Ministério da Educação - MEC
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
CURSO FIC – CONDUTOR CULTURAL LOCAL
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA IGREJA E DA ARTE
PROFESSOR: MARCIUS TULIUS SOARES FALCÃO / SIMONE CASTRO
Ministério da Educação - MEC
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
HISTÓRIA DA IGREJA E DA ARTE
MARCIUS TULIUS SOARES FALCÃO / SIMONE CASTRO
CURSO FIC – CONDUTOR CULTURAL LOCAL
CRÉDITOS
Presidente
Dilma Vana Rousseff
Coordenador Adjunto - Reitoria
Armênia Chaves Fernandes Vieira
Ministro da Educação
Aloizio Mercadante Oliva
Supervisão - Reitoria
André Monteiro de Castro
Daniel Ferreira de Castro
Secretaria de Educação Profissional e
Tecnológica
Marco Antonio de Oliveira
Reitor do IFCE
Virgilio Augusto Sales Araripe
Pró-Reitor de Extensão
Zandra Maria Ribeiro Mendes
Dumaresq
Pró-Reitor de Ensino
Reuber Saraiva de Santiago
Coordenador Adjunto - Campus
Fortaleza
Fabio Alencar Mendonça
Supervisores
Daniel Gurgel Pinheiro
Francisca Margareth Gomes de Araújo
Francisco Alexandre de Souza
George Cajazeiras Silveira
José Roberto Bezerra
Nildo Dias dos Santos
Pró-Reitor de Administração
Tássio Francisco Lofti Matos
Orientadores
Deborah Almeida Sampaio
Antônio Indalécio Feitosa
Pró-Reitor de Pesquisa, Pós Graduação
e Inovação
Auzuir Ripardo de Alenxandria
Elaboração do conteúdo
Marcius Tulius Soares Falcão
Simone Castro
Diretor Geral Campus Fortaleza
Antonio Moises Filho de Oliveira Mota
Diagramação
Francisco Emanuel Ferreira Mariano
Diretor de Ensino Campus Fortaleza
José Eduardo Souza Bastos
Coordenador Geral – Reitoria
Jose Wally Mendonça Menezes
O QUE É O PRONATEC?
Criado no dia 26 de Outubro de 2011 com a sanção da Lei nº 12.513/2011 pela
Presidenta Dilma Rousseff, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec) tem como objetivo principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de
cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira. Para tanto,
prevê uma série de subprogramas, projetos e ações de assistência técnica e financeira que
juntos oferecerão oito milhões de vagas a brasileiros de diferentes perfis nos próximos
quatro anos. Os destaques do Pronatec são:
• Criação da Bolsa-Formação;
• Criação do FIES Técnico;
• Consolidação da Rede e-Tec Brasil;
• Fomento às redes estaduais de EPT por intermédio do Brasil Profissionalizado;
• Expansão da Rede Federal de Educação Profissional Tecnológica (EPT).
A principal novidade do Pronatec é a criação da Bolsa-Formação, que permitirá a
oferta de vagas em cursos técnicos e de Formação Inicial e Continuada (FIC), também
conhecidos como cursos de qualificação. Oferecidos gratuitamente a trabalhadores,
estudantes e pessoas em vulnerabilidade social, esses cursos presenciais serão realizados
pela Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, por escolas estaduais
de EPT e por unidades de serviços nacionais de aprendizagem como o SENAC e o SENAI.
Objetivos
•
•
•
•
Expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional
Técnica de nível médio e de cursos e programas de formação inicial e continuada de
trabalhadores;
Fomentar e apoiar a expansão da rede física de atendimento da Educação
Profissional e Tecnológica;
Contribuir para a melhoria da qualidade do Ensino Médio Público, por meio da
Educação Profissional;
Ampliar as oportunidades educacionais dos trabalhadores por meio do incremento
da formação profissional.
Ações
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•
•
•
•
•
Ampliação de vagas e expansão da Rede Federal de Educação Profissional e
Tecnológica;
Fomento à ampliação de vagas e à expansão das redes estaduais de Educação
Profissional;
Incentivo à ampliação de vagas e à expansão da rede física de atendimento dos
Serviços Nacionais de Aprendizagem;
Oferta de Bolsa-Formação, nas modalidades:
Bolsa-Formação Estudante;
Bolsa-Formação Trabalhador;
Atendimento a beneficiários do Seguro-Desemprego.
3
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA ...........................................................................4
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA ARTE....................................................................5
ARTE NO BRASIL: PRÉ-HISTÓRIA - SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS ...................6
A ARTE DOS ÍNDIOS BRASILEIROS ......................................................................8
Arte Utilitária ....................................................................................................................8
A Fase Marajoara...............................................................................................................9
Cultura Santarém .............................................................................................................10
O BARROCO NO BRASIL ..........................................................................................12
O Barroco em Salvador ...................................................................................................12
O Barroco em Pernambuco e na Paraíba .......................................................................14
O Barroco na Paraíba .......................................................................................................15
A MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA NO BRASIL - INFLUÊNCIA ....................17
Algumas Caracterísitcas de Construções Neoclássicas ..................................................19
Artistas Independentes da Missão Francesa ...................................................................20
Arquitetura Neoclássica noi Brasil .................................................................................21
A ARTE BRASILEIRA NO FINAL DO IMPÉRIO E COMEÇO DA
REPÚBLICA..................................................................................................................24
A Arqueitetura Reflete a Riqueza ....................................................................................25
O Art Nouveau ................................................................................................................27
O SÉCULO XX NO BRASIL: O MOVIMENTO MODERNISTA .........................28
A Semana de Arte Moderna .............................................................................................28
A MODERNA ARQUITETURA BRASILEIRA ......................................................30
PATRIMÔNIOS E MONUMENTOS HISTÓRICOS DE FORTALEZA..............37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................45
4
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
A disciplina História da Arte e da Igreja busca proporcionar ao alunos uma breve
visão da Arte Brasileira localizada historicamente em períodos e, ao mesmo tempo,
pontuar e identificar suas especifidades, estilos e épocas, principalmente na Cidade de
Fortaleza, Ceará. Contribuindo para a compreensão da arte, sua história e suas
representações em obras arquitetônicas, como importante elemento para despertar o
potencial turístico das cidades com seus museus, conjuntos arquitetônicos, em especial
das Igrejas mais antigas de Fortaleza.
A Ementa da disciplina abrangerá os seguintes temas: Pré-História - Sítios
Arqueológicos; A Arte dos Índios Brasileiros; O Barroco No Brasil; A Missão Artística
Francesa no Brasil - Influência; A Arte Brasileira no Final do Império e Começo da
República; O Século XX no Brasil: O Movimento Modernista; A Moderna Arquitetura
Brasileira; Exemplos do Patrimônio Histórico Arquitetônico de Fortaleza.
5
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA ARTE
Estudar a História da Arte é uma excelente maneira de nos colocar em contato
com as idéias e os ideais das culturas e etnias de épocas diferentes, sendo assim,
importante para a compreensão da história do Homem e do mundo.
Uma pergunta poderia então sugir: o que é arte? Este é um conceito muito
complexo, ao mesmo tempo em que é muito subjetivo, podendo variar bastante. Para
orientar nossa reflexão sobre a Arte no Brasil, principalemte em Fortaleza, vamos nos
limitar aos segunites conceitos:
“Criação humana de valores estéticos, que sintetizam as suas emoções, sua
história, seus sentimentos e sua cultura”.
“É um conjunto de procedimentos, utilizados para realizar obras, e no qual
aplicamos nossos conhecimentos”.
Observamos que no primeiro conceito há uma forte liberdade para entender a
arte como uma manifestação subjetiva, já o outro aponta para uma arte voltada
utilização e repetição de técnicas, cujo produto final é uma obra, que alguns estudiosos
poderão deizer, é uma “obra de arte”. Os dois conceitos podem estar juntos também. A
arte é, pois, um complexo fenômeno material e espiritual ao mesmo tempo.
Algumas observações importantes sobre a arte:
 O importante ao analisarmos uma obra de arte, é descobrir os motivos que a
determinam: o pensamento, a imaginação, as circunstâncias de época, de lugar,
de ambiente em que nasceu.
 Para decidir o que é ou não arte, nossa cultura possui instrumentos específicos.
Um deles, essencial, é o discurso sobre o objeto artístico, ao qual reconhecemos
competência e autoridade. Esse discurso é o que proferem o crítico, o historiador
da arte, o perito, o conservador de museu. São eles que conferem o estatuto de
arte a um objeto.
 Há locais que também dão estatuto de arte a um objeto: museu, galeria, cinema
de arte, sala de concerto, etc.
 Instituições legais que conferem o estatuto de obra de arte a obras arquitetônicas.
 A arte, como resultado de análise e avaliação, pode adquirir novas dimensões e
formas de expressão, através da crítica. Esta, além de contribuir para que melhor
se aprecie as obras, ajuda a sociedade a manter-se atenta aos valores tanto da
arte do passado quanto das manifestações mais recentes.
 A crítica, portanto, tem o poder não só de atribuir o estatuto de arte a um objeto,
mas de o classificar numa ordem de excelências, segundo critérios próprios.
Existe mesmo em nossa cultura uma noção, que designa a posição máxima de
uma obra de arte nessa ordem: o conceito de obra-prima.
 A História da Arte e as fontes históricas.
Vamos assistir a um vídeo que nos ajudará de forma simples a entender estas
observações.
6
ARTE NO BRASIL: Pré-história - sítios arqueológicos
Objetivos
•
Apresentar, situar e discutir a arte pré-histórica brasileira
Vamos começar o estudo da Arte Brasileira pelos valiosos sítios arqueológicos
que existem no Brasil. Em Minas Gerais Gerais, por exemplo, temos algumas grutas
que sobreviveram à destruição causada pelas fábricas de cimento que se abasteciam do
calcário nelas encontrado.
Nessas grutas encontramos o que se convencionou chamar de arte rupestre. A
arte rupestre é compreendida como o amplo conjunto de desenhos, pinturas e inscrições
realizadas pelo homem pré-histórico. Geralmente, este tipo de manifestação artística
aparece no interior de cavernas, grutas e em outras superfícies rochosas cingidas pela
marca da presença humana.
Em Minas Gerais, por exemplo, encontra-se o sítio arqueológico de Lapa da
Cerca Grande, localizado no município de Matozinhos, a aproximadamente 50 km de
Belo Horizonte. Ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional - Iphan, o que atesta sua importância e aumenta suas chances de preservação.
Nas pinturas do interior de grutas e abrigos de Lapa da Cerca Grande, podem ser
vistas figuras zoomorfas (representações de animais terrestres, peixes e aves),
antropomorfas (imagens humanas) e geométricas. A cor predominante nas figuras de
Lapa da Cerca Grande é a vermelha, mas observam-se também a amarela, a branca e a
preta.
.
Pinturas do interior de grutas e abrigos de Lapa da Cerca Grande
Também encontramos importantes sítios arqueológicos no Piauí, na cidade de
São Raimundo Nonato. Diversos pesquisadores vêm trabalhando nele desde 1970.
