24/02/15 O Curupira perdeu a força do mito, artigo de Raimundo Nonato Brabo Alves | Portal EcoDebate HOME BOLETIM DIÁRIO EDIÇ ÕES ANTERIORES Boletim Diário Contato C ONTATO EcoDebate EC ODEBATE Estatísticas EXPEDIENTE Expediente REGRAS Regras REVISTA C IDADANIA E MEIO AMBIENTE Revista Cidadania e Meio Ambiente O Curupira perdeu a força do mito, artigo de Raimundo Nonato Brabo Alves Pu blica do em fev er eir o 2 8 , 2 0 1 4 por Reda çã o 83 Like 26 20 Siga o EcoDebate RSS Twitter Facebook Boletim 0 3 Pesquisar Curupira. Imagem: fotosimagens.net [EcoDebate] O Curupira é uma entidade mitológica do folclore brasileiro. Tão antiga que o Padre José de Anchieta já o citava em 1560. Sua lenda alerta ao povo brasileiro da proteção das matas e dos animais. Dizem que ele emite assovios horripilantes para assustar e confundir caçadores que não respeitam o período de procriação dos animais, que caçam além do que necessitam para se alimentar e também protege as florestas dos lenhadores que derrubam árvores de forma predatória. O Curupira tem os pés virados para traz para confundir com suas pegadas os malfeitores que ao segui-lo, se afastam cada vez mais para o centro da floresta e são confundidos com ilusões que os deixam perdidos e enlouquecidos. No tempo de José de Anchieta eram apenas os caçadores e lenhadores. Hoje além deles são madeireiros, barrageiros, mineradores, garimpeiros, agronegociadores e principalmente legisladores que se o Curupira como entidade da floresta não conseguiu inspira-los, já perdeu ha muito seu poder de proteção contra os demais atores de destruição da floresta, tanto da Mata Atlântica quanto da Amazônia. O Curupira perdeu feio a batalha no Congresso Nacional com o novo texto do Código Florestal aprovado em primeira instancia na Câmara e no Senado. O “novo código” cujas emendas ameaçam as APPs e as matas ciliares e anistiava os desmatadores que em desrespeito a lei não preservou suas reservas florestais, se constitui em retrocesso segundo a comunidade científica e de ecologistas, preocupados com os crescentes desequilíbrios ambientais. Na floresta propriamente dita, o Curupira já não tem mais poder para confundir e demover de seus objetivos os barrageiros, que com o início das obras de Belo Monte anunciaram o start para a construção de dezenas de barragens na Amazônia. Hoje é crítica a cheia do Rio Madeira entre o conflito de interesses dos consórcios de Santo Antônio e Girau, inundando e isolando a cidade de Porto Velho e municípios vizinhos, no estado de Rondônia. Outras barragens estão sendo construídas removendo centenas de comunidades indígenas e tradicionais de suas terras e inundando milhares de hectares de solo e floresta, com toda a sua biodiversidade ainda desconhecida. Não tem mais poder o Curupira de impedir o avanço do agronegócio de monocultivos sobre as pequenas propriedades de agricultores familiares, que ao vendê-las a preços aviltantes aos grandes grupos empresarias, se tornam assalariados das mesmas empresas, comprometendo a cadeia produtiva de inúmeros cultivos como a o da mandioca, produto altamente ligado à cultura amazônida, provocando a instabilidade de oferta e de preço como no ano anterior, comprometendo a segurança alimentar da região. O Curupira há muito não consegue mais confundir os garimpeiros e mineradores que com equipamentos mais sofisticados multiplicam por muitas vezes a velocidade de exploração dos minerais da Amazônia a ponto de suplantar a capacidade de degradação natural de seus rejeitos tóxicos, transferindo como herança para às futuras gerações, verdadeiros “cemitérios” de metais pesados nas proximidades da maior bacia hidrográfica do planeta. Os mitos e lendas da Amazônia, tal como o Curupira, vem sendo triturados e liquefeitos pelas serras, turbinas, fornos e engrenagens que nos últimos 50 anos promovem o “desenvolvimento” da Amazônia. Quanto mais se fala em sustentabilidade a impressão que www.ecodebate.com.br/2014/02/28/o-curupira-perdeu-a-forca-do-mito-artigo-de-raimundo-nonato-brabo-alves/ 1/3 24/02/15 O Curupira perdeu a força do mito, artigo de Raimundo Nonato Brabo Alves | Portal EcoDebate fica é a de que menos se pratica. Espero que haja tempo para uma reflexão da sociedade sobre o futuro que queremos, para que nossos mitos e lendas tenham algum significado para as futuras gerações. Portal EcoDebate Like Raimundo Nonato Brabo Alves é Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental EcoDebate, 28/02/2014 11,971 people like Portal EcoDebate. [ O conteúdo do EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ] Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição. O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros. 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Observe que a remoção é automática mas não é instantânea. agricultura agrotóxicos Alexa Belo Monte CO2 conservação Amazônia aquecimento global consumo & consumismo Os nossos leitores gostaram igualmente de Rio pode conviver com racionamento de água a partir de agosto, diz especialista Novos nanobiossensores vão analisar presença de OGM’s em alimentos e produtos biotecnológicos Coordenadora do Sinitox/Fiocruz aborda os riscos da automedicação C onvenção do C lima Código Florestal-floresta zero desastres naturais desenvolvimento sustentável O licenciamento ambiental, artigo de Roberto Naime contaminação crise ambiental desmatamento energia energia nuclear entrevista governo Henrique Cortez hidrelétricas IBAMA indígenas legislação ambiental licenciamento economia educação Portal EcoDebate: Índice da edição nº 2.241, de 03/02/2015 Peixe recém-descoberto em gruta de Goiás já está ameaçado de extinção Carioca desenvolve aplicativo que ajuda a controlar consumo de energia MT Unidade de recolhimento de embalagens de agrotóxicos é interditada Portal EcoDebate: Índice da edição nº 2.249, de 18/02/2015 Sustentabilidade e celebração da vida I, artigo de Roberto Naime Recommended by Comments are closed. ambiental lixo modelo desenvolvimento movimentos sociais MP de mudanças climáticas pesquisa poluição política políticas públicas reflexão saúde segurança alimentar sociedade terras indígenas trabalho escravo urbanização água índice CREATIVE COMMONS CALENDÁRIO fevereiro 2014 S T Q Q S S D 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 « jan mar » CATEGORIAS LISTA DE LINKS Blog do Nelson Tembra Blog FURO, de Rogério Almeida Blog Telma Monteiro CIMI – Conselho Indigenista Missionário Artigo CPT – Comissão Pastoral da Terra Editorial Eco & Ação Notícia Henrique Cortez Weblog Podcast Videocast PÁGINAS Boletim Diário MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra Ondas3, Portugal Contato www.ecodebate.com.br/2014/02/28/o-curupira-perdeu-a-forca-do-mito-artigo-de-raimundo-nonato-brabo-alves/ 2/3