UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS CURSO DE MATEMÁTICA PET MATEMÁTICA MINICURSOS PET MATEMÁTICA NOÇÕES BÁSICAS DE CÁLCULO COM O SOFTWARE MAXIMA Alessandra Kreutz Bruna Silveira Pavlack Gláucia Lenita Dierings Matheus Marchi Orientadores: Profª. Drª Sandra Eliza Vielmo Prof. Dr. Antonio Carlos Lyrio Bidel Santa Maria, RS, Brasil 2012 SUMÁRIO 1. Introdução ....................................................................................... 3 2. Primeiros comandos ......................................................................... 4 2.1- Números.......................................................................................................... 4 2.2- Algumas funções ............................................................................................. 5 2.3- Definindo variáveis e resolvendo equações .................................................... 6 3. Gráficos de funções em duas dimensões ........................................... 8 3.1- Funções Explícitas ........................................................................................... 8 3.2- Funções Implícitas ......................................................................................... 12 3.3- Funções Paramétricas .................................................................................... 14 3.4- Outras opções de plotagem para gráficos ..................................................... 16 4. Gráficos de funções em três dimensões ........................................... 20 5. Limites ........................................................................................... 22 6. Derivadas ....................................................................................... 29 6.1- Gráfico das funções e suas derivadas ............................................................ 30 6.2- Interpretação geométrica da derivada .......................................................... 31 6.3- Máximos e mínimos ...................................................................................... 33 7. Integrais ......................................................................................... 36 7.1- Integral indefinida ou definida ...................................................................... 36 7.2- Calculando áreas com integrais definidas ..................................................... 36 7.3- Área de uma região delimitada por duas funções ........................................ 37 8. Referências Bibliográficas ................................................................ 39 1. Introdução O Maxima é um software livre disponível para a realização de cálculos matemáticos através da manipulação de expressões simbólicas e numéricas. Estas incluem diferenciação, integração, equações diferenciais ordinárias, sistemas de equações lineares, vetores, matrizes, entre outros. Além disso, produz resultados de precisão elevada e pode traçar gráficos de funções em duas e três dimensões. Para fazer o download da versão do programa que será utilizado nesse minicurso basta acessar o link http://andrejv.github.com/wxmaxima/. Este minicurso abordará diversos tipos de funções com o auxílio do software Maxima, explorando tanto a representação gráfica quanto o cálculo diferencial e integral. 2. Primeiros comandos Neste capítulo serão abordados os comandos básicos para a utilização do software Maxima. Primeiramente, através da opção na barra de ferramentas Editar – Configurações, personalize o Maxima da seguinte maneira: Marque a opção Enter calcula células. Desta forma, quando você clicar Enter, o software irá calcular o comando inserido na célula. Para mudar de linha sem calcular, deve-se clicar Shift+Enter. 