Revista Brasileira do Aço
Ano 20 - Edição 137 - Dezembro 2011
Vai tarde!
2011 é um ano que não deixará boas recordações para a maioria dos empresários do aço
que aguardam ansiosamente pelos projetos que movimentarão todo o País em 2012.
No 41º Jantar de Fim de Ano do Inda, os ares de preocupação deram lugar ao otimismo!
Fotos: Jo Capusso
Fotos: Isis Moretti
2011 dá seus suspiros finais... E apesar de ter sido um
ano difícil para o setor siderúrgico, o clima no 41º Jantar de
Fim de Ano do Inda – Instituto Nacional dos Distribuidores
do Aço – era de muita descontração.
O fato é que empresários, diretores executivos e representantes setoriais não perderam este evento, realizado no
dia 07 de dezembro, no Terraço Daslu, em São Paulo, SP. Mais
de 650 pessoas foram recepcionadas em um agradável coquetel ao som da banda Sunshine. Neste momento, os convidados trocavam ideias e opiniões sobre o mercado.
Para abrir o jantar, discursaram o presidente da CSN,
Benjamim Steinbruk, o diretor executivo de vendas da
Usiminas, Ascanio Merrigui Silva e o Presidente do Inda /
Sindisider, Dr. Carlos Loureiro.
Dentre os assuntos abordados, Loureiro destacou o
grave problema da desindustrialização no Brasil, tema bastante debatido durante o ano inteiro. “Quando eu falo de
desindustrialização, não me refiro apenas ao nosso setor;
e sim à indústria brasileira como um todo. Um país não
produz riquezas vivendo somente da prestação de serviços”, afirmou Loureiro. As condições para a competitividade no mercado internacional são extremamente desiguais, tanto na exportação como na importação. “É preciso
organizar um movimento orquestrado de defesa da nossa
indústria. É uma ação que envolve usina, distribuição, revenda, máquinas, autopeças, embalagens, naval e muito
mais. Trata-se de um momento de preservação da cadeia
produtiva do aço”, completou.
O presidente do Inda ainda ressaltou sobre o potencial brasileiro para a economia, reafirmando a frase que
“o Brasil é a bola da vez”, afinal o mundo está com os
olhos voltados para cá. Com experiência de mais de 40
anos no setor, Loureiro foi categórico ao dizer que neste
momento é preciso evidenciar que existe concorrência,
mas que ninguém é inimigo. Não olhar para o próximo
elo da cadeia produtiva é “dar um tiro no próprio pé”.
Jantar INDA 2011 | 02
“Nosso mercado não é mais comprador. A boa e saudosa
época em que nós tirávamos pedidos, já passou. Agora,
temos que vender o nosso aço e concorrer mundialmente. Ter cautela com a indústria nacional é zelar pelas nossas empresas”, alertou.
“Negócios na mão”
Segundo o Benjamim Steinbruk, da CSN, para ganhar dinheiro na siderurgia em 2012, será preciso talento e dedicação
em um período que promete muitos desafios. “É desnecessário e arriscado importar, pois desorganiza o segmento como
um todo. A CSN fará o que for necessário para manter-se forte
no mercado brasileiro, que é um dos melhores do mundo”.
Sabe-se que a margem de lucro das empresas foi extremamente pequena em 2011, e no próximo ano, é provável
que seja necessário continuar trabalhando desta forma (mas
a tendência é melhorar, visto o recuo das importações).
Para Ascanio Merrigui Silva, diretor executivo de vendas
da Usiminas, 2012 será igualmente difícil a este ano, porém,
com algumas lições aprendidas. “Começaremos com estoques mais ajustados e com maior consciência da necessidade de investir esforços em reconstruir margens. Os patamares que as usinas e distribuidores trabalham hoje, não dão
sustentabilidade aos negócios. Toda a criatividade a respeito
das novas formas de incentivar o consumo via descontos
deverá ser direcionada à construção e oferta de valor aos
clientes”, falou Silva.
