OTIMIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE PERFURAÇÃO, DESMONTE COM EXPLOSIVOS E DO CIRCUITO DE BRITAGENS CATALÃO-GO/FOSFERTIL Gustavo H. G. Pitombeira – Engenheiro de Minas PL: [email protected]; Rodrigo B. Braga – Chefe de Setor de operação de mina: [email protected]; Carlaily Claudinei de Melo – Supervisor de Produção: [email protected]. RESUMO: O presente trabalho envolve alterações realizadas nas operações de perfuração, desmonte com explosivos e etapas de britagens. Na etapa de perfuração foram avaliadas as variações de malhas de furação, visando melhorar a qualidade do desmonte com explosivos. Foi realizado um trabalho de mapeamento das frentes de lavra onde foi possível classificar os tipos de minério em compacto, semi-compacto e friável. Para cada tipo de minério foi definido um plano de perfuração e desmonte específicos. Paralelamente foram realizadas modificações nos equipamentos das britagens, buscando-se a redução da granulometria do minério que alimenta a usina de concentração, reduzindo os custos das etapas seguintes de beneficiamento. Palavras-chave: Perfuração; detonação; minério; britagem. ABSTRACT: This work involves changes of drilling, blasting and stages of crushing. In the drilling stage were evaluated changes in drilling mesh, in order to improve the quality of the blasting with explosives. Work has been done mapping the mining fronts, where it was possible to classify the types of ore in compact, semi-compact and friable. For each type of ore has been defined a plan of specific drilling and blasting. Parallel changes were made in crushing equipments, seeking to reduce the size of the ore feeding the concentration plant, reducing the cost of subsequent stages of processing. Key-Words: Drilling; blasting; ore; crushing. INTRODUÇÃO Sempre na busca da melhoria contínua a equipe da Fosfertil, do Complexo Mineroquímico de Catalão, desenvolveu no ano de 2009 um trabalho visando à redução de granulometria do minério que alimenta o processo de beneficiamento para produção de concentrado fosfático. Para que o objetivo pudesse ser alcançado o trabalho teve como foco as etapas de perfuração, desmonte com explosivos e operações no sistema de britagens. Perfuração e desmonte com explosivos: Nas etapas de perfuração e desmonte foram realizadas alterações nos parâmetros das malhas de perfuração, ajustes na razão de carga de explosivos (grama de explosivos por tonelada de minério detonado) e melhor classificação dos materiais nas frentes de lavra para desenvolvimento das atividades de perfuração e desmonte, buscando-se a maximização do uso da reserva e ganhos nas etapas seguintes de cominuição. Circuito de Britagens: As etapas de britagem consistem em um conjunto de operações de redução de tamanho de partículas minerais, executado de maneira controlada e de modo a cumprir um objetivo prédeterminado. Com o objetivo de complementar o trabalho realizado nas etapas de perfuração e desmonte com explosivos, foram realizadas melhorias no circuito de britagens, visando-se obter um melhor controle de granulometria do produto gerado nas pilhas de homogeneização. O circuito de britagens passou por várias melhorias, sendo algumas realizadas nos equipamentos e também nos procedimentos utilizados para padronizar as atividades, tanto da operação quanto da manutenção. O foco maior deste trabalho foi em atividades que agregam valor com o objeto de se alcançar a capacidade máxima das instalações de beneficiamento. Para realização das melhorias nas operações de britagem foi empregada a ferramenta de melhoria continua “Kaizen”. O Kaizen é uma metodologia de origem japonesa com significado de melhoria contínua ('Kai' significa mudança e 'zen' para melhor) que visa implantar ações simples e criativas em um curto espaço de tempo. Dessa forma, um time multidisciplinar se reúne durante no máximo uma semana para discutir um tema específico e propor soluções eficazes. Para se garantir uma granulometria mais fina e homogênea do minério nas pilhas de homogeneização foram reduzidos os padrões de abertura do britador secundário e aumentada a freqüência de intervenções para regulagem do mesmo. Adicionalmente foram reduzidos os espaçamentos de tempo para análise granulométrica das amostras do britador secundário de 8 em 8 horas para de 2 em 2 horas, sendo que a análise