Em 1978, uma missão franco-brasileira coletou no local uma grande quantidade
de dados e vestígios arqueológicos. Os cientistas chegaram a conclusões esclarecedoras
a respeito dos grupos humanos que habitaram a região por volta do ano 6000 a. C., ou
talvez em épocas ainda mais remotas. Como os primeiros habitantes da área de São
Raimundo Nonato - provavelmente caçadores-coletores, nômades e seminômades - se
abrigavam ocasionalmente nas grutas da região, a hipótese mais aceita é a de que teriam
sido eles os autores das pinturas e gravações ali encontradas.
7
Os pesquisadores classificaram essas pinturas e gravações em dois grandes
grupos: obras com motivos naturalistas e obras com motivos geométricos.
Capivara e seu filhote e motivos geométricos são encontrados no Parque Nacional
da Serra da Capivara, município de São Raimundo Nonato, Piauí.
Inicialmente, essa espécie de manifestação artística aparece como uma clara
intenção do homem em registrar as situações que integravam a sua rotina. Contudo,
algumas pesquisas mostram curiosamente que os locais de produção da arte rupestre não
eram próximos a algum tipo de aldeia ou morada humana. Dessa forma, pode-se deduzir
que o homem pré-histórico já encarava esse tipo de atividade como algo dotado de um
lugar e sentido especial.
Apesar dessa leitura possível, devemos salientar que a interpretação da arte
rupestre está repleta de limites e problemas. Mas isso não implica dizer que o homem
pré-histórico fosse desprovido de qualquer senso estético. Ao representar um animal ou
um próximo, o autor explorava elementos de proporção e tonalidade que teriam como
pretensão salientar aquilo que era visto como importante em sua visão particular.
Paralelamente, devemos citar que a arte rupestre não se limitava ao registro
cotidiano ou a marcação de uma situação corriqueira. Muitas pinturas encontradas em
cavernas escondidas e regiões pouco habitadas indicam que essa manifestação artística
cumpria uma parte dos rituais funerários e religiosos da pré-história. Ao mesmo tempo,
a presença de motivos geométricos (círculos, cruzes, pontos e espirais) demonstra outra
faceta complexa e misteriosa dessa arte.
Devido aos estudos arqueológicos em São Raimundo Nonato, alguns estudiosos
levantaram a “hipótese da existência de um estilo artístico denominado Várzea Grande”.
Esse estilo tem como característica “a utilização preferencial da cor vermelha, o
predomínio dos motivos naturalistas, a representação de figuras antropomorfas e
zoomorfas (com corpo totalmente preenchido e os membbros desenhados com traços) e
a abundância de representações animais e humanas de perfil. Nota-se também a
freqüente presença de cenas em que participam numerosas personagens, com temas
variados e que expressam grande dinamismo”. (PROENÇA, 1994, p.189)
-------------------------------------------SAIBA MAIS! - Lendo o livro GASPAR, Madu. A Arte Rupestre no Brasil. 2ed. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.
--------------------------------------------
8
A ARTE DOS ÍNDIOS BRASILEIROS
Objetivos
•
•
Apresentar a arte indígena brasileira
Compreender e reconhecer suas principais características.
Todos sabemos que no período que denominamos pré-cabralino, ou seja, na
época do “descobrimento”, havia no país cerca de 5 milhões de índios. Infelizmente
esse número não passa hoje de aproximadamente 200 mil. Pior ainda é constatar que
parte das culturas da maioria desses indígenas também passa por acelerado processo de
destruição através dos séculos. Grande parte dos objetos de uma beleza dinâmica e
alegre criados por eles criados está desaparecendo.
TÓPICO 1 - Arte utilitária
Objetivos do tópico:
•
Discutir, compreender e historicizar a arte utilitária indígena
Entendemos como arte utilitária os objetos que são utilizados nas tarefas do
cotidiano nas aldeias. Para o índio, o que importa é a perfeição do objeto na execução,
mas são tão perfeccionistas que para nós acaba virando uma arte.
Podemos começar discutindo a questão que lida com a definição da arte indígena
e sua caracterização em relação às muitas atividades realizadas pelos índios. Pois ao
definirmos e classificarmos como a arte os produtos da cultura indígena ou dizermos
que eles têm qualidade estética, estamos utilizando conceitos que são proóprios da nossa
sociedade, mas sem muito sentido para o índio. Para ele, o objeto precisa ser mais
perfeito na sua execução do que sua utilidade exigiria. Nessa perfeição para além da
fainalidade é que se encontra a noção indígena de beleza.
Boneca em Barro dos índios Karajá
dos índios Desana.
Escudo Cerimonial
A arte indígena representa muito mais as tradições da comunidade em que está
inserida do que a personalidade do índio que a faz.
Hoje, mesmo que os índios estejam em um numero reduzido é possível
identificar duas modalidades da cultura dos silvícolas e os campineiros, estes povos
tratam da arte plumária, da arte do trançado, da tecelagem, do uso e criação de
máscaras, da cerâmica e da pintura corporal.
9
PiPintura corporal
Pintura Corporal
-------------------------------------------VOCÊ SABIA? - Grosso modo a Estética é definida a partir do encontro entre um
sujeito experimentador e um objeto experimentado. O sujeito experimenta o objeto
estético como uma qualidade de sentimento. Para esta experiência, não interferem
aspectos racionais ou cognitivos. É uma forma peculiar de atenção, sensível e afetiva.
As obras de arte são objetos estéticos privilegiados, mas não são os únicos a merecer a
atenção estética de alguém. Qualquer elemento da natureza ou mesmo um produto
industrial também pode ser considerado estético. Alguns conceitos como o “Gosto”, o
“Prazer” ou a “Empatia” referem-se principalmente à experiência do sujeito. Já
conceitos tais como o “Belo”, o “Sublime” ou o “Grotesco” referem-se a características
presentes no objeto.
-------------------------------------------TÓPICO 2 - A Fase Marajoara
Objetivos do tópico:
•
Reconhecer a fase Marajoara da arte indígena brasileira
A Ilha de Marajó foi habitada por vários povos desde, provavelmente,
1100 a.C. De acordo com os progressos obtidos, esses povos foram divididos em cinco
fases arqueológicas. A fase Marajoara é a quarta na seqüência da ocupação da ilha, mas
é sem dúvida a que apresenta as criações mais interessantes.
A produção mais característica desses povos foi a cerâmica, cuja
modelagem era tipicamente antropomorfa. Ela pode ser dividida entre vasos de uso
doméstico e vasos cerimoniais e funerários. Os primeiros são mais simples e geralmente
não apresentam a superfície decorada. Já os vasos cerimoniais possuem uma decoração
elaborada, resultante da pintura bicromática ou policromática de desenhos feitos com
incisões na cerâmica e de desenhos em relevo.
10
Igaçaba ou urna funerária marajoara
Dentre os outros objetos da cerâmica marajoara, tais como bancos, colheres,
apitos e adornos para orelhas e lábios, as estatuetas representando seres humanos
despertam um interesse especial, porque levantam a questão da sua finalidade. Ou seja,
os estudiosos discutem ainda se eram objetos de adorno ou se tinham alguma função
cerimonial. Essas estatuetas, que podem ser decoradas ou não, reproduzem as formas
humanas de maneira estilizada, pois não há preocupação com uma imitação fiel da
realidade.
Tanga ritual de cerâmica usada pelas mulheres marajoaras nas
festas míticas e religiosas
A fase Marajoara conheceu um lento, mas constante declínio e, em torno de
1350, desapareceu, talvez expulsa ou absorvida por outros povos que chegaram à Ilha
de Marajó.
TÓPICO 3 - Cultura Santarém
Objetivos do tópico:
•
Reconhecer a cultura Santarém da arte indígena brasileira
Não existem estudos dividindo em fases culturais os povos que ao longo do
tempo habitaram a região próxima à junção do Rio Tapajós com o Amazonas, como foi
feito em relação aos povos que ocuparam a Ilha de Marajó. Todos os vestígios culturais
encontrados ali foram considerados como realização de um complexo cultural
denominado "cultura Santarém".
A cerâmica santarena apresenta uma decoração bastante complexa, pois além da
pintura e dos desenhos, as peças apresentam ornamentos em relevo com figuras de seres
humanos ou animais.
11
Um dos recursos ornamentais da cerâmica santarena que mais chama a atenção é
a presença de cariátides, isto é, figuras humanas que apóiam a parte superior de um vaso
Além de vasos, a cultura Santarém produziu ainda cachimbos, cuja decoração
por vezes já sugere a influência dos primeiros colonizadores europeus, e estatuetas de
formas variadas. Diferentemente das estatuetas marajoaras, as da cultura Santarém
apresentam maior realismo, pois reproduzem mais fielmente os seres humanos ou
animais que representam.
A cerâmica santarena refinadamente decorada com elementos em relevo
perdurou até a chegada dos colonizadores portugueses. Mas, por volta do século XVII,
os povos que a realizavam foram perdendo suas peculiaridades culturais e sua produção
acabou por desaparecer.
Vaso de cariátides e Estatueta da cultura Santarém
12
O BARROCO NO BRASIL
Objetivos
•
Conhecer e identificar as características do Barroco no Brasil
O estilo barroco chega ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo
portugueses, leigos e religiosos. Seu desenvolvimento pleno se dá no século XVIII, 100
anos após o surgimento do Barroco na Europa, estendendo-se até as duas primeiras
décadas do século XIX. Como estilo, constitui um amálgama de diversas tendências
barrocas, tanto portuguesas quanto francesas, italianas e espanholas.
O Barroco brasileiro é claramente associado à religião católica. Por todo o país,
são inúmeras as igrejas construídas segundo os princípios desse estilo. Mas há também
muitos edifícios civis - como cadeias, câmaras municipais, moradias de pessoas ilustres
- e chafarizes que apresentam nítidas características barrocas.
Duas linhas diferentes caractrizam o Barroco brasileiro. Nas regiões
enriquecidas pelo comércio de açúcar e pela mineração, encontramos igrejas com
trabalhos em relevo feitos em madeira - as talhas - redecoradas com detalhados
trabalhos em escultura. É o caso das construções barrocas de Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Bahia e Pernambuco. Na outra feição, as igrejas apresentam talhas modestas e
trabalhos realizados por artistas menos experientes e menos famosos do que os que
viviam nas regiões mais ricas da época.
TÓPICO 1 - O Barroco em Salvador - primeira capital do Brasil
Objetivos do tópico:
•
Identificar as caracterísitcas do Barroco em Salvador
A partir da segunda metade do século XVII, a arquitetura das cidades mais ricas
do Nordeste brasileiro começou a se modificar, ganhando formas mais elegantes e
decoração mais requintada. Surgiram então as primeiras igrejas barrocas.
Mas somente no século XVIII houve total predomínio desse estilo na arquitetura
brasileira. Nessa época, Salvador tinha uma importância muito grande, pois não era
apenas centro econômico da região mais rica do Brasil, mas também a capital do país.
De Salvador saiam todas as riquezas da colônia para Portugal e para lá se dirigiam os
comerciantes portugueses que traziam consigo os hábitos da metrópole e, com eles, os
artistas e os produtos portugueses.
Por isso, em Salvador e em todo o Nordeste, encontramos igrejas riquíssimas,
como a IGREJA E O CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS, na capital
baiana, cujo interior todo revestido de talha dourada lhe conferiu o título de “a igreja
mais rica do Brasil”.