É fato! Em 2012 haverá o amadurecimento de diversas
iniciativas de defesa comercial e será momento em que posicionamentos de política industrial na cadeia de transformação do aço se intensificarão pelas entidades e associações
setoriais junto ao governo. “Avanços já ocorridos deverão
ser mais consolidados, principalmente a discussão sobre
conteúdo nacional real (desde a matéria prima) dos produtos com incentivos governamentais explícitos (renúncias fiscais, Finame, financiamento via BNDES etc)”, explicou Silva. O
Inda é responsável pela organização do Jantar, considerado
o evento mais importante da siderurgia. O Instituto agradece o fundamental apoio da CSN, Usiminas, Arcelor Mittal,
Gerdau, Klöckner&Co e Votorantim, para a concretização de
mais este tradicional encontro do setor.
Dr. Carlos Loureiro, presidente do Inda / Sindisider
Benjamim Steinbruk, presidente da CSN
Ascanio Merrigui Silva, diretor executivo de vendas da Usiminas
Estatísticas | 03
Importações caem 46% em outubro
Por Oberdan Neves Oliveira
Em outubro, as importações tiveram queda de 46% em
relação ao mês anterior, com volume total de 117,7 mil toneladas. No acumulado de 2011, registrou-se retração de
74,5% em comparação a igual período do ano passado.
As vendas também caíram: 4,6% em relação ao mês anterior, totalizando 389,4 mil toneladas. No ano, acumula-se
alta de 11,2% em relação a igual período de 2010.
Em outubro, foram compradas 341,6 mil toneladas, mon-
tante 3,3% superior ao apontado em setembro. Resultado no
ano: queda de 8,8%, frente ao mesmo período do ano anterior.
Com isso, os estoques da distribuição em outubro
marcaram uma baixa de 2,8% diante ao mês de setembro,
totalizando 1.017,9 mil toneladas, mantendo o giro dos
estoques em 2,7 meses.
Para novembro, a expectativa da rede associada é que as
compras e as vendas registrem queda em torno de 4%.
Panorâmica do Aço
Unid:1000 ton.
PRODUÇÃO MUNDIAL
PRODUÇÃO AMÉRICA LATINA
PRODUÇÃO BRASIL
SETEMBRO
SETEMBRO
OUTUBRO
2011
2010
Var.%
2011
2010
Var.%
2011
2010
Var.%
123.619
112.636
9,8%
5.712
5.198
9,9%
2.891
2.972
-2,7%
Desempenho dos Associados
ESTOQUE¹
COMPRAS²
OUTUBRO
Unid:1000 ton.
VENDAS¹
OUTUBRO
OUTUBRO
2011
2010
Var.%
2011
2010
Var.%
2011
2010
Var.%
1.017,9
1.295,0
-21,4%
341,6
394,1
-13,3%
371,3
319,7
16,1%
1 Incluem importações informadas pelos associados - 2 Incluem os embarques das usinas para outros setores via distribuição - 3 Produtos: LCG, BQ, BF, CZ, CPP, CAZ e EGV.
Atualidade | 04
Tecnologia verde
Empresas investem em métodos que evitam impactos negativos ao meio ambiente e conseguem reaproveitar as escórias
produzidas pela siderurgia
O mundo não pode mais esperar e o homem, de fato,
está preocupado em preservar o meio ambiente. Na siderurgia, diversas empresas têm aplicado a Tecnologia Verde,
onde processos e produtos são desenvolvidos para causar o
mínimo impacto a natureza, como por exemplo: redução do
consumo de energia, utilização de carvão vegetal, reutilização de resíduos agrícolas, entre outros.
O Brasil está em primeiro lugar na produção de carvão
vegetal, sendo a indústria responsável por 85% deste consumo (destaque para a indústria de ferro gusa, ferro ligas e
aço). Mas este carvão tem que ser produzido de forma ecologicamente correta, como caso da ArcelorMittal, que retira
o insumo de florestas renováveis de eucalipto, para ser utilizado como redutor energético em altos fornos.
