r so og
iá s ol
D re lm
o ong fta
ã
iç .º C e O
d
E 54 s d
o ê
d gu
u
rt
P
o
ia
ia
Hotel Tivoli Marina, Vilamoura |1 a 3 de Dezembro, 2011
Publicação de distribuição gratuita e exclusiva neste Congresso
Dia 3
Sábado
As missões dos
oftalmologistas
portugueses por
terras africanas
Pág. 6
Conferência Prof. Cunha-Vaz
Dr. Neil Miller aborda neuropatia
óptica isquémica anterior Pág. 3
54.º Co n g re s s o Po r t u g u ês d e O ft a l m o lo g i a
1 2 3 Dez. | 2011
Especialistas debatem controvérsias em neuroftalmologia
Temas controversos em neuroftalmologia serão debatidos por um painel de especialistas de
renome nacional e internacional na sessão «À conversa com os especialistas» de hoje. A
partir das 9h30, na sala Gemini, tem início o debate, com a moderação da Dr.ª Ivone Cravo.
Vanessa Pais
C
2
om a intenção de criar um espaço de debate dinâmico em torno
da temática da neuroftalmologia, a sessão «À conversa com os
especialistas» de hoje reúne temas controversos. «A ideia é ir introduzindo alguns casos de patologias que contemplam abordagens
diferentes de diagnóstico e tratamento, para as quais não existem guidelines ou recomendações, pedindo aos especialistas que os comentem», indica a Dr.ª Ivone Cravo, coordenadora do Grupo Português de
Neuroftalmologia da SPO e moderadora da sessão.
O painel de convidados é composto pela Dr.ª Aki Kawasaki,
neuroftalmologista no Hôpital Ophtalmique Jules Gonin, na Suíça; o Dr. Neil Miller, do Wilmer Eye Institute, Johns Hopkins Hospital,
nos EUA; o Prof. Eduardo Silva, dos Hospitais da Universidade de
Coimbra (HUC); o Dr. João Costa, do Hospital de Egas Moniz, em
Lisboa; e o Dr. Pedro Fonseca, também dos HUC. Ivone Cravo acredita que, além do contributo destes especialistas ao nível da troca de
experiências nas várias patologias abordadas, pela forma educativa
e estimulante como o programa está construído, irá constituir-se uma
revisão actualizada nesta área».
Em relação às patologias, a moderadora da sessão adianta que
«as doenças retinianas, do nervo óptico (neuropatias ópticas de várias etiologias, tumores, drusens), pupila e motilidade ocular estarão
entre as escolhidas, embora a sua introdução no debate esteja dependente do rumo que tomar a discussão».
Enquanto não é possível definir guidelines, «devido à impossibilidade de levar a cabo estudos multicêntricos, randomizados e duplamente ocultos, que englobem um número elevado de doentes, até
porque algumas das patologias são raras», a moderadora da sessão
defende que «os especialistas têm de estar actualizados, contribuin-
Os Drs. Neil Miller, Ivone Cravo (moderadora) e o Prof. Eduardo Silva (na foto,
da esq. para a dta.) são alguns dos participantes da sessão «À conversa com
os especialistas» sobre controvérsias em neuroftalmologia
do para a discussão e implementação das recomendações e tendo
uma opinião própria sobre a conduta a adoptar, um "manual de boas
práticas", no qual se inclui informar o doentes das várias opções terapêuticas existentes, para que possa fazer uma escolha informada».
Evitar e minimizar as complicações do descolamento da retina
Para Angelina Meireles, é importante reunir os especialistas
em torno da questão das complicações, «até porque muitas delas não são assim tão frequentes e, por isso, há pouco conhecimento prático e experiência para os resolver», explica. A oftalmologista avança ainda que serão abordadas durante o Curso
ocorrências «desde as mais simples, com pouca ou nenhuma
repercussão no trabalho final se forem de imediato resolvidas,
até às mais complicadas, como as hemorragias da coróide».
