Verificação
aos Relatórios de
Sustentabilidade
Um desafio
para os Revisores
Oficiais de Contas
Auditoria
Teresa Eugénio
Docente ESTG / IPT Leiria
Sónia Gomes
MESTRE EM CONTROLO DE GESTÃO
Enquadramento
Este estudo pretende ser um contributo para um maior conhecimento da temática: auditoria aos relatórios de sustentabilidade, por
parte dos Revisores Oficias de Contas. Sendo este um tema ainda
novo e desconhecido para muitos, urge que o Revisor Oficial de Contas esteja atualizado e familiarizado com todos os aspetos que rodeiam o trabalho de Verificação aos relatórios de sustentabilidade.
A estrutura deste estudo é a que se segue: após a introdução, o ponto 2 identifica em que consiste um relatório de sustentabilidade e
as principais motivações e constrangimentos para a sua publicação.
O ponto 3 apresenta considerações sobre o GRI – Global Reporting
Iniciative. O ponto 4 aborda a verificação aos relatórios de auditoria
mencionando estudos internacionais, as normas de auditoria mais
utilizadas e a evolução desta prática a nível internacional. No ponto
5 é apresentado o estado da arte da auditoria aos relatórios de sustentabilidade em Portugal. Seguindo-se uma breve conclusão.
Fica um contributo em jeito de resumo, na expectativa que seja motor de curiosidade e gosto por aprender mais sobre a auditoria a este
tipo de relato.
Introdução
O desenvolvimento sustentável está presente na agenda das empresas que se posicionam como líderes no mercado. Cada empresa
tem estabelecido a sua visão da sustentabilidade, procurando desenvolver melhores práticas e com elas criar vantagens competitivas para o seu negócio. Neste processo contínuo de aprendizagem,
a comunicação de resultados não financeiros ganhou importância
vital para o sucesso das empresas, sendo os relatórios de sustentabilidade uma ferramenta privilegiada nesse sentido. Vários estudos
(como Bebbington e Gray (2001); Larrinaga et al. (2008)) defendem que as tendências internacionais indicam uma nova forma de
comunicar as questões económicas, sociais e ambientais, o que leva
as empresas a produzirem voluntariamente relatórios sobre estes
temas.
Relatórios de
Sustentabilidade
Os relatórios de sustentabilidade constituem uma ferramenta de
reporte que visa comunicar a abordagem estratégica e operacional
nas vertentes económicas, social e ambiental, e a performance obtida, consubstanciada em indicadores, metas/ achievements e iniciativas decorrentes da política de sustentabilidade das organizações.
O reporte sobre Sustentabilidade, desde que focado nos aspetos relevantes, e sendo credível e transparente, é uma das ferramentas
que maior valor acrescentado tem trazido às empresas que têm
uma atuação responsável, pois permite capitalizar essa atuação potenciando o fortalecimento da imagem da organização.
Elaborar relatórios de sustentabilidade consiste, na prática, em medir, divulgar e prestar contas, às várias partes interessadas, sobre a
estratégia, abordagem de gestão e o desempenho das organizações,
nos domínios económico, ambiental, e social visando contribuir para
um padrão de desenvolvimento sustentável, através de uma gestão
equilibrada destas vertentes.
O estudo da KPMG (2011 e 2006) reforça os benefícios que as
empresas obtém com a publicação de um relatório de sustentabilidade: melhoria do desempenho operacional e de gestão; ganhar
a confiança dos investidores e instituições financeiras, melhorar a
reputação, cumprir com exigências externas e/ou internas, entre
outras (figura 1).
Revisores Auditores ABRIL_JUNHO 2013
37
Auditoria
Figura 1
100%
Benefícios Identificados pela Publicação de Relatórios de Sustentabilidade
80%
Melhorar o desempenho
operacional e de gestão
Ganhar a confiança de
investidores, instituições...
