CULTURA, LAZER E TURISMO A FESTA DO PINHÃO DE SÃO FRANCISCO DE PAULA/RS Edição 2009 Airton da Silva Negrine1 Alessandra Pinto Nóra2 Patrícia Kreusburg Marques3 Rosana Peccini4 Resumo O artigo é produto de um trabalho acadêmico de investigação realizado no Mestrado de Turismo da Universidade de Caxias do Sul tendo como cenário de estudo a XIII Festa do Pinhão de São Francisco de Paula/RS. A análise do evento teve como foco dar destaque a Araucária e seu fruto, a gastronomia e os valores culturais do pinhão como alimento de diferentes espécies que está em vias de extinção segundo fontes citadas no texto. Analisa a festa como cultura, lazer e turismo. 1. Cenário da festa As motivações para elaboração deste escrito surgiu no decorrer da disciplina Turismo e Ludicidade no Mestrado de Turismo da Universidade de Caxias do Sul/RS no primeiro semestre de 2009. Professor e alunas comprometidos com a construção e socialização do conhecimento, produto dos trabalhos acadêmicos nos cursos de estrito senso, a partir das discussões teóricas sobre a festa como produto turístico, das visitas in loco de festas populares da região da serra Gaúcha e da investigação das origens do objeto foco da festa estudada, decidiram através deste artigo dar a conhecer 1 Orientador e Professor no Mestrado de Turismo da UCS. Mestranda de Turismo da UCS. 3 Mestranda de Turismo da UCS. 4 Mestranda de Tursimo da UCS. 2 1 particularidades da Araucária como planta e de seu fruto, as origens da festa como atrativo turístico e os aspectos culturais que envolvem a temática. Considerando as especificidades que podem caracterizar o artigo científico, revisão, ensaio e resultados de investigação científica, este se caracteriza como ensaio, artigo que se escreve com a intenção clara e deliberada de analisar questões pontuais da festa visitada e estudada pelos autores. As reflexões apresentadas sobre o evento estudado estão limitadas a visita in loco da 13a Festa do Pinhão de São Francisco de Paula e amostra da gastronomia serrana. São Francisco de Paula é um município localizado na serra gaúcha, a 112 km de Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul. Apenas 30 km da cidade de Canela e distante a 44 km de Gramado que são dois centros das visitas turísticas da região das hortênsias. A 13.ª Festa do Pinhão de São Francisco de Paula ocorreu em 2009 no período de 04 a 14 de junho, no Parque de Exposições Davenir Peixoto Gomes, também conhecido como Parque da Balança. Localizado na região meridional da Serra Geral, o lugar fica distante por volta de 112 quilômetros de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. De acordo com informações do Secretário de Turismo do município São Francisco de Paula, Eron Sidney França e a assessora de organização do evento, Mariane Soares, a primeira Festa do Pinhão ocorreu no ano de 1961, no Parque Devanir Peixoto Gomes como uma atividade das escolas, tornando-se, com passar dos anos uma festa típica do município. No ano seguinte, em 1962, por meio de um decreto lei municipal, o evento tornou-se uma das festas oficiais do município de São Francisco de Paula. Foi na Sociedade Cruzeiro que fica localizada no perímetro urbano do município, que ocorreu 3a edição da festa em 1968. A 4a quarta edição ocorreu na década de 1970, ocasião em que a cidade teve seu primeiro desfile militar. Depois da 4a quarta edição, a festa ficou 23 anos sem acontecer, retomando suas edições no ano 1997. No período de 1997 a 2000 a festa passou ocorrer anualmente no Ginásio Municipal de Esportes. De 2001 a 2004, a festa passou a ser realizada na Av. Júlio de Castilhos e na Praça Podalyro Alves da Silva, localizadas no centro da cidade de São Francisco de Paula. As edições de 2005 a 2008 voltaram ocorrer na Sociedade Cruzeiro, e, no ano de 2009, a festa retornou ao seu local de origem, o Parque de Exposições Davanir 2 Peixoto Gomes, localizado a 5 quilômetros de distância do centro da cidade, num trecho de difícil acesso, caracterizado por estrada de chão e sem sinalização. Uma das críticas que se pode fazer aos organizadores da festa, diz respeito à difusão do evento no entorno da cidade onde ocorre. Por exemplo, que se deslocava de Gramado para ir a São Francisco de Paula, havia de passar pela cidade de Canela e seguir até o local da festa. Nesse trajeto, não foi visível nenhuma placa ou qualquer forma de divulgação da festa, o que de certa forma compromete a participação de turistas. Exceto no trevo de entrada de São Francisco