granulométrica que anteriormente era realizada no laboratório passou a ser executada em campo pela própria equipe de operação das britagens. Esta operação reduziu o tempo de resposta para as ações baseadas neste monitoramento e elevou o comprometimento da equipe com os resultados. DESCRIÇÃO DO PROCESSO REALIZADO NO COMPLEXO MINEROQUÍMICO DE CATALÃO Mina A lavra da mina realizada a céu aberto é mecanizada, respeitando as características dos materiais lavrados e a relação estéril/minério. A localização do minério fosfático está no horizonte isalterítico, entre a aloterita e o horizonte de rocha alterada. O beneficiamento de qualquer minério deve partilhar da interpretação geológica e operacional da mina, pois o conhecimento prévio do comportamento do minério que alimenta a usina torna possível a avaliação de problemas ou situações potenciais, assim como a realização de ações corretivas ou de contingência. Diferentes avanços apresentam diferentes tipologias, e por conseqüência natural, comportamentos diferenciados no processo quanto ao rendimento devido ao controle dos contaminantes. Britagens: Neste circuito, o minério retido na grelha do silo da britagem primária tem seu tamanho reduzido por um rompedor hidráulico. A britagem primária é realizada através de um britador de mandíbulas com abertura média de 117 mm. O produto da britagem primária segue por correia transportadora até a britagem secundária, onde passa por etapa de classificação em uma peneira vibratória com 1 deck de telas de 2”. O minério retido na tela da peneira alimenta o britador de impacto, onde é reduzido e controlado o retido na malha de 1”. Para garantir a granulometria do produto da britagem secundária é realizada amostragem e análise granulométrica do minério. Operação de formação de pilhas de minério: Por meio de um sistema empilhadeira/retomadora, conclui-se a homogeneização do minério e alimentação da usina através de pilhas paralelas depositadas em dois pátios com capacidade para 110.000 t. As pilhas homogeneizadas alimentam primeiramente os circuitos de moagem que constituem a segunda etapa de fragmentação do processo. A pilha formada deve fornecer um comportamento homogêneo do minério, colaborando para a estabilidade dos circuitos de concentração, são as variáveis do processo de beneficiamento que tornam possível a identificação das variações dos tipos de minério. EXECUÇÃO E RESULTADOS: Elevação de % de material detonado por pilha de minério: Anteriormente a realização deste trabalho era utilizada somente uma malha de perfuração para todos os tipos de minérios encontrados na mina: 3,0 x 5,0 m para uma bancada de 10m de altura. A elevação da quantidade de material desmontado por pilha foi possível através de um adensamento da malha de furação e aumento da razão de carregamento (g/t): Fig. 1 – Malha de perfuração Para minério compacto a malha foi alterada para 2,6 x 3,4m e em alguns casos 2,8 x 3,4m. Já o minério semi-compacto teve sua malha reduzida para 3,0 x 4,0m. Com isso, a razão de carregamento também aumentou, passando de uma média de 110 g/t para 140g/t para o minério semi-compacto e 170g/t para o minério compacto. Os outros parâmetros do desmonte permaneceram os mesmos: Altura de tampão de 3m e o diâmetro de furação 3 ½ polegadas. A partir de todas as alterações realizadas nas etapas de perfuração, desmonte com explosivos e britagens, foi possível aumentar a participação da quantidade de minério compacto na formação das pilhas, passando de uma média de 8% para 29%, o que veio a contribuir para uma maior flexibilização na operação da mina. Com esta alteração foi possível também reduzir consideravelmente o desembolso com movimentação interna de minério compacto para depósitos intermediários na mina. O Gráfico abaixo demonstra mensalmente a porcentagem de material desmontado para a formação das pilhas de minério: Gráfico 1 - % de material detonado para as pilhas de minério no mês. A tabela abaixo demonstra o impacto nos custos nas operações de perfuração e desmonte: Parâmetros Perfuração Desmonte Antes (gasto médio/ano) R$ 996.276,40 R$ 909.119,60 Depois (gasto médio/ano) R$ 1.550.827,78 R$ 1.414.851,01 Houve um acréscimo médio por ano nas operações de perfuração e desmonte de R$ 1.060.282,79. Redução da fração granulométrica do minério nas pilhas de homogeneização para