UNIVERSIDADE SALVADOR – UNIFACS Pós-Graduação em Economia Baiana A EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Artigo apresentado como requisito para obtenção do grau de Especialista em Economia Baiana pela Universidade Salvador. Orientador: Prof. Dr. Sylvio Bandeira de Mello. Aluna: TEREZA GUEDES MEHL Maio/2002 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................. 4 1. PLANEJAMENTO NO BRASIL NO PERÍODO DE 1950-1980.................................. 5 1.2. O DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE E O CRESCIMENTO ECONÔMICO DA BAHIA........................................................................................................................ 6 1.3. A DINÂMICA DO CRESCIMENTO REGIONAL..................................................... 8 2. A DESCONCENTRAÇÃO E A FRAGMENTAÇÃO DA ECONOMIA NACIONAL. 11 3. AS PERSPECTIVAS DO PLANEJAMENTO REGIONAL PARA OS ANOS 80........ 11 4. OS PLANOS PLURIANUAIS E O PROGRAMA “BRASIL EM AÇÃO”. ................ 13 5. OS PROGRAMAS “AVANÇA BRASIL” E OS EIXOS DE INTEGRAÇÃO NACIONAL .................................................................................................................... 14 6. AS TENDÊNCIAS DE RECONCENTRAÇÃO E FRAGMENTAÇÃO...................... 16 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:............................................................................ 19 2 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl RESUMO Este artigo discute os “Problemas de desenvolvimento regional” quanto aos aspectos históricos de integração nacional da produtividade através das Políticas de Planejamento Regional para o Nordeste e Bahia. Analisa também, as mudanças e as transformações atuais na dinâmica internacional a partir da globalização e a nova articulação nacional através dos estudos dos eixos de desenvolvimento. 3 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl INTRODUÇÃO Planejamento Regional pode ser definido como uma ação conjunta, articulada por governos federais e governos estaduais, usado como um instrumento de política econômica numa perspectiva de integração do território nacional. A partir de 1956, o Plano de Metas representava uma política inovadora de desenvolvimento industrial, que objetivava a substituição das importações. Posterior ao Plano de Metas, os PND’s (Planos Nacionais de Desenvolvimento Econômico) ganham grande expressão na política inovadora de desenvolvimento industrial regional, com o objetivo de promoverem a integração produtiva da economia nacional. A proposta era a de inserir o país entre as grandes potências em troca do capital financeiro internacional para que as grandes empresas estrangeiras pudessem instalar suas filiais aqui. Por outro lado, o governo brasileiro realizou grandes investimentos públicos em direção às áreas mais pobres e menos dinâmicas do país. O Estado brasileiro liderou tal iniciativa, articulando e responsabilizando-se também pela implementação de políticas que pudessem integrar as regiões periféricas - Norte, Nordeste e Centro-Oeste – ao ritmo acelerado de crescimento do Centro-Sul. O resultado mostrou-se satisfatório sob o aspecto da redução constante da participação de São Paulo e da região Sudeste, a mais desenvolvida no PIB nacional, e aumento da participação dos estados periféricos, uma crescente convergência de renda entre 1970 e 1985. Entretanto, a história mostrou que a política de integração nacional não foi suficiente para extinguir ou pelo menos atenuar as disparidades socioeconômicas inter-regionais. Os anos 80 marcam o início do esgotamento do modelo de industrialização por substituição de importações e o processo de inserção da economia brasileira no cenário do comércio internacional nas suas duas vertentes principais: globalização e formação de blocos de países. O processo de globalização acentua o destaque dado às economias regionais na medida em que os países passam a ser considerados regiões dentro de um mesmo bloco. No Brasil o destaque é ainda maior devido à necessidade de resolver os problemas de desigualdade regional. Neste sentido, o planejamento regional caracteriza uma nova estratégia de divisão espacial do território nacional para a identificação dos “focos dinâmicos” do país, numa perspectiva de articular as economias regionais ao mercado 4 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl internacional. Onde os principais projetos de investimentos são direcionados para infraestrutura, privilegiando as regiões mais ricas. Este artigo trata da evolução históric a das teorias e práticas de planejamento no Brasil adotadas nos últimos 40 anos, contextualizando-as quanto as estratégias de desconcentração da economia e integração nacional da produtividade, e quanto as tendências de investimentos regionais para a articulação econômica através dos eixos de desenvolvimento, diante das transformações atuais na dinâmica global- local. 