou-se por coordenar o projeto e abrigar em suas instalações o “Núcleo de Tecnologia de Gás do Mato Grosso do Sul (NTGÁS-MS)”, com a finalidade de disponibilizar tecnologias, equipamentos, metodologias e serviços por meio de parcerias estratégicas. 62 O SENAI também apóia o Centro Tecnológico do Couro, instalado na Embrapa Gado de Corte. E é responsável pelo Laboratório Cerâmico, instalado em Rio Verde de Mato Grosso para dar suporte ao APL cerâmico. APL CNAE (Código)* APL cerâmico /artesanato Couro e calçados Gás Natural 15 0910 Madeira e Móveis Papel e Celulose 2903 Localização geográfica Código do IBGE Coxim 03306 Rio Verde de Mato Grosso 07406 São Gabriel do Oeste 07695 Aquidauana 01102 Campo Grande 02704 Rochedo 07505 Sidrolândia 07901 Terenos 08008 Campo Grande 02704 Corumbá 03207 Dourados 03702 Três Lagoas 08305 Água Clara 00203 Ribas de Rio Pardo 07109 Três Lagoas 08305 Campo Grande 02704 Tres Lagoas 08305 Quadro 04 APLs identificados para apoio governamental sob a coordenação do Sistema FIEMS Fonte: NE-APLs/MS Atualmente, em função dos elos existentes entre a FIEMS, BRDE e CODESUL, o sistema FIEMS fortaleceu seu interesse na política de desenvolvimento dos APLs Madeira e Móveis e do Têxtil e Confecções (ambos em consolidação), como também tem proruado se envolver com a política de apoio aos APLs de Tecnologia da Informação (embrionário) e o Metalmecânico (desativado). 63 Três das 05 universidades do Estado têm atuado como parceiras na coordenação dos projetos de APLs identificados e apoiados pelo governo estadual – UFMS, UCDB e UNIDERP (Quadro 05). APL Erva-Mate Olericultura Piscicultura Microrregião de Dourados CNAE (Código ) 0139 0121 0312 Localização geográfica Código do IBGE Amambaí 00609 Antônio João 00906 Aral Moreira 01243 Bela Vista 02100 Caarapó 02407 Caracol 02803 Coronel Sapucaia 03157 Iguatemi 04304 Juti 05152 Laguna Carapã 05251 Paranhos 06358 Ponta Porã 06606 Sete Quedas 07703 Tacuru 07950 Campo Grande 02704 Dois Irmãos do Buriti 03488 Jaraguari 04908 Rochedo 07505 Sidrolândia 07901 Terenos 08008 Sidrolândia 07901 Terenos 08009 Amambai 00609 Antonio João 00906 Aral Moreira 01243 Caarapó 02407 Douradina 03504 Dourados 03702 Fátima do Sul 03801 Itaporã 04502 Juti 05152 Laguna Caarapã 05251 Maracaju 05400 Mundo Novo 05681 Nova Alvorada do Sul 06002 Ponta Porã 06606 Rio Brilhante 07208 Vicentina 08404 Universidade Responsável UCDB UNIDERP (UFMS 64 São Gabriel D`Oeste 07695 Sonora 07935 Quadro 05 APLs identificados para apoio governamental sob a coordenação de universidades 2.5.1.2 APLs priorizados para o GTP-APL Fonte: NE-APLs/MS Em 2007, foram priorizados para se submeter à avaliação do GTP-APL aqueles APLSque se entendia terem atingido maior nível de consolidação: 1. 2. 3. 4. 5. Turismo da Serra da Bodoquena; Mandioca do Vale do Ivinhema; Piscicultura da Microrregião de Dourados; Leite de Glória de Dourados; Cerâmica “Terra Cozida do Pantanal” Para 2008 foram definidos, não só arranjos que haviam atingido maior nível de consolidação, como também aqueles que mais coadunavam com os interesses das políticas do novo governo de Estado. Estiveram entre os cinco priorizados, portanto, os APLs de: 1. 2. 3. 4. 5. Confecções de Nova Andradina Leite da Região do Bolsão Madeira e móveis, Olericultura de Campo Grande e Municípios de entorno Erva-mate No que tange aos cinco primeiros Arranjos Produtivos Locais priorizados, dos Planos de Desenvolvimento encaminhados ao GTP- APL, Mato Grosso do Sul não chegou a ter resposta para ser contemplado com apoio para nenhum deles. Nesse compasso de espera em relação às políticas do GTP, as atividades do Núcleo perderam dinamicidade, num espírito de descrédito em relação. Em 2009, como iniciativa para fortalecer junto ao GTP-APL e a outras instituições de âmbito federal, foi elaborada uma política de apoio a APLs de âmbito regional, definida no Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (CODESUL), pacto federativo já existente entre os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná desde 1961 e ao qual Mato Grosso do Sul aderiu 65 em 1992. O objetivo do CODESUL tem sido constituir um foro privilegiado para coordenar problemas comuns aos estados-membros, em especial aqueles relativos ao desenvolvimento econômico e social e à integração ao Mercosul. Em julho de 2009, na reunião dos governadores em Foz do Iguaçu, foi criada a “Rede de Cooperação de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e suas Cadeias Produtivas” com a finalidade de ser elo de ações conjuntas desenvolvidas pelos Estados membros, visando o fortalecimento dos APLs e cadeias, principalmente no desenvolvimento das pequenas e micro empresas. Por meio da rede os Estados-membros conseguiram congregar 43 APLs (Quadro 06 ) e vêm nisso uma forma de ampliar a força econômica Arranjo Produtivo Local Madeira e Móveis Têxtil e Confecções Tecnologia da Informação Metalmecânico Couro e calçados Leite Mandioca Vinhos e frutas Cerâmica Pólo Naval de Rio Grande Lapidação e Gemas Soledade Carne do Pampa Gaúcho - Bagé Malacocultura Produtos de Metal - Loanda Máquinas e Equipamentos Cascavel Gesso Cal e Calcário Curitiba Horticultura Erva-Mate Turismo da Serra Bodoquena Piscicultura TOTAL RS SC PR MS Total 02 01 01 02 01 0 0 01 0 01 01 01 0 0 0 0 0 0 0 0 11 02 01 01 01 01 01 0 01 01 0 0 0 01 0 0 0 0 0 0 0 10 02 04 01 0 0 0 01 0 0 0 0 0 0 01 01 01 0 0 0 0 11 01 01 0 0 01 02 01 0 01 0 0 0 0 0 0 0 01 01 01 01 11 07 07 03 03 03 03 02 02 02 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 43 Quadro 06 APLs da Rede de Cooperação de APLs do CODESUL Fonte: CODESUL, 2009 APLS i i d desses APLs, na medida em que aumenta a representação política dos quatro Estados 66 junto aos organismos de instância federal. A rede, na visão dos integrantes do CODESUL, pode contribuir para a ampliação de mercados e de arrecadação, para melhoria e competitividade, como também para redução de custos aos APLs. Dentre as demandas e necessidades comuns da Rede estão a qualificação profissional, acesso a mercados, agregação de valores aos produtos e crédito. Nesse particular, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), vinculado ao CODESUL, deve participar da rede liberando crédito para os micro e pequenos empreendimentos. Durante o encontro de Porto Alegre, realizado em setembro de 2009, foram eleitos 04 APLs da rede do CODESUL como prioritários na formulação de políticas de apoio, por serem comuns nos Estados do Codesul: 1. Madeira e móveis, 2. Têxtil e confecções, 3. Tecnologia da Informação 4. Metalmecânico De acordo com o levantamento da Rede, tais APLs concentram 255.522 empregos, gerados por 25.360 empresas, sendo que desses, 70% são micro e pequenas empresas. Somente os dois primeiros desses 04 APLs – madeira e móveis e têxtil e confecções - concentram 82,45% das empresas e 52,6% dos empregos nos 04 Estados. Mato Grosso do Sul participa com 01 APL de madeira e móveis e outro de Têxtil e Confecções. O APL de Tecnologia da Informação ainda se encontra embrionário em Mato Grosso do Sul, embora haja interesse do governo em fortalecê-lo. Teve origem em um dos projetos de cadeias produtiva baseada na metodologia da plataforma tecnológica, que culminou na implantação do “Centro Tecnológico de Eletrônica e Informática do Estado (CTEI-MS)” em 2006, junto às instalações da UFMS em Campo Grande, num trabalho integrado com 2 outras universidades regionais – UCDB e UNIDERP - e incubadoras. O objetivo é a produção de ciência e tecnologia na área da informática e eletrônica, viabilizando o desenvolvimento de softwares e hardwares no aporte de soluções para necessidades científicas e tecnológicas de Mato Grosso do Sul. A finalidade é a de se constituir num futuro pólo de tecnologia de informática e eletrônica no Estado. 67 Ainda em 2009, foi realizado em Curitiba o I Fórum de APLs de Tecnologia da Informação do CODESUL, destinado à divulgar boas estratégias de associativismo, em parceria com o SEBRAE/PR. Contou com a presença da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (SOFTEX), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX), Observa-se nessa política que Mato Grosso do Sul não mais considerou a existência do APL da erva-mate no Estado, dada a precariedade de dados existentes a respeito do mesmo, como também o APL metalmecânico, considerado desativado após o fechamento da empresa gaúcha montadora de secadores agrícolas, à qual o mesmo se ligava4. 2.5.2.APLs selecionados e apoiados pelo Sebrae/MS O primeiro apoio a APL feito pelo Sebrae/MS em Mato Grosso do Sul partiu da demanda do grupo envolvido com atividade cerâmica em Rio Verde de Mato Grosso e Coxim. A solicitação do líder dos ceramistas locais, hoje diretor do Conselho do Sebrae (representante da FIEMS), foi o de transformar os empreendimentos locais em um cluster. E a resposta foi a elaboração de um projeto de Arranjo Produtivo Local, hoje considerado um dos APLS que mais atraiu recursos e o mais consolidado dentro do Estado. A mandioca atraiu a atenção do Sebrae, por se tratar de um projeto já existente e de interesse da política estadual por se tratar de agricultura com produtores familiares e que já contavam com recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAf). O turismo também foi foco de interesse da política de APLs. Integrantes da do Sebrae/MS haviam se envolvido, em 2002, com trabalhos de regionalização e inventário do turismo no Estado em obediência ao Plano de Desenvolvimento Turístico e Sustentável de Mato Grosso do Sul (PDTUR-MS). Até 2004, já tinham sido elaborados projetos de APL para três regiões do 4 O APL Metalmecânico de Campo Grande, foi iniciativa do Sebrae/MS junto a micro e pequenas empresas locais e regionais terceirizadas de uma grande empresa nacional de produtos de limpeza, secagem, armazenagem e transporte de cereais voltados à exportação, instalada em Campo Grande em 2004. O APL sofreu um processo de desativação, diante da crise enfrentada pela Kepler Weber, frente à crise do agronegócio no Brasil, esta encerrando suas atividades em outubro de 20064, sem previsão de retomada de suas funções no Estado. 68 turismo: Costa Leste, Norte e Serra da Bodoquena. Em 2004 foram iniciados mais 02 projetos de APL: piscicultura Grande Dourados e apicultura Pantanal/ Sudoeste. Em 2004, o SEBRAE adotou a metodologia “Gestão Estratégica para Gestão de Resultados (GEOR)”, buscando efeitos combinados para um conjunto articulado de ações e resultados em cadeia, voltados a um determinado público-alvo identificado no projeto desenvolvido, de modo a tornar sua atividade sustentável num horizonte de 2 a 3 anos . Na metodologia GEOR em execução em 2005 e 2006 foram enfocados públicos-alvo em 07 projetos de APLs, o da mandioca no Vale do Ivinhema, o cerâmico Terra Cozida do Pantanal e os cinco outros no setor de turismo e artesanato: dois na Serra da Bodoquena e os outros no Pantanal, Costa Leste e região Norte (Terra Cozida do Pantanal). Uma marca na atuação do Sebrae/MS no desenvolvimento de projetos de APLs tem sido a parceria com as prefeituras municipais. Para 2005/2007 o Sebrae nacional avançou nas propostas de enfoque às ações coletivas de setores prioritários na interface com os territórios, como também nas políticas de APLs em direção ao agronegócio, comércio e serviços e soluções estruturantes. Também incluiu nas suas diretrizes a capacitação dos agentes e aprofundamento nas parcerias com organismos públicos e privados. Na política estabelecida para 2006/2010 o Sebrae nacional colocou a mortalidade das micro e pequenas empresas, como um problema a superar. Entre as doze diretrizes estratégicas está a de estabelecer alianças estratégicas para mobilizar recursos, competências e conhecimentos, promover a educação empreendedora e a cultura da cooperação e promover o acesso à tecnologia e a ampliação da capacidade de inovação. Dentre os projetos já trabalhados pelo Sebrae/MS e que foram identificados pelo NE-APLs/MS para serem apoiados estiveram aqueles de natureza industrial (setor cerâmico e de confecção), de atividades agrícolas e agroindustriais e relativas ao turismo e artesanato. 69 O setor apoiado na indústria foi o cerâmico, na Região Norte do Estado e o de confecções no Sudoeste (Quadro 07). APL Cerâmica Terra Cozida do Pantanal Confecções Nova Andradina Confecções Três Lagoas Confecções Campo Grande CNAE (Código) 234 141 141 141 Localização geográfica Código do IBGE Coxim 03306 Rio Verde de Mato Grosso 07406 São Gabriel do Oeste 07695 Angélica 00856 Bataiporã 02001 Deodápolis 03454 Glória de Dourados 04007 Iguatemi 04304 Ivinhema 04700 Naviraí 05707 Nova Andradina 06200 Novo Horizonte do Sul 06259 Três Lagoas 8305 Aparecida do Taboado 01003 Paranaiba 06309 Campo Grande 02704 Sidrolândia 07901 Quadro 07 APLs identificados para apoio governamental do setor industrial sob a coordenação do Sebrae-MS Fonte: NE-APLs/MS 70 Também foram identificados pelo NE-APLs/MS os APLs trabalhados pelo Sebrae/MS relativos à território agrícolas e agroindustriais, que abrangem tanto a Faixa de Fronteira Sul do Estado (apicultura), como o Sudeste, no Vale do Rio Ivinhema (mandioca e fecularias). Entre esses, também foi incluída a proposição de apoio ao cultivo hortícola em propriedades de agricultura familiar (Quadro 08). APL Apicultura na Região Sul Horticultura Horticultura (PAIS) CNAE Código 0159 0121 0121 Localização geográfica Código do IBGE Amambai 00609 Angélica 00856 Dourados 03702 Fátima do Sul 03801 Mundo Novo 05681 Ponta Porã 06606 Rio Brilhante 07208 Amambaí 00609 Antônio João 00906 Aparecida do Taboado 01003 Aral Moreira 01243 Caarapó 02407 Cassilândia 02902 Chapadão do Sul 02951 Coronel Sapucaia 03157 Costa Rica 03256 Dourados 03702 Eldorado 03751 Iguatemi 04304 Inocência 04403 Itaquiraí 04601 Japorã 04109 Juti Laguna Carapã 05152 05251 Sete Quedas 07703 Tacuru 07950 Campo Grande 02704 Jaraguari 04908 Sidrolândia 07901 Terenos 08008 71 Mandioca do Vale do Ivinhema Angelica 00856 Pecuária de Corte Batayporã Campo Grande 02001 0151 Deodápolis Água Clara Glória de Dourados Aquidauana 02704 03454 00203 04007 Ivinhema 01102 04700 02100 Jateí Cassilândia 05103 02902 Nova Andradina Corumbá 06200 03207 Costa Horizonte Rica Novo do sul 06259 03256 Taquarussu Inocência 07976 04403 Bela Vista Miranda 05608 Paranaíba Ponta Porã 06309 06606 Porto Murtinho Ribas do Rio Pardo 06903 07109 Três Lagoas 08305 Caarapó 02407 Douradina 03504 Dourados 03702 Fátima do Sul 03801 Continuação do Quadro 08 Itaporã 04502 Juti 05152 Laguna Carapã 05251 Maracajú 05400 Nova Alvorada do sul 06002 Ponta Porã 06606 Rio Brilhante 07208 Vicentina 08404 Quadro 08 APLs identificados para apoio governamental do setor agrícola e agroindustrial sob a coordenação do Sebrae-MS Fonte: NE-APLs/MS As políticas de apoio do governo estadual também se voltaram para os APLs de turismo e do artesanato, trabalhados pelo Sebrae/ MS, de modo geral, de forma conjugada. Abrangeram os municípios da Serra da Bodoquena e Ponta Porã, assim como de Corumbá, junto à Faixa de Fronteira e também os Municípios da Costa Leste, limítrofes de São Paulo (Quadro 09). 72 APL CNAE (Códig o)* Localização geográfica Código do IBGE Turismo e Artesanato Três Lagoas 7990 Anaurilândia Aparecida do Taboado Bataguassu Brasilândia Santa Rita do Pardo Três Lagoas 00807 01003 01904 02308 07554 09305 Turismo e Artesanato Corumbá 7990 Anastácio Aquidauana Corumbá Miranda Porto Murtinho 00708 01102 03207 05608 06903 Turismo e Artesanato Campo Grande 7990 Corguinho Jaraguari Rio Negro Rochedo Sidrolândia Terenos 03108 04908 07307 07505 07901 08009 Turismo e Artesanato de Bonito 7990 Bonito 02209 Turismo Serra da Bodoquena 7990 Bonito Bodquena Jardim 02209 02159 05004 Ponta Porã 06606 Artesanato de lã de carneiro 131 73 Quadro 09 APLs identificados para apoio governamental do setor turístico e do artesanato sob a coordenação do Sebrae-MS Fonte: NE-APLs/MS Por seu turno, o Sebrae/ MS colocou como prioridade para 2009/10 a ampliação do acesso das micro e pequenas empresas às políticas públicas e a promoção de sua inclusão nas cadeias produtivas. Os APLs e outros projetos em andamento foram considerados como sustentadores dessa prioridade. Nesse sentido estabeleceu entre suas metas a inclusão das MPEs nas cadeias produtivas emergentes: sucroalcooleiro, mínero-siderúrgico, florestas, papel e celulose, e de turismo. E de outro lado, se compromete com a diversificação da base econômica no agronegócio, atuando com apicultura, ovinocultura, piscicultura e produção de alimentos agroecológicos, nos territórios prioritários. Como política específica de Arranjo Produtivo Local, o Sebrae/MS foca, atualmente, foca sua atenção na consolidação de 02 APLs: 1. APL Terra Cozida do Pantanal – ligado à atividade cerâmica no Norte do Estado 2. Pólo Nova Costura – ligado à confecção do vestuário, na Região Sul do Estado (território Leste, Grande Dourados e Sul-Fronteira). E ainda se propõe avançar no desenvolvimento do comércio varejista e dos serviços em territórios prioritários, como também no fortalecimento de indústrias criativas. E também tem como meta apoiar o desenvolvimento do território de fronteira, na tentativa da internacionalização das MPEs e do próprio SEBRAE. 2.5.3 Municípios inseridos nos APLs identificados para apoio de políticas governamentais Os Municípios mais inseridos pelos APLs identificados para apoio de políticas de governo estadual são aqueles situados no entorno dos grandes corredores de integração, seja da BR-163, BR-262 e Ferronorte, especialmente no Centro-Sul agrícola e agroindustrial, nos espaços limítrofes de São Paulo e, em menor escala, os Municípios agrícolas do Nordeste do Estado, 74 O Município que mais se insere em APLs apoiados por políticas governamentais é Campo Grande, no cruzamento dos dois grandes eixos rodoviários, seguido de Três Lagoas, Ponta Porã e Dourados. Por outro lado, ficam nos espaços mais vazios de APLs os Municípios situados no ângulo interno desses eixos e em situação mais interiorizada, em que a atividade predominante é a pecuária de corte. São 7 Municípios que estão nos vazios de APLs, ou seja, que não se inserem nos APLs identificados e apoiados: Nioaque e Guia Lopes no Sudoeste de Mato Grosso do Sul, Bandeirantes, Camapuã, Alcinópoilis, Pedro Gomes ao longo de BR-163, mas no Norte do Estado. 75 Mapa 07 Municípios inseridos nos APLS identificados e apoiados pelo NE-APL/MS 76 2.5.4.APLs selecionados e apoiados pelo Banco do Brasil S.A O Banco do Brasil em Mato Grosso do Sul tem política própria de formulação de políticas públicas de apoio a APLs e atua também como parceiro do NE-APLs/MS. 2.5.4.1 Parceiro do NE-APLs/MS Como parceiro do Núcleo Estadual de Apoio aos APLs em Mato Grosso do Sul, o banco procura estar presente como agente financeiro para apoiar os projetos. 2.5.4.2 Formulador de política: estratégia DRS Como formulador de políticas públicas de apoio a APLs, ele o faz por meio da estratégia de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS), embora os territórios e metodologia por ele trabalhados ainda não tenham sido identificados como de APL pelo governo estadual. Nessa estratégia, o banco cria interlocuções com o território de comunidades em ambientes rurais - ou até mesmo alguns urbanos - que atuam na mesma atividade e atrai para essa ação outras organizações parceiras. Pelo fato dessa realidade territorial envolver mais pessoas físicas do que jurídicas (empresas), o próprio pessoal do banco a diferencia do território dos APLs apoiados pelas políticas do governo estadual e federal. A estratégia DRS, no entanto, também apresenta um olhar e um agir sistêmico no apoio a esses territórios econômicos. E o fato de eleger a escala territorial das comunidades, em grande parte, explica porque a atuação de cada projeto do banco dificilmente ultrapassa os limites municipais. Em dezembro de 2009, o site do Banco do Brasil S.A relativo ao DRS apontava que, em Mato Grosso do Sul, o banco já estava atuando em 60 Municípios, com 71 planos de negócios em implementação, envolvendo 18.590 famílias. Além disso, existiam 08 novos planos em elaboração. E mobilizava para esse fim 227 funcionários. De acordo com o banco, as parcerias são montadas a cada projeto. Pode-se citar dois exemplos dessas intervenções junto a comunidades. Uma delas é a Colônia Pulador,situada no Município 77 de Anastácio. Foi constituída de gerações mais novas de famílias de origem nordestina, assentadas em um dos mais antigos projetos de colonização agrária do Brasil (1946), dirigidos pelo governo federal como estratégia de ocupação da zona fronteiriça. Nessa colônia, os moradores que vivem da agricultura familiar, em parte dada por uma situação de relativo isolamento, ainda mantém o conhecimento nordestino na fabricação de farinha de mandioca, até hoje muito apreciada na região A estratégia teve como foco a ampliação do negócio relativo à fabricação e comercialização da farinha de mandioca. Os parceiros foram a Prefeitura Municipal e o Sindicato Rural de Anastácio, Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (AGRAER), Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Entre outros, destacam-se na Colônia do Pulador, o apoio à criação da cooperativa com recursos PRONAF e à estratégia de marketing (nova embalagem, festa da farinha), além do financiamento para aquisição de alguns equipamentos considerados básicos para o negócio. Já no assentamento Nova Querência, no Município de Terenos, o Plano de Negócios DRS voltou-se à produção de oleaginosas para biodiesel. Os parceiros iniciais desse Plano foram a Associação dos Agricultores e Agricultoras do Município de Terenos (ASSAFRA), Prefeitura Municipal de Terenos, Organização das Cooperativas do Brasil (OCB/ MS), Sebrae/MS, Senar/MS e AGRAER. Essa estratégia foi associada ao Programa Luz para Todos do Ministério de Minas e Energia para implantação da rede de energia elétrica. Além do galpão para abrigar a mini usina de óleo vegetal construído com recursos da Fundação Banco do Brasil, telecentro com recursos do programa de inclusão digital do próprio banco, se obteve uma marcenaria com apoio do Estado e da ASSAFRA. Associação Progresso de agricultores familiares, dos Assentamentos Bagagem I e II. A máquina já aparenta sinais de desgaste, além do alto custo da manutenção em função do longo período de uso intensivo, mesmo assim ainda está na ativa sendo usada no preparo do solo para os assentados. Os equipamentos foram repassados pela Prefeitura à Associação Progresso, por ser uma região onde se concentra um grande número de pequenos produtores. 78 Como a estratégia DRS prioriza comunidades, no caso do ambiente urbano os projetos se voltam preferencialmente para apoiar comunidades que trabalham em artesanato ou em comércio varejista. No caso do ambiente rural, onde recai a maioria dos projetos DRS, os locais mais apoiados do Estado são aqueles em que há predomínio da agricultura familiar, especialmente em áreas de colonização e assentamento agrário. Esse fato, explica em grande parte, a maior concentração de projetos no Sudoeste de Mato Grosso do Sul e Faixa de Fronteira, ou mesmo ao longo de alguns eixos, que serviram de abrigo a essa natureza de ocupação humana. Suas ações na área rural mostram-se mais focadas basicamente na atividade leiteira (bovinocultura de corte). Além disso, tem apoiado territórios com atividade em apicultura, horticultura e fruticultura, visando o abastecimento das cidades, além de atividades que agregam valor ao produto agrícola e podem conquistar mercados local, nacional e mesmo internacional tais como o cultivo de mandioca para fabricação de farinha e outros subprodutos, cultivo de oleaginosas na obtenção do biodiesel, ovinocultura de corte, piscicultura (Quadro 10). Observa-se, por meio do Mapa 08, a forte capilaridade do banco nessa estratégia de apoio aos diversos territórios econômicos focados, mediante ações realizadas por meio do pessoal que atua na rede de agências implantadas em praticamente todo Estado. Mesmo assim, se observa maior concentração de projetos nos Municípios de Campo Grande e de Dourados, que em grande parte se explica pela presença de um maior número de agências, lembrando que cada uma tem sua própria missão de atuar com a estratégia DRS em sua área de jurisdição. 79 Mapa 08 Municípios atingidos pelos projetos DRS do Banco do Brasil – 2009 Fonte dos dados: Banco do Brasil, 2009 80 APL CNAE (Código) Apicultura Apicultura Apicultura 0159 0159 0159 Apicultura Apicultura Artesanato -1 Artesanato -2 Artesanato -3 Artesanato -4 Artesanato Avicultura- (frango) Bovinocultura de Leite 0159 0159 135 135 135 135 135 0155 0151 Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 Localização geográfica Guia Lopes da Laguna Jardim Mundo Novo Coronel Sapucaia Eldorado Japorã Fátima do Sul Nioaque Campo Grande Campo Grande Campo Grande Campo Grande Rio Negro Naviraí Corumbá Ladário Nova Alvorada do Sul Nova Andradina Pedro Gomes Ponta Porã Porto Murtinho Rio Brilhante Rio Verde de Mato Grosso São Gabriel do Oeste Sete Quedas Sidrolândia Sonora Tacuru Campo Grande Campo Grande Campo Grande Amambai Angelica Aral Moreira Bandeirantes Bataguassu Batayporã Bela Vista Bodoquena Brasilândia Caarapó Camapuã Cassilândia Código do IBGE 04106 05004 05681 03157 03751 04809 03801 05806 02704 02704 02704 02704 07307 05707 03207 05202 06002 06200 06408 06606 06903 07208 07406 07695 07703 07901 07935 07950 02704 02704 02704 00609 00856 01243 01508 01904 02001 02100 02159 02308 02407 02605 02902 81 Continuação do Quadro 10 Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Bovinocultura de leite Comercio Varejista Comércio varejista Comércio varejista Comércio varejista Comércio varejista Fruticultura (goiaba) 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 0151 478 478 478 478 478 0133 Costa Rica Coxim Deodápolis Dois Irmãos do Buriti Glória de Dourados Itaquiraí Jaté Miranda Três Lagoas Vicentina Aparecida do Taboado Dourados Dourados Dourados Paranaíba Ivinhema Novo Horizonte do Sul 03256 03306 03454 03488 04007 04601 05103 05608 08305 08404 01003 03702 03702 03702 06309 04700 06259 Horticultura e fruticultura Horticultura Horticultura Horticultura Horticultura Horticultura (tomate) 0121 0121 0121 0121 0121 0121 Mandioca Mandioca Oleaginosa (biodiesel) Ovinocultura de corte Pesca (água doce) Piscicultura Piscicultura Piscicultura 10 10 0139 0153 0312 0312 0312 0312 Aquidauana Campo Grande Campo Grande Campo Grande Campo Grande Ponta Porã Antonio João Aquidauana/ Anastácio Laguna Carapã Campo Grande Santa Rita do Pardo Três Lagoas Douradina Dourados Itaporã 01102 02704 02704 02704 02704 06606 00906 00708 05251 02704 07554 08305 03504 03702 04502 Quadro 10 Planos de Negócio da Estratégia DRS em Mato Grosso do Sul Fonte: Banco do Brasil S.A 82 2.6 ARRANJOS IDENTIFICADOS NOS MAPEAMENTOS EXISTENTES E QUE NÃO FORAM OU NÃO ESTÃO SENDO ESTIMULADOS POR POLÍTICAS PÚBLICAS NO ESTADO. No caso de Mato Grosso do Sul, o número de Arranjos Produtivos Locais identificados e não apoiados é pouco significativo. Parte deles foi abordado como cadeia produtiva, em projetos elaborados na fase do Programa PADCT e que acabaram não sendo apoiados. Outros nasceram apoiados por organismo formulador de política, mas que, por algum motivo, arrefeceram como é o caso do APL metalmecânico. Nesse caso, o incentivo está sendo retomado pelo governo via Rede de APLs do CODESUL. Outros APLs foram apresentados pelas câmaras técnicas setoriais, como cadeias produtivas e não conseguiram se ajustar na abordagem de APLs, ou então os responsáveis desistiram do apoio (Quadro 11). APL Apicultura Corumbá Apicultura Campo Grande CNAE (Código ) 0159 0159 Localização Geográfica Corumbá Código do IBGE 03207 Miranda 05608 Porto Murtinho 06903 Campo Grande 02704 Jaraguari 04908 Terenos 08008 Biodiesel 193 Dourados e região 03702 Bioenergia 1932 Amambai 00609 Anaurilandia 00807 Angelica 00856 Aparecida do Taboado 01003 Aral Moreira 01243 Bataguassu 01904 Bataipora 02001 Caarapo 02407 Campo Grande 02704 Coronel Sapucaia 03157 83 Metalmecânico Minero-Siderúrgico Petroquímica 4120 0990 0910 Deodapolis 03454 Dourados 03702 Eldorado 03751 Fatima do Sul 03801 Gloria de Dourados 04007 Iguatemi 04304 Itaquirai 04601 Ivinhema 04700 Japora 05809 Jatei 05103 Juti 05152 Laguna Caarapa 05251 Maracaju 05400 Mundo Novo 05681 Navirai 05707 Navirai 05707 Nova Andradina Novo Horizonte do Sul 06200 06259 Paranaiba 06309 Paranhos 06358 Ponta Pora 06606 Rio Brilhante 07208 Sidrolandia 07901 Tacuru 07950 Taquarussu 07976 Três Lagoas 08305 Campo Grande 2704 Chapadão do Sul 02951 Corumba 03207 Dourados 03702 Navirai 05707 Nova Andradina 06200 Paranaiba 06309 Três Lagoas 08305 Corumba 03207 Ladario 05202 Corumba 03207 Três Lagoas 08305 Quadro 11 APLs identificados e não apoiados por políticas públicas Fonte: MCT, MDIC, MI. 84 5. 