TRABALHO COLETIVO NA CONSTRUÇÃO DE UMA BOA ESCOLA: METODOLOGIA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE CURITIBA NA ARTICULAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO Andresa Cristina Pisa1 - SME Cristiane Bianchini2 - SME Karin Cristina Santos3 - SME Mary Natsue Ogawa4 - SME Regiane Laura Loureiro5 - SME Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Fundamentados desde 2013 nos princípios e pressupostos assumidos pela Secretaria Municipal de Educação de Curitiba (SME): Equidade, Democracia, Trabalho Coletivo, Autonomia e o respeito pelo Espaço Público, o Departamento de Ensino Fundamental, articulado as outras duas instâncias de trabalho os Núcleo Regionais de Ensino e as escolas municipais, vêm trabalhando de forma contínua, coletiva e democrática na discussão, no estudo teórico, na reflexão coletiva e na (re)construção dos Projeto Político Pedagógico das unidades escolares, objetivando a construção de uma Boa Escola para todos e para cada um dos estudantes das escolas municipais de Curitiba. Como Boa Escola, compreende-se aquela que busca a garantia de aprendizagem de todos os estudantes. Ao se objetivar, dessa forma a consolidação de uma Boa Escola, a SME vem planejando e efetivando uma metodologia onde o acompanhamento e envolvimento sistemático das três instâncias gestoras ocorra de forma coerente, na discussão, reflexão e proposições coletivas, para isso organizou Semanas de 1 Especialista em Gestão de Qualidade na Educação pela UNINTER, pedagoga da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná, Pedagoga e Gerente Pedagógica do Departamento de Ensino Fundamental da Secretaria Municipal da Educação de Curitiba. E-mail: [email protected] 2 Pedagoga da Rede Municipal de Ensino de Curitiba, especialista em Interdisciplinaridade pela Faculdades Integrada Espírita.E-mail:[email protected]. 3 Pedagoga da Rede Municipal de Ensino de Curitiba, Especialista em Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, Especialista em Gestão Pública Municipal, Mestranda em Educação na Linha de Políticas Públicas Educacionais.E-mail: [email protected] 4 Doutoranda em educação, pela PUC-PR, mestre em educação, especialista em educação especial e em projetos educativos, pedagoga no Departamento de Ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Educação. Email:[email protected] 5 Mestranda em educação na linha de Cognição, Aprendizagem e Desenvolvimento Humano, Especialista em organização do trabalho pedagógico, pedagoga da Gerência Pedagógica, no Departamento de Ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Curitiba. E-mail: [email protected] ISSN 2176-1396 11626 Estudos Pedagógicos e Grupos de Estudos, onde o Projeto Político Pedagógico vem sendo reconstruído a partir de uma leitura fundamentada na realidade da escola e embasada por estudos teóricos propostos pelo Departamento de Ensino Fundamental. Destaca-se que a reelaboração do Projeto Político Pedagógico enquanto documento é importante, mas, mais importante que o documento em si, é o processo de debate que se instaurou em todos os âmbitos, trazendo para o cerne da reflexão levantada, o PPP enquanto identidade da escola. Nesse sentido, o presente artigo, apresenta a experiência das três instâncias nesse processo, que ao se defrontar com o desafio de pensar uma escola pública, gratuita e que tem como centralidade o desafio de ensinar a todos, vêm buscando o diálogo permanente entre si, e somando esforços para que direito à aprendizagem seja efetivado. Palavras-chave: Trabalho coletivo. Projeto Político Pedagógico. Articulação entre instâncias. Introdução A Secretaria Municipal de Educação desde 2013, fundamentada nos princípios e pressupostos assumidos pela atual gestão: Equidade, Democracia, Trabalho Coletivo, Autonomia e o Espaço Público, vem trabalhando de forma contínua para que o direito à aprendizagem se efetive nas escolas. Para que esse trabalho se tornasse possível, foi e está sendo relevante nesse processo a articulação, o planejamento coletivo e integrado entre três instâncias de trabalho: o Departamento de Ensino Fundamental, os Núcleos Regionais e as Escolas Municipais, buscando a responsabilidade de cada um dos seus atores em prol da construção de uma Boa Escola. Destaca-se que a Boa Escola é aquela que tem como prioridade o direito à aprendizagem, ou seja, não apenas oferece o direito à matrícula, mas que todos os estudantes e cada uma deles se aproprie dos conhecimentos socialmente construídos. Pois compreende-se que “[...] a BOA ESCOLA deve prioritariamente garantir a aprendizagem de seus estudantes, cuja dimensão não pode estar só associada ao desempenho nas avaliações de larga escala, sejam estas externas ou internas à RME” (CADERNO SEP, 2014, p. 13). Dessa forma, ao se defrontar com o desafio de pensar uma escola pública, gratuita e que tenha como centralidade o desafio de ensinar bem, cada instância trabalha na sua especificidade, buscando o diálogo permanente entre si, e somando esforços para que haja consolidações nesse sentido. Nesse viés, na busca por coerência na implementação das políticas educacionais do município de Curitiba, articuladamente às Semanas de Estudos Pedagógicos 2013 à 2015, planejou de forma coletiva a reelaboração do Projeto Político Pedagógico das escolas, compreendendo esse documento como vivo e expressão das ações cotidianas da escola. 