66%
Melhorar a reputação
40%
52%
Cumprir com exigências externas
e/ou internas
41%
Melhorar a gestão de risco
40%
Capacidade de melhorar
desempenhos
Aumentar o controlo sobre
informação ambiental
39%
20%
0%
2001
2002
2003 2004
2005
2006
36%
Criar oportunidades de mercado
2007 2008
Follows GRI
25%
Capacidade de atrair e manter
talentos
Não sabe / Não responde
Outros
60%
55%
2009
No GRI
Fonte: CorporateRegister (2010)
22%
16%
3%
Fonte: KPMG (2006)
Figura 2
Muitos investigadores concordam que a GRI é a instituição mais relevante no contexto de relatórios de sustentabilidade (Thomson e
Bebbington, 2005; Moneva et al, 2006;. Bebbginton e Gray, 2006;
Adams, 2004). Alguns estudos analisam cuidadosamente estas diretrizes e avaliam a divulgação das empresas de acordo com elas
(Adams, 2004;. Moneva et al, 2006 e Lamberton, 2005).
Dificuldades Identificadas na Publicação de Relatórios de Sustentabilidade
Custo e constrangimento ao nível
dos recursos
Necessidade de recursos
adicionais
46%
45%
28%
Inexistência de indicadores
17%
Inexistência de Departamento de...
16%
Custos com a verificação externa
11%
Falta de envolvimento da gestão
de topo
Necessidade de transparência na
informação a ...
Aprovação da Gestão
8%
5%
1%
Outros
6%
Não sabe / Não responde
24%
Fonte: KPMG (2006)
Os maiores constrangimentos deste processo incidem nos custos e
na falta de recursos (figura 2)
Global Reporting
Iniciative
1
Várias organizações têm sugerido modelos ou diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade. A Global Reporting Iniciative (GRI) é a primeira iniciativa à escala mundial que visa alcançar
um consenso a respeito de uma série de diretrizes de comunicação
sobre a responsabilidade social, ambiental e económica das organizações. O seu objetivo é aumentar a qualidade dos relatórios a um
nível passível de comparação, consistência e utilidade (SGS, 2009).
Apesar das orientações de outros organismos, a GRI tem ganho
muitos adeptos a nível internacional (figura 3).
Figura 3
Empresas que adotam as Diretrizes GRI
38
Revisores Auditores ABRIL_JUNHO 2013
A GRI é uma organização não-governamental internacional, com
sede em Amsterdão, na Holanda. Foi lançada em 1997, como uma
iniciativa conjunta da organização não-governamental Coalition for
Environmentally Responsible Economies (CERES) e do Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). É uma instituição multi-stakeholders, que tem como missão desenvolver e dinamizar globalmente as diretrizes mais adequadas para a elaboração
de relatórios de sustentabilidade e como objetivos melhorar a qualidade, o rigor e a utilidade dos relatórios de sustentabilidade.
A GRI procura estabelecer um padrão internacional de relatório económico, social e ambiental. O modelo determina princípios de reporte (alinhados, embora adaptados a um outro contexto, com os princípios de relato financeiro) e conteúdos para o relatório, permitindo
às organizações a apresentação geral de seu desempenho económico, social e ambiental. Proporciona a comparação com o mercado, já
que estabelece padrões (indicadores) e ainda serve como plataforma para facilitar o diálogo e o envolvimento de stakeholders. Além
das diretrizes globais, a GRI desenvolve diretrizes setoriais.
No site www.globalreporting.com podem encontrar-se informações
adicionais sobre a GRI assim como as diretrizes para a elaboração de
relatórios de sustentabilidade em diferentes línguas.
A GRI incentiva as empresas a (SGS, 2009):
·· Reportar o processo de implementação dos princípios;
·· Estabelecer metas;
·· Identificar as melhorias alcançadas nos diversos aspetos;
·· Relatar se os objetivos foram ou não atingidos;
·· Avaliar internamente a consistência entre a política de sustentabilidade corporativa e a sua efetiva realização.
Os relatórios de sustentabilidade baseados na estrutura definida
pela GRI divulgam resultados e também consequências, que ocorreram durante o período relatado, no contexto dos compromissos,
da estratégia e da abordagem de gestão adotados pela organização.
