UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE NUTRIÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E NUTRIÇÃO VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM TRABALHADORES DE TURNO: RESPOSTA AO ORTOSTATISMO E RELAÇÃO COM A ANTROPOMETRIA, COMPOSIÇÃO CORPORAL E PRESSÃO ARTERIAL NAYARA MUSSI MONTEZE Ouro Preto, MG 2014 NAYARA MUSSI MONTEZE VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM TRABALHADORES DE TURNO: RESPOSTA AO ORTOSTATISMO E RELAÇÃO COM A ANTROPOMETRIA, COMPOSIÇÃO CORPORAL E PRESSÃO ARTERIAL Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Saúde e Nutrição da Universidade Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Nutrição, área de concentração: Saúde Coletiva. Orientadora: Profa. Dra. Gabriela Guerra Leal de Souza Coorientadora: Profa. Dra. Maria Lílian Sales Ouro Preto, MG Fevereiro, 2014 M781v Monteze, Nayara Mussi. Variabilidade da frequência cardíaca em trabalhadores de turno [manuscrito] resposta ao ortostatiso e relação com a antropometria, composição corporal e pressão arterial / Nayara Mussi Monteze - 2014. 64 f.; il.; tab.; fig. Orientadora: Profª Drª. Gabriela Guerra Leal de Souza. Coorientadora: Profª Drª Maria Lilian Sales. Dissertação (Mestrado)[email protected] - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Catalogação: Nutrição. Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. Área de concentração: Nutrição em Saúde Coletiva 1. Trabalho noturno - Teses. 2. Saúde e trabalho - Teses. 3. Pressão arterial - Teses. 4. Antropometria – Teses. I. Souza, Gabriela Guerra Leal de. II. Sales, Maria Lilian. III. Universidade Federal de Ouro Preto. IV. Título. Dedico esse trabalho aos meus pais, João Batista e Mércia Maria, minhas irmãs, Nathália e Thaiana, e minha avó, Aparecida, por serem o alicerce de minha vida, os exemplos que a vida me deu do que é o amor, o respeito e a confiança. II AGRADECIMENTOS À Deus, força que me protege e me ilumina em todos os momentos da minha vida. Aos meus pais, João Batista Monteze e Mércia Maria Mussi Monteze, pelo apoio, torcida e confiança em todas as etapas de minha vida. Bases da minha vida. As minhas irmãs, Nathália e Thaiana, pela amizade e confiança incomparáveis. A minha avó, Aparecida, pelas orações, pelo amor e torcida para que meu objetivo seja sempre alcançado. À UFOP, pela oportunidade da realização desse trabalho, pelo conhecimento e pela concessão desse título. À excelente equipe do Laboratório de Psicofisiologia, Roberta Alvares, Juliane do Espírito Santo, Heraldo Diones, Breno Bernardes de Souza, Lincoln Assunção e Lunara Freitas pela amizade e confiança e pelos conhecimentos adquiridos e compartilhados. Vocês foram fundamentais. À CAPES, pelo financiamento da bolsa do mestrado. As minhas orientadoras, Gabriela Guerra e Lílian Sales, pela excelente orientação e dedicação dispensadas a mim para realização deste trabalho. Ao José Magalhães, pela ajuda indispensável nas análises dos eletrocardiogramas. Ao Fernando Luiz Pereira e aos graduandos de Estatística, Henrique José de Paula, Gilberto e Gabriela, pelo suporte nas análises estatísticas. À Silvia do Nascimento Freitas, coordenadora do programa, pelos conhecimentos adquiridos nas reuniões e pelos esforços para a excelência do programa. Ao professor Raimundo Marques, pela oportunidade de desenvolver o trabalho. À Cristina de Oliveira Lisboa, por todo o suporte e apoio durante todas as etapas do estudo e pela amizade. III Aos trabalhadores integrantes do estudo, que mesmo diante de grandes dificuldades no trabalho estiveram presentes e pacientes frente a todas as etapas da pesquisa. À turma do mestrado, pela amizade e troca de experiências. À banca examinadora, Leonardo Máximo e Ana Carolina Pinheiro Volp, pelo tempo dispensado à apresentação deste trabalho e pelas sugestões fundamentais para a melhoria do mesmo. E a todos que contribuíram de alguma forma para a realização deste estudo. Wheresoever you go, go with all your heart. Confucius IV RESUMO Introdução: A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) tem sido utilizada para avaliar a atividade do sistema nervoso autônomo sobre o coração de forma não-invasiva e está diretamente relacionada com índices de saúde. Objetivo: Avaliar a adequação da resposta autonômica cardíaca à mudança postural em trabalhadores de turno alternante e a influência dos fatores idade, pressão arterial, medidas antropométricas e de composição corporal na VFC. Metodologia: Estudo transversal realizado com 438 trabalhadores de turno de uma mineradora, do sexo masculino e com idade entre 18 e 54 anos. Foram coletadas medidas antropométricas [peso, altura, índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), circunferência do pescoço (CP), circunferência do quadril, relação cintura/quadril (RCQ) e relação cintura/estatura (RCEst)], de composição corporal [gordura corporal total em massa (GCkg) e percentual (GC%) e área de gordura visceral (GV)] e variáveis clínicas [pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD)]. Foi registrado o eletrocardiograma (ECG) durante 3 minutos em posição supina e 3 minutos em posição ortostática, extraindo, a partir dele, os componentes da VFC, tais como, frequência cardíaca (FC), raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças entre os intervalos RR adjacentes (RMSSD), high frequency (HF), low frequency (LF) e razão LF/HF. Resultados: Houve redução do HF e do RMSSD, e aumento da FC, LF e LF/HF na posição ortostática em relação à supina. Valores medianos superiores aos de referência foram encontrados para o IMC, CC, RC/Est, GV, PAS. Todas as variáveis, com exceção da idade, apresentaram correlação positiva com a FC. Todas as variáveis, com exceção da %GC, apresentaram correlação negativa com o RMSSD e HF. A idade e as variáveis antropométricas apresentaram correlação negativa com o LF. O modelo final de regressão mostrou que a idade, CC, GV e PAS permaneceram associadas com os componentes da VFC. Conclusão: A resposta autonômica cardíaca à mudança postural foi adequada. Trabalhadores de turno alternante apresentam alterações antropométricas, de composição corporal e clínicas em relação aos valores de referência. Idade, obesidade corporal e pressão arterial estão relacionadas à redução da VFC total. Palavras chave: trabalhadores de turno, variabilidade da frequência cardíaca, composição corporal, antropometria, índices de obesidade. V ABSTRACT Introduction: Heart rate variability (HRV) has been used to assess activity of the autonomic nervous system on the heart in a non-invasive manner, and it has a direct relationship with health indicators. Aim: To assess the adequacy of the cardiac autonomic response to postural changes in rotating shift workers and the influence of factors, such as age, arterial pressure, anthropometric and body composition measures, on HRV. Methods: Cross-sectional study that included 438 male individuals aged 18 to 54 years who worked shifts at a mining company. Data on anthropometric measures [weight, height, body mass index (BMI), waist circumference (WC), neck circumference (NC), hip circumference, waist-to-hip ratio (WHR) and waist-to-height ratio (WHtR)], body composition parameters [total body fat mass (BFkg), total body fat percentage (BF%) and visceral fat area (VFA)] and clinical variables [systolic (SBP) and diastolic (DBP) blood pressure] were collected. An electrocardiogram (ECG) was recorded for three minutes in the supine and three minutes in the orthostatic position. The ECG was used to extract HRV components, namely heart rate (HR), the square root of the mean squared differences of successive NN intervals (RMSSD), high-frequency component (HF), low-frequency component (LF) and LF/HF ratio. Results: HF and RMSSD decreased, and HR, LF and LF/HF increased in the orthostatic position compared to the supine position. The median values of BMI, WC, WHtR, VFA and SBP were higher than the reference values. All the investigated variables exhibited positive correlations with HR except for age. All the investigated variables exhibited negative correlations with RMSSD and HF, except for BF%. Age and anthropometric variables exhibited negative correlations with LF. In the final regression model, age, WC, VFA and SBP remained associated with HRV components. Discussion/Conclusion: The cardiac autonomic response to postural change was adequate. The rotating shift workers exhibited alterations in anthropometric, body composition and clinical variables compared to reference values. Age, obesity and blood pressure were associated with a reduction in total HRV. Keywords: shift workers, heart rate variability, body composition, anthropometry, obesity indices. VI SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................1 2. REVISÃO DA LITERATURA ...........................................................................................4 2.1 Coração e sistema nervoso autônomo ..........................................................................4 2.2 Variabilidade da frequência cardíaca e doenças ..........................................................8 2.3 Variabilidade da frequência cardíaca e medidas antropométricas e de composição corporal ............................................................................................................10 2.4 Variabilidade da frequência cardíaca em trabalhadores de turno ..............................13 3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO ........................................................16 4. OBJETIVOS ......................................................................................................................17 5. 4.1 Objetivo geral .............................................................................................................17 4.2 Objetivos específicos .................................................................................................17 METODOLOGIA..............................................................................................................18 5.1 Desenho e população do estudo .................................................................................18 5.2 Coleta de dados ..........................................................................................................19 5.2.1 Pressão arterial .......................................................................................... 20 5.2.2 Medidas antropométricas .......................................................................... 20 5.2.3 Medidas de composição corporal ............................................................. 22 5.2.4 Coleta do eletrocardiograma (ECG) ......................................................... 23 5.3 Análise estatística .......................................................................................................25 6. ARTIGO ............................................................................................................................26 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................43 ANEXO I: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............................49 ANEXO II: CARTA DE APROVAÇÃO DO PROJETO PELO COMITÊ DE ÉTICA..........51 VII LISTA DE FIGURAS Figura 1: Intervalo do tacograma com valores de 246 consecutivos intervalos RR em um indivíduo saudável em repouso.........................................................................................2 Figura 2: Gráfico de densidade de potência espectral. Frequência central do VLF, LF e HF......................................................................................................................................2 Figura 3: Fluxograma do processo de amostragem.........................................................18 Figura 4: Posicionamento dos eletrodos para a coleta das derivações bipolares periféricas (1ª, 2ª e 3ª derivações) e das derivações unipolares periféricas do eletrocardiograma. Lado direito do corpo: cor vermelha e preta, respectivamente no pulso e tornozelo. Lado esquerdo do corpo: cor verde e amarela, respectivamente no pulso e tornozelo..............................................................................................................23 Figura 5: Posicionamento dos eletrodos para a coleta das derivações precordiais ou torácicas (V1-V6). A posição V1 é localizada no 4º espaço intercostal à direita do esterno e as demais são lateralizadas à esquerda até a parte lateral do tronco................24 VIII LISTA DE TABELAS Tabela 1: Turno e horário de trabalho.............................................................................19 Tabela 2: Média das variáveis cardíacas segundo métodos de análise pelo domínio do tempo e da frequência, em indivíduos adultos saudáveis do sexo masculino.................24 IX LISTA DE ABREVIATURAS bpm – Batimentos por minuto CC – Circunferência da cintura CP – Circunferência do pescoço CQ – Circunferência do quadril DCV – Doenças cardiovasculares FC – Frequência cardíaca GC% – Percentual de gordura corporal total GCkg – Massa de gordura corporal GVarea – Área de gordura visceral HAS – Hipertensão arterial sistêmica HF – High frequency (alta frequência) IMC – Índice de massa corporal Intervalo RR – Intervalo entre duas despolarizações ventriculares (ondas R) do eletrocardiograma kg – Quilogramas LF – Low frequency (baixa frequência) m – Metros ms - Milisegundos ms² - Milisegundos ao quadrado mmHg – Milímetro de mercúrio PAD – Pressão arterial diastólica PAS – Pressão arterial sistólica Razão LF/HF – Razão entre baixa frequência/alta frequência RC/Est – Relação cintura-estatura RCQ – Relação cintura-quadril RMSSD – Raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças entre os intervalos RR. SNA – Sistema nervoso autônomo SNAp – Sistema nervoso autônomo parassimpático SNAs – Sistema nervoso autônomo simpático VFC – Variabilidade da frequência cardíaca X 1. INTRODUÇÃO O sistema nervoso autônomo (SNA) exerce influência sobre o coração dependente de informações provindas de diversos sistemas, como o respiratório, vasomotor, termorregulador, entre outros, que modulam a atuação simpática e parassimpática (1). O sistema nervoso parassimpático exerce sua atuação por meio do nervo vago e de seu neurotransmissor acetilcolina, diminuindo a frequência cardíaca (FC) e o sistema nervoso simpático age por meio do estímulo do nervo simpático e liberação do neurotransmissor noradrenalina, aumentando a frequência cardíaca e a força de contração do coração (2). Dentre os inúmeros métodos validados que avaliam a atuação do SNA sobre o coração, técnicas não invasivas, baseadas no eletrocardiograma (ECG), têm sido preferíveis e amplamente utilizadas. Dentre essas técnicas, destaca-se a análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC). A VFC, definida como o conjunto de oscilações periódicas e nãoperiódicas, normais