11627 Balizada pelos princípios e pressupostos, essa reelaboração vem sendo construída de forma coerente com o que vem sendo debatido, estudado e fundamentado em toda a Rede Municipal de Ensino. Portanto, o propósito foi o que não ocorresse de forma aligeirada ou de forma instrucional, pois requer reflexão coletiva e reelaboração de espaços já existentes de estudo e reflexão. Neste sentido, a SME propôs a reestruturação do PPP a partir de uma leitura fundamentada na realidade da escola e embasada por estudos teóricos organizados pelo Departamento de Ensino Fundamental por meio das Semanas de Estudos Pedagógicos, bem como por grupos de estudos formados pelas equipes gestoras das escolas municipais. Este trabalho tem sido desenvolvido através do acompanhamento e envolvimento sistemáticos das instâncias gestoras do processo educativo – Departamento de Ensino Fundamental, Núcleos Regionais da Educação e escolas. Este estudo apresenta a seguir o percurso teórico e prático desta proposta. Políticas de articulação do trabalho entre as diferentes instâncias na construção de uma Boa Escola Formação e articulação na construção do PPP: Semana de Estudos Pedagógicos A Semana de Estudos Pedagógicos é organizada em dois momentos, que compreendem palestras propostas pelas SME com uma temática central e que envolvem todos os profissionais. Em um segundo momento, o trabalho é direcionado para a especificidade da escola, organizada pela própria unidade na perspectiva de atender suas necessidades e demandas de acordo com o seu Projeto Político Pedagógico e articula-se à temática central da RME. Para os momentos propostos na e pela escola, a SME dispõe de materiais que subsidiam os estudos, reflexões e planejamentos conforme as diretrizes instituídas para a discussão central. Na Semana de Estudos Pedagógicos em 2013 a discussão teve como foco o momento da permanência do professor enquanto espaço de formação continuada e construção coletiva do trabalho. Na Semana de Estudos Pedagógicos em 2013 no início deste processo de Construção, a Secretaria Municipal da Educação de Curitiba deflagrou em sua tradicional Semana de Estudos Pedagógicos (que ocorre anualmente na Rede Municipal de Ensino simultaneamente 11628 para todas as suas unidades educacionais) estudos relativos à implantação dos 33% de permanência, sob o tema: “Permanência como espaço de organização do trabalho pedagógico e de formação continuada”. O objetivo desta semana de estudos era, além da reorganização dos horários de aulas em função da ampliação da percentagem de permanência de 20% para 33%, a promoção da discussão coletiva do trabalho para a melhoria do processo pedagógico e de aprendizagem dos estudantes. Houve oportunidade de estudo e reflexão de todos os profissionais envolvidos no processo ensino-aprendizagem, sobre uma melhor organização dos tempos escolares para o professor, do planejamento para o seu trabalho de forma a otimizar o tempo em que está com os estudantes e o seu tempo para estudo, formação, participação em cursos. Nessa Semana de Estudos Pedagógicos, profissionais dos Núcleos Regionais da Educação (NREs) realizaram acompanhamento in loco nas escolas, participando das reflexões com as equipes escolares, buscando nas discussões elementos vivos para articular e orientar o trabalho com o |Projeto Político Pedagógico, enquanto plano de ação da escola. Os fundamentos teóricos basearam-se principalmente em Cury (2002), que reafirma à escola que o direito à educação, parte do reconhecimento de que o saber socialmente construído e sistematizado pela instituição escolar é mais relevante do que uma herança cultural, pois permite ao estudante tomar posse de padrões cognitivos e formativos que o capacita a participar de forma cidadã dos destinos da sociedade e contribuir na sua transformação. Enquanto base teórica para reflexão sobre a importância do planejamento escolar e sobre o que ensinar, fundamentou-se em Libâneo, Oliveira e Toschi (2010), objetivando disparar no interior das unidades reflexões