A madeira de eucalipto para a produção do carvão
provém de plantações obtidas de materiais genéticos,
selecionados e adaptados ao clima e solo das
regiões produtoras. Na ArcelorMittal BioEnergia, as modernas práticas de silvicultura e melhoramento genético
utilizados, auxiliam na produção
de carvão de boa qualidade, e ao
mesmo tempo, na preservação
dos recursos naturais.
Outro exemplo é a V&M do
Brasil, que produz tubos em aço
sustentável. Na empresa, a produção de ferro gusa e liga de ferro é obtida em altos fornos pela
reação do minério de ferro com
carvão e calcário, utiliza matriz
energética renovável, vinda do
carvão vegetal oriundos das
florestas da própria companhia.
“É um processo de produção
autossutentável”, afirmou o engenheiro, Afonso Henrique. A
utilização do carvão vegetal
resulta em uma atividade siderúrgica com baixa emissão de
dióxido de carbono (CO2), principal causa do efeito estufa. O CO2
liberado nesse processo é parcialmente absorvido por meio
do crescimento das florestas de
eucalipto. “Além disso, o aumento da biomassa pela plantação
de florestas sustentáveis resulta
em liberação de oxigênio para a
atmosfera”, completou Afonso.
Escória da siderurgia no solo
Pouco difundido no Brasil, a escória da siderurgia pode
ser aproveitada na agricultura. A quantidade desses resíduos
atinge cerca de 3 milhões de toneladas ao ano, e pode ser
utilizada como fertilizante e corretivo para a acidez do solo,
com a mesma avaliação química adotada pelo calcário (entretanto, é necessário considerar a concentração de metais
pesados e outros elementos tóxicos nesses materiais, que
podem limitar seu uso).
O cultivo de cana de açúcar e soja, por exemplo, ocupa
grande parte do território nacional. Tal produtividade está
relacionada a fatores ambientais, genéticos, fisiológicos e
de manejo da cultura. Os compostos da escória (zinco, ferro, manganês, boro e cobre) são essenciais à cana de açúcar, pois a deficiência de um deles afeta o desenvolvimento
e produção do plantio.
Segundo estudos, quando se opta pelo uso do calcário para a neutralização da acidez do solo,
os teores já baixos dos micronutrientes
(devido à pobreza original do terreno), podem diminuir ainda mais a
elevação do pH. Contudo, quando
se utiliza a escória como corretivo, este aspecto da redução da
disponibilidade dos micronutrientes é minimizado, devido a
presença desses elementos na
constituição química.
A reatividade da escória
da siderurgia depende da classe
do solo, ou seja, a eficiência será
baseada no poder de neutralização do terreno, bem como da
composição e granulometria da
planta em questão.
O reaproveitamento é
de extrema importância, pois
contribui para atividade agrícola, eliminando, em partes, o
acúmulo de resquícios nos pátios das siderurgias. Associado
a isso, estimula a redução da
mineração do calcário para
este fim, e consequentemente,
diminui a degradação ambiental causada pelas mineradoras (no Brasil, são consumidos
aproximadamente 20 milhões
de toneladas de calcário por
ano na agricultura).
Governança corporativa:
exercida e reconhecida
Atualidade | 05
Destacando-se no mercado em que atuam, as empresas familiares que adotaram a gestão de governança corporativa
apresentam ótimo desempenho frente as que não seguem este modelo de gestão
É equivocado pensar que a governança corporativa se
aplica apenas em empresas maiores ou àquelas de capital
aberto, com ações cotadas em Bolsas de Valores. Trata-se
de uma gestão fundamental para as empresas familiares,
pois traz resultados que impactam diretamente na sua sobrevivência e, mais perceptíveis ainda, nos momentos de
transição do poder.
A preocupação dos diretores de empresas familiares
faz-se presente quando o assunto é modificar o modelo
centralizado de gestão – no qual é preciso dividir as responsabilidades aos profissionais (mesmo quando eles não
se enquadram como acionistas) e, quando o assunto é sucessão (momento mais perigoso para uma empresa familiar).
Para evitar problemas futuros e até mesmo o extremo
em declarar falência, o modelo de governança corporativa tem sido implantado em diversas companhias – é mais
simples e necessário do que se possa imaginar. “Funciona
de maneira sistêmica para dirigir e monitorar, sendo uma
boa ferramenta para aumentar o valor de nosso empreendimento na sociedade, facilitar o acesso para captação de
recursos e ainda contribuir para a perenidade”, detalhou
o diretor comercial da Bernifer Perfilados de Aço, Hélio
Bernicchi Neto, que ressaltou: “Atualmente, visualizamos
muitas companhias aplicando tal método, e creio que os
empresários do segmento siderúrgico já entenderam que,
para se perpetuar, é necessário iniciar
este padrão de governança”.
Este modo de administrar assegura
aos sócios proprietários o governo estratégico da empresa e a efetiva monitoração da diretoria executiva. A propriedade familiar e o comprometimento com
o negócio podem ser entendidos com a
adição de valor, desde que a empresa e a
família que controla os negócios possam
responder às preocupações da comunidade de investidores.
Sucessão: um momento delicado
Formar um sucessor adequado e qualificado é o maior
desafio dos dirigentes de empresas familiares. E esta continuidade tem que ser planejada e gradual, respeitando as
individualidades de cada negócio e família.
O especialista e autor do livro “A empresa familiar como
paradoxo”, o americano John L. Ward, após realizar uma pesquisa no Brasil, mostrou que este tipo de organização tem
26% do retorno do capital investido em comparação à taxa
de 21% das demais, e apenas 20% sobrevivem mais do que 50
anos. Segundo Ward, este tipo de administração é difícil por
causa dos conflitos usuais que afligem todas as demais, com
o acréscimo dos problemas familiares. E ele ainda apontou os
principais motivos para essas companhias se dissolverem:
▪ Escolha de um parente em detrimento de alguém
mais preparado;
▪ A dificuldade do fundador da empresa em passar seu
legado para os sucessores;
▪ A rivalidade entre os irmãos;
▪ Familiares dispersos e alheios, principalmente a partir
da terceira geração;
▪ O patrimônio encarado como mera possibilidade de
liberdade financeira para os sucessores;
▪ Novas condições e dificuldades para continuar o negócio.
O maior problema apontado por negócios ainda comandados pela primeira geração é passar o legado adiante (40%),
afinal, o fundador acredita que está desistindo de sua identidade e, também sente que está perdendo o controle das finanças e da própria família, respectivamente.
A Perfilados Rio Doce S/A é comandada pelo seu diretor
superintendente (e proprietário), Ronaldo Roque Campo, que
conduz a administração por meio de gerencias profissionais
contratadas. A grande preocupação é manter de maneira diligente o gerenciamento que veio se propagando desde sua
fundação. “O processo de sucessão é tratado há mais de dez anos, com auxílio de
coaching renomado e com os potenciais
sucessores já assumindo funções importantes nas organizações do grupo”, disse o
assessor da diretoria, Sergio Pipolo.
É importante informar, que a velocidade das mudanças na composição
familiar não é a mesma na estrutura do
empreendimento. Por isso, é bom levar
em consideração que a fase do proprietário controlador é distinta das etapas
da sociedade entre irmãos, que é muito diferente entre os
primos e assim por diante.
O tempo de vida de uma empresa familiar depende
da consolidação de um ambiente corporativo capaz de
detectar, antecipar e eliminar riscos, dentre eles: a discordância entre sócios, não entendimento de princípios, as
discórdias e as lutas internas pelo poder.
Construir uma ambiência saudável de governança passa pelo entendimento familiar, de que quanto mais cedo à
família se preparar e definir as regras que pautarão a relação
entre as gerações e a empresa, menos possibilidade de conflitos radicais e inegociáveis haverá.