2. ARRANJOS NÃO INCLUÍDOS EM LISTAGENS E MAPAS ESTADUAIS DE APLS – VAZIOS DE POLÍTICA. Os Arranjos Produtivos Locais não incluídos em listagens e mapas estaduais de APLs e, que ficam, portanto, nos vazios de política, é mais extenso do que os identificados não apoiados. Foram mapeados com base no conhecimento tácito da equipe de pesquisa, como também se buscou o apoio de estudos científicos realizados a respeito de potencialidades ou das atividades de determinados APLs - embora nem sempre assim identificados – e obtidos: (01) em dissertações de mestrado e artigos científicos de universidades regionais; (02) em pesquisas realizadas nos centros de pesquisa da Embrapa no Estado; (03) nos estudos realizados pelo Grupo RETIS da UFRJ na Faixa de Fronteira em apoio ao programa do Ministério da Integração Nacional para as localidades situadas nesse espaço. (04) em estudos de viabilidade originários das Câmaras Técnicas Setoriais da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo (SEPROTUR). Entre os APLs incluídos nessa categoria foi possível visualizar pelos menos as seguintes naturezas de território econômico: (01) APLs constituídos por empreendimentos familiares no campo e cidade, grande parte deles com atividades exercidas em assentamentos rurais, colônias agrícolas (leite, apicultura, fruticultura, avicultura, suinocultura) colônias de pescadores, associações de produtores; (02) APLs já estruturados em torno de empresas-âncora no setor agroindustrial (abatedouros de gado bovino, aves, suínos, usinas de processamento de soja, milho, entre outros) que vêm sendo atendidos por programas específicos e que já usufruem 85 de incentivos e benefícios específicos de políticas governamentais industrializantes. Incluem-se nesses APLs tanto produtores familiares de pequenas propriedades, como empresários agrícolas de médias e grandes propriedades. São típicos exemplos, os APLs incluídos no setor de produção de soja, milho, trigo, algodão, carne; (03) APLs minerais já estruturados como aqueles em torno de grandes usinas de calcário – seja aquele com usinas de capital externo ao local (Bodoquena) ou aquele constituído apenas de empresários locais (Bonito). Existiriam outros bem mais localizados que não foram indicados que vivem da exploração de areia e brita junto aos rios. (04) APLs relacionados a tradicionais eventos de enraizamento cultural no lugar (Festa do Banho de Santo Antônio, Festa do Peão em Cassilândia, Festa da Lingüiça de Maracaju) ou que brotaram por iniciativa local mais recentemente, mas que atraem o apoio de parceiros e já se tornaram um tipo de negócio local (Pantaneta em Aquidauana) ou que atraem público para dar visibilidade a outro negócio aos empreendedores locais (Porco no Rolete relaciona-se como o APL de suinocultura). 86 É bom lembrar que vários dos APLs estão estreitamente correlacionados entre si, como é o caso (01) do milho, soja e trigo (mesmos produtores) e surgem como fruto de técnicas de rotação; (02) Algodão e indústria de confecção no sul do Estado; (03) Suinocultura e a Festa do Porco no Rolete. O Quadro 12 traz grande parte desses APLs identificados, o que não exclui a possibilidade da existência de vários outros, como aqueles organizados em comunidades indígenas e quilombolas, ou ainda em comunidades rurais mais isoladas ou que se organizaram mais recentemente e de festas culturais que não ganharam visibilidade, mesmo com os critérios utilizados nessa pesquisa. 87 APL Algodão de Maracaju CNAE (Código) 0139 Dourados Fátima do do Sul Localização 03702 Geográfica Código 03801 do IBGE Maracaju 05400 Sidrolândia 07901 Algodão de Chapadão do Sul 0139 Chapadão do Sul 02951 Algodão de Itaquirai 0139 Itaquiraí 04601 Algodão de Nioaque 0139 Nioaque 05806 Apicultura 0159 Coronel Sapucaia 03157 Deodápolis 04007 Dourados 03702 Apicultura 0159 Glória de Dourados 04007 Guia Lopes da Laguna 04106 Itaporã 04502 Itaquiraí 04601 Japorã 04109 Jateí 05103 Laguna Carapã 05251 Rio Brilhante 07208 Itaporã 04502 Laguna Carapã 05251 Dourados 03702 Apicultura 0159 Rio Brilhante 07208 Apicultura Cassilândia 0159 Cassilândia 02902 Avicultura Campo Grande /Sidrolândia 0155 Bandeirantes 01508 Campo Grande 02704 Corguinho 03108 Avicultura do Bolsão Avicultura Amambai/ Caarapó 0155 0155 Dois Irmãos do Buriti 03488 Jaraguari 04908 Maracjau 05400 Sidrolândia 07901 Terenos 08008 Aparecida do Taboado 01003 Paranaíba 06309 Amambai 05400 Caarapó 02407 Deodápolis 04007 Douradina 03504 88 Continuação do Quadro 12 Bataiporã Gloria de Dourados Nova Andradina Itaporã Bananicultura 0133 Bovinocultura de Corte 0151 Bovinocultura de Corte Bovinocultura de corte do Cone Sul Bovinocultura de leite no Cone Sul Bovinocultura de leite - Bacia de Dourados Bovinocultura de leite - Bacia Leiteira de Nova Andradina 0151 0151 0151 0151 0151 02001 04007 06200 04502 Itaquiraí 04601 Jateí 05103 Juti 06606 Laguna Carapã 05251 Ponta Porã 06606 Vicentina 08404 Terenos 08008 Amambaí 05400 Eldorado 03751 Iguatemi 04304 Itaquiraí 04601 Mundo Novo 05601 Tacuru 07950 Douradina 03504 Dourados 03702 Fátima do Sul 03801 Itaporã 04502 Rio Brilhante 07208 Vicentina 08404 Eldorado 03751 Iguatemi 04304 Itaquiraí 04601 Japorã 04809 Mundo Novo 05681 Mundo Novo 05681 Eldorado 03751 Japorã 04809 Iguatemi 04304 Itaquiraí 04601 Caarapó 02407 Douradina 03504 Dourados 03702 Fátima do Sul 03801 Itaporã 04502 Laguna Carapã 05251 Ponta Porã 06606 Rio Brilhante 07208 Anaurilândia 00807 Bataguassu 01904 89 Continuação do Quadro 12 Festa do Porco no Rolete de São Gabriel do Oeste Bovinocultura de leite - Bacia Leiteira de Campo Grande Bovinocultura de leite- Bacia Leiteira Centro Norte 90 0151 0151 São Oeste SantaGabriel Rita dodoPardo 07695 07554 Taquarussu 07976 Campo Grande 02704 Bandeirantes 01508 Corguinho 03108 Jaraguari 04908 Nova Alvorada do Sul 06002 Ribas do Rio Pardo 07109 Rochedo 07505 Sidrolândia 07901 Terenos 08008 Alcinópolis 00252 Camapuã 02605 Coxim 03306 Pedro Gomes 06408 Rio Negro 07307 Rio Verde de Mato Grosso 07406 São Gabriel do Oeste 07695 Sonora 07935 Café 0134 Ivinhema 04700 Café orgânico 0134 Gloria de Dourados 04007 Cultivo de Abacaxi 0119 Ivinhema 04700 Cultivo de Soja em Chapadão do Sul 0115 Chapadão do Sul 02951 Confecção no Cone Sul 141 Eldorado 03751 Mundo Novo 05681 Japorã 04809 Confecção em Maracaju 141 Maracaju 05400 Construção Civil 412 Campo Grande 02704 Cultivo de Urucum 0139 Ivinhema 04700 Nova Andradina 06200 Estrutiocultura 0155 São Gabriel do Oeste 07695 Extração de calcário Serra da Bodoquena 081 Bodoquena 02159 Bonito 02209 Festa do Peão em Cassilândia 90 Cassilândia 02902 Festa do Arraial do Banho de São João de Corumbá 90 Corumbá 03207 90 Continuação do Quadro 12 Leite Caracolac 105 Bodoquena Caracol Bonito 02159 02803 02209 Madeireiro 161 Aquidauana Caracol 01102 02803 Porto Murtinho 06903 Amambaí 00609 Moveleiro Mandioca do Cone Sul Milho Centro Norte Milho Dourados e Região 161 1065 0111 0111 Aquidauana 01102 Aral Moreira 01243 Bonito 02209 Caarapó 02407 Coronel Sapucaia 03157 Dourados 03702 Eldorado 03751 Itaporã 04502 Jardim 05004 Maracaju 05400 Mundo Novo 05601 Naviraí 05707 Rio Brilhante 07208 Sidrolândia 07901 Naviraí 05707 Amambai 00609 Aral Moreira 01243 Caarapó 02407 Coronel Sapucaia 03157 Eldorado 03751 Iguatemi 04304 Itaquiraí 04601 Japorã 04809 Juti 06606 Laguna Carapã 05251 Mundo Novo 05681 Paranhos 06358 Sete Quedas 07703 Tacuru 07950 Chapadão do Sul 02951 Costa Rica 03256 São Gabriel do Oeste 07695 Dourados 03702 Municípios do entorno Pantaneta (carnaval fora de época) 823 Aquidauana 01102 Pesqueiro 0312 Bela Vista 02100 91 Continuação do Quadro 12 Pecuária de Leite Piscicultura no Alto Taquari Rebanho bovino de corte 0151 0312 0151 Caarapó Corumbá 02407 03207 Guia Lopes da Laguna 04106 Jardim 05004 Ladário 05202 Nioaque 05806 Porto Murtinho 06903 Camapuã 02605 Coxim 03306 Rio Verde de MT 07406 São Gabriel do Oeste 07695 Sonora 07935 Alcinópolis 00252 Camapuã 02605 Costa Rica 03256 Coxim 03306 Pedro Gomes 06408 Ribas do Rio Pardo 07109 Rio Verde de Mato Grosso 07406 São Gabriel do Oeste 07695 Sonora 07935 Água Clara 00203 Camapuã 02605 Ribas do Rio Pardo 07109 Três Lagoas 08305 Rebanho bovino de corte 0151 Corumbá 03207 Silvicultura 0210 Caarapó 02407 Dourados 03702 Iguatemi 04304 Juti 05152 Naviraí 05707 Ponta Porã 06606 Chapadão do Sul 02951 Soja no Centro-Norte 0115 Costa Rica 03256 São Gabriel do Oeste 07695 Suco de Tamarindo 103 Gloria de Dourados 04007 Suinocultura 101 São Gabriel do Oeste 07695 Suinocultura 101 Dourados 03702 Têxtil e Confecção 141 Amambaí 00609 Aquidauana 01102 92 Continuação do Quadro 12 Dourados 03702 Eldorado 03751 Fátima do Sul 03801 Glória de Dourados 04007 Guia Lopes da Laguna 04106 Itaquiraí 04601 Japorã 04109 Jardim 05004 Maracaju 05400 Maracaju 05400 Mundo Novo 05601 Naviraí 05707 Ponta Porã 06606 Rio Brilhante 07208 Sidrolândia 07901 Trigo 0111 Dourados e região 03702 Turismo Arqueológico no Parque Estadual Várzeas do Ivinhema 7990 Naviraí 05707 Turismo Gastronômico de Jupiá 7990 Três Lagoas 08305 Turismo Rural em Miranda 7990 Miranda 05608 Turismo de Balneário em Cassilândia 7990 Cassilândia 02902 Quadro 12 APLs não identificados em Mato Grosso do Sul Fonte: Citadas no texto acima Capitulo 03 Análise Das Políticas: Objeto, Foco e Instrumentos da Política O objetivo desse capítulo foi verificar a importância dos APLs apoiados quanto a sua participação nos fluxos comerciais, como reflexo de sua estrutura produtiva interna, assim como 93 avaliar a coerência das políticas de apoio a APLs, frente ao contexto territorial e histórico em que foram sendo formuladas, a compatibilidade com os conceitos que caracterizam o objeto dessas políticas e os impactos dessas políticas no contexto estadual. 3.1 IMPORTÂNCIAS DE APLS APOIADOS NA PARTICIPAÇÂO DOS FLUXOS COMERCIAIS Procurou-se nesse item avaliar a importância dos APLs quanto a sua participação nos fluxos comerciais, visto como reflexo de sua estrutura produtiva interna (especialização ou diversificação produtiva do local) no contexto da estrutura produtiva do Estado. Nesse caso, buscou-se antes, caracterizar a estrutura produtiva de Mato Grosso do Sul, para em seguida se proceder à análise dos APLs. 3.1.1 Estruturação produtiva de Mato Grosso do Sul O Mato Grosso do Sul, com uma superfície de 357.124,96 km² e com 2 265 274 habitantes (IBGE, 2007), situado no extremo-oeste do Brasil, é um Estado que ganhou autonomia política somente em 1977. Grande parte de seu território foi incorporado integralmente ao corpo do país, há pouco mais de um século, pós Guerra do Paraguai. Trata-se, portanto, de um segmento do território nacional em pleno processo de consolidação de suas várias dimensões, desde a social, cultural, econômica, como a política. Localizado em terras fronteiriças do Centro-Oeste do Brasil, como o Norte encontra-se numa região considerada, especialmente até as décadas de 60 e 80 do século passado, de terras mais anecumênicas e menos acessíveis do país. Por outro lado, o Estado se insere entre os dois rios mais importantes da bacia do Rio da Prata - o Paraguai e o Paraná - situação que contribui para o estreitamento de relações, tanto com as populações dos países platinos como os estados brasileiros de Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás (Mapas 1.1 a 1.3). Insere-se, portanto, no Brasil de cultura platina, caracterizada pelo 94 encontro entre população autóctone, população fronteiriça dos países vizinhos colonização espanhola e os integrantes de fluxos migratórios de outros estados brasileiros, que se fizeram presentes desde meados do século XIX. A estrutura produtiva de Mato Grosso do Sul, frente à natureza de seu território fronteiriço e em fase de consolidação, precisa ser interpretada em seu processo de integração à economia ao sistema econômico nacional e no contexto dos países vizinhos do continente sul-americano. Nesse aspecto, interessa especialmente, analisar a integração desse território ao centro dinâmico da economia industrial brasileiro como economia agropecuária, definida a partir dos anos 30 do século XX e aprofundada nos anos 70 e 80, sob fortes incentivos da União. E, por outro lado, interpretar o processo de industrialização, deflagrado nos anos 90, frente a uma política programada do governo para fazer frente aos impactos resultantes do modelo desenvolvimentista anterior. 3.1.1.1 Integração à economia industrial brasileira O centro dinâmico da industrialização brasileira, emergido no Sudeste, na década de 30 do século XX, passou a estender influência progressiva sobre os territórios periféricos, especialmente no Pós-Guerra, processo em que se atribuiu funções regionais no conjunto do sistema econômico nacional. O Mato Grosso do Sul, como periferia desse sistema econômico industrial, participou desse processo desde o início e sob políticas de incentivos da União. Entretanto, as mudanças internas mais profundas, decorrentes dessa incorporação ocorreram frente ao modelo de “modernização” movido pela lógica de redistribuição geográfica de recursos humanos e da renda nacional, que caracterizou a chamada “Marcha para o Oeste” nas décadas de 70 e 80 do século XX. As mudanças decorrentes desse último processo em Mato Grosso do Sul foram de caráter quantitativo e qualitativo, refletindo em profundas transformações de caráter sócio-econômico, cultural, político e ambiental, sobretudo nas áreas agrícolas mais modernizadas. Deram-se especialmente entre as décadas de 70 e 80 e numa situação de significativo dinamismo local. Mesmo enquadrado num momento de fase depressiva do último ciclo longo da economia capitalista, o Estado chegou a exibir índices de crescimento econômico e de urbanização 95 superiores à média brasileira, fato que contribuiu, inclusive, para sua autonomia política, em 1977. Em realidade, as estratégias de integração ao corpo territorial do Estado nacional - das terras hoje pertencentes de Mato Grosso do Su- tinham sido colocadas em prática desde o início do século, por meio da extensão da ferrovia Noroeste do Brasil. O objetivo inicial foi capturar a produção do gado local que se encontrava na área de influência econômica Argentina e Uruguai via portos de Corumbá e de Concepción e direcioná-las aos portos do Atlântico. A construção da ferrovia teve seu término, exatamente no início da Primeira Guerra Mundial quando se deu a valorização da carne no mercado internacional, a implantação de matadouros frigoríficos em São Paulo e os avanços nas técnicas de frigorificação da carne transportada. Com a ampliação da atividade criatória de gado e a ferrovia, Mato Grosso do Sul começou a se integrar ao pólo dinâmico brasileiro, como fornecedor de gado magro às áreas de engorda do Estado de São Paulo. A industrialização brasileira, iniciada nos anos 30, ao contrário de países europeus, não se deu por inovação agrícola numa situação de esgotamento de terras, mas com terras agrícolas ociosas ainda abundantes e um excedente de força de trabalho (RANGEL, 1985). Mediante abertura de fronteiras de ocupação demográfica e econômica no território nacional, articulando-as ao centro dinâmico industrial, em meados da década de 40, o processo da chamada “Marcha para o Oeste” adquiriu contornos. A valorização das áreas interioranas e a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil - esta como principal catalisadora do crescimento econômico e populacional das terras do atual Mato Grosso do Sul - proporcionaram forte expansão da atividade pecuária na sua área de influência, chegando a transformá-lo nessa época no 4º Estado brasileiro criador de bovinos. No Pós-Guerra, quando o Brasil buscou se ajustar à nova ordem internacional do sistema capitalista, para continuar a construção do edifício industrial iniciado na fase anterior, de forma internacionalizada (Idem, 1985), a mentalidade técnica e o espírito mecanicista da época contribuíram para a densificação técnica do espaço. Sua materialização se deu via obras de infraestrutura que foram disseminadas para fortalecer a integração do território nacional ao centro dinâmico industrial paulista. Num modelo de relações do centro com regiões funcionais periféricas, em prol da acumulação industrial, as malhas de circulação organizacional baseadas no transporte rodoviário foram sendo pontuadas de centros urbanos hierarquizados para exercer a 96 função de irrigação de recursos primários e drenagem de produtos industrializados. Concomitante, deu-se a re-divisão de tarefas regionais, como modelo de desenvolvimento econômico projetado pela União, de modo a ampliar a participação das regiões Nordeste, Sul e Centro-Oeste na economia industrial brasileira como fornecedores de recursos primários (OLIVEIRA, 1977). O avanço da fronteira agrícola para o Mato Grosso do Sul, nas décadas de 50 e meados de 60, deu-se com o esgotamento da frente paulista, sendo direcionado principalmente pelas companhias privadas de colonização, sob fortes incentivos do Estado e convergiram com outras mais antigas, originárias do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso. A intervenção do Estado via planejamento, ocorreu especialmente por meio do II PND, entre 1975-79, quando se consolidou a expansão da fronteira agrícola em moldes capitalistas e se fortaleceu a integração econômica de Mato Grosso do Sul ao centro dinâmico industrial do Sudeste. Foi antecedida pela criação da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste – SUDECO, em 1967, que formulou programas especiais de desenvolvimento, baseado na criação de pólos de desenvolvimento. O Programa de Desenvolvimento do Centro-Oeste PRODOESTE voltou-se principalmente à implantação de obras de infra-estrutura de circulação, energia e armazenamento. E o Plano de Desenvolvimento Econômico e Social do Centro-Oeste PLADESCO selecionou áreas prioritárias para ação do governo, num modelo de pólos de desenvolvimento. Nessa fase, procurou-se difundir o consumo da produção industrial junto aos setores agrícola, transferindo-lhes tecnologia, mediante uma política estatal planejada, constituída de incentivos e subsídios, focada especialmente na soja e pecuária. Nesse modelo, ao mesmo tempo em que essas áreas agrícolas foram se tornando consumidoras de máquinas industriais, tomaram feições industriais, com a exportação de grãos gerando divisas para o equilíbrio da balança comercial brasileira. As obras iniciadas com implantações rodoviárias pavimentadas dos chamados grandes eixos rodoviários que cruzaram o Estado - como iniciativa do PRODOESTE - e o aperfeiçoamento das empresas de transporte rodoviário para o boi em pé repercutiram na substituição da ferrovia pela 97 rodovia na circulação extra-regional do gado, cujo abate passou a ser realizado no Oeste de São Paulo. Com o esgotamento das terras férteis e os conflitos pelo acesso a esse bem, no final dos anos 70 e início dos 80, foi necessário a apropriação dos novos conhecimentos agronômicos e de biotecnologia, acumulados pelos órgãos de pesquisa, implantados durante o governo militar, de modo a tornar agrícolas, terras antes não agricultáveis, e assim se avançar para as terras dos Cerrados. Dentre as políticas de pólos de desenvolvimento, três programas ganharam destaque. O Programa de Desenvolvimento da Grande Dourados - PRODEGRAN, o Programa de Desenvolvimento do Pantanal - PRODEPAN e o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados POLOCENTRO, com política de concessão de créditos agrícolas, isenção de impostos e subsídios estatais. Associado a esses programas se procedeu ao fortalecimento de alguns órgãos governamentais de pesquisa e extensão, como a EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e a EMPAER - Empresa Agrícola de Extensão Rural. A difusão do processo de expansão da pecuária e da agricultura mecanizada da soja desse período impulsionou o dinamismo econômico de Mato Grosso do Sul, responsável pela atração de um intenso fluxo migratório vindo de outras regiões. No período de 1982 a 1985, a economia de Mato Grosso do Sul entrou em fase de franca prosperidade. Durante a conhecida fase brasileira da “década perdida” dos anos 80, enquanto o Brasil mostrava um crescimento médio do PIB de apenas, 1,57% ao ano, o Mato Grosso do Sul crescia à média de 5,48% ao ano e, no período de 1982 a 1985, mais especialmente, a economia desse estado entrou numa fase de franca prosperidade, chegando a atingir uma média anual de 7,7%, refletido em todos os setores da economia. Na década de 90, o estado do Mato Grosso do Sul, em função da materialidade contemporânea a serviço de uma economia moderna e da baixa densidade demográfica, esteve classificado entre os estados mais ricos do país, em termos de “PIB per capita”. Em 1995, o “PIB per capita” de Mato Grosso do Sul era 24% maior do que o do Brasil, 33% acima do Paraná, 15,8% mais do que o Rio Grande do Sul e comparável ao do Rio de Janeiro, embora ainda 1,6% acima deste estado (SEFOP/SUPLAN, 1997). 98 Até 1985, a agropecuária já havia ocupado 66% de seu território (23 milhões de hectares) e se tornara a atividade mais importante do Estado e este o primeiro produtor de gado bovino do país. Na agricultura, prosperou principalmente a soja, passando de uma área colhida de 81.719 ha, em 1975, para 519.579 ha, em 1980, num incremento de 635,8%. Entre as décadas de 70 e 80, a população de Mato Grosso do Sul também havia quintuplicado, passando de 80.417 a 452.117 habitantes (Censos do IBGE), numa área de 357.124,96 Km². Mas a situação de endividamento brasileiro frente à necessidade da União em recorrer ao capital ofertado pelos bancos internacionais para sustentar o esforço de formação de capital – seja junto ao parque industrial, seja junto às novas áreas agrícolas em modernização – trouxe conseqüências ao país na década de 80, chamada de década perdida. Nesse período, as áreas agrícolas do Centro-Oeste perderam os incentivos e subsídios da União a partir de 1985. Por conta desse processo, o Mato Grosso do Sul conheceu dois momentos da chamada “modernização agrícola”: (01) entre os anos 70 e até 1985 - mobilizado pelo incentivo e intervenção programada do Estado; (02) pós-1985 – caracterizado por um esforço interno de diversificação e aumento de produtividade quando foram suprimidos tais incentivos. Os altos preços alcançados pela soja no mercado internacional continuaram propiciando a expansão de seu cultivo. A resposta foi o aumento da produtividade e a diversificação da produção. Após a perda de subsídios e incentivos governamentais, os esforços dos agricultores foram no sentido da melhoria da produtividade agrícola, incluindo a diversificação da produção. As áreas agrícolas, com lavouras temporárias de grãos - em especial a soja – foram as mais intensamente beneficiadas pelas inovações tecnológicas ocorridas por ocasião do avanço das fronteiras agrícolas, embora, no conjunto, a pecuária continuasse dominando o processo de ocupação territorial (60%). Nesse aspecto, é preciso lembrar que além da pecuária em modernização da área correspondente ao planalto, havia aquela das tradicionais fazendas da planície do Pantanal. O efetivo bovino chegou a triplicar entre as décadas de 70 e 90, e se tornou o maior rebanho do país, com 21,8 milhões de cabeças em 1993 (IBGE), quase 13 vezes a população do Estado (SEFOP/SUPLAN, 1996). A cana-de-açúcar também foi introduzida desde 1975, junto de destilarias, por incentivo do Programa “Pró-Alcool”, embora esse tipo de agroindústria ocupasse nessa fase, apenas alguns 99 interstícios vazios do cerrado. Mesmo assim, até 1994, já havia 58 mil hectares de área cultivada em cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul. O setor agropecuário foi responsável pela maior parte dos empregos do Estado em 1999 (23,8%) e a cana de açúcar se destacava nesse sentido, uma vez que a colheita continuava sendo manual. A modernização da agricultura, não só tornou ociosa boa parte da mão-de-obra rural, como dificultou o engajamento do imenso contingente de trabalhadores excedentes, tanto os deslocados das áreas rurais tradicionais, como de áreas menos dinâmicas. Por outro lado, os empresários agrícolas e os antigos latifundiários preferiram adotar a cidade como local de moradia. Assim, ao longo das vias de circulação junto às áreas rurais modernizadas entre 1960 e 1999 triplicou o número de núcleos urbanos - sedes de municípios – em Mato Grosso do Sul. 3.1.1.2 Políticas de industrialização do estado Em compensação às perdas do incentivo federal à agricultura, em meados da década de 90 do século XX, surgiram incentivos fiscais e de financiamento, em nível federal e estadual, para a indústria, com destaque para agroindústria e indústria de mineração. Por outro lado, na passagem do milênio, o Mato Grosso do Sul passou a enfrentar as contradições geradas pelo modelo da política até então vigente. Como o aumento do PIB e da renda não se dera de modo uniforme, vieram à tona o fenômeno da pobreza, conflitos sociais no meio rural (sem terra, brasiguaios, confinamento de populações indígenas), economia da contravenção e do crime em áreas de fronteira. O uso da mecanização e outros métodos agrícolas considerados modernos, por ocasião do avanço da fronteira agrícola, dera-se de modo predatório e indisciplinado da terra. Ocorreram mudanças no quadro da estrutura social (ampliação das classes médias) que repercutiram na diversificação e ampliação do consumo urbano, somado a um significativo índice de urbanização. E essas mudanças sociais tiveram forte peso na ampliação do setor terciário. Por outro lado, o território ainda podia contar com um rico potencial de recursos naturais: paisagens naturais (Pantanal) e minerais (ferro, manganês, calcário, granito). Havia sido criado um setor agropecuário moderno ao qual se pretendia agregar valor via industrialização. 100 Em nível nacional, nesse mesmo período, a política de interiorização do desenvolvimento foi alterada com as proposições do Programa Avança Brasil (PPA 1996/99), ao priorizar a logística na articulação das novas áreas dinâmicas de fronteira agrícola com os portos de exportação (redução do custo Brasil). Nascem os eixos dinâmicos de integração e desenvolvimento em nível nacional e sul-americano. O potencial de expansão da economia se fortaleceu com a passagem do Gasoduto Bolívia/Brasil, e a construção de duas termelétricas. A população do Estado vinha sendo duplicada a cada década, a partir dos anos 50, crescimento que se manteve mais estável a partir da década de 90. Entretanto, é preciso lembrar, que a duplicação entre a década de 80 à 2007, tenha significado o acréscimo de mais de um milhão de pessoas no Estado em favor de uma urbanização (Tabela 1). Tabela 1 Evolução da População Estadual 3.1.2 Atividades produtivas que possibilitam estruturação de APLs 3.1.2.1 Soja e indústrias de beneficiamento Os incentivos iniciais voltaram-se especialmente à instalação de unidades de beneficiamento da soja no Estado. A partir da década de 90, nesse setor já se manifestava a organização dos grandes complexos integrados, com o Estado incluído nessas redes organizacionais, sob comandos externos. Na mesma década, a capacidade produtiva das unidades de beneficiamento chegou 101 praticamente a se igualar à totalidade da soja produzida em Mato Grosso do Sul. A presença do farelo de soja e da cultura do milho constituiu, por seu turno, atrativo para os complexos agroindustriais, que passaram a integrar farelo de soja à cadeia produtiva da carne de frango e suíno. Entraram ainda nesse circuito da cadeia produtiva, unidades produtoras de ração e embutidos de carne, visando o ciclo de reaproveitamento contínuo dos subprodutos e rejeitos. A lógica era a obtenção do maior valor agregado ao produto, no barateamento dos custos de um transporte distante do porto. A agricultura de soja, nas últimas três décadas, vem apresentando tendência de estabilidade de área colhida, embora com aumento de produtividade. Em 2006, o Estado contava com 07 unidades de esmagamento de soja, com capacidade de processamento de 9.560 t /dia, o que possibilita beneficiar 2.580.000 t de soja/ano (SEMAC, 2008). 3.1.2.2 Sorgo e Milho Caminho diferente tem feito o cultivo do sorgo, cuja produção cresceu quase 120 vezes e a área colhida 89 vezes. A cultura do sorgo, como a do milho, é realizada como segunda safra, em sucessão à cultura de verão, como a soja e o substituto mais próximo na composição de rações para animais. O Mato Grosso do Sul é o terceiro maior produtor de sorgo do Brasil, 3.1.2.3 Mandioca e indústria feculeira O valor de produção do cultivo de mandioca vem de certa forma se mantendo estável por longos anos em Mato Grosso do Sul, a exemplo do que ocorre no Brasil. O destaque aqui é para o Sudeste do Estado, em que a produção vem sendo aprimorada para atender algumas farinheiras remanescentes e unidades industriais de fécula, grande parte filial de empresas paranaenses e que transformaram Mato Grosso do Sul no segundo Estado produtor de fécula no Brasil. Algumas fecularias estão adaptando plantas industriais mistas para processar também o milho. O APL de mandioca do Vale do Ivinhema envolve cerca de três mil agricultores familiares em antigas áreas de colonização agrária, apoiados principalmente pelo Sebrae e Prefeitura (Programa 102 Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar - PRONAF), Embrapa Agropecuária Oeste, Banco do Brasil e outros. Contou com apoio do Ministério da Integração Nacional em 2003, quando passou a contar com o apoio do Sebrae-MS. No Cone Sul, os agricultores familiares de áreas de colonização e assentamento do INCRA nos Municípios do Cone Sul também se envolveram em negócios de mesma natureza, com apoio do Sebrae-MS. Entretanto, entre os grãos, mesmo diante do significativo crescimento do cultivo do sorgo, o destaque ao volume de produção ainda é para a soja e milho. 3.1.2.4 Cana-de-Açúcar, destilarias de álcool e açúcar A cana-de-açúcar, por seu turno, cresceu quase 20 vezes em produção e mais de 13 vezes na área de cultivo entre 1980 a 2006. Também o milho teve a produção acrescida em 12,5 vezes e a área de cultivo em 6 vezes. O cultivo de cana-de-açúcar cresceu vinculado à produção de álcool etanol e açúcar. Em 2008, o Estado já contava com 14 unidades industriais em operação, com capacidade para processar 21 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, dessas 74% são destinadas à produção do álcool (SEMAC, 2008). Grande parte delas concentra-se no centro sul do Estado (SEMAC, 2008). O setor sucroalcooleiro evoluiu nos últimos dez anos 2007/97 com uma velocidade superior ao ocorrido no âmbito nacional. Entretanto, o dinamismo perdeu um pouco do compasso após a crise internacional de 2008. Mesmo assim, ainda tramitam no Conselho de Desenvolvimento Industrial da Seprotur pedidos de incentivos para cerca de 80 projetos do setor sucroalcooleiro. Existe um incentivo específico para esse setor no Estado, por meio do Programa “Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro”, coordenado pela SEPROTUR, com apoio da Câmara Setorial do Setor Sucroalcooleiro. Tem como objetivo aumentar a produção dos derivados da cana- de- açúcar por meio do aumento da área plantada, em condições de competitividade. 