Colégio Drummond Educação Infantil, Ensino Fundamental, Médio e Pré- Vestibular MATERIAL DE LITERATURA PROF.: MELTON IDADE ANTIGA GRÉCIA/ROMA I M1 476 a 1453 IDADE MÉDIA 1453 a 1580(1601) RENASCIMENTO 1601 a 1768 BARROCO 1768 a 1808 ARCADISMO II III I GRÉCIA IV V Até o século VI a.C. pode-se dizer que na Grécia ainda predomina uma concepção mítica do mundo. Isso significa que as ações humanas se acham explicadas pelo sobrenatural, pelo destino, pela interferência divina. Os mitos gregos são escolhidos pela tradição e são transmitidos oralmente por cantores ambulantes que dão forma poética a esses relatos e os recitam de cor em praça pública. Dentre estes, destacamos Homero, provável autor das epopéias Ilíadas, que trata da guerra de Tróia, e da Odisséia, que relata o retorno de Ulisses após a guerra. A Emergência da Consciência Racional O surgimento da filosofia na Grécia não é na verdade, um salto realizado por um povo privilegiado, mas a culminância de um processo que se fez através de milênios e para o qual concorreram diversas transformações. A filosofia surge como problematização de uma realidade antes não questionada pelo mito. Uma característica da arte grega é a presença forte do intelecto. Foi a primeira expressão artística que valorizou o homem e suas possibilidades. O uso de desenhos e linhas, a proporcionalidade, o equilíbrio e a expressividade atingida foram conquistas surpreendentes. Na sua constante busca da perfeição, o artista grego cria uma arte de elaboração intelectual em que predominam o ritmo, o equilíbrio, a harmonia ideal. Eles tem como características: o racionalismo; amor pela beleza; interesse pelo homem, essa pequena criatura que é “a medida de todas as coisas”; e a democracia. A característica mais evidente dos templos gregos é a simetria: colunas, entablamento horizontal, modelos simples e maciços. A estatuária grega representa os mais altos padrões já atingidos pelo homem. Na escultura, o antropomorfismo esculturas de formas humanas - foi insuperável. As estátuas adquiriram, além do equilíbrio e perfeição das formas. II IDADE MÉDIA A única instituição universal na época medieval era a Igreja Católica, grande proprietária de terras e mantenedora da idéia chave da época: o Teocentrismo (sistema político caracterizado pela dominação da casta sacerdotal). Para a Igreja Medieval, a natureza humana era apenas a expressão da vontade divina, não cabendo questioná-la. No Teocentrismo Deus era concebido como ser absoluto, capaz de ditar as normas sociais e de comportamento individual, estabelecendo limites entre o Bem e o Mal. Convalidava a concepção servil do homem, predestinado a obedecer aos desígnios do Ser Absoluto. Essa maneira de pensar via uma escala de valores determinada a partir dos próprios valores impostos pela religiosidade. Por essa razão, o homem dessa fase medieval privilegiava os bens do espírito, da alma, da vida pós-morte, em detrimento do corpo e da vida carnal, terrena. A Igreja, rica senhora feudal, dirigia uma intensa vida religiosa (missas, penitências, jejuns, abstinências, peregrinações, romarias) e monopolizava a instrução pública. O analfabetismo era geral e os conhecimentos eram transmitidos oralmente. O Teocentrismo foi uma das principais características da cultura medieval. A FÉ era a fonte do conhecimento e tida como a salvação da alma. *** Da Idade Média até o Renascimento, a Igreja exerceu destacada ação política, social e econômica. Isto fez com que alguns dos seus elementos vivessem como senhores nobres ou como pecadores costumazes, contrariando os ideais de humildade e simplicidade da doutrina cristã. Esta situação provocou a cisão do seio da Igreja, concretizada pela Reforma Protestante de Lutero, o que acaba criando novas ceitas religiosas. É o início do Protestanismo. A reforma protestante teve ainda a adesão de Calvino. Em oposição a reforma, a Igreja Católica lançou a Contra-Reforma com o objetivo de eliminar os abusos que haviam afastado tantos fiéis e permitido o êxito dos reformistas. Para isso, convocou o Concílio de Tentro . A partir desse momento, a Igreja tentava recuperar os valores do teocentrismo medieval. Começava-se a censurar os livros, a Inquisição é reorganizada e estabelece-se a tortura e a pena de morte. III RENASCIMENTO O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização européia que se desenvolveu entre 1300 e 1650. Além de reviver a antiga cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos progressos e incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, que superaram a herança clássica. O ideal do humanismo foi sem duvida o móvel desse progresso e tornou-se o próprio espírito do Renascimento. Trata-se de uma volta deliberada, que propunha a ressurreição consciente (o re-nascimento) do passado, considerado agora como fonte de inspiração e modelo de civilização. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido como a valorização do homem (Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade Média. Características gerais: Racionalidade, Dignidade do Ser Humano, Rigor Científico, Ideal Humanista, Reutilização das artes greco-romana HUMANISMO/CLASSICISMO Movimento artístico iniciado na Itália e que se espalhou pela Europa, no fim da Idade Média (1453). Esse movimento abrangia praticamente todas as artes, como a pintura, a arquitetura, a escultura,a música e a literatura.As obras dos humanistas tinham como centro de interesse o próprio homem voltado para si mesmo. Assim enquanto na Idade Média Deus era centro de tudo (teocentrismo) no humanismo o homem passa a ser o centro de interesse da cultura (antropocentrismo). Entre os fatores que contribuíram para tal mudança podemos apontar: a ascensão da burguesia voltada para o comércio e para a vida material; a invenção da imprensa pelo alemão João Gutenberg, que facilitou a divulgação das obras clássicas, até então copiadas a mão, uma a uma, pelos monges nos mosteiros. Os clássicos gregos e romanos tinham uma visão pagã e terrena de ser humano e isso influenciou a concepção humanista do mundo. O espiritualismo cristão ainda continua, mas sem aquele exagero medieval. ARQUITETURA Na arquitetura renascentista, a ocupação do espaço pelo edifício baseia-se em relações matemáticas estabelecidas de tal forma que o observador possa compreender a lei que o organiza, de qualquer ponto em que se coloque. Principais características: Ordens Arquitetônicas, Arcos de Volta-Perfeita, Simplicidade na construção PINTURA Principais características: * Perspectiva: arte de figura, no desenho ou pintura, as diversas distâncias e proporções que têm entre si os objetos vistos à distância, segundo os princípios da matemática e da geometria. * Realismo: o artista do Renascimento não vê mais o homem como simples observador do mundo que expressa a grandeza de Deus, mas como a expressão mais grandiosa do próprio Deus. E o mundo é pensado como uma realidade a ser compreendida cientificamente, e não apenas admirada. Os principais pintores foram: Botticelli - Obras destacadas: A Primavera e O Nascimento de Vênus. Leonardo da Vinci - Obras destacadas: A Santa Ceia e Monalisa. Michelângelo - Obras destacadas: Teto da Capela Sistina e a Sagrada Família ESCULTURA Principais Características: * Buscavam representar o homem tal como ele é na realidade * Proporção da figura mantendo a sua relação com a realidade * Estudo do corpo e do caráter humano O maior nome é Michelângelo, que domina toda a escultura italiana do século XVI. Algumas obras: Moisés, Davi (4,10m) e Pietá. - Michelângelo dominou a escultura e o desenho do corpo humano maravilhosamente bem, pois tendo dissecado cadáveres por muito tempo, assim como Leonardo da Vinci, sabia exatamente a posição de cada músculo, cada tendão, cada veia. - Além de pintor, Leonardo da Vinci, foi grande inventor. Dentre as suas invenções estão: “Parafuso Aéreo”, primitiva versão do helicóptero, a ponte elevadiça, o escafandro, um modelo de asa-delta, etc. NAVEGAÇÕES Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, lançaram-se nos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico com dois objetivos principais : descobrir uma nova rota marítima para as Índias e encontrar novas terras. Eles queriam isso para poder obter matérias-primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Até mesmo a Igreja Católica estava interessada neste empreendimento, pois, significaria novos fiéis. Os reis também estavam interessados, tanto que financiaram grande parte dos empreendimentos marítimos, pois com o aumento do comércio, poderiam também aumentar a arrecadação de impostos para os seus reinos. Mais dinheiro significaria mais poder para os reis absolutistas da época Este período ficou conhecido como a Era das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos. Navegações