13
Igreja de São Francisco em Salvador - BA
Assim, a beleza da talha, dos azulejos portugueses que decoram o claustro do
convento e da fachada externa esculpida em pedra faz do conjunto arquitetônico
formado pela igreja e o convento de São Francisco e pela igreja da Ordem Terceira de
São Francisco a construção barroca mais conhecida de Salvador.
Aspecto do claustro conventual e parede de azulejos portugueses - altar
A igreja de São Francisco, cuja construção teve início em 1708, impressiona
pela sua rica decoração interior. O intenso dourado que recobre as colunas, os
ornamentos dos altares e as paredes é complementado pelos painéis que decoram o teto
da nave central. O espaço interno divide-se em três naves: uma central e duas laterais.
As naves laterais são mais baixas que a nave central e nelas se encontram os altares
menores, que são também guarnecidos por grande número de trabalhos com motivos
florais e arabescos dourados, anjos e atlantes. Na fachada, o frontão de linhas curvas é o
elemento Barroco mais caracterizador da parte externa da igreja.
Já a fachada da igreja da Ordem Terceira de São Francisco é considerada por
alguns pesquisadores como um projeto de Gabriel Ribeiro, a mesma apresenta um
trabalho caprichoso de escultura decorando a arquitetura. As figuras de santos, anjos,
atlantes e motivos florais esculpidos em pedra, juntamente com os balcões que revelam
certa influência do Barroco espanhol, fazem desta obra a única no gênero no Brasil.
14
Fachada da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco - Salvador
TÓPICO 2 - O BARROCO EM PERNAMBUCO E NA PARAÍBA
Objetivos do tópico:
•
Identificar as caracterísitcas do Barroco em Pernambuco e Paraíba
No século XVIII o crescimento econômico fez do Recife um importante centro
de negócios, pois foi sede, a partir de 1759, da Companhia Comercial de Pernambuco e
Paraíba, empresa que promoveu a produção e comercialização do açúcar, tabaco,
algodão e da madeira de lei. São dessa época as construções barrocas mais cudadosas,
que ainda hoje testemunham o período de riqueza da capital pernambucana.
A igreja de São Pedro dos Clérigos - cujas obras começaram em 1728, segundo
projeto de Manuel Ferreira Jácome, mas só foram concluídas em 1782 - apresenta
externa e internamente alguns aspectos arquitetônicos que chamam a atenção.
Externamente sobressaem a portada barroca trabalhada em pedra e a verticalidade do
edifício, incomum nas igrejas brasileiras do século XVIII.
Igreja de São Pedro dos Clérigos - Recife- PE
15
Internamente destacam-seo púlpito, os altares entalhados em pedra e o teto
pintado por João de Deus Sepúlveda, considerado o maior pintor pernambucano do
século XVIII.
Teto da igreja de São Pedro dos Clérigos, em Recife,
pintado por João de Deus Sepúlveda, entre 1764 e 1768
O Barroco na Paraíba
Na Paraíba o destaque é o convento franciscano de Santo Antônio, formado pela
igreja, pelo convento e pela capela da Ordem Terceira. A partir das extremidades da
fachada da igreja se abrem dois muros divergentes revestidos de azulejos, esses muros
delimitam um espaço adro, em cuja entrada há um cruzeiro típico das construções
franciscanas.
Igreja do convento franciscano de Santo Antônio com adro e cruzeiro
A partir das extremidades da fachada da igreja se abrem dois muros divergentes
revestidos de azulejos; esses muros delimitam um espaçoso adro, em cuja entrada há um
cruzeiro típico das construções franciscanas. Esse cruzeiro, com sua base piramidal e
bulbosa, harmoniza-se com o coroamento da torre da igreja. Por sua vez, a perspectiva
criada pelos muros divergentes da grande destaque ao templo.
Internamente, essa igreja possui uma ampla nave que se comunica com a capela
da Ordem Terceira. Esta capela é inteiramente revestida da talha dourada e pinturas.
16
Porém, o que mais chama do visitante é a pintura do teto da nave central, pelo exagero
dos efeitos de ilusão ótica que cria. Ela dá ao espectador uma visão de perspectiva,
simulando um espaço arquitetônico. É surpreendente a sensação que o observador tem
de que os bispos estão sentados no parapeito de um balcão, embora a pintura seja
realizada no plano.
Nava da Igreja (João Pessoa, PB). José Joaquim da Rocha
(1766 - 1769)
17
A MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA NO BRASIL - INFLUÊNCIA
Objetivos
•
Discutir a influência da Missão Artística Francesa na arte brasileira
No século XIX o Brasil é marcado pela chegada da família real portuguesa, que
fugia do conflito entre a França Napoleônica e a Inglaterra. D. João VI juntamente com
uma comitiva de 15.000 pessoas desembarcaram na Bahia em Janeiro de 1808, mas em
março do mesmo ano transferiram-se para o Rio de Janeiro.
Nesta cidade o soberano português começou uma série de reformas
administrativas, sócio econômicas e culturais, para adaptá-las às necessidades dos
nobres que com ele vieram e também de sua família. Dessa forma foram criadas as
primeiras fábricas, e fundadas instituições como o Banco do Brasil, a Biblioteca Real, o
Museu Real e a Imprensa Régia.
A partir de então o Brasil sofre forte influência da cultura européia, que
começa a assimilar e a imitar, essa tendência vai se firmar com a chegada da Missão
Artística Francesa, oito anos depois da vinda da família real. A Missão Artística
Francesa chegou ao Brasil em 1816, chefiada por Joachin Lebreton, alem deste faziam
parte: Nicolas Antoine Taunay, Jean-Baptiste Debret e Auguste-Henri-Victor Grandjean
de Montigny.
Esse grupo recebeu de D. João a missão de fundar uma escola de artes no
Brasil, feito alcançado em agosto de 1816 com a fundação da Escola Real de Ciências,
Artes e Ofícios, essa instituição teve seu nome alterado inúmeras vezes até se tornar a
Imperial Academia e Escola de Belas Artes em 1826.
Nicolas-Antonine Taunay: (1755-1830) é considerado uma das figuras mais
importantes da Missão Artística, na França participou de várias exposições e foi
requisitado por Napoleão inúmeras vezes para pintar cenas de batalhas. No Brasil suas
obras mais famosas são as pinturas de paisagens do Rio de Janeiro e regiões próximas.
Taunay - Vista do Outeiro, Praia e Igreja da Glória, 1817
Jean-Baptiste Debret: (1768-1848) é certamente o artista da Missão Francesa
mais conhecido pelos brasileiros, pois seus trabalhos que documentam a vida no Brasil
são muito utilizados como ilustração em livros escolares.
18
Debret - Uma Senhora Brasileira em seu Lar, 1823.
Em 1781 já era muito famoso na França, sendo constantemente requisitado
para pintar quadros relacionados ao Imperador Napoleão. Veio para o Brasil em 1816 e
permaneceu até 1831.
Produziu inúmeros retratos da Família Real, foi professor de Pintura Histórica
na Academia de Belas Artes e realizou a primeira exposição de arte no Brasil –
2/12/1829. Seu trabalho mais conhecido é Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, em
três volumes. Volume 1: indígenas brasileiros. Volume 2: sociedade do Rio de Janeiro.
Volume 3: retratos imperiais, decorações, plantas e florestas do Brasil.
No campo da arquitetura o principal nome é Grnadjean de Montigny, autor do
projeto da Academia de Belas Artes – 1826. Além disso, destacam-se também a Casa da
Moeda e o Solar dos Marqueses de Itamarati. Esse último foi projetado por José Maria
Jacinto Rebelo, aluno de Montigny.
Academia Imperial de Belas Artes – 1826
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A Missão Artística Francesa inaugurou a Academia Imperial de Belas Artes
(AIBA) em novembro de 1826, e Manuel de Araújo Porto Alegre, um gaúcho, foi um
de seus primeiros alunos. Quase trinta anos após sua matrícula na Academia, Manuel foi
seu diretor. Além de Manuel, destacam-se outros dois artistas, Augusto Muller e
Agostinho José da Mota, considerados os dois mais talentosos alunos da Academia de
Belas Artes.
Os artistas da Missão Artística Francesa pintavam, desenhavam, esculpiam e
construíam à moda européia. Obedeciam ao estilo neoclássico (novo clássico), ou seja,
um estilo artístico que propunha a volta aos padrões da arte clássica (greco-romana) da
Antigüidade.
TÓPICO 1 - ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DE CONSTRUÇÕES
CLÁSSICAS QUE INFLUENCIAM NAS NEOCLÁSSICAS
Objetivos do tópico
 Identificar as caracterísitcas de construções clássicas
• Colunas (de origem grega): Estrutura de sustentação das construções.
Compõe-se de três partes: base, fuste (parte maior) e capitel (parte superior com
ornamentos).
• Arcos (de origem romana): Elemento de construção de formato curvo
existente na parte superior das portas e passagens que serve de sustentação.
20
• Frontões: Estrutura geralmente triangular existente acima de portas e
colunas e abaixo do telhado. Os frontões podem receber os mais variados tipos de
decoração.
Os pintores deveriam seguir algumas regras na pintura tais como: inspirada nas
esculturas clássicas gregas e na pintura renascentista italiana, sobretudo em Rafael,
mestre inegável do equilíbrio da composição e da harmonia do colorido.
TÓPICO 2 - ARTISTAS INDEPENDENTES DA MISSÃO ARTÍSTICA
FRANCESA
Objetivos do tópico
 Conhecer os artistas independentes da Missão Francesa
Alguns dos artistas da Missão Francesa vieram para o Brasil, no séc. XIX, outros
pintores motivados pela paisagem luminosa e pela existência de uma burguesia rica e
desejosa de ser retratada. É nessa perspectiva que se situa alguns artistas europeus
independentes da Missão Artística Francesa:
Thomas Ender, era austríaco e chegou ao Brasil com a comitiva da Princesa
Leopoldina, viajou pelo interior, retratando paisagens e cenas da vida no nosso povo em
Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Sua obra compõe-se de 800 desenhos e
aquarelas.
21
Vista do Rio de Janeiro. Thomas Ender. 1817.
E Johann-Moritz Rugendas, era alemão, esteve no Brasil entre 1821 e 1825.
Além do nosso país, visitou outros países da América Latina, documentando, por meio
de desenhos e aquarelas, a paisagem e os costumes dos povos que conheceu.
Capoeira - Rugendas, 1835.