3.1.2.5 Oleaginosas, Sebo e Biodiesel 103 O biodiesel tem sido visto em Mato Grosso do Sul especialmente como alternativa para agregar valor a produtos tradicionais como carne e soja. Sua matéria-prima no Sul do Estado tem sido o sebo bovino, disponibilizado a custos menos elevados que o da soja. Vislumbra-se, no entanto, por meio de um conjunto de pesquisas realizadas no Estado, a possibilidade de incluir em atividades de produção de biodiesel com base em oleaginosas - como o girassol, bocaiúva, mamona, amendoim, pinhão manso - com a participação de agricultores familiares, mesmo de aldeias indígenas. O projeto de APL de Bioenergia apoiado pelo Sebrae-MS e outras organizações se inclui nesse como forma de apoio a um grupo de agricultores familiares de assentamentos rurais sob incentivo do “Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB)” do MDA. 3.1.2.6 Algodão e indústria têxtil e de confecção O algodão que era até então praticado em pequenas propriedades, especialmente no Sul do Estado, a partir de meados da década de 90, passou a se manifestar no Norte, em modernas propriedades agrícolas de cultivo de soja. O cultivo atual foi estimulado pela demanda de mercado e marcado pela introdução de técnicas modernas de cultivo, visando o aumento da produtividade, á exemplo do “algodão adensado”.O declínio apresentado entre 2004 e 2006 reflete a dificuldade de comercialização internacional, frente à valorização do real. A tendência do cultivo do algodão em bases modernas em Mato Grosso do Sul, como em toda região Centro-Oeste desde o final da década de 90, tem sido a de ampliar área e produtividade. O cultivo é praticado principalmente em rotação com as culturas de soja e milho. Esse dinamismo do cultivo e qualidade do algodão em pluma teve certo peso no surgimento da indústria têxtil e de confecções. O Sindicato das Indústrias de Vestuário, Tecelagem e Fiação de MS apontou em 2007 um crescimento no último qüinqüênio de 15% ao ano do setor que já detinha 420 indústrias. Em 2007, segundo o SINDIVEST. Estavam incluídas indústrias de fiação e tecelagem (fio de algodão e sintético), além de várias outras de confecção que atingem os Municípios de Aparecida do Taboado e Paranaíba. No APL do Bolsão (Nordeste do Estado) a liderança é de Três Lagoas com destaque em indústrias de fiação e tecelagem . 104 Já o APL de Campo Grande, na região central, apresenta maior a concentração de unidades industriais de confecção e de empregos gerados pelo setor, ou seja, 120 indústrias de vários portes (SINDIVEST, 2007). Sidrolândia destaca-se nesse APL com a presença da empresa Tip Top. No APL “Nova Costura” da Região Sul, polarizada por Nova Andradina concentram-se 35 micro e pequenas empresas de fiação, vestuário e correlatas, apoiadas pelo SEBRAE (via GEOR), desde 2007 O objetivo tem sido o de solidificar a cadeia produtiva do setor do vestuário, aumentando a competitividade e os canais de comercialização, com prioridade para a capacitação profissional e o fortalecimento dos laços de cooperação inter-empresarial. O Grupo RETIS (2004) também apontou, territórios com potencialidade para manifestação de APLs de fiação e confecção, no Sul do Estado, em Faixa de Fronteira 3.1.2.7 Frutas e verduras e industrialização Mato Grosso do Sul ainda depende em grande parte, do abastecimento externo em frutas e legumes. O Estado ainda importa, segundo o Ceasa local 80% de produtos hortícolas que consome, dependência que favorece aumento do custo de vida da população, frente ao acréscimo dos custos de transporte e armazenamento. Por outro lado, a produção existente apresenta baixa produtividade e o consumidor urbano vem se tornando mais exigente em qualidade, além do que o mercado externo também se mostra receptivo a este tipo de produto. Este fato tem conduzido os governos de instância federal e municipal a formular políticas públicas de incentivo à melhoria e ampliação das produções existentes no setor hortícola. Em 2006, o governo estadual criou o Programa Estadual de Fruticultura de Mato Grosso do Sul (PROFRUTA/MS) pelo mesmo motivo, ou seja, para proporcionar maior avanço das habilitações produtivas e gerenciais dos fruticultores locais, aumentando a oferta de produtos de qualidade com bons preços e propiciando assim a conquista, a manutenção e a ampliação de mercados consumidores. A goiabicultura é uma atividade emergente, com pólos produtivos em vários municípios. Em Ivinhema e Novo Horizonte do Sul a cultura vem avançando rapidamente. Ivinhema possui a maior área plantada do Estado, com 24 produtores e uma área de 37ha, com 105 11.000 mil pés da frutífera com meta para chegar a 40.000 plantas até 2010. O APL do cultivo de Goiaba, sob auspícios desses incentivos e apoiado pelo Banco do Brasil em Ivinhema e Novo Horizonte do Sul conta com iniciativa desses 24 produtores familiares vinculados à Associação dos Fruticultores de Ivinhema e Novo Horizonte do Sul - AFIN. Tem o apoio das prefeituras, Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural AGRAER, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo - SEPROTUR, Sebrae/MS, Superintendência Federal de Agricultura em Mato Grosso do Sul - SFA/MS e da Câmara Setorial de Fruticultura. Junto da goiaba, pretendem-se cultivar também o abacaxi, ambos vistos como forma de promover a diversificação rural e fortalecer a agricultura familiar, com conseqüente geração de emprego e renda. 3.1.2.8 Floresta, Madeira e Móveis O Estado conta com um antigo maciço florestal de eucalipto e pinus, implantado no período do governo militar, ampliado e modernizado e que fica situado entre Água Clara e Três Lagoas. Atende à demanda de carvão vegetal para indústria siderúrgica de Minas Gerais e de madeira para a indústria moveleira na região de Campo Grande e entorno, além de lenha a grandes indústrias de produção de papel e celulose em implantação em Três Lagoas. O APL identificado e apoiado nessa área inclui um conjunto de empreendimentos de pequeno porte e organizações, que se esforçam para ampliar sua participação no mercado de lenha para madeira serrada, aglomerado, chapa de fibra, Medium Density Fiberboard (MDF), Oriented Strand Board (OSB), além de móveis e outros produtos não-madeireiros (mel, medicamentos, extratos de óleos vegetais de eucalipto, detergentes e subprodutos para uso nas indústrias de cosméticos). O APL de Papel e Celulose vincula-se a esse projeto e dele fazem parte dois grandes empreendimentos industriais de fabricação de papel e celulose, em fase de implantação em Três Lagoas. Além de se abastecerem do maciço florestal existente, têm seus próprios cultivos, mediante uso de novas tecnologias. 106 Também na Faixa de Fronteira, manifesta-se a atividade de madeira e móveis em fase decadente, em função do esgotamento da matéria-prima local. Nela restam algumas serrarias em ruínas que beneficiam madeira vinda de Mato Grosso, Rondônia e Paraguai. A tradicional atividade ervateira fronteiriça, a Sudoeste de Mato Grosso do Sul, que havia se destacado entre o final do século XIX até meados da década de 30, ainda mantém extrativistas remanescentes e mesmo algumas unidades de beneficiamento (cancheamento) e até alguns cultivadores dessa planta, embora um tanto desarticulados entre si. Entretanto, como essa atividade tem um apelo histórico-cultural ligado à identidade local e dos países vizinhos do Mercosul, além do que o mercado internacional abriu novas demandas a esse produto, a idéia atual dos Estados do CODESUL tem sido a de fortalecer esse arranjo, encabeçada pelo governo estadual e apoiada pelo Ministério da Integração no Programa Faixa de Fronteira. O governo estadual estabeleceu também em 2009, um Plano Estadual para o Desenvolvimento Sustentável de Florestas Plantadas. 3.1.2.9 Pecuária bovina, frigorífico e indústria de couro e calçados A mecanização e correção do solo na década de 70 criaram condições favoráveis para a modernização da pecuária. Houve expansão de áreas de pastagem plantada e um crescimento geométrico do rebanho bovino no período de 1980-1996, seguida de uma estabilização e mesmo a redução entre 1997-2004, dando lugar à expansão da agricultura. Por seu turno, ocorreu melhoria nos níveis de manejo e o avanço nas pastagens plantadas, com melhoria no número de nascimento de bezerros e taxa de descarte. Paralelo a esse processo, ocorreu ampliação do setor de abate e a verticalização na cadeia da carne. Os incentivos fiscais para indústria também atraíram os frigoríficos, vários deles deslocados de São Paulo para junto das vias de escoamento e das áreas de engorda no Leste do Estado. Se a inserção de Mato Grosso do Sul na zona de controle sanitário da febre aftosa, durante a década de 90, reduziu as possibilidades de exportação do gado em pé e de carne com osso, por outro lado, favoreceu a instalação de modernos frigoríficos com desossa no Estado. Em 1993, do gado gordo de Mato Grosso do Sul 37% era encaminhado aos frigoríficos do oeste paulista, taxa que caiu para 18% em 2007. Por seu turno, o abate do gado bovino no próprio Estado cresceu numa média de 24,9% ao ano desde 1997, passando de 3,70 milhões a 4,80 107 milhões de cabeças abatidas em 2008 (SEMAC/BDE, 2008). Em 2006, o Estado já contava como 60 estabelecimentos frigoríficos de abate de bovinos. Desses, 36 operavam sob inspeção da SIF da Delegacia Federal de Agricultura, voltados para o atendimento fora do Estado, com uma capacidade instalada de aproximadamente 16.000 cabeças/dia (SEMAC, 2008). Além desses, opera uma rede de 24 pequenas unidades frigoríficas para o atendimento do mercado interno, sob inspeção estadual – SIE/MS, com uma capacidade para abate de 180.000 bovinos/ano. 3.1.2.10 Couro e calçados Na pecuária bovina, tem destaque a produção de couro que acompanha a evolução dos abates com inspeção e os abates feitos nas propriedades. O Estado contava em 2006, com 10 unidades industriais de beneficiamento do couro, até a fase do wet-blue (SEMAC, 2008). Praticamente todo couro beneficiado é encaminhado para indústrias do couro de São Paulo e Rio Grande do Sul e/ou enviado para mercados externos como China e Itália. O APL do couro e calçados foi apoiado, visando a implantação do “Centro Tecnológico de Couro e Derivados (CTCD-MS)”, na Embrapa Gado de Corte de Campo Grande, desde 2000, embora ainda não terminado. O objetivo desse centro é possibilitar maior valor agregado ao couro, de modo a se avançar da fase do wet blue e do couro cru para outras etapas. O interesse por esse projeto atinge de perto a tradicional elite ligada à pecuária bovina do Estado e Estados limítrofes. Tanto o APL de “Pecuária de Corte, Couro e Derivados” como o de “Pecuária de Corte”, foram elaborados no âmbito da Câmara Setorial da Bovinocultura de Corte. Um deles abrange especialmente Municípios que sediam frigoríficos ou estão em sua área de influência e o outro mais especificamente procura incluir a cadeia bovina que envolve propriedades familiares da 108 Faixa de Fronteira. A preocupação básica desse projeto, com apoio da EMBRAPA Gado de Corte, tem sido a disseminação das chamadas “boas práticas” no processo criatório e de transporte de gado, como também na agregação de valor ao couro produzido no Estado. As indústrias de couro, calçados e derivados existentes ou incentivadas a se instalar, com exceção do Cone Sul do Estado têm sido aquelas próximas dos frigoríficos de abate. 3.1.2.11 Bovinocultura de leite e unidades de beneficiamento A pecuária leiteira de Mato Grosso do Sul ainda aparece, na maior parte dos casos, como atividade complementar à pecuária de corte. A produtividade de 2,7 litros por vaca ordenhada ao dia está abaixo da média brasileira (3,4 litros/vaca/dia). Entretanto, a atividade de beneficiamento de leite, antes nas mãos apenas de empresas de fora do Estado (especialmente São Paulo), se disseminou significativamente nos últimos anos, junto a agricultores familiares, especialmente de áreas de assentamentos e de antigas colonizações agrícolas. Em 2006, o Estado registrava 101 estabelecimentos industriais de leite. Desses, 91 eram laticínios - 41 com serviço de inspeção federal e 60 com inspeção estadual.- e 10 eram postos de resfriamento de leite com serviço de inspeção federal (BDE, 2006) Juntas estavam processando em torno de 380 milhões de litros de leite/ano. As principais bacias leiteira estão organizadas nas microrregiões de Campo Grande, Dourados e Paranaíba. Os APLs da bovinocultura de leite abrangem as duas bacias leiteiras que vem sendo apoiados pelo governo estadual de duas naturezas: (01) bacia de Glória de Dourados, na área de predominância de colonização agrária; (02) bacia da Microrregião de Paranaíba no Nordeste do Estado, caracterizada pela presença de fazendas tradicionais que fizeram do leite, um excedente da pecuária de cria e corte. Como atividade disseminada e incentivada, o Banco do Brasil elegeu essa atividade para apoiar APLs em nível de vários Municípios do Estado. 3.1.2.12 Suínos e Aves e indústrias de abate 109 A produção de pequenos animais vem se expandindo, especialmente em função do crescimento de unidades de abate de aves e suínos, desde o início da década de 90. Em 2006, o Estado contava com 4 unidades frigorificas de abate para o atendimento de carne suína a mercados fora do Estado, com produção média estimada em 2.800 cabeças/dia, sob inspeção da SIF/DFA e estava ampliando suas instalações (SEMAC, 2008). Dourados, Campo Grande e São Gabriel do Oeste abrigam essas unidades. Entre 2002 e 2004, houve tendência de redução de propriedades integradas a essas unidades, embora sem redução de cabeças. No setor avícola, em 2006 existiam no Estado 680 pólos integrados e 6 unidades frigoríficas, sob inspeção Federal, com capacidade total de abate de mais de 460.000 aves/dia. Algumas destas unidades com controle estadual são mistas; operando com bovinos e suínos. O Banco do Brasil apóia uma iniciativa de APL de criação de frango caipira assentamento Juncal, a 26 quilômetros de Naviraí. Esse APL não se vincula a essas unidades de abate, produção de aves caipiras e foi desenvolvido por 23 mulheres ligadas á cooperativa (COOPAJU), com apoio de outras organizações e universidade. A estrutiocultura concentrou-se principalmente no Município de São Gabriel do Oeste, desde 2002, com produtores vinculados à Cooperativa de Avestruzes Portal do Pantanal com destaque nacional na produção de carne e subprodutos da avestruz. O abate previsto em frigoríficos habilitados no Estado não conseguiu se consolidar, frente aos problemas encontrados de credenciamento para exportação da carne. A produção de ovos aparece em praticamente todos Municípios. O destaque em 2007 foi para Terenos que concentra 50,3% da produção do Estado por iniciativa da cooperativa da colônia japonesa, além de Dourados, Maracaju e Rio Brilhante (PAM/IBGE). 3.1.2.13 Ovinocultura A ovinocultura também vem ganhando expressão como excedente de mercado nos últimos anos, especialmente na microrregião de Bodoquena e de Dourados, já que se mantinha como atividade complementar de fazendas de gado bovino. O Estado responde pela metade da quantidade de ovinos no Centro-Oeste. Existe um esforço do governo estadual em apoiar o abate. Segundo 110 dados do IBGE (2006) a população de ovinos em Mato Grosso do Sul é de aproximadamente um milhão de cabeças. Esse número ainda considerado pequeno para manter um frigorífico funcionando especificamente para ovinos, segundo o pensamento dos empresários locais. Portanto, além do frigorífico de Sidrolândia, outras três unidades foram habilitadas para abater ovinos no estado, todas com Serviço de Inspeção Federal (SIF): um em Campo Grande (desativado), um em Cassilândia e outro em Nova Andradina, ambos de planta mista mas que atualmente abatem só bovinos. O APL da Ovinocultura em Ponta Porã e Região de Fronteira ainda não são expressivos, mas contam com significativo apoio da Embrapa, que busca implantar um centro experimental da atividade e um centro de capacitação de mão-de-obra. O APL da lã de carneiro em Ponta Porã, no Distrito da Cabeceira do Apa é uma iniciativa de geração de renda a partir da criação de ovinos e da produção artesanal de materiais tendo como matéria prima a lã. É coordenado pela associação dos Produtores de Ovinocultura de Ponta Porã em parceria com o Sebrae, Embrapa e Ministério da Integração Nacional e total apoio da Prefeitura. 3.1.2.14 Bicho da seda A criação do bicho-da-seda que também tem ganhado destaque encontra-se mais concentrada na fronteira do sul do Estado. Nasceu aí de um programa de sericicultura desenvolvido desde 2004 em seis municípios, por meio de uma parceria entre governo federal, estadual e uma empresa particular. O programa atinge agricultores de assentamentos localizados nos municípios de Glória de Dourados, Itaquiraí, Novo Horizonte do Sul, Ivinhema, Sidrolândia e Terenos. A produção de fios de seda realizada através do programa é exportada para países como Japão, Índia, Itália e Estados Unidos. 3.1.2.15 Abelhas e Mel As potencialidades da apicultura no Estado aparecem principalmente no Pantanal e no Cerrado. No Pantanal predomina a prática da apicultura migratória, realizada em fazendas, assentamentos agrários e colônia de pescadores artesanais. No caso de Campo Grande a apicultura vem sendo praticada por produtores familiares. 111 O APL de Apicultura da Região Sul de Mato Grosso do Sul concentra cerca de 50 produtores em torno da Associação dos Apicultores de Rio Brilhante (AAPIRB), apoiada pelo Sebrae e outras organizações, entre elas a CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento, sua grande compradora, que distribui a asilos e casas de caridade. Envolve ainda entre os parceiros o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Agraer, Iagro, Sindicato Rural e Associação dos Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul (APOMS). O programa de apicultura da região sul tem como principal objetivo a inserção direta do produto no mercado local e a melhora na qualidade. 3.1.2.16 Piscicultura A pesca nos rios do Estado tem sido realizada, tanto em tradicionais colônias de pescadores (Aquidauana, Bonito, Coxim, Miranda, Corumbá, Três Lagoas, Fátima do Sul, Mundo Novo e Porto Murtinho), como por meio de associações e cooperativas (Naviraí, Ladário, Angélica, Coxim). É recente a introdução da piscicultura no Estado. Predominam nesse novo ramo os empreendimentos de pequeno porte, com área inundada inferior a um hectare. Os empreendimentos com áreas inundadas superiores a 50 hectares encontram-se localizados no eixo sudeste/sul do Estado. Dois Municípios já contam com frigorífico de abate de peixes oriundos desses empreendimentos de piscicultores - Itaporã e Mundo Novo – no sul do Estado. O APL de piscicultura da Microrregião de Dourados constitui uma atividade complementar de agricultores familiares vinculados à cooperativa MSPEIXE e o frigorífico Mar & Terra localizado em Itaporã. Na região Sul Fronteira – chamada de Cone Sul - os agricultores familiares articulam-se ao frigorífico de abate de Mundo Novo. Esse APL vem sendo amparado por técnicos da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural e vêm contando com apoio de recursos do Ministério de Desenvolvimento Agrário. 112 3.1.2.17 Ferro e manganês O setor da mineração também tem sido alvo do interesse da política industrial do Estado, frente ao crescimento do consumo internacional de ferro e aço. A partir de 1994, a ampliação de demanda por produtos da indústria mineral no mercado internacional, tornou os preços atrativos para o setor. Os problemas da indústria mineral em Corumbá, nos limites com a Bolívia estão na distância das áreas brasileiras de consumo para o escoamento desses produtos de pouco valor agregado e a dependência energética do gás boliviano no beneficiamento industrial da matériaprima no lugar para compensar os custos de transporte. As reservas minerais de ferro e manganês de Corumbá, na fronteira com a Bolívia estão entre as maiores do País. Aparecem no Maciço de Urucum - nas imediações de Corumbá - e na Serra do Amolar, mais ao Norte. As reservas de ferro estão estimadas em 6,1 bilhões de toneladas (terceira maior reserva do país) e 29,5 milhões de toneladas de manganês (terceira maior reserva nacional). O projetado pólo minero-siderúrgico associado ao de gás químico depende da solução de gargalos associados, sobretudo, à energia e ao transporte. A primeira proposta de APL no Estado partiu desse setor, por iniciativa da “Rede de Excelência em Gás e Energia (RedeGasEnergia)”, uma rede cooperativa de nível nacional criada para otimizar a eficiência do uso e comercialização da nova matriz energética ao longo dos espaços servidos pelo eixo do gasoduto, associado à Ferrovia Novoeste e à BR- (Corumbá-Três Lagoas). A idéia foi transformar esse corredor, estimulando alianças estratégicas e para esse eixo atrair novas indústrias usuárias do gás como fonte energética e como insumo. Vincula-se a esse projeto aquele do APL tratado como pólo minero-siderúrgico, abrangendo um complexo industrial com quatro plantas - peletização, ferro-gusa, redução direta do minério e aciaria – com a finalidade de produção de ferro-liga, ferro-esponja e vergalhões de aço. 3.1.2.18 Rochas Calcárias Importante salientar ainda a lavra das rochas calcárias da Serra de Bodoquena, na obtenção do cimento, rochas ornamentais (mármores), brita, cal, “petit pavê” para calçamento e para fins agrícolas (correção do solo). O maior destaque é dado para a produção de cimento no município 113 de Bodoquena, explorado pelo grupo Votorantin. Nesse aspecto, há que se ressaltar também a lavra junto ao médio curso do Rio Miranda. A medida indicada e inferida pelo Anuário Mineral Brasileiro de 2006 é de 21,4 bilhões de toneladas de calcário, com destaque para os Municípios de Bodoquena e Miranda, além de 218,4 milhões de m³ de mármore concentrado, no Município de Bonito. Os cascalhos quartzosos dessa unidade não só se prestam ao uso da construção civil, como também são empregados nos altos fornos de ferro-ligas sediados em Corumbá. 3.1.2.19 Cerâmica vermelha Outra atividade industrial relativa à mineração diz respeito à indústria cerâmica de argila vermelha, com produtos estruturais. Em 2003, conforme apontou o Sindicato das Indústrias Cerâmicas de MS (2003), havia 55 indústrias cerâmicas, que produziam anualmente cerca de 200 milhões de peças de cerâmica estrutural. Os principais produtos são blocos de vedação (tijolos de 8 furos e tijolos para laje), tijolos maciços (conformados manualmente ou em tijoleiras), telhas (telha romana, francesa, portuguesa, paulista e de cumeeira) e alguns produtos de revestimento, a exemplo das lajotas rústicas (GESICKI ET AL, 2002), Os depósitos de argila de várzea mais importantes aparecem junto aos rios e afluentes da bacia do Paraná (aluviões atuais) e Paraguai (Formação Pantanal). Existem os depósitos de encosta de morro no centro do Estado, numa faixa contínua e um pouco estreita, sentido Norte-Sul. O Mato Grosso do Sul conta, segundo Gesick ET AL (2002), levando-se em consideração a natureza dos depósitos e características sócioeconômicas, O APL “Terra Cozida do Pantanal” abrange os Municípios da região cerâmica de Rio VerdeCoxim, com apoio do Sebrae-Ms. Já conseguiu avançar da prática da cerâmica estrutural (tijolos e telhas) para a cerâmica de revestimento, inclusive em direção ao porcelanato. Recebeu a atenção do BNDES e o apoio financeiro do Ministério da Integração Nacional no final de 2003. O grande desafio tem sido o acesso ao combustível para mover os fornos das cerâmicas. 114 Vincula-se a esse, o APL de Artesanato Terra Cozida do Pantanal apoiado também pelo Sebrae e outras organizações. Reúne micro e pequenas empresas do setor de turismo, composto por hotéis e pousadas, atrativos turísticos, agências de viagens e operadoras e núcleos produtivos de artesãos situados na Região Turística Terra Cozida do Pantanal, que compreende os municípios de São Gabriel do Oeste, Rio Verde de Mato Grosso, Coxim, Pedro Gomes e Sonora. O objetivo é aumentar a ocupação e o fluxo nos equipamentos turísticos e o número de peças comercializadas do artesanato dos municípios de Coxim, Rio Verde de Mato Grosso, São Gabriel do Oeste, Pedro Gomes e Sonora, consolidando a Região Turística Terra Cozida do Pantanal como destino turístico. 3.1.2.20 Turismo e Artesanato Projetos estruturantes de turismo ligado ao turismo na região do Pantanal e Serra da Bodoquena, Ponta Porã e Três Lagoas, contaram com políticas governamentais em várias instâncias, por fazer parte de uma das grandes estratégias de desenvolvimento no Estado. A Serra da Bodoquena e Pantanal, como também a atividade ecoturística e de pesca constituem Arranjos Produtivos Locais com especificidades próprias. O APL de ecoturismo da Serra da Bodoquena foi incluído no “Programa de Desenvolvimento do Turismo no Sul do Brasil (PRODETUR SUL)” desde 2001, ligado ao Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (CODESUL). Esse APL tem sido apontado por anos sucessivos como o principal destino ecoturístico do Brasil e considerado referência de gestão local no turismo brasileiro Vinculado a esse território econômico turístico nasceu o APL de artesanato, constituído pelos integrantes dos Núcleos de Artesãos, para trabalhar peças em osso e produzir as biojóias. O Sebrae-MS também vem tentando fortalecer o APL do tradicional turismo de compras na fronteira entre Brasil e Paraguai, capacitando e integrando a cadeia produtiva e a comunidade de Ponta Porá e Pedro Juan Caballero (cidades gêmeas da fronteira) para consolidar um turismo binacional por meio do projeto “Turismo Sem Fronteira Brasil e Paraguai” ainda em encaminhamento. A cidade de Campo Grande é considerada no Estado o centro de passagem e distribuição de fluxo turístico para o Pantanal e Serra da Bodoquena. Nesse sentido, existe um projeto de iniciativa do Sebrae-MS com a finalidade de manter por mais tempo o turista na cidade, 115 mediante articulação de empreendedores locais do segmento turístico, no fortalecimento do APL de Artesanato e Turismo em Campo Grande. O Turismo e artesanato na Região Norte do Estado começou a se fortalecer como um APL de artesanato e turismo, por iniciativa de um grupo de organizações, incluídas universidades e o Sebrae. O objetivo inicial foi a revitalização de um antigo caminho histórico do período colônia brasileiro, durante a fase da mineração – a “Rota das Monções”. Integraram a esse projeto as belezas naturais e o artesanato de ceramistas do grupo incentivado pelos integrantes do APL cerâmico. O APL de Turismo e Artesanato na Costa Leste nasceu da concentração do equipamento receptivo de hotéis e restaurantes e as atividades de pesca e lazer no grande lago artificial relacionado à construção de barragens de usinas hidrelétricas na faixa limítrofe ao Estado de São Paulo. Com apoio das prefeituras locais, o Sebrae-MS passou a dar suporte aos empreendimentos e artesãos locais. O objetivo desse APL é a prática do turismo de negócios e de lazer, Em 20032004 a Costa Leste recebeu o apoio do Ministério da Integração Nacional para algumas ações específicas. E este projeto está entre aqueles selecionados pelo MDIC e MCT em 2007. 3.1.2.21 Agricultura familiar Da atuação organizada dos movimentos e do projeto dos governos federal e estadual, Mato Grosso do Sul contava até 2004 com 19.613 famílias, aglutinadas em torno de 119 núcleos de agricultores familiares. Em 2008, em Mato Grosso do Sul já havia 30.362 famílias, distribuídas em 176 assentamentos e 53 municípios, totalizando 670.747 hectares. As atividades econômicas praticadas por essas famílias voltam-se principalmente ao cultivo de arroz, feijão, milho, mandioca e soja, em paralelo à criação de gado de leite e de pequenos animais. 3.1.3 Balanço de pagamentos: os principais fluxos de compra e venda 3.1.3.1 Balança comercial por origem e destino dos estados e regiões Na corrente comercial com os Estados brasileiros, verifica-se um vínculo significativo de Mato Grosso do Sul com os Estados do Sudeste e Sul, laços comerciais historicamente construídos durante sua formação territorial e unificação ao sistema capitalista industrial brasileiro. Os dados 116 corroboram, por essa importância de nexos comerciais, a opção por Mato Grosso do Sul de ter procurado se inserir ao Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul – CODESUL. O Estado de São Paulo aglutina mais da metade desses fluxos de comercialização (Tabela 2), seja de entradas e de saídas. Além dos vínculos comerciais estabelecidos com a cidade de São Paulo, como centro dinâmico do sistema capitalista industrial, facilitados inicialmente pela ferrovia e hoje por outros meios de circulação (rodoviário, fluvial, aéreo, dutoviário), São Paulo encontra-se no rumo dos portos de exportação mais acessados do Sudeste. O segundo Estado com vínculos comerciais significativos, como se pode apreciar na tabela 2 é o Paraná. É para onde se destinam 16,5% dos fluxos de saída e 14,4% de entrada de bens e serviços. Além de se limitar com Mato Grosso do Sul, os relacionamentos com esse Estado têm sido intensificados pela BR-163, rodovia federal que funciona como importante corredor de comércio entre o Norte e o Sul do Brasil. Por outro lado, o porto de Paranaguá tem sido um dos destinos da soja e derivados exportados por Mato Grosso do Sul. O Sul de Mato Grosso do Sul, por onde esses contatos têm sido historicamente facilitados, desde a fase colonial ibérica (missões jesuíticas espanholas) tem sido foco de expansão da ação de várias atividades econômicas e empresas paranaenses. Santa Catarina e Rio Grande do Sul constituem respectivamente, terceiro e quarto parceiro comercial em importância para Mato Grosso do Sul. Mesmo assim ficam cada um com menos da metade dos fluxos apontados pelo Paraná. Só São Paulo e Paraná congregam mais de 70% da corrente comercial interestadual mantida por Mato Grosso do Sul. É preciso atentar aqui para o fato de Mato Grosso do Sul ter sido marcado pela presença da população sulista desde o final do século XIX, mas especialmente entre os anos 70 e 80 do século XX. No caso do Rio Grande do Sul, especificamente, o primeiro fluxo migratório se deu por ocasião da Revolução Federalista. Parte dessas populações esteve historicamente integrada, durante o período colonial espanhol, pelas Missões Guaraníticas, fato que tem contribuído na constituição da identidade cultural platina. Os fluxos desses sulistas se fizeram importantes nas décadas de 70 e 80 do século XX, por ocasião do avanço da fronteira agrícola para Mato Grosso do Sul, de modo que neste Estado, os primeiros movimentos desse avanço pioneiro se deram de Sul para o Norte. Os sulistas 117 tornaram-se os principais portadores de conhecimento e protagonistas dos processos inovativos na agropecuária e na agroindustrialização de Mato Grosso do Sul. Estabeleceram-se, por essa via, vários vínculos entre agricultores sul-mato-grossenses e fornecedores de insumos agrícolas sulistas que, em certo grau, ainda se mantém. Por outro lado, Mato Grosso do Sul é área de passagem entre os Estados do Sul e os do Norte, pela BR-163. Por outro lado, as relações comerciais com os Estados vizinhos do Norte - Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais – são menos intensas do que aquelas com os Estados do Sul. Os vínculos econômicos ocorrem, sobretudo entre as áreas agrícolas modernizadas desses Estados. Podem-se exemplificar com as relações estabelecidas entre os sojicultores de Chapadão do Sul (MS) e Chapadão do Céu (GO), ou então com os cotonicultores do Sul de Goiás, Triângulo Mineiro, Sul de Mato Grosso e os municípios agrícolas dos chapadões do Norte de Mato Grosso do Sul. No caso do Triângulo Mineiro, os laços comerciais mantidos com Mato Grosso do Sul relacionam-se à tradicional pecuária que historicamente ligou a ambos. Entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, os laços têm sido em parte, relacionados ao beneficiamento de produtos agrícolas e florestais. Interessante observar os saldos negativos na balança comercial de Mato Grosso do Sul em relação aos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Amazonas e Distrito Federal, mas que não puderam ser interpretados, uma vez que as informações oferecidas pela SEFAZ (2007) sobre os valores da corrente comercial com os Estados não discriminam as atividades envolvidas. Tabela 2 Balança Comercial Interestadual de Mato Grosso do Sul - 2006 Saída, Entrada, Saldo e Fluxo Saídas Entradas Saldo Fluxo de Comércio Unidades da Federação São Paulo Paraná Rio Grande do Sul Santa Catarina Mato Grosso Minas Gerais R$ 12.274.553.094 3.687.487.063 1.763.318.407 1.491.356.830 1.112.214.763 479.496.752 % 54,9 16,5 7,9 6,7 5,0 2,1 R$ 9.791.767.846 2.480.671.092 903.611.099 794.287.555 791.354.384 614.839.372 % 57,3 14,5 5,3 4,7 4,6 3,6 R$ R$ 2.482.785.248 22.066.320.940 1.206.815.971 6.168.158.155 859.707.308 2.666.929.506 697.069.275 2.285.644.385 320.860.379 1.903.569.147 -135.342.620 1.094.336.124 118 Rio de Janeiro Goiás Amazonas Distrito Federal Espírito Santo Demais Estados - Nordeste Demais Estados - Norte Total 467.265.187 350.002.768 105.802.877 92.878.333 51.094.321 302.162.802 171.580.581 2,1 1,6 0,5 0,4 0,2 1,4 0,8 513.331.351 404.993.152 231.054.994 124.182.246 46.895.780 302.162.802 22.349.213 3,0 2,4 1,4 0,7 0,3 1,8 0,1 22.349.213.778 100,0 17.075.526.475 100,0 -46.066.164 -54.990.384 -125 -31.303.913 4.198.541 0 149.231.368 980.596.538 754.995.920 336.857.871 217.060.579 97.990.101 604.325.604 193.929.794 5.178.481.524 39.424.740.253 Fonte: SEFAZ/MS, 2007 Gráfico1. Balança Comercial Interestadual de MS - 2006 Fonte: SEFAZ/MS, 2007 As regiões Sul e Sudeste do Brasil, como se pode apreciar na tabela 3 e gráfico correspondente, respondem por 90% das entradas e 95% das saídas do Estado de Mato Grosso do Sul. Só Sudeste concentra 65% dos fluxos mantidos com o Estado. Verifica-se nessa balança estabelecida entre Mato Grosso do Sul e os Estados das regiões Sudeste, que ocorre relativo equilíbrio no valor de produção entre entradas e saídas, exibindo saldos positivos para o Estado, fixados entre 2 a 3 bilhões de reais. Já o comércio dentro da região Centro-Oeste é pouco significativo, quando comparado às duas regiões acima analisadas. Representa praticamente 12% dos fluxos de entrada e 6.5% dos fluxos 119 de saída em relação àqueles do Sudeste. O que chama atenção, nesse aspecto é o saldo negativo . Além disso, o saldo é negativo. Com a Região Norte, e Nordeste, os elos são muito mais fracos, embora com o Norte, a exceção de Amazonas, o saldo é negativo para Mato Grosso do Sul. Tabela 3 Balança Comercial Inter regional de Mato Grosso do Sul - 2006 Entradas Regiões R$ Saídas % R$ % 65,0 10.966.834.34 9 65,0 14.284.269.432 4.178.569.746 25,0 6.563.020.233 1.320.529.782 8,0 935.302.398 Norte 231.054.994 1,0 92.878.333 Nordeste 207.866.693 1,0 302.162.802 16.904.855.56 4 100,0 22.084.754.865 Sudeste Sul CentroOeste Total Saldo R$ 3.317.435.08 3 2.384.450.48 7 30,0 4,0 385.227.385 0,0 138.176.662 1,0 Fluxo de Comércio R$ 25.251.103.781 10.741.589.979 2.255.832.180 323.933.327 94.296.109 510.029.494 100, 5.272.777.63 0 3 38.989.610.429 Fonte: SEFAZ/ MS, 2007 120 Gráfico 2 Balança Comercial Inter regional de MS -2006 Fonte: SEFAZ/ MS, 2007 Na tabela 4 se pode observar a participação dos Estados em relação à sua região de origem. E, nesse aspecto, verifica-se a força comercial de São Paulo como Estado que abriga o centro dinâmico do sistema econômico industrial brasileiro, que ainda detém quase 90% dos fluxos mantidos com a Região Sudeste. Na região Sul, o Paraná tem a liderança. Catalisa mais da metade dos fluxos comerciais estabelecidos com Mato Grosso do Sul. E na Região Norte, apenas o Estado do Amazonas mantém comércio. Os fluxos com Estados do Nordeste não puderam ser apreciados, por estarem aglutinados na fonte. Os dados de exportação, quando comparados nesse quadro, permite verificar que apenas 1,6% dos fluxos de saída e 3,6% dos fluxos de entrada do total da corrente comercial do Estado, implica em saldo negativo. Tabela 4 - Balança Comercial Interestadual e por Região e Exterior de Mato Grosso do Sul - 2006 Nível Geográfico Sudeste Espírito Santo Saídas Entradas Saldo Fluxo de Comércio R$ % R$ % R$ R$ 14,284,269,432 10 0 10,966,834,349 10 0 3,317,435,083 25,251,103,781 51,094,321 0 46,895,780 0.4 4,198,541 97,990,100 121 Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo 467,265,187 3 614,839,373 6 -147,574,186 1,082,104,560 1,491,356,830 10 513,331,351 5 978,025,480 2,004,688,181 12,274,553,094 9,791,767,846 2,482,785,248 22,066,320,940 4,178,569,746 89 10 0 2,384,450,487 10,741,589,979 2,480,671,092 59 1,206,815,971 6,168,158,155 Sul 6,563,020,233 86 10 0 Paraná 3,687,487,063 56 Rio Grande do Sul 1,112,214,763 17 903,611,099 22 208,603,664 2,015,825,862 Santa Catarina 1,763,318,407 794,287,555 2,557,605,963 935,302,398 1,320,529,782 19 10 0 969,030,852 Centro-Oeste 27 10 0 -385,227,385 2,255,832,180 Goiás 350,002,768 37 404,993,152 31 -54,990,384 754,995,920 Mato Grosso 479,496,752 51 791,354,384 60 -311,857,632 1,270,851,137 Distrito Federal 105,802,877 124,182,246 -18,379,368 229,985,123 -138,176,662 323,933,327 -138,176,662 323,933,327 207,866,693 9 10 0 10 0 10 0 94,296,109 510,029,494 635,408,858 10 0 -265,686,094 1,005,131,623 5,007,091,539 39,994,742,051 Norte 92,878,333 Amazonas 92,878,333 Nordeste 302,162,802 11 10 0 10 0 10 0 Exterior* 369,722,764 10 0 Total 22,454,477,629 231,054,994 231,054,994 17,540,264,423 Fonte: SEFAZ, 2007 122 Mapa 9 Fluxos de Saída e Entrada de Mato Grosso do Sul em relação aos Estados do Brasil – 2006 Fonte: MDIC, 2006 3.1.3.2 Balança comercial segundo a intensidade dos fatores: origem das entradas As compras realizadas por Mato Grosso do Sul em 2006 totalizaram 22,6 bilhões de reais, sendo que 14,2 bilhões (62,8%) foram adquiridas dentro do Estado, 25,1% vieram de outros Estados e 12,1% foram feitas no exterior. - Setor intensivo em recursos Naturais Segundo dados expostos na tabela 5, na movimentação das entradas feitas pelo estado em 2006 teve maior destaque o setor Intensivo em Recursos Naturais. Representou praticamente metade (52,11%) do valor total de compras feitas pelo Estado. Outro fato observado foi a significativa participação que o próprio Estado ainda mantém na oferta dos produtos desse setor (79,29%). 123 Existe uma participação nada desprezível de Estados vizinhos (19,80%) e uma participação de apenas 0,91% de outros países. As compras mais expressivas desse setor relacionam-se à Fabricação de Produtos Alimentícios, cujo valor de compra representou mais de 1/3 das aquisições nesse setor. Por outro lado, 79,42% do valor dessas compras tiveram origem no próprio estado. Mesmo assim as compras feitas em outros Estados representaram 18,35% do total gasto nesse segmento e 2,23% de outros países. O montante gasto no segmento de produtos alimentícios torna-se mais significativo, ao se somar esse valor gasto com produtos fabricados àquele de produtos mediados pelo Comercio Atacadista Especializado em Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo. Configurou-se como terceiro maior segmento em valor de compras obtidas no setor intensivo em recursos naturais. As negociações desses atacadistas realizadas dentro do estado representaram 61,14% das aquisições relativas a esse segmento. As compras em outros Estados chegaram a representar 38,53%, enquanto que os gastos com produtos alimentício importados foram de apenas 0,33%. Não menos desprezíveis foram as compras realizadas no segmento da Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados. Embora não chegassem a 10% das aquisições feitas nesse setor, 97,85% delas foram realizadas dentro do próprio Estado. Os outros Estados (2,13%) não têm expressão no fornecimento de produtos da agricultura e pecuária. A importância desse segmento se amplia frente àquele relativo Comercio Atacadista de Matérias-Primas Agrícolas e Animais Vivos, cujo valor de compras representa aproximadamente um quarto do valor da produção. E também nesse segmento, 83,9% das aquisições foram feitas dentro do Estado. As entradas vindas do segmento de Fabricação de Coque, de Produtos Derivados do Petróleo e de Bicombustíveis, ainda que representem pouco mais de 6% das compras nesse setor, 61,73% delas é realizadas dentro do Estado.. - Setor intensivo em Trabalho O valor de compras no setor Intensivo de Trabalho é pouco significativo. Representou apenas 2,14% do total realizado pelo estado. Mato Grosso do Sul não tem expressão na oferta de produtos desse segmento. O segmento de Fabricação de Produtos de Madeira atraiu praticamente metade do valor das compras desse setor, sendo que 91,4% dos produtos foram obtidos dentro do próprio Estado. 124 Os valores de compra de produtos do segmento de Fabricação de Artefatos de Couro, Artigos, segundo em importância nas entradas desse setor, representam metade daqueles da madeira e as compras dentro do estado só atingem 21% do total. A maior parte das aquisições é feita em outros Estados (71,5%) e uma pequena parte nos países vizinhos do Paraguai e da Bolívia (7,43%). Observa-se que ainda existe uma dependência significativa de outros Estados na compra de móveis (92,6%), produtos têxteis (88,7%) e de produtos do segmento de confecção e vestuário e acessórios (71,5%). Por outro lado, praticamente 2/3 das aquisições do segmento de obras de infra-estrutura originam-se do Estado (65,2%) . Há uma dependência de outros países pouco significativa de produtos têxteis (8,3%), vestuário (12%) e do segmento de Preparação de Couros e Fabricação de Artefatos de Couro, Artigos para Viagem e Calçados (7,4%). - Setor intensivo em Economias de Escala Os bens adquiridos junto ao setor de atividades Intensivas em Economias de Escala em Mato Grosso do Sul representaram 16,94% do total da compras realizadas pelo Estado, dos quais 25,78% foram compras internas, 13,03% compras de outros estados e 61,19% de outros países. Destacam-se pela movimentação considerável os seguintes segmentos desse setor: (a) Metalurgia, no qual se pode observar que 78,59% são ofertados no estado e 21,41% comprados de outros estados; (b) Fabricação de Produtos de Metal, Exceto Maquinas e Equipamentos que apresenta dependência do exterior (62,76%) e de outros estados (32,45%) . No ramo de Eletricidade, Gás e Outras Utilidades, o gás boliviano tem um peso considerável nas compras (65,4%), embora do Estado as aquisições não sejam desprezíveis (24,64%) vindas em forma de energia elétrica. Uma pequena parte da energia é fornecida pelos estados vizinhos (9,89%). - Setor Intensivo em Especialização Das compras realizadas pelo estado, apenas 4,35% vieram do setor de atividades intensivas em Especialização. Desse total 31,92% foram realizadas dentro do estado, 68,08% de outros estados, não havendo movimentação expressiva de compras oriundas de outros países. O Comercio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas é o carro chefe de vendas desse setor intensivo em especialização, representando 88,6 %. 125 As entradas relativas a produtos do segmento de Fabricação de Veículos Automotores, reboques e carrocerias perfizeram apenas 0,40% do total de compras, sendo que 99,60% foram de aquisição em outros estados. No segmento de Fabricação, Comercio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas pode-se observar que, 35,95% dos produtos adquiridos pelo estado, nesta linha, em 2006, foram comprados dentro do próprio estado, 64,05% - Setor intensivo em Conhecimento O setor intensivo em Conhecimento representou apenas 2,56% das compras realizadas pelo estado, com destaque no segmento de telecomunicações, havendo um relativo equilíbrio de origem no Estado (50,75%) e de outros estados (49,13%). Apenas 0,11% do valor de compras foram de outros países. - Demais Atividades Os valores de entradas dos demais segmentos equivaleram a 22,44% do total das compras efetuadas pelo estado no período de 2006. Desses, 45,88% relacionaram-se a compras realizadas dentro do estado, 59,82% foram obtenções oriundas de negociações com outros estados e, 0,20% de outros países. Chama atenção, o comércio varejista, que responde por 87,2% desse conjunto de segmentos, além de representar 12,5% do valor total de compras feitas pelo Estado. E desse total comprado, 64,88% é feito dentro do Estado. É bom destacar ainda os serviços de transporte terrestre, embora esses representem apenas 9% desse setor. 3.1.3.3 Balança comercial segundo a intensidade dos fatores: origem das saídas Mato Grosso do Sul registrou em 2006, segundo a Tabela 6, uma saída de 39,4 bilhões de reais, sendo que 55% desse total foram para abastecer o próprio Estado. As vendas para outros estados representaram 41,9% e para o exterior apenas 2,76 desse total. - Setor intensivo em Recursos Naturais 126 Do total de saídas registradas em Mato Grosso do Sul em 2006, o setor intensivo em recursos naturais representou 58,5%, seguido pelo setor intensivo em escala (16,4%). Juntos, esses dois setores totalizaram 61% das vendas do Estado. A agropecuária significou quase um terço do total vendido nesse setor, sendo que 81% do valor dessas saídas foi destinado ao atendimento de demandas do próprio Estado. Pode-se deduzir uma movimentação, em grande parte, promovida pela aquisição dos frigoríficos. O segmento de produção alimentícia fez parte da segunda categoria de produtos mais vendidos, cujo valor total correspondeu a pouco mais da metade do valor de saídas com a agropecuária. Destinou-se especialmente a outros Estados (70,59%), sendo que 10% voltaram-se ao atendimento do mercado externo. Juntos, os produtos da agricultura, pecuária e os produtos alimentícios representaram 42% das vendas totais de Mato Grosso do Sul. Quando somados com os produtos alimentícios comprados do Tabela 5 Origem das Entradas setoriais segundo a intensidade dos fatores de produção em 2006 CNAE 2,0 Valor das entradas Setores Valor total Dentro do Estado % Outros Estados % Outros países % % Intensivos em recursos naturais : 13.023.448.235 57,44 10.325.942.448 72,61 2.578.769.250 01 Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados 3.257.382.465 17.37 3.187.216.123 97,85 69.237.563 2,13 02 Produção Florestal 5.533.726 0,02 3.362.078 60,76 2.171.648 39,24 07 08 10 11 87.448.910 4.139.049 0,39 0,02 41.298.705 2.638.429 47,23 63,74 46.150.205 1.500.620 52,77 36,26 - 0,00 0,00 4.877.046.428 160.980.734 21,51 0,71 3.873.498.392 78.833.210 79,42 48,97 894.976.978 82.147.524 18,35 51,03 108.571.058 - 2,23 0,00 789.408.708 3,48 487.320.831 61,73 301.055.893 38,14 1.031.984 0,13 462 Extração de Minerais Metálicos Extração de Minerais Não-Metálicos Fabricação de Produtos Alimentícios Fabricação de Bebidas Fabricação de Coque, de Produtos Deriv. do Petróleo e de Bicombustíveis Comercio Atacadista de Matérias-Primas Agrícolas e Animais Vivos 1.361.742.686 6,01 1.135.623.617 83,39 226.119.070 16,61 463 Comercio Atacadista Especializado em Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo 2.479.765.529 10,94 1.516.151.063 61,14 955.409.750 38,53 8.204.716 0,33 558.661.211 2,46 83.754.814 0,59 426.446.035 7,49 48.460.362 1,76 195.431.932 0,86 5.848.374 2,99 173.319.037 88,69 16.264.520 8,32 19 Intensivos em trabalho: 13 Fabricação de Produtos Têxteis 45,28 118.736.537 4,31 928.780 0,03 - 0,00 - 0,00 127 15 Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios Preparação de Couros e Fabric.de Artef. de Couro, Artig. p/ Viagem e Calçados 16 31 Fabricação de Produtos de Madeira Fabricação de Moveis 42 Obras de Infra-Estrutura 14 Intensivos em economias de escala: 25 Fabricação de Celulose, Papel e Produtos de Papel Fabricação de Produtos de Minerais NãoMetálicos Metalurgia Fabricação de Produtos de Metal, Exceto Maquinas e Equipamentos 35 Eletricidade, Gás e Outras Utilidades 17 23 24 Intensivos em especialização 29 45 Fabricação de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias Comercio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas Intensivos em Conhecimento 61 Telecomunicações Demais: 36 49 82 Captação, Tratamento e Distrib. Água Transporte Terrestre Serviços de Escrit., de Apoio Administrat e Outros Servi. Prestados às Empresas 47 Comercio Varejista Total: 187.882.336 0,83 8.200.255 4,36 155.933.970 83,00 23.748.111 12,64 8.216.170 7,43 231.561 0,00 1,79 110.539.410 0,49 23.278.125 21,06 79.045.115 71,51 45.188.574 12.904.807 0,20 0,06 41.326.523 720.392 91,45 5,58 3.862.052 11.952.853 8,55 92,62 6.714.152 0,03 4.381.145 65,25 2.333.007 34,75 4.233.280.201 18,67 1.091.220.590 7,67 551.805.266 9,69 2.590.254.345 93,92 64.199.709 0,28 425.597 0,66 61.771.843 96,22 2.002.268 3,12 82.151.457 134.455.545 0,36 0,59 39.474.323 105.670.147 48,05 78,59 38.294.851 28.785.398 46,61 21,41 4.382.284 5,33 0,00 0,00 142.741.822 0,63 6.837.128 4,79 46.321.527 32,45 89.583.167 62,76 3.809.731.668 16,80 938.813.394 24,64 376.631.647 9,89 2.494.286.627 65,47 1.087.125.420 4,79 347.046.094 2,44 740.079.325 13,00 0 0,00 123.033.586 0,54 488.882 0,40 122.544.704 99,60 0,00 964.091.834 4,25 346.557.213 35,95 617.534.621 64,05 0,00 483.037.748 2,13 245.152.366 1,72 237.335.800 4,17 549.582 0,02 483.037.748 2,13 245.152.366 50,75 237.335.800 49,13 549.582 0,11 3.288.159.847 14,50 2.127.664.641 14,96 1.160.466.277 20,38 28.929 0,001 69.902.241 297.202.170 0,31 1,31 36.821.077 183.894.143 52,68 61,88 33.081.164 113.308.027 47,32 38,12 53.689.487 0,24 46.584.285 86,77 7.105.202 13,23 2.867.365.950 12,5 1.860.365.136 64,88 1.006.971.885 35,12 28.929 0,001 14.220.780.9 5.694.901.95 53 100,00 4 100,0 0 2.758.029.75 6 100,0 0 22.673.712.66 3 100,00 0,00 0,00 0,00 Fonte: SEFAZ/MS, 2007 comércio atacadista, alimentos e agropecuária representaram cerca de 50% das vendas do Estado. O valor de vendas de bebidas fabricadas em Mato Grosso do Sul significou apenas 0,6% e se destinou principalmente ao atendimento do consumo da população interna (76%). O restante foi para outros Estados. Os minerais metálicos (ferro e manganês), ainda que tenham representado apenas 0,5% do total de venda do Estado, constituem um produto de exportação, por excelência. Desse, 73,6% vão para o exterior, por via fluvial, principalmente. O mercado nacional tem-se mostrado de mais difícil acesso por outras vias de transporte que não seja o fluvial, para esses produtos de baixo valor agregado. A outros Estados do país são destinados apenas 4,69% dos minerais comercializados.. - Setor intensivo em trabalho As saídas relativas a esse setor representam apenas 2,48% do total comercializado pelo Estado e são representados pelos segmentos do vestuário, têxteis, couro e madeiras. O líder de vendas em 128 2006 foi o segmento de artigos de vestuário e acessórios, com quase metade das vendas desse setor e destinado, sobretudo, ao mercado de outros Estados (97,6%). Os Têxteis - com valor de vendas seis vezes menor que o vestuário - também se voltaram basicamente ao atendimento de outros estados do país (98,3%). As saídas de produtos do segmento de Preparação de Couros e Fabricação de Artefatos de Couro para Viagem e Calçados, representado no Estado, especialmente pelos curtumes, significaram a metade do valor dos têxteis, com 88% das vendas no atendimento de demandas internacionais. Madeira e móveis representaram apenas 0,25% do total de vendas do Estado e atenderam demanda de outros Estados. Os produtos da madeira em valor de vendas significaram quase cinco vezes o segmento de móveis, com relativo equilíbrio no atendimento do mercado interno (51%) e de outros estados (48,8%). As obras de Infraestrutura, por seu turno, tiveram no Estado o mercado mais importante (73%). - Setor intensivo em economias de escala Esse setor mobilizou 16,4% do total das vendas de Mato Grosso do Sul, atribuído em sua grande parte (88,8%) ao segmento de Eletricidade, Gás e Outras Utilidades (gás da Bolívia), 72,7% voltado ao abastecimento de outros estados. Já os produtos de metal, metalurgia e os minerais não metálicos totalizaram 1,52% das saídas totais registradas no Estado e 6,5% do total desse setor. O restante (0,31%) das vendas feitas do setor foi responsabilidade do segmento de papel e celulose, no atendimento, sobretudo, de demandas de outros estados brasileiros (97,6%). Apenas 0,8% tiveram destino internacional. - Setor intensivo em especialização Esse setor representou 3,4% dos totais de saídas realizadas pelo Mato Grosso do Sul em 2006, com a participação de apenas dois segmentos ligados ao ramo de veículos automotores, tanto a fabricação como o comércio. 129 O comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas liderou 81% das vendas nesse setor, sendo que 84,2% foi para abastecer a demanda do mercado interno e 15,8% foram vendas interestaduais. O outro segmento que registrou saídas nesse setor foi o de Fabricação de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias, 97,6% destinado a outros estados. - Setor intensivo em conhecimento Esse setor que abrangeu apenas as telecomunicações teve 4 % de participação nas vendas de Mato Grosso do Sul, basicamente voltado às necessidades de demanda interna (94,6%). Registrou-se uma saída de 5,34% para outros estados. - Demais setores Entre os demais setores (15% das saídas), o comércio varejista teve liderança. Representou 62% do total das vendas do setor e, 9,35% do total realizado pelo Mato Grosso do Sul. Trata-se de uma atividade de abastecimento do mercado interno (95,4%). Não desprezível foi a participação do transporte terrestre de 4,35% do total de vendas registradas no Mato Grosso do Sul, no atendimento de 81,93% e demanda Tabela 6. Destino das Saídas setoriais segundo intensidade dos fatores de produção em 2006 Cnae 2.0 Setores Valor das Saídas Valor total Intensivo em recursos naturais: 23.101.979.389 01 Agricultura, Pecuária e Serviços Relacion.. 10.498.844.164 02 Produção Florestal 79.829.594 07 Extração de Minerais Metálicos 196.997.880 08 Extração de Minerais Não-Metálicos 21.627.531 10 Fabricação de Produtos Alimentícios 6.083.585.293 11 Fabricação de Bebidas 239.727.140 Fabricação de Coque, de Produtos 19 1.375.326.108 Derivados do Petróleo e de Comercio Atacadista de Matérias-Primas 462 1.496.753.892 Agrícolas e Animais Vivos Comercio Atacadista Especializado em 463 3.109.287.788 Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo Intensivo em trabalho: 977.510.440 13 Fabricação de Produtos Têxteis 250.180.772 % Dentro do Estado 58,59 13.260.391.868 26,62 8.550.225.101 0,20 29.374.913 0,50 42.609.228 0,05 19.618.398 15,43 1.167.928.492 0,61 182.479.672 Outros Estados % Outros países % % 8.788.713.334 81,44 1.946.276.635 36,80 50.454.680 21,63 9.243.292 90,71 2.009.133 19,20 4.294.695.440 76,12 57.037.916 18,54 63,20 4,69 9,29 70,59 23,79 1.052.874.187 2.342.428 145.145.361 0 620.961.361 209.552 0,02 0,00 73,68 0,00 10,21 0,09 3,49 335.429.478 24,39 952.757.809 69,28 87.138.820 6,34 3,80 928.057.147 62,00 531.732.527 35,53 36.964.219 2,47 7,89 2,48 0,63 2.004.669.439 101.710.330 4.068.024 64,47 944.505.902 872.050.036 246.040.858 30,38 160.112.447 3.750.074 71.890 5,15 1,63 98,35 130 0,003 14 Confecção de Artigos do Vestuário e Preparação de Couros e Fabric. de Artef. 15 de Couro, Artig.para Viagem e Calcados 16 Fabricação de Produtos de Madeira 31 Fabricação de Moveis 42 Obras de Infra-Estrutura Intensivo em economias de escala: 17 Fabric. de Celulose, Papel e Prod. de Papel 23 Fabricação de Produtos de Minerais NãoMetálicos 24 Metalurgia 25 Fabricação de Produtos de Metal, Exceto Maquinas e Equipamentos 35 Eletricidade, Gás e Outras Utilidades Intensivo em especialização: 29 Fabricação de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias 45 Comercio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas Intensivo em Conhecimento: 61 Telecomunicações Demais: 36 Captação, Tratamento e Distribuiç.de Água 49 Transporte Terrestre Serviços de Escritório, de Apoio 82 Administrat. e Outros Serviç. Prestados às Empresas 47 Comércio Varejista Total 404.394.783 1,03 9.492.677 2,35 394.902.107 97,65 184.718.798 94.261.765 20.407.252 23.547.069 6.468.522.023 120.646.980 0,47 0,24 0,05 0,06 16,40 0,31 18.704.041 48.232.373 3.860.823 17.352.392 1.706.895.397 1.843.036 10,13 51,17 18,92 73,69 162.608.227 46.029.378 16.274.789 6.194.678 4.733.945.327 1,53 117.810.253 88,03 48,83 79,75 26,31 181.602.234 197.175.902 0,46 0,50 116.935.097 6.740.976 64,39 3,42 222.592.756 5.746.504.151 1.341.880.363 0,56 14,57 3,40 14.591.854 1.566.784.434 922.143.913 254.140.473 0,64 5.965.013 2,35 1.087.739.889 1.597.997.466 1.597.997.466 5.944.435.492 260.279.513 1.714.880.115 2,76 4,05 4,05 15,08 0,66 4,35 84,23 282.586.107 3.686.689.757 0,72 9,35 1,80 0,00 1,30 - 97,65 3.406.531 14 271.639 27.681.299 993.691 37.994.884 190.434.926 20,92 96,58 26.672.252 - 14,69 0,00 6,56 208.000.902 27,27 4.179.704.361 419.736.450 93,44 72,73 248.175.460 97,65 916.178.900 1.512.637.351 1.512.637.351 4.318.474.654 258.771.685 307.784.805 171.560.990 85.294.378 94,66 85.294.378 1.623.754.106 99,42 1.507.828 17,95 1.404.997.661 15,77 235.090.230 3.516.827.934 83,19 95,39 39.432.325.172 100,00 21.822.253.513 - 47.488.798 169.759.818 55,34 16.523.493.630 15.356 0 0,82 0,00 0,00 65.737 65.737 2.206.732 0,00 0,58 81,93 2.097.648 0,12 16,81 4,60 7.079 102.005 0,00 0,00 41,90 1.086.578.029 2,76 5,34 Fonte: SEFAZ/MS, 2007 Tabela 7 Destino das Saídas setoriais segundo a intensidade dos fatores de produção (síntese) -2006 Valor das Saídas Setores Dentro do Estado % Outros Estados % Outros países Valor total % Intensivas em recursos naturais: Intensivos em trabalho: Intensivos em economias de Intensivos em especialização: Intensivas em Conhecimento: Demais: % 23.101.979.389 977.510.440 6.468.522.023 1.341.880.363 1.597.997.466 5.944.435.492 58,59 2,48 16,40 3,40 4,05 15,08 100,00 13.260.391.868 101.710.330 1.706.895.397 922.143.913 1.512.637.351 4.318.474.654 60,77 0,47 7,82 4,23 6,93 19,79 100,00 8.788.713.334 872.050.036 4.733.945.327 419.736.450 85.294.378 1.623.754.106 53,19 5,28 28,65 2,54 0,52 9,83 100,00 1.052.874.187 3.750.074 27.681.299 0 65.737 2.206.732 96,90 0,35 2,55 0,00 0,01 0,20 100,00 Total geral 39.432.325.17 100,00 21.822.253.5 55,34 16.523.493.6 41,90 1.086.578.02 2,76 Tabela 8 Destino das Entradas setoriais segundo a intensidade dos fatores de produção (síntese) 2006 Valor das entradas Setores Intensivas em recursos naturais : Dentro do Outros Estado Estados Valor total % % % 13.023.448.23 57,44 10.325.942.44 72,61 2.578.769.25 45,28 Outros países % 118.736.537 4,31 131 Intensivos em trabalho : Intensivos em economias de escala: Intensivos em especialização Intensivas em Conhecimento Demais: 558.661.211 4.233.280.201 1.087.125.420 483.037.748 3.288.159.847 Total: 22.673.712.66 2,46 83.754.814 0,59 18,67 1.091.220.590 7,67 4,79 347.046.094 2,44 2,13 245.152.366 1,72 14,50 2.127.664.641 14,96 100,00 100,00 100,00 14.220.780.95 62,72 426.446.035 551.805.266 740.079.325 237.335.800 1.160.466.27 5.694.901.95 7,49 48.460.362 1,76 9,69 2.590.254.34 93,92 13,00 0 0,00 4,17 549.582 0,02 20,38 28.929 0,00 100,0 100,00 25,12 2.758.029.75 12,16 Fonte: SEFAZ/MS, 2007 Gráfico 3 Saídas por Intensidade de fatores - 2006 Gráfico 4 Entradas por Intensidade de fatores - 2006 interestadual e 17,95 % do mercado interno e ainda 0,12% para países vizinhos. Os outros dois segmentos foram de distribuição de água e os serviços de escritórios e apoio administrativo às empresas. 