e esperadas, dos batimentos cardíacos, caracterizada como uma ferramenta não-invasiva, simples e de fácil aplicação, fornece índices que representam a atuação dos ramos simpático e parassimpático do SNA sobre o coração, obtidos por métodos lineares, nos domínios do tempo e da frequência (3). A análise da VFC no do domínio do tempo é a mais simples de determinar e permite a obtenção dos parâmetros através da avaliação da variabilidade dos intervalos entre os batimentos cardíacos consecutivos (intervalo RR) ao longo do tempo, sendo o mais comum, a raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças entre os intervalos RR (RMSSD) (4). O método do domínio da frequência consiste em um método espectral que decompõe o tacograma (gráfico de intervalo RR X batimentos cardíacos – Figura 1) nas várias frequências espectrais pré-estabelecidas com seus respectivos pesos de contribuição para o sinal (Figura 2), gerando, desta forma, um gráfico de densidade de potência espectral em função da frequência. Este gráfico possui os componentes espectrais de muito baixa frequência (very low frequency - VLF), baixa frequência (low frequency - LF) e alta frequência (high frequency - HF). Os componentes LF e HF são utilizados para calcular a razão LF/HF. Figura 1: Intervalo do tacograma com valores de 246 consecutivos intervalos RR em um indivíduo saudável em repouso (4). Figura 2: Gráfico de densidade de potência espectral. Frequência central do VLF, LF e HF (4). Os componentes RMSSD e HF estão bem estabelecidos como sendo a expressão da modulação vagal cardíaca (atividade parassimpática) (5-7). Já o componente LF tem sua interpretação controversa. Alguns autores defendem a ideia de ser uma mistura da atividade vagal parassimpática e função baroreflexa (8, 9), outros suportam ser o LF a representação da 2 atividade simpática, parassimpática e função do barorreflexo (10, 11) e há também aqueles que afirmam refletir a atividade simpática e parassimpática, com maior atuação da simpática (12, 13). A adiposidade corporal aumentada é uma forte preditora de disfunções metabólicas e de risco cardiovascular como obesidade central, resistência insulínica e dislipidemias (14, 15). Medidas como índice de massa corporal (IMC) (16, 17), circunferência da cintura (CC) (16, 17), circunferência do pescoço (CP) (18, 19), relação cintura/quadril (RCQ) (17, 20), relação cintura/estatura (RC/Est) (21, 22) e gordura corporal (GC) (23, 24) têm sido utilizadas em diversos estudos, confirmando a relação negativa que elas apresentam com a qualidade de vida e estado geral de saúde. Componentes vagais (atividade parassimpática) reduzidos estão sendo associados a um maior risco de doenças cardiovasculares (DCV) e de mortalidade cardíaca por todas as causas, assim como a uma pior qualidade de vida. Estudos mostram que hiperglicemia (25, 26), hipertensão arterial sistêmica (27), dislipidemias (28) e adiposidade corporal (29) são condições associadas com a redução dos componentes vagais relacionados à VFC. Dessa forma, os componentes vagais da VFC estão sendo considerados importantes indicadores do estado de saúde e fatores prognósticos e influenciadores de morbidade e mortalidade cardiovascular (6, 30). O trabalho em sistema de turno, segundo Tufik et al. (31), é definido como um esquema de trabalho em uma hora incomum do dia, no intuito de manter a produtividade e atendimento à demanda por 24 horas. Estudos indicam que as mudanças nos ritmos fisiológicos, comportamentais e psicológicos expõem esses trabalhadores a um risco maior para o desenvolvimento de DCV, confirmado pelas altas prevalências de obesidade, hipertensão, dislipidemias e diabetes observadas nesses indivíduos (32-34). No entanto, pouco se sabe a respeito da preservação da função autonômica cardíaca desses trabalhadores e qual a influência dessas alterações de saúde sobre a saúde cardiovascular dos trabalhadores de turno brasileiros. Diante do exposto, a análise da VFC é considerada uma ferramenta de grande utilidade clínica, devido à importância que apresenta na relação com fatores de risco para doenças cardiovasculares. E, partindo do conhecimento de que trabalhadores de turno são vulneráveis ao desenvolvimento de determinadas doenças, a análise da VFC nesse grupo específico tornase ainda mais relevante, a fim de determinar a relação entre as possíveis alterações no controle cardiovascular e os fatores de risco cardiovasculares que esses indivíduos apresentam. 3 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Coração e sistema nervoso autônomo O coração é capaz de regular seu ritmo intrinsecamente, promover condução dos estímulos intra-cardíacos e ter contratilidade, entretanto, possui também todas essas funções amplamente moduladas pelo sistema nervoso autônomo (SNA) (3). A influência do SNA sobre o coração é dependente de informações que partem de mecanorreceptores (como os barorreceptores e os receptores cardiopulmonares), quimiorreceptores (como os aórticos, carotídeos e ventriculares), informações provindas do sistema respiratório, sistema vasomotor, sistema renina-angiotensina-aldosterona, sistema termorregulador e de centros superiores como hipotálamo e amígdala. Todas estas informações alcançam os centros bulbares cardiovasculares, os quais modulam a via simpática e a via parassimpática atuante sobre o coração (1). As fibras pré-ganglionares parassimpáticas cardíacas são fibras vagais que se originam em núcleos bulbares, atingindo, após realizarem sinapse com as fibras pós-ganglionares (localizadas próximo ou internamente à parede do órgão), os nódulos sinusal e atrioventricular, a musculatura atrial e ventricular (35). Com a estimulação do SNA parassimpático, ocorre liberação de acetilcolina, a qual reduz a frequência de disparo do nodo sinusal, levando a uma diminuição do débito cardíaco e, consequentemente, uma diminuição da pressão arterial (36). As fibras pré-ganglionares simpáticas cardíacas se originam da medula espinal torácica, atingindo, após realizarem sinapse com as fibras pós-ganglionares nos gânglios paravertebrais, todas as porções do coração. Com a estimulação do SNA simpático, ocorre liberação de norepinefrina, elevando a frequência de disparo do nodo sinusal, a velocidade de condução elétrica, a excitabilidade e a força de contração em todas as porções do coração. Com isso, o débito cardíaco e a pressão de ejeção aumentam, contribuindo para um aumento da pressão arterial (35). Esses dois ramos têm diferentes mecanismos de sinalização com diferentes cursos temporais. A influência simpática sobre o coração, mediada pela norepinefrina, possui um curso lento de ação. Aumentos na FC decorrentes da ativação simpática ocorrem lentamente com pico do efeito observado após cerca de 4 segundos e retorno à linha de base ocorrendo após cerca de 20 segundos. Em contraste, a modulação parassimpática sobre o coração, 4 mediada pela acetilcolina, tem latência de resposta muito curta com pico do efeito dentro de 0,5 segundos e retorno à linha de base dentro de 1 segundo. Desta forma, as variações da FC são determinadas pela integração entre a modulação lenta e rápida dos ramos simpático e parassimpático, respectivamente (30, 37). A arritmia sinusal respiratória (ASR) ou variabilidade da frequência cardíaca (VFC) é caracterizada pela sincronização dos batimentos cardíacos com o ciclo respiratório. Durante a inspiração, há uma diminuição dos intervalos entre os batimentos cardíacos (taquicardia), e durante a expiração há um aumento dos intervalos (bradicardia). Essa variação ao longo dos ciclos respiratórios pode ser explicada pela atividade fásica dos ramos simpático ou parassimpático sobre o coração (1, 4, 38). A VFC pode ser medida através do registro do eletrocardiograma (ECG). Esse é um método simples, não invasivo e capaz de avaliar a atividade dos ramos simpático e parassimpático sobre o coração (3). O ECG é representado pelas ondas P, Q, R, S e T. A excitação cardíaca inicia-se com um impulso gerado no nodo sinusal, o qual é distribuído pelo sincício atrial, resultando na despolarização dos átrios, representada no ECG pela onda P. Este impulso segue pelas vias internodais, atingindo o nodo atrioventricular. A condução do nodo atrioventricular para os ventrículos é feita pelo feixe atrioventricular e pelas fibras de Purkinje, resultando na despolarização ventricular, a qual no ECG é representada pelas ondas Q, R e S, formando o complexo QRS. O intervalo entre duas despolarizações ventriculares é denominado intervalo RR. A repolarização ventricular é representada pela onda T (39). De acordo com a Sociedade Europeia de Cardiologia e a Sociedade Norte Americana de Eletrofisiologia (4), a VFC pode ser avaliada através de métodos do domínio da frequência e do domínio do tempo. O método de domínio da frequência é um método que utiliza a análise espectral do tacograma (gráfico de intervalo RR X batimentos cardíacos) para extrair o peso da contribuição das variações de diversas frequências. Essa análise é capaz de decompor o tacograma em diversos componentes, conforme a frequência, sendo eles: - Componente de Alta Frequência (High Frequency - HF); variação de alta frequência (0,15 a 0,4Hz) no ritmo cardíaco, que corresponde à modulação respiratória e indica a atuação do SNA parassimpático no coração. - Componente de Baixa Frequência (Low Frequency - LF); variação de baixa frequência (0,04 a 0,15Hz) no ritmo cardíaco, que representa a ação do SNA simpático e SNA parassimpático sobre o coração, possivelmente refletindo a sensibilidade barorreflexa. 5 Alguns autores utilizam a razão LF/HF como um índice que representa o balanço simpato-vagal. - Componentes de Muito Baixa Frequência (Very Low Frequency - VLF); variação de muito baixa frequência (0,003 a 0,04 Hz) no ritmo cardíaco. É um componente muito pouco estudado e parece representar os ciclos termorregulatórios ou atividade da renina. - Componente de Ultrabaixa Frequência (Ultra Low Frequency - ULF); variação extremamente lenta (menor que 0,0003 Hz) no ritmo cardíaco. Também é um componente muito pouco estudado. Surge apenas em registros de longa duração e parece refletir os ritmos neuroendócrinos e circadianos. O método domínio do tempo é mais simples de determinar. Em uma gravação contínua do ECG, cada complexo QRS é detectado e então chamado de intervalos RR ou frequência cardíaca instantânea. Através deste método, medidas estatísticas podem ser calculadas derivadas diretamente dos intervalos RR ou das diferenças entre os intervalos RR (4). A análise da VFC através de métodos do domínio do tempo fornece os seguintes parâmetros: - SDNN - desvio padrão (em milissegundos - ms) de todos os intervalos entre as ondas RR do eletrocardiograma. É um índice que representa a variabilidade geral da VFC. Reflete todos os componentes de longa duração e ritmos circadianos. - RMSSD - raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças entre os intervalos RR adjacentes em um intervalo de tempo. É um componente de curta duração da VFC, que representa a atividade do nervo vago (SNA parassimpático). - SDNNi - média dos desvios padrões de todos os intervalos entre as ondas RR do eletrocardiograma de cada segmento de 5 minutos calculados ao longo de várias horas. Reflete a variação dos ciclos mais curtos que 5 minutos. - SDANN - desvio padrão das médias dos intervalos RR de cada segmento de 5 minutos calculados ao longo de várias horas. Reflete as variações devido a ciclos mais longos que 5 minutos. A atuação do RMSSD e HF como representantes da atividade parassimpática está bem estabelecida (5-7), porém o papel do componente LF e, consequentemente, do LF/HF ainda permanece obscuro. Alguns autores defendem a ideia do componente LF como sendo a 6 representação da função baroreflexa (8, 9), outros acreditam ser o LF uma mistura da atividade simpática, parassimpática e função baroreflexa (10, 11), enquanto outros acreditam que o LF representa principalmente a modulação do tônus simpático (12, 13). Os pressupostos que defendem a ideia do LF expressar a sensibilidade do baroreflexo são baseados em evidências que comprovam a ausência de correlação entre o LF e outras medidas validadas de controle cardíaco simpático, como níveis plasmáticos de epinefrina e spillover de norepinefrina cardíaco, aumento do HF e LF após uso de medicamentos que aumentam o tônus vagal cardíaco e a similaridade dos valores de LF em pacientes com desnervação simpática cardíaca e com sensibilidade baroreflexa normal (8, 10, 11, 40). A função da VFC ainda não está totalmente elucidada. Hayano e Yasuma (41) propuseram que seu papel seria melhorar a eficiência das trocas gasosas pulmonares através da sincronização da ventilação alveolar com a perfusão capilar durante o ciclo respiratório. Eles sugerem que em repouso, a ASR de humanos e animais poderia poupar energia cardíaca e respiratória através da supressão de batimentos cardíacos desnecessários durante a expiração e da supressão de ventilação ineficiente durante a fase de perfusão diminuída que ocorre durante a inspiração. Fatores de risco cardiovasculares como hiperglicemia, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemias e elevada circunferência da cintura estão sendo estudados como possíveis condições associadas com a redução dos componentes vagais relacionados à VFC (26, 29). Os componentes vagais reduzidos estão associados a um maior risco de DCV e de todas as causas de mortalidade cardíaca e a uma pior qualidade de vida. Dessa forma, tais componentes tornam-se importantes indicadores do estado de saúde e fatores prognósticos e influenciadores de morbidade e mortalidade cardiovascular (6, 30). A avaliação da VFC também tem sido realizada para avaliar a adequação da resposta autonômica ao ortostatismo durante manobras de mudanças posturais (42), a postura ortostática provoca uma ativação progressiva do SNA simpático, enquanto na posição supina, o parassimpático é o mais prevalente. Estudo realizado por Piccirillo et al. (43), comparando as diferenças das medidas cardíacas na posição supina e ortostática em 3 grupos de diferentes faixas etárias (menos de 44 anos, entre 44 e 64 anos e maior que 64 anos), constatou, em todos os grupos, que na posição ortostática houve um aumento do componente LF e da razão LF/HF e uma redução do HF. Montano et al. (44) demonstraram que a inclinação do tilt (cama ortostática que pode ser regulada automaticamente para modificar a posição do indivíduo desde 0º - deitado em posição supina até 90º - em ortostatismo) interfere na redução 7 ou aumento dos componentes da VFC, sendo que na inclinação de 90º foi observado aumento do LF e redução do HF. A análise da VFC, portanto, é uma ferramenta essencial em estudos que propõem avaliar os fatores que interferem na saúde cardiovascular, devido principalmente à rapidez na aferição, simplicidade metodológica e sua relação com os fatores de risco cardiovasculares. 