TÓPICO 3 - A ARQUITETURA NEOCLÁSSICA NO BRASIL
Objetivos do tópico
 Identificar a arquitetura neoclássica no Brasil
A influência neoclássica também se faz sentir na arquitetura brasileira, e o
agente transmissor deste estilo é a própria AIBA, em um primeiro momento com o
arquiteto e professor, membro da missão artística francesa Grandjean de Montigny e
posteriormente com seus discípulos, que irão erguer obras monumentais. No Brasil, esse
estilo arquitetônico se divide em dois grupos: Os grandes centros litorâneos e nas
províncias. No primeiro caso, desenvolve-se um tipo de arquitetura mais complexa e fiel
os padrões europeus, pois contava com maior número de mão-de-obra especializada e
materiais para construção importados da Europa:
22
Louis- Léger Vauthier. Teatro Santa Isabel, Recife, 1840-1846
A arquitetura nas províncias apresenta-se menos rebuscada que nas cidades
litorâneas, o estilo neoclássico adorna apenas superficialmente as residências, e mesmo
assim, o barroco colonial ainda é visível em alguns elementos destas casas,
principalmente na materialidade empregada para a construção. Isso acontece por dois
motivos; a falta de materiais adequados, que inviabilizou a sutileza da arquitetura
neoclássica; e segundo, a carência de mão de obra especializada, o que implicou em
cópias muitas vezes toscas das grandes arquiteturas litorâneas pela mão de obra escrava:
As residências urbanas nas Províncias constituíam cópias imperfeitas da
arquitetura dos grandes centros do Litoral, pois ainda que seus construtores e
proprietários pretendessem realizar obras neoclássicas, na maioria dos exemplos esta
vinculação com a temática e linguagem do neoclássico era muito superficial. (...) Mas as
transformações arquitetônicas se limitavam à superfície; papéis decorativos importados
da Europa, pinturas aplicadas sobre as paredes de terra para assemelhar-se aos interiores
europeus, onde muitas vezes se pintavam fingimentos, sugerindo uma ambientação
neoclássica jamais realizável com as técnicas e matérias disponíveis no local.
Barroco na província
Podemos concluir que, mesmo com o neoclassicismo no panorama da arte
brasileira do século XIX, não significa que tenha deixado de existir o barroco dos
antigos grandes mestres, muito pelo contrário, ambos os estilos acontecem
concomitantemente, e juntos, oferecem uma nova possibilidade de construção, que, a
propósito, será muito utilizada ao longo no século, principalmente com o advento do
ecletismo na arquitetura.
23
No entanto, a expansão do neoclassicismo não significa que formas mais
tradicionais, ligadas às raízes coloniais, tenham desaparecido. Nas províncias e também
na capital, igrejas e seu recheio em telha, imaginária e pintura, prolongaram ainda por
bom tempo as formas coloniais, se bem que numa conotação mais classicizante. No Rio
de Janeiro, por exemplo, ainda se constroem inúmeras igrejas ao longo do século XIX,
como a igreja de São Francisco de Paula, em que os estilos rococó, pombalino e
neoclássico se complementam nas fachadas e na decoração interna.
Igreja de São Francisco de Paula, concluída 1801.
Fachada da igreja. Frontão curvilíneo barroco.
Portada neoclássica
24
A ARTE BRASILEIRA NO FINAL DO IMPÉRIO E COMEÇO DA
REPÚBLICA
Objetivos
•
Apresentar a arte brasielira do final do império e começo da república.
A partir da segunda metade do século XIX, a estrutura socioeconômica brasileira
foi-se tornando complexa. Com a exportação do café, o país recuperou sua economia
em crise desde a Independência. Ao lado desa propesridade vinda do campo, nas
cidades das províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais surgiram às
primeiras indústrias e, com elas, uma classe operária, ainda pequena.
No plano político ganharam força as idéias republicanas e abolicionistas que
determinaram o fim da escravidão em 1888 e da Monarquia em 1889.
Após a Abolição, os grandes proprietários rurais, principalmente do Rio de
Janeiro e de São Paulo, posicionaram-se ao lado das forças capitalistas urbanas, como
grandes comerciantes, banqueiros e industriais. No outro extremo estva o proletariado
urbano, que foi personagem de Aluísio Azevedo em obras como O Cortiço e Casa de
Pensão. No campo, um grande contingente de brasileiros vivia na miséria e procurava
solução para seus problemas na religiosidade popular, como Euclides da Cunha mostra
em Os Sertões, de 1902.
No entanto, se a Literatura já registrava as transformações sociais pelas quais
passava o Brasil, a pintura, a escultura e a arquitetura, apesar de terem rompido com a
estética neoclássica, continuvam a expressar a riqueza e a vida tranqüila, sem
inquietações temáticas mais profundas. Essa preocupação só viria a ocorrer mais tarde,
nos anos próximos da década de 20, com a explosão do movimento modernista.
Como vimos a pintura de Belmiro de Almeida e a de Antônio Parreiras já dão
mostras de uma superação dos princípios neoclássicos. Mas são as obras de Eliseu
D’Angelo Visconti (1866-1944) que abrem definitivamente o caminho da modernidade
à arte brasileira. Pintor, decorador e desenhista, ele não se preocupa mais em seguir os
renascentistas italianos; busca, isto sim, registrar os efeitos da luz solar nos objetos e
seres humanos que retrata em suas telas.
Nascido na Itália, Visconti veio para o Brasil com menos de 1 ano de idade. Em
1885 matriculou-se na Academia de Belas-Artes. Em 1892, como prêmio por seus
trabalhos artísticos, ganhou uma viagem à Europa, onde frequentou a Escola de Belas
Artes de Paris e o curso de arte decorativa na Escola Ghérin. Durante o período que
permneceu na França, Visconti entrou em contato com a obra dos impressionistas. A
influência que recebeu desses artistas é tão grande que ele é considerado o maior
representante dessa tendência na pintura brasileira.
Voltou para o Brasil em 1900 e passou a realizar diversos trabalhos: ensinou
pintura histórica na Escola Nacional de Belas Artes, criou imagens para selos postais e
pintou o pano de boca do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Mas a maioria de seus
trabalhos é constituída por pinturas de paisagens, cenas do cotidiano e retratos, como é
o caso de Trigal e Maternidade, onde podemos observar nítidas caracteríticas
impressionistas. O trabalho de Visconti é considerado pela crítica como inovador da
pintura brasileira.
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Trigal, de Eliseu Visconti.
TÓPICO 1- A ARQUITETURA REFLETE A RIQUEZA
Objetivos do tópico
 Compreender como o desenvolvimento de algumas regiões do país
refletiu na arquitetura
No final do século XIX e início do século XX a arquitetura brasileira passou por
mudanças e seguiu principalmente duas tendências europeias: o Ecletismo e o Art
Noveau (Arte Nova). O Ecletismo reunia estilos do passado, principalmente os de
finalidade decorativa.
Assim, alguns arquitetos mesclavam, num mesmo edifício, elementos grecoromanos, góticos, renascentistas e mouriscos. As casas dos mais ricos passaram a ser
ornamentadas com relevos de estuque, platibandas (espécie de mureta que circunda o
alto de um edifício e esconde o telhado), grandes vidraças e ferragens importadas da
França e da Bélgica. Um exemplo dessa arquitetura refinada, detalhadamente decorada
e resultante da riqueza cafeeira, é o Palacete do Visconde da Palmeira, também
conhecido como Solar do Barão de Lessa, em Pindamonhangaba, atualmente Museu
Histórico e Pedagógico da cidade.
Museu Histórico e Pedagógico Dom Pedro I e Dona
Leopoldina, Construção entre 1850 e 1854.
26
As cidades do norte do país, enriquecidas com a borracha, desenvolveram uma
arquitetura requintada e de acordo com as concepções ecléticas. São exemplos disso os
mercados de Belá do Pará e o de Manaus com seus inúmeros elementos em ferro
rendilhado. Os teatros de Manaus e Fortaleza são importantes documentos desse
período final do século XIX.
Teatro Amazonas - 1896
O Teatro Amazonas, inaugurado emn 1896, apresenta interna e externamente
uma ornamentação em vários estilos. O Teatro José de Alencar, em Fortaleza, é mais
simples que o de Manaus e foi projetado em dois pavilhões. O posterior, produzido pela
empresa MacFarlane, de Glasgow, é todo de ferro e apresenta um notável trabalho
decorativo resultante de elementos art nouveau com soluções ecléticas.
Teatro José de Alencar pavimentos anterior e posterior. 1910.
27
O art noveau
No final do século XIX o Ecletismo foi superado pelo Art Noveau,
desenvolvido nos Estados Unidos e em boa parte da Europa. O Art Noveau valorizava
os elementos ornamentais e caracterizava-se pelo uso de linhas curvas, semelhantes às
linhas das formas vegetais. Esse estilo persistiu por algum tempo até ser superado, nos
anos 1920 e 1930, pelo Movimento Modernista e pela industrialização e modernização
da vida urbana.
No Brasil o Art Nouveau chegou no início do século XX, em sua bagagem
teriam principalmente elementos referentes a decoração de interiores ou de grandes
elementos arquitetônicos de ferro forjado. É possível encontrar exemplos do estilo em
edifícios projetados pelo francês Victor Dubugras e do sueco Karl Ekman como a Vila
Penteado em São Paulo, também são encontrados em gradis, portas e móveis
produzidos pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. No Rio de Janeiro o interior da
Confeitaria Colombo é um grande exemplo, cerâmicas e cartazes de Eliseu Visconti têm
uma inspiração profunda no Art Nouveau.
Vila Penteado, São Paulo
Esse movimento tende a revalorizar a beleza e colocá-la ao alcance de todos,
pela parceira entre arte e indústria. Elegante, o Art Nouveau foi o primeiro movimento
orientado exclusivamente para o design, por isso foi marcado como um estilo que trazia
exuberância decorativa, formas ondulantes com contornos bastante sinuosos e
composição assimétrica, também foi de suma importância ao artista gráfico por causa da
página impressa e sua influência na criação de formatos de letras e de marcas
comerciais. Por ser um movimento das artes decorativas, preocupavam-se em tornar
mais agradável os objetos industrializados, exemplo disso são os desenhos florais
aplicados nos pés de ferro das máquinas de costura, em papéis de parede, em grades de
ferro fundido e em ilustrações de livros, as peças artesanais também únicas exibem os
mesmos padrões. É o período dos vitrais, vasos, luminárias, jóias e móveis únicos e
requintados.
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O SÉCULO XX NO BRASIL: O MOVIMENTO MODERNISTA
Objetivos
•
Conhecer e compreender como se deu o movimento modernista no Brasil
O século XX inicia-se no Brasil com muitos fatos que vão moldando a nova
fisionomia do país. Observa-se um período de progresso técnico, resultante da criação
de novas fábricas surgidas principalmente da aplicação do dinheiro obtido através do
café. Ao lado disso, outro fato contribuiu para fazer o Brasil crescer e alterar sua
estrutura social: a espantosa massa de imigrantes que em apenas oito anos chega a quase
1 milhão de novos habitantes.
Esses tempos novos vivem, então, “à espera de uma arte nova que exprima a
saga desses tempos e do porvir”. (BRITO, 1958:24)
O nascimento de uma arte nova e a semana de arte moderna
O modernismo no Brasil tem como marco simbólico a Semana de Arte Moderna,
realizada em São Paulo, no ano de 1922, considerada um divisor de águas na história da
cultura brasileira. O evento - organizado por um grupo de intelectuais e artistas por
ocasião do Centenário da Independência - declara o rompimento com o tradicionalismo
cultural associado às correntes literárias e artísticas anteriores: o parnasianismo, o
simbolismo e a arte academica.