sobre o que é uma Boa Escola. Sendo essa aquela que também promove a todos os estudantes o domínio dos saberes indispensáveis as suas necessidades individuais, bem como aquelas necessárias à vida em sociedade. Na Semana de Estudos Pedagógicos de 2014, o tema central foi “O profissional da educação e sua relação com o trabalho na escola pública”. A ênfase dos estudos desencadeados nessa semana recaiu sobre os princípios da SME e a sua relação com o Plano de Ação da Escola. Foi realizado junto às escolas exercício de planejamento coletivo no que se referia às ações formativas do Plano Municipal de Formação Continuada de 2014, com o objetivo de articular as experiências de cada profissional da educação com as necessidades apontadas nesse exercício. 11629 Destaca-se que a proposta de estudos de casos, enquanto metodologia de trabalho de um dia de estudos, teve um excelente impacto nas discussões e reflexões no interior da escola, aprofundando a construção do conceito de Boa Escola. Na perspectiva de analisar a escola como um currículo vivo e dinâmico, os estudos de casos trouxeram para o coletivo escolar reflexões importantes sobre as práticas realizadas no dia a dia da unidade e que acabam muitas vezes sustentando uma prática excludente e revelando uma crise de identidade profissional. Essas análises pemitiram repensar as identidades profissionais e afirmar que o foco de trabalho é o estudante e que a educação é direito de todo cidadão. Neste ano (2015), a Semana de Estudos Pedagógicos teve como tema principal “O currículo em Ação e o Direito à Aprendizagem”. A proposta apresentada pela Secretaria Municipal da Educação neste ano letivo conduziu os profissionais à reflexão do Currículo enquanto elemento fundante do trabalho pedagógico escolar. Assim, tais profissionais deveriam discutir coletivamente os aspectos conceituais enquanto alicerces às discussões curriculares, os quais deveriam ser documentados nos planos de ação e planos de aulas das escolas. Na etapa da SEP realizada na escola, as equipes escolares elaboraram o Plano de Ação e definiram a sua compreensão de Boa Escola a partir dos Princípios e Pressupostos para a educação na SME, delineando a partir destes elementos a proposta de reescrita de seus Projetos Políticos Pedagógicos. Partindo-se do pressuposto de que o PPP, segundo Kramer (1997) não é um lugar, mas é uma trajetória a ser seguida, portanto, não é documento estático, buscou-se em todos esses momentos, não implantar de forma impositiva um modelo de proposta, sem perder de vista, contudo, a garantia de aprendizagem a todos os estudantes e a efetivação de uma Boa Escola. Esta sequência de estudos das Semanas de Estudos Pedagógicos desde 2013 foi organizada e planejada na perspectiva de trazer reflexões e orientações para o processo de reelaboração do PPP, assim as palestras, temáticas e profissionais foram selecionados na lógica de construção teórica que suplantasse a ideia de um roteiro pré-formatado. Formação e articulação na construção do PPP: grupos de estudos Os grupos de estudos, articulados entre o Departamento do Ensino Fundamental, Núcleos Regionais e escolas, também constituem base para a reelaboração do Projeto Político Pedagógico, pois têm proporcionado a todos os envolvidos nesse processo o acesso teórico 11630 aos princípios e pressupostos estabelecidos, e ainda vivenciar através do processo formativo pautado pelo trabalho coletivo como condição essencial ao exercício da democracia. Nesse sentido, um PPP que é (re)construído com a participação de todos, propicia um envolvimento e um sentido de pertencimento ao trabalho. Entendendo, conforme Kramer (1997), que toda proposta não é neutra, mas tem um lugar e valores de onde é constituída, a reelaboração do PPP das escolas da Rede Municipal de Ensino, não possuem um roteiro pré-definido, mas este é constituído na articulação ente as diferentes instâncias de trabalho. Os grupos de estudos são organizados de forma articulada entre as esferas de atuação, sendo que em um primeiro momento a discussão ocorre entre a equipes do Departamento de Ensino Fundamental e Núcleos Regionais, que posteriormente coordenarão este mesmo estudo junto às equipes gestoras. Esta equipe gestora tem a responsabilidade de encampar esta discussão na escola, organizando momentos de estudos e discussão que garantisse a participação de todos os profissionais da escola. Nesta construção, os estudos realizados foram alimentando e aprofundando as temáticas que norteiam o PPP, consolidando os elementos constitutivos para a rescrita do documento balizador de todo o trabalho desenvolvido na escola. Desta forma, das discussões dos grupos de estudos emergem os elementos