A memória de um lugar Nuno Gomes Oliveira Administrador do Parque Biológico de Gaia A Afurada é um lugar em profunda transformação, quer por via do desenvolvimento urbano e turístico, quer pela modernização das técnicas de pesca, atividade a que os seus habitantes estão intimamente ligados. Assim, neste momento de viragem da cultura e das paisagens, importa fixar para o futuro o passado desta terra tão rica em tradições; sem qualquer nostalgia, saudando o futuro, sabemos contudo que as memórias do passado fazem parte do nosso património comum e nos identificam com os lugares; lugares sem memória, com os quais não nos identificamos, que atravessamos anonimamente são, como lhes chamou o antropólogo francês Marc Augé, os “non-lieux” (não-lugares). Ora a Afurada não é um “non-lieu” e em boa hora a APDL (Administração dos Portos de Douro e Leixões) teve a ideia de destinar os velhos armazéns que ali tinha para espaço museológico sobre o lugar; dessa ideia evolui uma parceria com o Parque Biológico de Gaia, visando apresentar uma candidatura aos fundos comunitários, que foi imediatamente aprovada, e assegurar a futura manutenção do Centro Interpretativo. Não será um espaço estático: terá uma exposição permanente mas, ao longo do tempo, exposições temporárias e outras atividades virão animar e enriquecer o CIPA, cuja gestão será assegurada pela empresa municipal Águas e Parque Biológico de Gaia, S.A. Afurada, 22 de março de 2013 Bicheiro (madeira, metal) Aparelho usado na pesca à linha do bacalhau para espetar e segurar nas guelras do bacalhau permitindo retirá-lo do dóri e içá-lo para o lugre, onde era tratado e armazenado em sal. Centro Interpretativo do Património da Afurada Boia de salvação da embarcação “Rosa do Céu” (esferovite, plástico pintado, corda) Objecto desenhado para lançar ao mar quando uma pessoa cai à água, evitando o seu afogamento. A Afurada é um lugar de profundas raízes históricas cujas marcas e manifestações ainda se encontram presentes no imaginário e nos traços identitários das suas gentes e dos seus modos de vida tradicionais ligados ao rio Douro e à pesca. Uma das suas manifestações anuais mais emblemáticas é a sempre muito celebrada e concorrida Festa de São Pedro da Afurada. Pinha de retenida (sisal, madeira) Cabo de apoio usado para arremessar uma corda ou cabo. Por vezes usado pelos marinheiros para defesa pessoal dando pelo nome de “moca de marinheiro”. Nepa (borracha) Argola de borracha utilizada na pesca à linha do bacalhau, para proteger as mãos do pescador. Baú com iniciais J.M. (metal pintado) Caixa metálica utilizada para levar a comida para o mar que substituiu o tradicional foquim. Miniatura da motora S. Pedro da Afurada (madeira pintada) Autor desconhecido As alterações socioeconómicas provocadas pelo declínio da atividade piscatória que marcou durante gerações esta povoação, aliadas ao dealbar de uma nova Afurada resultante de uma intervenção de requalificação urbana de grande magnitude desenvolvida pelo Programa Polis na faixa marítima e ribeirinha de Vila Nova de Gaia, dão um sentido de urgência à preservação e divulgação do património desta comunidade. Foquim (madeira pintada) Recipiente que servia para levar a refeição para o dóri, embarcação utilizada na pesca do bacalhau. Posteriormente, passou a ser usado para levar pequenos aprestos de pesca. Sonda Ondex Marine Aparelho que se instalava na casa do leme complementado por um sistema colocado sob a embarcação, que permitia detectar os cardumes de peixe. Agulha de marear (madeira, vidro, metal, líquido) Instrumento portátil de