A defesa de um novo ponto de vista estético e o compromisso com a
independência cultural do país fazem do modernismo sinônimo de "estilo novo",
diretamente associado à produção realizada sob a influência de 1922. Heitor VillaLobos na música; Mário de Andrade e Oswald de Andrade, na literatura; Victor
Brecheret, na escultura; Anita Malfatti e Di Cavalcanti, na pintura, são alguns dos
participantes da Semana, realçando sua abrangência e heterogeneidade.
Os estudiosos tendem a considerar o período de 1922 a 1930, como a fase em
que se evidencia um compromisso primeiro dos artistas com a renovação estética,
beneficiada pelo contato estreito com as vanguardas européias (cubismo, futurismo,
surrealismo etc.). Tal esforço de redefinição da linguagem artística se articula a um forte
interesse pelas questões nacionais, que ganham acento destacado a partir da década de
1930, quando os ideais de 1922 se difundem e se normalizam. Ainda que o modernismo
no Brasil deva ser pensado a partir de suas expressões múltiplas - no Rio de Janeiro,
Minas Gerais, Pernambuco etc. - a Semana de Arte Moderna é um fenômeno
eminentemente urbano e paulista, conectado ao crescimento de São Paulo na década de
1920, à industrialização, à migração maciça de estrangeiros e à urbanização.
TÓPICO 1 - A SEMANA DE ARTE MODERNA –
A semana de Arte Moderna de 11 a 18 de fevereiro de 1922, no Teatro
Municipal de São Paulo, realizou-se a Semana de Arte Moderna. Nela foram
apresentadas ao público as novas tendências da música, das artes plásticas e da
literatura, causando forte impacto. Foi uma tentativa de criar uma cultura nacional
autêntica, fugindo da influência francesa.
A idéia de organizar uma Semana de Arte Moderna partiu de Paulo e Marinette
Prado, fazendeiros de café, e do pintor Di Cavalcanti. Durante as noites de 13, 15 e 17
de fevereiro de 1922, o público reunido no Teatro Municipal de São Paulo escutou
29
música de Heitor Vila-Lobos, poemas de Manuel Bandeira e Textos de vários escritores
como Menotti del Picchia, Mário de Andrade e Plínio Salgado. No saguão do teatro,
quadros de Anita Malgatti e Di Cavalcanti, entre outros, e esculturas de Vítor Brecheret.
A inauguração da Semana de Arte Moderna foi feita por Graça Aranha, sendo ouvida
em respeitoso silêncio. Mas as apresentações seguintes foram vítimas de vaias, insultos,
“palavrões”, e até batatas e tomates podres.
A concreticidade das mudanças propagadas pela Semana de Arte Moderna só
ocorreu a partir de 1930.
30
A MODERNA ARQUITETURA BRASILEIRA
Objetivos
 Conhecer a Moderna arquitetura brasileira
Iniciado na Europa, o modernismo foi um movimento que envolvia as áreas
artísticas e culturais. Os principais ideais modernistas tiveram sua chegada ao Brasil no
a partir da primeira de década do século XX, introduzida através de manifestos como a
Semana da Arte Moderna realizada em 1922 em São Paulo.
O Modernismo foi o reflexo da efervescência cultural da época: durante o
período o país passou pela industrialização e por período de grande ufanismo, o que
levou a busca pela arte – incluindo aqui a arquitetura – nacional, sem se prender aos
padrões europeus. O movimento gerou uma nova fase estética que acabou integrando
tendências que já vinham aparecendo, fixadas na valorização da realidade do país,
sugerindo um descarte das tradições que até então vinham sendo seguidas tanto na
literatura como nas artes. O movimento Moderno não se limitou apenas arquitetura e
arte moderna, pois envolveu aspectos ligados a áreas sociais, tecnológicas, econômicas
e artísticas.
Devido aos problemas gerados pelas mudanças sociais e econômicas durante a
Revolução Industrial, o modernismo arquitetônico nasce na Europa para encontrar
soluções geradas por tamanhas mudanças. No Brasil ele surge sem a necessidade de
solucionar problemas sociais, pois as obras modernistas surgem quando ainda se
iniciava o processo de industrialização. Segundo Lúcio Costa, o Modernismo brasileiro
justifica-se como estilo, afirmando a identidade de nossa cultura e representando o
“espírito da época”.
As primeiras manifestações modernistas no Brasil no campo da arquitetura
Talvez, a primeira obra da moderna arquitetura brasileira seja uma estação da
Estrada de Ferro Sorocabana, em Mairinque, no interior de São Paulo. Ela foi projetada
por Victor Dubugras (1868-1933), um francês que passou a infância e a juventude em
Buenos Aires e que veio para São Paulo em 1891.
O projeto da Estrada de Ferro Mairinque -0 construída em 1907 - Rompe o
comprometimento desse arquiteto com o Art Nouveau e o neocolonialismo. Nessa obra,
pela primeira vez, ele usa o concreto armado, extraindo dele todas as suas
potencialidades plásticas, seja nas nervuras do teto, seja nas marquises ou nos vãos.
Estação da Estrada de Ferro Mairinque. Projeto
de Victor Dubugras
Estação da Estrada de Ferro Mairinque. Detalhes
das nervuras do teto.
31
No Brasil o campo da arquitetura teve influência de arquitetos estrangeiros,
adeptos do movimento. O russo Gregori Warchavchik projetou a “Casa Modernista”
(1929-1930), obra que foi marcada como a primeira casa em estilo Moderno em São
Paulo, porém o estilo se tornou conhecido e aceito em solo brasileiro através de projetos
de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.
Casa Modernista, São Paulo. Projeto de Gregori Warchavchik
Warchavchik teve o mérito de divulgar entre a burguesia paulista o estilo
futurista, que utilzava formas geométricas com intenção decorativista. Os interiores
começaram a ser decorados com obras vanguardistas e os móveis, vitrais, tapeçarias e
bordados passaram a expressar as formas desse estilo.
Assim, em 1930 as construções passaram a ser desprovidas de ornamentos e
revestidas de massa raspada, com fragmentos de malacacheta, que refletiam a luz do sol.
Conjunto habitacional Pedregulho, de Affonso Reidy.
Os projetos modernistas eram marcados pelo racionalismo e funcionalismo,
além de características como formas geométricas definidas, falta de ornamentação – a
própria obra é considerada um ornamento na paisagem; separação entre estrutura e
vedação, uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício, panos de vidro
contínuos nas fachadas ao invés de janelas tradicionais; integração da arquitetura com o
paisagismo, e com as outras artes plásticas através do emprego de painéis de azulejo
decorados, murais e esculturas.
32
A influência de Le Corbusier
Quando o movimento moderno se difundiu no Brasil, arquitetos recém
graduados passaram a estudar obras de arquitetos estrangeiros como os alemães Mies
Van der Rohe e Walter Gropius, porém foi arquiteto franco-suíço Le Corbusier que
mais teve influência na formação do pensamento Modernista nos arquitetos brasileiros,
suas idéias inovadoras tiveram uma vasta influencia no movimento em território
brasileiro, sendo fonte inspiradora para Lúcio Costa, Niemeyer e outros pioneiros da
arquitetura Moderna brasileira.
O Brasil recebeu algumas vezes Le Corbusier, algumas para orientar a equipe de
arquitetos que em 1936 projetou o edifício da nova sede do Ministério da Educação no
Rio de Janeiro (Edifício Gustavo Capanema) e em outras realizou conferências para
difundir seus ideais, e reforçar a influência sobre os jovens arquitetos da época.
Foram destaque no Movimento moderno brasileiro Lúcio Costa, Oscar
Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Attilio Correa Lima, os irmãos Marcelo, Milton e
Maurício Roberto, Paulo Mendes da Rocha e outros.
No início dos anos 30 houve conflito entre o neocolonial e arquitetura moderna.
Um dos fatores predominantes para difusão do estilo modernista no Brasil foi o apoio
do Estado Novo que via nesse estilo um símbolo de modernidade e progresso.
Projetado em 1936 durante o período de governo de Getúlio Vargas pela equipe
de arquitetos: Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira e
Ernani Vasconcelos, liderados por Lúcio Costa o Ministério da Educação e Saúde do
Rio de Janeiro foi a primeira obra moderna de repercussão nacional.
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Edifício Gustavo Capanema.
Orientado por Le Corbusier o edifício do ministério foi concebido de acordo
com os fundamentos modernistas, representando a ruptura com as formas arquitetônicas
ornamentadas com motivos historicistas e simbólicos que eram usadas na época. Esse
edifício é composto por um volume em altura sobre pilotis e outro mais baixo
perpendicular ao primeiro.
Suas elevações tiveram um tratamento com influência solar, utilizando
elementos arquitetônicos como brises soleils e vidro. A planta baixa segue os
parâmetros modernistas isto é, planta livre sem paredes fixas o que permite maior
mobilidade, as divisórias são de madeiras sem chegar ao teto o que permite ventilação
cruzada. Alguns ambientes receberam azulejos e murais do pintor Candido Portinari e
jardins planejado por Roberto Burle Marx com esculturas de Lipchitz e Bruno Giorgi.
Após a divulgação do Movimento Moderno ouve uma subdivisão em várias
tendências estilísticas. Um exemplo é o Rio de Janeiro, que teve a fusão dos princípios
Modernistas europeus com a herança nativa que resultaram em uma arquitetura de
formas mais livres, dentro disso evidencia-se a originalidade de Oscar Niemeyer.
Niemeyer abandona o funcionalismo exagerado dos ideais modernos e utiliza em
suas obras formas curvas mais livres, que buscam a beleza, não um resultado final com
base somente em sua função. Essas características ficam evidenciadas no Conjunto da
Pampulha (1942-1943), em Minas Gerais, nos famosos edifícios de Brasília, o Grande
Hotel de Ouro Preto (MG, 1940) e o Parque do Ibirapuera (SP, 1951-1955).
Igreja da Pampulha em Belo Horizonte, de
Oscar Niemeyer.
Parque do Ibirapuera em São Paulo, de Oscar
Niemeyer.
Brasília: o projeto de algo inusitado
A cidade como um todo foi projetada por Lúcio Costa e o projeto dos edifícios
mais importantes coube a Oscar Niemeyer. É de Lúcio Costa o famoso plano da cidade
concebida como a figura de um avião, em que um grande eixo central divide um eixo
transversal em duas metades, uma ao norte e outra ao sul, como se fossem as asas de
uma aeronave.
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Brasília (DF): Plano-Piloto, por Lúcio Costa.
Brasília é uma cidade totalmente construída com idéias modernistas. O valor do
seu plano urbanístico e de seus monumentos faz com que Brasília seja um marco
mundial da arquitetura e urbanismo modernos. Assim, a Capital do Brasil foi o primeiro
núcleo urbano, construído no século XX, considerado digno de ser incluído na lista de
bens de valor universal, recebendo o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, em
1987, pela UNESCO.
O reconhecimento de seu valor patrimonial fundamentou-se no plano urbanístico
de Lúcio Costa, concebido em quatro escalas estruturais e todas setorizadas:
• Monumental – compreendida em todo o Eixo Monumental e que abriga a alma
político-administrativa do País;
• Gregária – representada por todos os setores de convergência da população;
• Residencial – composta pelas Superquadras Sul e Norte;
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• Bucólica – que permeia as outras três, por se destinar aos gramados, praças,
áreas de lazer, orla do lago Paranoá e aos jardins tropicais de Burle Marx.