1. PLANEJAMENTO NO BRASIL NO PERÍODO DE 1950-1980 O Plano de Metas, devido à complexidade de suas formulações e pela profundidade do impacto pode ser considerado a primeira experiência plenamente posta em prática de Planejamento Governamental no Brasil. Os Planos de Desenvolvimento datam de meados da década de 50, período em que os estados nordestinos e a Bahia viviam o ápice da crise econômica. Estes estados, que já haviam exercido uma significativa parcela de hegemonia econômica e política no país, assistiam então à estagnação da economia açucareira, devido à concorrência de novos produtores no mercado internacional. Enquanto isto, a indústria paulista passava por uma acumulação acelerada do capital, primeiro com a cultura do café e seguida por uma rápida e crescente industrialização. Os estudos para o desenvolvimento regional surgem neste contexto, tendo como finalidade minimizar as disparidades entre o Centro-Sul e as demais regiões do País. O Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, (1956-1961), tinha como diretriz expandir a indústria de base, estimulando os investimentos privados nacionais e estrangeiros, e a abolição dos pontos de estrangulamento da economia por meio de investimentos estatais em infra-estrutura: transportes, ferrovias, rodovias, energia nuclear, energia elétrica, carvão mineral, petróleo. Contudo, propicia a entrada das transnacionais, à procura de matéria-prima, insumos e mão-de-obra baratas. Desta forma, o mercado e uma economia de escala que se encontravam entre o eixo Rio de Janeiro, São Paulo e Sul de Minas, contribuíam para um retorno mais rápido dos 5 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl investimentos naquela região, processo este que reforçou a tendência de concentração espacial do desenvolvimento industrial em São Paulo. A partir do Plano de Metas foram criados alguns organismos institucionais que tinham por objetivo formular, exercer, e controlar os planos de governo a níveis regionais. Destacamos aqui a SUDENE, criada em 1959, com seu foco de ação voltado para a região Nordeste do Brasil. Neste período é criado também o GEIA- Grupo Executivo da Indústria Automobilística em São Paulo, que proporcionou o incremento dos bens de capital atravé s da indústria automotiva do Sudeste. 1.2. O DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE E O CRESCIMENTO ECONÔMICO DA BAHIA No período de 1959 a 1963, dois estudos foram desenvolvidos no sentido de viabilizar o processo de desenvolvimento do Nordeste. O primeiro, com o GTDN (Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste) - chefiado por Celso Furtado. Um outro estudo, foi o Plano de Desenvolvimento para a Bahia – PLANDEB (Plano de Desenvolvimento da Bahia), coordenado por Rômulo Almeida. Estes estudos objetivava m o desenvolvimento Industrial, numa estratégia de desconcentração regional de renda em prol das regiões mais vazias ou estagnadas. No entanto, os dois Planos, apesar de oferecer propostas diferentes, ameaçavam as estruturas oligárquicas das elites, e a estrutura agrária latifundiária. O PLANDEB visava a criação de grandes indústrias na produção de bens intermediários para atender o Centro-Sul, isto é, descentralizar para centralizar. O GTDN propunha uma ação de caráter transformador das tradicionais e consolidadas estruturas sócio-econômicas dominantes na região nordestina, além de propor a mudança na estrutura agrária da região. É interessante observar que o PLANDEB e o GTDN foram desenvolvidos quase na mesma época, no entanto, são fundamentalmente diferentes nas essências de suas estratégias industriais. O GTDN propunha um “modelo autônomo”, visando repetir no Nordeste o desenvolvimento capitalista do Centro-Sul. A natureza nos desdobramentos de cada plano, eram também diferentes. Enquanto o GTDN objetivava o apoio à pequena e média empresa voltada para o mercado local, o PLANDEB, defendia a 6 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl produção de bens