constitutivos do PPP, que foram organizados em blocos para a reelaboração sistemática do Projeto Político Pedagógico. Estes blocos apontam as diferentes dimensões a serem considerados a partir de aspectos legais e pedagógicos, indicando também todo o material utilizadas nos grupos de estudos desde 2013, o que proporciona às escolas possibilidades de retomada de todos os subsídios teóricos e práticos estudados nessa trajetória, bem como a articulação entre os diferentes momentos das Semanas de Estudos Pedagógicos realizadas desde então. O trabalho com a construção do PPP por meio de um roteiro constituído por blocos, portanto, não aconteceu de forma isolada, mas no processo de aprofundamento teórico, debates e reflexões com todos os profissionais da educação pertencentes a Rede Municipal de Ensino de Curitiba. Para que isso fosse possível, os grupos de estudos foram articulados de forma tal que os princípios e pressupostos assumidos para a construção da Boa Escola sempre permeassem todos os estudos. Nesse sentido, ainda que as discussões ocorram em momentos diferentes, há o elemento comum que é a garantia do direito à aprendizagem, sendo o objetivo 11631 de trabalho de todos os profissionais da educação, independente da função e do lugar em que ocupam neste momento. A cada temática trabalhada foram sendo delineados os componentes do PPP que dispostos didaticamente nos blocos têm direcionado a própria organização do grupo de estudo, lógica esta que possibilita maior aprofundamento teórico, ampliação acerca do elemento estudado e sua articulação com os demais. No primeiro bloco serão sistematizado os itens que dizem respeito aos aspectos socioeconômico, cultural, educacional, físico e ambiental, em que consta a caracterização da instituição e da comunidade escolar, seu entorno e/ou território, perfil dos profissionais, histórico da instituição e outras informações relevantes. É importante destacar que esta caracterização deve se dar em âmbito qualitativo, não meramente descritivo. O segundo bloco traz alguns indicativos para o estudo e sistematização acerca da filosofia e princípios didático-pedagógicos da instituição fundamentados na práxis pedagógica, pautados no direito à aprendizagem de todos os estudantes da RME de Curitiba. Na sequência destas discussões a avaliação surge como elemento essencial e constitui o terceiro bloco, trazendo a necessidade de discutir, refletir e definir as concepções e execução da avaliação da Aprendizagem, Avaliação Institucional e Avaliações Externas, compreendendo-as como formativas, diagnósticas e processuais. O quarto bloco sistematiza a organização no PPP, por meio dos projetos e programas desenvolvidos pela escola, indicando como e quais as parcerias institucionalizadas (Unidade de Saúde, Fundação de Ação Social, Conselho Tutelar, Fundação Cultural, Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude da Prefeitura Municipal de Curitiba, etc.). Ressaltase que estes devem considerar a caracterização da comunidade escolar, do espaço físico da escola, formação dos profissionais. Este bloco engloba ainda aspectos referentes à organização dos órgãos colegiados como também a gestão financeira da instituição. O quinto bloco resulta das discussões sobre acerca de todos os elementos descritos anteriormente e que se consolidam no currículo escolar. Compreendo o currículo, conforme Moreira e Candau (2007) como as experiências escolares que abarcam o conhecimento, permeadas pelas relações sociais e que contribuem para a construção da identidade dos nossos estudantes, o bloco orienta a sistematização das discussões sobre as diferentes dimensões do currículo na escola. 11632 No interior da escola, esta discussão aconteceu mediada pela equipe gestora: direção, pedagogos e coordenadores pedagógicos, ganhando destaque ao possibilitar a discussão das especificidades da unidade à luz dos estudos teórico e em articulação com a realidade escolar. A participação do coletivo escolar tem se dado em diferentes momentos, considerando a organização e dinâmica da escola, assim, ocorre ora em pequenos grupos, nas permanências, ora nas reuniões pedagógicas que envolvem todos os profissionais da instituição. O resultado de todo este trabalho de articulação e formação, envolvendo as diferentes instâncias SME, NRE e escola, deve resultar na reescrita do PPP, contudo, este não é o produto principal, pois como afirma Kramer (1997) não se tratar de chegar, mas sim do constante caminhar, de um gradativo processo de construção. Desta forma, todo processo e não apenas o documento se constitui em reflexão e reconstrução permanente acerca do trabalho pedagógico e de todos os elementos que compõem o processo educativo, que