2.1- Números No Maxima é possível realizar operações aritméticas de maneira simples, usando os comandos de adição (+), subtração (-), multiplicação (*), divisão (/) e potenciação (^). Os comandos devem sempre terminar com ponto-e-vírgula (;), seguidos de Enter para o programa mostrar os resultados. Observação: Você pode clicar Enter com o cursor em qualquer posição da linha. Caso você esqueça de colocar o ponto-e-vírgula (;), o Maxima fará isso para você. Além desses operadores, existem os operadores relacionais (<, >, <=, >=) e o operador de definição de função (:=). Exercício 1: Digitar expressões simples e observar os resultados. Na divisão de inteiros m e n, o Maxima apenas simplifica a fração. Para obter o resultado na forma decimal usa-se o comando float (m/n);, ou escreve-se m/n seguido de vírgula e o comando numer. Quando um dos números da fração é real, o Maxima dará a resposta diretamente na forma decimal. Exercício 2: Obter o valor numérico de: a) b) c) No Maxima, as constantes devem ser escritas usando o símbolo %. Por exemplo, o número π deve ser escrito %pi, o número de Euler como %e e a constante imaginária i como %i. Assim como no comando, na resposta também aparecerá %constante para indicar a constante. Caso você não deseja que apareça o símbolo % na resposta, você pode desmarcar a opção Manter símbolo de percentual com símbolos especiais na aba Editar – Configurações. O símbolo %, quando digitado sozinho, refere-se ao último resultado apresentado. Você ainda pode acessar a saída de comandos anteriores usando a variável %on onde n é o número da saída. Para fazer operações envolvendo números complexos utiliza-se também a constante %i, além de usar o comando expand para expandir o cálculo. Exemplo: Multiplicar 5+3i e 2+4i. Com o comando expand((5+3*%i)*(2+4*%i)); , obtém-se 26%i – 2. O comando expand também pode ser utilizado para expandir outras expressões matemáticas. Exemplo: Expandir . Com o comando expand((x+y)^2); obtém-se . Exercício 3: Expandir as seguintes expressões: a) b) c) 2.2- Algumas funções Na tabela a seguir estão descritas algumas funções matemáticas básicas no Maxima: Função sqrt (x) abs (x) exp (x) log (x) n! sin (x) cos (x) tan (x) Significado raiz quadrada de x módulo de x exponencial de x logaritmo natural de x fatorial de n seno de x cosseno de x tangente de x O Maxima não possui uma função pré-definida para logaritmo de base 10 ou de outras bases. Por exemplo, podemos definir o logaritmo na base 10 através do comando log10(x):=log(x)/log(10);, que nada mais é que aplicar a propriedade de mudança de base. Neste caso em particular, para obter o valor numérico de log10(100), escrevemos o comando log10(100), numer; Exercício 4: Obter o valor numérico de: a) b) 2.3- Definindo variáveis e resolvendo equações Para atribuir valores ou expressões a variáveis é preciso digitar a variável seguida de dois pontos e seu valor ou expressão. Desta forma, será possível realizar cálculos utilizando esses valores. Quando quisermos remover (limpar) um valor atribuído a uma variável, usa-se o comando kill. Exemplo: Atribuindo valores a duas variáveis, realizar um determinado cálculo com elas e, por fim, remover seus valores: (%i1) x:5; (%o1) 5 (%i2) y:8; (%o2) 8 (%i3) x^2+2*y; (%o3) 41 (%i4) kill (x); (%o4) done (%i5) kill (y); (%o5) done Observemos que agora, ao inserir o comando x; o Maxima não retorna o valor atribuído a x anteriormente. Notemos também que, no exemplo anterior, não era necessário mostrar os valores de x e y. Nesse caso, basta usar o símbolo $ ao invés de ponto-e-vírgula ao final da expressão, para que o valor não seja mostrado. (%i6) x:5$ (%i7) y:8$ (%i8) x^2+2*y; (%o8) 41 Para resolver uma equação, usa-se o comando solve. Este comando é bastante útil e pode ser usado de várias maneiras, como, por exemplo, resolver uma equação de duas incógnitas e mostrar a solução em função de uma delas; ou resolver várias equações e fornecer o valor de cada variável. De maneira geral, o comando para resolver solve([eq1,eq2,...],[var1,var2,...]);. uma ou mais equações Exemplo: Resolver o sistema de equações lineares é . Neste caso, usamos o comando solve([x+y=2, x-y=0],[x,y]); e obtemos [[x=1,y=1]]. Ou seja, a solução do sistema é o ponto (1,1). Exemplo: Observar os resultados para os seguintes comandos: a) solve(3*x-4=0); . Como há somente incógnita x, o Maxima irá isolálo, retornando o resultado b) . solve(x-2*y+1=0,y);. Isolará a variável y e retornará . c) solve([x+2*y=5,y+x=8]);. Resolverá este sistema linear de duas equações e duas variáveis, retornando e . d) solve([x-y=0,x^2+y^2=1]);. Obterá os valores de x e y que satisfazem este sistema não linear, retornando e . e) solve([x-2*y=3,2*x-4*y=6]);. Como estas equações são LD (uma é múltipla da outra), há infinitas soluções que satisfazem este sistema, por isso, o Maxima retorna que as equações são dependentes e atribui um parâmetro para uma das variáveis. Nesse exemplo, retornam e Exercício 5: Resolver os seguintes conjuntos de equações: a) =0 b) c) . 