2.2 Variabilidade da frequência cardíaca e doenças A desregulação autonômica pode reduzir a adaptabilidade do sistema cardiovascular às mudanças no ambiente interno e externo, aumentando o risco para diversas doenças (45). A baixa VFC tem sido extensamente utilizada em estudos clínicos tanto em pacientes com DCV quanto na população saudável a fim de analisar os diversos fatores envolvidos na fisiopatologia e nas complicações de tais eventos (7, 46, 47). Estes estudos têm demonstrado que a presença de uma alta atividade vagal em repouso, representa um marcador biológico de boa saúde e de boa regulação. Por outro lado, a atividade vagal diminuída tem sido associada a um maior risco de morbidade e mortalidade, sendo estes efeitos independentes dos fatores de risco tradicionais (obesidade, fumo, entre outros) (6, 7). Avaliando o efeito do tabagismo no SNA, Alyan et al. (13) encontraram em indivíduos fumantes valores reduzidos dos componentes RMSSD e HF e aumentados dos componentes LF e LF/HF, em relação aos indivíduos não fumantes, indicando que o hábito de fumar exerce uma influência negativa na modulação vagal cardíaca. Avaliando o efeito simultâneo da hipertensão e obesidade no SNA, Grassi et al. (27) constataram um aumento da atividade simpática e maior comprometimento no controle barorreflexo cardiovascular em indivíduos obesos normotensos e eutróficos hipertensos quando comparados com os normotensos com peso adequado, e que esse efeito aumentava na presença de ambas condições adversas em um mesmo indivíduo. A hipertensão também esteve associada à VFC em estudo realizado por Singh et al. (47), no qual encontraram que a VFC foi significantemente menor em homens e mulheres hipertensos. Após o ajuste para os fatores associados com a hipertensão, a análise revelou que o LF esteve associado com a incidência de hipertensão nos homens e concluíram que entre homens normotensos, uma menor VFC foi associada com aumento do risco para desenvolver hipertensão, corroborando a hipótese da presença de uma desregulação autonômica no estágio inicial da hipertensão. 8 Segundo Khoo (48), um fator comum na obesidade, apneia do sono e resistência insulínica é a disfunção do SNA, particularmente a hipoatividade parassimpática. Laitinen et al. (25) encontraram, em indivíduos intolerantes à glicose, que a disfunção parassimpática estava mais presente naqueles de mais idade, obesos e com elevada concentração de triacilgliceróis plasmáticos e Peltier et al (2012)(26) observaram que pacientes com apneia obstrutiva do sono e hiperglicemia leve apresentaram tendência para uma menor VFC, representada pela redução dos componentes parassimpáticos. Alterações metabólicas também exercem grande influência na expressão dos componentes da VFC. Jarczok et al. (49) constataram associação negativa dos componentes da VFC estudados (HF, LF, RMSSD, SDNN) com os componentes da síndrome metabólica, representados pelos triglicérides, glicose sanguínea, circunferência de cintura (CC), pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) e lipoproteínas de alta densidade (HDL). Os autores também demonstraram que, mesmo após o controle das variáveis que caracterizam a síndrome metabólica, os componentes da VFC permaneceram influenciando a glicose sanguínea, comprovando ser a alteração da VFC mais um fator de risco para elevação da glicose sanguínea. A presença concomitante de distúrbios metabólicos como hipertensão, diabetes e dislipidemia tem sido associada com medidas da VFC. Liao et al. (50) avaliaram a influência de tais distúrbios na redução da atividade do SNA e observaram que os componentes parassimpáticos da VFC foram significativamente menores no grupo portador das três desordens metabólicas ao comparar com o grupo saudável e que um pequeno aumento na insulina plasmática foi associado com um aumento de 88% do risco para redução do componente que mede a atividade vagal. Resultados semelhantes foram encontrados por Koskinen et al. (28), nos quais relataram associação entre presença de distúrbios metabólicos e menor HF e LF e maior LF/HF, concluindo que desordens metabólicas estão associadas com menor VFC, expressas pela hiperatividade simpática e hipoatividade parassimpática. Outro estudo investigando a relação entre síndrome metabólica e função autonômica cardíaca foi realizado por Soares-Miranda et al. (51). Neste estudo, os componentes da síndrome metabólica (CC, PAS, triacilgliceróis, glicose e proteína C-reativa) se associaram negativamente com os componentes da VFC (SDNN, RMSSD e HF) e positivamente com a FC. Em uma revisão de literatura, Cambri et al. (30) afirmaram que fatores de riscos cardiovasculares como excesso da massa e de gordura corporal, hiperglicemia, 9 hipersinsulinemia, elevação nos níveis de colesterol total, triglicerídeos, lipoproteínas de baixa densidade (LDL), PAS e PAD, assim como redução nos níveis de HDL estão associados com a redução da VFC em repouso, sobretudo em obesos e indivíduos diabéticos. Associando a função do SNA com a incidência de diabetes, Carnethon et al. (52) afirmaram que a redução da FC e o aumento da VFC estiveram associados a um menor risco para o desenvolvimento de diabetes e que o único índice associado significativamente com a incidência de diabetes, após o ajuste para fatores demográficos e ganho de peso, foi a FC inicial. Os componentes da VFC estiveram associados com o risco de eventos cardíacos (doença coronariana cardíaca ou falência congestiva) após o ajuste para idade, sexo e fatores de risco clínicos (consumo de álcool e café, tabagismo, diabetes, hipertrofia ventricular esquerda e HDL colesterol) em estudo realizado por Tsuji et al. (46). Avaliando 2501 homens e mulheres livres de doença cardíaca clinicamente aparente, esses autores concluíram que, a redução da VFC predizia o aumento do risco de eventos cardíacos subsequentes, afirmando a implicação prognóstica da alteração da VFC. Portanto, a atividade do sistema nervoso autônomo no coração, que pode ser medida pela variabilidade da frequência cardíaca, exerce uma influência direta e essencial para a manutenção do estado de saúde do individuo, sendo que qualquer desequilíbrio deste estado normal pode aumentar o risco de morbidade e mortalidade cardiovascular. 2.3 Variabilidade da frequência cardíaca e medidas antropométricas e de composição corporal A obesidade abdominal está associada com aumento da morbidade e mortalidade, independente da idade, raça e sexo. O acúmulo de gordura na região abdominal, medida pela circunferência da cintura (CC) e percentagem de gordura corporal total (%GC) tem se mostrado um fator de risco mais preditivo para a doença cardiovascular e para o diabetes tipo II, do que a massa corporal total, indicada pelo Índice de Massa Corporal (IMC) (12, 53). A associação entre CC e risco metabólico pode ser explicada, em parte, pela estreita relação entre tal medida e a adiposidade visceral, preditor independente para dislipidemia, resistência insulínica e diabetes tipo II (53, 54). A fim de investigar a associação entre os índices de obesidade, principalmente IMC e CC, e análise da VFC em homens e mulheres adultos, Chen et al. (12) encontraram que o peso 10 corporal, CC e relação cintura/quadril (RCQ) estiveram relacionados positivamente com o LF e LF/HF e negativamente com o HF, enquanto que o IMC não apresentou tal correlação, sugerindo que a obesidade abdominal (medida pela CC), mais do que a obesidade total (expressa pelo IMC) prediz melhor o risco para DCV e possui uma relação mais estreita com as medidas que avaliam a função autonômica cardíaca. A relação entre VFC e adiposidade central e total também foi determinada em estudo realizado por Windham et al. (55), no qual encontraram uma associação inversa entre adiposidade central, medida pela CC, e o componente parassimpático RMSSD. Os autores não encontraram relação entre a adiposidade total, medida pelo IMC, e os componentes da VFC. Outro estudo que confirmou a relação entre índices de obesidade e parâmetros da VFC foi realizado por Andrew et al. (56). Neste estudo, os autores analisaram a associação entre adiposidade, massa corporal magra e atividade física com a VFC e encontraram que altos níveis de atividade física e da quantidade de massa magra e baixos níveis dos marcadores de adiposidade central (CC e %GC) são preditores da alta VFC em uma população de policiais. Estudando a disfunção cardíaca autonômica na obesidade, Laitinen et al. (25) encontraram que a disfunção parassimpática se associou positivamente com idade, CC, RCQ e IMC, sendo a medida da CC a que esteve mais relacionada, afirmando que a obesidade abdominal é uma importante preditora para a patogênese da disfunção autonômica cardíaca. Um outro estudo sobre a relação entre os índices da VFC e obesidade foi realizado por Ferrante (57), no qual, ao avaliar os índices de VFC em jovens obesos, encontrou valores médios estatisticamente menores dos componentes RMSSD, LF e HF ao comparar com o grupo com peso normal, concluindo que há um decréscimo da atuação vagal com o excesso de peso corporal. Analisando a relação entre adiposidade e função do SNA, medida pela VFC, em meninas (idade entre 8 e 16 anos) com sobrepeso e obesas, Soares-Miranda et al. (58) constataram no grupo com obesidade (média de peso, CC, RCQ, IMC, GC total e gordura central maiores que do grupo controle) maiores valores de LF e da razão LF/HF e menores do HF, sugerindo hiperatividade simpática e hipoatividade parassimpática na presença de obesidade em crianças e adolescentes do sexo feminino. Resultados semelhantes foram encontrados por Ancona et al. (59), em estudo no qual observaram maiores valores dos componentes RMSSD e HF nas crianças eutróficas e maiores valores da FC e da razão LF/HF nas crianças obesas ao comparar um grupo com o outro. 11 Ao estudar 97 homens com obesidade abdominal (diagnosticada através de valores elevados do IMC, CC, %GC e adiposidade visceral) não diabéticos e sem uso de medicamentos, Poliakova et al. (60) encontraram correlação negativa entre o IMC e o componente da VFC SDANN e entre a CC e os componentes SDNN, RMSSD e HF. A %GC mostrou-se associada negativamente com o RMSSD, HF e LF. A área de gordura visceral (GVa) apresentou correlação negativa com o SDNN, RMSSD, HF e LF. No entanto, após analisar cada índice de obesidade separadamente, controlando o efeito dos outros índices, o IMC não mostrou relação com nenhum componente da VFC, a CC permaneceu associada apenas com o SDNN, e a GVa com o SDNN e LF. Apenas a %GC manteve a associação com todos os parâmetros analisados mesmo após o controle (RMSSD, HF e LF). Os autores concluem, portanto, que a %GC é o melhor índice de obesidade para predizer alterações nos parâmetros da VFC. Determinando diferenças na função vagal cardíaca em homens não obesos (IMC < 30kg/m2), porém com características antropométricas desfavoráveis, como alta %GC e elevada CC, Ramos e Araújo (29) observaram menor tônus vagal naqueles indivíduos com maior IMC, maior somatório das pregas cutâneas (medida da GC total) e maior CC, concluindo que, mesmo na ausência do diagnóstico de obesidade, indivíduos com excesso de gordura abdominal e total podem apresentar disfunção autonômica pela redução do tônus vagal cardíaco e maior risco para DCV. Avaliando o impacto de um programa de perda de peso (protocolo de exercício físico semanal e instruções dietéticas individualizadas) na VFC de indivíduos obesos com boa função cardiopulmonar, Nagashima et al. (61) observaram, após 3 meses de seguimento do programa de perda de peso, uma redução significativa da frequência cardíaca no estado de recuperação pós exercício, e que tal alteração esteve positivamente correlacionada com as reduções observadas no peso corporal, IMC, %GC, CC, FC em repouso, gordura subcutânea e GVa. Resultados semelhantes foram encontrados por Brinkworth et al. (62), em estudo no qual também observaram que a recuperação da FC após um programa de exercício físico esteve significantemente associada com a redução do peso corporal, IMC, CC, glicose sanguínea e triacilgliceróis séricos. Estes resultados sugerem que a redução da obesidade corporal melhora consideravelmente a função cardíaca do indivíduo e reduz os fatores de risco cardiovasculares e metabólicos. A circunferência do pescoço (CP) também vem sendo estudada devido à facilidade de obtenção da medida, baixo custo e alta correlação com o risco para DCV (63). Ballentine 12 (64), pesquisando homens e mulheres com diagnóstico de apneia obstrutiva do sono e investigando a relação desta síndrome com a modulação autonômica e medidas antropométricas, observou que indivíduos com menor peso, IMC e CP tiveram maior influência da atividade parassimpática, medida pelo componente HF. A presença de obesidade abdominal, medida por meio da circunferência da cintura, porcentagem de gordura corporal, área de gordura visceral e circunferência do pescoço, vem sendo fortemente correlacionada com os componentes da modulação autonômica cardíaca, o que nem sempre é observado para a obesidade total avaliada apenas com o IMC. Estudos que investiguem a relação, tanto da obesidade abdominal quanto da obesidade total no risco para DCV e redução da VFC, principalmente da redução dos componentes que refletem a atividade parassimpática, devem ser explorados, a fim de detectar intervenções terapêuticas adequadas. 2.4 Variabilidade da frequência cardíaca em trabalhadores de turno Trabalho de turno, segundo Tufik et al. (31), é definido como um esquema de trabalho em uma hora incomum do dia, no intuito de manter a produtividade e atendimento à demanda por 24 horas. Pode ser classificado em “rotativo ou alternante”, quando as horas de trabalho alteram (turno de manhã, tarde e noite) ou “permanente”, caracterizado pela hora de trabalho constante, mas que ocupa uma hora incomum do dia (34). O período de 24 horas no qual são expressos alguns ciclos biológicos do corpo humano é denominado ciclo circadiano, responsável pela regulação dos ritmos fisiológicos, comportamentais e psicológicos (33). Em trabalhadores de turno, as mudanças nos hábitos alimentares, atividade física, sono e alterações psicológicas e metabólicas provocam um desequilíbrio no ciclo circadiano, sendo considerado um possível mecanismo para o elevado risco de DCV nesses trabalhadores (32, 34). Com o objetivo de determinar, a partir da VFC em 24 horas, efeitos diferentes do turno rotativo “seguido” (manhã/tarde/noite) e “invertido” (noite/manhã/tarde), Ludovic et al. (32) observaram que trabalhadores de turno com rotação manhã/tarde/noite e noite/manhã/tarde apresentaram consideravelmente menor VFC quando trabalhavam no turno noturno do que no dia de turno diurno, indicando que o trabalho durante a noite provoca mudança do controle autonômico com dominância do simpático, sendo maior o efeito em trabalhadores de turno invertido. 