auxílio à navegação que indica o Pólo magnético. Equipamento indispensável nos dóris para permitir ao pescador orientar-se no mar alto. Zagaia (chumbo) Anzol em forma de sardinha, composto por peso e gancho, usado na pesca à linha do bacalhau. O Centro Interpretativo do Património da Afurada (CIPA) é um espaço de reflexão de uma identidade em construção da comunidade dos afuradenses e, para quem a visita, espaço de descoberta de uma comunidade com as suas memórias e com o seu devir. Propõe-se refletir a totalidade do meio ambiente e da atividade humana no território da freguesia da Afurada, assegurando a valorização da memória coletiva desta comunidade. Simultaneamente, propõe-se contribuir para reforçar os valores identitários da comunidade residente, permitindo aos visitantes conhecer os traços culturais que caracterizam o seu quotidiano nas suas ocupações laborais, nas atividades de associação e convívio, nas manifestações festivas mas também de luto que a marcaram ao longo da história. Par de Botas (pele, madeira) Calçado tradicionalmente utilizado nos dóris para proteger os pescadores do frio. Caixão (madeira) Utensílio portátil usado para apoiar os joelhos quando se lavava a roupa no rio. Canastra (madeira) Cesta utilizada para transporte de peixe para venda ambulante. A coleção do CIPA não se esgota nos objetos que expõe ao público nas suas exposições: ela é composta por tudo o que faz parte deste território e de tudo o que identifica esta comunidade, de natureza material e imaterial. É um património vivo, em mudança e em criação constante, pertencendo essencialmente aos indivíduos, às famílias, às coletividades. Pedra da Pala Reprodução de penedo existente no areal do Cabedelo, na proximidade da Pedra do Maroiço, com gravura rupestre representando grande espiral que remete para antigas práticas rituais de fecundidade. 1OLIVEIRA, Marta – Elementos de formação urbana da Afurada. S.l: s.n, 2002. Não publicado., p. 21-22. 2 SANTOS, Fernando Jorge Teixeira dos - As pescas em Portugal Continental: O caso amostra da Afurada. Porto: FLUP, 1997. p. 100. 3 SILVA, António Arthur Baldaque da – Estado atual das Pescas em Portugal, Imprensa Nacional, Lisboa, 1891. Situada na margem esquerda do Rio Douro, próximo da Foz, a freguesia de São Pedro da Afurada, apresenta uma área de 168,7 km2 e cerca de 3500 habitantes. O seu nome antigo é “Furada”, para o qual há inúmeras interpretações, já referidas nos forais de 1255, 1288 e 1518, aludindo a lugares de pescarias para abastecimento de peixe para Vila Nova de Gaia e Porto. Ao longo do séc. XVII e XVIII mantém-se a referência documental a esta zona de pescarias de lampreia e sável, o que aponta para a existência de uma pequena comunidade que dependeria de atividades agromarítimas. No final do século XVIII com os planos de melhoramento para a barra do Douro “a pedra extraída das fragas da Arrábida (…) é destinada à construção de enrocamentos nas margens do rio (…)”1. Nos primeiros anos do século XIX, no lugar da Afurada de Baixo, forma-se uma plataforma de aterro sobre terreno arenoso, construindo-se novas habitações em pedra, que vieram substituir os tradicionais palheiros em madeira2 e permitiram acolher “pescadores emigrantes da ria de Aveiro, principalmente da Murtosa”3. No estuário do Rio Douro foi criada, em fevereiro de 2009, a Reserva Natural Local do Estuário do Douro, a primeira reserva natural de âmbito municipal do país, que visa proteger a riquíssima biodiversidade deste ecossistema estuarino, incidindo particularmente na estreita relação com o Rio e com o