3. Gráficos de funções em duas dimensões Neste capítulo veremos os comandos para traçar gráficos em duas dimensões e opções para a construção dos mesmos. 3.1- Funções Explícitas Para plotar o gráfico de funções explicitamente, usa-se o comando wxplot2d([funç1,funç2,...],[x,a,b]);. Com esse comando, pode-se plotar uma ou mais funções em um mesmo plano cartesiano, definindo um mesmo domínio para as funções com a opção [x,a,b]. Exemplo: Para plotar o gráfico da função 2,2]); no Maxima e obtém-se: digita-se wxplot2d(x^2,[x,- Note que, nesse caso, apenas restringiu-se o domínio da função. É possível também limitar o intervalo em y. Por exemplo, ao digitar wxplot2d(x^2,[x,2,2],[y,-2,6]);, têm-se: Exemplo: Para plotar a função afim wxplot2d([2*x-1], [x,-2,3]);, obtendo o gráfico: Exemplo: Observe que a função , usa-se o comando: tem como inversa a função . Plotando as funções , e a bissetriz y=x de forma conjunta através do comando wxplot2d([1/3*x+1, 3*x-3, x], [x,-5,5], [y,-5,5]); onde restringimos o intervalo em y de maneira conveniente, podemos observar a simetria entre os gráficos de e em relação a bissetriz. Obs: Devido à escala dos eixos o gráfico não fica exatamente simétrico, mas é possível aproximar-se dessa simetria com uma escolha adequada para a variação dos intervalos em x e em y. Exemplo: Construir de forma conjunta o gráfico das seguintes funções: , e e observar a influência do parâmetro no gráfico dessas funções, usando o comando wxplot2d([5*x^2-3*x+2, 10*x^2-3*x+2, 15*x^2-3*x+2], [x,-15,15]); Exemplo: Plotar . (Lembre-se que o comando no Maxima é logaritmo na base natural . Para plotar na base 2 deve-se fazer mudança de base, log2(x):=log(x)/log(2);). E finalmente, usamos o comando wxplot2d(log2(x),[x,-5,5]); para plotar o gráfico da função desejada. Exemplo: Observe o gráfico da função seno através do comando wxplot2d(sin(x),[x,-2*%pi,3*%pi]); Dada a função b, c e d em relação a função qual a influência dos parâmetros a, ? Exemplo: Plotar o gráfico das seguintes funções em um mesmo plano cartesiano: , e Usando o comando wxplot2d([sin(x),3*sin(x), (1/3)*sin(x)], [x,0,2*%pi]); observe no gráfico que o parâmetro que multiplica a função seno, altera a amplitude do gráfico. Exemplo: Plotar o gráfico das seguintes funções em um mesmo plano cartesiano: , e Usando o comando wxplot2d([sin(x),sin(2*x),sin(1/2*x)], [x,0,4*%pi]); observe que o parâmetro modificou o período da função seno. No gráfico de o período foi dividido por 2 e no gráfico de foi multiplicado por 2. Outra maneira de plotar uma função é defini-la primeiramente e após usar o comando wxplot2d. Exemplo: Definir a função (%i1) f(x):=abs(x+1); (%o1) f(x)=|x+1| (%i2) wxplot2d(f,[x,-5,5]); (%o2) e plotar seu gráfico. Exercício 1: Plote o gráfico das seguintes funções: a) b) c) d) +4 e) f) 3.2- Funções Implícitas Para plotar o gráfico de funções implicitamente, deve-se, primeiramente, carregar o pacote load(implicit_plot); para então usar o comando wximplicit_plot([funç1,funç2,...],[x,a,b],[y,c,d]);. Nas funções plotadas implicitamente é necessário dar a variação do x e do y. Observação: O Maxima pode falhar em expressões que considera complicada. Este fato pode ser observado no exemplo abaixo, em que o Maxima plota erroneamente um gráfico simples. Exemplo: Plotar a função implícita . Primeiramente, carrega-se o pacote load(implicit_plot); e plota-se a função com o comando wximplicit_plot(x-sqrt(1-y^2)=0,[x,-5,5],[y,-5,5]);. Funções mais simples o software plota normalmente, mas é importante ter atenção quanto ao gráfico, pois todo programa pode falhar! Exemplo: Plotar o gráfico da função