Auditoria
Teresa Eugénio Docente ESTG / IPT Leiria / Sónia Gomes Mestre em controlo de gestão
Os relatórios podem ser utilizados, entre outros objetivos, para (GRI,
2006):
os relatórios de consultoras como a KMPG e a Delloite e os recentes
estudos de Gomes e Eugénio (2012) e Gomes et al. (2013).
·· Benchmarking e avaliação do desempenho de sustentabilidade
relativamente a leis, normas, códigos, padrões de desempenho
e iniciativas voluntárias;
Neste contexto, tendo em conta a importância que este tipo de relato tem assumido e a necessidade de garantir a sua credibilidade,
as empresas têm procurado auditar 2 os seus relatórios de sustentabilidade com o objetivo de analisar se estes transmitem de forma
transparente os valores e princípios corporativos, as práticas de gestão e o desempenho da empresa.
·· Demonstração da forma como a organização influencia e é influenciada por expectativas das partes interessadas face ao desenvolvimento sustentável;
·· Comparação do desempenho no âmbito de uma organização e
entre diferentes organizações, ao longo do tempo.
Verificação/ auditoria
aos relatórios de
sustentabilidade
Vários estudos destacam a falta de credibilidade face à não obrigatoriedade de verificação dos relatórios de sustentabilidade e à
ausência de investigação profunda na análise dos processos pelos
quais os relatórios de sustentabilidade são gerados (CPA, 2010;
O’Dwyer et al. 2011; Shum et al. 2009). No contexto internacional
encontram-se vários estudos sobre auditoria aos relatórios de sustentabilidade (tais como Ackers (2009); O’Dwyer et al. (2011); Simnett et al. (2009); Degan et al. (2006); Hodge et al. (2009); Kolk
and Perego; Simnett (2012)) no entanto o conhecimento da realidade portuguesa está ainda pouco explorado. Encontramos apenas
A GRI utiliza a expressão “processo externo de garantia de fiabilidade” para se referir a atividades que têm como resultado a publicação
de conclusões acerca da qualidade do relatório e da informação nele
contida. Esta atividade envolve considerar os processos subjacentes à preparação destas informações, apesar de não estar limitado a
essa tarefa. É uma atividade diferente daquelas que têm por objetivo a avaliação ou validação da qualidade ou nível de desempenho de
uma organização, tais como a emissão de certificados de desempenho ou avaliações de conformidade (GRI, 2006), como é o caso das
certificações de qualidade ou ambiente proporcionada por normas
como a ISO 9001 ou a ISO 14001.
Atualmente, os responsáveis pela elaboração dos relatórios de
sustentabilidade utilizam diversos tipos de abordagem para implementar um processo externo de verificação incluindo a utilização de
profissionais do ramo (Revisores Oficiais de Contas), painéis constituídos por stakeholders3 e outros grupos ou indivíduos não pertencentes à organização. Estas ações podem implicar o recurso a grupos ou indivíduos que seguem normas para assegurar a garantia de
fiabilidade, ou implicar abordagens que seguem processos sistemáticos, documentados e comprovados mas que não são regidos por
uma norma específica (Eugénio, 2011). Podem ter sistemas internos
de controlo implementados, incluindo funções de auditoria interna,
como parte do processo para gerir e divulgar informações, porém, a
Revisores Auditores ABRIL_JUNHO 2013
39
Auditoria
GRI recomenda a utilização de um processo externo de garantia de
fiabilidade para os relatórios de sustentabilidade, em complemento
aos recursos internos existentes.
As normas mais comuns na verificação desta temática são duas:
AA1000AS e a ISAE 3000. Esta ultima norma apenas pode ser utilizada por Revisores Oficiais de Contas. É frequente, em determinados estudos, a norma GRI ser incluída como uma norma de verificação no entanto importa esclarecer que a ISAE 3000 e a AA1000AS
são normas de assurance, enquanto que o GRI é “subject matter”
ou seja é um padrão que estabelece critérios de avaliação contra
os quais se vão aplicar procedimentos de auditoria para verificar a
conformidade. O GRI apesenta uma referência à verificação externa,
encorajando-a, mas não estabelece qualquer requisito especifico de
metodologia de verificação.