3.1.3.4 Balança comercial por origem das compras segundo a natureza da atividade econômica - Setor de Atividades Agrícolas e Agroindustriais O setor de atividades agrícolas e agroindustriais, como era de se esperar, teve significativo destaque no valor das compras realizadas pelo Estado em 2006 (52%) com 79% das compras feitas no mercado interno, 20% em outros estados e 0,1% no exterior. O valor de compras mais significativo feito pelo Estado foi do segmento de fabricação de produtos alimentícios (26,4%), sendo que 79,6% dessas compras foram realizadas dentro do Estado. Quando se somam a esses valores aqueles relativos ao comercio atacadista desses 132 mesmos produtos, a participação dos produtos alimentícios no conjunto das compras feitas pelo Mato Grosso do Sul em 2006 saltam para 36,73%. Nesse setor, destacam-se ainda como valor de compras feitas dentro do Estado a produção florestal (97,8%) e a fabricação de produtos de madeiras (91%), ainda que no cômputo total das entradas, esses valores não tenham ultrapassado 0,30%. A Agricultura e Pecuária e serviços relacionados, segunda em valor de compras nesse setor se abasteceu basicamente no mercado interno (97,8%). A participação da agricultura e pecuária aumenta quando a ela se acresce o valor das compras realizadas via comercio atacadista de matérias-primas agrícolas e animais vivos. Nesse setor agrícola e agroindustrial, a participação de outros Estados no fornecimento das compras teve maior importância em papel e celulose (96,2%), bebidas (51%), produção florestal (39,2%), comércio atacadista em produtos alimentícios, bebidas e Fumo (38,5%), petróleo e biocombustíveis (38,1%). O destaque às entradas do exterior nesse setor foi apenas em relação ao papel e celulose, embora com participação significativa no total comprado desses produtos (99,02%). - Setor de Serviços Esse constituiu o segundo setor líder no valor de compras feitas pelo Estado (34%), dentro do qual os serviços do gás da Bolívia representaram o maior peso (44,5%). O comércio varejista foi o segundo em importância no valor de compras dentro desse setor (33,5%). Concentrou 64,9% de entradas originárias do Estado e 35,1% de transações com os estados. Em seguida, aparece o comercio de reparação de veículos automotores e motocicletas, como 64,1% das compras feitas em outros estados. Por ordem de importância no valor de compras, vêm as telecomunicações e o transporte terrestre, seguido do segmento de captação, tratamento e distribuição de água, além de obras de infraestrutura que se abastecem no Estado e por meio do comércio interestadual. Desses, somente as telecomunicações registraram compras no exterior, mas que representaram apenas 0,1% do total adquirido por esse segmento. 133 - Setor de Indústrias As compras originárias do setor industrial somaram 25,26% do total realizado pelo Estado de Mato Grosso do Sul, nesse caso, ainda com o abastecimento de outros estados (67,3%), além de uma parcela (11,3%) obtida do exterior. O Estado contribuiu com 21,4 % desse tipo de fornecimento. As aquisições se distribuíram em vários segmentos, sem destaque de grande ênfase para um ou outro. Fizeram parte desse setor um conjunto de segmentos relacionados aos minerais metálicos – tanto de natureza extrativa como industrial- produtos fabricados de minerais não-metálicos, produtos de metal e metalurgia que totalizam 25,6% do total do setor. Foram obtidos dentro e fora do Estado. Outro conjunto foi dado pelo setor de produtos têxteis somado àquele de confecção de artigos do vestuário e acessórios que somam 30,3% do total de compras do Estado. Em ambos, mais de 80% dos produtos vêm de outros Estados e, no caso dos têxteis 8,3% são encomendas internacionais. Tabela 9 Destino das Compras setoriais segundo a natureza da atividade econômica-2006 Valor das entradas Setores Valor total R$ % 1- Agrícolas e Agroindustriais 13.041.248.55 9 52,1 6 01 02 Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados Produção Florestal 3.257.382.465 5.533.726 10 11 Fabricação de Produtos Alimentícios Fabricação de Bebidas 4.877.046.428 160.980.734 13,0 0,0 19,5 16 Fabricação de Produtos de Madeira 45.188.574 0,6 0,2 17 Fabricação de Celulose, Papel e Produtos de Papel Fabricação de Coque, de Produtos Derivados do Petróleo e de Biocombustíveis Comercio Atacadista de Matérias-Primas Agrícolas Animais Vivos Comercio Atacadista Especializado em Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo 64.199.709 0,3 19 462 463 2- Industriais 07 Extração de Minerais Metálicos 789.408.708 1.361.742.686 2.479.765.529 1.263.780.493 87.448.910 3,2 5,4 9,9 25,2 6 0,3 Dentro do Estado R$ % Outros Estados R$ % Outros países R$ % 10.323.757.4 34 3.187.216.12 3 3.362.078 3.873.498.39 2 78.833.210 79,2 2.596.752.32 0 19,9 120.738.806 0,9 97,8 60,8 69.237.563 2,1 2.171.648 39,2 928.780 0 0,0 0,0 79,4 49,0 894.976.978 18,4 82.147.524 51,0 108.571.058 0 2,2 0,0 41.326.523 91,5 8,5 0 0,0 425.597 0,7 61.771.843 96,2 2.002.268 3,1 487.320.831 1.135.623.61 7 1.516.151.06 3 61,7 301.055.893 38,1 1.031.984 0,1 83,4 226.119.070 16,6 0 0,0 61,1 955.409.750 38,5 8.204.716 0,3 270.456.916 41.298.705 21,4 47,2 850.856.258 67,3 46.150.205 52,8 3.862.052 142.467.319 11,3 0 0,0 134 08 13 14 25 Extração de Minerais Não-Metálicos Fabricação de Produtos Têxteis Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios Preparação de Couros e Fabricação de Artefatos de Couro, Artigos para Viagem e Calcados Fabricação de Produtos de Minerais NãoMetálicos Metalurgia Fabricação de Produtos de Metal, Exceto Maquinas e Equipamentos 142.741.822 29 Fabricação de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias 123.033.586 15 23 24 30 31 464 467 Fabricação de Outros Equipamentos de Transporte, Exceto Veículos Automotores Fabricação de Moveis Comercio Atacadista de Produtos de Consumo Não - Alimentar Comercio Atacadista de Madeira, Ferragens, Ferramentas, Material Elétrico e Material de Construção 4.139.049 195.431.932 187.882.336 110.539.410 82.151.457 134.455.545 7.949.274 12.904.807 162.542.097 0,0 0,8 0,8 0,4 0,3 0,5 0,6 0,5 0,0 0,1 0,7 2.638.429 5.848.374 8.200.255 63,7 3,0 4,4 1.500.620 36,3 173.319.037 88,7 155.933.970 83,0 0 0,0 16.264.520 8,3 23.748.111 12,6 23.278.125 21,1 79.045.115 71,5 8.216.170 7,4 39.474.323 105.670.147 48,1 78,6 38.294.851 46,6 28.785.398 21,4 4.382.284 0 5,3 0,0 6.837.128 4,8 46.321.527 32,5 488.882 0,4 122.544.704 99,6 0 0,0 5.207.718 720.392 65,5 5,6 2.700.050 34,0 11.952.853 92,6 41.506 231.561 0,5 1,8 20.481.207 12,6 142.060.889 87,4 0 0,0 0 0,0 89.583.167 62,8 12.560.267 0,1 10.313.231 82,1 2.247.037 17,9 3- Serviços 8.551.735.249 34,2 0 3662568759 42,8 2.394.301.35 28,0 2 35 Eletricidade, Gás e outras Utilidades 3.809.731.668 15,2 938.813.394 24,6 376.631.647 36 42 Captação, Tratamento e Distribuição de Água Obras de Infra-Estrutura Comercio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas 69.902.241 6.714.152 0,3 3,9 36.821.077 4.381.145 52,7 65,3 33.081.164 47,3 2.333.007 34,7 964.091.834 11,5 346.557.213 35,9 617.534.621 64,1 0 0,0 2.867.365.950 1,2 1.860.365.13 6 64,9 1.006.971.88 35,1 5 28.929 0,0 45 9,9 2.494.865.13 29,2 8 2.494.286.62 65,5 7 0 0,0 0 0,0 47 Comercio Varejista 49 Transporte Terrestre 297.202.170 1,9 183.894.143 61,9 113.308.027 38,1 0 0,0 61 Telecomunicações Serviços de Escritório, de Apoio Administrativo e Outros Serviços Prestados às Empresas 483.037.748 0,2 245.152.366 50,8 237.335.800 49,1 549.582 0,1 53.689.487 15,2 46.584.285 86,8 7.105.202 13,2 0 0,0 2.145.217.032 8,58 414816729 19,3 11.426.310 0,5 2.144.253.501 8,6 413.816.729 19,3 11.426.310 0,5 963.531 0,0 868.627 90,2 0 0,0 25.001.981.33 3 100, 0 14.671.468.4 64 58,7 82 4- Demais 468 469 Comercio Atacadista Especializado em outros Produtos Comercio Atacadista Não-Especializado TOTAL 1.719.105.36 80,1 6 1.719.010.46 80,2 2 94.904 9,8 7.561.015.29 30,2 6 2.769.497.57 11,1 3 Fonte: SEFAZ/MS, 2007 Os produtos de Fabricação de Outros Equipamentos de Transporte, Exceto Veículos Automotores e Fabricação de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias representaram 10,3% das compras. No primeiro segmento, 99,6% dos valores foram de fornecimento de outros estados e no segundo, apenas 34% vieram de fora. Juntos, o Comercio Atacadista de Produtos de Consumo Não – Alimentar, como também no de Madeira, Ferragens, Ferramentas, Material Elétrico e Material de Construção responderam por 13,9% das entradas. No primeiro segmento 87,4% do fornecimento é responsabilidade de outros estados e no segundo o abastecimento é basicamente feito no mercado interno (82%). 135 Também o segmento de preparação de couros responde por 8,7% das compras feitas nesse setor, 71,5% em outros estados e 7,4% em outros países. Os móveis foram basicamente adquiridos em outros estados (99,6%). - Demais Atividades Nas demais atividades, houve significativo destaque para as compras do comércio atacadista especializado em outros produtos, que representaram 8,58% do total do Estado e 99,9% dessa categoria no ano de 2006. Os produtos de Fabricação de Outros Equipamentos de Transporte, Exceto Veículos Automotores e Fabricação de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias representaram 10,3% das compras. No primeiro segmento, 99,6% dos valores foram de fornecimento de outros estados e no segundo, apenas 34% vieram de fora. Juntos, o Comercio Atacadista de Produtos de Consumo Não – Alimentar, como também no de Madeira, Ferragens, Ferramentas, Material Elétrico e Material de Construção responderam por 13,9% das entradas. No primeiro segmento 87,4% do fornecimento é responsabilidade de outros estados e no segundo o abastecimento é basicamente feito no mercado interno (82%). Também o segmento de preparação de couros responde por 8,7% das compras feitas nesse setor, 71,5% em outros estados e 7,4% em outros países. Os móveis foram basicamente adquiridos em outros estados (99,6%). 3.1.3.5 Balança comercial por destino das vendas segundo a natureza da atividade econômica - Setor Agrícola e Agroindustrial O setor Agrícola e Agroindustrial também mobiliza parte significativa do valor de vendas no Estado de Mato Grosso do Sul, ou seja, pouco mais da metade (55%). E existe um relativo equilíbrio no destino desses produtos entre o mercado interno (54,5%) e o interestadual (53,6%). É o que revela a tabela 10. 136 E o segmento da Agricultura, Pecuária e Serviços relacionados, que foi líder nas compras, também assim se apresentou em relação às vendas (45%), além de representar 24,9% do total de vendas feitas pelo estado. A Fabricação de Produtos Alimentícios ainda no setor Agrícola e Agroindustrial aparece com 14,4% das vendas totais do Estado, 70,6% destinada ao mercado interno, além de encaminhar 10% para outros países. Soma-se a esse montante o comércio atacadista especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, que representa 7,3% das vendas totais, sendo que dessas, 30,4% vai para outros Estados do Brasil. No conjunto, esses dois segmentos representam 44,8% das vendas do Estado. Esses três segmentos destacados nos parágrafos anteriores do Setor Agrícola e Agroindustrial representam praticamente 50% do volume total de 54,4% de vendas do setor agrícola segundo a natureza da atividade econômica do Mato Grosso do Sul. - Setor de Serviços O setor de serviços participa com 34% das vendas totais no Estado de Mato Grosso do Sul, com 34,3% das vendas dentro do Estado, 36,1% com vendas para outros Estados e 0,2% para outros países. Nesse setor destacam-se os segmentos da Eletricidade, Gás e outras utilidades, Comércio Varejista, Transporte terrestre e telecomunicações. O segmento da Eletricidade, Gás e outras utilidades representam 13,6% do total da venda do Estado, enquanto o Comércio varejista representa 8,7% e o Transporte terrestre e telecomunicações vendem em torno de 4%. É importante destacar o Comércio de Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas que constituem de pequenas e médias empresas, porém em grande volume, produzindo 2,6% da participação das vendas efetuadas pelo Estado. - Setor de Indústrias 137 As vendas originárias do setor Industrial somaram-se 5,2% do total realizado pelo Estado de Mato Grosso do Sul, dado o incremento de 15,2% para outros países e 9,1% para outros estados. As compras dentro do Estado são de apenas 2%. Seguindo o ritmo das compras, as vendas setoriais segundo a natureza da atividade econômica de 2006 no Estado de Mato Grosso do Sul não tiveram destaques e diferenças nos segmentos, mas sim uma distribuição relativamente equivalente. Os produtos de extração dos minerais metálicos tiveram 0,5% de participação sobre o total vendido pelo Estado, enquanto os não-minerais metálicos foi de 0,1%. Seguindo esse grupo temse a Fabricação de produtos de minerais não metálicos resultando de 0,4% da participação, a Fabricação de produtos de metal com 0,5%. O segmento da Metalurgia, seguindo o setor industrial, exibe 0,5% na participação. Esse conjunto somou 6,5% das vendas de Mato Grosso do Sul. O Comércio Atacadista de Produtos de consumo não alimentar, representou 0,6% do total de vendas do setor Industrial. Já a Fabricação de Móveis proporcionou menos de 0,1% das vendas totais, fato que rebate na extrema dependência de Mato Grosso do Sul de outros estados nesse ramo de móveis. - Demais Atividades As demais atividades se fazem representar por dois principais setores, que detiveram 6,3% da participação total da atividade no Estado de Mato Grosso do Sul. O Comércio Atacadista Especializado em outros Produtos mostrou-se predominante. Deteve 6,0% do total das vendas estaduais, voltado especialmente ao abastecimento do Estado (89%), embora 5% ainda se destinem a outros estados e 6% para outros países. No Comércio Atacadista Não-Especializado teve a fatia de 0,3% de vendas realizadas pelo Estado, com a atividade voltada quase que exclusivamente para fora: 98,9% para outros estados e 0,2% para outros países. 138 Gráfico 5 Compras do Estado por Setor -2006 Fonte: SEFAZ/MS, 2007 Gráfico 6 Vendas do Estado por Setor - 2006 139 Tabela 10 Destino das Vendas setoriais segundo a natureza da atividade econômica -2006 Fonte: SEFAZ, 2007 Valor das saídas Setores Valor total R$ 1- Agrícolas e Agroindustriais 01 02 10 11 16 17 Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados Produção Florestal Fabricação de Produtos Alimentícios Fabricação de Bebidas Fabricação de Produtos de Madeira Fabric. de Celulose, Papel e Prod. Papel 19 Fabricação de Coque,de Produtos Deriv. do Petróleo e de Bicombustíveis Comercio Atacadista de Matérias462 Primas Agrícolas e Animais Vivos Comercio Atacadista Especializado em 463 Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo 2- Industriais 07 08 13 14 Extração de Minerais Metálicos Extração de Minerais Não-Metálicos Fabricação de Produtos Têxteis Confecção de Art. Vestuário e Acessor. Preparação de Couros e Fabric. Artefat. de Couro, Artig. para Viagem Calcados Fabric. de Prod. Minerais Não- % 23,098,262,708 54.5 10,498,844,164 24.8 79,829,594 0.2 6,083,585,293 14.4 239,727,140 0.6 94,261,751 0.2 120,646,980 0.3 Dentro do Estado R$ % 13,248,239,652 54.5 8,550,225,101 29,374,913 1,167,928,492 182,479,672 48,232,373 1,843,036 81.4 36.8 19.2 76.1 51.2 1.5 Outros Estados R$ % % Outros países R$ 8,941,300,540 53.2 908,722,517 72.4 1,946,276,635 50,454,680 4,294,695,440 57,037,916 46,029,378 117,810,253 18.5 63.2 70.6 23.8 48.8 97.6 2,342,428 0 620,961,361 209,552 0 993,691 0.02 0.0 10.2 0.1 0.0 0.8 1,375,326,108 3.2 335,429,478 24.4 952,757,809 69.3 87,138,820 6.3 1,496,753,892 3.5 928,057,147 62.0 531,732,527 35.5 36,964,219 2.5 3,109,287,788 2,208,343,001 196,997,880 21,627,531 250,180,772 404,394,783 7.3 5.2 0.5 0.1 0.6 1.0 2,004,669,439 64.5 483,744,007 2.0 42,609,228 21.6 19,618,398 90.7 4,068,024 1.6 9,492,677 2.3 944,505,902 30.4 1,533,745,409 9.1 9,243,292 4.7 2,009,133 9.3 246,040,858 98.3 394,902,107 97.7 160,112,447 190,853,585 145,145,361 0 71,890 0 5.1 15.2 73.7 0.0 0.0 0.0 0.4 0.4 0.5 18,704,041 10.1 116,935,097 64.4 6,740,976 3.4 162,608,227 88.0 37,994,884 20.9 190,434,926 96.6 3,406,531 26,672,252 0 1.8 14.7 0.0 15 23 24 Metalurgia 184,718,798 181,602,234 197,175,902 25 Fabricação de Produtos de Metal, Exceto Maquinas e Equipamentos 222,592,756 0.5 14,591,854 6.6 208,000,902 93.4 0 0.0 29 Fabricação de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias 254,140,473 0.6 5,965,013 2.3 248,175,460 97.7 0 0.0 30 31 Fabric. de outros Equip. de Transporte, Exceto Veículos Automotores Fabricação de Moveis 15,500,675 20,407,252 0.0 0.0 123,618 0.8 3,860,823 18.9 91,144 0.6 16,274,789 79.8 15,285,912 271,639 98.6 1.3 236,118,168 0.6 224,924,638 95.3 0.0 Comercio Atacadista de Produtos de 464 Consumo Não - Alimentar Comercio Atacad de Madeira, Ferrag. Ferram., Mat. Elétrico e 467 Mat.Construção 3- Serviços 35 36 42 45 47 49 61 82 Eletricidade, Gás e outras Utilidades Captação, Tratamento e Distri. de Água Obras de Infra-Estrutura Comercio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas Comercio Varejista Transporte Terrestre Telecomunicações Serviços de Escrit., de Apoio Administ.e outros Serviços Prestados às Empresas 4- Demais Comercio Atacadista Especializado em 68 outros Produtos 469 Comercio Atacadista Não- TOTAL 22,885,776 0.1 14,400,224,068 34.0 5,746,504,151 13.6 260,279,513 0.6 23,547,069 0.1 11,193,530 4.7 0 16,109,620 8,331,427,730 1,566,784,434 258,771,685 17,352,392 70.4 34.3 27.3 99.4 73.7 6,776,156 6,066,508,512 4,179,704,361 1,507,828 6,194,678 29.6 36.1 72.7 0.6 26.3 0 0.0 2,287,825 0.2 15,356 0.0003 0 0.0 0 0.0 1,087,739,889 3,686,689,757 1,714,880,115 1,597,997,466 2.6 8.7 4.0 3.8 916,178,900 3,516,827,934 307,784,805 1,512,637,351 84.2 95.4 17.9 94.7 171,560,990 15.8 169,759,818 4.6 1,404,997,661 81.9 85,294,378 5.3 0 0.0 102,005 0.003 2,097,648 0.1 65,737 0.004 282,586,107 2,664,497,483 0.7 6.3 235,090,230 83.2 2,260,120,535 9.3 47,488,798 16.8 251,693,793 1.5 7,079 0.003 152,683,155 12.2 2,537,283,189 127,214,294 6.0 0.3 2,259,045,756 89.0 1,074,779 0.8 125,846,896 5.0 125,846,896 98.9 152,390,536 292,619 42,371,327,260 100. 24,323,531,924 57. 16,793,248,2 39.6 1,254,547,08 140 6.01 0.2 3.0 3.1.3.6 Balança comercial das principais atividades agrícolas e agroindustriais O setor das atividades agrícolas e agroindustriais na balança comercial, como se pôde observar pela Tabela 11, foi o gerador de saldos positivos de maior vulto para a economia de Mato Grosso do Sul em 2006, tanto no comércio interestadual como internacional. No total da corrente comercial com os Estados, o valor de saídas do setor foi de 76% contra 24% do valor das entradas nesse setor (Gráfico 8). Já no comércio internacional, houve maior equilíbrio, embora numa pequena vantagem para exportação (Gráfico 9) Gráfico 7 Entradas Gráfi e Saídas Interestaduais nas Gráfico 8 Entradas e Saídas Internacionais nas Atividades Agrícolas e Agroindustriais de MS -2006 Atividades Agrícolas e Agroindustriais de MS-2006 Font e:SEFAZ/MS,2007 Fonte: SEFAZ/MS, 2007 O setor das atividades agrícolas e agroindustriais apresenta saldos significativamente expressivos na balança comercial (96%). Foram obtidos especialmente no segmento de abate (exceto suínos), no de fabricação do álcool e Comércio Atacadista de Cereais e Leguminosas Beneficiadas, Farinhas, Amidos e Féculas (Tabela 11). O segmento de abate (bovinos e frangos) teve destaque, tanto no comercio interestadual como no internacional. Incluem-se aí, especialmente o abate de bovinos e de frangos, com a carne e subprodutos. As cifras no saldo da entrada e saída 141 interestadual superam R$ 2 bilhões e apontam para um saldo da balança internacional expressivo nesse setor. O segundo segmento em importância na geração de saldo na balança interestadual e internacional em 2006 foi o da fabricação de álcool, embora com valores quatro vezes menores que aquele do abate. O Comércio Atacadista de Cereais e Leguminosas Beneficiadas, Farinhas, Amidos e Féculas que representa o segmento agroindustrial mais importante do Estado - e no qual se incluem principalmente os produtos do beneficiamento da soja e mandioca, milho e outros grãos, constituiu o terceiro segmento no ranking dos saldos positivos na balança. O ramo de “Abate de Suínos, Aves e Outros Animais Pequenos” apareceu em quarto lugar na geração de divisas para o Estado O segmento de Fabricação de Óleos Vegetais em Bruto (Exceto Óleo de Milho) apareceu em quinto lugar como gerador de saldos positivos, respondendo no Estado, especialmente pelo óleo de soja. O Comércio Atacadista de Produtos Alimentícios em Geral foi o único a apresentar saldos negativos e significativos no total dos fluxos comercializados e que se evidenciaram no comércio interestadual, ou seja, em torno de 280 milhões de reais. Já a atividade de papel e celulose, no total de fluxos apresenta saldos negativos pouco significativos na corrente comercial internacional do Estado e que ocorreram apenas no fluxo internacional. Deduz-se que isso se deva ao fato das plantas industriais desse segmento ainda se encontrarem em fase de estruturação dentro do Estado e dependem da aquisição de insumos até sua consolidação, sem dar o retorno correspondente em vendas dos produtos industrializados . Também a fabricação de massas alimentícias, em 2006, resultou em balanço negativo, de pequena monta apenas no fluxo internacional, denotando aquisições possivelmente de trigo e embalagens fora do país, embora, no cômputo geral, o saldo tenha sido positivo para o Estado. 142 Tabela 11 Entradas, Saídas e Saldo Comercial dos Principais Segmentos Compradores e Vendedores das Atividades Agrícolas e Agroindustriais -2006 Atividades Agrícolas e Agroindustriais CNAE* Denominação (01.15-6) Cultivo de Soja Balança comercial das principais atividades agrícolas e agroindustriais Entradas Saídas Interestaduais Interestaduais (A) R$ (B) R$ 31.806.291 151.688.864 Saldo C= (B-A) R$ (D) R$ (E) R$ 119.882.573 928.780 2.342.428 3.044.373.176 2.730.331.733 2.584.941 42.747.018 (10.11-2) Abate de Reses, Exceto Suínos 314.041.442 Abate de Suínos, Aves e Outros (10.12-1) Animais Pequenos 355.547.486 490.580.752 135.033.266 Fabricação de Massas (10.94-5) Alimentícias Entradas do Saídas para o exterior exterior Saldo Saldo total F=(E-D) R$ (F+C) R$ 1.413.648 40.162.077 2.770.493.811 95.727.398 468.237.579 372.510.181 16.823.655 26.748.731 9.925.076 172.504.068 467.011.097 294.507.028 Fabricação de Produtos de Pastas Celulósicas, Papel, Cartolina, Papel-Cartão e Papelão Ondulado (17.49-4) Não Especificado Anteriormente 61.771.843 117.810.253 56.038.410 2.002.268 993.691 -1.008.578 55.029.832 1.031.984 87.138.820 86.106.836 737.808.753 68.246 152.100.377 152.032.131 610.303.821 301.055.893 952.757.809 651.701.916 307.140.085 765.411.775 458.271.690 Comércio Atacadista de Produtos (46.39-7) Alimentícios em Geral 308.393.701 TOTAL 1.869.084.464 21.769.067 -286.624.634 6.038.151.524 92.492 507.543.446 Fabricação de Óleos Vegetais em (10.41-4) Bruto, Exceto Óleo de Milho (19.31-4) Fabricação de Álcool Comércio Atacadista de Cereais e Leguminosas Beneficiadas, (46.32-0) Farinhas, Amidos e Féculas 4.380.866 121.296.221 -4.288.374 5.636.702 5.877.852 109.857.991 103.980.139 398.487.167 3.529.484 8.012.070 4.482.586 -282.142.048 4.169.067.05 9 116.131.820 871.522.466 755.390.646 Fonte: SEFAZ/ MS, 2007 3.1.3.7 Balança comercial dos principais setores de atividades industriais O setor das Atividades industriais ainda não gere valores expressivos em termos de saldos da balança (2%) do que gera o setor agrícola e agroindustrial, opera com saldos positivos, tanto no comércio corrente com os Estados como com outros países. Os destaques são dados aos produtos do segmento têxtil e ao cimento (tabela 12). No caso do ramo têxtil, líder de vendas desse setor, os saldos mais elevados foram obtidos no comércio interestadual e no do cimento, no comércio internacional. 143 Os dois outros segmentos foram o do ramo de Construção de Embarcações e Estruturas Flutuantes e o da fabricação de colchões, ambos com saldos positivos no comercio com outros estados e com o exterior. Tabela 12 Balança Comercial das principais Atividades Industriais - 2006 Atividades Industriais CNAE* Denominação Balança comercial das principais atividades industriais Entradas Saídas Interestaduais Interestaduais (A) R$ Fabricação de Outros Produtos Têxteis Não (13.59-6) Especificados Anteriormente (23.20-6) Fabricação de Cimento Construção de Embarcações (30.11-3) e Estruturas Flutuantes (31.04-7) Fabricação de Colchões TOTAL (B) R$ Saldo Entradas do Saídas para o exterior exterior C= (B-A) R$ (D) R$ (E) R$ Saldo Saldo total F=(E-D) R$ (F+C) R$ 173.319.037 246.040.858 72.721.820 16.264.520 35.574.162 35.264.309 (309.853) 4.382.284 26.672.252 22.289.969 21.980.115 2.700.050 91.144 (2.608.906) 41.506 15.285.912 15.244.406 12.635.500 11.952.853 16.274.789 4.321.936 231.561 271.639 40.078 4.362.014 223.546.103 297.671.101 74.124.997 20.919.871 71.890 (16.192.630) 42.301.694 21.381.822 56.529.190 95.506.820 Fonte: SEFAZ/ MS ,2007 3.1.3.8 Balança comercial das principais atividades de serviços As principais atividades com fluxos comerciais (tabela 13), no setor de serviços, também com saldos de balança pouco expressivos (2%), apresentam déficits na balança comercial interestadual. No total, o único que se recupera frente ao fluxo internacional é o “Comércio Atacadista Especializado de Outros Produtos Intermediários Não Especificados Anteriormente”, no qual o peso maior deve ser creditado ao comércio transfronteiriço com a Bolívia e Paraguai. As telecomunicações são deficitárias também no comércio internacional. 144 Tabela 13 Balança Comercial das principais Atividades de Serviços -2006 Atividades de Serviços CNAE 2,0 Denominação (46.893) (47.440) (61.108) Comércio Atacadista Especializado de Outros Produtos Intermediários Não Especificados Anteriormente Comércio Varejista de Ferragens, Madeira e Materiais de Construção Telecomunicações por Fio TOTAL Balança comercial das principais atividades de serviços Entradas Saídas Interestadua Interestaduai is s Entradas do exterior Saídas para o exterior (D) R$ (A) R$ (B) R$ Saldo C= (B-A) R$ 67.555.786 38.628.277 -28.927.509 11.426.310 151.846.94 5 140.420.63 4 168.397.964 21.231.744 147.166.220 28.890 48.083 19.193 57.413.827 14.911.466 -42.502.362 428.088 65.737 -362.352 74.771.487 218.596.091 11.883.289 151.960.76 4 140.077.47 6 78.518.615 Saldo total (E) R$ Saldo F=(E-D) R$ 111.493.12 5 147.147.02 7 42.864.713 (F+C) R$ Fonte: SEFAZ/MS, 2007 Gráfico 9 Balança Comercial por Setores de Atividades -2006 Fonte: SEFAZ/MS, 2007 145 3.1.3.9 Balança comercial internacional de Mato Grosso do Sul O fluxo internacional de comércio do Estado de Mato Grosso do Sul em 2006 registrou o montante de US$ 2,73 bilhões (ou 7,4 bilhões de reais) correspondente a 1,19% do total do Brasil. - Importações O montante equivalente às importações de Mato Grosso do Sul em 2006 foi de 1,7 bilhões de dólares. Nesse comércio, o gás importado da Bolívia para abastecimento nacional, ao ser debitado na conta do Estado, a exemplo do que já vinha ocorrendo, gerou um saldo com déficit de US$ 721,63 milhões. Se retirado o valor da importação do gás, o saldo apresenta superávit de US$ 506,05 milhões. Além do gás natural que representou 71% do total de valor importado, dois outros produtos exerceram peso maior nas compras do Estado, ou seja, os catodos de cobre refinado (4,6%) e o fio texturizado de poliésteres (2,5%). Por outro lado, cresceu de 2005 a 2006 a importação de fio de cobre refinado, zinco eletrolítico e de fios de fibras simples, todos acima de 300%, no abastecimento do segmento metalúrgico. Os 16 principais produtos importados pelo MS utilizaram 88,31% do total gasto com as compras do Estado (Tabela 14). Além dos produtos de cobre importados do Chile, preponderaram os produtos de tecelagem, insumos de adubo, carne desossada (essa da Argentina). 146 Valor das saídas Produtos Valor total R$ Part. No total % 1Gas natural no estado gasoso..................... 1.227.679.997 79.319.662 2Catodos de cobre refinado/seus 43.195.223 3Fio texturizado de poliesteres .................... 21.360.706 4Tecido de filam.poliester 5Outros cloretos de potassio........................ 19.092.962 18.193.909 6Fios de cobre refinado,maior dimensao da 17.874.869 7Fio de fibras de poliesteres com fibras artif 8Carnes desossadas de bovino,frescas ou 16.729.317 9Zinco 11.185.659 10Tecido de filam.de poliester nao 11.149.247 10.770.171 11Fio de poliesteres,simples,parcialm.orient.to 10.158.722 12Fio de fibras artificiais>=85%,simples...... 9.990.064 13Superfosfato,teor de pentoxido de fosforo 14Diidrogeno-ortofosfato de 9.374.532 15Outros alhos frescos ou refrigerados ......... 9.084.808 8.850.261 16Outras pecas nao desossadas de 71,14 4,60 2,50 1,24 1,11 1,05 1,04 0,97 0,65 0,65 0,62 0,59 0,58 0,54 0,53 0,51 Tabela 14 Principais produtos de importação de MS -2006 Fonte: MDIC, 2006 Os principais países fornecedores de Mato Grosso do Sul em 2006 foram a Bolívia, China, Chile, Argentina, Indonésia e Uruguai (Gráfico 10). A Bolívia teve uma participação de 71,44% nas aquisições feitas pelo Estado, a maior parte em gás natural. Além disso, esse país também contribui com a venda de Calças e jardineiras de fibra sintética para uso masculino, feijão seco, semeas e farelos e outros resíduos de leguminosas. A China, com 6,16% de participação nas compras de Mato Grosso do Sul, contribui especialmente com a indústria têxtil na oferta de tecido filamentosos poliéster texturizado sem borracha, fio texturizado de poliésteres, tecido de filamentoso de poliéster não texturizado, além de tecidos de malha, fibras sintéticas tingidas. Já o Chile (5,72%), tem destaque nos produtos de cobre (catodos de cobre refinado, fios de cobre refinado), pescados (filés de peixe congelados), nozes frescas ou secas sem casca. 