wximplicit_plot(x*y=1,[x,-5,5],[y,-5,5]); obtém-se: . Usando o comando Exemplo: Plotar o gráfico da função implícita . Usando o comando wximplicit_plot(x^2-y^2=1,[x,-10,10],[y,-10,10]);, obtém-se: Exemplo: Plotar o gráfico da função implícita . Use o comando wximplicit_plot(cos(y)-x^2+1=0,[x,-2,2],[y,-10,10]); para obter Exemplo: Plotar o gráfico da função wximplicit_plot(4*x^2-2*y=6, [x,-5,5],[y,-3,3]); obtendo com o comando Exercício 2: Plote as seguintes funções implícitas: a) b) 3.3- Funções Paramétricas Pode-se ainda plotar funções paramétricas usando o comando wxplot2d([parametric, x(t),y(t),[t,a,b]]);. No caso dos gráficos paramétricos não é necessário indicar o intervalo da variável horizontal x, já que o intervalo do parâmetro t determina o domínio. No entanto, como os gráficos são representados numa proporção de 4 para 3 entre os eixos horizontal e vertical, usa-se a opção [x,4/3/,4/3] para obter a mesma escala nos dois eixos. Por exemplo, quando se deseja plotar uma circunferência de raio 1, centrada em (0,0), o gráfico será visualizado de forma correta, caso contrário, a visualização parecerá distorcida. Exemplo: Plotar o gráfico da circunferência de raio 1 na forma paramétrica. Lembre-se que a parametrização para a circunferência de raio 1 é e , . Usando o comando wxplot2d([parametric,cos(t),sin(t),[t,0,2*%pi]],[x,-4/3,4/3]); obtém-se De maneira geral, a equação paramétrica de uma circunferência de raio centro e é dada por Exemplo: Plotar de forma paramétrica a circunferência de raio 2 e centro (1,1). Usando o comando 1+2*sin(t),[t,0,2*%pi]]); obtém-se wxplot2d([parametric, 1+2*cos(t), Note que o Maxima plota, aparentemente, uma elipse, pois as escalas não são as mesmas nos dois eixos. Mas, sabe-se que, a equação paramétrica de uma elipse é dada por , onde e são os semieixos da elipse com centro em . No caso particular r1=r2=r, temos o caso particular da circunferência de raio r. Exemplo: Plotar a elipse na forma paramétrica. Sabendo que é a equação reduzida da elipse centrada em (0,0), tem-se que a equação na forma paramétrica é dada por . Logo, usando o comando wxplot2d([parametric, 2*cos(t),sin(t),[t,0,2*%pi]]); obtém-se Exemplo: Plotar na forma paramétrica a reta comando wxplot2d([parametric,t,2*t+1,[t,-10,10]]);, têm-se: Exercício 3: Plote na forma paramétrica as seguintes equações: a) b) c) d) e) 3.4- Outras opções de plotagem para gráficos . Usando o Além de ser possível plotar gráficos explicitamente, implicitamente e de forma paramétrica, ainda tem-se algumas opções para personalizar seu gráfico, a maioria delas é feita por listas do tipo [comando,opção1,opção2,...]. Veja algumas opções de comandos: A opção xlabel pode ser usada para dar um texto que identificará o eixo horizontal. Se essa opção não for usada, o eixo será identificado com o nome da variável indicada em [x,a,b]. Analogamente, o texto para identificar o eixo vertical pode ser indicado com a opção ylabel. Exemplo: Plotar o gráfico de , modificando o nome do eixo x para função_quadrática e do eixo y para f(x)=x^2. Usando as opções xlabel e ylabel plota-se o seguinte comando: wxplot2d(x^2, [x,-5,5],[xlabel,função_quadrática],[ylabel,f(x)=x^2]); e obtémse: Quando plota-se mais de um gráfico no mesmo plano cartesiano, o Maxima atribui uma legenda através das expressões das funções. Exemplo: Plotar num mesmo plano cartesiano os gráficos de . Usando o comando wxplot2d([x^2,x^3],[x,-2,2],[y,-2,2]); tem-se: e Mas, pode-se modificar essa legenda através de uma lista com o comando legend da seguinte maneira [legend,nome_função1,nome_função2,...]. Exemplo: Plotar os gráficos do exemplo anterior, dando nome às funções na legenda. Usando o comando wxplot2d([x^2,x^3],[x,-2,2],[y,-2,2], [legend,quadrática,cúbica]); tem-se: A palavra style deverá ir seguida por um ou mais estilos. Se houver mais funções e conjuntos de dados do que os estilos definidos, serão repetidos estilos. Cada estilo poderá ser lines para segmentos de reta e points para pontos isolados. lines admite um ou dois números: a largura da linha e um inteiro que identifica uma cor; points admite um ou dois números: o primeiro número é o raio dos pontos, e o segundo número é um inteiro que permite selecionar diferentes formas e cores; Veja alguns exemplos: Exemplo: Plotar o gráfico da função mudando o estilo com o comando style. Através do comando wxplot2d(tan(x),[x,-5,5],[y,-5,5],[style,[lines,3,5]]); tem-se um gráfico onde a linha tem espessura 3 e cor 5. Exemplo: Plotar as funções e Através do comando 5,5],[style,[lines,1,2],[points,0.5,3]]);, obtém-se: usando o comando style. wxplot2d([x,2*x],[x,- Observação: A numeração para cores pode variar dependendo da versão do software Maxima. 