intermediários, visando os mercados do Centro-Sul. (SUAREZ, p. 21, 1990) O processo de desconcentração industrial, para o próprio interior de São Paulo e para quase todos os demais estados brasileiros, terminou por “estimular uma rápida e violenta oligopolização de nossa economia, acelerou a consolidação do mercado interno, (apesar de integrar apenas uma pequena parte da população do país). As regiões todas são atingidas, embora traços específicos possam ser registrados na suas estruturas produtivas e papéis específicos tenham sido atribuídos a cada uma”. (ARAUJO, 2000,p.18). Assim, as políticas de planejamento regional foram se ajustando, em lugar de uma indústria colada à base de recursos regionais e voltada para atender o mercado regional, como propusera Celso Furtado no GTDN, a indústria incentivada pela SUDENE, passa a integrar o Nordeste de forma mais geral o processo de industrialização no país. As agências regionais a exemplo da SUDENE, SUDAM, SUFRAMA, SUDECO, no Norte e Nordeste, e da SUDESUL, na região Sul, juntamente com os bancos regionais como o BNB, e o BASA, tiveram papéis importantes na condução destes processos. Especialmente na Bahia, pode-se considerar que, a partir dos anos 50, iniciou-se um processo de transformação da economia, sendo possível a delimitação de três grandes conjunturas: nos anos 50, o efeito Petrobrás, com a implantação da RELAMRefinaria Landulfo Alves em Mataripe e a construção da Hidrelétrica de Paulo Afonso; nos anos 60, o efeito CIA-Centro Industrial de Aratu e nos anos 70, o efeito COPECComplexo Petroquímico de Camaçari. A malha rodoviária de transportes interligando a Bahia, o Nordeste e o Centro Sul permitia o escoamento dos bens intermediários e a entrada de bens finais de consumo, produzidos no Centro Sul. (SUAREZ, p. 23, 1990) O processo industrial baiano é implantado e desenvolvido em função da indústria paulista, que tenta uma ampliação e articulação comercial na busca incessante por mercados dentro do próprio país. Então os planejamentos Regionais se apresentam numa visão apenas econômica e industrial para que o Centro Sul possa continuar 7 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl usufruindo das transformações e exercendo o processo de acumulação e concentração do capital. Dessa forma, a Região Metropolitana de Salvador, onde se instalaram o CIA e o COPEC, em Candeias, Simões Filho e Camaçari, ao contrário do que se previa, não foi capaz de criar cidades de médio porte, diferente das cidades do entorno de São Paulo. Não geraram a mão de obra empregada nas indústrias, e Salvador se torna a “cidade dormitório” da região industrial. Ao tempo em que houve o incremento da industrialização, o aquecimento do setor terciário, processar-se-á também toda uma transformação urbana espacial, através da construção das avenidas de vale, proporcionando o desenvolvimento da construção civil, rede hoteleira, que foi também um reflexo da industrialização. 1.3 A DINÂMICA DO CRESCIMENTO REGIONAL Durante a década de 70, em cumprimento às metas do II PND, o Governo Federal proporcionou uma avalanche de investimentos industriais às empresas controladas pelo estado (aço, petróleo, fosfato, potássio, papel, petroquímica, carvão, mineração, titânio, cobre, cloroquímica entre outros) visava a integração produtiva com base na regionalização da grande indústria oligopólica. Nesse contexto, o PIB nacional dos estados e/ou regiões no período de 1970 e 1990 verifica-se a seguinte participação: • Nordeste, aumentou sua participação industrial do país de 5,7 para 8,4%, entre 1970 e 1990. No entanto a Bahia se destaca com sua participação de 1,5 para 4% da produção industrial do país, correspondente a quase 50% da região Nordeste em 1990, proporcionado pela implantação do Pólo Petroquímico de Camaçari.; • O Norte e a Zona Franca de Manaus, proporcionados pela beneficiada pelos incentivos fiscais SUDAM (Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia) e SUFRAMA (Superintendência da Zo na Franca de Manaus), permitiu a implantação industrial de bens eletrônicos de consumo, ampliando sua participação de 0,8 para 3,1% da produção no período de 1970 a 1985; (DINIZ, 2000, p.8) 8 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl • Sul, crescia sua participação da produção industrial de 12 para 17% entre 1970 e 1985 dentre os aspectos que mais se destacaram para esse crescimento está a modernização da agricultura favorecido pelos avanços tecnológicos