147 Da Argentina (3,05%) vêm especialmente produtos alimentícios de origem vegetal, tais como alhos frescos ou refrigerados, batatas preparadas ou conservadas congeladas, azeitonas preparadas em vinagre. E de origem animal: carnes desossadas de bovino frescas ou refrigeradas. Gráfico 10 Principais Países de Origem das Compras de Mato Grosso do Sul - MS Fonte: MDIC, 2006 148 Mapa 10 Importação de MS dos principais países de outros continentes - 2006 Fonte: MDIC, 2006 149 Mapa 11 Importação de Mato Grosso do Sul dos Países da América do Sul -2006 Fonte: MDIC, 2006 150 Dentre 78 Municípios existentes em Mato Grosso do Sul, são 20 importadores, ou seja, 25% deles (Gráfico 11). Entretanto, em função do peso do gás boliviano, Corumbá tem forte destaque nesse quadro de Municípios importadores (Gráfico 11). Gráfico 11 Municípios importadores de MS (com Corumbá) -2006 Fonte: MDIC, 2006 E, ao retirar Corumbá desse quadro, se pode visualizar praticamente 05 Municípios importadores importantes. Corumbá, além do petróleo importa calças jardineiras, coque de petróleo e mantas de algodão, carvão vegetal. Dourados tem destaque, importando quase três vezes mais do que Campo Grande, a capital do Estado (Gráfico 12 e 13), cujas compras de maior peso dizem respeito a trigo e insumos para mistura de adubos. De acordo com os dados do MDIC (2006), o montante de Campo Grande é equiparável ao de Sidrolândia. Do total adquirido destacam-se os insumos de adubos, produtos de zinco, fechaduras, produtos alimentícios (peixe congelado, azeitonas, carne desossada etc), fios de fibra. A Sidrolândia, município com indústrias de confecção de médio e grande porte, importa basicamente máquinas de costura e peças afins. Ponta Porã - cidade fronteiriça e que atua como cidade gêmea junto à cidade de Pedro Juan 151 Caballero no Paraguai adquire principalmente madeiras, dormentes para ferrovia e carvão vegetal. Chapadão do Sul, um dos importantes Municípios que se destacam no estado pela produção de grãos e sementes de soja importou insumos de adubo e peças de máquinas de limpeza e seleção de grãos. Três Lagoas, Município mais importante na indústria têxtil de Mato Grosso do Sul, importa fios, tecidos e produtos alimentícios. Gráfico 12 Municípios Importadores de Mato Grosso do Sul -2006 Fonte: MDIC, 2006 As importações conformaram uma curva de crescimento após a virada do milênio, especialmente após 2005 e que coincide com as importações do gás natural da Bolívia. Saltou de 160 milhões para 1,7 bilhões de dólares (4,6 bilhões de reais) em 2006, além do que continuou dando saltos até 2008 e em apenas dois anos posteriores (2008) mais que duplicou atingindo 3,6 bilhões de dólares. 152 Evolução das Importações US$ milhões / bilhão 4.000.000 3.682.268 3.500.000 3.000.000 2.500.000 2.189.860 1.725.836 2.000.000 1.500.000 1.080.011 771.953 1.000.000 500.000 0 159.999 2000 281.842 2001 492.867 423.908 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Gráfico 13 Evolução das Importações em Mato Grosso do Sul FONTE: MDIC/SECEX, DADOS COLETADOS EM 12/01/2009 - SEPROTUR - Exportações As exportações de Mato Grosso do Sul em 2006 atingiram o montante de 2,7 bilhões de reais. Os dois principais produtos de exportação foram a soja em grãos, bagaço e outros resíduos de soja. Ambos representaram 39% das exportações do Estado. Só a soja representou, sozinha, 26,17% do total de exportações (Tabela 15). Os 17 principais produtos representaram 96,61% do total de exportações de Mato Grosso do Sul e 30,97% das exportações brasileiras. A soja em grãos ocupou o primeiro lugar nas exportações, significando pouco mais de um quarto do total do valor das vendas (26,17%). 153 A agregação dos principais produtos de exportação alterou um pouco os resultados da tabela 2.11 e foram apresentados no Gráfico 2.9 (SEPROTUR, MDIC, 2006). A carne de frango e derivados (11,95%) ficou em segundo lugar no ranking, seguida de couros e peles (11,22%), farelo de soja (11,14%), minérios de ferro e manganês (9,81%), açúcar de cana (6,57%), carne bovina e derivados (5,45%), sorgo e milho (4,60%), obras de madeira (3,25%) e óleo de soja (1,75). Nas exportações, a cadeia da soja representou 39,06% do total do Estado e a cadeia da carne (incluído couros e peles) representou 29,58%. Valor das saídas Produtos 1Outros graos de soja,mesmo triturados...... 2Bagacos e outs.residuos solidos,da extr.do ol 3Minerios de ferro nao aglomerados e seus 4Pedacos e miudezas,comest.de 5Outs.couros bovinos,incl.bufalos,n/div.umid.p 6Acucar de cana,em bruto ........................... 7Milho em grao,exceto para semeadura ...... 8Carnes desossadas de bovino,congeladas.. 9Outs.couros bovinos,incl.bufalos,divid.umid.p 10Carnes de galos/galinhas,n/cortadas em 11Outs.couros/peles,bovinos,incl.bufalos,umido 12Madeira compensada c/fls<=6mm,face de 13Ferrossilicio-manganes.............................. 14Oleo de soja,em bruto,mesmo degomado.. 15Madeira de coniferas,serrada/cortada em fls.e 16Outs.acucares de cana,beterraba,sacarose 17Algodao simplesmente debulhado,nao 18Couros int.bovinos,n/div."wet 19Carnes desossadas de bovino,frescas ou refrig Valor total R$ Part. No total % 262.776.963 111.866.217 94.436.940 89.066.276 56.852.012 54.167.483 45.812.211 36.905.104 29.242.580 27.249.860 15.201.029 14.997.278 13.560.019 12.830.741 12.413.413 11.794.772 11.711.483 11.172.974 10.722.507 26,17 11,14 9,40 8,87 5,66 5,39 4,56 3,68 2,91 2,71 1,51 1,49 1,35 1,28 1,24 1,17 1,17 1,11 1,07 Tabela 15 Principais produtos de exportação de MS em 2006 Fonte: MDIC, 2006 154 Gráfico 14 Principais produtos de exportação de MS em 2006 Fonte: SEPROTUR/MDIC, 2006 Alguns dos produtos se destacaram pelo crescimento nas exportações em relação ao do ano anterior. O sorgo e o milho estão entre esses casos. Conheceram uma evolução de 6.164,92%. Os outros foram o açúcar com crescimento de 106,83%, as sementes forrageiras com 93,50% e o minério (ferro e manganês) com evolução de 63,49%. Ainda é importante lembrar que dentro da região Centro-Oeste, o Mato Grosso do Sul foi o terceiro Estado no valor das exportações (13,4%), antecedido pelo Mato Grosso (57,8%) e Goiás (27,9%). Aparece, no entanto, como o único exportador de minérios de ferro e manganês e ferrossilício manganês e respondeu em 2006 por 99,% das exportações de sementes forrageiras e 56% de madeira e móveis dentro da região, esta última, sobretudo, com laminados de compensados. Os cinco principais países compradores dos produtos de Mato Grosso do Sul foram a China, Argentina, Holanda, França e Hong Kong. Juntos responderam por 50% do total vendido pelo Mato Grosso do Sul (Gráfico 15). 155 Em 2006, Mato Grosso do Sul exportou para 131 países, entretanto, os 20 principais destinos concentraram 82,34% do total das compras. China foi o principal comprador nas exportações de Mato Grosso do Sul em 2006, com grande destaque para as compras de grãos de soja, couros e peles, além de algodão e açúcar. A Argentina, em segundo lugar, tem se distinguido ao longo dos anos como principal importadora do minério (ferro e manganês), ferrossilício-manganês e grãos de soja. Já a Holanda, que aparece em terceiro lugar, se destacou na aquisição de grãos de soja, farelo de soja, carne de frango e derivados, além de cereais (sorgo e milho). A França em quarto lugar tem priorizado as compras de farelo de soja, minério (ferro e manganês), carne de frango e derivados e couros e peles. Gráfico 15 Principais Países de Destino das Vendas feitas em MS -2006 Fonte: MDIC, 2006 156 Mapa 12 Exportação de MS para principais países de outros continentes - 2006 Fonte: MDIC, 2006 157 Mapa 13 Exportação de Mato Grosso do Sul aos Países da América do Sul - 2006 Fonte: MDIC, 2006 158 Mato Grosso do Sul conta com 38 Municípios exportadores. Pelo valor exportado, destacam-se 05 Municípios (Gráfico 16) que juntos respondem por 70% da exportação do Estado. Campo Grande é líder na exportação (23%). Saem desse Município especialmente, couro, madeira, carne bovina, semente forrageira, grão, bagaço e óleo de soja, grão de milho para semente, combustível e lubrificação para aeronaves. Corumbá, com 20% das exportações do Estado, apresenta no grosso das vendas o minério de ferro e manganês, ferrossilicio-manganês, cimento clinker, alumínio. Dourados, com 17% das vendas, exporta basicamente grão, bagaço e óleo de soja, carne de frango e suína, reprodutor bovino. Já Sidrolândia exporta, sobretudo carnes e derivados de frango e açúcar-de-cana. Ponta Porã é o quinto município em exportação e vende por ordem de importância, cerveja, cimento portland, ladrilhos, laminados de ferro, grão e bagaço de soja. Gráfico 16 Municípios Exportadores de Mato Grosso do Sul - 2006 Fonte:SEFAZ/ MS, 2007 159 - Balança Comercial O produto que vem pesando em desfavor da balança comercial de Mato Grosso do Sul tem sido o gás boliviano, importado para o atendimento do país (Tabela 16 e 17). Retirando essa situação, a balança deixa de ser deficitária, e se observa a tendência para uma curva de crescimento das vendas, embora essa curva não seja contínua, fato atribuído especialmente à oscilação de exportação da carne bovina, em função de incidências pontuais de zoonoses e que têm atingido muito mais as áreas fronteiriças (Gráfico 17). Gráfico 17 Evolução da Importação e exportação de MS Fonte: MIDIC/ SEPROTUR, 2007 Os principais parceiros internacionais de Mato Grosso do Sul no comércio corrente, com exceção da Bolívia, têm sido China, Argentina e Chile, seguidos da Holanda, Hong Kong e França (Gráfico 18). 160 Gráfico 18 Principais Parceiros Internacionais no Comércio Corrente Fonte: MDIC, 2006 Obs: exceto a Bolívia Os parceiros com quem se mantém fluxos de compra e venda de forma mais equilibrada têm sido, por ordem de importância do montante, a China, Argentina, Paraguai, Taiwan. Alguns se têm destacado apenas como compradores, como é o caso da Holanda, Irã, Arábia saudita, Japão, África do Sul, Líbia, Venezuela, Emirados Árabes, Portugal e Romênia. Mas também aparecem grandes fornecedores que não se apresentam como compradores - Chile, Indonésia, Peru, Israel, Tunísia, Polônia, Malásia, Vietnã, Suíça, Belarus, Turquia e com eles a balança se torna deficitária. Por outro lado, os parceiros de compra e venda, com quem Mato Grosso do Sul manteve déficits de balança em 2006 foram apenas Uruguai e Estados Unidos (Tabela 16). 161 Tabela 16 Balança Comercial de Mato Grosso do Sul com outros países - MS Países 1. China 2. Argentina 3. Países baixos (Holanda) 4. Franca 5. Hong Kong 6. Ira, Republica Islâmica do 7. Arábia saudita 8. Alemanha 9. Itália 10. Espanha 11. Japão 12. Coréia, República da (sul) 13. Bélgica 14. Paraguai 15. Uruguai 16. Reino Unido 17. Estados Unidos 18. Taiwan (Formosa) 19. África do sul 20. Líbia 21. Venezuela 22. Emirados Árabes Unidos 23. Rússia, Federação Da 24. Bolívia 25. Portugal 26. Tailândia 27. Canadá 28. Romênia 29. Índia 30. Marrocos 31. Chile 32. Indonésia 33. Peru 34. Israel 35. Tunísia 36. Polônia 37. Malásia 38. Vietnã 39. Suíça 40. Belarus 41. Turquia 42. Demais países TOTAL Destino Origem Exportação Importação R$ F.O.B Part% 509,857,014 18.69 257,717,784 9.45 167,565,732 6.14 145,577,362 5.34 139,302,620 5.11 104,754,325 3.84 102,209,214 3.75 99,736,640 3.66 98,658,131 3.62 93,216,367 3.42 90,782,829 3.33 66,641,249 2.44 59,065,823 2.17 52,987,936 1.94 49,428,984 1.81 46,974,710 1.72 45,927,795 1.68 45,247,963 1.66 37,775,983 1.38 32,887,837 1.21 29,922,106 1.10 29,564,303 1.08 25,246,511 0.93 24,974,912 0.92 21,390,455 0.78 20,322,452 0.75 18,470,917 0.68 18,265,870 0.67 16,591,539 0.61 15,620,204 0.57 260,833,591 2,727,519,158 9.56 100.00 Saldo R$ F.O.B Part% 288,531,173 6.16 143,134,464 3.05 3,965,693 11,066,168 0.08 0.24 26,299,586 4,198,933 5,204,058 0.56 0.09 0.11 6,684,203 5,842,222 23,345,070 71,090,297 0.14 0.12 0.50 1.52 63,625,379 23,511,936 1.36 0.50 42,857,355 3,348,656,505 0.91 71.44 42,324,761 21,743,804 0.90 0.46 20,715,589 6,327,869 268,347,429 95,693,046 60,289,647 14,710,544 9,938,555 9,492,232 8,885,360 8,097,099 7,551,323 6,215,708 4,046,438 35,144,778 0.44 0.13 5.72 2.04 1.29 0.31 0.21 0.20 0.19 0.17 0.16 0.13 0.09 0.75 4,687,537,222 100.00 R$ 221,325,841 114,583,320 167,565,732 141,611,669 128,236,452 104,754,325 102,209,214 73,437,054 94,459,198 88,012,309 90,782,829 59,957,046 53,223,601 29,642,866 -21,661,313 46,974,710 -17,697,583 21,736,028 37,775,983 32,887,837 29,922,106 29,564,303 -17,610,845 -3,323,681,594 21,390,455 -22,002,309 -3,272,887 18,265,870 -4,124,050 9,292,335 -268,347,429 -95,693,046 -60,289,647 -14,710,544 -9,938,555 -9,492,232 -8,885,360 -8,097,099 -7,551,323 -6,215,708 -4,046,438 225,688,813 -1,960,018,064 Fluxo de comercio R$ 798,388,186 400,852,248 167,565,732 149,543,056 150,368,788 104,754,325 102,209,214 126,036,226 102,857,064 98,420,426 90,782,829 73,325,452 64,908,046 76,333,006 120,519,281 46,974,710 109,553,174 68,759,899 37,775,983 32,887,837 29,922,106 29,564,303 68,103,866 3,373,631,417 21,390,455 62,647,213 40,214,721 18,265,870 37,307,127 21,948,073 268,347,429 95,693,046 60,289,647 14,710,544 9,938,555 9,492,232 8,885,360 8,097,099 7,551,323 6,215,708 4,046,438 295,978,368 7,415,056,380 Fonte: MIDIC, 2006 162 Do ponto de vista dos blocos econômicos, o destaque dado à Ásia (exclusive Oriente Médio), Mercado Comum do Sul - MERCOSUL e União Européia pelo fato de serem integralmente parceiros, ou seja, negociam na compra e a venda, com relativo equilíbrio no saldo de balança. E isso ocorre especialmente no caso do bloco asiático e do MERCOSUL. A comercialização de Mato Grosso do Sul com países do MERCOSUL tem tendido ao aumento (Tabela 17). Como se pôde avaliar acima, todos os países platinos aparecem como parceiros de Mato Grosso do Sul. O destaque é dado para a Argentina e, em segundo lugar, para o Paraguai. Embora se compre do Uruguai, esse ainda se apresenta como parceiro de menor importância e que não importa produtos de Mato Grosso do Sul. No caso do Oriente Médio e continente africano, ambos aparecem como parceiros compradores de produtos de Mato Grosso do Sul. E por fim, os países da ALADI e os EUA (inclusive Porto Rico) só efetuam vendas. . Tabela 17 Balança Comercial entre MS e os Blocos Econômicos FLUXO DE COMERCIO R$ R$ R$ F.O.B. Ásia (Exclusive Oriente Médio) 948,717,099 34.8 513,088,488 11.0 435,628,611 1,461,805,588 União Européia - UE 755,769,152 27.7 67,398,552 1.4 688,370,600 823,167,705 MERCOSUL 360,134,704 13.2 237,569,830 5.1 122,564,874 597,704,534 Oriente Médio 274,508,847 10.1 274,508,847 274,508,847 África (Exclusive Oriente Médio) 125,068,289 4.6 125,068,289 3,684,859,872 ALADI (Exclusive MERCOSUL) Estados Unidos (Inclusive Porto Rico) Demais Blocos TOTAL IMPORTAÇÃO SALDO EXPORTAÇÃO Part R$ F.O.B. % BLOCOS Part% 3,684,859,87 2 78.6 125,068,289 3,684,859,87 2 63,627,416 1.4 -63,627,416 63,627,416 142,328,002 1,960,018,06 4 384,314,129 263321065.8 9.7 120,993,064 2.6 2,727,519,15 8 100.0 4,687,537,22 2 100.0 7,415,056,380 Fonte: MDIC, 2006 No interior do Estado, apenas pouco mais da metade - 40 Municípios dos 78 existentes - aparece com operações no comércio internacional (Tabela 18). 163 Entre eles, pouco menos da metade (18) operam nas duas formas de comercialização (vendas e compras). O destaque deve ser feito a Corumbá, importador do gás natural, pelo alto índice de déficit na balança. Os dados do MDIC permitiram verificar a situação deficitária dos outros Municípios O déficit de Três Lagoas em 2006 deu-se, sobretudo, em relação às compras e vendas de fios têxteis. Já Nova Andradina exportou móveis de madeira e importou principalmente catodos de cobre refinado e de máquinas para metalurgia. Bataguassu exportou variedade de pequenos artigos de consumo e importou alimentos (carne bovina principalmente). Nova Alvorada do Sul importou farinha de trigo e produtos de sacaria, ao mesmo tempo em que industrializou e exportou massas alimentícias, bolachas e biscoitos. Terenos exportou óleo de soja, tecidos e carne bovina e importou insumos de adubo. Tacuru, - município fronteiriço e produtor de cereais, gado e fécula de mandioca – demonstrou consumo de peças de máquinas e motores importados. Da mesma forma, se pôde observar (Tabela 18), os Municípios que obtiveram os saldos mais positivos na balança. Em Campo Grande, além de uma maior variedade de produtos exportados, o peso positivo na balança foi reforçado, sobretudo, pelo couro e madeira. Em Dourados, as exportações de soja (grão e bagaço) foram as que mais contribuíram em termos de valor. Da mesma forma, em Sidrolândia foram a carne de frango e derivados e o açúcar-de-cana os integrantes de maior valor nas vendas. Em Ponta Porã, a cerveja e o cimento constituíram o maior valor de suas exportações. Em Maracaju, as exportações de maior peso foram grãos e açúcar-de-cana. Naviraí fortaleceu a balança com a venda de grãos, cana-de-açúcar, madeira, carne bovina e fécula de mandioca. Sonora contribuiu com grão, bagaço e óleo de soja, além do milho. Costa Rica exportou algodão e o que pesou na balança de Chapadão do Sul foram soja, milho e algodão. 164 Tabela 18 Participação dos Municípios no Fluxo de Exportação e Importação em Mato Grosso do Sul - 2006 MUNICÍPIO 1. Campo Grande 2. Corumbá 3. Dourados 4. Sidrolândia 5. Ponta Porã 6. Maracaju 7. Naviraí 8. Sonora 9. Costa Rica 10. Chapadão do Sul 11. Três Lagoas 12. Rio Brilhante 13. Aral Moreira 14. Batayporã 15. Caarapó 16. Fátima do Sul 17. São Gabriel do Oeste 18. Camapuã 19. Bodoquena 20. Cassilândia 21. Mundo Novo 22. Itaporã 23. Paranaíba 24. Amambaí 25. Ladário 26. Ribas do Rio Pardo 27. Aparecida do Taboado 28. Nova Andradina 29. Jardim 30. Glória de Dourados 31. Coxim 32. Bataguassu 33. Iguatemi 34. Bandeirantes 35. Terenos 36. Água Clara 37. Nova Alvorada do Sul 38. Anastácio 39. Tacuru 40. Porto Murtinho EXPORTAÇÃO 135.468.497 115.725.388 101.014.989 47.526.645 33.293.777 17.846.057 17.640.733 16.940.533 13.994.253 13.798.389 12.518.611 12.385.076 7.400.620 6.510.940 5.498.790 5.032.584 4.404.896 2.913.806 2.886.592 2.523.164 2.510.816 2.010.783 1.624.089 1.195.533 902.714 855.381 542.067 482.615 450.000 405.888 355.156 342.736 156.513 130.053 101.240 67.328 57.736 20.255 0 0 IMPORTAÇÃO 84.020.144 1.240.548.131 13.512.289 30.831 2.544.685 0 0 0 0 145.114 251.322.286 0 0 0 0 32.288 650.625 0 16.800 0 169.931 788.437 0 100.000 0 5.346 717.245 80.109.275 0 0 0 41.905.521 0 0 5.859.176 0 932.061 0 255.397 2.035.574 SALDO 51.448.353 -1.124.822.743 87.502.700 47.495.814 30.749.092 17.846.057 17.640.733 16.940.533 13.994.253 13.653.275 -238.803.675 12.385.076 7.400.620 6.510.940 5.498.790 5.000.296 3.754.271 2.913.806 2.869.792 2.523.164 2.340.885 1.222.346 1.624.089 1.095.533 902.714 850.035 -175.178 -79.626.660 450.000 405.888 355.156 -41.562.785 156.513 130.053 -5.757.936 67.328 -874.325 20.255 -255.397 -2.035.574 Fonte: MDIC/SECEX/DEPLA, 2006 165 3.1.4 APLs e o Balanço de pagamentos O objetivo foi buscar a possível correlação dos Arranjos Produtivos Locais de Mato Grosso do Sul com a Balança de Pagamentos do Estado, entre Estados e outros países, verificando os gargalos identificados com possíveis sugestões, que adensem as atividades produtivas nos diferentes APLs. Os dados com os quais se efetuou a análise do balanço de pagamentos interestaduais no capítulo anterior foram obtidos do banco de dados organizado na Secretaria de Fazenda de Mato Grosso do Sul - SEFAZ/MS. Dele fazem parte a organização das informações do “Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA” que tem por objetivo o registro de operações de entrada e saída de mercadorias abrangidas pelo ICMS, transcritas fielmente dos livros de Registros Fiscais. Esse documento é preenchido anualmente por meio digital e diretamente pelos contribuintes cadastrados na Secretaria de Fazenda. Desse registro deve constar as informações anuais acerca das transações efetuadas por esses contribuintes. São apresentados, entre outros, os valores das transações segundo os Estados de origem (entradas) e destino (saídas). De fato, em todo o Brasil, as transações entre as Unidades Federadas, realizadas pelos contribuintes do ICMS, estão sujeitas a registros e entrega, às Secretarias de Fazenda e tais dados constituem as fontes básicas para montagem de bases necessárias à construção de mecanismo de rateio da receita entre os Estados envolvidos. Portanto, a obrigatoriedade de prestar as informações está prevista no Regulamento do ICMS. Trata-se, no caso, do demonstrativo relativo ao ano de 2006, destinado à apuração da Balança Comercial entre as Unidades da Federação, para orientação da política tributária nacional. A primeira questão que interessa de perto esse capítulo é o fato desse preenchimento só atingir pessoas jurídicas, portanto aquelas que estão inscritas no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ. Nesse caso, os produtores rurais e os empreendimentos informais não são cobertos. Por outro lado, conforme informações do órgão organizador do banco de dados da SEFAZ/MS (Departamento de Inteligência), privilegiaram a distinção de origem das atividades por Município de cerca de 70%, por serem consideradas significativas e para poder viabilizar a entrega em tempo solicitado. O restante aparece aglutinado na categoria “demais atividades”. 166 De um lado, não foi possível apurar na íntegra as transações, mesmo dos APLs identificados e apoiados por políticas públicas de Mato Grosso do Sul. Existe uma predominância de APLs no Estado que se relacionam com o setor agrícola, do qual fazem parte os empreendimentos que não aparecem como “pessoa jurídica” e outros em que a informalidade é freqüente. Ainda se remete ao fato de que nesses APLs nem sempre ocorrem operações mercantis fora de Mato Grosso do Sul. E, quando aparecem, em alguns casos, são mediadas por cooperativas, associações, operadoras de comércio, entre outras. Na vaga dessas informações por parte do GIA, buscou-se agregar dados complementares de outras fontes. Também afetou o segmento turístico, uma vez que nesse caso, quem se desloca é o consumidor do produto. Desse modo, as análises das relações com o balanço de pagamentos de Mato Grosso do Sul não puderam ser estendidas a todos APLs. Trabalhou-se, portanto, com o pequeno número em que a formalidade empresarial se fez um pouco mais presente, especialmente porque estava aliada a alguma forma de tratamento industrial. Do setor agrícola e agroindustrial e considerado mais intensivo em recursos naturais, foram selecionados dois segmentos relativos à produção alimentar, um que abrange o cultivo agrícola a mandioca – e outro a pecuária de leite. No setor industrial e dentre aqueles classificados como mais intensivos em trabalho, foram tomados os exemplos do vestuário e madeira e móveis. No tocante ao setor de atividades mais intensivas em escala, embora exista a atividade de produção de minério de ferro em Corumbá, considerada de grande importância na balança comercial internacional, esse território econômico ainda não se encontra entre aqueles apoiados como Arranjo Produtivo Local no Estado. Nesse caso, tomou-se como exemplo, o APL cerâmico “Terra Cozida do Pantanal”. Não houve exemplos de APLs apoiados por políticas públicas na categoria de atividades intensivas em especialização e conhecimento. 3.1.4.1 APLs do Setor Agrícola e Agroindustrial Intensivos em Recursos Naturais Os dois Arranjos que servem de exemplo nesse setor fazem parte do Sudeste de Mato Grosso do Sul, área que se distingue dentro do Estado, especialmente pelo peso da presença de pequenas propriedades de agricultura familiar, inserida em faixa de fronteira. Foi colonizada por iniciativa de empresas particulares sob incentivo da União nos anos 40 e 50 do século XX. Predomina aí 167 um conjunto de pequenas cidades-sede, cujas atividades básicas também gravitam em torno dessa vida desenvolvida no campo. Os Estados limítrofes do Paraná e São Paulo tendem a expandir suas atividades econômicas e movimentos migratórios nessa direção. - APL do Leite de Gloria de Dourados A ampliação da presença e as facilidades criadas pela indústria láctea em Mato Grosso do Sul têm viabilizado o aumento da produção de leite no Estado. As práticas com o leite, mesmo na ausência de políticas mais adequadas, envolve cerca de 20 mil criadores que produzem 1 milhão de litros/ano na estação das águas. E o segmento vem sendo ampliado ao longo dos anos. Entretanto, o leite é obtido em grande parte do gado de corte, que faz parte do tradicional negócio do Estado. De um lado, existe um grande número de propriedades rurais de gado bovino que também produzem leite, considerado como fator de barateamento do custo de manutenção da propriedade, visto que a liquidez do leite é imediata em termos de renda gerada. De outro, o leite tem sido incentivado por política pública estadual e se tornado o produto mercantil por excelência dos agricultores familiares, sobretudo, das áreas de assentamento agrário e das antigas áreas de colonização do Estado. No rebanho leiteiro predomina o gado nelore ou então o mestiço, fato que contribui para a baixa produtividade. Acrescente-se a isso o baixo grau de profissionalização tanto no gerenciamento, como na mão-de-obra e processo produtivo, em que a ordenha predominante ainda é manual. A produção ainda está muito sujeita à sazonalidade, sendo dividida entre o período de águas e de seca. Portanto, a escala de produção tem sido insuficiente para o atendimento mesmo da demanda interna. A agregação de valor ao leite também tem sido incipiente. Do volume produzido in natura no Estado, praticamente 40% alcançam apenas o estágio inicial do processo de industrialização. Nos estabelecimentos maiores, o queijo tipo mussarela chega a representar em média 75% do faturamento do empreendimento, embora esse produto ainda seja carente de divulgação dentro e fora do Estado 168 Entretanto, frente ao grande número de propriedades produtoras, o leite tem sido uma atividade geradora de emprego e renda no Estado. Pelas estimativas apresentadas pela Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul, ela deve envolver em torno de 66.000 empregos. O estado do Mato Grosso do Sul esta subdividido em 8 bacias leiteiras: bacias de Aquidauana, bacia do Centro-Norte, bacia do Bolsão, bacia de Campo Grande, bacia de Nova Andradina, bacia de Glória de Dourados, bacia do Cone sul e bacia de Dourados. Elas se diferenciam, entre outras, pela natureza das propriedades e conseqüentemente do objetivo da produção, ou seja, existem bacias leiteiras constituídas por propriedades de agricultores familiares e aquelas por latifundiários pecuaristas. Dentre as bacias leiteiras identificadas como APL e, apoiadas por políticas públicas, está uma com base em fazendas de pecuária (Paranaíba) e duas de áreas de assentamentos rurais e de colonização agrária (Corumbá e Glória de Dourados). Situada em faixa de fronteira, em áreas próximas aos Estados do Paraná e São Paulo, a Bacia de Leite de Glória de Dourados é importante fornecedora desses Estados, Envolve 8 Municípios (Angélica, Deodápolis, Fátima do Sul, Glória Dourados, Ivinhema, Jateí, Novo Horizonte do Sul, Vicentina), cujo modelo de agricultura familiar é do tipo policultura. 169 Mapa 14 APL de Leite Glória de Dourados Fonte: SEPROTUR/ AGRAER, 2006 De acordo com o IBGE (Pesquisa Pecuária Municipal), em 2006, essa bacia produziu 62,4 milhões de litros, com destaque para os Municípios de Glória de Dourados, Ivinhema, Deodápolis e Jateí (Gráfico 19). A atenção dada a essa bacia leiteira desde 2003 pela Câmara Setorial do Leite do governo estadual, com promessa de apoio do Programa de desenvolvimento em Faixa de Fronteira pelo Ministério da Integração, tem sido menos pelo montante do volume do produto em relação às outras no nível do Estado e mais pela capacidade produtiva, considerada em média 44% superior à produtividade das demais bacias do Estado. A área conjunta desses municípios abrange cerca de 50 mil habitantes e ocupa na produção leiteira como mão-de-obra direta, conforme apontado pela Agraer estadual, órgão executor do projeto de desenvolvimento, 32,5% desse total, quando considerada a produção leiteira, indústria de laticínios, lojas comerciais de fornecimento de insumos, fábrica de ração, entre outros empreendimentos correlatos. Além disso, 5 dos 8 municípios fazem parte do Território da Grande Dourados (Fátima do Sul, Vicentina, Jateí, Glória de Dourados e Deodápolis) e participam das ações dos Planos de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), no qual a prioridade até 2007 foi o desenvolvimento da Bacia leiteira. 