o crente que atua dessa maneira e que pratica o "jejum cristão" conforme discorremos neste capítulo, capacita-se para receber as inefáveis bênçãos de Deus, conforme o texto de Isaías já citado:. "Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante da tua face, e a glória do Senhor será a tua retaguarda. Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás e Ele dirá: Eis-me aqui . . . Então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares secos, e fortificará teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam" (Isaías 5&;8-*ll). Extasiados com tantas bênçãos e promessas do Senhor, juntamos as nossas vozes com a de Paulo e exclamamos: "ô profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu o intento do Senhor? ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a Ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele, sào todas as coisas; Glória pois a ele eternamente. Amém." (Rom. 1 1:33-36). TERCEIRA PARTE APÊNDICE DOUTRINA E PRÁTICA DO JEJUM NA ATUALIDADE P A PRÁTICA ATUAL DO JEJUM NAS IGREJAS EVANGÉLICAS Conquanto o escopo deste livro seja um estudo da doutrina do jejum dentro da Bíblia, o que fizemos na prirneira e segunda parte, achamos necessário, para um melhor esclarecimento dos leitores, discorrermos um pouco sobre a prática do jejum ainda mantida em nossos dias entre os evangélicos, dal o fato de termos criado este apêndice, que sabemos ser de grande valia no sentido de corroborar com o estudo feito na Bíblia Sagrada. Atualmente, ainda encontramos igrejas evangélicas e ressoas, particularmente, que praticam o jejum com finaidades religiosas, principalmente entre as igrejas dos grupos pentecostais. Muitas delas têm a doutrina como atual, praticando-a com certa regularidade, muitas vezes em caráter oficial, proclamado e regulamentado pela própria igreja. Em face disso, muitos crente ficam num dilema espiritual, perguntando e se perguntando se o jejum deve ou não ser praticado pelos cristãos. Por que uns jejuam e outros não? Se não temos base bíblica para a aplicação da prática do jejum como doutrina cristã; se os fatos e doutrinas neotestamentários provam que o sacrifício de Jesus substituiu todo o sistema antigo de sacrificios pelo pecado. - 68 - inclusive o jejum; pergunta-se: Por que ainda se pratica o jejum com finalidades religiosas no meio cristão? Estudamos o assunto em todas as suas principais implicações, mantivemos alguns contactos com crentes que jejuam nos diversos grupos evangélicos, procurando uma resposta à pergunta acima. Assim, podemos dizer que são vários os fatores que têm contribuído e vêm contribuindo para a existência de tal prática doutrinária no meio evangélico, porém todos sem qualquer fundamento nas páginas do Novo Testamento. Por isso achamos por bem registrar neste livro esse fatores para que o cristão sincero e interessado nas coisas de Deus possa conhecer quão frágil é a base doutrinária e teológica daqueles que jejuam e ensinam a doutrina do jejum como sendo cristã, evangélica, neotestamentária. Vamos a seguir tratar, separadamente, de cada um desses fatores, registrando apenas aqueles que achamos de maior importância entre muitos outros que podem ser citados, menos importantes. 1. Desconhecimento de suas implicações doutrínirías e teológicas Esse, não resta dúvida, é um dos principais fatores que encontramos sobre a prática atual do jejum entre os evangélicos. O jejum é praticado por muitos crentes que se baseiam tão-somente no fraco argumento de que a doutrina está na Bíblia. Logo que se pergunta a esses crentes, muitos deles obreiros, por que jejuam? respondem: Não está na Bíblia? O irmão nunca leu que Jesus Cristo jejuou? Paulo, Moisés, Elias, e outros grandes servos de Deus jejuaram. Portanto, eu os estou acompanhando. Citam, também, o ensino de Jesus sobre o jejum registrado em Mateus 6:16 e Marcos 9:29. São fatos e textos que não vamos dicutir aqui, porque já o fizemos em outros capítulos deste livro, os quais nada provam sobre a validade do jejum como doutrina cristã. Aceitam o fato somente por uma simples leitura de alguns textos bíblicos sem se interessarem por um estudo profundo da matéria afimde descobrir as suas implicações doutrinárias e