«Há complicações que não resultam de má prática ou das
técnicas em si, mas sim da própria natureza do tratamento ou da doença, de contingências várias ou de aspectos
biológicos», explica o Dr. Victor Ágoas, assistente graduado
de Oftalmologia no Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto,
em Lisboa, e também co-coordenador do Curso. «Por esta
razão», continua, «há complicações não-evitáveis, que só
podem ser minimizadas».
Durante o Curso, o painel de convidados vai abordar, a partir da experiência clínica de cada um, as complicações major
e minor associadas ao descolamento da retina que podem
Os Drs. António Rodrigues, Mun Faria, David Martins, Angelina Meireles, João Paulo
Castro Sousa (na foto, da esq. para a dta.), Victor Ágoas, António Barbosa, João Branco
surgir antes, depois ou durante a cirurgia. A proliferação vítree o Prof. Carlos Neves discutem casos clínicos de complicações no descolamento da retina
orretiniana «uma das complicações major mais temida pelos
cirurgiões», não vai faltar na discussão, já que «tem múltiplos factoo início ao final da cirurgia, pode acontecer de tudo», diz a
res na sua origem e pode ter grande repercussão nos resultados»,
Dr.ª Angelina Meireles, oftalmologista no Centro Hospitalar do
avança Victor Ágoas.
Porto - Hospital Geral de Santo António e co-coordenadora do Curso
Com o descontraído título «Ups! O que faço agora?!», a sessão de«Complicações no descolamento da retina», que decorre hoje, entre
dicada às complicações no descolamento da retina vai contar ainda
as 9h30 e as 11h00, na sala Vega. Os problemas que podem estar
com os comentários e a experiência dos Drs. Augusto Barbosa, Antóassociados a esta patologia de prognóstico reservado e ao seu tratanio Rodrigues, David Martins, João Paulo Castro Sousa, João Branco,
mento cirúrgico são vários e estão em destaque nesta sessão didáctiMun Faria e do Prof. Dr. Carlos Neves. Patrícia Raimundo
ca, que privilegia a troca de experiências entre os especialistas.
«D
Edição Diária do Congresso
Destaque de Capa
Desafios da neuropatia
óptica isquémica anterior
O Dr. Neil Miller, prelector convidado
da Conferência Prof. Cunha-Vaz, traça
o estado da arte de uma patologia que
ainda desafia os oftalmologistas ao
nível do seu diagnóstico, patogénese
e abordagem – a neuropatia óptica
isquémica anterior. Hoje, a partir das
12h30, na sala Gemini.
Vanessa Pais
A
neuropatia óptica isquémica anterior (NOIA) é a segunda
causa mais comum de perda permanente de visão relacionada com o nervo óptico, nos adultos e após glaucoma, lembra
o Dr. Neil Miller, do Wilmer Eye Institute, Johns Hopkins Hospital,
nos EUA, que, este ano, é o prelector da conferência Prof. Cunha-Vaz. Apesar de frequente, ainda são muitos os desafios ao nível
do diagnóstico, da patogénese e da gestão da NOIA, dos quais
alguns serão abordados nesta conferência, que conta com a
moderação do Dr. Jorge Breda, da Dr.ª Manuela Cidade e do
Prof. Joaquim Murta. Ao Visão SPO, Neil Miller fez um ponto da situação sobre a abordagem a esta patologia, nas suas três formas:
NOIA não-artrítica
Não existe um tratamento definitivo para este tipo de neuropatia
óptica isquémica anterior, no entanto, Neil Miller defende que devem ser feitas tentativas para reduzir ou eliminar os factores de
risco para eventos vasculares subsequentes. Para isso, «é preciso fazer uma avaliação médica completa, incluindo o questionário sobre o uso de inibidores da fosfodiesterase-5, sintomas de
apneia do sono e hiper-homocisteinemia», afirma o prelector da
conferência, que identifica «a falta de modelos animais com neuropatia óptica isquémica anterior não-artrítica» como a principal
dificuldade para determinar o tratamento ideal.
