Jornalismo Multimédia II
2014/2015
Bárbara Godinho de Sousa
Entrada de Dicionário Multimédia
SEO no Jornalismo Digital
Search Engine Optimization (SEO) - Otimização para Motores de Busca, em tradução
livre - descreve um conjunto de estratégias que, colocadas em prática, servem o objetivo
de aumentar o número de visitas de determinado website, através de motores de busca.
Fazem parte do pacote SEO alterações que podem ser feitas ao texto a publicar e aos
códigos HTML, comunicação direta com motores de busca e até mesmo procura de novos
leitores por meio de links e registos (Grappone & Couzin, 2006, p. 4). Surge então a
questão: como é que o SEO se pode aplicar ao jornalismo digital (vide Jornalismo online)?
Richmond (2008) acredita que a aplicabilidade do SEO ao jornalismo é bastante simples,
trata-se de uma forma de assegurar que os conteúdos serão encontrados (e lidos) pelos
milhões de utilizadores que usam motores de busca diariamente e acreditam nas
potencialidades de um agregador automático, como o Google News, para encontrar as
melhores histórias. Por conseguinte, acredita que se os jornalistas querem ver as suas
histórias lidas têm de garantir que o computador, leia-se internet, sabe sobre o que estão
a escrever.
Para isso, é necessário ter-se em consideração a utilização de palavras-chaves. Estas são
as palavras que o potencial leitor (neste ponto a probabilidade ou a expectativa assumem
uma maior dimensão) poderá inserir nos motores de busca e que o poderão levar ao
encontro de determinado website (Garrand, 2006, p. 48). No caso particular do jornalismo
em ambiente digital, o SEO e a consequente utilização de palavras-chave não têm de
comprometer o trabalho jornalístico, deontologicamente imparcial e objetivo, mas sim
SEO no Jornalismo Digital
permitir uma coexistência entre ambos para alcançar o sucesso dos conteúdos produzidos
para plataformas online (Corrêa & Bertocchi, 2012).
Adicionalmente, Loosen (2002) realça a importância do princípio hipertextual1 (vide
Hipertextualidade) e da utilização de links para outros documentos em linha, uma vez que
têm grande impacto na infraestrutura da web e consequentemente no acesso à informação.
A possibilidade de chegar a outros documentos e/ou páginas instantaneamente (vide
Instantaneidade), para além de permitir ao leitor traçar o seu próprio caminho de leitura,
abertamente e de acordo com os seus interesses, auxilia os motores de busca na indexação
e categorização dos conteúdos publicados.
Por sua vez, os resultados apresentados pelos motores de busca são determinados por
algoritmos2, que assumem o papel de curadores (vide Curadoria) de toda a informação
acessível aos motores de busca (Corrêa & Bertocchi, 2012). Vejamos o exemplo prático
do Google: os resultados de pesquisa que nos apresenta (tendo em consideração as
palavras-chave atribuídas) são curados por um algoritmo, definido pela empresa, e
apresentados de acordo com critérios de importância, nomeadamente localização, língua,
entre outros.
Ainda assim, existe alguns constrangimentos à utilização do SEO no jornalismo em
formato digital, nomeadamente na criação de ontologias3, no que diz respeito à semântica
na web - atribuição de sentidos às palavras que sejam reconhecíveis pela máquina e pelo
ser humano. No entanto, a ideia da existência de uma disposição prévia e universalizante,
desloca-se daquele que é o processo jornalístico, colocando em causa os critérios
editoriais de noticiabilidade, em virtude da universalização e aplicação do SEO (Corrêa
& Bertocchi, 2012). Estarão as palavras-chave a substituir os valores-notícia?
1
Baseando-se nos estudos de Roland Barthes sobre a textualidade, Landow (1995) apresenta
uma definição de hipertexto: um texto composto por blocos de texto e por ligações eletrónicas
que os associam e permitem que o leitor trace o seu próprio trajeto de leitura.
2
Código de programação que consiste num conjunto de procedimentos com a finalidade de
avaliar e escolher palavras-chave e resolver problemas (Corrêa & Bertocchi, 2012).
3
[Informática] Conjunto estruturado de termos e conceitos que representa um conhecimento
sobre o mundo. "Ontologias", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 20082013, http://www.priberam.pt/dlpo/ontologias [consultado em 08-04-2015].
2
SEO no Jornalismo Digital
Por outro lado, estarão os motores de busca a ditar a agenda noticiosa (vide Agendasetting) e a permitir que os algoritmos decidam os critérios de noticiabilidade? Se, por um
lado, Richmond (2008) acredita que estas não são questões sobre SEO, mas sim questões
editoriais e por conseguinte dependem inteiramente das escolhas do editor, Corrêa e
Bertocchi (2012) afirmam que, ao considerarmos tais questões, estaríamos a permitir que
fossem desconsideradas as varáveis jornalísticas e mesmo acontecimentos socialmente
relevantes.
3
SEO no Jornalismo Digital
Referências bibliográficas
Corrêa, E., & Bertocchi, D. (2012). A cena cibercultural do jornalismo contemporâneo: web
semântica, algoritmos, aplicativos e curadoria. MATRIZes, 5(2).
Garrand, T. (2006). Writing for Multimedia and the Web. Oxford: Focal Press.
Gonçalves, L. (2010). A relação entre palavras-chave e valores-notícia no jornalismo online.
Monografia, Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Comunicação e
Biblioteconomia, Goiânia.
Grappone, J., & Couzin, G. (2006). Search Engine Optimization: an hour a day. Indianapolis,
Indiana: Wiley Publishing, Inc.
Landow, G. (1995). Hipertexto: la convergencia de la teoría crítica, contemporánea y la
tecnología. Barcelona: Paidós.
Loosen, W. (2002). The Second-Level Digital Divide of the Web and Its Impact on Journalism.
First Monday, 7(8). doi:10.5210/fm.v7i8.977
Richmond, S. (2008). How SEO is changing journalism. British Journalism Review, 19(4), pp. 5155. Obtido em 8 de abril de 2015, de http://www.bjr.org.uk/data/2008/no4_richmond
4
Download

SEO no Jornalismo Digital