Oportunidades de mercado | 06
Sempre em expansão
A frota de veículos e equipamentos agrícolas cresce a cada ano no Brasil. Este segmento utiliza inúmeros componentes
originados do aço e as expectativas são positivas para os próximos meses. Em média, o aço corresponde a 50% do peso
total do veículo convencional
Segundo a Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores – a perspectiva de emplacamentos de veículos em 2011, é de um crescimento de
8,38%, totalizando 5,7 milhões de unidades. Para o setor de
automóveis e comerciais leves, espera-se aumento de 5,9%,
somando 3,5 milhões de unidades. Já os caminhões deverão contabilizar 185 mil unidades, com evolução de 17,70%,
enquanto a divisão de ônibus deverá crescer 11,40% (31 mil
unidades), e motor 12,10% (2 milhões de unidades).
Presumi-se que a arquitetura do automóvel mudará
nos próximos anos e a indústria do aço está determinada a
manter-se como principal opção nesta construção. Embora o
uso por fibras de carbono, resinas e alumínio tenha aumentado (para reduzir o consumo de combustível), os fabricantes de aço estão confiantes na competitividade do produto,
tornando-o mais resistentes e leves.
Exemplos
Só para exemplificar, um veículo necessita das seguintes
peças em aço (entre outras):
▪ Forjaria: componentes, coroas e pinhões,
eletrônicos, rotores.
▪ Freios: hastes, suportes, pistões, placas.
▪ Suspensão: engrenagens, buchas, bujões,
eixos, pinos.
▪ Transmissão: anéis, cruzetas, gaiolas, satélites/planetárias, tripeças.
Destrinche os seguintes sistemas de um veículo: motor, escapamento, câmbio, eixo dianteiro e traseiro, direção, freios,
chassis, carroceria, sistema elétrico e demais acessórios. O
que você pode oferecer para este mercado, tão ávido por soluções e em constante desenvolvimento?
Gol (1.0 – 4 portas)
Astra (Elegance 2.0 MPFI 8v)
Peso total do veículo (fabricante)
903 kg
1.180 kg
Peso dos componentes feitos em aço
503 kg
594 kg
Participação do aço no peso total
do veículo
55,7%
50,3%
Quantidade de aço necessária para
a fabricação dos componentes:
749 kg
1.014 kg
Participação do aço no valor de
venda do veículo
7,93%
7,54%
Produção Janeiro a Outubro de 2011
Automóveis: 2.141 milhões
Comerciais Leves: 511 mil
Caminhões: 178,6 mil
Chassis de ônibus: 38,8 mil
Total: 2.869.679
(mesmo período em 2010 = 2.815.093) – alta de 1,9%
CKD
Automóveis: 0
Comerciais Leves: 13,1 mil
Caminhões: 1,2 mil
Chassi de ônibus: 4,7 mil
Total: 19,1 mil
Máquinas Agrícolas
Tratores de rodas: 54,8 mil
Tratores de esteiras: 2,7 mil
Cultivadores motorizados: 1,1 mil
Colheitadeiras: 5,6 mil
Retroescavadeiras: 5,2 mil
Total: 69,5 mil
(mesmo período em 2010 = 67,3 mil) – queda de 10%,
devido ao mercado interno e exportações.
* Dados fornecidos pela Anfavea: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
Divulgação
Certidão Negativa
de Débitos Trabalhista
A criação da Certidão Negativa de Débitos Trabalhista impõe mais uma exigência às empresas que tem como premissa
manter a idoneidade, e deverá alterar a rotina das companhias brasileiras
A partir de janeiro de 2012, entrará em vigor a Certidão
Negativa de Débitos Trabalhistas – CNDT, que apresentará um histórico da empresa na área trabalhista. A certidão
tem por finalidade demonstrar que, ainda que determinada empresa possua débitos trabalhistas materializados em
demandas judiciais, ela não se furta a pagá-los quando citada na fase de execução, com decisão já julgada (tendo
esgotado todas as fases recursais para a liquidação do valor
a pagar). “Assim, apenas deixarão de obter a CNDT, os empregadores que, citados para efetuar o pagamento da condenação, não pagarem ou não garantirem o juízo no prazo
legal de 48 horas. Formalizada a penhora, poderá ser emitida a Certidão Positiva de Débitos Trabalhistas com efeito
de Negativa”, explicou Dra. Patrícia Capra Pergher, advogada do Sindisider POA.