para produção agrícola, a produção de grãos, insumos e seus efeitos multiplicadores sobre as agroindústrias processadoras de produtos agrícolas, sobretudo máquinas e equipamentos, além da indústria de bens de capital e de consumo duráveis (DINIZ, 2000, p.9). A transferência da capital federal para Brasília foi decisiva para a expansão agrícola do Centro-Oeste e cerrados em geral. A existência de terras planas e mais baratas, potencializada pela infra-estrutura, especialmente transportes, propiciou a dinamização da Região Oeste da Bahia, que é rapidamente ocupada pelos capitalistas do Centro-Sul plantando soja ou melão, para a exportação, consolidando a grande propriedade. Os cerrados baianos guardam uma relação com a intensa concentração dos meios de produção, onde terra e capital estão sob o controle dos grandes proprietários fundiários, cooperativas e empresas agroindustriais. Predomina o cultivo de grãos, como o arroz, feijão, milho e soja, sendo este último o que mais sobressai. Em sua maioria, os agricultores praticam uma agricultura irrigada, com modernos padrões tecnológicos e organizacionais, com baixa utilização da mão de obra sazonal, na medida em que avança na mecanização, estabelecendo uma rede de comercialização a nível nacional de produtos, insumos e bens de capital. Os pequenos produtores rurais, que ainda dispõem de terra, são descapitalizados, não percebem salários e desenvolvem suas atividades com base nos recursos naturais e força de trabalho familiar. A concentração fundiária determinou a expulsão de pequenos proprietários de terra contribuindo para um intenso crescimento urbano da região, expulsando os arrendatários, parceiros e sertanejos, com sua agricultura mercantil para o mercado interno. No Oeste da Bahia, enquanto o crescimento da população rural no período de 1970-1991 foi de apenas 18%, a população urbana alcançou 206%. No universo de 38 municípios, as cidades de Barreiras, Santa Maria da Vitória e Bom Jesus da Lapa concentram 40% da população urbana da região, com destaque 9 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl para Barreiras que apresenta maior crescimento econômico nos setores de comércio e serviços. Um reflexo da chegada dos produtores rurais. Apesar de modificado a estrutura econômica de toda a região, o surto de crescimento econômico não se fez acompanhar de políticas públicas correspondente a oferta de serviços sociais básicos, nas áreas urbanas e rurais, relativos a saneamento básico, moradia, saúde pública, educação, etc. O baixo nível de renda e a falta de saneamento aliados às péssimas condições de moradia contribui para alta incidência de doenças endêmicas, como o “mal de chagas”, leishmaniose, verminoses, etc., ampliando o quadro de indigência em toda a região. Fora dos cerrados a concentração fundiária na região segue o mesmo padrão conhecido de outras áreas do Nordeste brasileiro. Isto é, a grande propriedade subtilizada, com pecuária extensiva e de baixo rendimento, ao lado de minifúndios absolutamente incapazes de garantir o sustento da família. A falta de perspectiva de trabalho e renda na zona rural do Nordeste e Estado da Bahia contribui também para o inchamento das grandes cidades. Que por sua vez não foram organizadas para abrigar a população que chegava em ritmo acelerado em busca de trabalho. E a relativa diversificação da estrutura ocupacional e de renda não foi suficiente para absorver a maior parte da população, multiplicando-se o extrato de baixa renda, incrementada pela migração e sub-emprego, levando a extrema pobreza, ocupação desordenada do solo urbano, sub-habitações, construção de favelas, denotando a queda desenfreada do nível de qualidade de vida e do acesso de bens e serviços por parte da maioria da população. Salvador é um exemplo da ocupação desordenada do solo; observar Salvador, no sentido pleno, é ver o espaço geográfico urbano com todas suas contradições políticas, onde revela um drama de uma metrópole dividida em classes de muita pobreza tão concretamente distribuídas. Neste sentido, no estudo sobre o desenvolvimento desigual da economia no território brasileiro nas três últimas décadas, realizado pelo Departamento de Economia da FUNDAJ, e coordenado por Leonardo Guimarães, ficou visível que a história econômica recente de cada região do Brasil reflete o projeto de industrialização implementado naquele local. 10 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl 2. A DESCONCENTRAÇÃO E A FRAGMENTAÇÃO DA ECONOMIA NACIONAL O processo de desconcentração nos legou o desenvolvimento da agricultura e da indústria periférica, modificando a dimensão dos fluxos do comércio e transformando as estruturas produtivas das diversas regiões, resultando numa heterogeneidade interna às regiões. No entanto, o processo de integração comandado por São Paulo negava a possibilidade de industrializações autônomas, capazes de resultar em estruturas produtivas à imagem da indústria paulista. Reforçando, dessa forma, a complementaridade inter-regional. Se as indústrias periféricas fossem ancoradas nos produtos de bens e serviços, voltados para a própria região, poderia concorrer igualmente ao espaço da produção de manufaturas ou produtos agrícolas voltados para o mercado nacional. Dessa forma à medida que diminui a desigualdade, o menor crescimento do PIB dos estados mais industrializados e uma convergência de renda per capita, aumentaram ao mesmo tempo as medidas de desigualdade na distribuição de renda intra-regional. A desconcentração implementada através do I e II PND’s manifesta-se muito mais sob a forma de fragmentação da economia nacional, do que no crescimento solidário das regiões, com acréscimo de capacidade produtiva nos principais espaços econômicos da Nação. Conseqüentemente, a trajetória da economia brasileira subdeterminou as possibilidades regionais de continuidade dos planejamentos nos anos 80 e 90. 3. AS PERSPECTIVAS DO PLANEJAMENTO REGIONAL PARA OS ANOS 80 A estrutura organizacional de planejamento estratégico-público de caráter normativo economicista se revela insuficiente com o aumento da complexidade social e política econômica que se evidencia a partir dos anos 80. (GARCIA, 1999) Neste sentido, a institucionalidade do planejamento nacional público estava em visível deterioração, frente ao acelerado esgotamento do modelo de financiamento externo e interno, do investimento público e privado à conclusão do processo de substituição de importações. Na década de 80, a situação internacional se modifica com redução brusca de oferta de recursos financeiros aos países em desenvolvimento, a 11 matéria prima EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl “petróleo” abre espaço para o “conhecimento” baseado na automação e na tecnologia científica. Os países centrais buscam novas estratégias de acumulação, em substituição ao paradigma fordista que caracterizou a expansão pós guerra. A nova tecnologia se traduz em flexibilização, um “mix flexível de produtos sem perdas de produtividade” fundada na diferenciação de produtos e não nos preços, configurando às empresas que adotam, maior velocidade de resposta às mudanças de mercado e de seus concorrentes. (BAPTISTA, 1993, p.223) O Brasil não acompanha esta “locomotiva” e a trajetória da desconcentração em curso desde os anos 70 ver-se bloqueada. sem que se afirmasse um outro padrão de acumulação sob a vigência da chamada revolução tecnológica em curso nos países desenvolvidos, e passa a década de 80 se debatendo com a crise, sob ameaça de hiperinflação, a qual o governo tenta combater com diversos planos de estabilização. Os grupos que se instalaram no governo de 1985-1992 sob forte crise econômica não tinham projeto claro, a “Reforma Administrativa” foi desorganizadora e paralizante. A equipe de economistas acadêmicos que integravam o governo a partir de 1985, era formada por pessoas com id éias convictas do poder do mercado e minimizadores da relevância do Estado. (GARCIA, 1999) A abertura comercial implementada pelo Governo Collor marca uma nova estratégia de modernização na economia brasileira, a entrada de produtos importados culmina numa quebra generalizada de nossas empresas, que não conseguem competir devido à qualidade e aos preços dos produtos internacionais, desestruturando a Zona Franca de Manaus, e afetando todos os estados pela política de importação. Nossas indústrias ainda operavam nos moldes da II Revolução Industrial, sem contudo, implementar o avanço tecnológico e a automação dos países centrais. O governo aproveita o cenário internacional mais favorável ao retorno dos ingressos financeiros para abrir a economia e procurar conter o processo hiperinflacionário, sem interromper a instabilidade macroeconômica. As ações do governo Fernando Henrique Cardoso continuam com as políticas de curto prazo, primeiro com a estabilização da economia através do Plano Real, depois com o desmonte