Niemeyer, por sua vez, projetou o Palácio dos Arcos, sede do Ministério das
Relações Exteriores, a Catedral de Brasília, o Teatro Nacional, o Palácio da Alvorada residência do presidente da República - e os edifícios que formam o conjunto da Praça
dos Três Poderes: o Palácio do Planalto, o Palácio da Justiça e o Congresso Nacional.
Todos esses prédios encantam o observador pela leveza das linhas, pela largueza dos
espaços que criam, tão incomuns nas nossas grandes metrópoles. As construções abremse horizontalmente, integrando-se à paisagem plana do cerrado. Já o uso abundante de
vidros nos prédios realiza um dos ideais da arquitetura moderna, que é a integração
entre os espaços externos e internos.
Catedral de Brasília
Congresso Nacional
Palácio da Alvorada
“(…) Fui talvez o primeiro a dizer francamente que o funcionalismo ortodoxo
não me interessava e que a beleza era também uma função, e das mais importantes na
arquitetura. Na verdade, o ângulo reto nunca me entusiasmou, nem as formas rígidas e
repetidas dos primeiros anos da arquitetura contemporânea. A curva me atrai
intensamente com a sua sensualidade barroca, e a nossa tradição colonial e o próprio
concreto armado, a sugerem e recomendam.” – Oscar Niemeyer
A arquitetura brasileira nos dias de hoje
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O MASP foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi em 1947. A prefeitura de
São Paulo fez algumas exiggências que deveriam ser respeitadas, tais como preservar a
vista do centro da cidade e da Serra da Cantareira (através da Av. 9 de Julho), além
disso exatamente em baixo do MASP encontra-se uma linha de metrô, fato que dificulta
algumas decisões de projeto. Esses fatos justificam a forma inusitada e a tecnologia
construtiva utilizada por Lina: todo o corpo do prédio é apoiado sobre quatro grandes
pilares de concreto protendido, liberando um vão de cerca de 74 metros.
O Museu de Arte Moderna é um dos mais importantes do cenário cultural
brasileiro. Localizado no Rio de Janeiro, o edifício segue a linha da arquitetura
racionalista brasileira, tendo como características a modulação dos pilares, locação de
dois pilares em uma única sapata, fachada envidraçada protegida por brises verticais e
horizontais, além da planta livre e o térreo livre permitindo maior permeabilidade para
os pedestres. O MAM é projeto do arquiteto Affonso Euardo Reidy.
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PATRIMÔNIOS E MONUMENTOS HISTÓRICOS DE
FORTALEZA
Fortaleza, é hoje, uma das maiores cidades do Brasil, sendo também uma das
mais procuradas pelos turistas. Como atrativos turísticos possui praias, Igrejas, museus,
áreas verde, polos de lazer, Hotéis, pousadas, flats, passeios marítimos, passeios
ferroviários, shoppings, centros comerciais, casas de shows, de espetáculos e um
maravilhoso patrimônio cultural. Este último sendo muito rico e variado, porém nem
sempre valorizado como deveria. Principalmente quando nos referimos ao patrimônio
histórico e arquitetônico.
São muitos os fatores que conduzem ao problema mencionado, e de certa forma
até estão interligados. Em primeiro pode ser destacado o mínimo conhecimento do povo
cearense da sua própria História. Isso mesmo, o cearense em si não conhece a história
de suas raízes. Muitas vezes se limita à falácia de que o Ceará não tem História.
Esta situação se agrava e reforça o problema do patrimônio histórico e
arquitetônico, na medida em que a difusão de obras(sobre a História do Ceará) é
precária. Sem mencionar que muitas delas existentes seguem a uma postura
historiográfica romântica, e até rebuscada, não fugindo aos limites de uma visão
positivista.
Hoje, já existem obras que rompem com as limitações, expondo uma História do
Ceará mais crítica e mais próxima da realidade de seu povo. Isso porque as próprias
concepções historiográficas evoluíram de tal forma, que ampliaram a noção e utilização
das fontes históricas. Daí a relevância da valorização da História local e de todos os
elementos que possam revelar aspectos das relações sociais que se desenvolveram aqui,
resultando no que o Ceará é hoje.
Outro elemento que corrobora para a falta de conhecimento da História do
Ceará, é o fato das escolas, em sua maioria, não darem o devido espaço para este
conhecimento em seus currículos. Às vezes a História do Ceará entra apenas como
disciplina voltada para o vestibular, no terceiro ano do ensino médio, ou então no ensino
fundamental nas séries iniciais. Mas nunca como “matéria” importante para a vida do
indivíduo, como um elemento básico na formação do cidadão.
Além dos fatores mencionados, não se pode esquecer da mínima atuação das
instituições governamentais no que concerne a estimular e difundir a história local. Não
que as autoridades venham a substituir as escolas, mas instigá-las nesse processo, como
também valorizar a história cearense em sua propaganda oficial. Os governos de Minas
Gerais, Bahia, Pernambuco, Maranhão, Rio de Janeiro e muitos outros, valorizam suas
histórias e como conseqüência seus patrimônios históricos.
É mister, então, que haja um engajamento do governo estadual e prefeituras para
contornar a situação mencionada. Que se invista na difusão, no resgate, e no respeito da
formação e evolução do povo cearense. Isto não é “bairrismo”, mas sim cidadania.
Percebe-se então que se as autoridades competentes, e o próprio povo não
valorizam a história local, quanto mais os monumentos e bens arquitetônicos históricos.
Como valorizar estes se não há o devido reconhecimento das relações sociais, política,
econômicas e ideológicas que se desenrolaram desde a colonização até hoje? É
importante que se entenda que os monumentos e bens históricos caracterizam-se por
serem o cenário em que tais relações ocorreram. Como se pode até compreender um
pouco do modo de vida e tradições anteriores.
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A não valorização do patrimônio histórico e arquitetônico, também está
relacionada às empresas de turismo, que não reconhecem o aspecto cultural como um
dos importantes atrativos turísticos, e se limitam apenas ao “trivial” “praia, sol e mar”.
Elas precisam entender que “o turismo lida com um universo muito mais rico que
atividades de lazer”(Turismo com Ética – Luzia Neide). Alguns donos dessas empresas
até afirmam: “os turistas só querem diversão”. Mas atividades culturais não são
diversão? E mais, será que só existe este tipo de turista que vem ao Ceará? E será que
este tipo de visão não é gerado pelo modelo de propaganda e imagem do Ceará que se
difunde lá fora?
É preciso antes de qualquer coisa, para que tal situação se reverta, que os
próprios cearenses busquem conhecer a sua história, e assim aprendam a “escutar” e
“ver” as mensagens que o nosso patrimônio histórico e arquitetônico têm a ensinar.
Valorização, respeito, preservação e conservação são conseqüências deste aprendizado.
O governo também tem o seu papel, além da responsabilidade de proporcionar um
ensino gratuito e de qualidade nas escolas públicas, tem que promover uma nova
imagem do Ceará, uma que valorize e dignifique a sua história.
No que diz respeito às empresas, que colaborem com a valorização da cultura, e
principalmente do patrimônio histórico e arquitetônico, na medida em que possam
definir os seus pacotes, expressando aos seus consumidores, as suas características e
potencialidades. Isto evitaria problemas e daria ao turista um leque maior de
possibilidades para sua diversão e crescimento cultural. Não se pode esquecer que o
turismo é um agente de troca e de difusão cultural.
Acredita-se que já se deu para perceber que a tônica do texto é destacar a
relevância do patrimônio histórico e arquitetônico como atrativo turístico. E deve se
observar que um atrativo com grande potencial, tanto no sentido histórico, cultural,
econômico e social. Social por poder gerar empregos. Além de funcionar como
mecanismo para sua própria preservação e conservação.
É claro que quando o patrimônio histórico e arquitetônico “pertence” ao governo
ou instituições públicas, é mais viável de se criar meios para sua preservação e
transformação em forte atrativo turístico. Mas quando está atrelado à particulares fica
mais complicado, pois estes podem dificultar o aproveitamento e inclusive a própria
preservação do patrimônio(é só lembrar dos vário casarões e prédios no centro de
Fortaleza que foram derrubados, e no lugar surgiram outras construções, ou mesmo
estacionamentos). É necessário que os proprietários particulares descubram as
vantagens de utilização de monumentos e prédios históricos como atrativos turísticos,
isto é, de verdadeiros produtos turísticos.
Agora é relevante salientar que a utilização de monumentos e prédios históricos
como atrações turísticas necessita de certos cuidados, pois o uso inadequado pode
provocar depreciações e prejuízos mais elevados, o que anularia o ideal de preservação
e conservação a partir dos recursos oriundos do turismo, na medida em que eles são
considerados como atrativos.
Um outro ponto que acima foi mencionado, mas que é preciso ser enfatizado, diz
respeito ao fato do gerenciamento de empregos. Tanto se abre espaço para os
profissionais de manutenção, restauração e conservação, como aqueles de informações e
serviços no local do monumento ou patrimônio.
Uma pergunta pode estar se surgindo neste momento: o que é patrimônio? Esta
pergunta pode ser respondida ao se citar o artigo 216 da Constituição Brasileira de
1988. “Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
39
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira,
nos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artísticos-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Pode-se perceber que patrimônio abrange um leque imenso de elementos, como
a história de um povo, costumes, hábitos, tradições, folclore, produção cultural,
monumentos arquitetônicos, tanto de origem das elites como das camadas pobres, e
mesmo o meio ambiente – a natureza.
Observa-se então que quando se fala em patrimônio histórico e arquitetônico não
se restringe apenas a aquilo que foi “tombado”, mas a tudo que pode representar o
resgate da memória de um povo. Pode ser um casarão ou um casebre. Contextualizando
o que se está expondo é só lembrar do “ Palácio da Luz” e as casas simples de populares
na praia de Iracema, ou as vilas de pescadores em Baubino. Há muitos outros exemplos
para se citar, mas fica para outro momento.
Corroborando com o que foi dito, o professor Ricardo Oriá(no fascículo 4 do
curso de Turismo: educação e cidadania, da Fundação Demócrito Rocha e
EMBRATUR), menciona o seguinte: “atualmente, a noção de patrimônio histórico está
restrita à “pedra e cal”. O patrimônio cultural de uma cidade é formado por um tripé
indissociável em que se contemplam várias dimensões: natural, histórico-artística e
documental”.
Continua “neste sentido, o meio ambiente, os conjuntos urbanos e sítios de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico e científico, as obras,
objetos, documentos, edificações, as criações científicas, artísticas e tecnológicas, as
formas de expressão até mesmo modos de criar, fazer e viver são bens culturais de uma
sociedade e por isso devem ser preservados”.
Daí, segundo o professor Oriá, “ deve-se preservar um bem cultural se ele tem
significado para a comunidade em que está inserido e se essa preservação possibilita a
melhoria da qualidade de vida de seus moradores e contribui para a construção de sua
identidade cultural e exercício da cidadania”.
Nota-se então que preservar o patrimônio histórico, arquitetônico e cultural é
muito mais do que um atrativo turístico, é garantir o direito do fortalezense à cidadania
e à sua memória. Memória da evolução de Fortaleza e das relações sociais que se
desenvolveram.