Ainda assim, Miller destaca a importância dos modelos de ratos e primatas existentes que, embora a forma como a patologia
lhes é induzida seja diferente da patogenia humana desta doença, «constituem uma plataforma na qual é possível testar opções
de tratamento que, nos próximos anos, forneçam mais informação
sobre a patogenia, a prevenção e o tratamento desta patologia».
NOIA perioperatória
Sobre a neuropatia óptica isquémica anterior perioperatória, este
especialista foca-se em duas questões: «O aumento do risco de
ocorrência
de neuropatia
AF INSTITUCIONAL
240X60 11/14/11
11:44 AMóptica
Page 1 aguda, imediatamente ou várias
Pub.
semanas após a cirurgia da catarata não complicada, também
no segundo olho, se este for sujeito a cirurgia da catarata; e, no
caso dos doentes que sofreram uma crise espontânea de NOIA
não-artrítica no olho contrário àquele que foi sujeito a cirurgia da
catarata, o risco aumentado de vir a ocorrer uma neuropatia óptica
aguda pós-operatória no olho operado.»
Neil Miller sublinha que «não há forma de prever o que vai acontecer durante o pré-operatório, nem de prevenir uma cirurgia cardíaca
póstuma (ou a propensão para uma situação póstuma de cirurgia à
coluna) no caso de se verificar NOIA perioperatória, não existindo
tratamento definitivo», mas, apesar disso, «os doentes devem ser
submetidos à correcção imediata da anemia e/ou da hipotensão».
NOIA artrítica
Em relação aos doentes com suspeita de neuropatia óptica isquémica anterior artrítica, o prelector da conferência Prof. Cunha-Vaz
sublinha que estes têm «subjacente arterite de células gigantes
[ACG], o que exige a verificação da hemossedimentação e da
proteína C-reactiva, seguindo-se o tratamento imediato com altas
doses de esteróides, sem esperar pelo resultado da biopsia da
artéria temporal, pois o outro olho pode perder a visão no espaço
de horas ou dias». Em relação ao tratamento, Miller observa: «Não
há substituto dos esteróides para os doentes com ACG, mas alguns beneficiam com a introdução de metotrexato ou heparina».
Sobre o Dr. Neill Miller
- Integra a equipa do Wilmer Eye Institute do Johns Hopkins Hospital desde 1975;
- É professor de Oftalmologia, Neurologia e Neurocirurgia no Johns Hopkins Medical Institutions;
- É chefe da Neuro-Ophthalmology and Orbital Units do Wilmer Institute;
- Foi presidente da North American Neuro-Ophthalmology Society de 2000 a 2002;
- Foi presidente da International Neuro-Ophthalmology Society em 1982, 1992 e 2008;
- É autor ou co-autor de mais de 430 artigos, 80 capítulos e 13 livros;
- Em 2009, recebeu o prémio carreira atribuído pela American Academy of Ophthalmology.
3
Veja mais. Viva melhor
54.º Co n g re s s o Po r t u g u ês d e O ft a l m o lo g i a
Lentes
1 2 ZEISS.
3 Dez. | 2011
www.melhor-visao.zeiss.pt
Retinopatia diabética:
novo paradigma de cuidados
Sabia que...?
O primeiro Homem na Lua, a 20 de
Julho de 1969, foi fotografado com
uma objectiva fotográfica ZEISS?
As objectivas ZEISS
desempenham um papel
importante para realizadores
e operadores de câmara,
que produzem filmes como
“O Senhor dos Anéis”?
Os Drs. João Figueira, Vítor Genro, Luís Gonçalves, Susana Teixeira, José
Henriques, João Nascimento e o Prof. Rufino Silva (da esq. para a dta.)
apresentam um novo paradigma de cuidados na retinopatia diabética
T
ratar a retinopatia diabética de forma mais eficiente e atempada é a ideia-chave de um novo paradigma de cuidados
associado a esta patologia, cuja incidência está a aumentar. A
mudança, motivada pelo aparecimento de novos fármacos e por
uma atitude terapêutica renovada (conceito de fármaco-laser),
está em destaque neste último dia do Congresso, no Curso sobre um novo paradigma de cuidados na retinopatia diabética,
que decorre às 15h00, na sala Vega.