Por outro lado existe o GRI check, mas que é apenas uma picagem
de conformidade com os requisitos de relato, sem análise da fiabilidade da informação na origem – o próprio GRI refere que o GRI check
não é um processo de verificação externa e não a substitui.
A ISAE 3000 foi aprovada pelo International Auditing and Assurance
Standards Board e produziu efeitos a partir de Janeiro de 2005. São
estabelecidos nesta norma os princípios básicos e procedimentos
fundamentais a ter em conta para projetos de assurance que não se
refiram a auditorias ou revisões de informação financeira histórica.
Fornece diretrizes que dão orientações na abordagem e procedi-
40
Revisores Auditores ABRIL_JUNHO 2013
mentos, a ter em conta no desenvolvimento deste tipo de projetos,
para que estejam de uma forma sistemática e consistente com os
standards profissionais de auditoria e seus códigos de conduta (Correia, 2010). Estabelece princípios orientadores e procedimentos essenciais que orientam os profissionais de auditoria (ROC), denominados por esta norma como “profissionais executores”, na execução
de trabalhos de garantia de fiabilidade (ISAE 3000).
A norma AA1000AS – AccountAbility Assurance Standard foi publicada em Março 2003 e revista posteriormente, sendo que a versão actualmente em vigor data de 2008. Pretende assegurar não
apenas a qualidade dos dados, mas sobretudo a forma como as
organizações relatoras gerem a sustentabilidade, tendo por base,
nessa gestão, três princípios - princípios AA1000 da AccountAbility, os quais são especificados na norma AA1000 AccountAbility
Principles Standard – AA1000APS, também de 2008. Esses princípios são: a Inclusão (princípio-chave) - Uma organização deve
ser inclusiva, promovendo a participação das partes interessadas
no desenvolvimento e efectivação de uma resposta estratégica e
responsável em relação a sustentabilidade; Relevância ou Materialidade - Uma organização deve identificar os assuntos materiais e a
sua relevância para si e para as respectivas partes interessadas; e
Capacidade de Resposta - Uma organização deve dar resposta aos
assuntos suscitados pelas partes interessadas e que afectam o seu
desempenho, através de decisões; de acções de gestão, bem como
de comunicação com as partes interessadas; e do desempenho.
Auditoria
Teresa Eugénio Docente ESTG / IPT Leiria / Sónia Gomes Mestre em controlo de gestão
Estes dois normativos de verificação são os mais utilizados e comuns a todos os estudos publicados. Constata-se que são utilizados
de uma forma independente ou combinada entre a utilização de
uma ou duas normas no mesmo relatório.
As figuras seguintes Figura 2apresentam a evolução da verificação
dos relatórios de sustentabilidade a nível mundial (figura 4) e uma
visão global das empresas no mundo que recorrem à verificação externa dos relatórios de sustentabilidade (figura 5). Portugal ocupa
a 10ª posição com cerca de 45% dos seus relatórios de sustentabilidade auditados.
Figura 4
Evolução da verificação aos Relatórios de Sustentabilidade a nível mundial
6000
5713
4816
5000
4114
4000
3397
2893
3000
1930
2000
1000
0
366 464
201 267
26 62 114
639
838
1212
2137
2474
1492
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 20092010
Fonte: www.corporateregister.com
Auditoria aos relatórios
de sustentabilidade em
Portugal
Com o objetivo de traçar uma análise ao caso português, foi analisada a informação divulgada, pelas maiores empresas em Portugal,
públicas ou privadas nos anos de 2008, 2009 e 2010. Os documentos analisados foram os relatórios e contas e os relatórios de sustentabilidade4. Foram selecionadas empresas pertencentes a todos os
setores de atividade económica. Foram analisadas as empresas que
tivessem publicado um relatório de sustentabilidade num destes
anos. Para completar a amostra final recorreu-se às bases de dados
do GRI (Global Reporting Iniciative), BCSD (Conselho Empresarial
para o Desenvolvimento Sustentável) e CIGS/IPL (Centro de Investigação em Gestão para a Sustentabilidade do Instituto Politécnico
de Leiria). Na análise dos relatórios utilizou-se a técnica de análise
de conteúdo. Inicialmente foram analisados 250 Relatórios de sustentabilidade (“RS”), tendo-se excluído os referentes a empresas internacionais e multinacionais ficando a amostra em 222 RS (75 de
2008, 80 de 2009 e 675 de 2010).