É fundamental que o povo de Fortaleza, e do Ceará, como um todo, possam “ter
o direito de acesso aos bens materiais e imateriais que representam o seu passado, a sua
tradição, enfim, a sua história”. Assim se terá um povo integrado ao seu passado e à sua
realidade atual, será um sujeito da história, como também um potente “turista local”,
capaz de preservar, respeitar e exigir que isso seja feito por aqueles que não estão
comprometidos com a cultura e história local.
Ainda sobre os patrimônios históricos e arquitetônicos, a mestranda Linda Maria
Rodrigues menciona o seguinte: “ Por se tratar daquilo que faz referência aos indícios
dos homens, a importância dos lugares construídos durante sua vida retrata sua
identidade, sua memória. A rigor, parece claro que a falta de consciência do próprio
homem para a importância da preservação desse testemunho que está relacionado com o
passado, é um dos vários ângulos que permeiam a questão do patrimônio cultural no
40
Brasil: como conseqüência, observa-se a perda de grande parte do patrimônio histórico
construído pelo homem durante sua evolução”( Turismo com Ética, organização: Luzia
Neide M. T. Coriolano. Fortaleza, FUNECE – 1998. P. 217).
Segundo Schulz, “desde a antigüidade, as configurações urbanas caracterizam-se
como um sistema de informação e de comunicação, pois os objetos arquitetônicos
revelam a história das cidades. Todo recorte espacial mostra seu conjunto de
monumentos e ruínas, de marcas portadoras de informação. Onde o tempo permanece
inscrito. Segundo Foucault, ‘ as estruturas urbanas e os objetos arquitetônicos permitem
a experiência de um passado que se modifica incessantemente a partir da relação com o
presente’”.
Para a professora Linda Maria “ a relação do patrimônio histórico com o
momento presente, ou seja, do monumento construído com o meio social, permite e
fortalece um intercâmbio de crenças, valores e modos de pensar e agir de diversos
povos. Seguindo essa linha de pensamento a análise do patrimônio cultural pode ser
pensada como um conjunto de sistemas espaciais que representam além do caráter
cognitivo, aspectos artísticos e de interação entre os residentes e os visitantes, cujo
alcance busca novos agenciamentos, abrindo um círculo com novas direções. Pois, uma
sociedade se define por aquilo que ela codifica e cristaliza assim como pelo que lhe
escapa por todos os lados. Logo, a cidade histórica se constitui a partir de um centro e
apresenta simultaneamente uma dimensão de interiorização para múltiplas
diferenças”(Patrimônio Cultural: Cidade, cultura e turismo. Por Linda Maria Rodrigues
in: Turismo com Ética, organização: Luzia Neide M. T. Coriolano. Fortaleza, FUNECE
– 1998).
A partir do raciocínio que se vem esboçando o patrimônio histórico
arquitetônico pode ser restrito a um único monumento( ou bem), mas pode também se
referir a um conjunto maior, uma cidade – a cidade histórica. No Brasil temos grandes
exemplos como, Ouro Preto, Sabará, Olinda, Salvador, Recife e muito mais. Pode-se até
acrescentar, na realidade cearense, Aracati, Icó Sobral e até alguns bairros de
Fortaleza(a Praia de Iracema, é um exemplo).
Bem, já que se esclareceu a questão sobre o que seja “patrimônio”, será feito um
breve esclarecimento sobre a prática do tombamento, e em seguida se fará um rápido
esboço sobre os principais monumentos, patrimônios históricos e arquitetônicos de
Fortaleza.
De acordo com o novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa(FERREIRA,
Aurélio Buarque de Holanda. NOVO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. 2ª
edição. RJ. Editora Nova Fronteira SA. 1986) o vocábulo tombamento, em um de seus
significados quer dizer: “ato ou efeito de tombar, ou seja, pôr (o Estado) sob sua guarda,
para os conservar e proteger( bens móveis e imóveis cuja conservação e proteção seja
do interesse público, por seu valor arqueológico, ou etnográfico, ou bibliográfico, ou
artístico)”. E pode se acrescentar também pelos valores culturais, históricos e até do
próprio interesse da sociedade como forma de garantia da memória, e da própria
cidadania.
Como se foi dito acima se tomba um bem para preservá-lo e protegê-lo. Mas
também para que tenha função e finalidade social, e não seja apenas visto como um
prédio velho, ou um empecilho “ao desenvolvimento”.
“A prática do tombamento dos bens culturais é realizado por instâncias políticas
nos diversos níveis e instituições e, no Brasil, trata-se de um dos meios de ação para
proteção dos patrimônios culturais visando também essa projeção futura. Com a criação
do SPHAN em 1937, essa questão tornou-se ação institucionalizada, cujo principal
objetivo seria o de preservar lugares históricos, artísticos e paisagísticos. Segundo
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Casco(1996; p. 8), atualmente ‘o Instituto do Patrimônio, instituição governamental, de
âmbito nacional, trata da preservação do patrimônio cultural brasileiro e das políticas
para elaboração de projetos que resgatem a identidade nacional. Seu principal
instrumento de ação é o tombamento de bens considerados como portadores de valor
cultural, e o objeto privilegiado desta preservação é o espaço agenciado pelo homem:
cidades, paisagens, edificações etc. ’” Não se pode esquecer tal espaço agenciado não é
só pelas autoridades, ou “ricos”, mas também pelas camadas populares. Daí o teor
democrático e coletivo da preservação e usufruto dos bens culturais, não só como
patrimônios, mas também como atrativos turísticos e mantenedores da memória de um
povo.
Para finalizar este raciocínio e partir para citar os principais monumentos e
patrimônios históricos arquitetônicos de Fortaleza, deve-se destacar que “do ponto de
vista do turismo aquilo que atrai o turista para o núcleo receptor forma os recursos
turísticos locais e é chamado de atrativo turístico”. Nesse sentido, o patrimônio histórico
arquitetônico de Fortaleza(e regiões do interior cearense), como o de cidades tais quais
“Olinda, Salvador, Parati, Ouro Preto, São Luís e muitas outras, em conjunto ou
isoladamente são considerados patrimônios turísticos culturais, e fazem parte do
‘turismo cultural’, que tem como objetivo ou conceito o conhecimento de bens
materiais ou imateriais produzidos pelo homem. BARRETO(1997). A rigor , por essas
características, tudo que depende da tradição social, tudo que é particular a uma
determinada sociedade depende de suas regras pode ser considerado como cultura.
Dessa forma, esses significados fazem parte dos atrativos que motivam as pessoas a se
deslocarem com o objetivo de conhecer determinados hábitos, costumes, peculiaridades,
arquiteturas, enfim, particularidades culturais do outro. É nesse contexto que para o
turismo, a existência da fronteira e sua permanência demarcando territórios distintos,
peculiares a si, caracterizam a atividade e enunciam as motivações dos indivíduos
facilitados ou prontamente estimulados pela publicidade, telecomunicações, meios de
transporte e tecnologia”.
“ A fronteira demarca as diferenças. O turismo como indústria vende como
produto o estranho. A variedade de roteiros se adequam assim a variedade de produtos
turísticos. A formulação de uma tipologia do turista permite que a indústria ofereça um
leque variado destes estímulos” WAINBERG(1997,P.158-159)
Agora será apresentado um breve resumo dos principais bens tombados de
Fortaleza, como de alguns monumentos de relevante importância para o povo de
Fortaleza.
1. ANTIGA ESCOLA NORMAL
Histórico: A Escola foi Inaugurada em 22 de Março de 1884, ficando na edificação até
1923. Neste ano o edifício foi ocupado pelo Grupo Escolar Norte da Cidade. De 1947 a
1954 serviu como sede para o Instituto Médico do Ceará. Sendo que, a partir de 1954
funcionou como sede da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Ceará.
Somente em 1987 é que passou a sediar o IPHAN.
Localização: Rua Liberato Barroso, 525 – Centro.
Proprietário: Universidade Federal do Ceará
Tombamento Estadual: 3/03/1995
Atualmente funciona como sede do IPHAN.
2. ASSEMBLÉIA PROVINCIAL
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Histórico: O prédio teve a sua construção concluída em 1871, cujo objetivo era de
funcionar como sede da Assembléia Provincial. Sua construção representou marco do
neoclassicismo oficial brasileiro. No prédio funcionou também, em outros períodos da
História do Ceará, a Faculdade de Direito, a Biblioteca Pública, o Tribunal Regional
Eleitoral, o Instituto do Ceará e a Academia Cearense de Letras.
Localização: Rua São Paulo, sem número, entre a Praça dos Leões e a Rua Floriano
Peixoto – Centro.
Proprietário: Governo do Estado do Ceará.
Tombamento Federal: Livro do Tombo das Belas Artes, 28/02/1973.
Atualmente no prédio funciona o Museu do Ceará.
BANCO FROTA GENTIL
Histórico: O edifício foi construído em 1925, abrigando a firma Frota & Gentil, que em
1931 transformou-se em Banco Frota & Gentil Sociedade Anônima, e funcionou até
1960. Depois o prédio foi sede de uma filial do Banco Mercantil de São Paulo.
Recentemente foi sede do Banorte. A edificação caracteriza-se pelo ecletismo
arquitetônico que foi bastante utilizado nas três primeiras décadas deste século na
capital cearense.
Localização: Rua Floriano Peixoto, 326 – Centro.
Proprietário: Banco Bandeirantes *.
Tombamento Estadual: 03/03/1995
Atualmente funciona como sede do Banco Bandeirantes.
CADEIA PÚBLICA
Histórico: O prédio foi construído a partir de 1850, sendo concluído em 1866. Sua
construção se desenvolveu com a técnica tradicional do tijolo e barro, apresentando
linhas clássicas e caracterizando-se pela clareza construtiva e simplicidade de suas
formas. Serviu como sede da Cadeia Pública de Fortaleza, obedecendo as exigências da
Legislação Penitenciária Imperial. Em parte deste século o prédio funcionou como
cadeia feminina, e em 1973, o edifício foi adaptado para sede do Centro de Atividade
Turística do Estado do Ceará. Local de comercialização de artesanato e exposição no
Museu de Arte e Cultura Popular.
Localização: Rua Senador Pompeu, 350 – Centro.
Proprietário: Governo do Estado.
Tombamento Estadual: 17/06/1982
Atualmente funciona como Centro de Turismo.
CASA JOSÉ DE ALENCAR
Histórico: Tradicionalmente se atribui a esta casa o local onde nasceu o romancista José
de Alencar, filho do Senador Alencar, que na época do Império era o proprietário das
terras no antigo sítio do Alagadiço Novo. A pequena casa formava um conjunto com a
casa grande e com a casa de engenho(1º engenho do Ceará a receber energia a vapor),
sendo que a segunda não mais existe e o terceiro se encontra em ruínas.
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Localização: Av. Washington Soares, Alagadiço Novo.
Proprietário: Universidade Federal do Ceará
Tombamento Federal: 10/08/1964
Atualmente encontra-se aberto a visitação pública.