«A retinopatia diabética é uma doença complexa, com múltiplos mecanismos de acção, por isso vale a pena usarmos tudo
aquilo que temos à nossa disposição para maximizar os resultados», diz o Dr. José Henriques, coordenador do Curso e director
clínico do Instituto de Retina e Diabetes Ocular de Lisboa (IRL).
«O laser é um instrumento clássico no tratamento da retinopatia
diabética, mas começámos a perceber que, se associarmos outras terapêuticas, como os anti-VEGF [vascular endothelial growth
factors] e os corticóides, podemos conseguir melhores resultados. O grande paradigma agora é a chamada terapêutica combinada», revela o oftalmologista.
A associação de diferentes atitudes terapêuticas não é o único
pilar desta nova forma de encarar a patologia; a noção de urgência no tratamento também tem vindo a mudar, diz José Henriques. «A cada semana que passa, há um agravamento da situação. Não só é importante utilizarmos todos os procedimentos
médico-cirúrgicos disponíveis, mas também importa fazermos
uma actuação precoce.»
A cooperação do doente é outro dos tópicos a abordar no Curso «Retinopatia diabética: novo paradigma de cuidados». Segundo o coordenador, «conseguir motivar o doente a mudar o estilo
de vida melhora o seu estado de saúde em relação à diabetes e,
particularmente, em relação à retinopatia». Trata-se de uma abordagem complementar, eficaz e que «consome poucos recursos».
Para apresentar o novo paradigma de que se fala, o Curso conta com o contributo do Dr. Vítor Genro, da Associação Protectora
dos Diabéticos de Portugal, da Dr.ª Susana Teixeira, do Prof. Rufino Silva e dos Drs. Luís Gonçalves, João Figueira e João Nascimento, oftalmologistas com vasta experiência no tratamento desta
patologia. Patrícia Raimundo
Fonte: NASA, alunagem, Julho de 1969
4
Os vencedores de Prémios Nobel
descobrem mais com microscópios Zeiss?
Edição Diária do Congresso
Pub.
O Google Earth utiliza objectivas de
precisão ZEISS para a obtenção de
imagens espectaculares do nosso planeta?
Dr.ª Aki Kawasaki, neuroftalmologista no Hôpital
Ophtalmique Jules Gonin (Suíça)
«É importante estar
familiarizado com os
distúrbios neuroftalmológicos
mais comuns»
Em entrevista, a Dr.ª Aki Kawasaki tece
algumas considerações acerca do tema
sobre o qual vai proferir uma conferência,
pelas 11h30, na sala Gemini: as urgências
neuroftalmológicas.
Ana João Fernandes
Que desafios impõem o diagnóstico e o tratamento das urgências em neuroftalmologia?
Existem dois tipos de emergências. O primeiro é uma desordem neurológica aguda ou sistémica que afecta o sistema visual, conhecida
por ter uma elevada taxa de morbimortalidade. Alguns exemplos são:
perda visual aguda, devido a arterite de células gigantes; paralisia
aguda do terceiro nervo devido a expansão ou ruptura de aneurisma
cerebral; diplopia aguda devido a deficiência de tiamina (síndrome de
Wernicke); e anisocoria dolorosa aguda devido a dissecção da artéria carótida. Nessas e noutras situações relacionadas, a manifestação
clínica da doença é oftalmológica, pelo que o oftalmologista geral é
frequentemente o primeiro especialista a avaliar o doente. Assim, o
desafio é lembrar e reconhecer que distúrbios neurológicos ou sistémicos se podem apresentar com sintomas e sinais principalmente
oftalmológicos. Felizmente, a lista é bastante limitada e vamos discutir
algumas destas situações na conferência.