de Paula, havia um pórtico que indicava o acesso ao parque onde a festa estava sendo realizada em 2009. Considerando as distâncias do parque em relação ao perímetro urbano da cidade e a falta de pavimentação de acesso ao lugar, os organizadores através da prefeitura municipal, para facilitarem o deslocamento das pessoas oriundas das classes menos abastadas do município, disponibilizou gratuitamente transporte coletivo urbano para os munícipes. Durante os dias de festa, havia um cronograma de horários de saída dos ônibus do centro da cidade, que passavam pelos bairros do município, com o intuito de facilitar o deslocamento das pessoas até a festa. Da mesma forma, também havia um cronograma previamente elaborado pelos organizadores para transportar os visitantes do parque à cidade de São Francisco de Paula. Este é um aspecto que merece destaque positivo, uma vez que a estratégia teve como objetivo facilitar a visita dos munícipes e visitantes ao evento. Portanto, o artigo foi escrito como base: na pesquisa bibliográfica pertinente a origem da araucária e seu fruto; na festa como evento lúdico; nas observações seletivas e pontuais realizadas pelos pesquisadores, nas entrevistas informais feitas com os organizadores, expositores e turistas. 2. A araucária e seu fruto O pinhão é a semente da pinha que é o fruto de uma árvore denominada Araucária, que possui quatro espéciess diferentes, todas localizadas no hemisfério sul. Duas espécies de araucária, denominadas Bidwillii e Hunsteinii, são cultivadas na Nova Guiné e ao leste da Austrália. Outra espécie é araucária Araucana também conhecida como Pinheiro do Chile ou Pehuén cujo cultivo está localizado na região sul do Chile e no sudoeste da Argentina. A araucária Angustifólia é mais uma espécie, denominada de Pinheiro-do-Paraná. Essa é uma árvore nativa do Brasil que se encontra na região sul e sudeste do Brasil e em Missiones na Argentina. A característica singular da araucária é a copa em formato de cálice. É uma árvore alta A araucária do Brasil também conhecida como pinheiro brasileiro tem 3 especificidades e originalidade próprias. Há muitos tempos passados, no Brasil, quando os pinheiros eram abundantes, os indígenas cunharam de curitiba para significar a imensidão de pinheiros. De acordo com o que consta no site oficial da prefeitura de Curitiba/PR, a origem da palavra é Guarani. Kur yt yba significa grande quantidade de pinheiros, na linguagem dos índios, primeiros habitantes do território. A palavra curitiba foi imortalizada quando escolhida para designar o nome da cidade capital do Paraná, estado onde a araucária foi muito cultivada. O fruto da araucária é a pinha que pode conter até mais de 100 sementes comestíveis, denominadas pinhões. Por ocasião desse estudo, os pesquisadores decidiram adquirir uma pinha, pesá-la e depois abri-la e contar os pinhões comestíveis. A pinha utilizada no experimento pesava 1 quilo e 745 gramas e continha 92 pinhões comestíveis. É importante esclarecer que em uma pinha existem pinhões comestíveis, aqueles que se desenvolvem e os pinhões não comestíveis, que apresentam o mesmo formato dos primeiros, mas não se desenvolvem. Pode-se dizer que não engordam linguagem utilizada para facilitar a compreensão do leitor. Ao abrir a pinha para contar os pinhões foi possível perceber que ela continha pinhões magros e gordos. Os últimos são os consumíveis como alimento. O pinhão é muito nutritivo e serve de alimento ao homem, as aves e aos animais selvagens. FOTO A: Pinha do experimento FOTO B: Pinhões contidos na pinha Fonte: Arquivo pessoal dos pesquisadores e autores do artigo (2009). A araucária é uma planta dióica, que significa com sexos separados, umas plantas com flores femininas e outras com flores masculinas. Nascem separadas, em árvores diferentes. Portanto, um pé de Araucária Angustifolia possui inflorescências denominadas de estróbilos que são masculinas ou femininas. Quando chega a época da reprodução, o vento transporta o pólen das inflorescências masculinas para as femininas. As anotações biológicas dão a conhecer que uma árvore feminina produz uma média anual de 80 inflorescências, cada uma com cerca de 90 pinhões. As 4 sementes são ricas em amido, proteínas e gorduras, constituindo um alimento muito nutritivo. A polpa do pinhão é formada basicamente de amido, muito rica em vitaminas do complexo B, cálcio, fósforo e proteínas. O pinhão é a semente do pinheiro que se desenvolve dentro de um invólucro denominado