do estado e as privatizações atingindo substancialmente o “aparato de produção de ciência e tecnologia essencialmente público no Brasil, construído a duras penas ao longo do anos”, com a finalidade de otimizar a entrada de capitais estrangeiros 12 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl para pagamento dos juros da dívida externa. Isto é, diferente dos países do mundo moderno que levaram quase meio século investindo firme em educação e tecnologia, e buscaram construir suas estratégias de planejamento de modernização através do conhecimento e da matéria-prima. (ARAÚJO, 2000, p.23) 4. OS PLANOS PLURIANUAIS E O PROGRAMA “BRASIL EM AÇÃO”. O primeiro PPA (1988- 1992), foi elaborado em cumprimento à Constituição de 88, Lei Diretrizes Orçamentárias (art. 165) que determina a elaboração e a organização do orçamento por um período de 4 anos, um plano econômico de caráter normativo de médio prazo. Nesse sentido, permanece o “viés economicista”, considera planejamento público apenas uma técnica para racionalizar a aplicação exclusiva dos recursos econômicos. (GARCIA, 1999). O segundo PPA (1995-1999) apesar de acompanhar um discurso mais ambicioso, não consegue ultrapassar a natureza do caráter orçamentário do primeiro. A nova dinâmica termina impactando o ritmo de crescimento das décadas anteriores devido a ausência de uma política de continuidade de integração regional na economia nacional. Acirrando a “guerra fiscal” entre estados e municípios, que buscam atrair empresas, através da liberação de incentivos fiscais a fim de gerar emprego e renda, e propiciar algum dinamismo inter-regional. A inércia do Governo em elaborar projetos de Planejamento, parece estar na dificuldade de entendimento do Planejamento público, que compreende a elaboração de diagnóstico da situação existente, identificando e selecionando os problemas para o enfrentamento prioritário, que obedecerá a princípios técnicos tendo em vista o desenvolvimento econômico e social e a contínua melhoria das condições de vida da população. (GARCIA, 1999, p.20) O Programa “Brasil em Ação” foi criado basicamente para melhorar a qualidade de gestão dos projetos com a participação do setor público e selecionar os projetos prioritários, onde os pontos principais são os de infraestrutura, uma tendência neoliberal de viabilizar a comunicação e baratear o sistema de transporte. Em outubro de 1997, o governo constituiu um grupo de trabalho integrado por representantes dos Ministérios do Planejamento e Orçamento, (IPEA, IBGE), Fazenda, 13 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl Tribunal de Contas da União, da Associação dos Profissionais em Finanças Públicas, entre outros, com a missão de elaborar o projeto de lei complementar de que trata o artigo 165, inciso 2o da Constituição Federal. O programa Brasil em Ação adota uma política não eletiva às regiões menos competitivas, descarta uma visão articulada de planejamento regional, reforça e amplia o dinamismo de regiões com potencial de competição internacional. São os chamados “focos dinâmicos”, agrícolas, agro- industriais, agropecuários ou industriais. Reafirma a continuação das disparidades regionais, além disso, o modelo reducionista do estado, dificulta ainda mais o desenvolvimento das regiões pobres, onde mais precisam de investimentos com o apoio do estado. As obras principais de investimento do “Brasil em Ação” são a duplicação da Rodovia Fernão Dias e a Ferrovia Unaí-Pirapora, beneficiando o Sul e Sudeste. A integração através dos “Eixos de Desenvolvimento” aprofunda ainda mais a heterogeneidade dos Estados. 5. OS PROGRAMAS “AVANÇA BRASIL” E OS EIXOS DE INTEGRAÇÃO NACIONAL O Programa “Avança Brasil” é o destaque principal da elaboração do terceiro PPA para 2000-2003, com o propósito de dar continuidade aos investimentos econômicos de infra-estrutura para o escoamento da produção de regiões privilegiadas com o “foco do dinamismo”. Dessa forma, as regiões são classificadas por Eixos de Desenvolvimento, com o objetivo de integrar as diversas economias regionais e melhor articulá- las aos mercados internacionais. (NASSER,2000) Nesse contexto o Governo Federal estabelece um contrato com consultorias internacionais: Consórcio Brasilian, formado pelas consultorias Booz Allen & Hamilton do Brasil Consultores, Bechtel Internacional Incorporation e Banco ABN Amro, sob a supervisão do BNDES (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social), e Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O