teológicas. Quando se pergunta: Quando foi instituído o jejum? Qual a finalidade do jejum? Por que foi o jejum instituído? Respondem com evasivas, demonstrando a sua falta de conhecimento da matéria. Fomos informados de uma Igreja Batista de um ramo com tendências "pentecostais", na qual o crente para participar da Ceia cio Senhor precisa estar em jejum completo, total. E o informante explicou:"Jejum total, quer dizer jejum de alimento e jejum de sexo". Pobre daquela Igreja e pobre daquele pastor, para quem alimento e sexo é pecado. Isso é ignorância doutrinária; é desconhecimento bíblico. E, infelizmente, nessa canoa estão embarcando muitos crentes sinceros por falta de esclarecimento. E isso compete a nós como obreiros, como "bons despenseiros de multiforme graça de Deus" (I Ped. 4:10). Muitos deles são realmente crentes piedosos, sinceros, honestos, que praticam o Jejum querendo melhor se consagrar a Deus, não há dúvida. Como disse Paulo: " . . . têm zelo de Deus, mas não com entendimento" (Rom. 10.2). 2. Fatores Psicológicos ou Fisiológicos Alguns simplesmente jejuam porque dizem que se sentem bem quando oram e meditam em jejum. Que isso pode ser válido para certas pessoas, não discutiremos, mas não se deve confundir fatores psicológicos, ou fisiológicos, com fator espiritual. Há pessoas que se sentem muito bem orando e estudando pela manhã, pela madrugada. Uns gostam de orar e estudar nos seus escritórios, outros, no Templo, e alguns indo para lugares ermos, longe de tudo e de todos. Assim, também, uns se sentem bem para o estudo, ou outra atividade espiritual, estando bem alimentados, já outros, estando em jejum. Mas nada disso - 70 - tem alguma relação com a comunhão com Deus propriamente dita. Não há base bíblica e nem lógica para se pensar e ensinar que Deus atende melhor quando a pessoa está de estômago vasio. Isso seria.limitar a atuação de Deus. O Senhor olha é para um coração vazio do pecado e não para o estômago vasio ou cheio de alimento. Como dissemos atrás, são fatores que realmente existem em determinadas pessoas, unicamente de caráter psicológico oufisiológico,mas sem qualquer importância para a vida espiritual na sua comunhão com Deus. Não se pode e nem se deve firmar doutrinas espirituais nessas manifestações particulares do indivíduo. 3. Evocação de Fatos Históricos Ouvimos alguém que, defendendo a prática do jejum, relatou-nos o que aconteceu em épocas passadas, por exemplo na Letónia e na Suécia, quando houve nesses países manifestações de Deus e os crentes.passaram por um grande avivamento espiritual, e que naquela época, entre outras atividades espirituais, os crentes jejuaram e tiveram grandes bênçãos de Deus, o que seria, por isso, prova da validade do jejum. É lógico que não vamos contestar os avivamentos espirituais acontecidos entre o povo de Deus em alguns países e igrejas, todavia, não devemos pensar e defender que tudo o que fizeram e praticaram nesses avivamentos, movidos pelo entusiasmo ou pelo temor, tenha tido a direção a aprovação de Deus ou tenha sido o fator princi)al das bênçãos obtidas, e que sirva de base para agora ormularmos um ponto doutrinário qualquer, mesmo sem apoio nos princípios evangélicos. Aliás, é fato conhecido e a história tem registrado, que todos os movimentos espirituais acontecidos através da história cristã têm sido acompanhados de exageros, fanatismos e até mesmo de atuação do inimigo procurando confundir os crentes e desviá-los da verdade. Paulo disse que qualquer que se apresentar pregando um outro evangelho, fora dos princí- pios cristãos, mesmo que seja um anjo do céu, seja anátema (Gál. 1:8-9). Não importa de onde vem e por quem é trazido; se não tem base bíblica, nos ensinos de Jesus Cristo, não é digno de crédito^ não tem valor doutrinário: É anátema. E é interessante observar que nesse texto Paulo estava combatendo as intromissões da lei judaica no Evangelho de Jesus Cristo. É o que acontece com o jejum. 