pinha fechada. Com o tempo, a pinha se abre e liberta os pinhões. Nas pináceas, as sementes possuem uma película como uma espécie de asa, com a qual se descola da pinha madura e se espalha pelo vento, dando inicio ao processo de crescimento de um novo pinheiro. O pinhão possui formato de bico pontudo e mede por volta de cinco centímetros. É um alimento que brota da araucária, planta também conhecida como Pinheiro-do-Paraná. Uma pinha atinge em média de 15 a 20 centrímetros de circunfêrencia e os pinhões cerca de 5 a 8 centímetros cada um. No sul do Brasil é entre os meses de maio a junho que as pinhas explodem e se espalham num diâmetro cerca de 50 metros a partir da planta mãe. Segundo o que consta no histórico introdutório do livreto distribuído na Festa do Pinhão de São Francisco de Paula/RS em 2009, o pinhão está no cardápio dos habitantes do Rio Grande do Sul há pelo menos 3.000 anos. Entretanto, existem informações que registram a utilização do pinhão no estado do Paraná havia pelo menos 6000 anos5. Dados históricos indicam que já faz algum tempo que o pinhão vem servindo de alimentação. Não apenas para os humanos, mas também para os animais, tais como, gralha azul, ratos, bugios, pacas, esquilos, porco do mato entre outros. FOTO C: A gralha azul, é tida como importante meio disseminador das araucárias. Fonte: Disponível em wikipédia em 01/07/2009. Entre os animais que comem o pinhão, especial destaque é dado à gralha azul, pois é tida como a ave responsável pelo plantio natural das araucárias. Pelo menos no sul do Brasil, durante os meses do outono as gralhas azuis, fazem provisões de pinhões para a alimentação durante os meses de inverno. Elas enterram os pinhões no solo ou 5 5 Informações de acordo com site ambientebrasil.com.br - acesso em 01/07/2009. em troncos caídos no solo, aqueles que não são consumidos, germinam e se transformam em novas árvores. Sua importância pode ser percebida através do folclore do estado do Paraná que atribiu à gralha azul a formação e manutenção das florestas de araucária. Face a isso, a Lei Estadual do Paraná de n0 7.957 de 1984 consagra a gralha azul como ave símbolo daquele estado. O pinhão era o alimento da gralha azul, pássaro encontrado em grande quantidade no começo da ocupação do território. Almeida (2009), dá destaque a uma notícia que não elenta muitas esperaças no futuro próximo se medidas rápidas não forem tomadas pelos poderes constituídos e a sociedade em geral. O texto do autor sob o título Salvem a Marmelada! Faz referência a alimentos que correm risco de desaparecer no mundo e que o Brasil tem 13 representantes na lista, entre eles o pinhão, procedente da araucária, que é a principal alimentação da fauna no período invernal. Por tudo isso é que a araucária e o seu fruto tem relevância substantiva. O valor do pinhão como fruto é visível quando se consulta o Slow Food6. O Slow Food possui um catálogo mundial que identifica, localiza, descreve e divulga produtos esquecidos e ameaçados de extinção, com potenciais produtivos e comerciais reais. O objetivo é documentar produtos gastronômicos especiais, que sofrem o risco de desaparecer. Desde o início da iniciativa em 1996, mais de 750 produtos de dezenas de países foram integrados à Arca entre eles o pinhão. Lamentável é que uma Festa do Pinhão não promova e dê a conhecer aos visitantes e turistas o valor da araucária com planta à fauna brasileira. Por ocasião da visita in loco se pode comprovar que muitos estudantes e professores das várias escolas do municío visitaram a Festa do Pinhão de São Francisco de Paula em 2009, inclusive a programação foi feita com a participação das escolas que fizeram distintas apresentações. De tudo que se observou na festa ficaram algumas indagações como por exemplo: Alunos e professores têm consciência do valor da preservação da araucária para manutenção da nossa fauna? Essas informações são trabalhadas nas escolas do munícipio? Um evento turístico não deveria promover essas informações dando-lhes 6 É uma associação internacional fundada em 1989 com a finalidade de dar resposta aos efeitos padronizantes do fast food; ao ritmo frenético da vida atual; ao desaparecimento das tradições culinárias regionais; ao decrescente interesse das pessoas na sua alimentação, na procedência e sabor dos alimentos e em como nossa escolha alimentar pode afetar o mundo. 6 destaques e conhecimento sobre a relevância da preservação da planta para garantir seu fruto para tantas outras gerações? