Ministério da Educação - MEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará CURSO FIC – CONDUTOR CULTURAL LOCAL DISCIPLINA: HISTÓRIA DA IGREJA E DA ARTE PROFESSOR: MARCIUS TULIUS SOARES FALCÃO / SIMONE CASTRO Ministério da Educação - MEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará HISTÓRIA DA IGREJA E DA ARTE MARCIUS TULIUS SOARES FALCÃO / SIMONE CASTRO CURSO FIC – CONDUTOR CULTURAL LOCAL CRÉDITOS Presidente Dilma Vana Rousseff Coordenador Adjunto - Reitoria Armênia Chaves Fernandes Vieira Ministro da Educação Aloizio Mercadante Oliva Supervisão - Reitoria André Monteiro de Castro Daniel Ferreira de Castro Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Marco Antonio de Oliveira Reitor do IFCE Virgilio Augusto Sales Araripe Pró-Reitor de Extensão Zandra Maria Ribeiro Mendes Dumaresq Pró-Reitor de Ensino Reuber Saraiva de Santiago Coordenador Adjunto - Campus Fortaleza Fabio Alencar Mendonça Supervisores Daniel Gurgel Pinheiro Francisca Margareth Gomes de Araújo Francisco Alexandre de Souza George Cajazeiras Silveira José Roberto Bezerra Nildo Dias dos Santos Pró-Reitor de Administração Tássio Francisco Lofti Matos Orientadores Deborah Almeida Sampaio Antônio Indalécio Feitosa Pró-Reitor de Pesquisa, Pós Graduação e Inovação Auzuir Ripardo de Alenxandria Elaboração do conteúdo Marcius Tulius Soares Falcão Simone Castro Diretor Geral Campus Fortaleza Antonio Moises Filho de Oliveira Mota Diagramação Francisco Emanuel Ferreira Mariano Diretor de Ensino Campus Fortaleza José Eduardo Souza Bastos Coordenador Geral – Reitoria Jose Wally Mendonça Menezes O QUE É O PRONATEC? Criado no dia 26 de Outubro de 2011 com a sanção da Lei nº 12.513/2011 pela Presidenta Dilma Rousseff, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) tem como objetivo principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira. Para tanto, prevê uma série de subprogramas, projetos e ações de assistência técnica e financeira que juntos oferecerão oito milhões de vagas a brasileiros de diferentes perfis nos próximos quatro anos. Os destaques do Pronatec são: • Criação da Bolsa-Formação; • Criação do FIES Técnico; • Consolidação da Rede e-Tec Brasil; • Fomento às redes estaduais de EPT por intermédio do Brasil Profissionalizado; • Expansão da Rede Federal de Educação Profissional Tecnológica (EPT). A principal novidade do Pronatec é a criação da Bolsa-Formação, que permitirá a oferta de vagas em cursos técnicos e de Formação Inicial e Continuada (FIC), também conhecidos como cursos de qualificação. Oferecidos gratuitamente a trabalhadores, estudantes e pessoas em vulnerabilidade social, esses cursos presenciais serão realizados pela Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, por escolas estaduais de EPT e por unidades de serviços nacionais de aprendizagem como o SENAC e o SENAI. Objetivos • • • • Expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional Técnica de nível médio e de cursos e programas de formação inicial e continuada de trabalhadores; Fomentar e apoiar a expansão da rede física de atendimento da Educação Profissional e Tecnológica; Contribuir para a melhoria da qualidade do Ensino Médio Público, por meio da Educação Profissional; Ampliar as oportunidades educacionais dos trabalhadores por meio do incremento da formação profissional. Ações • • • • • • • Ampliação de vagas e expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica; Fomento à ampliação de vagas e à expansão das redes estaduais de Educação Profissional; Incentivo à ampliação de vagas e à expansão da rede física de atendimento dos Serviços Nacionais de Aprendizagem; Oferta de Bolsa-Formação, nas modalidades: Bolsa-Formação Estudante; Bolsa-Formação Trabalhador; Atendimento a beneficiários do Seguro-Desemprego. 3 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA ...........................................................................4 INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA ARTE....................................................................5 ARTE NO BRASIL: PRÉ-HISTÓRIA - SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS ...................6 A ARTE DOS ÍNDIOS BRASILEIROS ......................................................................8 Arte Utilitária ....................................................................................................................8 A Fase Marajoara...............................................................................................................9 Cultura Santarém .............................................................................................................10 O BARROCO NO BRASIL ..........................................................................................12 O Barroco em Salvador ...................................................................................................12 O Barroco em Pernambuco e na Paraíba .......................................................................14 O Barroco na Paraíba .......................................................................................................15 A MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA NO BRASIL - INFLUÊNCIA ....................17 Algumas Caracterísitcas de Construções Neoclássicas ..................................................19 Artistas Independentes da Missão Francesa ...................................................................20 Arquitetura Neoclássica noi Brasil .................................................................................21 A ARTE BRASILEIRA NO FINAL DO IMPÉRIO E COMEÇO DA REPÚBLICA..................................................................................................................24 A Arqueitetura Reflete a Riqueza ....................................................................................25 O Art Nouveau ................................................................................................................27 O SÉCULO XX NO BRASIL: O MOVIMENTO MODERNISTA .........................28 A Semana de Arte Moderna .............................................................................................28 A MODERNA ARQUITETURA BRASILEIRA ......................................................30 PATRIMÔNIOS E MONUMENTOS HISTÓRICOS DE FORTALEZA..............37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................45 4 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A disciplina História da Arte e da Igreja busca proporcionar ao alunos uma breve visão da Arte Brasileira localizada historicamente em períodos e, ao mesmo tempo, pontuar e identificar suas especifidades, estilos e épocas, principalmente na Cidade de Fortaleza, Ceará. Contribuindo para a compreensão da arte, sua história e suas representações em obras arquitetônicas, como importante elemento para despertar o potencial turístico das cidades com seus museus, conjuntos arquitetônicos, em especial das Igrejas mais antigas de Fortaleza. A Ementa da disciplina abrangerá os seguintes temas: Pré-História - Sítios Arqueológicos; A Arte dos Índios Brasileiros; O Barroco No Brasil; A Missão Artística Francesa no Brasil - Influência; A Arte Brasileira no Final do Império e Começo da República; O Século XX no Brasil: O Movimento Modernista; A Moderna Arquitetura Brasileira; Exemplos do Patrimônio Histórico Arquitetônico de Fortaleza. 5 INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA ARTE Estudar a História da Arte é uma excelente maneira de nos colocar em contato com as idéias e os ideais das culturas e etnias de épocas diferentes, sendo assim, importante para a compreensão da história do Homem e do mundo. Uma pergunta poderia então sugir: o que é arte? Este é um conceito muito complexo, ao mesmo tempo em que é muito subjetivo, podendo variar bastante. Para orientar nossa reflexão sobre a Arte no Brasil, principalemte em Fortaleza, vamos nos limitar aos segunites conceitos: “Criação humana de valores estéticos, que sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos e sua cultura”. “É um conjunto de procedimentos, utilizados para realizar obras, e no qual aplicamos nossos conhecimentos”. Observamos que no primeiro conceito há uma forte liberdade para entender a arte como uma manifestação subjetiva, já o outro aponta para uma arte voltada utilização e repetição de técnicas, cujo produto final é uma obra, que alguns estudiosos poderão deizer, é uma “obra de arte”. Os dois conceitos podem estar juntos também. A arte é, pois, um complexo fenômeno material e espiritual ao mesmo tempo. Algumas observações importantes sobre a arte: O importante ao analisarmos uma obra de arte, é descobrir os motivos que a determinam: o pensamento, a imaginação, as circunstâncias de época, de lugar, de ambiente em que nasceu. Para decidir o que é ou não arte, nossa cultura possui instrumentos específicos. Um deles, essencial, é o discurso sobre o objeto artístico, ao qual reconhecemos competência e autoridade. Esse discurso é o que proferem o crítico, o historiador da arte, o perito, o conservador de museu. São eles que conferem o estatuto de arte a um objeto. Há locais que também dão estatuto de arte a um objeto: museu, galeria, cinema de arte, sala de concerto, etc. Instituições legais que conferem o estatuto de obra de arte a obras arquitetônicas. A arte, como resultado de análise e avaliação, pode adquirir novas dimensões e formas de expressão, através da crítica. Esta, além de contribuir para que melhor se aprecie as obras, ajuda a sociedade a manter-se atenta aos valores tanto da arte do passado quanto das manifestações mais recentes. A crítica, portanto, tem o poder não só de atribuir o estatuto de arte a um objeto, mas de o classificar numa ordem de excelências, segundo critérios próprios. Existe mesmo em nossa cultura uma noção, que designa a posição máxima de uma obra de arte nessa ordem: o conceito de obra-prima. A História da Arte e as fontes históricas. Vamos assistir a um vídeo que nos ajudará de forma simples a entender estas observações. 6 ARTE NO BRASIL: Pré-história - sítios arqueológicos Objetivos • Apresentar, situar e discutir a arte pré-histórica brasileira Vamos começar o estudo da Arte Brasileira pelos valiosos sítios arqueológicos que existem no Brasil. Em Minas Gerais Gerais, por exemplo, temos algumas grutas que sobreviveram à destruição causada pelas fábricas de cimento que se abasteciam do calcário nelas encontrado. Nessas grutas encontramos o que se convencionou chamar de arte rupestre. A arte rupestre é compreendida como o amplo conjunto de desenhos, pinturas e inscrições realizadas pelo homem pré-histórico. Geralmente, este tipo de manifestação artística aparece no interior de cavernas, grutas e em outras superfícies rochosas cingidas pela marca da presença humana. Em Minas Gerais, por exemplo, encontra-se o sítio arqueológico de Lapa da Cerca Grande, localizado no município de Matozinhos, a aproximadamente 50 km de Belo Horizonte. Ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan, o que atesta sua importância e aumenta suas chances de preservação. Nas pinturas do interior de grutas e abrigos de Lapa da Cerca Grande, podem ser vistas figuras zoomorfas (representações de animais terrestres, peixes e aves), antropomorfas (imagens humanas) e geométricas. A cor predominante nas figuras de Lapa da Cerca Grande é a vermelha, mas observam-se também a amarela, a branca e a preta. . Pinturas do interior de grutas e abrigos de Lapa da Cerca Grande Também encontramos importantes sítios arqueológicos no Piauí, na cidade de São Raimundo Nonato. Diversos pesquisadores vêm trabalhando nele desde 1970. Em 1978, uma missão franco-brasileira coletou no local uma grande quantidade de dados e vestígios arqueológicos. Os cientistas chegaram a conclusões esclarecedoras a respeito dos grupos humanos que habitaram a região por volta do ano 6000 a. C., ou talvez em épocas ainda mais remotas. Como os primeiros habitantes da área de São Raimundo Nonato - provavelmente caçadores-coletores, nômades e seminômades - se abrigavam ocasionalmente nas grutas da região, a hipótese mais aceita é a de que teriam sido eles os autores das pinturas e gravações ali encontradas. 7 Os pesquisadores classificaram essas pinturas e gravações em dois grandes grupos: obras com motivos naturalistas e obras com motivos geométricos. Capivara e seu filhote e motivos geométricos são encontrados no Parque Nacional da Serra da Capivara, município de São Raimundo Nonato, Piauí. Inicialmente, essa espécie de manifestação artística aparece como uma clara intenção do homem em registrar as situações que integravam a sua rotina. Contudo, algumas pesquisas mostram curiosamente que os locais de produção da arte rupestre não eram próximos a algum tipo de aldeia ou morada humana. Dessa forma, pode-se deduzir que o homem pré-histórico já encarava esse tipo de atividade como algo dotado de um lugar e sentido especial. Apesar dessa leitura possível, devemos salientar que a interpretação da arte rupestre está repleta de limites e problemas. Mas isso não implica dizer que o homem pré-histórico fosse desprovido de qualquer senso estético. Ao representar um animal ou um próximo, o autor explorava elementos de proporção e tonalidade que teriam como pretensão salientar aquilo que era visto como importante em sua visão particular. Paralelamente, devemos citar que a arte rupestre não se limitava ao registro cotidiano ou a marcação de uma situação corriqueira. Muitas pinturas encontradas em cavernas escondidas e regiões pouco habitadas indicam que essa manifestação artística cumpria uma parte dos rituais funerários e religiosos da pré-história. Ao mesmo tempo, a presença de motivos geométricos (círculos, cruzes, pontos e espirais) demonstra outra faceta complexa e misteriosa dessa arte. Devido aos estudos arqueológicos em São Raimundo Nonato, alguns estudiosos levantaram a “hipótese da existência de um estilo artístico denominado Várzea Grande”. Esse estilo tem como característica “a utilização preferencial da cor vermelha, o predomínio dos motivos naturalistas, a representação de figuras antropomorfas e zoomorfas (com corpo totalmente preenchido e os membbros desenhados com traços) e a abundância de representações animais e humanas de perfil. Nota-se também a freqüente presença de cenas em que participam numerosas personagens, com temas variados e que expressam grande dinamismo”. (PROENÇA, 1994, p.189) -------------------------------------------SAIBA MAIS! - Lendo o livro GASPAR, Madu. A Arte Rupestre no Brasil. 2ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006. -------------------------------------------- 8 A ARTE DOS ÍNDIOS BRASILEIROS Objetivos • • Apresentar a arte indígena brasileira Compreender e reconhecer suas principais características. Todos sabemos que no período que denominamos pré-cabralino, ou seja, na época do “descobrimento”, havia no país cerca de 5 milhões de índios. Infelizmente esse número não passa hoje de aproximadamente 200 mil. Pior ainda é constatar que parte das culturas da maioria desses indígenas também passa por acelerado processo de destruição através dos séculos. Grande parte dos objetos de uma beleza dinâmica e alegre criados por eles criados está desaparecendo. TÓPICO 1 - Arte utilitária Objetivos do tópico: • Discutir, compreender e historicizar a arte utilitária indígena Entendemos como arte utilitária os objetos que são utilizados nas tarefas do cotidiano nas aldeias. Para o índio, o que importa é a perfeição do objeto na execução, mas são tão perfeccionistas que para nós acaba virando uma arte. Podemos começar discutindo a questão que lida com a definição da arte indígena e sua caracterização em relação às muitas atividades realizadas pelos índios. Pois ao definirmos e classificarmos como a arte os produtos da cultura indígena ou dizermos que eles têm qualidade estética, estamos utilizando conceitos que são proóprios da nossa sociedade, mas sem muito sentido para o índio. Para ele, o objeto precisa ser mais perfeito na sua execução do que sua utilidade exigiria. Nessa perfeição para além da fainalidade é que se encontra a noção indígena de beleza. Boneca em Barro dos índios Karajá dos índios Desana. Escudo Cerimonial A arte indígena representa muito mais as tradições da comunidade em que está inserida do que a personalidade do índio que a faz. Hoje, mesmo que os índios estejam em um numero reduzido é possível identificar duas modalidades da cultura dos silvícolas e os campineiros, estes povos tratam da arte plumária, da arte do trançado, da tecelagem, do uso e criação de máscaras, da cerâmica e da pintura corporal. 9 PiPintura corporal Pintura Corporal -------------------------------------------VOCÊ SABIA? - Grosso modo a Estética é definida a partir do encontro entre um sujeito experimentador e um objeto experimentado. O sujeito experimenta o objeto estético como uma qualidade de sentimento. Para esta experiência, não interferem aspectos racionais ou cognitivos. É uma forma peculiar de atenção, sensível e afetiva. As obras de arte são objetos estéticos privilegiados, mas não são os únicos a merecer a atenção estética de alguém. Qualquer elemento da natureza ou mesmo um produto industrial também pode ser considerado estético. Alguns conceitos como o “Gosto”, o “Prazer” ou a “Empatia” referem-se principalmente à experiência do sujeito. Já conceitos tais como o “Belo”, o “Sublime” ou o “Grotesco” referem-se a características presentes no objeto. -------------------------------------------TÓPICO 2 - A Fase Marajoara Objetivos do tópico: • Reconhecer a fase Marajoara da arte indígena brasileira A Ilha de Marajó foi habitada por vários povos desde, provavelmente, 1100 a.C. De acordo com os progressos obtidos, esses povos foram divididos em cinco fases arqueológicas. A fase Marajoara é a quarta na seqüência da ocupação da ilha, mas é sem dúvida a que apresenta as criações mais interessantes. A produção mais característica desses povos foi a cerâmica, cuja modelagem era tipicamente antropomorfa. Ela pode ser dividida entre vasos de uso doméstico e vasos cerimoniais e funerários. Os primeiros são mais simples e geralmente não apresentam a superfície decorada. Já os vasos cerimoniais possuem uma decoração elaborada, resultante da pintura bicromática ou policromática de desenhos feitos com incisões na cerâmica e de desenhos em relevo. 10 Igaçaba ou urna funerária marajoara Dentre os outros objetos da cerâmica marajoara, tais como bancos, colheres, apitos e adornos para orelhas e lábios, as estatuetas representando seres humanos despertam um interesse especial, porque levantam a questão da sua finalidade. Ou seja, os estudiosos discutem ainda se eram objetos de adorno ou se tinham alguma função cerimonial. Essas estatuetas, que podem ser decoradas ou não, reproduzem as formas humanas de maneira estilizada, pois não há preocupação com uma imitação fiel da realidade. Tanga ritual de cerâmica usada pelas mulheres marajoaras nas festas míticas e religiosas A fase Marajoara conheceu um lento, mas constante declínio e, em torno de 1350, desapareceu, talvez expulsa ou absorvida por outros povos que chegaram à Ilha de Marajó. TÓPICO 3 - Cultura Santarém Objetivos do tópico: • Reconhecer a cultura Santarém da arte indígena brasileira Não existem estudos dividindo em fases culturais os povos que ao longo do tempo habitaram a região próxima à junção do Rio Tapajós com o Amazonas, como foi feito em relação aos povos que ocuparam a Ilha de Marajó. Todos os vestígios culturais encontrados ali foram considerados como realização de um complexo cultural denominado "cultura Santarém". A cerâmica santarena apresenta uma decoração bastante complexa, pois além da pintura e dos desenhos, as peças apresentam ornamentos em relevo com figuras de seres humanos ou animais. 11 Um dos recursos ornamentais da cerâmica santarena que mais chama a atenção é a presença de cariátides, isto é, figuras humanas que apóiam a parte superior de um vaso Além de vasos, a cultura Santarém produziu ainda cachimbos, cuja decoração por vezes já sugere a influência dos primeiros colonizadores europeus, e estatuetas de formas variadas. Diferentemente das estatuetas marajoaras, as da cultura Santarém apresentam maior realismo, pois reproduzem mais fielmente os seres humanos ou animais que representam. A cerâmica santarena refinadamente decorada com elementos em relevo perdurou até a chegada dos colonizadores portugueses. Mas, por volta do século XVII, os povos que a realizavam foram perdendo suas peculiaridades culturais e sua produção acabou por desaparecer. Vaso de cariátides e Estatueta da cultura Santarém 12 O BARROCO NO BRASIL Objetivos • Conhecer e identificar as características do Barroco no Brasil O estilo barroco chega ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo portugueses, leigos e religiosos. Seu desenvolvimento pleno se dá no século XVIII, 100 anos após o surgimento do Barroco na Europa, estendendo-se até as duas primeiras décadas do século XIX. Como estilo, constitui um amálgama de diversas tendências barrocas, tanto portuguesas quanto francesas, italianas e espanholas. O Barroco brasileiro é claramente associado à religião católica. Por todo o país, são inúmeras as igrejas construídas segundo os princípios desse estilo. Mas há também muitos edifícios civis - como cadeias, câmaras municipais, moradias de pessoas ilustres - e chafarizes que apresentam nítidas características barrocas. Duas linhas diferentes caractrizam o Barroco brasileiro. Nas regiões enriquecidas pelo comércio de açúcar e pela mineração, encontramos igrejas com trabalhos em relevo feitos em madeira - as talhas - redecoradas com detalhados trabalhos em escultura. É o caso das construções barrocas de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Na outra feição, as igrejas apresentam talhas modestas e trabalhos realizados por artistas menos experientes e menos famosos do que os que viviam nas regiões mais ricas da época. TÓPICO 1 - O Barroco em Salvador - primeira capital do Brasil Objetivos do tópico: • Identificar as caracterísitcas do Barroco em Salvador A partir da segunda metade do século XVII, a arquitetura das cidades mais ricas do Nordeste brasileiro começou a se modificar, ganhando formas mais elegantes e decoração mais requintada. Surgiram então as primeiras igrejas barrocas. Mas somente no século XVIII houve total predomínio desse estilo na arquitetura brasileira. Nessa época, Salvador tinha uma importância muito grande, pois não era apenas centro econômico da região mais rica do Brasil, mas também a capital do país. De Salvador saiam todas as riquezas da colônia para Portugal e para lá se dirigiam os comerciantes portugueses que traziam consigo os hábitos da metrópole e, com eles, os artistas e os produtos portugueses. Por isso, em Salvador e em todo o Nordeste, encontramos igrejas riquíssimas, como a IGREJA E O CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS, na capital baiana, cujo interior todo revestido de talha dourada lhe conferiu o título de “a igreja mais rica do Brasil”. 13 Igreja de São Francisco em Salvador - BA Assim, a beleza da talha, dos azulejos portugueses que decoram o claustro do convento e da fachada externa esculpida em pedra faz do conjunto arquitetônico formado pela igreja e o convento de São Francisco e pela igreja da Ordem Terceira de São Francisco a construção barroca mais conhecida de Salvador. Aspecto do claustro conventual e parede de azulejos portugueses - altar A igreja de São Francisco, cuja construção teve início em 1708, impressiona pela sua rica decoração interior. O intenso dourado que recobre as colunas, os ornamentos dos altares e as paredes é complementado pelos painéis que decoram o teto da nave central. O espaço interno divide-se em três naves: uma central e duas laterais. As naves laterais são mais baixas que a nave central e nelas se encontram os altares menores, que são também guarnecidos por grande número de trabalhos com motivos florais e arabescos dourados, anjos e atlantes. Na fachada, o frontão de linhas curvas é o elemento Barroco mais caracterizador da parte externa da igreja. Já a fachada da igreja da Ordem Terceira de São Francisco é considerada por alguns pesquisadores como um projeto de Gabriel Ribeiro, a mesma apresenta um trabalho caprichoso de escultura decorando a arquitetura. As figuras de santos, anjos, atlantes e motivos florais esculpidos em pedra, juntamente com os balcões que revelam certa influência do Barroco espanhol, fazem desta obra a única no gênero no Brasil. 14 Fachada da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco - Salvador TÓPICO 2 - O BARROCO EM PERNAMBUCO E NA PARAÍBA Objetivos do tópico: • Identificar as caracterísitcas do Barroco em Pernambuco e Paraíba No século XVIII o crescimento econômico fez do Recife um importante centro de negócios, pois foi sede, a partir de 1759, da Companhia Comercial de Pernambuco e Paraíba, empresa que promoveu a produção e comercialização do açúcar, tabaco, algodão e da madeira de lei. São dessa época as construções barrocas mais cudadosas, que ainda hoje testemunham o período de riqueza da capital pernambucana. A igreja de São Pedro dos Clérigos - cujas obras começaram em 1728, segundo projeto de Manuel Ferreira Jácome, mas só foram concluídas em 1782 - apresenta externa e internamente alguns aspectos arquitetônicos que chamam a atenção. Externamente sobressaem a portada barroca trabalhada em pedra e a verticalidade do edifício, incomum nas igrejas brasileiras do século XVIII. Igreja de São Pedro dos Clérigos - Recife- PE 15 Internamente destacam-seo púlpito, os altares entalhados em pedra e o teto pintado por João de Deus Sepúlveda, considerado o maior pintor pernambucano do século XVIII. Teto da igreja de São Pedro dos Clérigos, em Recife, pintado por João de Deus Sepúlveda, entre 1764 e 1768 O Barroco na Paraíba Na Paraíba o destaque é o convento franciscano de Santo Antônio, formado pela igreja, pelo convento e pela capela da Ordem Terceira. A partir das extremidades da fachada da igreja se abrem dois muros divergentes revestidos de azulejos, esses muros delimitam um espaço adro, em cuja entrada há um cruzeiro típico das construções franciscanas. Igreja do convento franciscano de Santo Antônio com adro e cruzeiro A partir das extremidades da fachada da igreja se abrem dois muros divergentes revestidos de azulejos; esses muros delimitam um espaçoso adro, em cuja entrada há um cruzeiro típico das construções franciscanas. Esse cruzeiro, com sua base piramidal e bulbosa, harmoniza-se com o coroamento da torre da igreja. Por sua vez, a perspectiva criada pelos muros divergentes da grande destaque ao templo. Internamente, essa igreja possui uma ampla nave que se comunica com a capela da Ordem Terceira. Esta capela é inteiramente revestida da talha dourada e pinturas. 16 Porém, o que mais chama do visitante é a pintura do teto da nave central, pelo exagero dos efeitos de ilusão ótica que cria. Ela dá ao espectador uma visão de perspectiva, simulando um espaço arquitetônico. É surpreendente a sensação que o observador tem de que os bispos estão sentados no parapeito de um balcão, embora a pintura seja realizada no plano. Nava da Igreja (João Pessoa, PB). José Joaquim da Rocha (1766 - 1769) 17 A MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA NO BRASIL - INFLUÊNCIA Objetivos • Discutir a influência da Missão Artística Francesa na arte brasileira No século XIX o Brasil é marcado pela chegada da família real portuguesa, que fugia do conflito entre a França Napoleônica e a Inglaterra. D. João VI juntamente com uma comitiva de 15.000 pessoas desembarcaram na Bahia em Janeiro de 1808, mas em março do mesmo ano transferiram-se para o Rio de Janeiro. Nesta cidade o soberano português começou uma série de reformas administrativas, sócio econômicas e culturais, para adaptá-las às necessidades dos nobres que com ele vieram e também de sua família. Dessa forma foram criadas as primeiras fábricas, e fundadas instituições como o Banco do Brasil, a Biblioteca Real, o Museu Real e a Imprensa Régia. A partir de então o Brasil sofre forte influência da cultura européia, que começa a assimilar e a imitar, essa tendência vai se firmar com a chegada da Missão Artística Francesa, oito anos depois da vinda da família real. A Missão Artística Francesa chegou ao Brasil em 1816, chefiada por Joachin Lebreton, alem deste faziam parte: Nicolas Antoine Taunay, Jean-Baptiste Debret e Auguste-Henri-Victor Grandjean de Montigny. Esse grupo recebeu de D. João a missão de fundar uma escola de artes no Brasil, feito alcançado em agosto de 1816 com a fundação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, essa instituição teve seu nome alterado inúmeras vezes até se tornar a Imperial Academia e Escola de Belas Artes em 1826. Nicolas-Antonine Taunay: (1755-1830) é considerado uma das figuras mais importantes da Missão Artística, na França participou de várias exposições e foi requisitado por Napoleão inúmeras vezes para pintar cenas de batalhas. No Brasil suas obras mais famosas são as pinturas de paisagens do Rio de Janeiro e regiões próximas. Taunay - Vista do Outeiro, Praia e Igreja da Glória, 1817 Jean-Baptiste Debret: (1768-1848) é certamente o artista da Missão Francesa mais conhecido pelos brasileiros, pois seus trabalhos que documentam a vida no Brasil são muito utilizados como ilustração em livros escolares. 18 Debret - Uma Senhora Brasileira em seu Lar, 1823. Em 1781 já era muito famoso na França, sendo constantemente requisitado para pintar quadros relacionados ao Imperador Napoleão. Veio para o Brasil em 1816 e permaneceu até 1831. Produziu inúmeros retratos da Família Real, foi professor de Pintura Histórica na Academia de Belas Artes e realizou a primeira exposição de arte no Brasil – 2/12/1829. Seu trabalho mais conhecido é Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, em três volumes. Volume 1: indígenas brasileiros. Volume 2: sociedade do Rio de Janeiro. Volume 3: retratos imperiais, decorações, plantas e florestas do Brasil. No campo da arquitetura o principal nome é Grnadjean de Montigny, autor do projeto da Academia de Belas Artes – 1826. Além disso, destacam-se também a Casa da Moeda e o Solar dos Marqueses de Itamarati. Esse último foi projetado por José Maria Jacinto Rebelo, aluno de Montigny. Academia Imperial de Belas Artes – 1826 19 A Missão Artística Francesa inaugurou a Academia Imperial de Belas Artes (AIBA) em novembro de 1826, e Manuel de Araújo Porto Alegre, um gaúcho, foi um de seus primeiros alunos. Quase trinta anos após sua matrícula na Academia, Manuel foi seu diretor. Além de Manuel, destacam-se outros dois artistas, Augusto Muller e Agostinho José da Mota, considerados os dois mais talentosos alunos da Academia de Belas Artes. Os artistas da Missão Artística Francesa pintavam, desenhavam, esculpiam e construíam à moda européia. Obedeciam ao estilo neoclássico (novo clássico), ou seja, um estilo artístico que propunha a volta aos padrões da arte clássica (greco-romana) da Antigüidade. TÓPICO 1 - ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DE CONSTRUÇÕES CLÁSSICAS QUE INFLUENCIAM NAS NEOCLÁSSICAS Objetivos do tópico Identificar as caracterísitcas de construções clássicas • Colunas (de origem grega): Estrutura de sustentação das construções. Compõe-se de três partes: base, fuste (parte maior) e capitel (parte superior com ornamentos). • Arcos (de origem romana): Elemento de construção de formato curvo existente na parte superior das portas e passagens que serve de sustentação. 20 • Frontões: Estrutura geralmente triangular existente acima de portas e colunas e abaixo do telhado. Os frontões podem receber os mais variados tipos de decoração. Os pintores deveriam seguir algumas regras na pintura tais como: inspirada nas esculturas clássicas gregas e na pintura renascentista italiana, sobretudo em Rafael, mestre inegável do equilíbrio da composição e da harmonia do colorido. TÓPICO 2 - ARTISTAS INDEPENDENTES DA MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA Objetivos do tópico Conhecer os artistas independentes da Missão Francesa Alguns dos artistas da Missão Francesa vieram para o Brasil, no séc. XIX, outros pintores motivados pela paisagem luminosa e pela existência de uma burguesia rica e desejosa de ser retratada. É nessa perspectiva que se situa alguns artistas europeus independentes da Missão Artística Francesa: Thomas Ender, era austríaco e chegou ao Brasil com a comitiva da Princesa Leopoldina, viajou pelo interior, retratando paisagens e cenas da vida no nosso povo em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Sua obra compõe-se de 800 desenhos e aquarelas. 21 Vista do Rio de Janeiro. Thomas Ender. 1817. E Johann-Moritz Rugendas, era alemão, esteve no Brasil entre 1821 e 1825. Além do nosso país, visitou outros países da América Latina, documentando, por meio de desenhos e aquarelas, a paisagem e os costumes dos povos que conheceu. Capoeira - Rugendas, 1835. TÓPICO 3 - A ARQUITETURA NEOCLÁSSICA NO BRASIL Objetivos do tópico Identificar a arquitetura neoclássica no Brasil A influência neoclássica também se faz sentir na arquitetura brasileira, e o agente transmissor deste estilo é a própria AIBA, em um primeiro momento com o arquiteto e professor, membro da missão artística francesa Grandjean de Montigny e posteriormente com seus discípulos, que irão erguer obras monumentais. No Brasil, esse estilo arquitetônico se divide em dois grupos: Os grandes centros litorâneos e nas províncias. No primeiro caso, desenvolve-se um tipo de arquitetura mais complexa e fiel os padrões europeus, pois contava com maior número de mão-de-obra especializada e materiais para construção importados da Europa: 22 Louis- Léger Vauthier. Teatro Santa Isabel, Recife, 1840-1846 A arquitetura nas províncias apresenta-se menos rebuscada que nas cidades litorâneas, o estilo neoclássico adorna apenas superficialmente as residências, e mesmo assim, o barroco colonial ainda é visível em alguns elementos destas casas, principalmente na materialidade empregada para a construção. Isso acontece por dois motivos; a falta de materiais adequados, que inviabilizou a sutileza da arquitetura neoclássica; e segundo, a carência de mão de obra especializada, o que implicou em cópias muitas vezes toscas das grandes arquiteturas litorâneas pela mão de obra escrava: As residências urbanas nas Províncias constituíam cópias imperfeitas da arquitetura dos grandes centros do Litoral, pois ainda que seus construtores e proprietários pretendessem realizar obras neoclássicas, na maioria dos exemplos esta vinculação com a temática e linguagem do neoclássico era muito superficial. (...) Mas as transformações arquitetônicas se limitavam à superfície; papéis decorativos importados da Europa, pinturas aplicadas sobre as paredes de terra para assemelhar-se aos interiores europeus, onde muitas vezes se pintavam fingimentos, sugerindo uma ambientação neoclássica jamais realizável com as técnicas e matérias disponíveis no local. Barroco na província Podemos concluir que, mesmo com o neoclassicismo no panorama da arte brasileira do século XIX, não significa que tenha deixado de existir o barroco dos antigos grandes mestres, muito pelo contrário, ambos os estilos acontecem concomitantemente, e juntos, oferecem uma nova possibilidade de construção, que, a propósito, será muito utilizada ao longo no século, principalmente com o advento do ecletismo na arquitetura. 23 No entanto, a expansão do neoclassicismo não significa que formas mais tradicionais, ligadas às raízes coloniais, tenham desaparecido. Nas províncias e também na capital, igrejas e seu recheio em telha, imaginária e pintura, prolongaram ainda por bom tempo as formas coloniais, se bem que numa conotação mais classicizante. No Rio de Janeiro, por exemplo, ainda se constroem inúmeras igrejas ao longo do século XIX, como a igreja de São Francisco de Paula, em que os estilos rococó, pombalino e neoclássico se complementam nas fachadas e na decoração interna. Igreja de São Francisco de Paula, concluída 1801. Fachada da igreja. Frontão curvilíneo barroco. Portada neoclássica 24 A ARTE BRASILEIRA NO FINAL DO IMPÉRIO E COMEÇO DA REPÚBLICA Objetivos • Apresentar a arte brasielira do final do império e começo da república. A partir da segunda metade do século XIX, a estrutura socioeconômica brasileira foi-se tornando complexa. Com a exportação do café, o país recuperou sua economia em crise desde a Independência. Ao lado desa propesridade vinda do campo, nas cidades das províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais surgiram às primeiras indústrias e, com elas, uma classe operária, ainda pequena. No plano político ganharam força as idéias republicanas e abolicionistas que determinaram o fim da escravidão em 1888 e da Monarquia em 1889. Após a Abolição, os grandes proprietários rurais, principalmente do Rio de Janeiro e de São Paulo, posicionaram-se ao lado das forças capitalistas urbanas, como grandes comerciantes, banqueiros e industriais. No outro extremo estva o proletariado urbano, que foi personagem de Aluísio Azevedo em obras como O Cortiço e Casa de Pensão. No campo, um grande contingente de brasileiros vivia na miséria e procurava solução para seus problemas na religiosidade popular, como Euclides da Cunha mostra em Os Sertões, de 1902. No entanto, se a Literatura já registrava as transformações sociais pelas quais passava o Brasil, a pintura, a escultura e a arquitetura, apesar de terem rompido com a estética neoclássica, continuvam a expressar a riqueza e a vida tranqüila, sem inquietações temáticas mais profundas. Essa preocupação só viria a ocorrer mais tarde, nos anos próximos da década de 20, com a explosão do movimento modernista. Como vimos a pintura de Belmiro de Almeida e a de Antônio Parreiras já dão mostras de uma superação dos princípios neoclássicos. Mas são as obras de Eliseu D’Angelo Visconti (1866-1944) que abrem definitivamente o caminho da modernidade à arte brasileira. Pintor, decorador e desenhista, ele não se preocupa mais em seguir os renascentistas italianos; busca, isto sim, registrar os efeitos da luz solar nos objetos e seres humanos que retrata em suas telas. Nascido na Itália, Visconti veio para o Brasil com menos de 1 ano de idade. Em 1885 matriculou-se na Academia de Belas-Artes. Em 1892, como prêmio por seus trabalhos artísticos, ganhou uma viagem à Europa, onde frequentou a Escola de Belas Artes de Paris e o curso de arte decorativa na Escola Ghérin. Durante o período que permneceu na França, Visconti entrou em contato com a obra dos impressionistas. A influência que recebeu desses artistas é tão grande que ele é considerado o maior representante dessa tendência na pintura brasileira. Voltou para o Brasil em 1900 e passou a realizar diversos trabalhos: ensinou pintura histórica na Escola Nacional de Belas Artes, criou imagens para selos postais e pintou o pano de boca do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Mas a maioria de seus trabalhos é constituída por pinturas de paisagens, cenas do cotidiano e retratos, como é o caso de Trigal e Maternidade, onde podemos observar nítidas caracteríticas impressionistas. O trabalho de Visconti é considerado pela crítica como inovador da pintura brasileira. 25 Trigal, de Eliseu Visconti. TÓPICO 1- A ARQUITETURA REFLETE A RIQUEZA Objetivos do tópico Compreender como o desenvolvimento de algumas regiões do país refletiu na arquitetura No final do século XIX e início do século XX a arquitetura brasileira passou por mudanças e seguiu principalmente duas tendências europeias: o Ecletismo e o Art Noveau (Arte Nova). O Ecletismo reunia estilos do passado, principalmente os de finalidade decorativa. Assim, alguns arquitetos mesclavam, num mesmo edifício, elementos grecoromanos, góticos, renascentistas e mouriscos. As casas dos mais ricos passaram a ser ornamentadas com relevos de estuque, platibandas (espécie de mureta que circunda o alto de um edifício e esconde o telhado), grandes vidraças e ferragens importadas da França e da Bélgica. Um exemplo dessa arquitetura refinada, detalhadamente decorada e resultante da riqueza cafeeira, é o Palacete do Visconde da Palmeira, também conhecido como Solar do Barão de Lessa, em Pindamonhangaba, atualmente Museu Histórico e Pedagógico da cidade. Museu Histórico e Pedagógico Dom Pedro I e Dona Leopoldina, Construção entre 1850 e 1854. 26 As cidades do norte do país, enriquecidas com a borracha, desenvolveram uma arquitetura requintada e de acordo com as concepções ecléticas. São exemplos disso os mercados de Belá do Pará e o de Manaus com seus inúmeros elementos em ferro rendilhado. Os teatros de Manaus e Fortaleza são importantes documentos desse período final do século XIX. Teatro Amazonas - 1896 O Teatro Amazonas, inaugurado emn 1896, apresenta interna e externamente uma ornamentação em vários estilos. O Teatro José de Alencar, em Fortaleza, é mais simples que o de Manaus e foi projetado em dois pavilhões. O posterior, produzido pela empresa MacFarlane, de Glasgow, é todo de ferro e apresenta um notável trabalho decorativo resultante de elementos art nouveau com soluções ecléticas. Teatro José de Alencar pavimentos anterior e posterior. 1910. 27 O art noveau No final do século XIX o Ecletismo foi superado pelo Art Noveau, desenvolvido nos Estados Unidos e em boa parte da Europa. O Art Noveau valorizava os elementos ornamentais e caracterizava-se pelo uso de linhas curvas, semelhantes às linhas das formas vegetais. Esse estilo persistiu por algum tempo até ser superado, nos anos 1920 e 1930, pelo Movimento Modernista e pela industrialização e modernização da vida urbana. No Brasil o Art Nouveau chegou no início do século XX, em sua bagagem teriam principalmente elementos referentes a decoração de interiores ou de grandes elementos arquitetônicos de ferro forjado. É possível encontrar exemplos do estilo em edifícios projetados pelo francês Victor Dubugras e do sueco Karl Ekman como a Vila Penteado em São Paulo, também são encontrados em gradis, portas e móveis produzidos pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. No Rio de Janeiro o interior da Confeitaria Colombo é um grande exemplo, cerâmicas e cartazes de Eliseu Visconti têm uma inspiração profunda no Art Nouveau. Vila Penteado, São Paulo Esse movimento tende a revalorizar a beleza e colocá-la ao alcance de todos, pela parceira entre arte e indústria. Elegante, o Art Nouveau foi o primeiro movimento orientado exclusivamente para o design, por isso foi marcado como um estilo que trazia exuberância decorativa, formas ondulantes com contornos bastante sinuosos e composição assimétrica, também foi de suma importância ao artista gráfico por causa da página impressa e sua influência na criação de formatos de letras e de marcas comerciais. Por ser um movimento das artes decorativas, preocupavam-se em tornar mais agradável os objetos industrializados, exemplo disso são os desenhos florais aplicados nos pés de ferro das máquinas de costura, em papéis de parede, em grades de ferro fundido e em ilustrações de livros, as peças artesanais também únicas exibem os mesmos padrões. É o período dos vitrais, vasos, luminárias, jóias e móveis únicos e requintados. 28 O SÉCULO XX NO BRASIL: O MOVIMENTO MODERNISTA Objetivos • Conhecer e compreender como se deu o movimento modernista no Brasil O século XX inicia-se no Brasil com muitos fatos que vão moldando a nova fisionomia do país. Observa-se um período de progresso técnico, resultante da criação de novas fábricas surgidas principalmente da aplicação do dinheiro obtido através do café. Ao lado disso, outro fato contribuiu para fazer o Brasil crescer e alterar sua estrutura social: a espantosa massa de imigrantes que em apenas oito anos chega a quase 1 milhão de novos habitantes. Esses tempos novos vivem, então, “à espera de uma arte nova que exprima a saga desses tempos e do porvir”. (BRITO, 1958:24) O nascimento de uma arte nova e a semana de arte moderna O modernismo no Brasil tem como marco simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, no ano de 1922, considerada um divisor de águas na história da cultura brasileira. O evento - organizado por um grupo de intelectuais e artistas por ocasião do Centenário da Independência - declara o rompimento com o tradicionalismo cultural associado às correntes literárias e artísticas anteriores: o parnasianismo, o simbolismo e a arte academica. A defesa de um novo ponto de vista estético e o compromisso com a independência cultural do país fazem do modernismo sinônimo de "estilo novo", diretamente associado à produção realizada sob a influência de 1922. Heitor VillaLobos na música; Mário de Andrade e Oswald de Andrade, na literatura; Victor Brecheret, na escultura; Anita Malfatti e Di Cavalcanti, na pintura, são alguns dos participantes da Semana, realçando sua abrangência e heterogeneidade. Os estudiosos tendem a considerar o período de 1922 a 1930, como a fase em que se evidencia um compromisso primeiro dos artistas com a renovação estética, beneficiada pelo contato estreito com as vanguardas européias (cubismo, futurismo, surrealismo etc.). Tal esforço de redefinição da linguagem artística se articula a um forte interesse pelas questões nacionais, que ganham acento destacado a partir da década de 1930, quando os ideais de 1922 se difundem e se normalizam. Ainda que o modernismo no Brasil deva ser pensado a partir de suas expressões múltiplas - no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco etc. - a Semana de Arte Moderna é um fenômeno eminentemente urbano e paulista, conectado ao crescimento de São Paulo na década de 1920, à industrialização, à migração maciça de estrangeiros e à urbanização. TÓPICO 1 - A SEMANA DE ARTE MODERNA – A semana de Arte Moderna de 11 a 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, realizou-se a Semana de Arte Moderna. Nela foram apresentadas ao público as novas tendências da música, das artes plásticas e da literatura, causando forte impacto. Foi uma tentativa de criar uma cultura nacional autêntica, fugindo da influência francesa. A idéia de organizar uma Semana de Arte Moderna partiu de Paulo e Marinette Prado, fazendeiros de café, e do pintor Di Cavalcanti. Durante as noites de 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, o público reunido no Teatro Municipal de São Paulo escutou 29 música de Heitor Vila-Lobos, poemas de Manuel Bandeira e Textos de vários escritores como Menotti del Picchia, Mário de Andrade e Plínio Salgado. No saguão do teatro, quadros de Anita Malgatti e Di Cavalcanti, entre outros, e esculturas de Vítor Brecheret. A inauguração da Semana de Arte Moderna foi feita por Graça Aranha, sendo ouvida em respeitoso silêncio. Mas as apresentações seguintes foram vítimas de vaias, insultos, “palavrões”, e até batatas e tomates podres. A concreticidade das mudanças propagadas pela Semana de Arte Moderna só ocorreu a partir de 1930. 30 A MODERNA ARQUITETURA BRASILEIRA Objetivos Conhecer a Moderna arquitetura brasileira Iniciado na Europa, o modernismo foi um movimento que envolvia as áreas artísticas e culturais. Os principais ideais modernistas tiveram sua chegada ao Brasil no a partir da primeira de década do século XX, introduzida através de manifestos como a Semana da Arte Moderna realizada em 1922 em São Paulo. O Modernismo foi o reflexo da efervescência cultural da época: durante o período o país passou pela industrialização e por período de grande ufanismo, o que levou a busca pela arte – incluindo aqui a arquitetura – nacional, sem se prender aos padrões europeus. O movimento gerou uma nova fase estética que acabou integrando tendências que já vinham aparecendo, fixadas na valorização da realidade do país, sugerindo um descarte das tradições que até então vinham sendo seguidas tanto na literatura como nas artes. O movimento Moderno não se limitou apenas arquitetura e arte moderna, pois envolveu aspectos ligados a áreas sociais, tecnológicas, econômicas e artísticas. Devido aos problemas gerados pelas mudanças sociais e econômicas durante a Revolução Industrial, o modernismo arquitetônico nasce na Europa para encontrar soluções geradas por tamanhas mudanças. No Brasil ele surge sem a necessidade de solucionar problemas sociais, pois as obras modernistas surgem quando ainda se iniciava o processo de industrialização. Segundo Lúcio Costa, o Modernismo brasileiro justifica-se como estilo, afirmando a identidade de nossa cultura e representando o “espírito da época”. As primeiras manifestações modernistas no Brasil no campo da arquitetura Talvez, a primeira obra da moderna arquitetura brasileira seja uma estação da Estrada de Ferro Sorocabana, em Mairinque, no interior de São Paulo. Ela foi projetada por Victor Dubugras (1868-1933), um francês que passou a infância e a juventude em Buenos Aires e que veio para São Paulo em 1891. O projeto da Estrada de Ferro Mairinque -0 construída em 1907 - Rompe o comprometimento desse arquiteto com o Art Nouveau e o neocolonialismo. Nessa obra, pela primeira vez, ele usa o concreto armado, extraindo dele todas as suas potencialidades plásticas, seja nas nervuras do teto, seja nas marquises ou nos vãos. Estação da Estrada de Ferro Mairinque. Projeto de Victor Dubugras Estação da Estrada de Ferro Mairinque. Detalhes das nervuras do teto. 31 No Brasil o campo da arquitetura teve influência de arquitetos estrangeiros, adeptos do movimento. O russo Gregori Warchavchik projetou a “Casa Modernista” (1929-1930), obra que foi marcada como a primeira casa em estilo Moderno em São Paulo, porém o estilo se tornou conhecido e aceito em solo brasileiro através de projetos de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Casa Modernista, São Paulo. Projeto de Gregori Warchavchik Warchavchik teve o mérito de divulgar entre a burguesia paulista o estilo futurista, que utilzava formas geométricas com intenção decorativista. Os interiores começaram a ser decorados com obras vanguardistas e os móveis, vitrais, tapeçarias e bordados passaram a expressar as formas desse estilo. Assim, em 1930 as construções passaram a ser desprovidas de ornamentos e revestidas de massa raspada, com fragmentos de malacacheta, que refletiam a luz do sol. Conjunto habitacional Pedregulho, de Affonso Reidy. Os projetos modernistas eram marcados pelo racionalismo e funcionalismo, além de características como formas geométricas definidas, falta de ornamentação – a própria obra é considerada um ornamento na paisagem; separação entre estrutura e vedação, uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício, panos de vidro contínuos nas fachadas ao invés de janelas tradicionais; integração da arquitetura com o paisagismo, e com as outras artes plásticas através do emprego de painéis de azulejo decorados, murais e esculturas. 32 A influência de Le Corbusier Quando o movimento moderno se difundiu no Brasil, arquitetos recém graduados passaram a estudar obras de arquitetos estrangeiros como os alemães Mies Van der Rohe e Walter Gropius, porém foi arquiteto franco-suíço Le Corbusier que mais teve influência na formação do pensamento Modernista nos arquitetos brasileiros, suas idéias inovadoras tiveram uma vasta influencia no movimento em território brasileiro, sendo fonte inspiradora para Lúcio Costa, Niemeyer e outros pioneiros da arquitetura Moderna brasileira. O Brasil recebeu algumas vezes Le Corbusier, algumas para orientar a equipe de arquitetos que em 1936 projetou o edifício da nova sede do Ministério da Educação no Rio de Janeiro (Edifício Gustavo Capanema) e em outras realizou conferências para difundir seus ideais, e reforçar a influência sobre os jovens arquitetos da época. Foram destaque no Movimento moderno brasileiro Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Attilio Correa Lima, os irmãos Marcelo, Milton e Maurício Roberto, Paulo Mendes da Rocha e outros. No início dos anos 30 houve conflito entre o neocolonial e arquitetura moderna. Um dos fatores predominantes para difusão do estilo modernista no Brasil foi o apoio do Estado Novo que via nesse estilo um símbolo de modernidade e progresso. Projetado em 1936 durante o período de governo de Getúlio Vargas pela equipe de arquitetos: Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira e Ernani Vasconcelos, liderados por Lúcio Costa o Ministério da Educação e Saúde do Rio de Janeiro foi a primeira obra moderna de repercussão nacional. 33 Edifício Gustavo Capanema. Orientado por Le Corbusier o edifício do ministério foi concebido de acordo com os fundamentos modernistas, representando a ruptura com as formas arquitetônicas ornamentadas com motivos historicistas e simbólicos que eram usadas na época. Esse edifício é composto por um volume em altura sobre pilotis e outro mais baixo perpendicular ao primeiro. Suas elevações tiveram um tratamento com influência solar, utilizando elementos arquitetônicos como brises soleils e vidro. A planta baixa segue os parâmetros modernistas isto é, planta livre sem paredes fixas o que permite maior mobilidade, as divisórias são de madeiras sem chegar ao teto o que permite ventilação cruzada. Alguns ambientes receberam azulejos e murais do pintor Candido Portinari e jardins planejado por Roberto Burle Marx com esculturas de Lipchitz e Bruno Giorgi. Após a divulgação do Movimento Moderno ouve uma subdivisão em várias tendências estilísticas. Um exemplo é o Rio de Janeiro, que teve a fusão dos princípios Modernistas europeus com a herança nativa que resultaram em uma arquitetura de formas mais livres, dentro disso evidencia-se a originalidade de Oscar Niemeyer. Niemeyer abandona o funcionalismo exagerado dos ideais modernos e utiliza em suas obras formas curvas mais livres, que buscam a beleza, não um resultado final com base somente em sua função. Essas características ficam evidenciadas no Conjunto da Pampulha (1942-1943), em Minas Gerais, nos famosos edifícios de Brasília, o Grande Hotel de Ouro Preto (MG, 1940) e o Parque do Ibirapuera (SP, 1951-1955). Igreja da Pampulha em Belo Horizonte, de Oscar Niemeyer. Parque do Ibirapuera em São Paulo, de Oscar Niemeyer. Brasília: o projeto de algo inusitado A cidade como um todo foi projetada por Lúcio Costa e o projeto dos edifícios mais importantes coube a Oscar Niemeyer. É de Lúcio Costa o famoso plano da cidade concebida como a figura de um avião, em que um grande eixo central divide um eixo transversal em duas metades, uma ao norte e outra ao sul, como se fossem as asas de uma aeronave. 