4. Gráficos de funções em três dimensões Para plotar um gráfico de uma função de duas variáveis é necessária a utilização do comando plot3d. Para plotar o gráfico de funções explicitamente, usa-se o comando wxplot3d([funç1,funç2,...],[x,a,b],[y,a,b]);. Com esse comando, pode-se plotar uma ou mais funções em um mesmo plano cartesiano, definindo um mesmo domínio para as funções com a opção [x,a,b] e [y,a,b]. Exemplo: Plotar o gráfico de um plano em , definido pela função . Para isso, basta digitar wxplot3d(2-x-y,[x,-1,1],[y,-1,1]);, e obtém-se: Exemplo: Plotar o gráfico da função , conhecida como sela, digita-se no Maxima wxplot3d(y^2-x^2,[x,-2,2],[y,-2,2]);, e obtém-se: Outro modo de plotar o mesmo gráfico é utilizando o gnuplot, que permite o manuseio do gráfico gerado de acordo com o usuário, bastando apenas clicar em cima do gráfico e girá-lo. Neste caso, digita-se plot3d(y^2-x^2,[x,-2,2],[y,-2,2]);, e uma nova janela é aberta com o gráfico. Exemplo: Plotar o parabolóide . Com o comando wxplot3d(y^2-x^2,[x,-10,10],[y,-10,10]);, obtém-se Exemplo: Plotar o cone . Usando o comando wxplot3d(sqrt(y^2+x^2),[x,-4,4],[y,-4,4]); obtém-se: Exercício 1: Plote as seguintes superfícies no Maxima: a) b) c) 5. Limites Diz-se que o limite de quando tende a é igual a L se é possível tornar os valores de tão próximos de L quanto se quiser, tomando suficientemente próximo de , mas não igual a e escreve-se . Para calcular o limite de uma função no Maxima, utiliza-se o comando limit, da seguinte maneira: escreve-se o comando limit seguido de parênteses, dentro deles escreve-se a função desejada, e, entre vírgulas, a variável e o ponto para onde a função está tendendo, limit(f(x),x,a);. Exemplo: Para calcular o limite da função , quando 2, escreve-se limit(x^2-4,x,2);, e obtém-se o resultado esperado: 0. tende a Para o cálculo de limites, usa-se alguns comandos especiais, como inf e minf (ou –inf), para designar infinito positivo e negativo, respectivamente. Além disso, em resultados podem aparecer as expressões und (undefined - não definido), ind (indefinido mas associado) e infinity (infinito complexo). Exemplo: Calcular : Digitando o comando: limit(x^2-x,x,inf);, obtemos o resultado . No Maxima é possível também calcular os limites laterais. Neste caso, acrescenta-se no comando, entre vírgulas, a opção minus (quando quiser calcular o limite à esquerda do ponto escolhido) ou plus (quando quiser calcular o limite à direita do ponto escolhido). Exemplo: Calcular : Digitando o comando anterior, obtém-se uma indeterminação. Então, calcula-se os limites laterais, digitando: limit((x^3-3*x+4)/(x^2-4),x,-2,plus); limit((x^3-3*x+4)/(x^2-4),x,-2,minus); Assim, obtém-se os resultados limite da função e quando , respectivamente. Portanto, não existe o tende a Exercício 1: Calcular os seguintes limites: a) b) . Os limites são muito utilizados na construção de assíntotas e de gráficos de funções racionais. Exemplo: Plotar o gráfico de : Usando o comando: wxplot2d(1/x, [x,-5,5], [y,-5,5]);, obtém-se o gráfico: Nos pontos de descontinuidade das funções racionais, os gráficos das funções aproximam-se muito de uma reta vertical, chamada assíntota vertical. No exemplo anterior, a assíntota vertical é a reta . As assíntotas verticais auxiliam no esboço do gráfico de uma função racional e elas são facilmente determinadas através da noção de limite. Diz-se que é uma assíntota vertical da curva se pelo menos uma das seguintes condições estiver satisfeita: Exemplo: Obter a assíntota vertical de e plotar o gráfico da função. O primeiro item