4. Nova Finalidade para o Jejum Esse é o argumento mais mesquinho que já vimos em matéria doutrinária. Dizem alguns defensores do jejum: "Sabemos que todo o ritual levítico foi abolido por Cristo na cruz. Sabemos que o jejum não tem mais a sua finalidade antiga de um sacrifício pelo pecado, todavia podemos praticá-lo com novos propósitos, para melhor nos consagrarmos a Deus". Perguntamos: Quem deu autoridade para se constituir nova finalidade ao jejum? Onde está escrito que o jejum agora tem uma nova finalidade espiritual? Onde está escrito que estômago vasio é sinal de coração limpo e consagração a Deus? Comparamos isso com as donas-decasa que quando uma panela se fura e fica sem condição para fazer a alimentação, transformam num vaso e plantam uma folhagem. Ou então aproveitam as latas vazias de conservas, transformando-as em utensílios domésticos. Que isso tenha validade na vida doméstica ou em outro setor da vida humana é uma coisa, mas em doutrina cristã a coisa é muito série. É assunto que pertence a Deus e não ao homem. Só o Senhor é que tem faculdade absoluta de legislar em matéria doutrinária. Deus não deu essas credenciais ao homem, pelo contrário, adverte: " . . . se alguém lhes acrescentar alguma coisa. Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro . . . E se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia. Deus tirará a sua parte da árvore da vida . . ." (Apoc. 22:18-19). Um certo Pastor de uma Igreja nos Estados Unidos, escrevendo numa revista religiosa sobre o jejum, declarou - 72 - que ele e sua Igreja jejuam, e explica gue o jejum atualmente não tem a finalidade de um sacrifício para alcançar uma graça especial de Deus, mas é uma maneira especial de prestar um culto de louvor a Deu.s. E diz, naquele seu artigo, que o Senhor se alegra com isso. Não entendemos como um Pastor pode afirmar uma coisa dessa. Onde ele foi buscar isso na Bíblia? Onde está escrito sobre essa nova maneira de louvar a Deus? E ainda afirmar que Deus se alegra com esse sacrificio? Isso não é cristianismo não, meus irmãos; é paganismo, masoquismo, é heresia. A Palavra de Deus declara: "Misericórdia quero e não sacrifício" (Mat. 9:13 e 12:7). Ler também Sa . 51:16-17. Outrossim, perguntamos: Por que somente ao jejum, do velho cerimonial, deva ser dado uma nova finalidade? Por que também não aos sacrifícios de animais? Por que também não à circuncisão, ao óleo da unção e outros componentes do cerimonial judaico? Por que somente o jejum deva ser salvo dos escombros do cerimonial da antiga dispensação? Não vamos transformar os trapos da vestidura antiga numa nova peça para as doutrinas cristãs (Mar. 2:21). A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática, por isso devemos nos manter unicamente dentro daquilo que ela realmente ensina como doutrina cristã. Não devemos seguir os maus exemplos das autoridades judaicas que a cada passo acrescentavam pontos sobre pontos nos preceitos de Deus, e por isso receberam a condenação de Jesus (Mar. 7:7-9). É o que vêm fazendo em nossos dias muitas seitas, principalmente a Igreja Católica, para as quais já está escrita a condenação divina (Apoc. 22:18-19). 5. Imitação ou Simpatia pessoal Há pessoas que, por incrível aue pareça, não têm qualquer convicção sobre a prática do jejum, mas porque pessoas com quem se simpatizam ou que tenham um certo destaque denominacional jejuam, f^azem o mesmo. imitando aos outros. Citam obreiros e crentes do presente e do passado, dizendo: Pastor "fulano" é batista, é um grande servo de Deus; ele jejua. "Sicrano", grande evangelista do passado, jejuava e sempre foi muito usado por Deus. E arrematam: Então, se esses servos de Deus jejuavam e jejuam, por que eu não posso também fazer o mesmo? Para eles não tem muita importância o que a Bíblia diz, o que o Novo Testamento ensina. Se outros estão fazendo, acompanham. Costumamos cognominar a essas pessoas de "Maria-vai-com-as-outras". Mas o crente sincero não deve ser assim. Ele deve aceitar e praticar em sua vida cristã somente o que tenha plena convicção de ser a verdade, agindo com raciocínio e discernimento cristão. 