34 Brasília (DF): Plano-Piloto, por Lúcio Costa. Brasília é uma cidade totalmente construída com idéias modernistas. O valor do seu plano urbanístico e de seus monumentos faz com que Brasília seja um marco mundial da arquitetura e urbanismo modernos. Assim, a Capital do Brasil foi o primeiro núcleo urbano, construído no século XX, considerado digno de ser incluído na lista de bens de valor universal, recebendo o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1987, pela UNESCO. O reconhecimento de seu valor patrimonial fundamentou-se no plano urbanístico de Lúcio Costa, concebido em quatro escalas estruturais e todas setorizadas: • Monumental – compreendida em todo o Eixo Monumental e que abriga a alma político-administrativa do País; • Gregária – representada por todos os setores de convergência da população; • Residencial – composta pelas Superquadras Sul e Norte; 35 • Bucólica – que permeia as outras três, por se destinar aos gramados, praças, áreas de lazer, orla do lago Paranoá e aos jardins tropicais de Burle Marx. Niemeyer, por sua vez, projetou o Palácio dos Arcos, sede do Ministério das Relações Exteriores, a Catedral de Brasília, o Teatro Nacional, o Palácio da Alvorada residência do presidente da República - e os edifícios que formam o conjunto da Praça dos Três Poderes: o Palácio do Planalto, o Palácio da Justiça e o Congresso Nacional. Todos esses prédios encantam o observador pela leveza das linhas, pela largueza dos espaços que criam, tão incomuns nas nossas grandes metrópoles. As construções abremse horizontalmente, integrando-se à paisagem plana do cerrado. Já o uso abundante de vidros nos prédios realiza um dos ideais da arquitetura moderna, que é a integração entre os espaços externos e internos. Catedral de Brasília Congresso Nacional Palácio da Alvorada “(…) Fui talvez o primeiro a dizer francamente que o funcionalismo ortodoxo não me interessava e que a beleza era também uma função, e das mais importantes na arquitetura. Na verdade, o ângulo reto nunca me entusiasmou, nem as formas rígidas e repetidas dos primeiros anos da arquitetura contemporânea. A curva me atrai intensamente com a sua sensualidade barroca, e a nossa tradição colonial e o próprio concreto armado, a sugerem e recomendam.” – Oscar Niemeyer A arquitetura brasileira nos dias de hoje 36 O MASP foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi em 1947. A prefeitura de São Paulo fez algumas exiggências que deveriam ser respeitadas, tais como preservar a vista do centro da cidade e da Serra da Cantareira (através da Av. 9 de Julho), além disso exatamente em baixo do MASP encontra-se uma linha de metrô, fato que dificulta algumas decisões de projeto. Esses fatos justificam a forma inusitada e a tecnologia construtiva utilizada por Lina: todo o corpo do prédio é apoiado sobre quatro grandes pilares de concreto protendido, liberando um vão de cerca de 74 metros. O Museu de Arte Moderna é um dos mais importantes do cenário cultural brasileiro. Localizado no Rio de Janeiro, o edifício segue a linha da arquitetura racionalista brasileira, tendo como características a modulação dos pilares, locação de dois pilares em uma única sapata, fachada envidraçada protegida por brises verticais e horizontais, além da planta livre e o térreo livre permitindo maior permeabilidade para os pedestres. O MAM é projeto do arquiteto Affonso Euardo Reidy. 37 PATRIMÔNIOS E MONUMENTOS HISTÓRICOS DE FORTALEZA Fortaleza, é hoje, uma das maiores cidades do Brasil, sendo também uma das mais procuradas pelos turistas. Como atrativos turísticos possui praias, Igrejas, museus, áreas verde, polos de lazer, Hotéis, pousadas, flats, passeios marítimos, passeios ferroviários, shoppings, centros comerciais, casas de shows, de espetáculos e um maravilhoso patrimônio cultural. Este último sendo muito rico e variado, porém nem sempre valorizado como deveria. Principalmente quando nos referimos ao patrimônio histórico e arquitetônico. São muitos os fatores que conduzem ao problema mencionado, e de certa forma até estão interligados. Em primeiro pode ser destacado o mínimo conhecimento do povo cearense da sua própria História. Isso mesmo, o cearense em si não conhece a história de suas raízes. Muitas vezes se limita à falácia de que o Ceará não tem História. Esta situação se agrava e reforça o problema do patrimônio histórico e arquitetônico, na medida em que a difusão de obras(sobre a História do Ceará) é precária. Sem mencionar que muitas delas existentes seguem a uma postura historiográfica romântica, e até rebuscada, não fugindo aos limites de uma visão positivista. Hoje, já existem obras que rompem com as limitações, expondo uma História do Ceará mais crítica e mais próxima da realidade de seu povo. Isso porque as próprias concepções historiográficas evoluíram de tal forma, que ampliaram a noção e utilização das fontes históricas. Daí a relevância da valorização da História local e de todos os elementos que possam revelar aspectos das relações sociais que se desenvolveram aqui, resultando no que o Ceará é hoje. Outro elemento que corrobora para a falta de conhecimento da História do Ceará, é o fato das escolas, em sua maioria, não darem o devido espaço para este conhecimento em seus currículos. Às vezes a História do Ceará entra apenas como disciplina voltada para o vestibular, no terceiro ano do ensino médio, ou então no ensino fundamental nas séries iniciais. Mas nunca como “matéria” importante para a vida do indivíduo, como um elemento básico na formação do cidadão. Além dos fatores mencionados, não se pode esquecer da mínima atuação das instituições governamentais no que concerne a estimular e difundir a história local. Não que as autoridades venham a substituir as escolas, mas instigá-las nesse processo, como também valorizar a história cearense em sua propaganda oficial. Os governos de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Maranhão, Rio de Janeiro e muitos outros, valorizam suas histórias e como conseqüência seus patrimônios históricos. É mister, então, que haja um engajamento do governo estadual e prefeituras para contornar a situação mencionada. Que se invista na difusão, no resgate, e no respeito da formação e evolução do povo cearense. Isto não é “bairrismo”, mas sim cidadania. Percebe-se então que se as autoridades competentes, e o próprio povo não valorizam a história local, quanto mais os monumentos e bens arquitetônicos históricos. Como valorizar estes se não há o devido reconhecimento das relações sociais, política, econômicas e ideológicas que se desenrolaram desde a colonização até hoje? É importante que se entenda que os monumentos e bens históricos caracterizam-se por serem o cenário em que tais relações ocorreram. Como se pode até compreender um pouco do modo de vida e tradições anteriores. 38 A não valorização do patrimônio histórico e arquitetônico, também está relacionada às empresas de turismo, que não reconhecem o aspecto cultural como um dos importantes atrativos turísticos, e se limitam apenas ao “trivial” “praia, sol e mar”. Elas precisam entender que “o turismo lida com um universo muito mais rico que atividades de lazer”(Turismo com Ética – Luzia Neide). Alguns donos dessas empresas até afirmam: “os turistas só querem diversão”. Mas atividades culturais não são diversão? E mais, será que só existe este tipo de turista que vem ao Ceará? E será que este tipo de visão não é gerado pelo modelo de propaganda e imagem do Ceará que se difunde lá fora? É preciso antes de qualquer coisa, para que tal situação se reverta, que os próprios cearenses busquem conhecer a sua história, e assim aprendam a “escutar” e “ver” as mensagens que o nosso patrimônio histórico e arquitetônico têm a ensinar. Valorização, respeito, preservação e conservação são conseqüências deste aprendizado. O governo também tem o seu papel, além da responsabilidade de proporcionar um ensino gratuito e de qualidade nas escolas públicas, tem que promover uma nova imagem do Ceará, uma que valorize e dignifique a sua história. No que diz respeito às empresas, que colaborem com a valorização da cultura, e principalmente do patrimônio histórico e arquitetônico, na medida em que possam definir os seus pacotes, expressando aos seus consumidores, as suas características e potencialidades. Isto evitaria problemas e daria ao turista um leque maior de possibilidades para sua diversão e crescimento cultural. Não se pode esquecer que o turismo é um agente de troca e de difusão cultural. Acredita-se que já se deu para perceber que a tônica do texto é destacar a relevância do patrimônio histórico e arquitetônico como atrativo turístico. E deve se observar que um atrativo com grande potencial, tanto no sentido histórico, cultural, econômico e social. Social por poder gerar empregos. Além de funcionar como mecanismo para sua própria preservação e conservação. É claro que quando o patrimônio histórico e arquitetônico “pertence” ao governo ou instituições públicas, é mais viável de se criar meios para sua preservação e transformação em forte atrativo turístico. Mas quando está atrelado à particulares fica mais complicado, pois estes podem dificultar o aproveitamento e inclusive a própria preservação do patrimônio(é só lembrar dos vário casarões e prédios no centro de Fortaleza que foram derrubados, e no lugar surgiram outras construções, ou mesmo estacionamentos). É necessário que os proprietários particulares descubram as vantagens de utilização de monumentos e prédios históricos como atrativos turísticos, isto é, de verdadeiros produtos turísticos. Agora é relevante salientar que a utilização de monumentos e prédios históricos como atrações turísticas necessita de certos cuidados, pois o uso inadequado pode provocar depreciações e prejuízos mais elevados, o que anularia o ideal de preservação e conservação a partir dos recursos oriundos do turismo, na medida em que eles são considerados como atrativos. Um outro ponto que acima foi mencionado, mas que é preciso ser enfatizado, diz respeito ao fato do gerenciamento de empregos. Tanto se abre espaço para os profissionais de manutenção, restauração e conservação, como aqueles de informações e serviços no local do monumento ou patrimônio. Uma pergunta pode estar se surgindo neste momento: o que é patrimônio? Esta pergunta pode ser respondida ao se citar o artigo 216 da Constituição Brasileira de 1988. “Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à 39 identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I – as formas de expressão; II – os modos de criar, fazer e viver; III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artísticos-culturais; V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Pode-se perceber que patrimônio abrange um leque imenso de elementos, como a história de um povo, costumes, hábitos, tradições, folclore, produção cultural, monumentos arquitetônicos, tanto de origem das elites como das camadas pobres, e mesmo o meio ambiente – a natureza. Observa-se então que quando se fala em patrimônio histórico e arquitetônico não se restringe apenas a aquilo que foi “tombado”, mas a tudo que pode representar o resgate da memória de um povo. Pode ser um casarão ou um casebre. Contextualizando o que se está expondo é só lembrar do “ Palácio da Luz” e as casas simples de populares na praia de Iracema, ou as vilas de pescadores em Baubino. Há muitos outros exemplos para se citar, mas fica para outro momento. Corroborando com o que foi dito, o professor Ricardo Oriá(no fascículo 4 do curso de Turismo: educação e cidadania, da Fundação Demócrito Rocha e EMBRATUR), menciona o seguinte: “atualmente, a noção de patrimônio histórico está restrita à “pedra e cal”. O patrimônio cultural de uma cidade é formado por um tripé indissociável em que se contemplam várias dimensões: natural, histórico-artística e documental”. Continua “neste sentido, o meio ambiente, os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico e científico, as obras, objetos, documentos, edificações, as criações científicas, artísticas e tecnológicas, as formas de expressão até mesmo modos de criar, fazer e viver são bens culturais de uma sociedade e por isso devem ser preservados”. Daí, segundo o professor Oriá, “ deve-se preservar um bem cultural se ele tem significado para a comunidade em que está inserido e se essa preservação possibilita a melhoria da qualidade de vida de seus moradores e contribui para a construção de sua identidade cultural e exercício da cidadania”. Nota-se então que preservar o patrimônio histórico, arquitetônico e cultural é muito mais do que um atrativo turístico, é garantir o direito do fortalezense à cidadania e à sua memória. Memória da evolução de Fortaleza e das relações sociais que se desenvolveram. É fundamental que o povo de Fortaleza, e do Ceará, como um todo, possam “ter o direito de acesso aos bens materiais e imateriais que representam o seu passado, a sua tradição, enfim, a sua história”. Assim se terá um povo integrado ao seu passado e à sua realidade atual, será um sujeito da história, como também um potente “turista local”, capaz de preservar, respeitar e exigir que isso seja feito por aqueles que não estão comprometidos com a cultura e história local. Ainda sobre os patrimônios históricos e arquitetônicos, a mestranda Linda Maria Rodrigues menciona o seguinte: “ Por se tratar daquilo que faz referência aos indícios dos homens, a importância dos lugares construídos durante sua vida retrata sua identidade, sua memória. A rigor, parece claro que a falta de consciência do próprio homem para a importância da preservação desse testemunho que está relacionado com o passado, é um dos vários ângulos que permeiam a questão do patrimônio cultural no 40 Brasil: como conseqüência, observa-se a perda de grande parte do patrimônio histórico construído pelo homem durante sua evolução”( Turismo com Ética, organização: Luzia Neide M. T. Coriolano. Fortaleza, FUNECE – 1998. P. 217). Segundo Schulz, “desde a antigüidade, as configurações urbanas caracterizam-se como um sistema de informação e de comunicação, pois os objetos arquitetônicos revelam a história das cidades. Todo recorte espacial mostra seu conjunto de monumentos e ruínas, de marcas portadoras de informação. Onde o tempo permanece inscrito. Segundo Foucault, ‘ as estruturas urbanas e os objetos arquitetônicos permitem a experiência de um passado que se modifica incessantemente a partir da relação com o presente’”. Para a professora Linda Maria “ a relação do patrimônio histórico com o momento presente, ou seja, do monumento construído com o meio social, permite e fortalece um intercâmbio de crenças, valores e modos de pensar e agir de diversos povos. Seguindo essa linha de pensamento a análise do patrimônio cultural pode ser pensada como um conjunto de sistemas espaciais que representam além do caráter cognitivo, aspectos artísticos e de interação entre os residentes e os visitantes, cujo alcance busca novos agenciamentos, abrindo um círculo com novas direções. Pois, uma sociedade se define por aquilo que ela codifica e cristaliza assim como pelo que lhe escapa por todos os lados. Logo, a cidade histórica se constitui a partir de um centro e apresenta simultaneamente uma dimensão de interiorização para múltiplas diferenças”(Patrimônio Cultural: Cidade, cultura e turismo. Por Linda Maria Rodrigues in: Turismo com Ética, organização: Luzia Neide M. T. Coriolano. Fortaleza, FUNECE – 1998). A partir do raciocínio que se vem esboçando o patrimônio histórico arquitetônico pode ser restrito a um único monumento( ou bem), mas pode também se referir a um conjunto maior, uma cidade – a cidade histórica. No Brasil temos grandes exemplos como, Ouro Preto, Sabará, Olinda, Salvador, Recife e muito mais. Pode-se até acrescentar, na realidade cearense, Aracati, Icó Sobral e até alguns bairros de Fortaleza(a Praia de Iracema, é um exemplo). Bem, já que se esclareceu a questão sobre o que seja “patrimônio”, será feito um breve esclarecimento sobre a prática do tombamento, e em seguida se fará um rápido esboço sobre os principais monumentos, patrimônios históricos e arquitetônicos de Fortaleza. De acordo com o novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa(FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. NOVO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. 2ª edição. RJ. Editora Nova Fronteira SA. 1986) o vocábulo tombamento, em um de seus significados quer dizer: “ato ou efeito de tombar, ou seja, pôr (o Estado) sob sua guarda, para os conservar e proteger( bens móveis e imóveis cuja conservação e proteção seja do interesse público, por seu valor arqueológico, ou etnográfico, ou bibliográfico, ou artístico)”. E pode se acrescentar também pelos valores culturais, históricos e até do próprio interesse da sociedade como forma de garantia da memória, e da própria cidadania. Como se foi dito acima se tomba um bem para preservá-lo e protegê-lo. Mas também para que tenha função e finalidade social, e não seja apenas visto como um prédio velho, ou um empecilho “ao desenvolvimento”. “A prática do tombamento dos bens culturais é realizado por instâncias políticas nos diversos níveis e instituições e, no Brasil, trata-se de um dos meios de ação para proteção dos patrimônios culturais visando também essa projeção futura. Com a criação do SPHAN em 1937, essa questão tornou-se ação institucionalizada, cujo principal objetivo seria o de preservar lugares históricos, artísticos e paisagísticos. Segundo 41 Casco(1996; p. 8), atualmente ‘o Instituto do Patrimônio, instituição governamental, de âmbito nacional, trata da preservação do patrimônio cultural brasileiro e das políticas para elaboração de projetos que resgatem a identidade nacional. Seu principal instrumento de ação é o tombamento de bens considerados como portadores de valor cultural, e o objeto privilegiado desta preservação é o espaço agenciado pelo homem: cidades, paisagens, edificações etc. ’” Não se pode esquecer tal espaço agenciado não é só pelas autoridades, ou “ricos”, mas também pelas camadas populares. Daí o teor democrático e coletivo da preservação e usufruto dos bens culturais, não só como patrimônios, mas também como atrativos turísticos e mantenedores da memória de um povo. Para finalizar este raciocínio e partir para citar os principais monumentos e patrimônios históricos arquitetônicos de Fortaleza, deve-se destacar que “do ponto de vista do turismo aquilo que atrai o turista para o núcleo receptor forma os recursos turísticos locais e é chamado de atrativo turístico”. Nesse sentido, o patrimônio histórico arquitetônico de Fortaleza(e regiões do interior cearense), como o de cidades tais quais “Olinda, Salvador, Parati, Ouro Preto, São Luís e muitas outras, em conjunto ou isoladamente são considerados patrimônios turísticos culturais, e fazem parte do ‘turismo cultural’, que tem como objetivo ou conceito o conhecimento de bens materiais ou imateriais produzidos pelo homem. BARRETO(1997). A rigor , por essas características, tudo que depende da tradição social, tudo que é particular a uma determinada sociedade depende de suas regras pode ser considerado como cultura. Dessa forma, esses significados fazem parte dos atrativos que motivam as pessoas a se deslocarem com o objetivo de conhecer determinados hábitos, costumes, peculiaridades, arquiteturas, enfim, particularidades culturais do outro. É nesse contexto que para o turismo, a existência da fronteira e sua permanência demarcando territórios distintos, peculiares a si, caracterizam a atividade e enunciam as motivações dos indivíduos facilitados ou prontamente estimulados pela publicidade, telecomunicações, meios de transporte e tecnologia”. “ A fronteira demarca as diferenças. O turismo como indústria vende como produto o estranho. A variedade de roteiros se adequam assim a variedade de produtos turísticos. A formulação de uma tipologia do turista permite que a indústria ofereça um leque variado destes estímulos” WAINBERG(1997,P.158-159) Agora será apresentado um breve resumo dos principais bens tombados de Fortaleza, como de alguns monumentos de relevante importância para o povo de Fortaleza. 1. ANTIGA ESCOLA NORMAL Histórico: A Escola foi Inaugurada em 22 de Março de 1884, ficando na edificação até 1923. Neste ano o edifício foi ocupado pelo Grupo Escolar Norte da Cidade. De 1947 a 1954 serviu como sede para o Instituto Médico do Ceará. Sendo que, a partir de 1954 funcionou como sede da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Ceará. Somente em 1987 é que passou a sediar o IPHAN. Localização: Rua Liberato Barroso, 525 – Centro. Proprietário: Universidade Federal do Ceará Tombamento Estadual: 3/03/1995 Atualmente funciona como sede do IPHAN. 2. ASSEMBLÉIA PROVINCIAL 42 Histórico: O prédio teve a sua construção concluída em 1871, cujo objetivo era de funcionar como sede da Assembléia Provincial. Sua construção representou marco do neoclassicismo oficial brasileiro. No prédio funcionou também, em outros períodos da História do Ceará, a Faculdade de Direito, a Biblioteca Pública, o Tribunal Regional Eleitoral, o Instituto do Ceará e a Academia Cearense de Letras. Localização: Rua São Paulo, sem número, entre a Praça dos Leões e a Rua Floriano Peixoto – Centro. Proprietário: Governo do Estado do Ceará. Tombamento Federal: Livro do Tombo das Belas Artes, 28/02/1973. Atualmente no prédio funciona o Museu do Ceará. BANCO FROTA GENTIL Histórico: O edifício foi construído em 1925, abrigando a firma Frota & Gentil, que em 1931 transformou-se em Banco Frota & Gentil Sociedade Anônima, e funcionou até 1960. Depois o prédio foi sede de uma filial do Banco Mercantil de São Paulo. Recentemente foi sede do Banorte. A edificação caracteriza-se pelo ecletismo arquitetônico que foi bastante utilizado nas três primeiras décadas deste século na capital cearense. Localização: Rua Floriano Peixoto, 326 – Centro. Proprietário: Banco Bandeirantes *. Tombamento Estadual: 03/03/1995 Atualmente funciona como sede do Banco Bandeirantes. CADEIA PÚBLICA Histórico: O prédio foi construído a partir de 1850, sendo concluído em 1866. Sua construção se desenvolveu com a técnica tradicional do tijolo e barro, apresentando linhas clássicas e caracterizando-se pela clareza construtiva e simplicidade de suas formas. Serviu como sede da Cadeia Pública de Fortaleza, obedecendo as exigências da Legislação Penitenciária Imperial. Em parte deste século o prédio funcionou como cadeia feminina, e em 1973, o edifício foi adaptado para sede do Centro de Atividade Turística do Estado do Ceará. Local de comercialização de artesanato e exposição no Museu de Arte e Cultura Popular. Localização: Rua Senador Pompeu, 350 – Centro. Proprietário: Governo do Estado. Tombamento Estadual: 17/06/1982 Atualmente funciona como Centro de Turismo. CASA JOSÉ DE ALENCAR Histórico: Tradicionalmente se atribui a esta casa o local onde nasceu o romancista José de Alencar, filho do Senador Alencar, que na época do Império era o proprietário das terras no antigo sítio do Alagadiço Novo. A pequena casa formava um conjunto com a casa grande e com a casa de engenho(1º engenho do Ceará a receber energia a vapor), sendo que a segunda não mais existe e o terceiro se encontra em ruínas. 