Relativamente ao setor de atividade concluiu-se, de acordo com a
figura 6, que empresas do setor de “Serviços Públicos” e de “Transporte e Logística” ocupam os primeiros lugares na publicação deste
tipo de relato, certamente que as orientações da administração central no primeiro caso e a legislação no segundo, contribuiram para
este facto.
Figura 5
Figura 6
Percentagem de empresas do mundo que procuram auditar os RS
Relatórios de sustentabilidade publicados por setor de atividade
India
South Korea
Denmark
Spain
Italy
France
United Kingdom
Australia
Greece
Portugal
Taiwan
Sweden
Netherlans
Brazil
China
Chile
Germany
Hungary
South Africa
Finland
Israel
Slovakia
Switzerland
Mexico
Japan
Romania
Cana
Bulgaria
Ukraine
New Zealand
Nigeria
United States
Russia
Singapore
65
65
64
60
56
7
0%
14
13
13
10%
45
43
42
41
40
37
37
35
33
31
29
28
28
27
25
23
23
21
20
19
19
75
80
Serviços Publicos
Transportes e Logistica
Banca, Seguros e Serviços
Construção, Engenharia
e Materiais de Construção
Tecnologias
51
50
Alimentar e Bebidas
Outros Serviços
Indústria
Comércio por Grosso
e a Retalho
Setor Energético
Produtos Petroliferos
Comunicação e Media
Actividade Imobiliaria
Pasta de Papel e Cartão
Produtos Quimicos
Industria Automovel
Metalomecanica
e Engenharia
0
2
4
6
8
2010
10
12
2009
14
16
2008
(elaboração própria)
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Fonte: (KPMG, 2011)
A grande maioria das empresas tem optado pela publicação de um
relatório autónomo embora a tendência para a inclusão desta temática no relatório e contas tenha aumentado em 2010. A larga
maioria opta por seguir as diretrizes do GRI e cerca de 40% recorre à
Revisores Auditores ABRIL_JUNHO 2013
41
Auditoria
verificação/ auditoria dos seus relatórios, tal como apresentado nas
figuras 7, 8 e 9.
Figura 7
Tipo de relatório
80
70
60
50
40
Foram analisadas com detalhe o conteúdo das declarações de verificação referentes ao ano 2010. Sendo este ainda um trabalho desconhecido para muitos Revisores Oficiais de Contas, e não existindo
ainda um modelo standard, para “emitir opinião”, importa perceber
de que declaração se trata. Das 27 declarações analisadas concluise que a maioria tem por título de “Verificação independente” (11)
ou “Relatório de Revisão” (9). No entanto outros preferem o título
Relatório Independente de Garantia Limitada de Fiabilidade (1); Declaração de Verificação; (2) Relatório de Revisão Independente (1);
Relatório de Verificação de Garantia Limitada de Fiabilidade (2) ou
Relatório de Verificação de Garantia de Fiabilidade (1).
30
A estrutura mais utilizada comtempla os seguintes parágrafos:
Introdução/ Responsabilidade/ Âmbito e Conclusão (18). No entanto outras declarações de verificação apresentam uma estrutura
diferente(ver quadro 1).