O segundo tipo de emergência neuroftalmológica – mais desafiante
– ocorre quando um doente com diagnóstico conhecido desenvolve
uma mudança na sua evolução clínica que pode pressagiar um mau
prognóstico, se não se intervier em tempo útil. São exemplos desta categoria: paralisia progressiva e múltipla dos nervos cranianos, devido
a meningite carcinomatosa num doente que se acredita ter linfoma em
remissão; perda visual progressiva devido a papiledema persistente
de pseudotumor cerebral; e mudança na estado visual num doente
com orbitopatia tireoideana. Os pontos-chave nestes cenários são os
exames de seguimento, para que sejam detectadas precocemente
mudanças subtis no estado do doente.
Que outros conselhos deixa sobre a abordagem das doenças neuroftalmológicas?
Em geral, os oftalmologistas – embora sejam os médicos mais qualificados para abordar problemas do foro da neuroftalmologia –, por
vezes, hesitam em avaliar e tratar doenças potencialmente neuroftalmológicas. Dizem que a neuroftalmologia é muito confusa, mas o
diagnóstico começa com uma regra básica: detalhar a história clínica
e realizar um exame cuidadoso. Encorajo todos os oftalmologistas a
confiarem nas suas competências. É importante estar familiarizado
com alguns dos distúrbios neuroftalmológicos mais comuns, mas não
é necessário ser-se um expert.
Jantar de encerramento recheado de surpresas
H
oje, a partir das 20h30, decorre o jantar de encerramento do 54.º Congresso Português de Oftalmologia, onde serão
entregues os habituais prémios da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia. Habituais são também as surpresas, a julgar
pelas edições anteriores. Será que o filme protagonizado pelo Dr. António Figueiredo em busca do pagamento da SPO pela
apresentação da «gala de talentos» do jantar de 2009 terminou ou haverá «novos episódios»? Confira, marcando presença
neste importante momento de convívio e aproximação entre oftalmologistas.
Evidência científica sobre a segurança dos anti-VEGF
O
Prof. Paul Mitchell, especialista na área da retina e professor de Oftalmologia na Universidade de Sidney, na Austrália,
apresenta hoje, pelas 12h30, na sala Gemini, as principais conclusões de vários estudos sobre a segurança dos agentes anti-
-factores de crescimento edotelial vascular (anti-VEGF, na sigla
inglesa). À luz das mais recentes descobertas, Paul Mitchell vai
avançar as linhas orientadoras da prática clínica que melhor servem os doentes.
Ficha técnica
Propriedade
Sociedade Portuguesa de Oftalmologia
Campo Pequeno, 2-13.º • 1000 - 078 Lisboa
Tel.: 217 820 443 • Fax: 217 820 445
[email protected]
www.spoftalmologia.pt
Edição
Av. Almirante Reis, n.º 114, 4.º E • 1150 - 023 Lisboa
Tel.: (+351) 219 172 815 • [email protected] • www.esferadasideias.pt
Direcção: Madalena Barbosa ([email protected])
Redacção: Ana João Fernandes, Patrícia Raimundo e Vanessa Pais
Fotografia: Luciano Reis • Design: Filipe Chambel
Marketing e Publicidade: Silvana Cruz ([email protected])
5
Destaque de Capa
54.º Co n g re s s o Po r t u g u ês d e O ft a l m o lo g i a
1 2 3 Dez. | 2011
Oftalmologistas sem fronteiras
São histórias de humanismo e de altruísmo as que hoje vão ser contadas, pelos seus
protagonistas, no Simposium Luso-Africano de Oftalmologia. A partir das 15h00, na sala
Gemini, conheça projectos de oftalmologistas portugueses, heróis por terras africanas,
cujas motivações partilharam com o Visão SPO.