a ser analisado em uma função racional é o seu domínio, nesse caso tem-se que . Mas se f não está definida em x=3, o que acontece com a função com pontos suficientemente próximos de 3? Para responder a esta pergunta deve-se analisar os limites laterais. Note que, quando tomamos valores pela direita de 3, esses valores são maiores que 3. Logo quando , . Assim, Analogamente, quando tomamos valores pela esquerda de 3, tem-se . Logo, Portanto, x=3 é uma assíntota vertical e podemos plotar com maior facilidade o gráfico de . Para calcular esses limites laterais no Maxima, usa-se os comandos: limit(1/(x-3), x, 3, plus); para limite lateral à direita de 3 e limit(1/(x-3), x, 3, minus); para limite lateral à esquerda de 3. Para plotar a assíntota vertical no Maxima, precisa-se usar o comando de função implícita. Para isso, primeiramente deve-se carregar o pacote através do comando load(implicit_plot);. E em seguida, plota-se o gráfico com o comando: wximplicit_plot([f(x,y)=0,g(x,y)=0], [x,a,b], [y,c,d], [style, [lines, espessura, cor], [lines, espessura, cor]]);, onde o comando style permite alterar cor e espessura dos gráficos, como visto anteriormente. Nesse exemplo, tem-se wximplicit_plot([x=3,y*(x-3)=1], [x,-1,5],[y,-5,5], [style, [lines,1,4], [lines,2,5]]);, onde a função terá espessura 1 e cor 4 e a assíntota vertical terá espessura 2 e cor 5. Observe que somente o conceito de assíntota vertical, muitas vezes não permite saber o comportamento do gráfico da função: Exemplo: Dada a função , esboce o gráfico de . Primeiramente, analisa-se que o domínio da função, onde e em seguida o que acontece próximo de . Temos que , pois no numerador tem-se um número negativo e no denominador um número positivo e muito próximo de zero. E, , pois no numerador tem-se um número negativo e no denominador um número negativo e muito próximo de zero. Portanto, é uma assíntota vertical da curva . Na dúvida, pode-se calcular os limites através limit(x/(x+4), x, -4, plus); e limit(x/(x+4), x, -4, minus);. dos comandos: Observe o gráfico da assíntota vertical: load(implicit_plot); wximplicit_plot(x=-4, [x,-6,4],[y,-5,5], [style,[lines,2,3]]); Somente com essa informação, é possível esboçar o gráfico de ? A resposta, obviamente, é não! Pode-se fazer, pelo menos, duas perguntas importantes a repeito do comportamento desse gráfico: a curva tem interseção com o eixo x? O que acontece com a curva quando x tende ao infinito? Veja: Para descobrir se há interseção com o eixo x, devem-se encontrar os pontos em que . Portanto, o gráfico passa pelo ponto (0,0). E quando se pergunta o que acontece no infinito, busca-se saber se há alguma assíntota horizontal da curva, e isso ocorre quando ou No exemplo anterior: e Ou, no Maxima, limit(x/(x+4), x, inf); para limite tendendo a + infinito e limit(x/(x+4), x, -inf); para limite tendendo a – infinito. Portanto, a reta é uma assíntota horizontal. Essas informações adicionais permitem esboçar o gráfico com facilidade. Vejamos: load(implicit_plot); wximplicit_plot([x=-4,y=1, y*(x+4)=x], [x,-10,4],[y,-5,5]); Exercício 2: Obtenha as assíntotas verticais e horizontais, se existirem, à curva definida pelas seguintes funções. Além disso, construa o gráfico das funções, juntamente com as assíntotas encontradas. Verifique no software Maxima se seu esboço está correto. a) b) c) Ainda pode-se ter outro tipo de assíntota para uma função racional que é a assíntota oblíqua. Sabe-se que a função racional é do tipo , onde e são polinômios. Se o grau do numerador for uma unidade maior que o grau do denominador, então o gráfico de tem uma assíntota oblíqua do tipo e a distância vertical entre o gráfico e a assíntota oblíqua tende a zero quando ou . Na prática, para descobrir qual é a assíntota oblíqua, divide-se o polinômio por e o resultado dessa divisão será a assíntota oblíqua. É importante observar que se o gráfico de uma função tem assíntota oblíqua então ele não terá assíntota horizontal. Da mesma forma, se tiver assíntota horizontal, não terá assíntota oblíqua. Note também que o gráfico poderá interceptar uma dessas assíntotas, mas nunca interceptará a