Franklin Ferreira No contexto da fé cristã, a teologia não é o estudo de Deus como algo abstrato, mas é o estudo do Deus pessoal revelado na Escritura. Necessariamente isso inclui tudo o que é revelado sobre ele e as suas obras e relações com as criaturas. Existem vários tipos de teologia, cada um com a sua própria metodologia. A teologia sistemática depende das pesquisas e dos resultados das outras áreas e sua metodologia requer a capacidade de aproveitá-los. Ao abordar o contexto histórico, o teólogo emprega o método da teologia histórica, ou seja, o estudo das doutrinas durante os séculos. Este método é um ponto de partida importante porque em dois mil anos um grande número das possibilidades foi examinado. Pelo estudo da formulação das doutrinas e do pensamento de teólogos importantes podemos aprender quais são as perguntas importantes a serem abordadas. A Bíblia é a fonte maior da teologia sistemática e é sempre a autoridade final. A Bíblia deve ser estudada para verificarmos qual é a posição verdadeira entre as escolhas possíveis. A Bíblia terá a resposta certa e final. As ferramentas de hermenêutica, as línguas originais, etc. devem ser usadas para chegarmos às conclusões corretas. A teologia sistemática depende do fruto do trabalho dos especialistas do Antigo e do Novo Testamento. A teologia deve ser formulada numa linguagem pertinente aos problemas e às necessidades atuais. O pastor precisa estar consciente da cultura ao seu redor para não responder perguntas que ninguém está fazendo e não pregar uma mensagem irrelevante. Assim, ele pode fazer com êxito a teologia prática, que é a aplicação dos resultados da teologia sistemática à vida atual. Aqui se inclui homilética, aconselhamento, educação cristã e outras disciplinas relevantes. Embora esta seja uma boa maneira de expressar logicamente os resultados do estudo da teologia sistemática, devemos ter em mente que ela é feita num processo de interação constante entre estes três contextos e não isoladamente. “Teologia sistemática é aquela disciplina que tenta dar uma exposição coerente das doutrinas da fé cristã, baseada principalmente nas Escrituras, falando às perguntas e questões da cultura e época em que ela existe, com aplicação à vida pessoal do teólogo e outros.” John Hammett A tarefa da teologia sistemática é oferecer um sistema. A teologia sistemática trata das doutrinas da Bíblia através do exame do que a Bíblia inteira diz sobre aquela doutrina. A teologia sistemática mostra como as doutrinas da Bíblia se relacionam logicamente. Então, a partir dos dados da Bíblia uma cosmovisão é construída e comunicada. Esta cosmovisão abrange todas as áreas da vida que são tocadas pela própria Bíblia. Neste sentido, a teologia sistemática é uma teologia abrangente. A teologia sistemática procura ser abrangente, mas não vai além do que está dito na Bíblia. A teologia sistemática pretende evitar a especulação, a não ser que o teólogo admita que ele está fazendo especulação. O teólogo precisa evitar a tentação de dar às suas próprias especulações autoridade igual à Bíblia. É preciso tratar com questões abstratas e complicadas, mas o teólogo deve sempre mostrar a diferença que as suas conclusões fazem na vida cotidiana. Teologia existe para que possamos conhecer, obedecer e amar a Deus melhor. Aquele que acha que pode ser um teólogo teórico, protegido na academia, distante do povo, se engana. Quem não faz a teologia tendo em mente as necessidades do povo nos bancos da igreja não é um teólogo cristão de verdade. O fato que quase todos os teólogos de maior influência na história da igreja também eram pastores é revelador. Então, a teologia sistemática é uma reflexão interpretativa e sistematizada da Palavra, tendo como meta a compreensão e sistematização de toda a doutrina cristã, sendo, portanto, uma disciplina normativa, com um compromisso primário com Deus e com a sua verdade revelada. O ensino correto sobre Jesus Cristo e a salvação são essenciais: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7.37-38 ARA). “Conforme disse antes, digo outra vez agora: se alguém vos pregar um evangelho diferente daquele que já recebestes, seja maldito” (Gl 1.9 A21). A teologia é essencial,pois esclarece o ensino bíblico sobre os assuntos mais importantes para a nossa fé: “Para os cristãos genuínos, a essência, ou centro, do evangelho é a expiação; a base é a Trindade; e a única fonte legítima é a Bíblia” (Gordon Clark). A autoridade das Escrituras. As doutrinas que são essenciais à fé cristã, incluindo uma cuidadosa distinção entre heresia e erro. O avivamento e renovação da igreja. A violência, a corrupção e a pobreza (cf. Tg 5.1-8). A liberdade religiosa e a liberdade de expressão. A estrutura política e o embate ideológico e partidário. Conservar “o mistério da fé com a consciência limpa” (1Tm 3.9 ARA) Procurar “apresentar-te aprovado diante de Deus, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15 A21). “Que se mantenha firme na palavra fiel, conforme a doutrina, para que seja capaz tanto de exortar na sã doutrina quanto de convencer os seus opositores” (Tt 1.9 A21). “Tu, porém, fala o que está em harmonia com a sã doutrina” (Tt 2.1 A21). O estudo teológico deve ser produzido num ambiente de devoção e adoração. Como um padrão, todos os grandes teólogos da igreja cristã – Irineu de Lyon, Atanásio de Alexandria, Basílio de Cesaréia, Agostinho de Hipona, Anselmo de Cantuária, Tomás de Aquino, Martinho Lutero, João Calvino, Jonathan Edwards e John Wesley – ainda que discordassem entre si em alguns aspectos nãoessenciais da fé cristã começaram e terminaram suas obras com adoração e louvor. Então, os teólogos devem meditar, escrever e ensinar para a glória de Deus. E somente para a glória de Deus.