tem no direito à aprendizagem sua essência para a construção de uma Boa Escola. Considerações Finais Ao considerar os princípios e pressupostos para consolidação de uma Boa Escola não apenas como conteúdo a ser trabalho nos diferentes momentos e em diferentes documentos, mas também os utilizando como forma e metodologia de trabalho em todas as instâncias de trabalho da Secretaria Municipal de Educação, pode-se observar que a escrita do Projeto Político Pedagógico não está acontecendo de forma fragmentada, mas articulada a estudos e reflexões que vem acontecendo desde 2013. Nesse sentido, o trabalho coletivo dos profissionais envolvidos nas Semanas de Estudos Pedagógicos e nos Grupos de Estudos 2013, 2014 e 2015, objetivando a aprendizagem de todos e de cada um dos estudantes da Rede Municipal de Ensino de Curitiba vem sendo considerado nesse processo de consolidação de um Projeto Político Pedagógico vivo, em ação, que ultrapassa a necessidade de um documento formal, pois engendra de forma democrática discussões, reflexões e possibilidades de que o currículo, o planejamento e avaliação escolar contribuam para a formação integral de todos os estudantes e de cada um deles. A condução dos trabalhos de (re) escrita do Projeto Político Pedagógico das Escolas Municipais ainda está em processo de construção, contudo, já é possível observar nos registros das devolutivas encaminhadas pelas Escolas aos Núcleos Regionais de Educação, bem como nos Grupos de Estudos Regionais e no acompanhamento in loco nas escolas 11633 envolvimento de toda a equipe Gestora, o que tende a resultar em maior comprometimento na efetivação do PPP. Outro importante aspecto que tem sido apontados pelas equipes escolares é a ampliação no tempo de discussão, visto que este trabalho tem sido desenvolvido de forma crescente e sistemática desde 2013, envolvendo estudos e construção de uma base teórica, que suplantam o formato do roteiro pré-definido e a mera burocratização do documento com a instituição de prazos, sem que houvesse um aprofundamento de estudos reflexivos e teóricos sobre a Escola. Nesta perspectiva, relatos como o da pedagoga Cristiane Bianchini reafirmam a importância desse trabalho: “é possível perceber um movimento de ruptura com a percepção do PPP como um documento de gaveta, entendendo-o como um a identidade da escola, vivo, que perpassa todas as ações do coletivo escolar”. (sic) Outro aspecto apontado pela pedagoga é a ampliação da participação da comunidade escolar, e ainda sendo perceptível as mudanças de postura nas práticas cotidianas: acolhimento aos estudantes, envolvimento das famílias e escola, alteração nas práticas pedagógicas, na organização do trabalho pedagógico, repensar do tempo e espaço escolar, formação continuada in loco, indicando assim elementos para a consolidação de uma Boa Escola. É importante também considerar o intenso processo formativo que se estabeleceu de forma articulada entre as três instâncias organizacionais (Secretaria Municipal de Educação, Núcleos Regionais e Escolas Municipais) neste movimento de reescrita do PPP que se pautou nos direcionamentos instituídos nas SEPs e nos Grupo de Estudos, possibilitando uma maior construção teórica e reflexiva acerca da prática pedagógica. Este movimento também contribuiu para consolidar os momentos e espaços de permanência para estudo, planejamento e formação. Faz-se necessário ainda destacar que este processo não se conclui com a escrita do documento, mas alça voos para ampliar discussões e reflexões quanto ao processo de formação de professores, o que passa pela instituição de políticas públicas que contribuam para tal. Na perspectiva do processo ensino-aprendizagem é preciso pensar o PPP como elemento de garantia a aprendizagem, o que requer também rever práticas enraizadas no interior da escola e que muitas vezes mascaram concepções excludentes e marginalizantes que não contribuem para a consecução de uma Boa Escola. 11634 REFERENCIAS CURITIBA. Secretaria Municipal da Educação de Curitiba. Semana de Estudos Pedagógicos 2013. Permanência: espaço de formação continuada em serviço e de construção coletiva do trabalho pedagógico. Curitiba, 2013. CURITIBA. Secretaria Municipal da Educação de Curitiba. Semana de Estudos Pedagógicos 2014. O profissional da educação e sua relação com o trabalho na escola pública. Curitiba, 2014. CURITIBA. Secretaria Municipal da Educação de Curitiba. Semana de Estudos Pedagógicos 2015. O Currículo em ação e o direito à aprendizagem. Curitiba, 2015. CURY, Carlos Roberto Jamil. A educação básica como direito. Cadernos de Pesquisa. São Paulo: mai/ago2002, nº 38, p. 293-302. 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