assíntota vertical. Exemplo: Obter as assíntotas da função racional gráfico. Note primeiro que Logo, e esboçar seu . Há assíntota vertical? é uma assíntota vertical. Há assíntota horizontal? Não! Para responder isso não é necessário calcular o limite quando ou , basta observar que o grau do numerador é uma unidade maior que o grau do denominador, portanto há uma assíntota oblíqua e não há assíntota horizontal. Qual é a assíntota oblíqua? Fazendo a divisão dos polinômios tem-se: Observe que -5 é o resto da divisão e a assíntota oblíqua é a reta . Para saber se há interseção do gráfico da função com a assíntota oblíqua, calcula-se e observa-se que não há nenhum x que satisfaça a igualdade. Para um esboço bem detalhado, verifica-se ainda as interseções com os eixos cartesianos, e obtém-se os pontos (3,0), (-3,0) e (0,9/4). Com o esboço feito, verifique suas respostas no Maxima: load(implicit_plot); wximplicit_plot([x=2,y=x/2+1, y*(2*x-4)=x^2-9], [x,-5,5],[y,-5,5]); Exercício 3: Encontre as assíntotas e construa o gráfico das seguintes funções: a) b) c) Exercício 4: Quantas assíntotas horizontais pode ter o gráfico de Justifique. ? 6. Derivadas Para calcular a derivada de uma função usa-se o comando diff(f(x),x,n), onde f é a função, x a variável em relação a qual se deseja derivar e n o número de vezes a se derivar. Exemplos: 1) diff(x^4,x,1); 2) diff(3*x^2,x,3); 3) diff(x^3+2*y^2,y,1); OBS: O comando Diff(f,x,n), com D maiúsculo, apenas indica a derivada a ser calculada. Exemplo: Diff(x^4,x,1); Exercício 1: Calcule as derivadas das funções indicadas: a) Derivada segunda de b) Derivada primeira de c) Derivada terceira de d) Derivada primeira de , em relação a . e) Derivada primeira de f) Derivada décima quinta de g) Derivada sétima de Também, através deste comando é possível calcular derivadas parciais. Exemplos: 1) Calcular a derivada primeira em relação a x e derivada segunda em relação a y da função . Comando: diff(x*y^2,x,1,y,2); 2) Calcular a derivada primeira em relação a x e derivada primeira em relação a y da função Comando: diff(y^3*cos(2*x),x,1,y,1); Exercício 2: Calcule as derivadas parciais das funções indicadas: , derivada primeira em relação à y e derivada segunda em relação à x; b) , derivada segunda em relação à z e derivada primeira em relação à x; c) , derivada primeira em relação à y e derivada primeira em relação à x; d) , derivada segunda em relação à z e derivada segunda em relação à y. 6.1- Gráfico das funções e suas derivadas Segue alguns exemplos do gráfico da função e sua derivada. Exemplos: e Comando: wxplot2d([x^2+2*x-1, 2*x+2], [x,-5,5], [y,-5,8]); 1) 2) , e Comando: wxplot2d([x^2+2*x-1,2*x+2, 2], [x,-5,5], [y,-5,8]); Exercício 3: Calcule as derivadas solicitadas e faça o gráfico da função e suas derivadas: a) Até a derivada segunda de ; b) Até a derivada terceira de ; c) Até a derivada primeira de 6.2- Interpretação geométrica da derivada Uma ideia do significado geométrico da derivada de uma função pode ser observada ao plotar o campo de direções de uma função. Para isso, inicialmente devemos carregar o comando load(plotdf); e então plotar plotdf(f’(x));. Exemplo: Calcular a derivada primeira de campo de direções. diff(x^2,x,1); plotdf(%); e a seguir plotar o seu Observe que, se clicarmos sobre um determinado ponto no gráfico, aparecerá a curva que passa pelo ponto, que é exatamente uma parábola. 6.3- Máximos e mínimos Para determinar os pontos de máximo e mínimo de uma função, inicialmente é necessário encontrar os pontos críticos da função. Após, analisar se são de fato, ponto de máximo, de mínimo ou nenhum dos dois. Existem dois teoremas do Cálculo que são essenciais nesta tarefa. Teorema 6.3.1 (Teste da derivada primeira) Seja f uma função contínua num intervalo fechado [a,b], que possui derivada em todo ponto do intervalo aberto (a, b), exceto possivelmente num ponto c. i) Se para todo e para todo , então f tem um máximo relativo em c. ii) Se para todo e para todo , então f tem um mínimo relativo em c. Vamos utilizar o Maxima como ferramenta para encontrar os máximos e mínimos de uma função. se Exemplo: Obter os pontos