Vanessa Pais
Depois de coordenar
um grupo de 19 voluntários, no âmbito do
projecto Visão Guiné,
em parceria com a
Fundação João XXIII,
em Janeiro passado,
o Dr. Luís Gonçalves,
director do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar do Alto
Ave, voltou com a certeza de que havia muito a fazer, além das
129 cirurgias e das 1 170 consultas proporcionadas à população. Assim, quando o projecto foi distinguido, entre dezenas de
outros projectos para diversas partes do mundo, com o Prémio
Excelência em Oftalmologia Vision Award (XOVA, atribuído pela
Novartis), no valor de 50 mil euros, a vontade de fazer mais começou a assumir contornos reais. No próximo mês de Fevereiro,
graças ao prémio atribuído ao projecto, vai nascer um centro
assistencial de Oftalmologia no Hospital de Cumura, na GuinéBissau. «A distinção atribuída a este projecto, onde participaram
vários oftalmologistas portugueses, dignifica a Oftalmologia nacional e necessita da ajuda de todos, pelo que, durante o Simposium Luso-Africano, vou aproveitar para sensibilizar os meus
colegas para se juntarem a esta causa», diz Luís Gonçalves, que
vai partilhar a sua experiência juntamente com os também voluntários neste projecto, Prof. Rufino Silva e Drs. Susana Teixeira,
Joel Henrique e Rosário Varandas.
2 148 consultas e
289 cirurgias foram
realizadas ao longo de dois anos, no
âmbito do projecto
Saúde para Todos –
Especialidades. Trata-se de um projecto
do Instituto Marquês de Vale Flôr (IMVF), que tem envolvido
médicos e enfermeiros dos Serviços de Oftalmologia do Hospital Egas Moniz e do Hospital Fernando Fonseca (AmadoraSintra) que, em dois anos (2010 e 2011), com três missões
por ano, levou a esperança a um país – São Tomé e Príncipe – onde esta especialidade não existe. Além das consultas e cirurgias efectuadas, «este projecto já permitiu acabar
com as evacuações sanitárias para Portugal, através das quais
os doentes com patologias oftalmológicas eram tratados, e
com os custos que implicavam», enfatiza o Dr. António Melo,
director do Serviço de Oftalmologia do Hospital Fernando
Fonseca. «Para 2012, estão previstas mais três missões, em
Fevereiro, em final de Maio ou Junho e em Outubro», adianta
o responsável, que, no Simposium Luso-Africano de Oftalmologia, vai relatar esta «experiência muito gratificante a
nível pessoal e profissional», juntamente com o presidente
do IMVF, Paulo Telles de Freitas, e os Drs. Luís Dias Pereira
e Anabela Raposo.
Apoiar uma escola na Gâmbia
Projecto
PeLC TLO
O projecto a partilhar
pelo Prof. Paulo Torres
não está relacionado
com a Oftalmologia,
nem com a Medicina.
É um projecto pessoal,
que começou, em família, aquando de uma
viagem à Gâmbia, em Dezembro de 2009. Mas é mais um exemplo
do altruísmo transversal a estes especialistas que vão participar no
Simposium Luso-Africano. Trata-se do apoio financeiro a uma escola
que, em 2009, tinha nove salas de aula para 1 755 alunos, não tinha
janelas, electricidade ou muros. «Já conseguimos electrificar a escola, dotá-la de janelas, muros, de uma cozinha e de uma sala
de jantar. Neste momento, estão a caminho 15 computadores doados pelo Hospital Geral de Santo António, no Porto, transportados
pela Galp, que também se juntou à causa e ofereceu mais alguns
computadores», conta Paulo Torres, confessando o desejo de voltar
àquela escola e ver ao vivo o resultado do seu esforço e dedicação.
Foto: DR
6
Edição Diária do Congresso
Foto: DR
Projecto Saúde
para Todos
Foto: DR
Projecto
Visão Guiné
A 3.ª Reunião Luso-Africana de Oftalmologia, que decorreu
no início de Outubro,
em Luanda, Angola,
marcou o início de
um projecto conjunto
da SPO e do Colégio
de Oftalmologia da Ordem dos Médicos (OM), num trabalho do
PeLC TLO (Portuguese eLearning Cluster for Teaching and Learning Ophthalmology), com a apresentação da comunicação «A
Ecografia em Oftalmologia», pela Dr.ª Helena Filipe, via Skype, a
partir de Lisboa. «A estas entidades juntaram-se a OM de Cabo
Verde e o Grupo Português de Patologia, Oncologia e Genética
Ocular da SPO, para levar a cabo mais uma iniciativa: a transmissão via Skype do Curso de Cirurgia de Pálpebra, que decorreu
em Outubro passado, na sede da SPO», sublinha Helena Filipe.