13 Comparando a função cardíaca autonômica em enfermeiras de turno e não turno no dia de trabalho, Ishii et al. (65) encontraram maior LF, maior razão LF/HF e menor HF em enfermeiras de turno em relação as de não turno, sugerindo que o trabalho de turno pode causar uma disfunção da atividade parassimpática, possível fator responsável pelo maior risco de DCV nessas trabalhadoras. Diferentemente destes resultados, Van Amelsvoort et al. (66) estudando o efeito do estresse no trabalho na regulação autonômica cardíaca, observaram que os trabalhadores de turno tiveram, em repouso, valores reduzidos do SDNNi, ao compará-los com os trabalhadores sem turno. Neste mesmo estudo, os autores também constataram valores elevados do LF durante o trabalho em trabalhadores submetidos a um tipo de trabalho estressante ou com barulho constante, concluindo, portanto, que a análise da VFC é uma ferramenta crucial para detectar os efeitos fisiológicos do estresse relacionado ao trabalho. Segundo Su et al. (67), trabalhadores de turno noturno apresentam efeitos cardiovasculares importantes em relação aos de turno diurno. Neste estudo, com o objetivo de determinar os efeitos hemodinâmicos que o turno de trabalho alternante, 12 horas de trabalho e 36 horas de descanso, como alterações na PAS e VFC, os autores encontraram que os trabalhadores que trabalhavam 12 horas em turno noturno apresentaram uma persistente elevação da PAS e PAD e da FC e redução da VFC (RMSSD, SDNN, HF e LF/HF) no período de trabalho em comparação com aqueles que trabalhavam 12 horas em turno diurno com o mesmo tempo de descanso após o turno de trabalho. Concluíram, portanto, que o trabalho em sistema de turno noturno, em comparação com o turno diurno, provoca maiores efeitos cardiovasculares levando a um comprometimento da função cardíaca autonômica. A fim de comparar o nível de estresse nos dias de plantão e de folga em homens que trabalham em ambulância, Mitani et al. (68) observaram um balanço autonômico cardíaco (representado pela medida do LF/HF) preservado no dia de folga, porém não no dia de plantão, concluindo que o trabalho de turno pode ser um risco potencial para DCV. Avaliando o quanto a VFC difere em três diferentes horários de trabalho de médicos especialistas, sendo esses após um dia de trabalho normal e durante e após um dia de plantão, Malmberg et al. (69) constataram diferença significativa nos componentes da VFC HF, LF/HF e LF, uma vez que durante o plantão o componente HF mostrou-se menor e o LF/HF maior em relação aos outros 2 períodos; e após o plantão, o componente LF apresentou o menor valor em relação aos outros horários, confirmando, portanto, o efeito que a hora de trabalho exerce sobre a expressão dos componentes da VFC. 14 Após investigarem homens que trabalham em sistema de trabalho de turno alternante (turno 1: 6 às 14h, turno 2: 14 às 22h e turno 3: 22 às 6h), Furlan et al. (70) encontraram menores valores dos componentes LF e LF/HF no turno 3, em relação aos outros turnos e afirmaram que tais resultados podem refletir a presença de períodos de sonolência ou diminuição da vigília que facilitaria a ocorrência de erros e acidentes no trabalho. Os autores também relacionaram a redução desses componentes no turno noturno, ao período de adaptação do ciclo biológico do trabalhador, que em situações de trabalho em horário normal, no período da noite/sono ocorre menor ativação do simpático. Estudo realizado por Chung et al. (71), com o intuito de comparar a atividade cardíaca simpática relacionada ao sono em trabalhadores de turno alternante e noturno permanente, encontrou valores significativamente maiores de LF e da razão LF/HF nos trabalhadores de turno permanente, sugerindo que a rotatividade dos turnos pode ser preferível do que o trabalho noturno permanente em termos de regulação cardíaca autonômica. A influência do ciclo de trabalho-sono no ritmo circadiano da atividade cardíaca autonômica foi avaliada por Ito et al. (72). Neste estudo, foi observada menor média de horas de sono por dia em trabalhadores de turno noturno em relação aos de turno diurno. Além disso, independente do turno de trabalho, as variáveis relacionadas ao controle simpático (citadas pelos autores como sendo o LF e LF/HF) foram maiores durante o período de trabalho do que no período de sono, enquanto que o oposto ocorreu com o controle vagal (HF), indicando que a função cardíaca autonômica é em grande parte influenciada pelo ciclo sono-vigília. O trabalho em turno, portanto, tem sido associado a algumas alterações na VFC, principalmente pela redução dos componentes vagais. Entretanto os resultados ainda permanecem conflitantes e outros até não encontram relação entre a função cardíaca autonômica e o turno de trabalho. Este fato justifica a importância de pesquisas que avaliam a VFC dessa população, investigando a adequação autonômica e a relação com outros fatores de risco para doenças cardiovasculares. 15 3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO Considerando a medida da variabilidade da frequência cardíaca como um parâmetro não invasivo indicado para avaliação da atividade do sistema nervoso autônomo sobre o coração, sua aferição permite uma análise do estado de saúde e predisposição ao risco de doenças cardiovasculares, uma vez que valores reduzidos globais dessa medida estão associados à disfunção autonômica cardíaca caracterizada por uma hiperativação simpática e uma hipoativação parassimpática. A presença dessa disfunção autonômica poderá predizer diversas causas de morbidade e mortalidade cardíaca. Partindo do conhecimento de que trabalhadores de turno apresentam um elevado risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, estudos com a finalidade de investigar os principais fatores que levam a maior predisposição para tais doenças são fundamentais. Cabe destacar também, que diversas são as pesquisas na literatura que demonstram a influência do estado de saúde física no risco para DCV e disfunção autonômica, principalmente marcada pela redução do tônus vagal cardíaco, porém há escassez de estudos, principalmente na população brasileira, que investiguem conjuntamente todos esses fatores em trabalhadores de turno, que, a princípio, são indivíduos já mais expostos a desequilíbrios do estado de saúde. Desta forma, a avaliação da variabilidade da frequência cardíaca, das medidas clínicas, antropométricas e de composição corporal em trabalhadores de turno irá contribuir na tentativa de um melhor entendimento do risco para DCV nesses indivíduos, contribuindo, assim, para a determinação de estratégias capazes de avaliar, prevenir e promover a saúde do trabalhador. 16 4. OBJETIVOS 4.1 Objetivo geral Avaliar a influência da idade, variáveis clínicas, antropométricas e de composição corporal nos componentes da variabilidade da frequência cardíaca de trabalhadores de turno alternante. 4.2 Objetivos específicos Descrever as variáveis socioeconômicas, clínicas, antropométricas, de composição corporal e os componentes simpático e parassimpático da variabilidade da frequência cardíaca; Verificar se a resposta autonômica simpática e parassimpática ao ortostatismo está preservada; Verificar a existência de correlação de cada componente da variabilidade da frequência cardíaca com a idade, medidas clínicas, antropométricas e de composição corporal; Verificar quais das variáveis de interesse, dentre elas idade, medidas clínicas, antropométricas e de composição corporal tem um maior efeito sobre cada um dos componentes da variabilidade da frequência cardíaca. 17 5. METODOLOGIA 5.1 Desenho e população do estudo Estudo transversal realizado no Laboratório de Cardiometabolismo da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto, de agosto de 2011 a maio de 2012, com trabalhadores de turnos alternantes, provenientes de um estudo prévio, com 840 trabalhadores, intitulado “Fatores de risco nutricionais, comportamentais, clínicos e bioquímicos para as doenças cardiovasculares em trabalhadores de turnos alternantes da região dos inconfidentes, Minas Gerais, Brasil”. Todos esses 840 trabalhadores foram convidados a comparecer ao Laboratório de Cardiometabolismo cerca de 1 ano após a realização da primeira pesquisa para participar do presente estudo (figura 3). Processo de amostragem Processo de amostragem Universo amostral = 952 Homens trabalhadores de turno 1ª fase: 840 Perdas: Faltas, demissões, férias, recusas, afastamentos (n = 112; 11,8%) 2ª fase: 678 Perdas: Faltas, demissões, férias, recusas, afastamentos (n = 162; 19,3%) Amostra final = 438 Exclusão: ECG inadequado para as análises e questionários incompletos (n = 240; 35,4%) Figura 3: Fluxograma do processo de amostragem. 18 Os trabalhadores eram operadores de máquinas automatizadas de extração do minério de ferro de 4 minas situadas no município de Mariana, região dos Inconfidentes, Minas Gerais. O regime de turno de trabalho consistia em turno de revezamento (alternantes), sendo 6 horas de trabalho por turno e 12 horas de descanso. Cada turma trabalhava quatro dias e descansava 36 horas, realizando um revezamento decrescente que começava pelo quarto turno de trabalho. O turno de trabalho e seu horário estão apresentados na tabela 1. Tabela 1: Turno e horário de trabalho. Turno de trabalho Horário 1º turno 01h00min às 07h00min 2º turno 07h00min às 13h00min 3º turno 13h00min às 19h00min 4º turno 19h00min às 01h00min Todos os indivíduos que atenderam ao convite para comparecer ao Laboratório de Cardiometabolismo foram devidamente informados sobre os objetivos da pesquisa, as etapas a serem realizadas e os riscos e benefícios de sua participação. Aqueles que concordaram em participar do estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (anexo 1). Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Ouro Preto (CAAE: 04237112.8.0000.5150) (anexo 2). 5.2 Coleta de dados A coleta de dados ocorreu de agosto de 2011 a maio de 2012. Os 840 trabalhadores foram convidados, por meio de contato por telefone, a participarem do presente estudo, devendo comparecer pela manhã, no seu dia de folga do trabalho, ao Laboratório de Cardiometabolismo da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto. 19 5.2.1 Pressão arterial A pressão arterial (PA) foi mensurada com esfigmomanômetro automático digital modelo HEM705CP® (Omrom, Japão) com braçadeiras nas dimensões adequadas, ajustadas à circunferência do braço do indivíduo. O mesmo permaneceu sentado, com pernas e braços descruzados e com o braço direito estendido na altura do coração. A PA foi avaliada após repouso de aproximadamente 5 minutos, três vezes, com um intervalo mínimo de 1 minuto entre as medidas. Os indivíduos foram orientados a não fumar e não tomar café nos 30 minutos anteriores à aferição (73). Para minimizar erros, o indivíduo também foi orientado a não falar durante a aferição. A comparação da PA mensurada foi baseada nos critérios propostos pela VI Diretriz Brasileira de Hipertensão (73), nos quais foram considerados valores ótimos de pressão arterial aqueles menores que 120 para pressão sistólica e menor que 80 para diastólica. 5.2.2 Medidas antropométricas 5.2.2.1 Peso O peso foi obtido utilizando o monitor de composição corporal por impedância bioelétrica tetrapolar InBody modelo 720® (Biospace Co. Ltd. Factory, Korea), com capacidade máxima de 250 kg e precisão de 100 g. O indivíduo permaneceu em pé, com os pés afastados, no centro da plataforma, em posição anatômica, postura ereta e com o olhar num ponto fixo a sua frente, com o mínimo de roupas possível (74). 5.2.2.2 Altura A altura foi mensurada por estadiômetro digital de parede calibrado da marca Charder, modelo HM-210D® com precisão de 1 mm. A mensuração foi realizada com o indivíduo descalço em posição ereta, pés unidos, glúteos, ombros e calcanhares encostados no aparelho e braços soltos ao longo do corpo. A cabeça do indivíduo foi posicionada de modo que a parte inferior da órbita ocular estivesse no mesmo plano do orifício externo do ouvido (plano de Frankfurt) (74). A leitura foi feita no milímetro mais próximo no momento em que o esquadro 20 móvel que acompanha a haste vertical encostou na cabeça do indivíduo em inspiração e apneia forçada. 5.2.2.3 Índice de Massa Corporal (IMC) Por meio dos dados do peso (kg) e da altura (m), foi calculado o IMC, pela fórmula: peso/altura². Foram considerados com IMC acima da normalidade aqueles com valores iguais ou superiores a 25kg/m², segundo os critérios da World Health Organization (75). 5.2.2.4 Circunferência da cintura (CC) A CC foi aferida no ponto médio entre o último arco costal e a crista ilíaca (76). Essa medida foi mensurada com o indivíduo em posição ereta, abdome relaxado, braços estendidos lateralmente ao corpo, pés um pouco afastados e peso igualmente distribuído para os membros inferiores. Foi utilizada fita métrica flexível e não extensível comum com precisão de 1 mm (77). Para a comparação dos valores da CC obtidos, foram utilizados valores recomendados pela International Diabetes Federation (76), sendo considerados com presença de obesidade abdominal homens com CC igual ou maior a 90 cm. 5.2.2.5 Circunferência do quadril (CQ) A CQ foi aferida ao nível de maior protuberância posterior dos glúteos. Essa medida foi mensurada com o indivíduo em posição ereta, abdome relaxado, braços estendidos lateralmente ao corpo, pés um pouco afastados e peso igualmente distribuído para os dois membros inferiores. Foi utilizada fita métrica flexível e não extensível comum com precisão de 1 mm (77). 5.2.2.6 Relação cintura/quadril (RCQ) Valores das circunferências da cintura e do quadril foram utilizados para cálculo da relação cintura/quadril (RCQ) e sua comparação foi feita de acordo com o ponto de corte da 21 World Health Organization (77), sendo valor de RCQ > 0,90 considerado de risco para DCV em homens. 5.2.2.7 Relação cintura/estatura (RC/Est) Os valores da circunferência da cintura e da altura foram utilizados para o cálculo da relação cintura/estatura. Os indivíduos foram considerados com risco para doenças cardiovasculares quando os valores da RC/Est foram iguais ou superiores a 0,50 (78). 5.2.2.8 Circunferência do Pescoço (CP) A CP foi obtida com uma fita métrica posicionada ao nível da cartilagem cricotireóidea, logo acima da proeminência laríngea. O indivíduo permaneceu em pé, com a coluna ereta e a cabeça no plano de Frankfurt (79). Valores de CP maior que 39,5 cm, para homens, indicam risco aumentado para DCV (80). 