20
10
0
2008
2009
2010
Relatório Autónomo
Relatório Anual
(elaboração própria)
Quadro 1
Estrutura do Relatório de Auditoria
Figura 8
Elaboração dos Relatórios segundo as diretrizes GRI
80
Introdução / Responsabilidade/Âmbito/Conclusão
18
Âmbito e critérios da Verificação/ Abordagem / Conclusões
e Constatações /Melhorias Recomendadas/ Responsabilidade
de Terceiros / Competências e Independência/ conflito de interesses
1
Introdução / Responsabilidade/Âmbito/Parecer
2
Introdução / Responsabilidade/Âmbito/Parecer / Independência
e competências da equipa/ Observação e recondamenções
3
Natureza e âmbito da Verificação/Responsabilidade/Declaração de
Independência e Competência/Metodologia e Critérios da Verificação/
Conclusão/Recomendações
2
Alcance do Trabalho / Standards e processos de Verificação /
Conclusões/ Observação e recondamedanções
1
70
60
50
40
30
20
10
0
2008
2009
2010
GRI
NA
(elaboração própria)
Figura 9
Relatórios com Verificação Externa Independente
80
75
67
33
29
2008
27
2009
Relatórios com Auditoria
2010
Relatórios sem Auditoria
(elaboração própria)
A norma mais utilizada para auditoria aos RS em Portugal é a ISAE
3000 utilizada isoladamente, seguida da aplicação conjunta desta
norma com a norma AA1000AS. Como já referido, a norma ISAE
3000 apenas pode ser utilizada por Revisores Oficiais de Contas.
Foram analisadas todas as declarações de verificação (assurance
statement) publicadas nos relatórios de sustentabilidade de 2010,
tendo-se concluído que as big four lideram atualmente este trabalho, ocupando o primeiro lugar a PwC, seguida da Deloitte e KPMG.
Esta tendência é verificada também a nível internacional.
42
Revisores Auditores ABRIL_JUNHO 2013
(elaboração própria)
Quanto aos procedimentos de auditoria utilizados a maioria recorre
a indagações à gestão (27); comparação de dados relativos a indicadores de desempenho (22) e confirmação do nível de aplicação (21).
O quadro 3 apresenta outros procedimentos de auditoria utilizados.
Auditoria
Teresa Eugénio Docente ESTG / IPT Leiria
Quadro 2
Procedimentos de Auditoria referidos na declaração de verificação
1
Indagações à Gestão
Indagação à gestão e principais responsáveis das áreas em análise para compreender o modo como está estruturada o
sistema de informação e a sensibilidade dos intervenientes, as matérias incluídas no relato. Entrevistas para compreender os processos implementados para determinar os aspetos materialmente relevantes para as partes interessadas .
27
2
Processos de Gestão
Internos
Identificar a existência de processos de gestão internos conducentes à implementação de politicas económicas, ambientais e de responsabilidade social.
18
3
Verificação da Informação
com bases de suporte
Verificar numa base de amostra a eficiência dos sistemas e processos de recolha, agregação, validação e relato que
suportam a informação de desempenho supracitados, através de cálculos e validação de dados reportados.
18
4
Comparação com dados
financeiros e económicos
Comparar os dados financeiros e económicos com os constates no RC para aferir sobre a validação externa da informação reportada.
12
5
Comparação de dados
relativos a indicadores de
desempenho
Comparar os dados relativos a indicadores de desempenho definidos pela Entidade Reguladora do sector com os valores
previamente auditados e confirma a observância de determinadas unidades operacionais às instruções de recolha,
agregação, validação e relato de informação de desempenho.
22
6
Procedimentos de
Consubstanciação
Executar numa base de amostras, alguns procedimentos de Consubstanciação da informação através de obtenção de
evidencias sobre a informação reportada, leitura da informação de forma a determinar se esta de acordo com o nosso
conhecimento geral , experiencia com a performance de sustentabilidade da organização.
15
7
Confirmação do Nível de
aplicação
Confirmar a existência de dados e informação requeridos para atingir o Nível de Aplicação do GRI.
