Sociedade Brasileira de Química (SBQ) Determinação da forma polimórfica nos medicamentos distribuídos pela Farmácia Popular. 1 1,2 1 Maria Esther D. Reis (PG), Olimpia M. M. Santos (PG), Jennifer T. Jacon (PG), Mônica E. de S. 1 1 2 1,2 Lino (PG), Juliana S. Simões (PG), Ana Rosa P. Pereira (PQ), Antônio C. Doriguetto (PQ)* *[email protected] 1 Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal de Alfenas, Rua Gabriel Monteiro da Silva,700.CEP 2 37130-000. Alfenas-MG; Instituto de Química, Universidade Federal de Alfenas. Rua Gabriel Monteiro da Silva,700.CEP 37130-000. Alfenas-MG Palavras Chave: polimorfismo, medicamentos, difração de raios X, Farmácia Popular. O Programa do Governo Farmácia Popular tem o intuito de garantir o acesso da população a medicamentos a baixo custo. O rol desses medicamentos é baseado em evidências 1 epidemiológicas da população brasileira . A maioria dos medicamentos é comercializada na forma sólida (como comprimidos e cápsulas) principalmente devido a maior estabilidade química em relação às soluções. Além disso, apresentam vantagens durante o desenvolvimento, produção, transporte, estocagem e facilidade na dispensação. Entretanto, a forma sólida apresenta como desafio o fenômeno do polimorfismo que pode acometer o fármaco, chamado ingrediente farmaceuticamente ativo (IFA) no medicamento. Apesar de o polimorfimo em IFA´s ter seus efeitos conhecidos em fármacos desde os anos 60, somente nos últimos anos as indústrias farmacêuticas têm dado importância ao tema devido 2 aos grandes prejuízos causados . O polimorfismo pode ser definido como a capacidade de um composto sólido existir em duas ou mais formas 3 cristalinas . Um exemplo bem conhecido é o caso ® do Norvir (ritonavir) que foi retirado do mercado por problemas na dissolução relacionados a transição de fase polimórfica. Assim, o objetivo desse trabalho foi determinar a forma polimórfica dos medicamentos sólidos da Farmácia Popular por difração de raios X por pó (PXRD), e assim, avaliar e prever possíveis problemas, como ineficácia terapêutica e/ou toxicidade dos fármacos aos usuários desses medicamentos, de acordo com fatos relatados na literatura. Resultados e Discussão Foram selecionados 40 medicamentos da Farmácia Popular para esse estudo. As medidas de PXRD foram realizadas à temperatura do ambiente em um difratômetro de raios X por pó da marca Rigaku, modelo Ultima IV. A análise dos difratogramas obtidos, em comparação com os difratogramas simulados, gerados a partir das estruturas conhecidas dos diferentes polimorfos, mostrou que a grande maioria dos medicamentos estudado, 36a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química possuem apenas uma fase cristalina do IFA. Contudo, o estudo mostrou que quatro medicamentos apresentam mistura de duas formas polimórficas: carbamazepina, fenobarbital, furosemida e mebendazol. Portanto, esses medicamentos podem ter problemas de solubilidade e, consequentemente, de biodisponibilidade, podendo causar risco aos pacientes usuários. Como exemplo do estudo realizado, mostramos o caso do mebendazol (Fig 1), onde pode-se constatar a presença da forma A, considerada farmaceuticamenteinativa. Intensidade Normalizada (u.a.) Introdução Comprimido 100 mg de Mebendazol Forma A Forma C 0 4 8 12 16 20 24 28 32 2 Figura 1. Padrão de difração para o comprimido 100 mg de Mebendazol e suas formas polimórficas (A e C) (Cu Kα, λ = 1,5418Å). Conclusões O estudo por difração de raios X mostrou que pelo menos quatro medicamentos da Farmácia Popular não possuem a forma sólida preconizada nas farmacopeias. Agradecimentos FINEP, CNPq, CAPES, RQ-MG e FAPEMIG ____________________ 1 BRASIL. Presidência da República, Ministério da Saúde. Decreto 5.090 de 20 de maio de 2004. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20042006/2004/Decreto/D5090.htm Acesso em 27/04/2012. 2 Desiraju GR. Crystal Growth & Design 2008, 8, 3-5. 3 Brittain, H.G. (ed). Polymorphism in Pharmaceutical Solids, vol. 95. Marcel, Dekker: New York, 2000