5.2.3 Medidas de composição corporal 5.2.3.1 Gordura corporal (GC) Foi utilizado o monitor de composição corporal por impedância bioelétrica tetrapolar InBody modelo 720® (Biospace Co. Ltd. Factory, Korea), com capacidade máxima de 250 kg e precisão de 100 g para a coleta das informações referentes à massa de gordura corporal total (GCkg) e percentual de gordura corporal total (%GC). Os indivíduos foram avaliados pela manhã, em jejum (12 a 14h), posição ereta, com o mínimo de vestimenta, sem objetos metálicos próximos ao corpo, descalços e com os pés posicionados corretamente sobre os eletrodos da plataforma, segurando os eletrodos com os braços estendidos ao longo do corpo, sem tocá-lo. Foram alertados a não praticarem nenhuma atividade física vigorosa antes da avaliação. O percentual de gordura corporal (%GC) superior a 25% foi considerado acima da normalidade, de acordo com as recomendações estabelecidas por Lohman (81). 22 5.2.3.2 Área de gordura visceral (GVa) O equipamento e o protocolo de medida seguiram as mesmas referências citadas para a gordura corporal (item 5.2.3.1). Os valores avaliados foram comparados com o estabelecido no manual do equipamento monitor de composição corporal por impedância bioelétrica tetrapolar InBody modelo 720® (Biospace Co. Ltd. Factory, Korea), baseado no comitê de critérios de obesidade e doenças relacionadas no Japão, Sociedade Japonesa para o estudo da obesidade (2002), no qual valor igual ou superior a 100m² é considerado risco para DCV para homens e mulheres. 5.2.4 Coleta do Eletrocardiograma (ECG) O registro do eletrocardiograma (ECG) foi realizado no Laboratório de Cardiometabolismo, com o Software Wincardio versão 5.5.1.3 (Micromed, Brasil). Foi obtido durante um total de 6 minutos, sendo os 3 primeiros minutos na posição deitada em decúbito dorsal (supino) e os 3 minutos seguintes na posição ortostática (em pé). As 12 derivações cardíacas que foram coletas, encontram-se descritas nas figuras 2 e 3, entretanto, o programa de processamento do ECG utilizou apenas a 2ª derivação periférica. Figura 4: Posicionamento dos eletrodos para a coleta das derivações bipolares periféricas (1ª, 2ª e 3ª derivações) e das derivações unipolares periféricas do eletrocardiograma. Lado direito do corpo: cor vermelha e preta, respectivamente no pulso e tornozelo. Lado esquerdo do corpo: cor verde e amarela, respectivamente no pulso e tornozelo. Figura 5: Posicionamento dos eletrodos para a coleta das derivações precordiais ou torácicas (V1-V6). A posição V1 é localizada no 4º espaço intercostal à direita do esterno e as demais são lateralizadas à esquerda até a parte lateral do tronco. 23 O processamento do sinal do ECG foi feito off-line por meio de rotinas em Matlab 6.5 (MathWorks, USA) específicas para processar os parâmetros cardíacos (82, 83) com auxílio do engenheiro do Laboratório de Pesquisa Integrada do Estresse da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O sinal de ECG de cada indivíduo foi inspecionado visualmente para identificação e correção de picos de onda R ausentes ou excedentes e para exclusão de indivíduos com arritmias ou sinal muito ruidoso (84). Em seguida, foi extraído o intervalo RR os parâmetros relacionados à variabilidade da frequência cardíaca no domínio do tempo (raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças entre os intervalos RR adjacentes: RMSSD) e no domínio da frequência (High Frequency: HF, Low Frequency: LF e razão LF/HF), além da frequência cardíaca. Os valores de referência para avaliação das medidas cardíacas seguiram o proposto por Nunan et al. (85) para indivíduos adultos saudáveis do sexo masculino, conforme tabela 2. Tabela 2: Média das variáveis cardíacas segundo métodos de análise pelo domínio do tempo e da frequência, em indivíduos adultos saudáveis do sexo masculino. Variável Média Análise pelo domínio do tempo FC (bpm) 65,1 RMSSD (ms) 21 Análise pelo domínio da frequência HF (ms²) 475 LF (ms²) 356 Razão LF/HF 2,3 ”FC”-Frequência cardíaca; “RMSSD”-Raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças entre os intervalos RR; ”HF”-High frequency (alta frequência); ”LF”-Low frequency (baixa frequência). Fonte: Nunan et al. (85). Para a correlação das variáveis cardíacas com as demais variáveis de interesse do estudo, foram utilizadas as medidas cardíacas coletadas na posição supina, pelo fato da coleta em repouso gerar parâmetros mais precisos dos componentes da VFC (4). 24 5.3 Análise estatística Primeiramente foi feita a avaliação da normalidade das variáveis por meio da aplicação do teste Shapiro-Wilk. Técnicas de análise descritiva foram apresentadas como mediana (p25-p75 e amplitude interquartílica). Para as medianas encontradas foram realizadas comparações qualitativas com os valores de referência específicos de cada medida. O teste de Wilcoxon foi aplicado para avaliarmos se existe diferença significativa entre as medianas das variáveis cardíacas nas posições supina e ortostática. O teste de correlação de Spearman foi utilizado para verificar a existência de correlação entre cada um dos componentes da VFC (logHR, logRMSSD, logHF, logLF e logLF/HF) em posição supina e as variáveis antropométricas, de composição corporal e pressão arterial. Foi escolhido usar apenas os componentes da VFC em posição supina pelo fato de apresentarem valores mais estáveis e precisos (4). Foram também ajustados modelos de regressão múltipla com o objetivo de verificar o peso da influência das variáveis antropométricas, de composição corporal e pressão arterial (variáveis independentes) colocadas todas juntas em um único modelo, sobre cada um dos componentes da VFC (HR, logRMSSD, logHF, logLF e logLF/HF) em posição supina (variáveis dependentes). Testou-se os modelos ajustados em relação a multicolinearidade, heteroscedasticidade, autocorrelação, endogeneidade e atipicidade para verificar a qualidade do modelo ajustado, sendo demonstrados no presente estudo, apenas os modelos que não apresentaram nenhum destes problemas. Os dados foram analisados nos softwares Statistica 7.0 (StatSoft Inc) e R Development Core Team (2013). O nível de significância considerado nos testes estatísticos foi de 0,05. 25 6. ARTIGO HEART RATE VARIABILITY IN SHIFT WORKERS: RESPONSES TO ORTHOSTATISM AND RELATIONSHIPS WITH ANTHROPOMETRY, BODY COMPOSITION AND BLOOD PRESSURE Nayara Mussi Monteze¹, Breno Bernardes de Souza², Henrique José de Paula Alves³, Fernando Luiz Pereira de Oliveira³, José Magalhães de Oliveira4, Silvia Nascimento de Freitas¹, Raimundo Marques do Nascimento Neto², Maria Lilian Sales5, Gabriela Guerra Leal de Souza6. ¹ Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Brasil. ² Escola de Medicina, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Brasil ³ Departamento de Estatística, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Brasil. 4 Instituto de Psiquiatria, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. 5 Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil. 6 Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Brasil. 26 ABSTRACT Purpose: We evaluated the cardiac autonomic response to postural changes in shift workers and the influence of cardiovascular risk factors on heart rate variability. Methods: This cross-sectional study included 438 male shift workers aged 18 to 54 years. Weight, height, body mass index, waist circumference, neck circumference, hip circumference, waist-to-hip ratio, waist-to-height ratio, total body fat mass, total body fat percentage, visceral fat area and blood pressure were collected. Electrocardiogram was recorded for 3 minutes in the supine and 3 minutes in the orthostatic position and heart rate variability components were extracted. Multiple regression models were fitted to investigate the influence of anthropometric and body composition variables and blood pressure on each heart rate variability component. Results: High-frequency and heart rate and the square root of the mean squared differences of successive interval between consecutive heartbeats decreased and heart rate, low-frequency and low frequency/high frequency ratio increased in the orthostatic compared to the supine position. The body mass index, waist circumference, waist-to-height ratio, visceral fat area and blood pressure were higher than the reference values. In the final regression model, age, waist circumference, visceral fat area and systolic blood pressure remained associated with heart rate variability components. Conclusions: Age, obesity and blood pressure were associated with a reduction in total heart rate variability. These findings reinforce the relevance of a health care routine that is specific for shift workers, as their work conditions may favor the cardiovascular risk factors. Keywords: heart rate variability, obesity indices, shift workers, anthropometry, body composition. 27 INTRODUCTION Heart rate variability (HRV) is a standard non-invasive method that assesses the action of the autonomic nervous system (ANS) on the heart based on variations in the interval between consecutive heartbeats (RR interval) (Xhyheri et al. 2012). Analysis of HRV on an electrocardiogram allows for the decomposition of elements that assess the action of both the parasympathetic (PNS) (vagal modulation) and sympathetic (SNS) nervous system on the heart (Task Force 1996). A reduction in HRV, and more particularly in vagal modulation, is considered an indicator of an imbalance in autonomic function and is associated with an increased risk of morbidity and mortality independent of the presence of well-established risk factors, such as obesity, smoking and sedentary lifestyle (Thayer and Lane 2007; Chen et al. 2008; Thayer et al. 2010). The continuous interplay of sympathetic and parasympathetic activity is crucial to increase or reduce heart performance under different circumstances. Under physiological conditions, parasympathetic activity is more intense in the resting state and during repairing functions, but the SNS is more active in situations requiring the mobilization of energy (Thayer et al. 2010). For instance, during postural change (from lying to standing), blood pooling occurs in lower parts of the body, which is a normal stimulus that triggers an increase in sympathetic activity, with a consequent rise in blood pressure (Weise et al. 1987). Such behavior has been found in some studies, which showed that sympathetic activity was greater in the orthostatic position (90º), and parasympathetic activity prevailed in the resting position (0º) (Piccirillo et al. 1995; Porta et al. 2007). According to studies, HRV at rest is reduced in shift workers compared to non-shift workers (Togo and Takahashi 2009); however, little is known about the causes of these alterations in the shift worker population and the impact they have on the cardiac autonomic response to postural change. Shift work has been associated with several metabolic disorders, changes in body composition, psychological functions and dietary habits, which deregulate the physiological cycle and thus account for the high risk of cardiovascular diseases exhibited by shift workers (Knutsson 2003). Therefore, the aim of the present study was to assess the influence of age, blood pressure and obesity indices (anthropometric variables and body composition) on HRV components in shift workers. The hypotheses underlying the present study were: 1) Shift workers exhibit deviations in obesity indices and blood pressure relative to reference values; 28 2) The cardiac autonomic response to postural change is altered in shift workers; and 3) Obesity indices and blood pressure exhibit negative associations with HRV components. We believe that this study has some relevant points: the sample homogeneity (Brazilian, male, rotating shift, mine worker) and multiple variables collected on the same sample (HRV components, obesity indices and blood pressure). METHODS Study design and sample This cross-sectional study was conducted with 438 adult Brazilian males who were older than 18 years and work in shifts. Working in shifts, according to ILO (1990 apud ILO 2004) is defined as a “method of organization of working time in which workers succeed one another at the workplace so that the establishment can operate longer than the hours of work individual workers” and can be classified into fixed shift (working time can be organized in two or three shifts: the early, late and night shifts) or rotating shift (workers might be assigned to work shifts that vary regularly over time: from a shift in the morning, to one in the afternoon, to one at night) (ILO 2004). The males of this study performed rotational shift work as operators of iron ore extraction modern machines without noise exposure. The work regimen included a six-hour shift followed by 12-hour rest. The work shifts and rest periods were rotated, and after each fourth shift the rest period was longer, 36 hours, after which a new cycle began. The full work cycle included four consecutive shifts, in this sequence: 7:00 pm to 1:00 am, 1:00 pm to 7:00 pm, 7:00 am to 1:00 pm and 1:00 am to 7:00 am. The study was conducted on the morning of the day with the longest rest period from September 2011 to March 2012. The study complied with the Declaration of Helsinki and was approved by the ethics committee of the institution. All volunteers signed an informed consent form. Anthropometric variables The volunteers’ weight, height and circumferences were measured by trained professionals with volunteers in the orthostatic position and wearing light clothing. The waist circumference (WC) was measured at the mid-point between the last costal arch and the iliac crest (WHO 2011). The hip circumference (HC), which was used to calculate the waist-to-hip 29 ratio (WHR), was measured at the level of the greater trochanter (WHO 2011). The neck circumference (NC) was measured immediately below the laryngeal prominence (Ben-Noun 2001). The WHR and the waist-to-height ratio (WHtR) were calculated by dividing the WC by the hip circumference and the WC by the height, respectively (WHO 2011). The body mass index (BMI) was calculated by dividing the body weight by the squared height (WHO 2004). Body composition variables The body fat mass in kilograms (BFkg) and percentage (BF%) and the visceral fat area (VFA) were calculated by means of segmental tetrapolar bioelectrical impedance using a body composition analyzer InBody model 720® (Biospace Co. Ltd. Factory, Korea) (Lohman 1992). Clinical variables Blood pressure was assessed using an automated digital sphygmomanometer HEM705CP® (Omrom, Japan) on the right arm with volunteers in the sitting position and after a five-minute rest period. The measurement was performed three times with one-minute intervals between measurements (SBC 2010). The three measurements of the systolic (SBP) and diastolic (DBP) blood pressure were computed and their means were calculated. Heart Rate Variability One PC-compatible computer controlled data acquisition for electrocardiographic parameters using the WinCardio (Micromed, version 4.8.2.8) software program. Electrocardiographic recordings were collected at a sampling frequency of 1000 Hz. An offline peak detection algorithm (derivative plus threshold) was used to estimate fiducial R-wave points, after which the series was screened by hand and corrected for artifacts. Successive RR intervals were estimated in milliseconds. Two methods of analysis of heart rate variability were used: time domain analysis and frequency domain analysis. The time domain analysis measured changes in the intervals between successive normal RR intervals over time, and one of the parameters was the root mean square of successive R-R interval differences (RMSSD) (Task Force 1996). The frequency domain method is a spectral method for analysis of the tachogram that provides basic information for how power (variance) distributes as a function of frequency (Task Force 30 1996). The components considered in the RR power spectrum were: a low-frequency (LF) component, a high-frequency (HF) component and a low-frequency/high frequency ratio (LF/HF). The following HRV parameters were extracted for 3 min in the supine position and for 3 min in the orthostatic position were: - RMSSD: reflects parasympathetic activity. - HF, 0.15 to 0.4 Hz: reflects parasympathetic activity. - LF, 0.04 to 0.15 Hz: reflects a combination of sympathetic and parasympathetic activity and captures baroreflex sensibility. - LF/HF: reflects sympathetic and parasympathetic balance. - Heart rate (HR): correlates to increases in sympathetic and decreases in parasympathetic activity. Data processing followed the recommendations of the Task Force of the European Society of Cardiology and the North American Society of Pacing Electrophysiology (Task Force 1996). Matlab software (KARDIA) was used to analyze cardiac parameters (Perakakis et al. 2010). The references values used for HRV analysis of the participants were proposed by Nunan et al. (2010) for healthy adults. Procedure Following the volunteers’ arrival at the research laboratory, they were requested to sign an informed consent form. Next, body weight, height, BMI, WC, HC, BFkg, BF% and VFA were measured after 12 to 14 hours of fasting. Next, a six-minute electrocardiogram (ECG) was recorded, with three minutes in the supine position and three minutes in the orthostatic position. Although all 12 leads were recorded, only peripheral (or bipolar limb) lead II was used for ECG processing. Statistical analysis First, the results of the descriptive analysis were expressed as medians, percentiles and interquartile ranges. The median values found were subjected to qualitative comparisons to the reference values specific for each measurement. 31 The normality of the data was assessed using the Shapiro-Wilk test, and HR, RMSSD, LF, HF and LF/HF variables were subjected to logarithmic normalization. The Wilcoxon test was used to establish whether there were significant differences between the results (medians) of the investigated variables in the supine and orthostatic positions. Spearman’s correlation test was used to investigate the presence of a correlation between each HRV component (logHR, logRMSSD, logHF, logLF and logLF/HF) as assessed in the supine position and anthropometric and body composition variables and blood pressure. The HRV results were analyzed in the supine position only because these values are more stable and accurate (Task Force 1996). Multiple regression models were fitted to investigate the influence of anthropometric and body composition variables and blood pressure (independent variables) on each HRV component (HR, logRMSSD, logHF, logLF and logLF/HF) as assessed in the supine position (dependent variables). The data were analyzed using Statistica 7.0 (StatSoft Inc) and R Development Core Team (2013) software. The significance level was established as a p-value <0.05. RESULTS Sample characteristics The present study comprised 438 individuals working rotational shifts. Their anthropometric, body composition and clinical characteristics are described in table 1. The median age of the sample was 34-years-old. The median values of BMI, WC, WHtR, VFA, SBP and DBP were higher than reference values (Lohman 1992; Ben-Noun et al. 2001; WHO 2004, 2011; SBC 2010). 32 Table 1 – Characteristics of the group, Ouro Preto, Brazil, 2011-2013. Variables Median (p25; p75) Quartile Range Age (years) 34.00 (31.00, 39.00) 8.00 1.74 (1.70, 1.79) 0.09 Body weight (kg) 80.80 (73.60, 89.30) 15.70 Body mass index (kg/m²) 26.70 (24.40, 29.20) 4.80 Waist circumference (cm) 92.00 (85.50, 97.50) 12.00 102.50 (98.30, 107.00) 8.75 39.25 (37.50, 41.15) 3.65 Waist-to-hip ratio 0.89 (0.86, 0.93) 0.07 Waist-to-height ratio 0.53 (0.49, 0.56) 0.07 Total body fat (%) 23.55 (19.20, 28.20) 9.00 Total body fat (kg) 18.95 (14.60, 24.30) 9.70 121.25 (95.40, 147.70) 52.30 Systolic blood pressure (mmHg) 131.67 (122.67, 141.33) 18.70 Diastolic blood pressure (mmHg) 82.33 (76.00, 88.33) 12.30 Anthropometric Height (m) Hip circumference (cm) Neck circumference (cm) Body composition Visceral fat area (cm²) Clinical Response of heart rate variability components to postural change Comparison of HRV components between the supine and orthostatic positions showed increases in the median HR, LF and LF/HF and reductions in the median RMSSD and HF in the orthostatic compared to the supine position (table 2). 33 Table 2 – Medians of heart rate variability (HRV) variables in the supine and standing positions, Ouro Preto, Brazil, 2011-2013. HRV Supine Position Standing Position Variables Median (p25, p75) Median (p25, p75) HR (bpm) 65.9 (59.7, 71.9) 82.3 (74.2, 90.2) <0.0001 RMSSD (ms) 34.3 (23.9, 50.1) 19.9 (13.3, 30.1) <0.0001 HF (ms²) 81.9 (35.7, 168.7) 26.1 (10.5, 62.1) <0.0001 LF (ms²) 103.4 (60.8, 186.4) 120.6 (62.4, 224.1) 0.005 1.3 (0.7, 2.5) 4.7 (2.5, 7.9) <0.0001 LF/HF P-value HRV, Hear rate variability; HR, Heart rate; RMSSD, Root mean square of successive R-R interval differences; HR, High frequency; LF, Low frequency; LF/HF, ratio low frequency/high frequency. For ease of interpretation, all medians (plus p25, p75) are given in the original units. Wilcoxon Test. Relationship between heart rate variability components and anthropometric, body composition and clinical variables HR exhibited a positive correlation with all investigated variables except age. The HRV components RMSSD and HF, which are related to parasympathetic activity, exhibited negative correlations with age, BMI, WC, NC, WHR, WHtR, BFkg, VFA, SBP and DBP. The LF component, which is related to baroreflex sensitivity, exhibited negative correlations with age, BMI, WC, WHR, WHtR and NC. The LF/HF ratio, which is related to autonomic balance, exhibited positive correlations with age, SBP and DBP. Significant correlations are described in table 3. 34 Table 3 – Spearman Correlation coefficients (Rho) between heart rate variability measures (supine position) and age, anthropometric, body composition and clinical variables, Ouro Preto, Brazil, 2011-2013. Variables LogHR logRMSSD logHF logLF logLF/HF -0.04 -0.27 -0.24 -0.17 0.13 Body mass index (kg/m²) 0.18 -0.14 -0.14 -0.12 0.05 Waist circumference (cm) 0.22 -0.17 -0.16 -0.15 0.05 Neck circumference (cm) 0.19 -0.15 -0.14 -0.13 0.04 Waist-to-hip ratio 0.20 -0.18 -0.15 -0.15 0.05 Waist-to-height ratio 0.21 -0.15 -0.15 -0.14 0.05 Total body fat (%) 0.15 -0.06 -0.07 -0.03 0.03 Total body fat (kg) 0.17 -0.09 -0.11 -0.08 0.03 Visceral fat area (cm²) 0.24 -0.13 -0.11 -0.09 0.04 Systolic blood pressure (mmHg) 0.21 -0.13 -0.14 -0.002 0.16 Diastolic blood presume (mmHg) 0.18 -0.16 -0.16 -0.06 0.11 Age Anthropometric Body composition Clinical logHF, natural logarithm of power in the high frequency range; logHR, natural logarithm of the heart rate; logLF, natural logarithm of power in the low frequency range; logLF/HF, natural logarithm of the ratio LF(ms²)/HF(ms²); logRMSSD, natural logarithm of the root mean square of successive R-R interval differences; Numbers in bold represent p < 0.05. The fitted regression models showed that HRV components were influenced by age WC, VFA and SBP (table 4). HR exhibited positive correlations with VFA and SBP. LogRMSSD exhibited negative correlations with age and VFA. LogHF and logLF exhibited negative correlations with age and WC. Finally, logLF/HF exhibited positive correlations with age and SBP. 35 Table 4 – Predictive equations using regression analysis for cardiac variables β + SE p-value 47.3 + 4.172 <0.001 Visceral fat area (cm²) 0.0459 + 0.01109 <0.001 Systolic Blood Pressure (mmHg) 0.101 + 0.03195 0.002 Constant 2.018 + 0.067 <0.001 Age (years) -0.010 + 0.001 <0.001 -0.0008 + 0.0002 0.002 Constant 3.098 + 0.242 <0.001 Age (years) -0.018 + 0.003 <0.001 Waist circumference (cm) -0.005 + 0.002 0.016 2.85 + 0.193 <0.001 Age (years) -0.009 + 0.002 0.001 Waist circumference (cm) -0.005 + 0.002 0.006 Constant -0.652 + 0.181 <0.001 Age (years) 0.008 + 0.002 0.001 Systolic Blood Pressure (mmHg) 0.003 + 0.001 0.004 Regression models R² adjusted HR Constant 8.4% Log RMSSD Visceral fat area (cm²) 10.3% Log HF 8.0% Log LF Constant 4.5% Log LF/HF 4.3% logHF, natural logarithm of power in the high frequency range; logHR, natural logarithm of the heart rate; logLF, natural logarithm of power in the low frequency range; logLF/HF, natural logarithm of the ratio LF(ms²)/HF(ms²); logRMSSD, natural logarithm of the root mean square of successive R-R interval differences. Numbers in bold represent p <0.05. DISCUSSION The results of the present study pointed to the presence of cardiovascular risk factors among the sample of rotating shift workers, as shown by anthropometric, body composition and blood pressure, whose median results were higher than the corresponding normal values. In addition, these alterations were shown to correlate with changes in HRV components 36 indicating increased sympathetic and reduced parasympathetic activity in the resting state. However, the responses of HRV components to the postural change were adequate. Obesity and hypertension, in addition to other comorbidities such as dyslipidemia and diabetes, are disorders that are frequently found in shift workers (Ishizaki et al. 2004; Su et al. 2008; Kivimaki et al. 2011). In the present study, median values of BMI, WC, WHtR and VFA, which are indicators of obesity, and SBP and DBP, which are related to hypertension, were above the reference values, thus corroborating the reports in the literature (Lohman 1992; Ben-Noun et al. 2001; WHO 2004). The constant presence of those disorders in shift workers is mainly associated with environmental and behavioral changes, as well as deregulation of biological rhythms and the lifestyle to which they are exposed, and these factors may exert a direct influence on their dietary habits, physical activity, sleep quality, mental health and time available for social interaction (Knutsson 2003; Kivimaki et al. 2011). In the present study, measurements of the HRV components HF, LF and LH/HF were qualitatively lower compared to mean values in healthy adults (Nunan et al. 2010). Values for HRV components were found to vary within a wide range in male shift workers: HR, 58.2 to 82.8 bpm; LF, 323.7 to 1,212 ms²; RMSSD, 29.9 to 70.2 ms; HF, 181.2 to 558.6 ms²; and LF/HF 1.6 to 3.4 (Van Amelsvoort et al. 2000; Ishizaki et al. 2004; Kim et al. 2005; Kivimaki et al. 2011). Values for LF and HF in the present study were substantially lower than the minimum when compared qualitatively with the values described above. The reason for that discrepancy may be associated with the methodological particularities of the various studies, including shift regimen (permanent or rotating), ECG signal processing (application of Task Force guidelines) and sample characteristics, including age and the presence of cardiovascular risk factors. Nevertheless, the cardiac autonomic response to postural change was adequate, as the values corresponding to parasympathetic components (RMSSD and HF) were higher in the supine compared to the orthostatic position. Those results corroborate HRV at rest as a marker of parasympathetic control of the heart (Thayer et al. 2010). A putative increase in LF and LF/HF in the orthostatic position relative to the supine position is controversial (Reyes del Paso et al. 2013). Montano et al. (1994) found that the magnitude of tilt interferes with the behavior of LF, as LF and LF/HF increased at a 90º tilt, as occurred in the present study and in the study by Porta et al. (2007). Use of RMSSD and HF as indicators of parasympathetic activity is well established (Thayer and Lane 2007; Xhyheri et al. 2012). However, the meaning of LF, and consequently 37 also of LF/HF, is still a subject of debate. According to some studies, LF may represent both parasympathetic activity and baroreflex function (Montano et al. 1994; Rahman et al. 2011; Goldstein et al. 2011). However, for other authors, LF mainly represents sympathetic tone modulation (Chen et al. 2008). The role attributed to LF as an indicator of baroreflex sensitivity - rather than of the sympathetic activity alone, as most authors used to believe - is based on some evidence that indicates a lack of correlation between LF and some validated measures of sympathetic control of the heart, such as plasma epinephrine levels and cardiac norepinephrine spillover, increases in HF and LF following the use of drugs that increase cardiac vagal tone and the similarity of LF values in individuals with cardiac sympathetic denervation and normal baroreflex sensitivity (Reyes del Paso et al. 2013; Goldstein et al. 2011). In the present study, age and anthropometric, body composition and clinical variables exhibited correlations with HRV components. Age exhibited negative correlations with RMSSD, HF and LF, and positive correlations with LF/HF, thus suggesting that greater age is associated with lower HRV, parasympathetic activity and baroreflex sensitivity in particular, as Kim et al. (2005) also observed. BMI, WC, NC, WHR and WHtR exhibited negative correlations with RMSSD, HF and LF and positive correlations with HR. BFkg and BF% exhibited negative correlations with RMSSD and HF and positive correlations with HR. These results indicate that higher values of these anthropometric and body composition parameters are associated with less activity of HRV components that reflect parasympathetic activity and lower HR, which represents sympathetic activity. Similar results were reported by Ramos and Araújo (2010), who found that cardiac vagal components decrease in parallel with increases in BMI, the sum of skinfold measurements (reflecting total body fat) and WC. Additionally, other studies found a relationship between WC, BF and WHR and HRV vagal components (Kim et al. 2005; Chen et al. 2008; Andrew et al. 2013). With regard to blood pressure, SBP and DBP exhibited negative correlations with RMSSD and HF and positive correlations with HR and LF/HF. Grassi et al. (2000) assessed the simultaneous effect of hypertension and obesity on the ANS and found an increase in sympathetic activity and a greater impairment of cardiovascular baroreflex control in normotensive obese and hypertensive normal individuals compared to normotensive individuals with normal weights. They also found that these effects increased when both pathological conditions, i.e., obesity and hypertension, coexisted in the same individual. 