21
8
Realização de entrevistas
Realização de entrevistas com os responsáveis e colaboradores relevantes, ao nível operacional e comparativo, sobre a
estratégia de sustentabilidade e as politicas relevantes aplicadas e implementação e aos responsáveis pela preparação
da informação de sustentabilidade .
8
9
Visitas às instalações ou
obras
Visitas a instalações e obras.
2
10
Validação dos Normativos
Análise dos temas materiais incluídos no Relatório com base no princípio de relevância previsto nas normas AA1000APS, ISAE 3000 e no GRI.
6
(elaboração própria)
Revisores Auditores ABRIL_JUNHO 2013
43
Auditoria
Conclusões
Pretendeu-se com este estudo apresentar ideias e informação sobre a auditoria aos relatórios de sustentabilidade, abordando temas
como o que é um relatório de sustentabilidade, principais motivações e constrangimentos para a sua publicação; o que é o GRI
– Global Reporting Iniciative; que estudos internacionais existem
sobre a auditoria aos relatórios de sustentabilidade e a evolução
desta prática a nível internacional; quais as normas de auditoria
mais utilizadas, e por fim apresentar o estado da arte da auditoria
aos relatórios de sustentabilidade em Portugal tendo em conta
a analise de 222 relatórios de sustentabilidade publicados entre
2008 e 2010 em Portugal.
Esperamos ser este um contributo para despertar mais interesse e
gosto em aprofundar conhecimentos nesta área .
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An International Comparison. The Accounting Review, 84(3), 937-967.
Simnett, R. (2012), “Assurance of sustainability reports: Revision of ISAE 3000 and
associated research opportunities”, Sustainability Accounting, Management and Policy
Journal, Vol. 3 No. 1, pp. 89-98.
Thomson, I. and Bebbington, J. (2005), Social and environmental reporting in the UK: a
pedagogic evaluation, Critical Perspectives on Accounting, 16 (5), 507-533.
1
Os conteúdos deste ponto foram adaptados do livro: Eugénio, T (2011), Contabilidade
Ambiental, Editora Verlag Dashofer.
2
Ao longo deste estudo são utilizados os termos “Verificação”, “Auditoria” ou mesmo
“Assurance” para referir o que se designa segundo o GRI (2006) “processo externo de
garantia de fiabilidade aos Relatórios de Sustentabilidade”.
3
Os painéis de stakeholders só verificam razoabilidade e relevância, raramente verificam conformidade e nunca fiabilidade.
4
Apresentam-se aqui alguns dos resultados desse estudo. Para mais detalhes sugerimos a leitura dos trabalhos: Gomes e Eugénio (2012) e Gomes, Eugénio e Branco
(2013), que podem ser solicitados para: [email protected].
5
Acredita-se que a publicação de relatórios de sustentabilidade não decresceu de 2009
para 2010. Na data de conclusão deste estudo ainda não estavam publicados todos os
relatórios de 2010.