Mar, promovendo intervenções de valorização e sensibilização ambiental. É em terra que se dá tempo ao descanso e à espera, preenchido com outras artes como fazer e reparar redes e velas, proceder à manutenção das embarcações, preparar futuros marinheiros e pescadores, ou ainda dedicar-se às artes tradicionais da construção de miniaturas de barcos. A vida das gentes da Afurada é marcada pela espera, pela saudade, pela esperança. Aqui se evoca o Tempo do Luto e da solidariedade associado a episódios de cheias e de naufrágios, e o Tempo da Festa que traduz a fé desta comunidade. De lugar a centro urbano A fixação de uma comunidade piscatória em permanência na Afurada ao longo do século XIX levou à construção de alguns equipamentos públicos: a creche, para acolher órfãos do naufrágio de fevereiro de 1892 (1893), a capela votada a São Pedro (1894), ou o chafariz para abastecimento da água à população. No final do século XIX existia já uma povoação assente e urbanamente estruturada. O lugar junto à capela de São Pedro, onde acostavam as embarcações, torna-se a zona central da vida desta comunidade. A partir daí, formaram-se ruas com casas de duas frentes, dispostas “costas com costas”. Nos terrenos livres de praia foram construídos os barracões de aprestos de pesca, e aí se estendiam as redes e reparavam os barcos. É durante o Estado Novo que se tenta implantar na Afurada um modelo de comunidade inspirado no corporativismo, marcado por uma série de projetos que se desenvolvem entre 1947 e 1955, de que se destacam a Casa dos Pescadores (1947), o Bairro dos Pescadores ou a criação da paróquia e da freguesia em 1952. À época, o Comércio do Porto descreve a Afurada como uma das mais típicas colónias piscatórias do Norte de Portugal. Em 1957, com o início da construção da Ponte da Arrábida (1957-1963), desencadeiam-se uma série de transformações viárias que produzem uma profunda alteração nas acessibilidades e no traçado urbano da Afurada de Cima e de Baixo. Entre 2001 e 2012, o programa Polis, em Vila Nova de Gaia constituiu uma vasta operação de requalificação urbana que abrangeu toda a zona ribeirinha do concelho, sendo um dos seus principais eixos de intervenção a reestruturação urbana da Afurada. Na Afurada, o programa incluiu a ampliação e requalificação do porto de pesca, a construção de novos armazéns de apoio à atividade piscatória e a beneficiação de espaços públicos. O quotidiano Se olharmos para a Afurada atual reconhecemos os estendais repletos de roupa, que quotidianamente compõem a silhueta ribeirinha. Se até a um passado recente, lavar a roupa para fora foi atividade que compôs o sustento de muitas famílias afuradenses, hoje em dia a lavagem de roupa é quase um ritual de encontro e socialização... Uma barra de sabão, a escova de cerdas, água abundante e muita cantoria. Esta ainda é a receita de muitas mulheres que levam a bacia em ombros até ao tanque e aí não só lavam a roupa como a alma. A mulher e o trabalho O mundo da pesca não é exclusivo dos homens. Na preparação, na venda e conserva do peixe encontramos as mulheres a desempenhar um papel primordial. Na Afurada, as mulheres dos pescadores estavam tradicionalmente encarregadas da venda do peixe nas ruas do Porto. Muitas delas trabalharam nas fábricas de conservas em Matosinhos e na fábrica de Pereira Júnior, construída na Afurada em 1943, com projeto do arquiteto António Varela. Este última constituiu um dos exemplos singulares do modelo modernista das fábricas conserveiras, ligado ao esforço de automatização e de funcionamento em cadeia. De uma forma geral, o rendimento obtido pela mão de obra feminina era encarado como uma atividade de recurso que compunha o orçamento familiar. Faina do passado 4 FANGUEIRO, Óscar – Achegas sobre o passado da pesca no rio Douro. In Gaya: Revista do Gabinete de história e arqueologia de Vila Nova de Gaia. Vol. V, 1987, p. 117-130. 