38 Among the variables that exhibited a correlation with HRV, the following remained significant following multiple linear regression analyses: age – exhibited negative correlations with logRMSSD, logHF and logLF and a positive correlation with LF/HF; WC – exhibited negative correlations with logHF and logLF; VFA – exhibited a negative correlation with logRMSSD and a positive correlation with HR; and SBP – exhibited positive correlations with HR and LF/HF. These results indicate that in the present sample, age, WC, VFA and SBP were the variables with the strongest influence on HRV. Some limitations must be discussed about these findings of this study. First, the sample only included male individuals, all of whom were subjected to the same (rotating) shift work regimen. Therefore, the results cannot be extrapolated to female workers and/or individuals under other shift work conditions (permanent, clockwise or counterclockwise). Then, even if environmental and work conditions were the same for all investigated individuals, information on behavioral factors, such as dietary habits, physical activity and sleep-wake patterns, was not collected, although it may have served to control for bias. Finally, HRV is influenced by respiration and thus, some authors suggest standardizing volunteers’ respiratory frequency and volume to obtain accurate HRV values (Togo and Takahashi 2009). However, such standardization may trigger stress in volunteers with consequent changes in central nervous system and cardiorespiratory function, which would ultimately influence cardiac autonomic modulation and result in inaccurate measurements of HRV. For that reason, we did not include respiration control during ECG recording as a part of the study protocol. CONCLUSION The cardiac autonomic response to postural change was adequate. Nevertheless, volunteers exhibited alterations in the assessed anthropometric, body composition and clinical variables relative to their reference values. Age, obesity (WC and VFA) and SBP exerted greater power to reduce HRV components. Even when taking into consideration the full complexity and variety of factors that may be involved in those alterations, the need to provide comprehensive healthcare to shift workers is undeniable, including specific occupational strategies to minimize the impact of these factors on their health and ensure good quality of life. 39 REFERENCES Andrew ME, Shengqiao L, Wactawski-Wende J et al (2013). Adiposity, muscle, and physical activity: predictors of perturbations in heart rate variability. Am J Hum Biol 25, 370-377. Ben-Noun L, Sohar E, Laor A (2001). Neck circumference as a simple screening measure for identifying overweight and obese patients. Obes Res 9, 470-477. Chen G, Hsio TJ, Lo HM et al (2008). Abdominal obesity is associated with autonomic nervous derangement in healthy Asian obese subjects. Clinical Nutrition 27, 212-217. Goldstein DS, Bentho O, Park MY et al (2011). Low-frequency power of heart rate variability is not a measure of cardiac sympathetic tone but may be a measure of modulation of cardiac autonomic outflows by baroreflexes. Exp Physiol 96, 1255-1261. Grassi G, Seravalle G, Dell'Oro R et al (2000). Adrenergic and reflex abnormalities in obesity-related hypertension. Hypertension 36, 538-542. ILO (2004). International Labour Office. Conditions of Work and Employment Programme. Geneva. Available in: < http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_protect/---protrav/--travail/documents/publication/wcms_170713.pdf>. Access 25 march 2014. Ishizaki M, Morikawa Y, Nakagawa H et al (2004). The influence of work characteristics on body mass index and waist to hip ratio in Japanese employees. Ind Health 42, 41-49. Kim JA, Park YG, Cho KH et al (2005). Heart rate variability and obesity indices: emphasis on the response to noise and standing. J Am Board Fam Pract 18, 97-103. Kivimaki M, Batty GD, Hublin C (2011). Shift work as a risk factor for future type 2 diabetes: evidence, mechanisms, implications, and future research directions. PLoS Med 8, e1001138. Knutsson A (2003). Health disorders of shift workers. Occup Med (Lond) 53, 103-108. Lohman TG (1992). Advances in body composition assessment: current issues in exercises science. Illinois: Human Kinet Publisher. Mitani S, Fujita M, Shirakawa T (2006). Circadian variation of cardiac autonomic nervous profile is affected in Japanese ambulance men with a working system of 24-h shifts. Int Arch Occup Environ Health 79, 27-32. Montano N, Ruscone TG, Porta A et al (1994). Power spectrum analysis of heart rate variability to assess the changes in sympathovagal balance during graded orthostatic tilt. Circulation 90, 1826-1831. 40 Nunan D, Sandercock GR, Brodie DA (2010). A quantitative systematic review of normal values for short-term heart rate variability in healthy adults. Pacing Clin Electrophysiol 33, 1407-1417. Perakakis P, Joffily M, Taylor M et al (2010). KARDIA: a Matlab software for the analysis of cardiac interbeat intervals. Comput Methods Programs Biomed 98, 83-89. Piccirillo G, Fimognari FL, Viola E et al (1995). Age-adjusted normal confidence intervals for heart rate variability in healthy subjects during head-up tilt. Int J Cardiol 50, 117-124. Porta A, Tobaldini E, Guzzetti S et al (2007). Assessment of cardiac autonomic modulation during graded head-up tilt by symbolic analysis of heart rate variability. Am J Physiol Heart Circ Physiol 293, H702-708. Rahman F, Pechnik S, Gross D et al (2011). Low frequency power of heart rate variability reflects baroreflex function, not cardiac sympathetic innervation. Clin Auton Res 21, 133-141. Ramos PS, Araujo CG (2010). Lower cardiac vagal tone in non-obese healthy men with unfavorable anthropometric characteristics. Clinics (Sao Paulo) 65, 45-51. Reyes del Paso GA, Langewitz W, Mulder LJ et al (2013). The utility of low frequency heart rate variability as an index of sympathetic cardiac tone: a review with emphasis on a reanalysis of previous studies. Psychophysiology 50, 477-487. SBC (2010). [VI Brazilian Guidelines on Hypertension]. Arq Bras Cardiol 95(1 Suppl), 1-51. Su TC, Lin LY, Baker D et al (2008). Elevated blood pressure, decreased heart rate variability and incomplete blood pressure recovery after a 12-hour night shift work. J Occup Health 50, 380-386. Task Force (1996). Heart rate variability: standards of measurement, physiological interpretation and clinical use. Task Force of the European Society of Cardiology and the North American Society of Pacing and Electrophysiology. Circulation 93,1043-1065. Thayer JF, Lane RD (2007). The role of vagal function in the risk for cardiovascular disease and mortality. Biol Psychol 74, 224-242. Thayer JF, Yamamoto SS, Brosschot JF (2010). The relationship of autonomic imbalance, heart rate variability and cardiovascular disease risk factors. Int J Cardiol 141, 122-131. Togo F, Takahashi M (2009). Heart rate variability in occupational health - a systematic review. Ind Health 47, 589-602. Van Amelsvoort LG, Schouten EG, Maan AC et al (2000). Occupational determinants of heart rate variability. Int Arch Occup Environ Health 73, 255-262. 41 Weise F, Heydenreich F, Runge U (1987). Contributions of sympathetic and vagal mechanisms to the genesis of heart rate fluctuations during orthostatic load: a spectral analysis. J Auton Nerv Syst 21, 127-134. WHO (2004). Appropriate body-mass index for Asian populations and its implications for policy and intervention strategies. Lancet 363, 157-163. WHO (2011). Waist circumference and waist–hip ratio: report of a WHO expert consultation. World Health Organ Tech Rep Ser. Xhyheri B, Manfrini O, Mazzolini M et al (2012). Heart rate variability today. Prog Cardiovasc Dis 55, 321-331. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Fatores de risco cardiovasculares, como obesidade e pressão arterial elevada, foram encontrados em trabalhadores de turno e tais fatores mostraram-se associados com os componentes da variabilidade da frequência cardíaca, em especial com a redução dos componentes parassimpáticos. Estes achados refletem a importância de uma rotina de atendimento à saúde dos trabalhadores de turno, visto que as condições de trabalho podem levar ao desenvolvimento de alterações clínicas, antropométricas, de composição corporal e cardíacas que aumentam o risco para a ocorrência de doenças cardiovasculares. Estudos futuros deverão focar mais especificamente nas condições de trabalho desses trabalhadores de turno, como carga de trabalho, estresse, exposição a partículas, poluentes, etc... para saber se o que está aumento o risco de doenças cardiovasculares é somente o fato do trabalhador estar submetido a alteração do seu ritmo circadiano ou se outros fatores também contribuem para a desregulação de sua saúde. 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Berntson GG, Quigley KS, Lozano D. Cardiovascular Psychophysiology. In: Cacioppo JT, Tassinary LG, Berntson GG, editors. Handbook of Psychophysiology. 3 ed. Cambridge, UK: Cambridge University Press; 2007. p. 182-210. 2. McArdle WD, Katch FI, Katch VL. Regulação e integração cardiovasculares. Fisiologia do exercício. Rio de Janeiro: Guanabara; 1998. p. 273-5. 3. Sztajzel J. Heart rate variability: a noninvasive electrocardiographic method to measure the autonomic nervous system. Swiss Med Wkly. 2004;134(35-36):514-22. 4. Task Force. Heart rate variability: standards of measurement, physiological interpretation and clinical use. Task Force of the European Society of Cardiology and the North American Society of Pacing and Electrophysiology. Circulation. 1996;93(5):1043-65. 5. Xhyheri B, Manfrini O, Mazzolini M, Pizzi C, Bugiardini R. Heart rate variability today. Prog Cardiovasc Dis. 2012;55(3):321-31. 6. Thayer JF, Lane RD. The role of vagal function in the risk for cardiovascular disease and mortality. Biol Psychol. 2007;74(2):224-42. 7. Kop WJ, Stein PK, Tracy RP, Barzilay JI, Schulz R, Gottdiener JS. Autonomic nervous system dysfunction and inflammation contribute to the increased cardiovascular mortality risk associated with depression. Psychosom Med. 2010;72(7):626-35. 8. Moak JP, Goldstein DS, Eldadah BA, Saleem A, Holmes C, Pechnik S, et al. Supine low-frequency power of heart rate variability reflects baroreflex function, not cardiac sympathetic innervation. Heart Rhythm. 2007;4(12):1523-9. 9. Rahman F, Pechnik S, Gross D, Sewell L, Goldstein DS. Low frequency power of heart rate variability reflects baroreflex function, not cardiac sympathetic innervation. Clin Auton Res. 2011;21(3):133-41. 10. Goldstein DS, Bentho O, Park MY, Sharabi Y. Low-frequency power of heart rate variability is not a measure of cardiac sympathetic tone but may be a measure of modulation of cardiac autonomic outflows by baroreflexes. Exp Physiol. 2011;96(12):1255-61. 11. Reyes del Paso GA, Langewitz W, Mulder LJ, van Roon A, Duschek S. The utility of low frequency heart rate variability as an index of sympathetic cardiac tone: a review with emphasis on a reanalysis of previous studies. Psychophysiology. 2013;50(5):477-87. 12. Chen G, Hsio, TJ, Lo, HM, Kuo, CD. Abdominal obesity is associated with autonomic nervous derangement in healthy Asian obese subjects. Clinical Nutrition. 2008;27(2):212-7. 13. Alyan O, Kacmaz F, Ozdemir O, Maden O, Topaloglu S, Ozbakir C, et al. Effects of cigarette smoking on heart rate variability and plasma N-terminal pro-B-type natriuretic peptide in healthy subjects: is there the relationship between both markers? Ann Noninvasive Electrocardiol. 2008;13(2):137-44. 14. Bonora E. The metabolic syndrome and cardiovascular disease. Ann Med. 2006;38(1):64-80. 43 15. Cornier MA, Despres JP, Davis N, Grossniklaus DA, Klein S, Lamarche B, et al. Assessing adiposity: a scientific statement from the American Heart Association. Circulation. 2011;124(18):1996-2019. 16. Abbasi F, Blasey C, Reaven GM. Cardiometabolic risk factors and obesity: does it matter whether BMI or waist circumference is the index of obesity? Am J Clin Nutr. 2013;98(3):637-40. 17. Keimling M, Renehan AG, Behrens G, Fischer B, Hollenbeck AR, Cross AJ, et al. Comparison of associations of body mass index, abdominal adiposity, and risk of colorectal cancer in a large prospective cohort study. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2013;22(8):1383-94. 18. Stabe C, Vasques AC, Lima MM, Tambascia MA, Pareja JC, Yamanaka A, et al. Neck circumference as a simple tool for identifying the metabolic syndrome and insulin resistance: results from the Brazilian Metabolic Syndrome Study. Clin Endocrinol (Oxf). 2013;78(6):874-81. 19. Zhou JY, Ge H, Zhu MF, Wang LJ, Chen L, Tan YZ, et al. Neck circumference as an independent predictive contributor to cardio-metabolic syndrome. Cardiovasc Diabetol. 2013;12:76. 20. Goodson NJ, Smith BH, Hocking LJ, McGilchrist MM, Dominiczak AF, Morris A, et al. Cardiovascular risk factors associated with the metabolic syndrome are more prevalent in people reporting chronic pain: Results from a cross-sectional general population study. Pain. 2013;154(9):1595-602. 21. Wakabayashi I. Necessity of both waist circumference and waist-to-height ratio for better evaluation of central obesity. Metab Syndr Relat Disord. 2013;11(3):189-94. 22. Bluher S, Molz E, Wiegand S, Otto KP, Sergeyev E, Tuschy S, et al. Body Mass Index, Waist Circumference, and Waist-to-Height Ratio as Predictors of Cardiometabolic Risk in Childhood Obesity Depending on Pubertal Development. J Clin Endocrinol Metab. 2013;98(8):3384-93. 23. Borel AL, Monneret D, Tamisier R, Baguet JP, Faure P, Levy P, et al. The severity of nocturnal hypoxia but not abdominal adiposity is associated with insulin resistance in nonobese men with sleep apnea. PLoS One. 2013;8(8):e71000. 24. Murabito JM, Massaro JM, Clifford B, Hoffmann U, Fox CS. Depressive symptoms are associated with visceral adiposity in a community-based sample of middle-aged women and men. Obesity (Silver Spring). 2013;21(8):1713-9. 25. Laitinen T, Lindstrom J, Eriksson J, Ilanne-Parikka P, Aunola S, KeinanenKiukaanniemi S, et al. Cardiovascular autonomic dysfunction is associated with central obesity in persons with impaired glucose tolerance. Diabet Med. 2011;28(6):699-704. 26. Peltier AC, Bagai K, Artibee K, Diedrich A, Garland E, Elasy T, et al. Effect of mild hyperglycemia on autonomic function in obstructive sleep apnea. Clin Auton Res. 2012;22(1):1-8. 27. Grassi G, Seravalle G, Dell'Oro R, Turri C, Bolla GB, Mancia G. Adrenergic and reflex abnormalities in obesity-related hypertension. Hypertension. 