6. Experiências positivas atribuídas ao jejum Muitos crentes gue praticam o jejum têm tido experiências positivas, bênçãos e vitórias, que atribuem ao jejum. Conversando com um jovem obreiro, ele afirmounos que pratica o jejum e o faz porque tem alcançado grandes bênçãos de Deus quando jejua. E completou com a seguinte expressão: "A experiência é argumento muito mais forte do g^ue a teoria . Muitos, como esse jovem, têm tido experiências positivas também com a prática do jejum, como acham. Então, perguntamos-lhe como é que pratica o jejum, ao que nos respondeu: escolho um determinado dia, levanto-me pela manhã e dedico todo o dia para o jejum, oração, meditação e louvor a Deus. Clamo ao Senhor pelos meus problemas c Ele me responde. Nada mais. Praticamente, é assim que fazem todos os jejuadores. Não queremos ser irreverentes cora ninguém, principalmente quando sentimos que há sinceridade na pessoa, mas não podemos deixar de refutar o assunto. Em primeiro lugar, quremos dizer que, em matéria religiosa. - 73 - - 74 - principalmente, a experiência não é realmente o maior argumento. Esse pertence à Bíblia. O que não tiver base bíblica, mesmo que venha estribado na maior experiência, não terá validade doutrinária, cristã. E se formos nos firmar nesse argumento, de que a experiência é mais forte do que a teoria, temos que aceitar muitas heresias que. andam por aí fundamentadas em experiências humanas; Mas observem acima o conteúdo da resposta daquele jovem sobre a maneira que ele jejua. Vejam que ao lado do jejum entrou a oração, a meditação, o louvor a Deus e o clamor ao Senhor pelas suas necessidades materiais e espirituais. Depois de tudo isso que ele fez durante um dia, vem a dizer que tem tido grandes bênçãos com o jejum? Parece que as outras coisas, como a oração, o clamor, o louvor, a meditação, não tiveram muito vaílor no caso. E foi realmente nessas outras coisas que acompanharam o jejum, que estava o perfeito valor para alcançar as bênçãos de Deus. não ser resultados de caráter psicológicos, que já tratamos atrás. Essa é a verdade, caros leitores. O crente piedoso e sincero na sua fé, diantg de um problema qualquer coloca-se na presença do seu Deus em busca do socorro. Nesse seu afã, introduz também o jejum. Deus que é misericordioso e não olha para os fatores exteriores, mas para a sinceridade de coração do seu filho, atende-o na sua necessidade, sem que o jejum tenha tido alguma utilidade no caso. Mas, infelizmente, o jejum é que tem levado a fama e isso tem contribuído para aumentar o número de jejuadores. Por isso a Bíblia nos exorta: "Examinai tudo, retende o bem" (I Tes. 5:21). Esse é nosso dever; todas as coisas precisam ser examinadas, e isso, à luz da Palavra de Deus. Isso leva-nos a lembrar do que acontece com esses curandeiros e benzedores que andam por aí fazendo "milagres", os quais, depois de aplicar o seu ritual de magia, "receitam" uma série de medicamentos para o doente tomar ou aplicar em sua enfermidade. O doente sara, porque os remédios atuaram, mas quem leva a fama são eles, os curandeiros, com suas magias milagrosas. Sempre que falamos com alguém sobre esse assunto, lançamos o seguinte desafio: Passe de agora em diante a fazer tudo o que você tem feito, quando jejua, menos o jejum. Isto é, separe um dia para estar a sós com Deus, ore, medite, leia a Bíblia, cante louvor ao Senhor e clame pela Sua ajuda naquilo que você esteja necessitando. E veja se Deus não lhe vai atender, como tem feito das outras vezes. Ou, por outro lado, faça ao contrário: Só jejue, um dia, dois, quantos quiser, mas não faça outra coisa, não ore, não medite, não louve a Deus, não leia a Bíblia, e veja qual vai ser o resultado desse jejum. Nada; a 7. Superstição Na verdade, temos muitos crentes supersticiosos em nosso meio evangélico. Certa vez, quando de um batismo realizado numa pequena Igreja do interior do nosso Estado, um irmão, e não tão simples assim, levou uma garrafa vasia para encher com água do rio retirada no momento do batismo. Disse ele que era para fazer remédio. É até uma superstição um tanto contraditória, pois se naquela água houvesse de ter algum produto saído do batismo, esse produto seria o pecado dos batizandos, se crêssemos assim. E o pecado não teria poder para curar alguma coisa.Seriamais uma dose de pecado para o coitado do pecador que estava doente. Mas, esta aí, foi um crente que saiu com essa. Outros acham que oração poderosa é aquela que é feita pela madrugada. Alguns acham que Deus só atende quando se ora dentro de um Templo. Muitos só acreditam em orações feitas de joelhos. E os jejuadores acham que o jejum é a chave para despertar a misericórdia de Deus. São superstições. E superstições evangélicas, diríamos. - 75 - - 76 - Assim o crente, ora, pede, clama, e, por um motivo oti outro, que não sabemos porque. Deus não o atende, ou parece que não o atendeu. Ta vez por não estar dentro da vontade de Deus. Ou quem sabe que algum pecado vem prejudicando a vida daquele crente," e ele não tem pensado nisso. Então, lá vem a superstição, e o crente começa a jogar com tudo que tem, e é aí que entra o jejum. E às vezes é alguém que lhe insinua: O irmão precisa orar em jejum; deixe de dar lugar a matéria; dê lugar ao espírito. E e aí que muitas vezes entra também o fator psico ógico de que tratamos anteriormente: Realmente ele passa a notar que só consegue grandes vitórias quando ora em jejum. Todavia, nada mais é que simples superstição. 8. Inato espirito de sacrifício do ser humano Por um fator biológico qualquer, que desconhecemos, o ser humano já traz na sua natureza esse espírito de sacrifício. Aliás, ensina a Biologia que o óvulo materno empreende um grande sacrifício para deixar o ovário e transportar-se até o lítero. É com sacrifício e dando sacriiício que a criança vem à luz, para, por toda a sua vida empreender um sacrifício constante pela existência. Então isso faz com que o ser humano passe a conceber que as grandes coisas, as grandes vitórias, só serão alcançadas a custa de sacrifícios. E isso tem afetado a vida espiritual com respeito à religião. "Que hei de fazer pata herdar a vida eterna", perguntou o moço rico. "Que é necessário que eu faça para me salvar?" perguntou o carcereiro de Filipo. Simão, o mágico, quis pagar com dinheiro o dom do Espírito Santo. Os pagãos, que não têm entendimento cristão, naturalmente criam as suas religiões baseadas em sacrifícios. Muitas religiões hoje, consideradas cristãs, tiram partido dessa fraqueza natural do indivíduo e prescrevem exercícios sacrificais para que os seus fiéis alcancem bênçãos. É o que acontece principalmente com a Igreja Católica, e, para que não dizer, até no meio evangélico. Isso tem feito com que muitas pessoas não entendam e não aceitem a simplicidade da mensagem evangélica de salvação, dizendo que um pecador não pode ser salvo pela simples aceitação de Jesus Cristo como seu Salvador. Acham que precisam de muitas outras coisas e muito sacrifício. E o crente em Jesus Cristo, vindo em grande parte desses ambientes, e trazendo no sangue também esse germe de sacrifício, não pode entender, muitas vezes, que venha a alcançar grandes bênçãos de Deus sem qualquer sacrifício, sem qualquer maceração do seu próprio corpo e espírito, vindo daí o fato de aceitar o jejum como uma forma especial de sacrifício. Só mesmo o estudo da Palavra de Deus e a confiança total no seu poder, o libertará de tudo isso. Jesus Cristo asseverou: "Errais, não conhecendo as escrituras, e nem o poder de Deus" (Mat. 22:29). E outra vez: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8:32). - 78 - 11? QUANDO O JEJUM É VÁLIDO PARA O CRENTE Como preceito religiosos, de caráter espiritual, para ser praticado como uma parte da vida devocionaí, o jejum nunca é válido na vida do crente, pelos fatos já expostos neste livro. Porém, há algumas circunstâncias que podem levar o crente a jejuar. Jejum ocasional, circunstancial. Vamos alinhar, abaixo, alguns casos principais de jejuns circunstanciais, e até com um certo toque religioso, em que o crente pode jejuar. 1. Jejum em benefício da saúde Muitos crentes estão doentes, e até correndo o perigo de morte, porque estão incursos no pecado da glutonaria. Comem tudo e de tudo em prejuízo da própria saúde. E sabendo que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, precisamos nos abster daquilo gue o prejudique. Então um jejum de vez em quando laz bem à saúde e é necessário. Bem como um certo regime alimentar é de muita importância para a saúde. Às vezes, isso obedece a prescrições médicas, mas nós mesmos temos condições para saber quando devemos ou não comer certos alimentos e até mesmo quando devemos deixar de comer alguma coisa. 