alimentação da usina de concentração: Por meio de alterações realizadas em padrões de operação e regulagem de alguns equipamentos somados com as melhorias realizadas nos desmontes com explosivos foi possível formar pilhas de minério com granulometria mais fina, como pode ser visto no gráfico abaixo: Gráfico 2 – Granulometria média das pilhas de minério para alimentação da usina Uma das principais alterações realizadas nas britagens foi a alteração no padrão de regulagem do britador secundário: Antes Abertura do britador secundário (mm) Depois PS 60 – PI 40 – TP 30 PS 60 – PI 30 – TP 20 Granulometria da Pilha (% retido em 1”) 9,5 6.5 Disponibilidade Global (%) 85.9 84,1 Onde PS = Pêndulo Superior; PI = Pêndulo inferior e TP = Terceira pista. (Componentes do britador de impacto Hardopackt.) A tabela abaixo mostra o impacto gerado pelas alterações realizadas nas operações de perfuração, desmonte e britagem: Parâmetros Consumo de barras do britador de impacto Disponibilidade global das britagens Granulometria média das pilhas (% retida na malha de 1”) Antes Depois R$ 228.514,64 R$ 231.175,73 85,91 % 84,13 % 9,5 6,5 Houve um acréscimo médio no consumo de barras de impacto do britador secundário de somente R$ 2.661,09 por ano. É importante ressaltar que a redução da disponibilidade global das britagens foi gerada pelo aumento nas paradas da produção para realização de aferições nos britadores, visando garantir a granulometria do minério. Este aumento nas paradas fez com que a disponibilidade global do circuito de britagens caísse de 85,91% para 84,13%. Redução no índice técnico de consumo de corpos moedores na usina de concentração: A alimentação da usina de beneficiamento com um minério mais fino reduziu o tempo de moagem e consequentemente gerou uma redução no índice técnico de consumo de corpos moedores, como pode ser visto na tabela abaixo: Índice técnico (Usina) Bolas Barras Antes (Kg/t CV) 1,13 0,71 Depois (Kg/t CV) 0,78 0,61 O que gerou um ganho financeiro contabilizado em 2009 da ordem de R$ 1.640.000,00, levando-se em consideração os acréscimos de desembolso nas atividades de perfuração, desmonte e britagens e as reduções de gastos e melhorias de desempenho com a redução do consumo de corpos moedores na usina de concentração e redução de movimentação interna de minério compacto na mina. CONCLUSÃO A moagem é uma etapa cujos custos de operação impactam significativamente o orçamento da atividade de processamento mineral. Daí a grande importância deste trabalho. Alimentar a usina de beneficiamento com um minério mais fino proporcionou uma grande redução no consumo de corpos moedores. Além de abrir uma perspectiva de aumento de taxa de alimentação da planta, uma vez que os circuitos de moagem sofreram um “alivio”, com a alimentação com minério de menor granulometria. Outro fator de suma relevância é que com as alterações realizadas nas operações de perfuração, desmonte e britagens foi possível otimizar a utilização dos recursos da jazida com o aproveitamento de um minério até então inviável ao processo de beneficiamento devido sua dureza. Anteriormente este minério era transportado para depósitos intermediários, o que acarretava em um acréscimo de custos nas atividades de operação de mina. Vale ainda ressaltar que o trabalho desenvolvido proporcionou o fortalecimento dos processos de melhoria continua da unidade da Fosfertil no Complexo Minero-Químico de Catalão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CHAVES, A. P. Teoria e Prática do Tratamento de Minérios – Volume 1. São Paulo: Signus, 2006. CHAVES, A. P.; PERES, A. E.C. Teoria e Prática do Tratamento de Minérios – Volume 3 - Britagem, Peneiramento e Moagem. São Paulo: Signus, 2006. BOND, F. C. The Third Theory of Comminution. Transactions of the American Institute of Mining and Metallurgical Engineers, 1952. BOND, F. C. Crushing and Grinding Calculations. British Chemical Engineering, 1961. LYNCH, A. J. Mineral Crushing and Grinding Circuits – Their simulation Optimization and Control. Amsterdam: Elsevier, 1977. MULAR, A. L. Design and Installation of Comminution Circuits. Editorial Board, New York, 1982. WILLS, B. A. Mineral Processing Technology. Butterworth Heinemann, Oxford 1997. ROWLAND, C. A. JR. Selection of Comminution Circuits to Prepare Beneficiation Feed. Allis Chalmers, Milwaukee, 1983.