5 Caderno eleitoral das eleições de deputados das Cortes em 8/04/1894, estando por isso excluídas as mulheres. Durante séculos o ganha-pão dos homens desta comunidade residiu nas artes da pesca tradicional, em especial da pesca fluvial em que se utilizavam artes de pesca como as abargas e tresmalhos, para os sáveis e lampreias; redes varredouras, lenções, tarrafas e nassas para os congros, sardinha, ruivos, pargos, bordalos e lardos.4 Nos finais do século XIX5, a grande maioria da população ativa da Afurada dedicava-se à pesca artesanal de rio e mar com barcos a remos, vela ou à vara. Nos meses de abril a outubro, na margem esquerda, junto ao Cabedelo, era colocada duas vezes por mês uma armação chamada S. Paio que apanhava todo o peixe que entrava durante a enchente. A par destas artes da pesca conhece-se a importância da pesca do mexoalho na Foz do Douro, atividade de que há registo até à década de 1940. À semelhança do sargaço, este caranguejo pequeno (também conhecido por pilado, patelo ou escasso) era empregue para adubar terras de cultura da batata, cebola, couves e cereais, muitas vezes em conjunção com o sargaço e estrume. Na Afurada, o mexoalho era vendido logo na bateira a muitos lavradores de Avintes e Valbom, que o levavam nos seus barcos rio acima; outra parte era vendida para a fábrica de guano que o transformava em adubo. Faina maior 6 GARRIDO, Álvaro, O Estado Novo e o Regresso de Portugal ao Mar: a Reabilitação da «Grande Pesca», Lisboa, Academia de Marinha, 1999. 7 SOEIRO, Teresa; LOURIDO, Francisco Calo - Fainas do Mar: vida e trabalho no Litoral Norte. Porto: Centro Regional de Artes Tradicionais, D.L. 1999. Os pescadores portugueses participaram na pesca ao bacalhau desde o séc. XVI. Em 1504, havia na Terra Nova colónias de gente de Viana e Aveiro. D. Manuel, por alvará de 14 de outubro, começa a cobrar o dízimo nos portos do Norte do país. Contudo, a predominância de frotas inglesas afastou-os. A pesca ao bacalhau foi retomada com maior expressão no séc. XIX, com arrastões a vapor. Em 1835 foi criada a Companhia de Pescarias Lisbonense que deteve o monopólio até 1857. Ao longo da primeira metade do séc. XX dá-se o período áureo da “campanha do bacalhau” com o crescente aumento do número de barcos e de pescadores. Em 1958, Portugal era o primeiro produtor mundial de bacalhau seco salgado6. A partir da década de 1960, inicia-se o declínio da pesca do bacalhau e os pescadores encontram novas ocupações na marinha e na emigração7. Na Afurada foram vários os pescadores que estiveram ligados à faina maior, principalmente no período da Guerra do Ultramar em que podiam optar por integrar as campanhas de pesca ao bacalhau ou prestar serviço militar. 20 Conteúdos multimédia 1· O tempo dos fundadores 2· Estado Novo 3· Afurada Contemporânea 4· Evolução urbanística do lugar 5· Reserva Natural Local do estuário do Douro 6· Entrevistas sobre diferentes temáticas: afurada; alar; capela; freguesia; memória, pilado; roupa; sável; tristeza; pesca 7· Livro digital “Museu profissional da Marinha” 8· Escola dos pescadores 9· A vida a correr, momentos importantes da Afurada 10· O tempo da festa – Excertos da festa de S. Pedro da Afurada 4 16 11 17 10 9 18 19 1 2 3 lugar terra 5 natureza 13 14 vida mulher homem 21 