portuguesas e os descobrimentos No ano de 1498, Portugal realiza uma das mais importantes navegações: é a chegada das caravelas, comandadas por Vasco da Gama às Índias (Lucros fabulosos aos lusitanos). Outro importante feito foi a chegada das caravelas de Cabral ao litoral brasileiro, em abril de 1500. Após fazer um reconhecimento da terra descoberta, Cabral continuou o percurso em direção às Índias. Em função destes acontecimentos, Portugal tornou-se a principal potência econômica da época. O Renascimento em Portugal corresponde ao apogeu da Nação. É um dos períodos mais férteis da cultura ocidental. Período marcado pela supervalorização do homem, pelo antropocentrismo e pelo hedonismo (considera o prazer individual e imediato como único bem). O interesse pelo homem e pelo que ele pode realizar de alto, profundo e glorioso (Humanismo) inspira o conceito de Homem Integral, senhor do mundo, ávido de conhecer seu próprio potencial e usufruir das delícias e prazeres da vida. Isso acaba por gerar a exaltação do Homem-Aventura (Os Lusíadas), do Homem-Cortesão, que canta, conhece a música e a poesia, e do Homem-Soldado, que luta para deixar no mundo a sua presença. A Renascentismo português foi marcado pela convivência das forças novas (burguesia, cultura clássica, racionalismo) com as forças conservadoras medievais (feudalismo, cultura religiosa, teocentrismo) e não representou, como nos países protestantes, uma revolução cultural tão extensa e profunda. Características Gerais Equilíbrio. Harmonia a forma de conteúdo. Clareza, mentalidade aberta, euforia, ânsia pela glória, apreço pelo humano, sentido do nu artístico. Universalismo. O mundo e o homem (não determinado país ou indivíduo) são os objetos da arte clássica. Apego aos valores transcendentais ― o Belo, o Bem, a Beleza, a Perfeição. Culto da divindades greco-latinas. Deuses pagão são usados como figuras literárias. Imitação. Obediência às formas e gêneros da Antigüidade (ode, tragédia, comédia). Deixa de lado o impulso pessoal e a busca da originalidade. Os autores gregos e latinos são vistos como referências de verdade, perfeição e beleza. Ideal ético-estético. Idéia de Bem associada à de Beleza e vice-versa. Verossimilhança. O belo é o racional, o verdadeiro. O verdadeiro é o natural. Valorização da natureza e sua imitação artística. OS LUSÍADAS Autor: Luiz Vaz de Camões O maior dos poetas portugueses, nasceu em Coimbra por volta de 1524. Em sua vida, sucederam-se aventuras e adversidades. Publicado em 1572, o poema épico tem como tema central o descobrimento do caminho marítimo para a Índia. São ao todo dez cantos, em 1102 estrofes de oito versos, de esquema rimático ABABABCC. Sua estrutura subdivide-se em proposição, invocação, dedicatória e narração, segundo as normas do Classicismo imperante. IV BARROCO Contexto histórico Movimento Barroco A origem da palavra barroco tem causado muitas discussões. Dentre as várias posições, a mais aceita é a de que a palavra se teria originado do vocábulo espanhol barrueco, usado pelos joalheiros desde o século XVI, para designar um tipo de pérola irregular e de formação defeituosa, aliás, até hoje conhecida por essa mesma denominação. No início do século XVII, o Classicismo já estava perdendo a força. Depois de dominar por um século o palco da literatura ocidental, o Classicismo esgotou as renovações trazidos do Renascimento e pouco a pouco foi deixando de ser centro dos acontecimentos culturais. Num contexto de autoritarismo político (com o absolutismo, sistema político baseado na centralização absoluta do poder nas mãos do rei, que se considerava o Deus na terra), de expansão comercial (Mercantilismo), de luta de classes (a burguesia, pressionava politicamente a nobreza e o rei, a fim de participar das decisões políticas do Estado Absolutista e crises religiosas (reforma e contra-reforma) que nasceu a arte barroca. Um dos traços mais importantes que caracterizam o Barroco é o gosto pela aproximação de realidades opostas, pelo conflito e pelas contradições violentas. Tal princípio pode ser relacionado com a realidade do homem barroco, contraditória e em transformação. Politicamente, o homem da época sentia-se oprimido; economicamente, contudo, sentia-se livre para enriquecer. Apesar da possibilidade de ascensão econômica, a estrutura social do Antigo Regime não lhe permitia a