CINE SÃO LUÍS
O Cine São Luís teve sua construção concluída em 1958, no local em que anteriormente
funcionava o Cine Politheama. A sessão inaugural foi marcada pela exibição do filme
“Anastácia, a princesa esquecida”. O edifício apresenta elementos art-déco bem como
neoclássicos e faz parte de um conjunto de prédios históricos na Praça do
Ferreira(Farmácia Oswaldo Cruz, o Palacete Ceará, o Hotel Excelsior, o Edifício
Sulamérica, o Hotel Savanah e etc.).
Localização: Rua Major Facundo, 500 – Centro.
Proprietário: SECULT
Tombamento Estadual: 13/03/1991
Atualmente funciona ainda como cinema, apesar das várias especulações sobre seu
futuro.
ESTAÇÃO JOÃO FELIPE
Histórico: O prédio da Estação João Felipe foi construída com mão-de-obra dos
retirantes da seca de 1877. A inauguração ocorreu em 9 de julho de 1880, e a Estação
deveria atender às novas necessidades surgidas com a construção da estrada de ferro
para Baturité e suas expansões. O estilo que caracteriza a construção é de feições
neoclássico, e que se destaca de outras construções na Praça Castro Carreira.
Localização: Praça Castro Carreira / Rua Dr. João Moreira.
Proprietário: METROFOR
Tombamento Estadual: 30/11/1983
Atualmente é utilizado como estação ferroviária.
FAROL DO MUCURIPE
Histórico: A sua construção foi concluída em 1846 para atender ás necessidade do porto
de Fortaleza que distava 6,4 km(aproximadamente). Em 1869 foi destruído por um
incêndio, sendo reconstruído em 1872. Em 1908 foi reformado, e em 1957 desativado.
Em 1981/82 foi restaurado pela Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico da
Secretaria de Cultura e Desporto do Estado do Ceará.
Localização: Av. Vicente de Castro, Mucuripe.
Proprietário: Governo do Estado do ceará
Tombamento Estadual: 30/11/1983
Atualmente funciona como Museu de Fortaleza.
IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
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Histórico: É considerada como uma das mais antigas Igrejas do Ceará, foi construída
em taipa, por volta de 1730 por escravos africanos e em 1747 foi celebrada a 1ª festa de
Nossa Senhora do Rosário. Já em 1755, foi reconstruída em pedra e cal, depois sofreu
reparos em 1855 e 1872. Chegou até a funcionar como Matriz nos períodos de 1821 a
1854 e 1937 a 1963, devido a construção da antiga Matriz e da atual Igreja da Sé,
respectivamente.
Localização: Rua do Rosário, 02 – Centro.
Proprietário: Arquidiocese de Fortaleza.
Tombamento Estadual: 30/11/1983
Atualmente continua funcionando como Igreja.
PALACETE CARVALHO MOTA
Histórico: Foi residência do Vice-Presidente do estado, o Coronel Antônio Frederico
Carvalho Mota, no início deste século. A partir de 1915, passou a pertencer a Inspetoria
de Obras Contra Seca(IFOCS), funcionando como sede. O palacete foi construído
obedecendo a variedade estilística do ecletismo arquitetônico, que relacionava motivos
neoclássicos e elementos decorativos à Luís XVI, como do movimento ArtNoveau(movimento europeu do final do século XIX e começo do século XX, que usa
elementos decorativos vegetais e linhas sinuosas), além de elementos pré-fabricados em
ferro e ornamentos em tijolo e massa. Na década de 30 o prédio sofreu algumas
reformas, mas não perdeu suas características arquitetônicas principais.
Localização: Rua Pedro Pereira, 683, esquina Com Rua General Sampaio – Centro.
Proprietário: DNOCS
Tombamento Federal: 19/05/1983.
Atualmente funciona como Museu das Secas, mas em condições precários de
conservação e preservação.
PALACETA CEARÁ
Histórico: O prédio foi inaugurado em 1914, e pertenceu, inicialmente ao Coronel José
Gentil Alves de Carvalho, banqueiro e um dos homens mais ricos da cidade. O Palacete
foi ponto de encontro dos fortalezenses durante muito tempo, funcionando no térreo a
Rotisserie Sportman e nos pavimentos superiores o Club Iracema(décadas de 20 a 40).
Em 1922 houve uma ampliação, e o edifício ganhou uma sala de bilhar e também, no
mesmo ano, o Presidente do Estado Justiniano de Serpa, reorganizou a Academia
Cearense de Letras no salão de honra do Club. Em 1955 o prédio foi adquirido pela
Caixa Econômica Federal. Em 1982 sofreu um incêndio que destruí toda a estrutura
interna, mas foi reformado de acordo com os interesses da Caixa, contudo suas linhas
originais externas foram mantidas. Suas linhas evidenciam a presença de elementos
inerentes ao ecletismo arquitetônico, com a predominância do Neobarroco.
Localização: Rua Guilherme Rocha, 48 – Centro.
Proprietário: Caixa Econômica Federal
Tombamento Estadual: 30/11/83
Atualmente funciona como agência bancária.
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PALÁCIO DA LUZ
Histórico: O prédio foi construído no final do século XVIII, com o auxílio da mão-deobra indígena, servindo para residência do Capitão-mor Antônio de Castro Viana.
Depois pertenceu à Câmara Municipal, e em 1814 passou a pertencer ao governo
Imperial. No ano de 1839 a edificação foi ampliada até a rua de baixo(hoje Sena
Madureira). No período de 1844 a 1847, ganhou uma muralha, dando a edificação uma
área que funcionava como “passeio público”. Na fase inicial da República, o prédio foi
a sede do Governo Estadual, mas na segunda metade do século XX, parte da edificação
foi derrubada para dar lugar á Rua Guilherme Rocha. Em 1975, foi sede da Casa de
Cultura Raimundo Cela, e hoje é a sede da Academia Cearense de Letras.
Localização: Rua do Rosário, 01.
Proprietário: Governo do Estado
Tombamento Estadual: 30/11/1983
Atualmente funciona como sede da Academia Cearense de Letras.
PASSEIO PÚBLICO
Histórico: No início do século XIX, o local onde hoje funciona o Passeio Público e a
Santa Casa, era chamado de Campo da Pólvora”. Depois da Confederação do Equador,
ficou sendo chamado de Praça dos Mártires. Por volta de 1850, já havia a intenção de
transformar o local em uma área de lazer, mas somente em 1877 lhe foram feitos
melhoramentos. Ele foi oficialmente inaugurado em 1880. Na época tinha três planos,
um onde hoje é a avenida Leste-Oeste, outro onde hoje fica o estacionamento da 10ª
Região Militar, e o terceiro é o que ainda existe. O Passeio surgiu “com o implante de
bancos, canteiros, café-bar, réplicas de esculturas clássicas e 3 planos ou “avenidas” –
uma para o desfrute das elites, a segunda para as classes médias e a terceira para os
populares. “(...) o Passeio tornou-se de pronto a principal área de lazer e sociabilidade,
até que despontassem outras tentadoras opções a partir do século XX”. (Sebastião
Rogério, Fortaleza Belle Époque. p. 35.)
Localização: Rua Dr. João Moreira, Centro.
Proprietário: Prefeitura Municipal de Fortaleza
Tombamento Federal: Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico,
inscrição N.º 38.
Atualmente funciona como área de lazer(Praça).
PRAÇA GENERAL TIBÚRCIO(Praça dos Leões)
Histórico: Esta Praça até a primeira metade do século XIX, foi denominada de várias
formas, “Largo do Paço”, “Pátio do Palácio” e “Praça do Palácio”. Em 1877, passou a
ser chamado de “Praça General Tibúrcio”, uma homenagem ao cearense Antônio
Ferreira de Souza, que participou da Guerra do Paraguai. Em 1878, no centro da Praça
foi colocado um monumento em homenagem a este General. A Praça foi ampliada e
reformada na gestão do Prefeito Idelfonso Albano(1912/1914), recebendo um novo
jardim, novos bancos, jarros de bronze, um conjunto de estátuas de animais e quarenta e
nove combustores. Passou a ser a Praça mais iluminada da cidade e uma das mais
freqüentadas pela população. No ano de 1992, foi restaurada com a intenção de se
manter os traços da reforma da época de Idelfonso Albano.
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Localização: Centro da Cidade, na Rua Sena Madureira.
Proprietário: Prefeitura Municipal de Fortaleza.
Tombamento Estadual: 25/04/1991.
Atualmente funciona como área de lazer(Praça).
SECRETARIA DA FAZENDA
Histórico: A construção do prédio remonta ao século XVIII, sendo o órgão responsável
pela arrecadação o Almoxarifado, depois Provedoria, Junta de Fazenda do Ceará,
Tesouraria da Fazenda, Tesouraria Imperial, Tesouraria Provincial e Secretaria dos
Negócios da Fazenda. O prédio que foi construído para sede da Secretaria teve sua
pedra fundamental lançada em 8/07/1927. O prédio constitui-se como um dos mais
relevantes exemplos da arquitetura eclética do Ceará.
Localização: Ed. General Edson Ramalho, Av. Alberto Nepomuceno, 02 – Centro.
Proprietário: Governo do Estado do Ceará
Tombamento Estadual: 12/02/1982.
Atualmente funciona como Secretaria da Fazenda.
SOCIEDADE UNIÃO CEARENSE
Histórico: O prédio foi construído no final do século XIX, sediando em sua história: a
Sociedade União Cearense, a Repartição dos Correios(1895 a 1935), a “The Ceará
Tramway Light & Power Co. Ltda”, SERVILUZ(1948), Companhia Nordeste de
Eletrificação de Fortaleza(CONEFOR), Companhia de Eletrificação do
Ceará(COELCE), e atualmente Companhia Elétrica do Ceará(COELCE). Sendo que na
década de 1990 ela foi privatizada. O prédio encontra-se abandonado.
Localização: Rua Dr. João Moreira, 143 – Centro.
Tombamento Estadual: 29/08/1995.
Atualmente está sem uso, abandonado.
SOLAR FERNANDES VIEIRA
Histórico: O edifício foi construído no 3 quartel do século XIX para ser residência do
deputado Miguel Fernandes Vieira. Foi comprado pelo governo Imperial para sediar a
Tesouraria da Fazenda. Depois sediou várias instituições públicas inclusive a Receita
Federal.
Localização: Rua Senador Pompeu, 648 – Centro.
Proprietário: Governo Federal.
Tombamento Estadual: 03/03/1995.
Atualmente funciona como Arquivo Público Estadual.
TEATRO JOSÉ DE ALENCAR
Histórico: A construção do Teatro se iniciaram em 1908, sendo concluídas em 1910,
sendo sua inauguração em 17 de junho. O Teatro sofreu reformas em 1918, 1957, 1974
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e a última em 1991, quando recebeu climatização artificial. O Teatro tem capacidade
para 776 pessoas.
Localização: Praça José de Alencar.
Proprietário: Governo do Estado do Ceará.
Tombamento Federal: 10/08/1987.
Atualmente funciona como Teatro.
48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRITO, Mário da Silva. História do Modernismo Brasileiro. São Paulo: Saraiva,
1958.
D´ARAÚJO, Antonio Luiz. A Arte no Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Revan, 2000.
GASPAR, Madu. A Arte Rupestre no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
2006 (Coleção Descobrindo o Brasil)
PROENÇA, Graça. História da Arte. 4. ed. São Paulo: Ática, 2002.
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