Isso obrigará as firmas a terem um maior planejamento
financeiro e a monitorar suas ações, para evitarem ser surpreendidas em execuções que as privem de participar de
processos licitatórios – procedimento administrativo para
a contratação de serviços ou aquisição de produtos através da Administração Pública direta ou indireta. Na prática,
as empresas que estiverem positivadas, não estarão aptas
a participar de processos licitatórios no País, para acesso a
financiamentos públicos e empréstimos junto a bancos oficiais ou mesmo para obtenção de qualquer outro benefício
governamental. A CDNT terá como prazo de validade 180
dias contados de emissão.
A Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas foi criada
a partir da publicação da Lei da nº 12.440/2011, a qual insere na CLT o artigo 642–A. São considerados como débitos
inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, todo e qualquer
valor decorrente de condenação transitada em julgamento
ou de acordos firmados em juízo, bem como o descumpri-
mento de obrigações decorrentes de execuções de
acordos firmados perante
o Ministério Público do Trabalho ou Comissão de Conciliação Prévia.
“Entretanto, não podemos perder de vista os
princípios norteados da
Justiça do Trabalho, do
protecionismo ao trabalhador e da conciliação.
Neste aspecto, a CNDT tem
Dra. Patrícia Capra Pergher
o condão de ser mais um
advogada do Sindisider POA
mecanismo a disposição
do Judiciário Trabalhista para forçar a conciliação nas reclamações trabalhistas ajuizadas, bem como para garantir-lhes
o adimplemento”, alertou Dra. Patrícia.
A inclusão do CNPJ e nomeado empregador na CNDT,
a relação de todos os seus estabelecimentos, agências e
filiais no cadastro do Tribunal Superior do Trabalho, se
dará por ordem do Juiz do Trabalho da Vara onde tramita o processo, ao verificar que após citado, o empregador não efetuou o pagamento do débito trabalhista. Não
apresentou bens à penhora. “A exclusão desses dados do
cadastro se dará com a quitação do débito trabalhista”,
acrescentou a advogada.
A CNDT será expedida de forma gratuita e eletrônica pelos sites do Tribunal Superior de Justiça (TST - www.tst.jus.br),
do Conselho Superior de Justiça do Trabalho (www.csjt.jus.br),
ou de qualquer dos Tribunais Regionais do Trabalho (TRT’s)
existentes no País. E se juntará às já exigidas certidões negativas de débitos previdenciários e fiscais.
Negociações coletivas encerradas
São Paulo
Empregados no Comércio, data base setembro e
outubro, capital e interior:
▪ Reajuste salarial: 9,8%
▪ Pisos reajuste: 11,0%
capital e grande parte do Interior (Força Sindical):
▪ Reajuste salarial: 10,0% a partir de 01/01/2012
▪ Abono salarial de duas parcelas de 13% em
dezembro
▪ Pisos reajuste: 11,0%
Empregados no Comércio do ABC, data base outubro:
▪ Reajuste salarial: 10,0%
▪ Pisos: 11,0%
Minas Gerais
Empregados em geral representados pelo SEEDSIDER,
data base novembro:
▪ Reajuste salarial: 9,0%
▪ Pisos reajuste: 10,0%
Empregados Metalúrgicos, data base novembro,
Ponto de vista | 08
Divulgação
Ponto de vista
Marcos Siqueira – sócio gerente da Masi Metal Comércio e Indústria Ltda
“A atual conjuntura mostra uma relação mais ajustada
entre Distribuição e Mercado
(com exceção para as margens
de comercialização). As variáveis, preços internacionais e a
relação Real – Dólar, não têm
motivado grandes volumes de
importações, contribuindo bastante para esse ajuste.
O saldo positivo do nosso segmento dependerá do
au­mento do mercado interno, e medidas governamentais
de incentivo ao consumo se fazem necessárias (que, aliás,
já tiveram início e esperamos que tenha continuidade). O
pior obstáculo será pilotar a relação: aumento do consumo interno por meio da flexibilidade do crédito X controle
da inflação.