objetivo é o de realizar um estudo para a divisão espacial do território brasileiro a fim de identificar os “focos dinâmicos” para integração através dos Eixos Nacionais de Desenvolvimento. “O estudo dos eixos constitui no “corte espacial composto por unidades territoriais contíguas, cuja lógica está relacionada às perspectivas de integração e 14 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl desenvolvimento consideradas em termos espaciais. Onde dois critérios são levados em conta: a definição e delimitação de um transporte de carga, efetiva. Permitindo a acessibilidade aos diversos pontos situados na área de influência do eixo, que possibilite uma estrutura produtiva interna, que definem a inserção do eixo em um espaço mais amplo (nacional ou internacional)”. (NASSER, 2000, p.166). O recorte do território nacional foi dividido em quatro grandes espaços distribuídos em nove eixos da seguinte forma: • Primeiro, é representado pelo eixo Sudeste- Sudoeste e Sul – visa á ampliação do centro dinâmico constituído pela região no entorno das principais metrópoles (Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte) sendo o Sudeste, especialmente São Paulo, o mais relevante eixo por sediar a indústria majoritária. • Segundo eixo, Oeste-Araguaia-Tocantins : Região predominantemente agrícola – constituirá num papel complementar ao da Rede Sudeste e da periferia dinâmica do Sul; • Terceiro, representado pelos eixos do Nordeste (São Francisco e Transnordestino). • Quarto eixo da Amazônia (Arco-Norte e Madeira-Amazonas): regiões com características próprias em relação à conservação ambiental e na possibilidades em termos de integração com os eixos Oeste e AraguaiaTocantins e com o exterior através do transporte hidroviário; e as potencialidades ligadas do me io ambiente (biodiversidade e turismo ecológico (NASSER, 2000). Os eixos de desenvolvimento incluem as cidades bem localizadas para o escoamento da produção, e isola micro regiões e cidades que não estão no perímetros dos eixos ou que não incluem nos parâmetros e critérios estabelecidos pela globalização. São apoiados e adotados por vários estados que definem a distribuição geográfica concentradas nas regiões mais dinâmicas. Se é verdade que a lógica dos negócios sempre influenciou a lógica do governo, nunca como hoje, ambas se confundem tão completamente. O contrato de consultorias 15 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl internacionais com o apoio do BNDES para estudar o território brasileiro, demonstra o comportamento dos economistas do governo como emissários estrangeiros. O núcleo decisório do governo não consegue fixar-se no ponto de vista da nação e está diretamente a serviço das grandes empresas. Nesse sistema, o Governo Federal orienta os estados para redistribuição geográfica baseada nos eixos nacionais para a integração inter-regional. No caso da Bahia, define-se uma distribuição geográfica concentrada em oito eixos de desenvolvimento: Região Metropolitana, Grande Recôncavo, Extremo Sul, Mata Atlântica, Planalto, Nordeste, São Francisco, e Chapada Diamantina. De acordo com o projeto são previstos gastos expressivos para os investimentos em infra-estrutura industrial e urbana. No caso dos eixos Mata Atlântica e Chapada Diamantina os investimentos tem um foco maior de aproveitamento do potencial turístico dessas regiões. 6. AS TENDÊNCIAS DE RECONCENTRAÇÃO E FRAGMENTAÇÃO Os investimentos propostos nos Eixos aprofundam a heterogeneidade estrutural dos Estados, fragmenta ao invés de integrar. O setor privado e o governo federal concentram esforços nas áreas mais dinâmicas e vão deixando de lado os espaços não competitivos. As regiões industrializadas com maior competitividade tendem à reconcentração. Se, por um lado, o sistema de comunicação proporciona uma articulação local- global de algumas regiões brasileiras sem a necessidade de interferência nacional, por outro lado, há tendência de concentração de investimentos nas áreas mais dinâmicas, principalmente por possuir capital humano qualificado, por terem centros mais avançados em tecnologia, além da proximidade do consumidor de maior renda. Como diz Milton Santos: “Rapidez, fluidez virtual e potencial aparece no imaginário e na ideologia como se fosse um bem comum, mas apenas alguns agentes são os detentores dessa velocidade” (SANTOS, 2001,p.83) 16 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto nacional que conduziu a industrialização no Brasil, a partir dos anos 50, resultou em mudanças significativas das estruturas produtivas do país, onde todas as regiões tiveram algum impacto na participação do PIB nacional, no entanto o modelo de desenvolvimento concentrador, proporcionou a formação de uma sociedade com um dos maiores índices mundiais de desigualdades regionais e de renda. No período de 1985-1997 o Brasil alcançou uma das maiores taxas de crescimento médio do PIB em todo o mundo, com destaque para o Sudeste, especialmente São Paulo que concentrou uma média de 58% do PIB nacional e os 10% mais ricos do país, controlavam cerca de 45% da renda nacional. A questão regional, quando observada com mais precisão, aponta para nuances relacionadas às desigualdades. Apesar das regiões Norte e Nordeste terem apresentado relativo crescimento econômico nas três últimas décadas os índices de desenvolvimento humano (IDH) se apresentam em 1996 (12,39% e 26,23%) inferiores ao IDH nacional. Já na região Centro Oeste apesar de possuir um PIB equivalente a 6,7% do total do PIB nacional, apresentava um IDH 2,24% acima da média nacional. (SIQUEIRA e SIFFERT, 2001) Os estudos para uma divisão espacial são úteis para um conhecimento macro da economia regional. Mas, está longe de alcançar a implantação de projetos que viabilizem um planejamento público pleno, que tenha superado o economicismo e seja apropriado à complexidade da sociedade brasileira. É visível a necessidade de realizar uma divisão regional com base no conhecimento dos problemas específicos de cada região a fim de efetivar políticas públicas voltadas para o desenvolvimento regional e a redução das disparidades regionais. Deve–se levar em consideração as áreas economicamente deprimidas, mas, mesmo, nas regiões mais ricas há situações de pobreza como a periferia das regiões metropolitanas das grandes cidades. Uma nova divisão regional implica em conhecer as médias e micro regiões das áreas menos dinâmicas, mas, também das áreas mais desenvolvidas e que se apresentam estagnadas, para a identificação de suas potencialidades, das tendências para o desenvolvimento de cada região. 17 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl A região Nordeste, constituída pelos Estados Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco, Maranhão Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, apresentam 55% da área total e nos sub-espaços que são o Semi- Árido, que cobre uma ampla área de nove estados, e a Zona da Mata que se estende do Rio Grande do Norte até a Bahia, originalmente coberta pela Mata Atlântica. A política de planejamento e consequentemente de desenvolvimento regional não pode deixar de ter entre seus objetivos fundamentais a preservação dos ecossistemas, a melhoria da gestão dos recursos hídricos, a ampliação das reservas estratégias de água e o acompanhamento sistemático dos processos de expansão urbana, que é outra característica da região, a concentração populacional em áreas urbanas. A construção de desenvolvimento de regiões subdesenvolvidas especialmente nas áreas rurais evidencia a necessidade de políticas públicas voltadas para a pequena agricultura familiar, que contribuem para a geração de renda no campo, ao mesmo tempo que contribuem para a redução do fluxo migratório para os centros urbanos. A redução sistemática das desigualdades regionais, e das disparidades de renda, é fundamental para o crescimento do país, que, no fundo, diz respeito ao enfrentamento das diferenças espaciais quanto aos níveis de vida das populações que residem em distintas partes do território nacional e no que se refere às diferentes oportunidades de emprego produtivo, a partir do qual a força de trabalho regional tenha garantia a sua subsistência. 18 EVOLUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL Tereza Guedes Mehl REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ARAÚJO, Tânia Bacelar. Ensaios sobre o desenvolvimento brasileiro: heranças e urgências. Rio de Janeiro: Revan- Fase, 2000. _____. Nordeste, Nordeste: Que Nordeste? IN: AFONSO, R.B.ª e SILVA, P.L.B. Desigualdades Regionais e Desenvolvimento, São Paulo: FUNDAP e Ed. UNESP. (Coleção Federalismo no Brasil), p. 56-125. BAPTISTA, Margarida Afonso Costa. Política Industrial e Desestruturação Produtiva. IN: DESENP/INCA. Crise Brasileira, Anos Oitenta e Governo Collor. 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