43 Localização: Av. Washington Soares, Alagadiço Novo. Proprietário: Universidade Federal do Ceará Tombamento Federal: 10/08/1964 Atualmente encontra-se aberto a visitação pública. CINE SÃO LUÍS O Cine São Luís teve sua construção concluída em 1958, no local em que anteriormente funcionava o Cine Politheama. A sessão inaugural foi marcada pela exibição do filme “Anastácia, a princesa esquecida”. O edifício apresenta elementos art-déco bem como neoclássicos e faz parte de um conjunto de prédios históricos na Praça do Ferreira(Farmácia Oswaldo Cruz, o Palacete Ceará, o Hotel Excelsior, o Edifício Sulamérica, o Hotel Savanah e etc.). Localização: Rua Major Facundo, 500 – Centro. Proprietário: SECULT Tombamento Estadual: 13/03/1991 Atualmente funciona ainda como cinema, apesar das várias especulações sobre seu futuro. ESTAÇÃO JOÃO FELIPE Histórico: O prédio da Estação João Felipe foi construída com mão-de-obra dos retirantes da seca de 1877. A inauguração ocorreu em 9 de julho de 1880, e a Estação deveria atender às novas necessidades surgidas com a construção da estrada de ferro para Baturité e suas expansões. O estilo que caracteriza a construção é de feições neoclássico, e que se destaca de outras construções na Praça Castro Carreira. Localização: Praça Castro Carreira / Rua Dr. João Moreira. Proprietário: METROFOR Tombamento Estadual: 30/11/1983 Atualmente é utilizado como estação ferroviária. FAROL DO MUCURIPE Histórico: A sua construção foi concluída em 1846 para atender ás necessidade do porto de Fortaleza que distava 6,4 km(aproximadamente). Em 1869 foi destruído por um incêndio, sendo reconstruído em 1872. Em 1908 foi reformado, e em 1957 desativado. Em 1981/82 foi restaurado pela Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria de Cultura e Desporto do Estado do Ceará. Localização: Av. Vicente de Castro, Mucuripe. Proprietário: Governo do Estado do ceará Tombamento Estadual: 30/11/1983 Atualmente funciona como Museu de Fortaleza. IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO 44 Histórico: É considerada como uma das mais antigas Igrejas do Ceará, foi construída em taipa, por volta de 1730 por escravos africanos e em 1747 foi celebrada a 1ª festa de Nossa Senhora do Rosário. Já em 1755, foi reconstruída em pedra e cal, depois sofreu reparos em 1855 e 1872. Chegou até a funcionar como Matriz nos períodos de 1821 a 1854 e 1937 a 1963, devido a construção da antiga Matriz e da atual Igreja da Sé, respectivamente. Localização: Rua do Rosário, 02 – Centro. Proprietário: Arquidiocese de Fortaleza. Tombamento Estadual: 30/11/1983 Atualmente continua funcionando como Igreja. PALACETE CARVALHO MOTA Histórico: Foi residência do Vice-Presidente do estado, o Coronel Antônio Frederico Carvalho Mota, no início deste século. A partir de 1915, passou a pertencer a Inspetoria de Obras Contra Seca(IFOCS), funcionando como sede. O palacete foi construído obedecendo a variedade estilística do ecletismo arquitetônico, que relacionava motivos neoclássicos e elementos decorativos à Luís XVI, como do movimento ArtNoveau(movimento europeu do final do século XIX e começo do século XX, que usa elementos decorativos vegetais e linhas sinuosas), além de elementos pré-fabricados em ferro e ornamentos em tijolo e massa. Na década de 30 o prédio sofreu algumas reformas, mas não perdeu suas características arquitetônicas principais. Localização: Rua Pedro Pereira, 683, esquina Com Rua General Sampaio – Centro. Proprietário: DNOCS Tombamento Federal: 19/05/1983. Atualmente funciona como Museu das Secas, mas em condições precários de conservação e preservação. PALACETA CEARÁ Histórico: O prédio foi inaugurado em 1914, e pertenceu, inicialmente ao Coronel José Gentil Alves de Carvalho, banqueiro e um dos homens mais ricos da cidade. O Palacete foi ponto de encontro dos fortalezenses durante muito tempo, funcionando no térreo a Rotisserie Sportman e nos pavimentos superiores o Club Iracema(décadas de 20 a 40). Em 1922 houve uma ampliação, e o edifício ganhou uma sala de bilhar e também, no mesmo ano, o Presidente do Estado Justiniano de Serpa, reorganizou a Academia Cearense de Letras no salão de honra do Club. Em 1955 o prédio foi adquirido pela Caixa Econômica Federal. Em 1982 sofreu um incêndio que destruí toda a estrutura interna, mas foi reformado de acordo com os interesses da Caixa, contudo suas linhas originais externas foram mantidas. Suas linhas evidenciam a presença de elementos inerentes ao ecletismo arquitetônico, com a predominância do Neobarroco. Localização: Rua Guilherme Rocha, 48 – Centro. Proprietário: Caixa Econômica Federal Tombamento Estadual: 30/11/83 Atualmente funciona como agência bancária. 45 PALÁCIO DA LUZ Histórico: O prédio foi construído no final do século XVIII, com o auxílio da mão-deobra indígena, servindo para residência do Capitão-mor Antônio de Castro Viana. Depois pertenceu à Câmara Municipal, e em 1814 passou a pertencer ao governo Imperial. No ano de 1839 a edificação foi ampliada até a rua de baixo(hoje Sena Madureira). No período de 1844 a 1847, ganhou uma muralha, dando a edificação uma área que funcionava como “passeio público”. Na fase inicial da República, o prédio foi a sede do Governo Estadual, mas na segunda metade do século XX, parte da edificação foi derrubada para dar lugar á Rua Guilherme Rocha. Em 1975, foi sede da Casa de Cultura Raimundo Cela, e hoje é a sede da Academia Cearense de Letras. Localização: Rua do Rosário, 01. Proprietário: Governo do Estado Tombamento Estadual: 30/11/1983 Atualmente funciona como sede da Academia Cearense de Letras. PASSEIO PÚBLICO Histórico: No início do século XIX, o local onde hoje funciona o Passeio Público e a Santa Casa, era chamado de Campo da Pólvora”. Depois da Confederação do Equador, ficou sendo chamado de Praça dos Mártires. Por volta de 1850, já havia a intenção de transformar o local em uma área de lazer, mas somente em 1877 lhe foram feitos melhoramentos. Ele foi oficialmente inaugurado em 1880. Na época tinha três planos, um onde hoje é a avenida Leste-Oeste, outro onde hoje fica o estacionamento da 10ª Região Militar, e o terceiro é o que ainda existe. O Passeio surgiu “com o implante de bancos, canteiros, café-bar, réplicas de esculturas clássicas e 3 planos ou “avenidas” – uma para o desfrute das elites, a segunda para as classes médias e a terceira para os populares. “(...) o Passeio tornou-se de pronto a principal área de lazer e sociabilidade, até que despontassem outras tentadoras opções a partir do século XX”. (Sebastião Rogério, Fortaleza Belle Époque. p. 35.) Localização: Rua Dr. João Moreira, Centro. Proprietário: Prefeitura Municipal de Fortaleza Tombamento Federal: Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, inscrição N.º 38. Atualmente funciona como área de lazer(Praça). PRAÇA GENERAL TIBÚRCIO(Praça dos Leões) Histórico: Esta Praça até a primeira metade do século XIX, foi denominada de várias formas, “Largo do Paço”, “Pátio do Palácio” e “Praça do Palácio”. Em 1877, passou a ser chamado de “Praça General Tibúrcio”, uma homenagem ao cearense Antônio Ferreira de Souza, que participou da Guerra do Paraguai. Em 1878, no centro da Praça foi colocado um monumento em homenagem a este General. A Praça foi ampliada e reformada na gestão do Prefeito Idelfonso Albano(1912/1914), recebendo um novo jardim, novos bancos, jarros de bronze, um conjunto de estátuas de animais e quarenta e nove combustores. Passou a ser a Praça mais iluminada da cidade e uma das mais freqüentadas pela população. No ano de 1992, foi restaurada com a intenção de se manter os traços da reforma da época de Idelfonso Albano. 46 Localização: Centro da Cidade, na Rua Sena Madureira. Proprietário: Prefeitura Municipal de Fortaleza. Tombamento Estadual: 25/04/1991. Atualmente funciona como área de lazer(Praça). SECRETARIA DA FAZENDA Histórico: A construção do prédio remonta ao século XVIII, sendo o órgão responsável pela arrecadação o Almoxarifado, depois Provedoria, Junta de Fazenda do Ceará, Tesouraria da Fazenda, Tesouraria Imperial, Tesouraria Provincial e Secretaria dos Negócios da Fazenda. O prédio que foi construído para sede da Secretaria teve sua pedra fundamental lançada em 8/07/1927. O prédio constitui-se como um dos mais relevantes exemplos da arquitetura eclética do Ceará. Localização: Ed. General Edson Ramalho, Av. Alberto Nepomuceno, 02 – Centro. Proprietário: Governo do Estado do Ceará Tombamento Estadual: 12/02/1982. Atualmente funciona como Secretaria da Fazenda. SOCIEDADE UNIÃO CEARENSE Histórico: O prédio foi construído no final do século XIX, sediando em sua história: a Sociedade União Cearense, a Repartição dos Correios(1895 a 1935), a “The Ceará Tramway Light & Power Co. Ltda”, SERVILUZ(1948), Companhia Nordeste de Eletrificação de Fortaleza(CONEFOR), Companhia de Eletrificação do Ceará(COELCE), e atualmente Companhia Elétrica do Ceará(COELCE). Sendo que na década de 1990 ela foi privatizada. O prédio encontra-se abandonado. Localização: Rua Dr. João Moreira, 143 – Centro. Tombamento Estadual: 29/08/1995. Atualmente está sem uso, abandonado. SOLAR FERNANDES VIEIRA Histórico: O edifício foi construído no 3 quartel do século XIX para ser residência do deputado Miguel Fernandes Vieira. Foi comprado pelo governo Imperial para sediar a Tesouraria da Fazenda. Depois sediou várias instituições públicas inclusive a Receita Federal. Localização: Rua Senador Pompeu, 648 – Centro. Proprietário: Governo Federal. Tombamento Estadual: 03/03/1995. Atualmente funciona como Arquivo Público Estadual. TEATRO JOSÉ DE ALENCAR Histórico: A construção do Teatro se iniciaram em 1908, sendo concluídas em 1910, sendo sua inauguração em 17 de junho. O Teatro sofreu reformas em 1918, 1957, 1974 47 e a última em 1991, quando recebeu climatização artificial. O Teatro tem capacidade para 776 pessoas. Localização: Praça José de Alencar. Proprietário: Governo do Estado do Ceará. Tombamento Federal: 10/08/1987. Atualmente funciona como Teatro. 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRITO, Mário da Silva. História do Modernismo Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1958. D´ARAÚJO, Antonio Luiz. A Arte no Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Revan, 2000. GASPAR, Madu. A Arte Rupestre no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006 (Coleção Descobrindo o Brasil) PROENÇA, Graça. História da Arte. 4. ed. São Paulo: Ática, 2002.