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Revisores Auditores ABRIL_JUNHO 2013
PROGRAMA*
PROGRAM
12 setembro
september
13
08H30
09h30
09h00 Abertura do 2º dia
2nd day opening
Guilherme de Oliveira
Martins
RECEÇÃO
DOS PARTICIPANTES
RECEPTION
OF PARTICIPANTS
SESSÃO DE ABERTURA
OPENING SESSION
José Azevedo Rodrigues
Bastonário da Ordem dos
Revisores Oficiais de Contas
President of Ordem dos
Revisores Oficiais de Contas
Carlos Costa
Governador do Banco de
Portugal
Chairman of Banco de Portugal
Fernando Seara
Presidente da Câmara Municipal
de Sintra
Sintra City Council President
10h45 Coffee break
11h50 Auditoria:
desafios futuros
Auditing:
Future challenges
Warren Allen
Presidente da International
Federation of Accountants
(IFAC)
President of International
Federation of Accountants
André Kilesse
Presidente da Fédération des
Experts Comptables (FEE)
President of Fédération des
Experts Comptables
Pino Messina
Diretor de projectos especiais
- Association of Chartered
Certified Accountants
Director, Special Assignments,
Association of Chartered
Certified Accountants
12h30 Almoço
Lunch time
14h00 Desafio e confiança
no Setor Público
Challenges and trust
in the Public sector
António Gonçalves
Monteiro
Presidente da Comissão de
Normalização Contabilística
President of Portuguese
Accounting Standards Setter
Miguel Soares de Oliveira
Presidente do Instituto Nacional
de Emergência Médica
President of Instituto Nacional
de Emergência Médica
António Lobo Xavier
Sócio responsável pela área
fiscal da Morais Leitão, Galvão
Teles, Soares da Silva
Partner of Morais Leitão, Galvão
Teles, Soares da Silva, in charge
of fiscal matters
15h15 Tecnologias
de Informação de Apoio
à Auditoria
Computer
technologies
to assist the audit
Espaço livre para contactos com
os patrocinadores desta área
Free space for meetings with
the sponsors of this area
16h15
Coffee break
16h45 Desafio e confiança
no contexto
empresarial
Challenges and trust
in the business
context
António Simões
CEO SOVENA
Pedro Reis
Presidente da Agência para
o Investimento e Comércio
Externo de Portugal
President of Agência para
o Investimento e Comércio
Externo de Portugal
Nuno Amado
CEO Millennium BCP
18h00 Fim do 1º dia
closing of the 1st day
setembro
september
Presidente do Tribunal de
Contas
President of Supreme Audit
Institution
09h20 Ciência
e desenvolvimento
Science
and development
Maria de Lurdes
Rodrigues
ex-Ministra da Educação
Former Minister of Education
António Cruz Serra
Reitor da Universidade Técnica
de Lisboa
Rector of Universidade Técnica
de Lisboa
José Marques dos Santos
Reitor da Universidade do Porto
Rector of Universidade do Porto
10h30 Coffee break
11h00 Auditoria: cooperação internacional
Auditing:
International cooperation
Martin Manuzi
Diretor para a Região da Europa
do Institute of Chartered
Accountants in England and
Wales (ICAEW)
Regional Director for Europe,
Institute of Chartered
Accountants in England and
Wales
Júlio Sampaio
Presidente da Ordem dos
Contabilistas e Peritos
Contabilistas de Angola
(OCPCA)
President of Ordem dos
Contabilistas e Peritos
Contabilistas de Angola
João Mendes
Presidente da Ordem
Profissional dos Auditores e
Contabilistas Certificados de
Cabo Verde (OPACC)
President of Ordem Profissional
dos Auditores e Contabilistas
Certificados de Cabo Verde
12h30 Almoço
Lunch time
14h00 Ética, fator
de confiança
Ethics, a factor
for trust
Rui Nunes
Catedrático da Universidade do
Porto - Faculdade de Medicina
Professor in Universidade do
Porto - Faculdade de Medicina
José Guilherme Xavier
de Basto
Membro da Comissão de
Auditoria da Portugal Telecom
Member of Portugal Telecom
Audit Comittee
António Magalhães
Revisor Oficial de Contas
Chartered Accountant
15h30 Tecnologias
de Informação de Apoio
à Auditoria
Computer
technologies
to assist the audit
Espaço livre para contactos com
os patrocinadores desta área
Free space for meetings with
the sponsors of this area
16h00 Coffee break
16h30 Sessão
de Encerramento
Closing session
José Rodrigues de Jesus
Vice-Presidente do Conselho
Diretivo da Ordem dos Revisores
Oficiais de Contas e Presidente
da Comissão Organizadora XI
Congresso
Vice-President of Ordem dos
Revisores Oficiais de Contas and
President of OROC XI Congress
Organizing Committee
17h30 Encerramento
closing
of the Congress
* O programa poderá ser ajustado nas sessões de abertura e encerramento.
AUDITORIA:
DESAFIO
E CONFIANÇA
Auditing: Challenges and Trust
12,13 setembro 2013
Centro Cultural Olga Cadaval Sintra
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