O desempenho do setor de distribuição de aço nos últimos três meses confirma a tendência de 2011: crescimento,
em toneladas vendidas, em torno de 10% – quando comparado a 2010 –, resultante da “desova” de um grande estoque,
com resultados sofríveis ou negativos para a maioria das empresas da rede distribuidora.
Um dos aspectos que precisa ser melhorado no nosso
setor é a questão da manutenção dos estoques em níveis
compatíveis com as vendas. Além disso, é preciso haver uma
dedicação maior de todos os empresários que já tenham
alguma relação com o Sindisider / Inda, com o objetivo de
acelerar as ações já existentes e trazer mais afiliados para as
duas instituições. O aumento de filiações democratiza, ainda mais, as excelentes informações de mercado veiculadas,
possibilitando uma maior consciência setorial, assim como
um aumento de representatividade junto às autoridades governamentais e a comunidade siderúrgica.
Para o ano de 2012, as expectativas são muito boas. Pois
as usinas brasileiras estão atentas aos movimentos dos preços
internacionais e à cotação do dólar, para evitar a avalanche de
importações que experimentamos em passado recente.
Com relação a importações de bens, como aço contido,
já existe um sinal vermelho sobre esse assunto, e algumas
ações estão em andamento, buscando saídas para redução
desse impacto negativo no mercado.
Pelo bem ou pelo mal, as obras de infraestrutura relacionadas à Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016
precisam acelerar e outras, começarem, o que provocará reações positivas para toda a cadeia do aço
O futuro do Brasil é brilhante, a despeito dos custos que
temos. Somos parte de um pequeno grupo de países, que
tem um mercado interno ávido para consumir, extensão
territorial com boas condições produtivas, grandes reservas
minerais e muita oportunidade”.
Argentinos em território brasileiro
A Ternium – fabricação e processamento de uma ampla
gama de aços planos e longos – subsidiária do grupo argentino Techint, comprou 27,7% das ações da siderúrgica Usiminas. Segundo um dos diretores da empresa, Pedro Pablo
Kuczynski, a produtividade da Usiminas se estagnou nos últimos anos e o objetivo é aumentar a produção para melhorar a rentabilidade. Para o executivo, 2012 não será um ano
fácil, mas considera que a Usiminas tem boas perspectivas,
em especial para a indústria automobilística, que continuará
em crescimento, aumentando a exportação.
A companhia argentina adquiriu 139,7 milhões de ações
Expediente
ordinárias da Camargo Corrêa, da Votorantim e da Caixa dos
Empregados Usiminas (CEU), totalizando o valor de R$ 5,03
bilhões. A compra foi dividida entre três empresas do grupo,
sendo a Ternium (87,4 milhões de ações ordinárias), a Siderar
(30 milhões de ações) e a Confab (25 milhões de ações).
Com o negócio fechado, a Ternium assume a parte do
controle acionário correspondente a Camargo Côrrea e Votorantim. O grupo de controle, que detém a maioria do direito de voto ficará composto pelo Grupo Nippon com 46,1%,
Caixa dos Empregados da Usiminas (CEU) com 10,6% e a
Ternium com 43,3% de participação.
Diretoria Executiva
Presidente Carlos Jorge Loureiro
Vice-presidente José Eustáquio de Lima
Diretor administrativo e financeiro Miguel Jorge Locatelli
Diretor para assuntos extraordinários Heuler de Almeida
Conselho Diretor Alberto Piñera Graña, Carlos Henrique Stella
Rotella, Philippe Jean Marie Ormancey, Ronei Kilzer Gomes,
Newton Roberto Longo
Superintendente Gilson Santos Bertozzo
Conselheiro Editorial Oberdan Neves Oliveira
Revista Brasileira do Aço 11 2272-2121 [email protected]
Editora Isis Moretti (Mtb 36.471) [email protected]
Projeto gráfico, diagramação e editoração www.criatura.com.br
Impressão Neoband
Distribuição exclusiva para Associados ao Inda. Os artigos e
opiniões publicados não refletem necessariamente a opinião da
revista Brasileira do Aço e são de inteira responsabilidade de
seus autores.
Download

Edição 137