2000;36(4):538-42. 44 28. Koskinen T, Kahonen M, Jula A, Mattsson N, Laitinen T, Keltikangas-Jarvinen L, et al. Metabolic syndrome and short-term heart rate variability in young adults. The cardiovascular risk in young Finns study. Diabet Med. 2009;26(4):354-61. 29. Ramos PS, Araujo CG. Lower cardiac vagal tone in non-obese healthy men with unfavorable anthropometric characteristics. Clinics (Sao Paulo). 2010;65(1):45-51. 30. Cambri LT, Fronchetti L, De-Oliveira FR, Gevaerd MS. Variabilidade da frequência cardíaca e controle metabólico. Arq Sanny Pesq Saúde. 2008;1(1):72-82. 31. Tufik S, Santos-Silva R, Taddei JA, Bittencourt LR. Obstructive sleep apnea syndrome in the Sao Paulo Epidemiologic Sleep Study. Sleep Med. 2010;11(5):441-6. 32. Ludovic GPMA, Schouten EG, Maan AC, Swenne KA, Kok FJ. 24-hour heart rate variability in shift workers: impact of shift schedule. J Occup Health. 2001;43(1):32-8. 33. Hirota T, Fukada Y. Resetting mechanism of central and peripheral circadian clocks in mammals. Zoolog Sci. 2004;21(4):359-68. 34. Kivimaki M, Batty GD, Hublin C. Shift work as a risk factor for future type 2 diabetes: evidence, mechanisms, implications, and future research directions. PLoS Med. 2011;8(12):e1001138. 35. Koeppen BM, Stanton BA. Fisiologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2009. 36. Brownley KA, Hurwitz BE, Schneiderman N. Handbook of Psychopysiology. ed a, editor: Cambridge University Press; 2000. 37. Pumprla J, Howorka K, Groves D, Chester M, Nolan J. Functional assessment of heart rate variability: physiological basis and practical applications. Int J Cardiol. 2002;84(1):1-14. 38. Eckberg DL. Human sinus arrhythmia as an index of vagal cardiac outflow. J Appl Physiol Respir Environ Exerc Physiol. 1983;54(4):961-6. 39. Guyton AC, Hall JE. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2006. 40. Karason K, Molgaard H, Wikstrand J, Sjostrom L. Heart rate variability in obesity and the effect of weight loss. Am J Cardiol. 1999;83(8):1242-7. 41. Hayano J, Yasuma F. Hypothesis: respiratory sinus arrhythmia is an intrinsic resting function of cardiopulmonary system. Cardiovasc Res. 2003;58(1):1-9. 42. Barantke M, Krauss T, Ortak J, Lieb W, Reppel M, Burgdorf C, et al. Effects of gender and aging on differential autonomic responses to orthostatic maneuvers. J Cardiovasc Electrophysiol. 2008;19(12):1296-303. 43. Piccirillo G, Fimognari FL, Viola E, Marigliano V. Age-adjusted normal confidence intervals for heart rate variability in healthy subjects during head-up tilt. Int J Cardiol. 1995;50(2):117-24. 44. Montano N, Ruscone TG, Porta A, Lombardi F, Pagani M, Malliani A. Power spectrum analysis of heart rate variability to assess the changes in sympathovagal balance during graded orthostatic tilt. Circulation. 1994;90(4):1826-31. 45 45. Chang LR, Lin YH, Kuo TB, Wu Chang HC, Liu CM, Liu CC, et al. Autonomic modulation and health-related quality of life among schizophrenic patients treated with nonintensive case management. PLoS One. 2011;6(11):e26378. 46. Tsuji H, Larson MG, Venditti FJ, Jr., Manders ES, Evans JC, Feldman CL, et al. Impact of reduced heart rate variability on risk for cardiac events. The Framingham Heart Study. Circulation. 1996;94(11):2850-5. 47. Singh JP, Larson MG, Tsuji H, Evans JC, O'Donnell CJ, Levy D. Reduced heart rate variability and new-onset hypertension: insights into pathogenesis of hypertension: the Framingham Heart Study. Hypertension. 1998;32(2):293-7. 48. Khoo MC. Model-based studies of autonomic and metabolic dysfunction in sleep apnea. Adv Exp Med Biol. 2010;669:275-9. 49. Jarczok MN, Li J, Mauss D, Fischer JE, Thayer JF. Heart rate variability is associated with glycemic status after controlling for components of the metabolic syndrome. Int J Cardiol. 2013;167(3):855-61. 50. Liao D, Sloan RP, Cascio WE, Folsom AR, Liese AD, Evans GW, et al. Multiple metabolic syndrome is associated with lower heart rate variability. The Atherosclerosis Risk in Communities Study. Diabetes Care. 1998;21(12):2116-22. 51. Soares-Miranda L, Sandercock G, Vale S, Santos R, Abreu S, Moreira C, et al. Metabolic syndrome, physical activity and cardiac autonomic function. Diabetes Metab Res Rev. 2012;28(4):363-9. 52. Carnethon MR, Prineas RJ, Temprosa M, Zhang ZM, Uwaifo G, Molitch ME. The association among autonomic nervous system function, incident diabetes, and intervention arm in the Diabetes Prevention Program. Diabetes Care. 2006;29(4):914-9. 53. Kuk JL, Katzmarzyk PT, Nichaman MZ, Church TS, Blair SN, Ross R. Visceral fat is an independent predictor of all-cause mortality in men. Obesity (Silver Spring). 2006;14(2):336-41. 54. Janssen I, Katzmarzyk PT, Ross R. Waist circumference and not body mass index explains obesity-related health risk. Am J Clin Nutr. 2004;79(3):379-84. 55. Windham BG, Fumagalli S, Ble A, Sollers JJ, Thayer JF, Najjar SS, et al. The Relationship between Heart Rate Variability and Adiposity Differs for Central and Overall Adiposity. J Obes. 2012;2012:149516. 56. Andrew ME, Shengqiao L, Wactawski-Wende J, Dorn JP, Mnatsakanova A, Charles LE, et al. Adiposity, muscle, and physical activity: predictors of perturbations in heart rate variability. Am J Hum Biol. 2013;25(3):370-7. 57. Ferrante FA. Análise dos índices de variabilidade da frequência cardíaca em jovens obesos: Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" 2010. 58. Soares-Miranda L, Alves AJ, Vale S, Aires L, Santos R, Oliveira J, et al. Central fat influences cardiac autonomic function in obese and overweight girls. Pediatr Cardiol. 2011;32(7):924-8. 46 59. Ancona MC, Scodeler NF, Guidi RM, Paschoal MA. Variabilidade da frequência cardíaca em crianças eutróficas e obesas nas posições supina e bípede. Rev Ciênc Méd 2009;18(2):69-79. 60. Poliakova N, Despres JP, Bergeron J, Almeras N, Tremblay A, Poirier P. Influence of obesity indices, metabolic parameters and age on cardiac autonomic function in abdominally obese men. Metabolism. 2012;61(9):1270-9. 61. Nagashima J, Musha H, Takada H, Takagi K, Mita T, Mochida T, et al. Three-month exercise and weight loss program improves heart rate recovery in obese persons along with cardiopulmonary function. J Cardiol. 2010;56(1):79-84. 62. Brinkworth GD, Noakes M, Buckley JD, Clifton PM. Weight loss improves heart rate recovery in overweight and obese men with features of the metabolic syndrome. Am Heart J. 2006;152(4):693 e1-6. 63. Preis SR, Massaro JM, Hoffmann U, D'Agostino RB, Sr., Levy D, Robins SJ, et al. Neck circumference as a novel measure of cardiometabolic risk: the Framingham Heart study. J Clin Endocrinol Metab. 2010;95(8):3701-10. 64. Ballentine HM. Relating heart rate variability, urinary catecholamines, and baseline fitness to respiratory distress index and severity of disease in obstructive sleep apnea patients. . Blacksburg: Faculty of Virginia Tech; 2001. 65. Ishii N, Dakeishi M, Sasaki M, Iwata T, Murata K. Cardiac autonomic imbalance in female nurses with shift work. Auton Neurosci. 2005;122(1-2):94-9. 66. Van Amelsvoort LG, Schouten EG, Maan AC, Swenne CA, Kok FJ. Occupational determinants of heart rate variability. Int Arch Occup Environ Health. 2000;73(4):255-62. 67. Su TC, Lin LY, Baker D, Schnall PL, Chen MF, Hwang WC, et al. Elevated blood pressure, decreased heart rate variability and incomplete blood pressure recovery after a 12hour night shift work. J Occup Health. 2008;50(5):380-6. 68. Mitani S, Fujita M, Shirakawa T. Circadian variation of cardiac autonomic nervous profile is affected in Japanese ambulance men with a working system of 24-h shifts. Int Arch Occup Environ Health. 2006;79(1):27-32. 69. Malmberg B, Persson R, Flisberg P, Orbaek P. Heart rate variability changes in physicians working on night call. Int Arch Occup Environ Health. 2011;84(3):293-301. 70. Furlan R, Barbic F, Piazza S, Tinelli M, Seghizzi P, Malliani A. Modifications of cardiac autonomic profile associated with a shift schedule of work. Circulation. 2000;102(16):1912-6. 71. Chung MH, Kuo TB, Hsu N, Chu H, Chou KR, Yang CC. Sleep and autonomic nervous system changes - enhanced cardiac sympathetic modulations during sleep in permanent night shift nurses. Scand J Work Environ Health. 2009;35(3):180-7. 72. Ito H, Nozaki M, Maruyama T, Kaji Y, Tsuda Y. Shift work modifies the circadian patterns of heart rate variability in nurses. Int J Cardiol. 2001;79(2-3):231-6. 73. SBC. [VI Brazilian Guidelines on Hypertension]. Arq Bras Cardiol. 2010;95(1 Suppl):1-51. 47 74. Fontanive R, Paula TP, Peres WAF. Avaliação da composição corporal de adultos. In: Duarte ACG, editor. Avaliação Nutricional: Aspectos clínicos e laboratoriais 1ed. São Paulo: Atheneu; 2007. p. 40-63. 75. WHO. Appropriate body-mass index for Asian populations and its implications for policy and intervention strategies. Lancet. 2004;363(9403):157-63. 76. IDF. [VI Brazilian Guidelines on Hypertension]. Arq Bras Cardiol. 2006;95(1 Suppl):1-51. 77. WHO. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation. World Health Organ Tech Rep Ser. 2000;894:i-xii, 1-253. 78. Browning LM, Hsieh SD, Ashwell M. A systematic review of waist-to-height ratio as a screening tool for the prediction of cardiovascular disease and diabetes: 0.5 could be a suitable global boundary value. Nutr Res Rev. 2010;23(2):247-69. 79. Laakso M, Matilainen V, Keinanen-Kiukaanniemi S. Association of neck circumference with insulin resistance-related factors. Int J Obes Relat Metab Disord. 2002;26(6):873-5. 80. Ben-Noun L, Sohar E, Laor A. Neck circumference as a simple screening measure for identifying overweight and obese patients. Obes Res. 2001;9(8):470-7. 81. Lohman TG. Advances in body composition assessment: current issues in exercises science. Illinois: Human Kinet Publisher; 1992. 82. Carvalho JLA, Rocha AF, NASCIMENTO FAO, SOUZA NETO J, JUNQUEIRA JR LF, editors. Development of a Matlab software for analysis of heart rate variability. 6th International Conference on Signal Processing; 2002; Beijing, China, Institute of Electrical and Electronics Engineers. 83. Perakakis P, Joffily M, Taylor M, Guerra P, Vila J. KARDIA: a Matlab software for the analysis of cardiac interbeat intervals. Comput Methods Programs Biomed. 2010;98(1):83-9. 84. Godoy MF, Takakura IT, Correa PR. Relevância da análise do comportamento dinâmico não-linear (Teoria do Caos) como elemento prognóstico de morbidade e mortalidade em pacientes submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica. Arq Ciênc Saúde. 2005;12(4):167-71. 85. Nunan D, Sandercock GR, Brodie DA. A quantitative systematic review of normal values for short-term heart rate variability in healthy adults. Pacing Clin Electrophysiol. 2010;33(11):1407-17. 48 ANEXO I: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título: Avaliação de Variáveis Cardíacas, Antropométricas e Psicológicas em Trabalhadores de Turno. Convidamos você a participar como voluntário de um estudo que propõe avaliar se as medidas corporais e as psicológicas influenciam na função do coração de trabalhadores de turno e não turno. Este estudo será realizado no Laboratório de Cardiometabolismo da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto, Campus Morro do Cruzeiro, sob a coordenação da Profª Drª Gabriela Guerra Leal de Souza. Você deverá preencher alguns questionários que avaliarão algumas características psicológicas, em seguida passará por uma avaliação nutricional que englobará a aferição de seu peso, altura, percentual de gordura corporal e circunferências do abdomen, quadril e pescoço. A última etapa consistirá do registro do eletrocardiograma, exame utilizado para analisar o ritmo do seu coração. Para realização deste exame, serão colocados 4 sensores nos seus pulsos e tornozelos e 6 no tórax, próximos ao coração. Você deverá permanecer 6 minutos sem se movimentar, sendo 3 minutos deitado e 3 minutos em pé. A duração total dos procedimentos será de aproximadamente 1 hora. Visto que o estudo se trata de uma pesquisa com seres humanos, inconvenientes como necessidade de deslocamento até o local de realização dos exames, consequências da manutenção de jejum de 8h, constrangimento no preenchimento dos questionários, incômodo por estar utilizando o seu dia de folga de trabalho, defeitos ou falhas nos equipamentos, cancelamento do convênio UFOP/VALE, poderão vir ocorrer, sendo considerados os critérios para que os pesquisadores realizem a suspensão do sujeito e/ou interrupção da pesquisa. Entretanto, em todas as etapas haverão profissionais capacitados a fim de minimizar esses inconvenientes. Todos os seus questionários, dados nutricionais e do eletrocardiograma não serão nominais e sim numerados para que seja garatindo o anonimato e a confidencialidade. Os dados ficarão armazenados em computadores do Laboratório de Cardiometabolismo, que possuem senhas inviabilizando assim, o acesso de terceiros aos seus dados. Seus dados ficarão armazenados durante todo o período de duração da pesquisa até a publicação dos resultados, sob responsabilidade do professor Raimundo Marques do Nascimento Neto, coordenador do laboratório de Cardiometabolismo, e da professora Gabriela Guerra Leal de Souza, coordenadora dessa pesquisa. 49 Os achados deste estudo contribuirão para o melhor entendimento da influência do turno de trabalho na função cardíaca, nutricional e na saúde mental. Desta forma, será possível, no futuro, utilizar intervenções terapêuticas específicas para tratar os fatores de risco relacionados ao trabalho de turno. Sua participação na pesquisa é voluntária e você estará livre para interrompê-la a qualquer momento, sem que isto lhe prejudique. Em qualquer etapa do estudo você poderá ter acesso à professora e pesquisadora responsável pelo projeto, por telefone (31) 3559-1282, email: [email protected] ou ainda pessoalmente no ICEB I, sala 14, no Campus do Morro do Cruzeiro da Universidade Federal de Ouro Preto. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética desta pesquisa, poderá entrar em contato pessoalmente com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), localizado na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPP), ICEB II, Campus do Morro do Cruzeiro, Universidade Federal de Ouro Preto, por telefone (31) 3559-1368 ou e-mail: [email protected]. Acredito ter sido suficientemente informado a respeito do estudo acima citado. Ficou claro para mim quais serão os procedimentos a serem realizados e garantia de proteção e sigilo dos meus dados individuais. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e concedo para fins científicos, os direitos sobre os meus dados coletados. Poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuízos de qualquer espécie. Ouro Preto, ____ de _____________ de 20____. VOLUNTÁRIO PESQUISADOR Nome Nome Assinatura Assinatura 50 ANEXO II: CARTA DE APROVAÇÃO DO PROJETO PELO COMITÊ DE ÉTICA. 51