170 Gráfico 19 Produção de Leite dos Municípios do APL de Glória de Dourados - 2006 Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal, IBGE, 2006 A bacia leiteira constitui-se da iniciativa de cerca de 5 mil agricultores familiares em propriedades rurais, com menos de 100 ha (87%), como fonte de geração de renda, e dá apoio na sustentação da economia municipal desse APL. A produção do leite é captada por 05 empresas de laticínios locais e 06 grandes empresas de outras regiões. A atividade leiteira abrange 77% das propriedades rurais e 60% das pessoas ocupadas nessas propriedades. A mão-de-obra dos laticínios representa 26% daquela empregada na indústria local. Esse arranjo é composto de produtores e laticínios, empresas fornecedoras de insumos agropecuários, máquinas e equipamentos, empresas de transporte terceirizadas, empresas de assistência técnica e extensão rural, escolas de nível pós-médio e superior (públicas e privadas), câmara de dirigentes lojistas, instituição de crédito (BB), prefeituras municipais, produtores de leite e suas associações e cooperativas, entidades de classe. De fora da microrregião existem outras organizações de apoio: Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário da Produção, da Indústria, do Comércio e Turismo – SEPROTUR; Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural – AGRAER; Agência de Defesa Sanitária Animal e Vegetal – IAGRO; Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas – SEBRAE/MS; Universidades; Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR/MS; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA e Agência de Desenvolvimento 171 Territorial da Grande Dourados ADT-GD/SDT. Também se cogita da participação de empresas privadas da área de tecnologia, de reprodução e manejo animal e de processamento de leite, de áreas externas ao local. Os laticínios locais captam diariamente do APL em torno de 150 mil litros de leite. Desse leite, aproximadamente 40% é transformado em mussarela, 30% é resfriado, 3% é pasteurizado, 25% é levado para processamento em outra região do estado para ser transformado em leite UHT (AGRAER, 2008). De acordo com os dados da Secretaria de Fazenda do Estado (Tabela 3.1), 97% da produção dos laticínios locais destinam-se a outros Estados, num total de 22,49 milhões de reais/ano. Esse montante representa praticamente 10% das saídas municipais do APL, embora para o conjunto da atividade leiteira sul mato-grossense comercializada para fora do Mato Grosso do Sul, a bacia de leite de Glória de Dourados participa com 52,5%. E o valor da produção dos laticínios locais representa praticamente 50%, o que demonstra essa melhor capacidade de desempenho do APL, mesmo diante de várias dificuldades a serem superadas na profissionalização da atividade. Por outro lado, as aquisições feitas por tais unidades de beneficiamento fora do Estado são de 9% e representa 12,7% do total de entradas feitas por outras unidades do setor (Tabela 21). Em compensação, as compras de leite e de outros insumos feitas pelos laticínios do APL no Estado (91%) significam 64% do total dessas unidades de Mato Grosso do Sul, ainda que isso represente apenas 2,7% das entradas oriundas do próprio Estado. - APL de Produção de Mandioca e Fécula do Vale do Ivinhema A atividade resulta da dinâmica de expansão econômica de agroindústrias de fécula de mandioca do Oeste e Noroeste do Paraná, frente à crescente demanda desse produto pelo mercado nacional e internacional, a partir dos anos 90 e da política de incentivos do governo de Estado e Municípios do APL. A mandioca tem atraído o interesse crescente das indústrias, em função de certas características físico-químicas dessa planta (propriedades coloidais) que dispensam o uso intensivo de reagentes químicos. A fécula de mandioca, obtida da raiz da planta, é considerada um polímero natural de peso molecular elevado. Tem sido utilizada por um crescente número de ramos industriais como matéria-prima estratégica, renovável, biodegradável e sem toxidade. 172 Apresenta, entre outras propriedades, as de espessante, ligante, fornecedor de textura e sólidos em suspensão, estabilizante ou ainda protetor ou controlador do produto durante o processamento. A modificação do amido em laboratório ainda pode resultar em outras propriedades. Além disso, é conhecido como fonte de carboidrato na alimentação humana. Os custos de obtenção da mandioca têm-se mostrado muito menores do que o milho e quase sempre de maior rentabilidade. O Arranjo Produtivo Local do Vale do Ivinhema (mapa 15) envolve 9 Municípios (Angélica, Batayporã, Deodápolis, Glória de Dourados, Jateí, Ivinhema Novo Horizonte do Sul, Taquarussu), parte deles os mesmos que compõem o APL de Leite de Glória de Dourados e sua produção também se destina para fora do Estado. A presença de unidades feculeiras, filiais de empresas paranaenses ocorre em função da necessidade de proximidade de uma matéria-prima perecível, que não pode ser estocada fora da terra por mais de 48 horas. A mandioca, como matéria-prima, representa 60% dos custos da empresa feculeira. São 06 fecularias que se somaram a 05 farinheiras já existentes e uma polvilheira. 173 mAPA Mapa 15 APL de Mandioca e Fécula do Vale do Ivinhema Fonte: SEPROTUR, SEBRAE, 2008 Somando-se à produção de outras fecularias estabelecidas mais ao sul do Vale do Ivinhema, no chamado Cone Sul do Estado, atuando na mesma lógica, embora com produções menos elevadas, o Mato Grosso do Sul passou à condição de segundo maior produtor de fécula do Brasil, com 17% do total, só ultrapassado pelo Paraná. Pelos dados da Secretaria de Fazenda, em função de sua origem e na forma como foram disponibilizados, não se pôde quantificar os fluxos da produção de mandioca e mesmo de farinha de mandioca, uma vez que a maioria dos farinheiros se constitui de agricultores familiares. Também só foi possível distinguir a produção municipal de fécula em Ivinhema – município do APL que apresenta 3 fecularias. A produção feculeira dos outros municípios do APL foi aglutinada na categoria “demais atividades”. Do mesmo modo, no Cone Sul, só se pode 174 distinguir no banco de dados da SEFAZ (2007) em 2006 a produção do Município de Tacuru, onde existem 3 fecularias. Mesmo assim, pelo comparativo dos dados de produção dos maiores municípios produtores de cada APL, se pôde observar que em 2006 do valor da fécula vendida pela indústria do APL de Ivinhema, 63% se destinou para fora do Estado e que 87,1% das aquisições da indústria feculeira – nesse caso se reporta basicamente à mandioca – é feita dentro do Estado. Não foi possível verificar o valor exportado de fécula pelo comércio atacadista, uma vez que no CNAE 2,0 de 5 dígitos, essa informação aparece agregada a outros produtos. Um dado interessante de observar é que a exportação da fécula obtida em Mato Grosso do Sul seja no APL do Vale do Ivinhema ou aquele do Cone Sul - não tem registro dentro do Estado, uma vez que esse procedimento se dá pela matriz dessas fecularias e, portanto, a exportação é feita pelo Estado do Paraná. O Estado do Paraná mantém o controle sobre a produção industrial e sobre os mecanismos de comercialização da fécula. Por outro lado, essas unidades de beneficiamento de mandioca, na sua grande maioria de origem paranaense, estão numa área que aglomera cerca de 3.200 mil agricultores familiares (quase 80% proprietários) e só atividade feculeira tem envolvido em torno de 62% das pequenas propriedades organizadas em glebas. Pelos dados da RAIS/CAGED (2006), o APL contaria com 182 pessoas com emprego formal apenas nas fecularias. Pelas informações dadas pelo Sebrae, que vem coordenando essas articulações no APL, a soma dos trabalhadores das unidades feculeiras, farinheiras e polvilheira totalizaria cerca de 600 pessoas, além de envolver aproximadamente 2.400 pessoas em atividades informais. Os agricultores são policultores e a mandioca tem sido tradicionalmente de consumo familiar. Entretanto, a presença dessas unidades de transformação, especialmente das fecularias, tem representado oportunidade de geração de renda com produção de excedentes. Com a presença das modernas unidades de produção de fécula no Vale do Ivinhema, a mesma racionalidade de redução de custos foi transmitida aos produtores de mandioca. Esse processo resultou em grandes transformações. Entre elas, o fato desses agricultores passarem a se diferenciar de outros produtores de mandioca do Estado, pelos métodos de manejo e 175 mecanização do cultivo e, sobretudo, pelos conhecimentos acumulados a respeito do cultivo de mandioca com alto teor de amido. Nesse processo, os produtores de mandioca do APL do Vale de Ivinhema saltaram em cerca de 5 anos, dos métodos da enxada para a mecanização e obtenção de índices de produtividade comparáveis aos mais altos do mundo, com inovações de diversas naturezas - na produção, produto, e mercado principalmente – que implicou em aprendizagem coletiva entre esses atores e organizações de apoio. Nesse aspecto puderam contar com parceria de organizações locais, como o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural - CMDR (apoio PRONAF), Associação dos Moradores e Produtores Agropecuários da Gleba Ouro Verde- AMPAGOV, Associação de Produtores Industriais de MS (AIPIMS), Sindicatos Rurais. Na região também tiveram como adeptos a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul – FAMASUL, Cooperativa Agrícola de Campo Grande, Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário – SEBRAE, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado de Mato Grosso do Sul- SENAR/MS, Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB/MS), Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural - AGRAER, Câmara Setorial da Mandioca e o Núcleo de APLs (Secretaria de Produção e Turismo), Secretaria de Meio Ambiente, da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul, Embrapa Agropecuária Oeste de Dourados e Embrapa Cruz das Almas (Bahia), 3 universidades, agência estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, da Delegacia federal de Agricultura – DFA, Banco do Brasil, Secretaria Especial de Relações com a Comunidade – SERC/PR. Também tem atraído a parceria de empresas privadas, a exemplo da Tecnologia em Extrusão de Cereais – INBRAMAQ, entre outros. 176 3.1.4.2 - APLs do Setor Industrial Intensivos em Trabalho - APL de Confecções Três Lagoas Em Mato Grosso do Sul, o setor vestuário / têxtil, segundo o Sindicato das Indústrias do Vestuário, Tecelagem e Fiação de Mato Grosso do Sul (SINDIVEST/MS), ainda está longe de ser competitivo em relação aos Estados vizinhos, embora venha conhecendo significativo dinamismo, diante de incentivos do Estado e de alguns Municípios (benefícios fiscais e doação de terrenos), assim como do SENAI na capacitação de mão-de-obra para o setor. E a exemplo do que ocorre com o leite e a mandioca, a implantação dessas indústrias atinge mais especialmente as áreas limítrofes ou acessíveis dos Estados do Sudeste e Sul do país. Os incentivos têm exercido atração sobre empresas de vários portes, embora a tendência geral seja a de deslocar para o Estado apenas as unidades de beneficiamento que exigem atividades mais intensivas em trabalho, reservando ao Estado de origem, as unidades mais intensivas em conhecimento. Desde 2000, o setor vestuário / têxtil tem exibido uma média de 15% de crescimento ao ano, com investimentos de mais de 200 milhões de reais, na implantação e ampliação de indústrias e que abrangem a confecção, a produção têxtil e de fiação (SINDIVEST, 2007). Esses dados explicam o peso que esse setor apontou nas entradas externas de Mato Grosso do Sul em 2006, liderando o ranking das compras das atividades intensivas em trabalho. Em 2007, esse setor já contava com 420 indústrias, sendo 12 de tecelagem e fiação (SINDIVEST, 2007). Em 2006, de acordo com os dados da RAIS/CAGED, gerava em Mato Grosso do Sul 10.954 postos de trabalho, considerado um dos mais altos e, que teria sido ampliado para cerca de 12 mil em 2009, com tendência para crescer ainda mais. Segundo a Junta Comercial do Estado (JUCEMS), ainda em 2009 aparecia como a atividade que liderava o número de empresas criadas em Mato Grosso do Sul. A presença de atividades complementares à confecção, segundo o Sindivest, também vem contribuindo para a instalação dessas unidades industriais em Mato Grosso do Sul, a exemplo do cultivo de algodão, das indústrias de beneficiamento de materiais têxteis, fiação, tecelagem, das indústrias de fabricação de fibras químicas e produtos químicos auxiliares (tintas, corantes), como também de algumas indústrias de produção de bens de capital (máquinas e equipamentos para o setor do vestuário). 177 Três territórios de APLs do segmento de confecções já foram identificados e vêm sendo objeto de políticas públicas: o APL de Confecções de Três Lagoas que aglutina o maior número de empresas e ocupava 2.515 pessoas em 2006 (RAIS/ CAGED), o APL de Confecções de Campo Grande que concentra o maior número de mão-de-obra e o APL “Nova Costura” da Região Sul, polarizada por Nova Andradina que concentra 80 micro e pequenas empresas de fiação, vestuário e correlatas (MDIC, 2008), apoiadas pelo SEBRAE (via GEOR) e que em 2006 apresentava 886 pessoas empregadas na atividade (RAIS, CAGED). O APL de confecções de Mundo Novo também vem ganhando importância na atividade dedicada a peças do vestuário, tendo disponibilizado 388 postos de trabalho em 2006 (RAIS/ CAGED). O APL de Confecções de Roupas Íntimas Campo Grande abrange os Municípios de Campo Grande e Sidrolândia (Mapa 16), situado numa área acessível aos Estados do Sudeste, ou seja, junto a um importante eixo de ligação com esses Estados, no qual se destacam a rodovia BR-262, ferrovia e várias linhas aéreas. Pôde-se aí contar com incentivos dos Municípios envolvidos, estabelecidos desde meados dos anos 90 (incentivos fiscais, a doação de terrenos e qualificação de mão-de-obra). Esse APL tem atraído a atenção de unidades industriais de marcas conhecidas vindas de outros externos, como Tip Top, Universo Íntimo, Bumerang e tem-se destacado por aglutinar 37,7% de mão-de-obra ocupada nessas atividades dentro do Estado, traduzido em 4.131 empregos formais (RAIS/ CAGED, 2006), sendo oferecidos por uma centena e meia de empreendimentos e que continuam liderando em número as empresa abertas em 2009, segundo a Junta Comercial. Já do APL Três Lagoas participam os Municípios de Três Lagoas, Aparecida do Taboado e Paranaíba (MAPA 16), ofertando em 2006, 2515 postos de trabalho formais (RAIS/ CAGED). Do total de vendas, 98% destinam-se a outros Estados. 178 Mapa 16 – APL de Confecções de Campo Grande e de Três Lagoas Fonte: SEPROTUR, 2008 Desse segmento de roupas íntimas não foi possível discriminar e, portanto, nem somar, o valor de entradas e saídas do Estado em relação de Campo Grande pelos dados disponibilizados pela SEFAZ (Tabelas 19 e 20). O montante ficou aglutinado na categoria “demais atividades”. E, no entanto, Campo Grande apresenta um número bem mais significativo de unidades industriais do que Sidrolândia. Também não aparecem nessa fonte e nas referidas tabelas os valores discriminados nos Municípios integrantes do APL Nova Costura, como também os de Paranaíba (do APL de Três Lagoas). Desse modo, os valores comparativos para o Estado não foram possíveis de serem realizados. 179 Embora em franco crescimento, o valor do comércio corrente dessas atividades em Sidrolândia não chegou a representar mais do que 2,5% na economia agroindustrial de Sidrolândia, em 2006, com 48,5% das vendas destinadas a outros Estados. As atividades predominantes têm sido a criação e abate de aves, o cultivo da cana-de-açúcar e a fabricação do álcool e que o ajudou a se colocar na quarta posição do ranking dos municípios exportadores de Mato Grosso do Sul (MDIC, 2006). Por outro lado, o valor total das vendas de Sidrolândia significou 23% da soma de Três Lagoas e Aparecida do Taboado. Já para o conjunto de atividades desenvolvidas por esses dois últimos Municípios, a venda desse segmento significou 4,6% e o peso se torna maior, quando ao se acrescentar os empreendimentos de fiação e tecelagem que compartilham o mesmo território (em Três Lagoas). As compras significam pouco mais de 1/3 do valor das vendas e são realizadas principalmente fora do Estado. No caso de Sidrolândia, as entradas representam 87% e no caso dos 2 Municípios citados do APL de Três Lagoas 77%, embora o peso do montante adquirido por esses dois últimos na balança seja quase 600 vezes maior. Esses APLs vêm atraindo parceria de várias organizações tais como o sistema Três S (SENAI, SEBRAE, SENAC), Conselho Regional de Administração de Mato Grosso do Sul, universidades, órgãos do governo, Prefeituras, entre outros. - APL de Madeira e móveis Mato Grosso do Sul conheceu ampla devastação do cerrado com a passagem da fronteira agrícola de modernização. No mesmo período, entretanto, anos 70/80, foram cultivados 490.000 hectares de florestas plantadas de eucalipto e pinus junto ao eixo Campo Grande – Três Lagoas, fruto de estratégia do 3º Plano Nacional de Desenvolvimento - PND, no suporte à instalação do projetado pólo minero-siderúrgico no Estado. Com a frustração dessa implantação, a produção de carvão vegetal foi uma das alternativas encontradas para o aproveitamento da floresta remanescente. Sua exploração acabou se voltando ao atendimento de siderúrgicas de Minas Gerais e, em pequena parcela ao Rio de Janeiro, além de consumidores regionais e interestaduais de lenha. A demanda interna vem crescendo após a instalação de duas unidades de produção de ferro-gusa em Ribas do Rio Pardo e outra em Terenos, além da Urucum Mineração de Corumbá 180 (Gráfico 20). Como o ritmo de reposição acabou ficando aquém das demandas de empresas que foram aumentando ano a ano, logo se anunciou o risco do déficit madeireiro no Estado. Em 2006, desse total cultivada remanescia apenas cerca 10% da área original. Gráfico 20 Consumo de Carvão Vegetal em Mato Grosso do Sul Fonte: IBAMA, 2005 Mesmo após iniciativas de replantio, em 2007 Mato Grosso do Sul contava apenas com 119 mil hectares de reflorestamento de eucalipto e 28.500 de pinus, Desses, cerca de 80 mil hectares (em áreas próprias e de terceiros) estão sob o controle da empresa Votorantim, destinados a abastecer as indústrias de papel e celulose em Três Lagoas. O restante - 39 mil hectares - pertencem em grande parte a duas empresas esmagadoras de soja, com a finalidade de suprir as próprias necessidades de lenha. Com nova previsão de instalação das indústrias do pólo mínero-siderúrgico do Estado, em especial na região de Corumbá e com o surgimento e ampliação da indústria de compensados para venda fora do Estado e exportação, foi criada mediante incentivo do governo de Estado em 2002, a Câmara Setorial de Florestas, abrigada na Secretaria de Produção e Turismo – PRODETUR. Dela saíram estudos e sugestão de apoio aos empreendimentos já existentes na 181 tradicional área de reflorestamento, abarcando os Municípios de Água Clara, Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas (Mapa 17). Com apoio de organizações e empresas interessadas e agora da Rede de APLs do CODESUL, o Arranjo Produtivo Local de madeira e móveis caminha no sentido de se consolidar junto ao Eixo Campo Grande-Três Lagoas, num território em que as atividades primárias ainda são preponderantes. O objetivo foi propor um projeto de desenvolvimento integrado do segmento de madeira e móveis, capaz de incorporar novas tecnologias, agregar valor aos produtos e ainda aproveitar resíduos como produtos de venda. Ao mesmo tempo, existe interesse em melhorar o grau de profissionalização e criar condições de sobrevivência a pequenos produtores e aos segmentos menos favorecidos urbanos e rurais, em bases modernas e auto-sustentáveis. Existe interesse em ampliar a produção e produtividade das florestas plantadas sobre atuais áreas degradadas de pastagens, de forma que essa atividade reflorestadora possa estar associada à tradicional pecuária bovina de corte. Os excedentes devem alimentar um mercado interno e externo diversificado. A proposta inclui, portanto, o desenvolvimento de uma cadeia produtiva florestal, constituída de um conjunto de empreendimentos integrados que englobem desde a produção de mudas, formação de florestas, manejo e colheita, transporte, e até o processamento e transformação industrial. Vislumbra-se o suprimento de matéria prima para parques siderúrgicos, industriais de papel e celulose, fábricas de lâminas 182 Mapa 17 APL de Madeira e Móveis Fonte: SEPROTUR, 2008 de compensados (localizadas principalmente em Campo Grande), fábricas de postes tratados, tábuas ou materiais para a construção civil ou rural. Da produção existente, 17% têm sido destinadas a indústrias de beneficiamento (serrarias e laminadoras) e de transformação (movelarias e carvoejamento), enquanto 83% destinam-se para uso energético. Emerge ainda uma demanda crescente de um conjunto de 06 (seis) empresas exportadoras de compensado (laminadoras), grande parte localizada em Campo Grande. Pelos 183 dados do MDIC, em 2006, os compensados já ocuparam o 12º lugar e as madeiras serradas o 15º no ranking de produtos exportados do Estado. Existem outros mercados em crescimento: para o consumo de lenha, tais como as indústrias cerâmicas, os frigoríficos e as esmagadoras de soja. Em 2005, segundo o IBGE, os Municípios do APL de madeira e móveis contavam como 95 unidades industriais. Em Água Clara havia 53 indústrias de Madeira (85% do total), em Ribas do Rio Pardo 27 unidades de indústrias de madeira e mobiliário (57% do total) e Três Lagoas com 15 indústrias de madeira e mobiliário (8,24% do total). O apoio de parceria tem sido voltado para entidades do sistema S como SENAI, SEBRAE, SENAR, SENAC e Sindicatos de classe de trabalhadores e de empregadores além das respectivas Prefeituras locais, visando proporcionar maior densidade e mobilidade a estes atores locais. Pelos dados da RAIS/ CAGED, em 2006, esse segmento ocupou no APL 2.659 pessoas em empregos formais, o que significou 69,7% do total estadual de postos de trabalho oferecidos no ramo, com um valor de produção de vendas que significa menos de 1/3 em relação ao valor gerado pela atividade no total de Mato Grosso do Sul, num atendimento equilibrado do mercado interno e externo. 3.1.4.3 APL do Setor Industrial de Atividades mais Intensivas em Escala - APL Cerâmica Terra Cozida do Pantanal O Arranjo Produtivo Cerâmico Terra Cozida do Pantanal abrange três municípios da região norte de Mato Grosso do Sul: Coxim, Rio Verde do Mato Grosso e São Gabriel do Oeste (Mapa 18). Os dois primeiros concentram 14 indústrias cerâmicas de pequeno e médio porte, 02 Núcleos de Artesanato Cerâmico e uma empresa fornecedora de cavacos. Apoiados por políticas do Sebrae/MS o APL conta ainda com o suporte de vários parceiros. Em âmbito local aparecem nessa parceria as prefeituras municipais, Associação do Arranjo Produtivo Terra Cozida do Pantanal, Centro de Formação Profissional de Rio Verde (SENAI- 184 MS), Instituto Euvaldo Lodi, 02 universidades com campus no APL, Banco Bradesco S. A (agência local), Comunidade Kolping. Em nível regional, os parceiros são o SENAI-MS, Sindicato das Indústrias Cerâmicas do Mato Grosso do Sul- SINDICER, Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Cerâmicas e Olarias de Mato Grosso do Sul – STICO, governo do Estado. Em nível federal, o apoio tem sido do BNDES, Ministério da Integração Nacional, Financiadora de estudos e Projetos - FINEP, Centro Cerâmico do Brasil (CCB). As empresas estão próximas de uma das principais fontes de argila de Mato Grosso do Sul, obtida por mineração de encosta e processada por “via seca”, fato que contribui para reduzir os impactos ambientais da obtenção dessa matéria-prima. O APL é especializado na produção de cerâmica vermelha rústica, conhecida como “cerâmica cotto”. Ela é produzida como cerâmica de revestimento, estrutural e artesanato, sendo destinada prioritariamente ao mercado regional e nacional. Suas empresas respondem por 100% das lajotas rústicas produzidas no Estado e uma delas está entrando na produção da cerâmica de linha branca (revestimentos esmaltados). Os empreendedores, natural de Estados vizinhos do Sul e de São Paulo, implantaram as unidades cerâmicas no final da década de 70 e início dos anos 80. Foram atraídos pelo dinamismo da indústria de construção civil nas áreas urbanas em crescimento, por ocasião da passagem da fronteira agrícola de modernização no Estado. O desconhecimento do processamento da produção cerâmica com argila de encosta resultou na desclassificação dessas indústrias pelo mercado local, levando-os a se unirem para superar essa questão. A visita e aprendizagem com empresários de Santa Catarina trouxeram a recuperação da imagem dos produtos dessas empresas no mercado, estimulando a busca de financiamentos para ampliação do negócio. Entretanto, a estabilização do setor de construção ocorrido no final dos anos 90 e início do milênio, deixou-os endividados junto aos bancos. A busca do apoio junto ao Sebrae em 2002, foi para o re-fortalecimento do grupo na busca de alternativas de mercado fora da região. Em 2006, de acordo com os dados da SEFAZ (2007), o APL Terra Cozida do Pantanal já respondia aproximadamente por metade do valor produzido pelo segmento ceramista em Mato 185 Grosso do Sul e por praticamente 100% das compras feitas por esse segmento fora do Estado. Do valor comercializado, também 34,5% já se destinam ao abastecimento de outros Estados. Mapa 18 APL Cerâmico Terra Cozida do Pantanal Fonte: SEPROTUR, 2008 Localizado no Norte do Estado, junto ao eixo Norte-Sul, marcado pela BR-163, o APL Terra Cozida do Pantanal - especialmente em Coxim e Rio Verde de Mato Grosso - tem por contexto a prática predominante da pecuária de corte, que ainda permanece nos moldes extensivos, com fraca incorporação de mão-de-obra. Nesse ambiente econômico, as cerâmicas do APL acabaram se transformando em importante fonte de emprego da população que migra de áreas rurais para as cidades. Em 2006, elas disponibilizaram 387 empregos formais (RAIS/ CAGED), o que representou 27,5% do total de postos de trabalho no segmento ceramista dentro do Estado. 186 Atualmente, os integrantes do APL Cerâmico vêm se esforçando para conhecer e consolidar posições no mercado nacional de revestimentos. Já investiram na certificação de seus produtos e procura se capacitar coletivamente em vendas e material de promoção, com apoio de organizações locais e de fora do Estado. Os ceramistas e organizações parceiras conquistaram a atenção do SENAI/MS para implantação em Rio Verde de Mato Grosso, de um Núcleo de Tecnologia Cerâmica – NTC em 2006, para ensaios laboratoriais em produtos cerâmicos e certificação de seus produtos, para o qual contou com apoio do Centro Cerâmico do Brasil, com sede em São Paulo. E ainda conseguiram que o NTC-SENAI investisse na construção do Centro de Apoio Técnico e Tecnológico à atividade artesanal e design em cerâmica, no atendimento a um grupo de artesãos locais. Com apoio do Sebrae, o APL foi amparado por especialista em design de origem italiana e seus integrantes puderam conhecer várias experiências brasileiras e mesmo européias. No entanto, além de ampliar o conhecimento de mercado à distância, os ceramistas locais ainda enfrentam problemas em relação à fonte de energia no processamento industrial. Os fornos movidos a lenha, proveniente de limpeza de pastos foram inviabilizados com a elevação dos preços, frente ao crescimento da demanda e redução de florestas cultivadas. O fornecimento de energia elétrica tem sido realizado pela empresa de distribuição do Estado, mas não tem sido a melhor alternativa técnica. Uma das soluções viáveis está na passagem do gasoduto pela área em direção ao distrito federal, alternativa essa dificultada pelas incertezas da dependência da Bolívia. Mesmo assim, tem sido vislumbrada a possibilidade do transporte do gás de Campo Grande, via caminhões. 187 Tabela 19 Valor das Saídas dos APLs objetos de políticas- 2006 DENOMI NAÇÃO DO APL Cerâmica Terra Cozida do MUNICÍPIOS CNAE 2.0 Valor Total R$ Dentro Estado R$ Outros Estados R$ % Rio Verde de Mato Grosso 23427 Coxim São Gabriel do Pantanal Total de Atividades no APL Total de Atividades Econômicas dos Municípios Total de Atividades Econômicas do APL no Outros Países R$ % % 6,586,855.29 4,306,896.96 65.4 2,279,958.33 34. 6 0 0.0 6,586,855.29 1,894,783,026.4 12,958,123.33 4,306,896.96 1,466,763,674.5 10,376,531.18 65.4 77.4 80.1 2,279,958.33 404,349,507.20 2,581,592.15 34. 21. 19. 0 23,669,844.75 - 0.0 1.2 0.0 257,703,278.75 3,132,223.73 1.2 254,571,055.02 98. 8 - 14118 Três Lagoas Aparecida do Taboado Paranaíba Total de Atividades no APL Total de Atividades Econômicas dos Municípios Total de Atividades Econômicas do APL no 257,703,278.75 5,624,679,501.4 334,387,805.14 3,132,223.73 1,757,391,694.7 7,481,578.18 1.2 31.2 2.2 254,571,055.02 3,737,439,852.4 326,906,226.96 98. 66. 97. 129,847,954.1 - 0.0 2.3 0.0 14118 149,019,698.33 4,349,354.45 2.9 72,335,171.94 48. 72,335,171.94 48. Total de Atividades no APL Total de Atividades Econômicas dos Municípios Total de Atividades Econômicas do APL no 149,019,698.33 20,349,301,967. 334,387,805.14 4,349,354.45 15,795,627,146. 7,481,578.18 2.9 77.6 2.2 72,335,171.94 3,976,021,660.6 326,906,226.96 48. 19. 97. 72,335,171.94 577,653,159.8 - 48. 2.8 0.0 10520 23,184,867.74 694,196.70 3.0 22,490,671.04 97. 0 0 Confecçõe s Três Lagoas Confecçõe s Campo Grande Leite de Glória de Dourados Campo Grande Sidrolândia Angélica Deodápolis Fátima do Sul Glória de Dourados Ivinhema Jateí Novo Horizonte do Sul Vicentina 0.0 - 23,184,867.74 837,400,446.55 46,610,475.27 694,196.70 598,981,795.67 3,809,220.36 3.0 71.5 8.2 22,490,671.04 226,690,909.79 42,801,254.91 97. 27. 91. 0 11,727,741.09 - 46,409,208.10 8,779,412.02 23,207,853.36 4,476,632.82 50.0 51.0 23,201,354.74 4,302,779 50. 49. 0 55,188,620.12 5,612,447,193.1 174,091,358.43 27,684,486.18 1,734,055,051.3 77,607,286.35 50.2 30.9 44.6 27,504,133.94 3,750,261,476.1 96,484,057.88 49. 66. 55. 10651 11,772,897.04 4,356,414.35 37.0 7,416,482.69 63. Total de Atividades no APL Total de Atividades Econômicas dos Municípios Total de Atividades Econômicas do APL no 11,772,897.04 2,896,994,045.5 16,639,572.29 4,356,414.35 1,208,668,576.8 4,616,149.14 37.0 41.7 27.7 7,416,482.69 1,670,495,698.5 12,023,423.15 63. 57. 72. Total de Atividades no APL Total de Atividades Econômicas dos Municípios Total de Atividades Econômicas do APL no 16102 2101 2209 Total de Atividades no APL Total de Atividades Econômicas dos Municípios Total de Atividades Econômicas do APL no Madeira e Móveis Mandioc ae Fécula Ivinhema Ribas do Rio Pardo Água Clara Três Lagoas Angélica Batayporã Deodápolis Glória de Jateí Ivinhema Nova Andradina Novo Horizonte do Sul Taquarussu 0.0 0.0 0.0 128,130,665.6 14.20 0.0 0.0 17,829,770.27 0.6 0.0 Fonte: SEFAZ/ MS, 2007 188 Tabela 20 Valor das entradas dos APLs objetos de políticas- 2006. DENOMINAÇ ÃO DO APL Outros Estados R$ % Outros Países R$ 32.0 2,519,445.04 68. 0 0 1,188,099.97 32.0 2,519,445.04 1,327,125,751.9 7 1,059,095,358. 82 79.8 268,030,393.15 4,220,168.68 1,624,284.80 38.5 2,595,883.88 118,689,588.48 3,812,366.72 3.2 91,351,513.72 118,689,588.48 3,812,366.72 3.2 91,351,513.72 4,312,762,412.2 6 1,422,979,729. 84 33.0 1,924,977,020. 52 141,197,605.36 6,613,794.43 4.7 111,018,157.15 22,508,016.88 2,801,427.71 12.4 19,666,643.43 22,508,016.88 2,801,427.71 12.4 19,666,643.43 14,910,943,329. 96 6,637,648,422. 07 44.5 7,962,372,971. 99 141,197,605.36 6,613,794.43 4.7 111,018,157.15 11,836,342.42 10,738,335.86 90.7 1,098,006.56 87. 4 53. 4 78. 6 9.3 11,836,342.42 10,738,335.86 90.7 1,098,006.56 9.3 515,675,653.65 398,078,945.23 77.2 117,444,013.49 25,439,535.14 16,795,702.63 66.0 8,643,832.51 16102 29,974,040.36 27,478,025.84 91.7 2,496,014.52 8.3 2101 3,442,032.58 1,270,384.65 36.9 2,171,647.93 63. 