2. Jejum em benefício do próximo Quantas vezes nós estamos de barriga cheia, comendo do bom e do melhor, e o nosso próximo, ao nosso lado, às vezes um irmão em Cristo, está passando fome, sem ter nada para si e para os seus filhos. Apenas nos mostramos penalizados daquela triste situação e nos alheiamos com a desculpa de que também somos pobres e temos nossas responsabilidades com nossa família. E se fizéssemos um jejum, dando o nosso alimento ou o dinheiro correspondente para amenizar um pouco a fome daquele que nada tem? Estamos informados de que nos Estados Unidos; os batistas do Sul, em todas as convenções estaduais, estão promovendo atualmente (abril de 1975) uma grande campanha alimentícia em favor dos que sofrem fome no mundo, principalmente na Ásia. Como parte da campanha, famílias estão fazendo semanalmente um dia de jejum, sem contar as crianças, é lógico, usando o dinheiro que seria gasto em alimentos naquele dia para enviar às diversas partes do mundo onde existe fome e miséria. Inclusive a Missão Batista de Richmond é uma das intituições que estão recebendo os donativos com essa finalidade. Isso sim é um jejum que merece aplausos e que é recebido por Deus. Ao mesmo tempo em que conseguem verbas para os pobres e famintos, sentem na própria carne a dor da fome, numa perfeita identificação com aqueles que sofrem (Ler Heb. 13:16). Por curiosidade, fizemos o seguinte cálculo: Se cada batista brasileiro contribuísse com o correspondente de um dia de jejum sem^anal, durante um mês, considerando-se um gasto per capita de Cr$ 20,00 por dia e um total de 300.000 batistas, levantarímos um total aproximado de Cr$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de cruzeiros), num mês, para beneficiar os que têm fome. Valeria à pena um jejum assim. 3. Jejum em benefício da vida espiritual e devocionaí do crente Não resta dúvida de que a comida tem realmente prejudicado a vida espiritua e devocionaí de muitos crentes. Alguns não assistem aos cultos dominicais para não perder a hora do almoço. Muitas irmãs estão impedidas de irem à Escola Bíblica Dominical porque precisam preparar um bom almoço segundo as exigências do esposo e dos filhos, que são crentes também. Muitas empregadas crentes, de senhores crentes, também gastam o Domingo na preparação dos diversos pratos alimentares, não - 80 - ESTE LIVRO DEVE SER DEVOLVIDO podendo, por isso, ir à Escola Bíblica Dominical e outras atividades da Igreja. Outros não vão ao culto de Oração, porque não dá tempo, chegando em casa em cima da hora, a não ser que deixassem a janta para a volta. Mas isso não, disse-nos uma vez um irmão. Muitos crentes não aceitam trabalhos em congregações em bairros distantes, onde precisam sacrificar o almoço ou a janta. E quantos crentes que não dão os dízimos porque têm medo de ficar sem ahmento. São pessoas que se comparam aos ímpios, "cujo Deus é o ventre" (Fi ip. 3:19). Nesses casos, também valeria à pena um jejum. "Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mat. 6:33). Ainda com respeito à vida devocionaí, é válido o crente dedicar de vez em quando um dia ao Senhor para oração e meditação. E se naquele dia, por qualquer circunstância, ele tenha que optar em permanecer no seu momento de comunhão com Deus ou ir em busca de alimento, achamos que o ficar em comunhão com Deus é muito mais importante. Mas observem que o jejum aí entrou como fator circunstancial e não cerimonial, isto é, o valor está no fato do crente manter a sua comunhão com Deus e não por estar em jejum. E se por fatores fisiológicos o jejum vai-lhe trazer problemas na sua comunhão com Deus, alimente-se primeiro para poder continuar depois na sua devoção. E, aliás, o crente não deve perder a comunhão com Deus quando alimenta-se. Deus deve estar à mesa com ele. Assim, discorremos um pouco sobre esses três casos principais, quem sabe que outros haverão em que o jejum é válido na vida do crente em Jesus Cristo. Mas frisamos, são casos que se referem a jejuns circunstanciais, sem qualquer valor cerimonial, nada tendo a haver com a antiga doutrina do jejum, segundo o Velho Testamento, a qual já foi refutada neste livro como doutrina alheia aos preceitos do Novo Testamento, da Graça de nosso Senhor Jesus Cristo. NA ÚLTIMA DATA MARCADA