ascensão social. No plano espiritual, igualmente se verificaram contradições: ao lado das conquistas e dos valores do Renascimento e do mercantilismo - que possibilitou a aquisição de bens e prazeres materiais - a Contra-Reforma procurava restaurar a fé cristã medieval e estimular a vida e os valores espirituais. Por esse conjunto de razões é que na linguagem barroca, tanto na forma quanto no conteúdo, se verifica uma rejeição constante da visão ordenada das coisas. Os temas são aqueles que refletem os estados de tensão da alma humana, tais como vida e morte, matéria e espírito, amor platônico e amor carnal, pecado e perdão. A construção da linguagem barroca acentua e amplia o sentido trágico desses temas, ao fazer o uso de uma linguagem de difícil acesso, rebuscada, cheia de inversões e de figuras de linguagem. Outros temas que são facilmente encontrados são o sobrenatural, castigos, misticismo e arrependimento. A época da Contra-Reforma, e do Barroco é principalmente marcada por uma profunda dualidade. Por um lado, é o desdobramento do humanismo clássico e do Renascimento, com seus apelos ao racionalismo, ao prazer, ao "carpe diem" (em latim, "aproveite o dia"). Por outro lado, o homem é pressionado pela Igreja Católica e pelo protestantismo mais vigoroso a um regresso ao teocentrismo medieval, à postura estóica, à renúncia aos prazeres, à mortificação da carne e à observância plena do "amar a Deus sobre todas as coisas", princípio capitular do teocentrismo medieval. Em síntese, o homem do século XVII foi compelido a concilicar o TEOCENTRISMO MEDIEVAL e o ANTROPOCENTRISMO CLÁSSICO e valores opostos como fé x razão, alma x corpo, Deus x homem, céu x terra, virtude x prazer. "O homem do Barroco é um saudoso da religiosidade medieval e, ao mesmo tempo, um seduzido pelas solicitações terrenas e valores mundanos, amor, dinheiro, luxo, posição, que a Renascença e o Humanismo puseram em relevo. Desse dualismo nasceu a arte barroca". Vê-se, pois, que a época barroca, o século XVII, foi das mais conturbadas que o homem ocidental viveu. E mais! Como já foi dito, a escola literária Barroco coincide com o apogeu do Absolutismo Monárquico, Mercantilismo, Metalismo, do Capitalismo e sua extensão a áreas coloniais, da Burguesia e da Revolução Comercial. É notório que, se a Literatura é a expressão do homem e de seu tempo, o estilo barroco haveria de refletir as angústias, as incertezas e o desespero do homem que viveu essa época difícil. Fruto da síntese entre duas mentalidades, a medieval e a renascentista, o homem do século XVII era um ser contraditório, tal qual a arte pela qual se expressou. No Brasil, o Barroco tem seu marco inicial em 1601 com a publicação do poema épico prosopopéia, a primeira obra, propriamente literária, escrita entre nós, da autoria de Bento Teixeira. O final do Barroco brasileiro só concretizou em 1768, com a publicação das Obras poéticas de Cláudio Manuel da Costa. O Barroco no Brasil foi um estilo literário que durou do século XVII ao começo do século XVIII, marcado pelo uso de antíteses e paradoxos que expressavam a visão do mudo barroco numa época de transição entre o teocentrismo e o antropocentrismo. Características O culto da forma manifesta-se tanto na literatura quanto nas artes plásticas do Barroco. Algumas características da linguagem barroca merecem especial atenção pela sua peculiaridade e pelo uso que sendo feito de algumas delas em escolas posteriores. Arte da Contra-Reforma: a ideologia do Barroco é fornecida pela Contra-Reforma. A arte deve ter como objetivo a fé católica. Conflito espiritual: O homem barroco sente-se dilacerado e angustiado diante da alteração dos valores, dividindo-se entre o mundo espiritual e o mundo material. As figuras que melhor expressam isso são a antítese e o paradoxo; O tema da fugacidade do tempo, da incerteza da vida. O espírito Barroco é cabalmente expresso no célebre dilema de Hamlet, de Shakespeare: "To be or not to be, that is the question". ("Ser ou não ser, eis a questão...") Temas contraditórios: Há o gosto pela confrontação violenta de temas opostos; Efemeridade do tempo e carpe diem: O homem barroco tem consciência de que a vida terrena é efêmera, passageira, e por isso, é preciso pensar na salvação espiritual. Mas já que a vida é passageira, sente, ao mesmo tempo, desejo de gozá-la antes que acabe, o que resulta num sentimento