de máximo e mínimo relativos da função . Primeiro calcula-se , com o comando: diff(x^3-7*x+6,x,1); obtendo. A seguir, resolver a equação através do comando: solve([3*x^2- 7], [x]); obtendo e , os quais são os pontos críticos de Seguindo uma análise pelo teorema acima tem-se que para , . Para tem-se derivada primeira, conclui-se que mínimo relativo em . e . Assim, pelo Teste da tem um máximo relativo em e um . Para melhor visualização, construa o gráfico da e observe o máximo e mínimo relativo. Comando: plot2d([x^3-7*x+6], [x,-15,15], [y,-15,15]); Teorema 6.3.2 (Teste da derivada segunda) Seja f uma função contínua em um intervalo [a,b] e derivável em (a, b). Além disso, seja c um ponto crítico de f no intervalo (a, b), isto é, tal que f admite a derivada segunda em (a, b), então: i) Se , f tem um valor máximo relativo em c. ii) Se , f tem um valor mínimo relativo em c. Exemplo: Obter os máximos e mínimos relativos de , aplicando o teste da derivada segunda. Primeiro calcula-se através do comando: diff(4*x^3+3*x^2+18*x,x,1); obtendo . A seguir, obtém-se pelo comando: diff(-4*x^3+3*x^2+18*x,x,2); retornando . Resolvemos a equação , com o comando: solve([12*x^2+6*x+18], [x]); obtemos segue que relativo em e . Como é um ponto de máximo relativo de é dado por <0 Seu valor máximo . Analogamente como >0 segue que mínimo relativo de Seu valor mínimo relativo em . é um ponto de é dado por Para melhor visualização, construa o gráfico da e observe o máximo e mínimo relativo. Comando: wxplot2d([-4*x^3+3*x^2+18*x], [x,-5,5], [y,-25,25]); 7. Integrais 7.1- Integral indefinida ou definida Para integrar uma função usa-se o comando integrate(f, x), onde f é a função e x a variável em relação a que deseja integrar. Usa-se o comando acima quando se quer uma integral indefinida. Caso queira uma integração definida usa-se o comando integrate(f, x, a, b);, onde a e b são os limites de integração. Exemplos: 1) integrate(x^2,x); 2) integrate(x^2+y^2,y); 3) integrate(x^3,x,0,1); 7.2- Calculando áreas com integrais definidas Segundo o Teorema Fundamental do Cálculo, se é uma função contínua no intervalo ,e , isto é, é uma primitiva ou antiderivada de , então Exemplo: Usar a integração para calcular a área da região delimitada pelo eixo x e pela função , no intervalo . Geometricamente: No Maxima, usando o comando integrate(2*x+1, x, 1, 3); obtém-se 10, ou seja, a área desta região é 10 unidades de área. Exercício 1: Use integração para calcular a área das regiões delimitadas pelo eixo x e pelas seguintes funções: b) Analise as três respostas. 7.3- Área de uma região delimitada por duas funções Considere f e g funções contínuas em um intervalo [a,b] tais que f(x)≥g(x)≥0, ou seja, os gráficos de f e g estão acima do eixo x e ainda o gráfico de f está acima do gráfico de g. Considere, por exemplo, e e observe a figura abaixo . Como encontrar o valor da área da região que está abaixo do gráfico de f, acima do gráfico de g e entre as retas x=a e x=b? Observe que a área procurada pode ser obtida descontando a área da região sob o gráfico da g, da área da região sob o gráfico da f. Em outras palavras, em termos de integrais temos No caso do exemplo em particular, temos: Exemplo: Calcular a área da região delimitada pelos gráficos das funções e . No Maxima, a visulaização desta região pode ser obtida pelo comando: wxplot2d([x^2,-x^2+4*x], [x,0,3], [y,0,5]); Primeiramente usando o comando solve([-x^2+4*x=x^2], [x]); encontra-se x=0 e x=2, que são os valores de x onde as funções se interceptam; Para encontrar a área procurada usa-se o comando integrate(x^2+4*x, x, 0, 2) - integrate(x^2, x, 0, 2);, encontrando assim a área igual a 8/3. Exercício 2: Calcule a área da região delimitada pelo gráfico das funções indicadas. a) e ; e e . 8. Referências Bibliográficas Introdução ao Software MAXIMA. Disponível em <http://cmup.fc.up.pt/cmup/v2/include/filedb.php?id=289&table=publicacoes&fie ld=file> Acesso em 11 jan. 2013. O Emprego do Software Maxima no Apoio ao Ensino da Matemática. Disponível em <http://www.inf.unioeste.br/~rogerio/Tutorial-modII-parteBfuncoes-trig.pdf> Acesso em 11 jan. 2013.