E adianta: «Preparamo-nos agora para estender este projecto a
outros continentes para além de África.»
SPO Jovem: ouvir
e orientar os novos
oftalmologistas
À semelhança de outras sociedades
científicas internacionais, a SPO tem
agora um projecto dedicado aos jovens
oftalmologistas. A primeira sessão do
SPO Jovem acontece hoje, pelas 17h00,
e pretende promover um diálogo profícuo
entre os especialistas experientes e os
que estão agora a começar.
Patrícia Raimundo
«A
A primeira sessão do projecto SPO Jovem conta com a participação do Prof. Eduardo Silva, da
Dr.ª Manuela Carmona, da Prof.ª Zélia Corrêa, do Prof. António Castanheira-Dinis (na foto, da
esq. para a dta.) e do Dr. Luís Pinto
s necessidades de formação e os interesses são diferentes ao
longo do nosso percurso como oftalmologistas. Assim, surgiu
a necessidade de criar este grupo, que terá actividades e formação
específica para os jovens oftalmologistas», diz a Dr.ª Ana Amaral, coordenadora do projecto SPO Jovem e secretária-geral adjunta da SPO.
Nesta primeira sessão do grupo, serão apresentados os objectivos
do projecto e os planos de trabalho previstos, mas também se vai procurar «entender quais as reais necessidades e preocupações dos oftalmologistas jovens durante a sua fase de formação e nos primeiros anos
de independência, especialmente face às modificações do mercado
de trabalho», acrescenta o Prof. Eduardo Silva, oftalmologista nos Hospitais da Universidade de Coimbra e um dos palestrantes convidados.
Na comunicação «Retina fora do circuito», Eduardo Silva vai adoptar
uma abordagem menos convencional, alertando para a «importância
de reconhecer doenças raras de afectação primária da retina e apresentar algumas novidades e formas de tratamento inovadoras».
A Prof.ª Zélia Corrêa, do Departamento de Oftalmologia da Universidade de Cincinnati, nos EUA, fundadora e directora do Curso de
Pub.
Lideranças da Associação Pan-americana de Oftalmologia, abordará a importância que os jovens oftalmologistas têm para o futuro das
organizações profissionais e das sociedades científicas. «Os jovens
não estavam a ser preparados e envolvidos nas causas profissionais,
o que limitava as opções de sucessão nos cargos de liderança e a
representatividade da nova geração», revela a oradora convidada.
Foi esta constatação das várias organizações internacionais que fez
surgir projectos como o SPO Jovem. «Os jovens oftalmologistas levarão
a profissão para o futuro. Cabe-nos a nós, oftalmologistas estabelecidos
profissionalmente, preparar, motivar e nutrir valores positivos nos jovens
para assegurar a saúde ocular da população», afirma Zélia Corrêa.
A primeira sessão do SPO Jovem vai contar ainda com a apresentação «SOE Lecture: circulação venosa e glaucoma», do Dr. Luís Pinto,
oftalmologista no Centro Hospitalar de Lisboa Central, para além de
incluir um espaço para esclarecimento de dúvidas e apresentação de
sugestões. «O objectivo é conhecer as opiniões e expectativas dos
internos e jovens oftalmologistas, para que possamos ir de encontro às
mesmas», conclui Ana Amaral.
7
54.º Co n g re s s o Po r t u g u ês d e O ft a l m o lo g i a
1 2 3 Dez. | 2011
8
Edição Diária do Congresso
Download

Dr. Neil Miller aborda neuropatia óptica isquémica anterior