contraditório, já que gozar a vida implica pecar, e se há pecado, não há salvação. Podemos notar dois estilos no barroco literário: o Cultismo e o Conceptismo. Cultismo: é caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante; pela valorização do pormenor mediante jogos de palavras. O aspecto exterior imediatamente visível no Cultismo é o abuso no emprego de figuras de linguagem como as metáforas, antítese, hipérboles, hipérbatos, anáforas, etc... Conceptismo: é marcado pelo jogo de idéias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. V ARCADISMO - NEOCLASSICISMO OBRAS (1768) Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) CONTEXTO HISTÓRICO Em meados do século XVIII, a Europa passou por uma importante transformação cultural, marcando a decadência do pensamento barroco. A burguesia, impulsionada pelo controle do comércio ultramarino, cresceu, dominando a economia do Estado. Em contrapartida, a nobreza e o clero, com seus ideais retrógrados, caíram em descrédito. A ideologia burguesa culta, sustentada na crítica à velha nobreza e aos religiosos, propagou-se por toda Europa, sobretudo na França. As idéias dos enciclopedistas, defensores de um governo burguês, impulsionaram o desenvolvimento das ciências, valorizando a razão como agente propulsor do progresso social e cultural. A burguesia, em oposição ao exagero cultista barroco, voltou-se para as questões mundanas e simples, relegando a religião a um segundo plano. Sua arte emergente caracterizou-se pela volta à simplicidade clássica. Esse movimento, chamado Iluminismo, espalhou-se pela Europa, influenciando Portugal. Marquês de Pombal, ministro de D. José I, com o propósito de colocar o país em dia com o progresso Europeu, executou a tarefa de renovação cultural, expulsando os jesuítas, em 1759. O ensino, monopólio do clero, tornou-se então leigo. Fundaram-se escolas e academias. No século XVIII, o Brasil passou por mudanças importantes: a cultura jesuítica começou a dar lugar ao Neoclassicismo; Rio de Janeiro e Minas Gerais destacaram-se como centros de relevância política, econômica, social e cultural; foi crescente o número de estudantes brasileiros, que se expuseram às influências dos novos ideais e tendências, em universidades da Europa. CARACTERÍSTICAS Nesse panorama iluminista de renovação cultural, da segunda metade do século XVIII, nasce uma nova estética poética: O Arcadismo, também denominado Setecentimo ou Neoclassicismo, que se posiciona contra a exuberância e problemas metafísicos do Barroco e propõe uma literatura mais equilibrada e espontânea, buscando harmonia na pureza e na simplicidade das formas clássicas greco-latinas. A frase latina: Inutilia truncat ("as inutilidades devem ser banidas") resume tal posição. Outros temas clássicos são Fugere urbem ("fugir da cidade"), Locus amoenus ("local ameno"), Carpe diem("aproveitar o momento"). Os poetas arcádicos, angustiados com os problemas urbanos e o progresso científico, propõem a volta à simplicidade da vida no campo e o aproveitamento do momento presente. Embora citadinos, recriam, em seus versos, paisagens bucólicas de outras épocas, verdadeiros fingimentos poéticos, usando pseudônimos gregos e latinos, imaginando-se pastores e pastoras amorosos, numa vida saudável idealizada, sem luxo e em pleno contato com a natureza. A poesia árcade se realiza através do clássico de composição e a tradição do épico, retomando os modelos do Classicismo do século XVI. Também chamado de Escola Mineira, o Arcadismo no Brasil segue os moldes portugueses, resultando em uma poesia refinada que, ao se utilizar da paisagem mineira como cenário bucólico para os pastores, valoriza as coisas da terra, revelando um forte sentimento nativista. A presença do índio na poesia reflete o ideal do "bom selvagem" e dá ao Arcadismo brasileiro um tom diferente do europeu. Outra característica bem distinta do Arcadismo aqui realizado é a sátira política aos tempos de opressão portuguesa e da corrupção dos governos coloniais. O Arcadismo no Brasil é estabelecido por um grupo de intelectuais e a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa , marca o início do movimento. A atuação do grupo cessa com o fim trágico da Inconfidência, em 1789.Dentre os poetas do Arcadismo brasileiro destacam-se Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarenga, Alvarenga Peixoto, Santa Rita Durão e Basílio da Gama.