1 2209 Três Lagoas Total de Atividades no APL Total de Atividades Econômicas dos Municípios do APL 985,672.00 985,672.00 100. 0 0 0.0 34,401,744.94 29,734,082.49 86.4 4,667,662.45 4,296,620,963.0 0 1,716,363,945. 18 39.9 1,617,283,196. 38 MUNICÍPIOS CNA E 2.0 23427 Rio Verde de Mato Grosso Cerâmica Coxim Terra Cozida São Gabriel do do Pantanal Oeste Total de Atividades no APL Total de Atividades Econômicas dos Municípios do APL Total de Atividades Econômicas do APL no Estado 14118 Confecções Três Lagoas Três Lagoas Aparecida do Taboado Paranaíba Total de Atividades no APL Total de Atividades Econômicas dos Municípios do APL Total de Atividades Econômicas do APL no Estado Campo Grande Confecções Campo Grande 14118 Dentro Estado R$ 3,707,545.01 1,188,099.97 3,707,545.01 % 68. 0 20. 2 61. 5 77. 0 % 0 23,525,708.04 19. 8 19. 8 22. 4 16. 7 77. 0 44. 6 78. 6 964,805,661.90 87. 4 39,945.74 0.2 39,945.74 0.2 310,921,935.90 2.1 23,565,653.78 16. 7 23,525,708.04 23,565,653.78 Sidrolândia Total de Atividades no APL Total de Atividades Econômicas dos Municípios do APL Total de Atividades Econômicas do APL no Estado Angélica 10520 Deodápolis Fátima do Sul Glória de Dourados Leite de Ivinhema Glória de Jateí Dourados Novo Horizonte do Sul Vicentina Total de Atividades no APL Total de Atividades Econômicas dos Municípios do APL Total de Atividades Econômicas do APL no Estado Ribas do Rio Pardo Madeira e Móveis Valor R$ Total Água Clara 22. 8 34. 0 13. 6 37. 6 0 152,694.93 0.0 0 0.0 3 0 0 962,973,821.44 189 22. 4 Total de Atividades Econômicas do APL no Estado Angélica Batayporã Deodápolis Glória de Dourados Mandioca e Jateí Ivinhema Fécula Nova Andradina Ivinhema Novo Horizonte do Sul Taquarussu 10651 Total de Atividades no APL Total de Atividades Econômicas dos Municípios do APL Total de Atividades Econômicas do APL no Estado 46,643,417.85 42,781,366.23 91.7 3,862,051.62 8.3 7,878,656.77 6,860,051.92 87.1 1,018,604.85 12. 9 7,878,656.77 6,860,051.92 87.1 1,018,604.85 2,103,265,646.0 3 1,259,581,092. 20 59.9 448,740,265.38 11,305,048.60 10,063,938.67 89.0 1,241,109.93 12. 9 21. 3 11. 0 394,944,288.45 18. 8 0.0 Fonte: SEFAZ/ MS, 2007 3.2 ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE APOIO AOS APLS E DE SUA DISSEMINAÇÃO NO CONTEXTO ESTADUAL A compreensão das políticas de apoio, assim como os conceitos utilizados sobre APL e sua disseminação no âmbito do Estado, como já foi em grande parte apontado nesse trabalho, se dá no contexto territorial e histórico de inserção desse tipo de política em Mato Grosso do Sul. No caso de Mato Grosso do Sul, a política governamental de apoio a APLs não emergiu de dentro do Estado como constructo dos atores locais. Ao contrário, o conceito e a política de ações têm sido assimilados aos poucos, por indução de políticas pactuadas com organismos federais e até mesmo mediante interferência de ações planejadas por essa instância governamental. Esse processo de origem exógena se sucedeu num rompimento, até certo ponto brusco, da política anterior de apoio às cadeias produtivas em processos agroindustriais, baseada na metodologia de plataformas tecnológicas, para a qual os atores locais – governamentais e não governamentais - haviam sido preparados mediante processo bem conduzido de capacitação a respeito do conceito e da metodologia de ações. 190 A política de cadeias produtivas coadunava com os interesses internos da época de agregar valor aos produtos de origem primária, de modo a poder avançar no processo de agroindustrialização e, ao mesmo tempo de solucionar o maior gargalo, dado pelos limites energéticos baseados na matriz hidrelétrica. A passagem do gasoduto vindo da Bolívia dentro do Estado e ao longo de um dos importantes corredores de exportação apontava para soluções, não só da agroindustrialização, como também da industrialização do setor de mineração de Corumbá (ferro e manganês). Vislumbrava-se a possibilidade de associar como potencialidades a presença do gás, minério, calcário e reserva florestal, na construção de um pólo minero siderúrgico e químico integrado a esse corredor. A metodologia da plataforma tecnológica havia contribuído para sensibilizar a participação dos atores locais em fóruns organizados dentro da estrutura de governo – estes constituídos nas câmaras técnicas – e que serviram para conduzir processos participativos (público-privados) de reflexão e tomada de decisão sobre políticas setoriais. As câmaras implantadas foram criadas no âmbito dos interesses das políticas governamentais definidas no planejamento estratégico “MS 2020”. Associada a essas políticas estavam aquelas relativas à definição de estratégias de inclusão social e de solução às questões ambientais, no bojo da qual emergiu o interesse pela atividade turística. Dado esse contexto de necessidades e construção de representações coletivas a respeito das cadeias produtivas e políticas setoriais em Mato Grosso do Sul pelos atores envolvidos, a substituição abrupta do programa de suporte às cadeias produtivas ligado ao PADCT na FINEP com apoio do qual a política de cadeias produtivas havia se consolidado dentro de Mato Grosso do Sul – por aquele de apoio aos APLs, não conseguiu alterar com a mesma rapidez a construção coletiva do processo anterior. Isso explica a simples substituição dos nomes dos novos projetos encaminhados à instância federal para “Arranjo Produtivo Local”, como ato de maquiagem da forma, mas sem alterar o conteúdo.Esse processo explica o fraco entendimento do conceito de APL, assim como de interesse por sua disseminação dentro do Estado. 191 O Sebrae/MS foi o único organismo dentro do Estado que recebeu da instância federal, direcionamentos bem conduzidos de capacitação de seu pessoal interno para a formulação e metodologia no processo de condução das ações para essa nova política. Por induções do Sebrae nacional, o Sbrae/ MS esforça-se por calibrar o conceito ao daquele construído no âmbito da RedeSist, embora hoje, já se sinta mais seguro em acrescentar elementos a esse conceito,construídos na prática cotidiana dentro do Estado. No caso do Sebrae/MS, a finalidade da formulação de políticas de APLs apresenta o foco explícito do desenvolvimento de micro e pequenas empresas. Realça uma visão sistêmica, mas que abrange muito mais a dimensão econômica, porque está focado no desenvolvimento das empresas e menos do território como um todo em que as mesmas se inserem. O APL aparece como um conceito de desenvolvimento econômico desse segmento empresarial, ampliado por fenômenos de sinergia local entre os empreendimentos e organizações de apoio, obtida por processos coletivos de cooperação e de organização (governança). Nesse caso, a abordagem das ações de coordenação local se aproxima muito mais de do modelo de governança corporativa do que de governança territorial. O modelo de Gestão Orientada para Resultados (GEOR), por seu turno, tem contribuído para acentuar mais essa tendência economicista do Sebrae no apoio aos empreendimentos de APLs. Ás ações têm sido conduzidas mais diretamente ao desempenho das empresas, com foco nos seus processos de gestão e nos resultados de cada ação proporcionada, fato que dificulta mais a visão totalizante do território, ou seja, em suas múltiplas dimensões. A consolidação do Programa de APLs em nível interministerial e o fato do GTP-APLs ficar sediado no MDIC tiveram repercussões diretas no âmbito da SEPROTUR, na estrutura que aloja as câmaras técnicas e que abrigou o NE-APLs/MS. Os projetos selecionados, sejam aqueles que brotaram ou não das câmaras setoriais, sempre passam pela apreciação de seus integrantes. Nesse caso, os projetos de APL já suscitam o interesse de algumas organizações parceiras que atuam nessas câmaras, especialmente daquelas que assumem papéis de coordenação desses projetos e/ ou que recebem incentivos ao fortalecimento de APLs vindos de organizações estruturadas em 192 outros níveis. Foi apontado o exemplo da Embrapa Gado de Corte em relação ao APL de ovinos, ou então da FIEMS em relação aos APLs apoiados pela Rede de APLs da CODESUL. Entre esses atores, que construíram a história de sua participação nas câmaras técnicas e na consolidação de cadeias produtivas como políticas setoriais, há uma tendência em olhar para o APL como base produtiva das cadeias. Nessa visão, o apoio a essas bases locais contribuem para o adensamento das cadeias, estruturadas em escalas mais amplas, ou que abrangem todo o setor dentro do Estado. A grande finalidade das políticas, mesmo a de APLs, continua sendo agregação de valor a determinados setores da economia via industrialização. Trata-se de uma visão economicista e de articulação funcional do trabalho, ou seja, a de partir do papel que cada base produtiva desempenha em relação às etapas da cadeia focada. Nesse caso, a inovação nos APLs tem sido pensada muito mais como transferência de conhecimento tecnológico de organizações científicas consideradas competentes nesse aspecto – como é o caso da Embrapa ou das universidades - do que por processos coletivos de aprendizagem. Interessante observar na visão desse segmento de organizações participantes das câmaras setoriais, a formulação de políticas de fortalecimento de APLs que integram cadeias produtivas consideradas, mais vulneráveis ou em processo de formação. Desse modo, tendem a ficar de fora das políticas de APLs os territórios de setores econômicos mais estruturados dentro do Estado. Estão nesse caso de setores que ficam fora dessas políticas, especialmente os APLs agroindustriais já estruturados em torno de empresas-âncora (abatedouros de gado bovino, aves, suínos, usinas de processamento de soja, milho, entre outros) que vêm sendo atendidos por programas específicos e que já usufruem de incentivos e benefícios específicos de políticas governamentais industrializantes. Também não têm sido considerados os APLs relacionados a tradicionais eventos de enraizamento cultural no lugar ou que brotaram por iniciativa local mais recentemente, mas que atraem o apoio de parceiros e já se tornaram um tipo de negócio local ou que atraem público para dar visibilidade a outro negócio aos empreendedores locais, citados entre os vazios de APL. 193 Associado a esse processo dentro das câmaras técnicas, esteve aquele das ações de apoio a APLs especialmente na Faixa de Fronteira do Estado, realizadas pelo Ministério da Integração Nacional, por meio da Secretaria do Centro-Oeste. Essas ações desse ministério na Faixa de Fronteira têm ocorrido, em grande parte, no sentido de atribuir dinamismo e proporcionar inclusão social e maior autonomia dos territórios ali constituídos. Essas ações ministeriais se coadunam mais com aquelas do Ministério do Desenvolvimento Agrário do que com as do MDIC, por envolver, sobretudo, comunidades constituídas em áreas de colonização e assentamento agrário, ou mesmo de pequenas propriedades baseadas na agricultura familiar. E, nesse caso, têm se aliados muito mais aos integrantes da AGRAER, órgão extensionista do governo estadual, atualmente também inserido na SEPROTUR, como também ao Banco do Brasil, por meio da estratégia DRS. Nesse caso, a própria natureza dos atores focados, quando estão conectados por identidades locais e territoriais, conduz a processos de ampliação do olhar sistêmico mais totalizante por parte de quem faz política. As variáveis das dimensões culturais, sociais, políticos e econômicos são percebidas com maior facilidade, uma vez que dialogam com o mundo vivido cotidianamente pelas famílias integrantes do APL. Essas políticas, portanto,apresentam maior tendência para apoiar não só o desenvolvimento na dimensão econômica, como também o desenvolvimento social, político e cultural. Ambos os direcionamentos analisados a respeito dessas duas naturezas de políticas praticadas em âmbito do governo estadual estão apenas implícitos. A política de APL como adensamento de cadeias produtivas aparece, no entanto, no PPA estadual, embora sem considerações a respeito do que consiste e como funciona. A visão que não demonstra estar estabelecida pelos formuladores e apoiadores das políticas de APLs em Mato Grosso do Sul e isso, mais precisamente nas políticas de governo, é o de alimentar relações sistêmicas entre os atores locais – seja atores econômicos e organizações de apoio - de modo mobilizar as diferentes naturezas de conhecimento para um processo coletivo de 194 aprendizagem. A idéia de capacitação e transferência de tecnologia está mais arraigada do que a de diálogo de saberes. No entanto, já se verifica maior sensibilidade dos formuladores de política no respeito às especificidades territoriais, com necessidades e respostas diferenciadas. Um dos maiores impasses observados nas ações de fortalecimento aos APLs em Mato Grosso do Sul têm sido a quase ausência de políticas eficazes no envolvimento das instâncias municipais. O maior esforço, nesse sentido, tem partido do Sebrae/MS, especialmente em ações mais recentes. Por outro lado, as ações mais efetivas na política de APLs estão sendo direcionadas para uma instância intermediária entre o governo estadual e o federal: o CODESUL. As políticas praticadas pelo Sebrae/ Ms, pelo que se pôde observar, encontra-se numa etapa inicial de reavaliação de APLs trabalhados, com apoio dos atores e retomadas de ações estratégicas. No caso das políticas governamentais, as ações se dirigem muito mais para elaboração e implementação e tem sido considerada pelos seus formuladores em estágio embrionário. . . 195 Capitulo 04 Considerações Finais Os processos industriais em Mato Grosso do Sul entraram antes pelas produções do campo e agora se disseminam para o restante de seu tecido econômico territorial do campo e da cidade. É preciso salientar ainda que o movimento de modernização veio pelos Estados do Sudeste brasileiro, mas com a presença de populações sulistas detentoras do conhecimento dos métodos produtivos e do mercado agrícola nacional e internacional. No Mato Grosso do Sul a passagem da fronteira agrícola se deu no sentido sul-norte, em direção ao Mato Grosso e Estados da Amazônia e alterou qualitativamente as relações econômicas antes mantidas com os países fronteiriços. Entretanto, nos anos 90 e primeira década de 2000, os esforços vêm se concentrando, com mediação do Estado, no sentido do aprofundamento da industrialização, via beneficiamentos dos produtos comercializáveis do setor agropecuário, especialmente os de exportação. Destacam-se aqui o beneficiamento dos produtos alimentícios de origem vegetal e animal, assim como o couro, madeira e móveis. Tal movimento não ocorreu de forma homogênea dentro do Estado. Atingiu principalmente economias de exportação, em propriedades mais acessíveis às vias de circulação e de conexão com mercados, como também aquelas onde estavam os atores comprometidos com o projeto desenvolvimentista incentivado pela União. No atual cenário de Mato Grosso do Sul é possível vislumbrar nas propriedades agrícolas tanto o contraste entre o tradicional e o moderno na estrutura produtiva, como discernir aquelas economias voltadas ao mercado – empresarial e latifundiária - e a agricultura familiar. Nesse caso, vislumbram-se desde comunidades indígenas com economia organizada basicamente para sobrevivência, até aquelas originárias de processo de colonização dirigida (empreendida pelo 196 governo ou iniciativa privada) ou de assentamentos da reforma Agrária com produção de excedentes. Por outro lado, remanesce um potencial de recursos em paisagens naturais, minerais, fauna e flora. É nessa diversidade do tecido econômico - expressa em territórios de diferentes temporalidades, de estruturas produtivas e de objetivos, como também de localizações no território do Estado que se revela a potencialidade de combinações ou de virtuais conflitos, assim como a especificidade de cada território na incorporação do novo e na resposta frente a situações dadas. A complexidade se manifesta, portanto, na rede de relações entre tais realidades particulares de diversas naturezas, às vezes imbricadas, mesmo nesse Estado em que a industrialização apenas se inicia. Essa formação social mais complexa compõe-se de singularidades, grande parte atuando como sistemas abertos e sujeitas a combinações e conflitos com estruturas de lógicas externas. As resultantes dessas combinações podem ser melhor decifradas no âmbito de cada unidade elementar, levando-se em conta suas particularidades, as condições e grau de articulação mantida com estruturas diferentes e o contexto mais amplo em que ocorrem essas relações. E é nesse âmbito que melhor se pode intereferir na obtenção de resultados efetivos. Por outro lado, embora tenha atingido o setor agrícola, essa trajetória histórica se fez acompanhar de urbanização, num modelo concentrado em poucas cidades prestadoras de serviços e com papéis definidos na coleta e distribuição dos bens que esse modelo exigiu nas conexões com outros lugares. As cidades e ambientes periurbanos detentores de meios mais complexos, frente às transformações econômico-sociais ocorridas dentro de seu Município e que ocupam posições estratégicas frente às vias de acesso aos mercados têm sido de modo geral, os principais ambientes receptores das novas unidades industriais. E são exatamente esses segmentos que apresentam maior peso na balança comercial do Estado, seja nas vendas ou nas compras. A política pública mais incisiva tem sido a de consolidar cadeias produtivas agroindustriais consideradas estratégicas para se atingir o mercado nacional e internacional. A abrange não só os segmentos agrícolas afetados com a passagem da fronteira agrícola, como aqueles de 197 conhecimento acumulado por outros Estados e que são internalizados, via grupos industriais consolidados (esmagadoras de soja, abate de gado bovino, suínos, frangos, entre outros). Na promoção das cadeias produtivas as políticas predominantes têm sido de natureza setorial. Essas são em grande parte debatidas no âmbito das câmaras setoriais abrigadas na Secretaria Estadual de Produção e Turismo. De todo modo, as cadeias agroindustriais contam com políticas dirigidas específicas e o controle delas ficam nas mãos de empresas de maior porte. Prima-se, nesse sentido, pela integração entre setor produtivo, pesquisa e tecnologia na solução de estrangulamentos tecnológicos dessas cadeias. De outro lado, existe a política do aprofundamento na industrialização dos recursos minerais, a exemplo do ferro, manganês e calcário, que de modo geral também se destina a grandes grupos empresariais. E a política de turismo ainda se encontra em fase embrionária e se volta principalmente à valorização das paisagens naturais. No caso dos Arranjos Produtivos Locais as políticas públicas têm priorizado no Estado os territórios, mesmo agropecuários, que não foram afetados pela passagem da fronteira agrícola. Envolvem preferencialmente micro e pequenos empreendimentos e/ou aqueles que ocorrem em lugares que precisam ser dotados de maior dinamismo. Nesse caso, detectar como esses APLs vêm incorporando os processos de industrialização em sua estrutura produtiva, como se inserem ou pretendem se inserir nos circuitos de troca têm sido no momento, mais fundamentais do que verificar as formas de adensamento nas articulações dos atores entre si na melhoria de seu estágio de desempenho. E, nessa identificação, observa-se que, além da especificidade do território econômico que se analisa, a localização desses APLs no território do Estado tem exercido certo peso relativo na contextualização das conexões e transformações decorrentes. Observa-se, por exemplo, que nas áreas de Mato Grosso do Sul de maior proximidade e acessibilidades aos Estados vizinhos do Paraná e São Paulo e Santa Catarina, os vínculos 198 estabelecidos entre elas pode conduzir o meio menos inovado a incorporar as tecnologias ao seu alcance. Nesse sentido, as experiências e conhecimentos acumulados nos outros Estados acabam fluindo para o território sul-mato-grossense, até então ainda não valorizado. Os exemplos mais característicos foram o APL de Leite de Glória de Dourados, o APL de Mandioca e Fécula do Vale do Ivinhema e o APL de confecções de Três Lagoas. Esse processo é muitas vezes acompanhado do deslocamento de recursos financeiros e humanos, sob incentivos de políticas de governo – estadual e municipal – e os produtos se destinam principalmente aos Estados sede dos empreendimentos. Nessa vinculação de economias interestaduais tende a se reproduzir o tradicional modelo de organização baseado em “centro e periferia”. Nos fluxos em direção aos Estados vizinhos a tendência é a de se recorrer aos recursos que servem de matéria-prima, portanto de menor valor agregado. Ou então produtos locais considerados estratégicos ao mercado nacional e internacional acabam por ficar sob controle dos atores extra-estaduais, para onde afluem os maiores dividendos. Esse modelo pode bloquear também a possibilidade de complexificação da estrutura produtiva em escalas mais amplas de organização. O APL se insere em organizações de estrutura complexa, mas não tem controle sobre ela. Por outro viés, verifica-se que sob tais influxos externos são combinados conhecimentos construídos pelos agentes da expansão econômica com os integrantes do Estado hospedeiro. E, dependendo das pré-condições materiais e imateriais historicamente acumuladas nos APLs em que ocorrem tais combinações podem emergir situações de intenso dinamismo e aprendizado. E os dois APLs apresentados no segmento de alimentos servem de bom exemplo. De todo modo, a articulação entre esses diferentes territórios possibilita que cada um participe da natureza do outro com efeitos sobre sua própria estrutura. E quanto mais profundas forem as relações mantidas, maior a possibilidade do menos dinâmico avançar na melhoria de seu desempenho. Nesse caso, a política pública deve se preocupar com o enraizamento do conhecimento acumulado pelas empresas externas no território local, com políticas que favoreçam o desenvolvimento endógeno. É importante criar políticas que evitem o funcionamento isolado das filiais de grandes empresas de natureza introvertida, ou seja, aquelas cujas operações industriais 199 e afins fundamentais são internalizadas pela própria empresa. Induzir essas empresas a estabelecer vínculos de complementaridade com empresas locais é fundamental no intuito de engendrar processos de aprendizagem coletiva por meio das trocas que esses vínculos envolvem. O sucesso dessa política também depende da natureza do meio que serve de contexto às combinações. A potencialidade para incorporar conhecimentos novos pode ser ampliada nessas sociedades menos complexas, quando desse processo conseguem participar outros atores e organizações parceiras detentoras de parcelas do saber necessário para esse fim, mesmo que seja a simples capacidade de promover a articulação dos atores. Nesse caso, o apoio das organizações torna-se fundamental, especialmente daquelas de nível local e regional que detém uma parcela do saber necessário a essa combinação e ainda que conheçam a realidade local e mantenham relações de comprometimento com o cenário futuro desses lugares. Essas parcerias podem compensar as fragilidades dos APLs na sua manutenção e em processos inovativos que melhor se adéquam e consolidem a economia e propiciem o desenvolvimento humano dessas realidades locais. Por seu turno, essa solidariedade territorial contribui no adensamento de relações que possam fortalecer o desempenho de tais economias territoriais frente ao mercado concorrencial e às possíveis formas de sujeição econômica. Também é preciso atentar para o comportamento de micro e pequenos empreendimentos da fronteira do Sul do Estado, nas vizinhanças com o Paraguai. Por questões históricas, nessas terras guaranis, mesmo após a Guerra contra o Paraguai, sobrevive um tipo de fronteira permeável e compartilhada na qual se verifica forte identidade étnico-cultural. Essa condição repercute na tendência à complementaridade transfronteiriça no âmbito da economia local, quase nunca formalizada e que pode ser potencializada, mediante aprofundamento de políticas transfronteiriças adequadas. Isso pôde ser observado no APL da mandioca do Cone Sul, no APL de madeiras e mesmo no APL da erva-mate e do gado bovino. Essas potencialidade pode ser sinergizada pelo projeto ainda embrionário previsto para ser implementado em 2010 e que vem ganhando fôlego. Trata-se do “Programa MS Sem Fronteiras”. Liderado pelo Sebrae/MS, envolve, além dos atores locais brasileiros (Fiems, Senai, Famasul, Senar, Fecomércio, Faems) e dos países vizinhos, além da GTZ, agência alemã de cooperação internacional e o Banco 200 Interamericano de Desenvolvimento – BID. A intenção é incluir no projeto os 44 municípios situados na extensão de faixa de fronteira legal do Estado, de Corumbá a Ponta Porã. O grande objetivo é capacitar micro e pequenas empresas a se tornarem fornecedores qualificados a demandas de empresas de grande porte. O caso do APL cerâmico também merece atenção, tendo em vista que o dinamismo partiu de iniciativa dos próprios atores, com apoio de organizações lideradas pelo Sebrae/MS, numa abertura para o conhecimento de novos mercados, novos produtos e processo produtivo. Fica no interior do Estado, fora do circuito de relações diretas com Estados e países vizinhos, em área de pecuária tradicional. Chama atenção, não só por ter sido o único APL a criar um sistema de governança independente das redes de organização do Estado - embora conduzido de forma compartilhada e com participação de órgãos governamentais – como também o que mais atraiu recursos e gerou um número significativo de inovações. Apresenta o gargalo da fonte energética e se apresenta relativamente distante dos mercados de abastecimento, em relação àqueles de São Paulo e Paraná. Entretanto aprendizado no segmento, seja no processo produtivo, produto e mercado, o tem potencializado para se superar e quem sabe, com condições para liderar a consolidação de uma política de cadeia produtiva de produtos cerâmicos dentro do Estado. Outro aspecto a considerar diz respeito a políticas de Estado bem conduzidas de incentivo e consolidação APLs que também se voltem ao abastecimento do mercado interno. Um exemplo gritante diz respeito ao segmento de móveis. As políticas desfavoráveis do governo de Estado e as diferenças de ICMS constituem um dos fatores que têm dificultado a permanência dessas empresas, embora se pôde averiguar pelos dados da SEFAZ que 99,6% dos móveis utilizados são adquiridos fora do Estado. O mesmo se reporta aos produtos de hortaliças e frutas. De todo modo, importante assinalar que as políticas setoriais são importantes na condução de alguns processos, como esses dos móveis, mas são as políticas de ação compartilhada, de âmbito local, as mais indicadas para trazer respostas a suas especificidades territoriais. 201 A presente pesquisa de mapeamento das políticas de Arranjos Produtivos Locais em Mato Grosso do Sul permitiu verificar que tais políticas se encontram, de fato, em estágio embrionário e sua prática se dá, sobretudo, visando recursos de âmbito federal. Ainda não se vislumbra a preocupação específica de uma política territorial de caráter interna, capaz de fortalecer e ampliar a autonomia de territórios organizados desde a micro-escala, que sejam condizentes a cada realidade vivida, com base num aprendizado interativo capaz de reforçar processos de capacitação e desempenho produtivo e inovativo local e sub-regional. Políticas dessa natureza suscitam maior mobilização do conjunto de atores econômicos e organizações sociais e políticas das unidades territoriais detectadas, no sentido de processos cooperativos e interativos, com maior cumplicidade entre os atores envolvidos, de forma que as sinergias propiciem a formação de campos de poder para gerir, aprender e dar respostas mais adequadas e autônomas sobre os destinos coletivos. Para esse encaminhamento, torna-se fundamental políticas que levem em conta tanto multidimensionalidade dos territórios focados, como a diversidade de experiências e conhecimentos dos atores em diferentes trajetórias de vida, mesmo os conhecimentos tradicionais, tácitos. Como política sistêmica, deve favorecer elos entre as empresas e territórios de diferentes portes e escalas de organização, assim como as dimensões da produção, finanças, social, política institucional e cultural, cada escala inserida nos devidos contextos territoriais e temporais, de forma a enraizar conhecimentos. Entende-se que avanços importantes em termos de política territorial poderiam ser obtidos, se às políticas setoriais industrializantes já em processo e que privilegiam ações verticais (cadeias produtivas), se pudessem combinar políticas horizontais (APLs) e polarizadoras (pólos) com políticas territoriais de escalas mais amplas (eixos de integração e desenvolvimento). Várias outras formas de combinação poderiam ser pensadas. Assim, políticas focadas em comunidades isoladas em ações de inclusão social e aquelas que toma por objeto as redes empresariais não são excludentes, mas complementares. 202 Referências ARAUJO, Vanessa de. G.L. Estrutura e Desempenho Territorial do APL Cerâmico “Terra Cozida Do Pantanal” para o Desenvolvimento Local. Campo Grande, 2006. Dissertação (Mestrado). Universidade Católica Dom Bosco. ARTIOLI, Alex. Diagnóstico do Mercado de Matérias Primas Florestais. Subsídios para a Formulação de Política de Desenvolvimento Florestal para o Estado do Mato Grosso do Sul. Campo Grande: Sebrae/Fundação Boticário, 2006. GESICKI, Ana Lúcia et al., 2002. Panorama Produtivo da Indústria de Cerâmica Vermelha em Mato Grosso do Sul. vol. 7, nº. 1. Campo Grande: Revista Cerâmica .. GOVERNO DE MATO GROSSO DO SUL. Secretaria de Produção e Turismo. Balança Comercial:exportações e importações- jan a dez/2006. Campo Grande, SEPROTUR, 2007. 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