faina auditório reservas 15 trabalho 12 7 6 8 11· Entrevistas sobre diferentes temáticas: barra; cédula; estrangeiro; fé; partilha; perigo; pobreza; santos; viúva 12· Excertos sobre a mulher do filme ”Os pescadores da Afurada“ de Hélder Mendes 1969 RTP 13· A mulher e o trabalho, imagens de arquivo 14· O quotidiano, imagens recentes 15· Entrevistas sobre diferentes temáticas: bilharda; caixões; conservas; coturnos; espera; guarda fiscal; lavadeira; mercas; saudade 16· Diciopesca, compilação de vocabulário piscatório baseado em “O Estado das Pescas em Portugal” de Baldaque da Silva, 1886 17· Projecção na pedra, Excertos sobre o homem do filme ”Os pescadores da Afurada“ de Hélder Mendes 1969 RTP 18· Faina do passado, imagens de arquivo 19· Faina em terra, imagens recentes 20· Filme “The White Ship” de Hector Lemieux 1966 NFBC, sobre a Faina Maior 21· Entrevistas sobre diferentes temáticas: aflição; água; capitão; dóri; gil eannes; mata cães; punição; salário; trabalho “Idem mando que os pescadores da minha vila de Gaia pesquem nas minhas abargas da Furada e do Areinho”. FORAL D. AFONSO III 1255 1518 No inquérito a Santa Marinha pode ler-se “Nesta vizinhança da freguezia té a barra há varias pezcarias de lampreyas pelos mezes de Fevereyro, março e abril em muita quantidade (…) tudo izto é nas redes de arrastar.” MEMÓRIAS PAROQUIAIS A documentação refere que não havia Guarda Militar suficiente para acompanhar o transporte da pólvora para o armazém do sítio da Furada, onde se guardava toda a pólvora que viesse para a cidade do Porto. PAIOL DA PÓLVORA 1758 1777 FORAL DE D. MANUEL I “E pagarão os pescadores que pescarem no areinho dafurada (...) o quinto (...) que pagam do dito pescado (…) E isto somente das lampreas porque do outro pescado não pagam direito” 1775 LAZARETO Em finais do século XVIII a Afurada, por ser um lugar ermo e pouco habitado e ao mesmo tempo de fácil acesso por via fluvial, foi escolhida para aí se construir um lazareto - um edifício próprio para as quarentenas. 1795 Ao longo do século XIX, a construção de aterros permitiu ganhar terreno ao rio levando à construção de novas habitações que acolhem uma comunidade de pescadores oriundos da Murtosa e Ovar. BAIRRO DOS PESCADORES 1800 FÁBRICAS DE CERÂMICA Em finais do século XVIII, a instalação das fábricas da Afurada, Cavaco, Cavaquinho e Monte Cavaco foi importante para a história da povoação porque aqui recrutariam mão de obra e se instalariam azenhas de moagem de vidro. 1806 CAL Na documentação consultada, é feita referência a um forno e armazém de cal existentes em terrenos públicos e construídos por Francisco de Almada Mendonça para apoiar as obras da cidade do Porto. Referência a fábrica de transformação de restos de peixe e excrementos de gaivota em fertilizante agrícola, situada junto aos armazéns de aprestos. FÁBRICA DE GUANO Os entulhos procedentes da obra de construção da Ponte de D. Luís possibilitaram a abertura de novas ruas na zona da Afurada. RUAS Construção da capela dedicada a S. Pedro. CAPELA É referida a existência, ao longo do séc. XX, de estaleiros na Afurada, pertencentes a Miguel Soares de Almeida e a Custódio Oliveira Moutinho, responsáveis pela construção e reparação de traineiras e barcos de pesca. ESTALEIROS 1850 1880 1894 1912 1873 MONTE FURADA Indústria de bebidas e destilarias de J. H. Andresen que fabricava aguardente de cereais e genebras. 1893 CRECHE Construção da creche para acolher os órfãos do naufrágio de fevereiro de 1892. 1909 CHEIAS As fortes cheias do rio Douro levam a barca América a abalroar a capela, destruindo-a parcialmente. 1914 1918 Construído no lado Sul do povoado, o mercado inseria-se na proximidade do chafariz, substituindo o antigo local de venda de peixe, nas proximidades da capela. MERCADO A fábrica Pereira Júnior, construída com projeto do arquiteto António Varela, integrou um dos exemplares singulares do modelo modernista das fábricas conserveiras, ligado ao esforço de automatização e de funcionamento em cadeia. Esta fábrica manteve a laboração até meados de 1980. FÁBRICA DE CONSERVAS Instalação, entre 1948 e 1959, da “seca nova” de bacalhau, que envolveu a construção de grandes armazéns, do tanque exterior, da portaria, da administração, dos refeitórios, da creche e da capela exterior. Esta unidade deixou de laborar em 1990. SECA NOVA 1936 1942 1948 CAIS DO CAVACO No cais do Cavaco, em frente à quinta onde existia o depósito de gás, foi construído em 1918, durante a 1ª Guerra, por António Francisco Lapa o lugre Georgina. 1938 SECA PEQUENA Construção da “seca pequena” que compreendeu um conjunto de edifícios na zona poente da plataforma do Canidelo. 1946 CASA DOS PESCADORES Construída com projeto de Camilo Paiva Soares, integrou a estratégia do Estado Novo de criação, nos locais piscatórios, de delegações locais da Junta dos Pescadores. Após o 25 de abril as Casas dos Pescadores foram extintas. 1952 1952 PARÓQUIA Criação da paróquia e freguesia de S. Pedro da Afurada. Construído para fazer face à sobrelotação da habitação na Afurada de Baixo, as obras iniciaram-se em 1947 no lugar das Chãs, próximo da Casa dos Pescadores. A inauguração oficial ocorreu a 28 de maio de 1952. BAIRRO DOS PESCADORES O edifício foi executado no âmbito do Plano dos Centenários, um projeto de construção de escolas em larga escala levado a cabo pelo Estado Novo, entre as décadas de 1940 e de 1960. A escola foi construída no lugar ocupado pelo antigo mercado do peixe e pelos sanitários públicos. ESCOLA O programa Polis em Vila Nova de Gaia constituiu uma vasta operação de requalificação urbana sendo um dos seus principais eixos de intervenção a reestruturação urbana da Afurada que incluiu a requalificação do porto de pesca, a construção de novos armazéns de apoio à atividade piscatória, a marina e a beneficiação de espaços públicos. POLIS Inauguração do Centro Interpretativo do Património da Afurada, com projeto da autoria dos arquitetos Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez. CIPA 1952 1959 2001 2013 1955 NOVA IGREJA Devido às cheias constantes a que estava sujeita a antiga igreja de S. Pedro, inicia-se, em 1954, a construção de uma nova igreja junto à Casa dos Pescadores. Com projeto de Fernando Seara, Luís Pádua Ramos, Fernando Pereira dos Santos e Luiz Cunha, a nova igreja foi construída sobre as paredes da antiga fábrica de guano. A obra foi paga com o contributo dos barcos de pesca à sardinha. Para a igreja foram encomendadas nove imagens, o crucifixo e a via-sacra ao escultor Altino Maia. 1963 2009 RESERVA Criação da Reserva Natural Local do Estuário do Douro para proteção e conservação da natureza e da biodiversidade, PONTE Com a construção da Ponte da Arrábida realizar-se-ão uma série de transformações viárias que permitem ligar facilmente a Afurada de Cima ao Porto, iniciando-se uma profunda alteração do espaço urbanístico da freguesia. 2014 Design: Francisco Providência Investigação e História Local: Andreia Magalhães Produção: Cariátides produção de projectos e eventos culturais Conteúdos expositivos Base de Dados: Andreia Magalhães, Carlos Fontes, Gabriella Casella Conservação e preparação de peças: Alexandre Silva, Margarida Morais Design gráfico: Providência design Entrevistas: Catarina Lázaro, Andreia Magalhães Filmes: Vítor Bilhete Fotografia: Águas e Parque Biológico de Gaia EEM, Arquivo APDL, Arquivo Histórico do Porto, Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner, GAIURB EEM, Luís Ferreira Alves, Rui Duarte Silva Interatividade: Mário Vairinhos Pesquisa iconográfica: Andreia Magalhães, Catarina Providência, Gabriella Casella Textos: Andreia Magalhães, Gabriella Casella, José Portugal, Pedro Quintela Réplicas: João Sá Sonoplastia: Inear - Soluções Áudio Criativas Ficha técnica Iniciativa APDL - Administração dos Portos do Douro e Leixões Promotor Águas e Parque Biológico de Gaia, EEM Coordenação Global do Projeto Nuno Gomes Oliveira Gestão de Projeto Francisco Saraiva Programa Museológico Quaternaire Portugal - Consultoria para o Desenvolvimento Arquitetura Arquitetura: ATELIER 15, Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez Especialidades: AFACONSULT Fiscalização: CIVIGEST Gestão de Projetos Construção: EDIMOBE Edificações Imobiliárias Bezerra Projeto Museográfico Conceção: Cariátides produção de projectos e eventos culturais / Providência design / Quaternaire Portugal Coordenação: Quaternaire Portugal - Consultoria para o Desenvolvimento Arquivos de imagem Águas e Parque Biológico de Gaia, EEM Alfândega Filmes APDL - Administração dos Portos do Douro e Leixões Arquivo Histórico Municipal do Porto Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner Biblioteca Pública Municipal do Porto Cinemateca Portuguesa - Arq. Nac. de Imagens em Movimento Direção de Emissão e Arquivo da RTP Direção Geral de Arquivos - Arquivo Nacional da Torre do Tombo Divisão de Documentação Fotográfica, Inst. Museus e da Conservação Fundação Gil Eannes Gabinete Municipal de Arqueologia e História da C. M. de Matosinhos GAIURB, EEM Junta de Freguesia de S. Pedro da Afurada Luis Ferreira Alves Manfred Stein NFBC National Film Board of Canada Pascoal S.A. Rui Amaro Rui Duarte Entrevistados Abraão Moreira Albino Costa Ana do Mar Conceição Moreira Fernando Faustino Fernando Ferreira Francisco Baptista Francisco Gonçalves Francisco Neto Manuel Americano Manuel Campota Manuel Cunha Manuel Marques Manuel Silva Manuel Tavares Suportes expositivos Construção: Nuno Costa Design de comunicação: Providência design, Marina Soares Design de equipamento: Providência design, João Maria Montenegro Multimédia: VMCSystem Produção de grafismos: Multitema Apoios APDL - Administração dos Portos do Douro e Leixões Câmara Municipal de Matosinhos Junta de Freguesia de S. Pedro da Afurada Museu Casa do Assento – Câmara Municipal de Felgueiras Agradecimentos Alda Temudo Alice Lima Ana do Mar Álvaro Garrido António Fangueiro Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner Carla Meireles Carlos Bogas Carminda Maló Centro de Estudos de Arq. e Urb. – FAUP Conceição Moreira Dulce Freitas Eduardo José Moreira Matos Emílio Brogueira Dias Escola E.B. 1º Ciclo da Afurada Estação Litoral da Aguda Familia Campota Fernanda Gandra Fernando Rocha Fundação Gil Eannes GAIURB, EEM João Pedro Matos Fernandes Joaquim António Gonçalves Guimarães John Tagg Jorge Neves José Carlos Antunes José Varela Lúcia Afonso Luisa Casella Manuel Campota Márcia Carvalho Maria do Céu Baptista Maria João Cunha Mário Rodrigues Marta Oliveira Miguel Lázaro Mike Weber Museu Marítimo de Ílhavo Mútua dos Pescadores, Projecto CCC, Celebrar a Cultura Costeira Nelson Garrido NFBC National Film Board of Canada Pascoal S.A. Pedro Neves Solar dos Condes de Resende 22 março de 2013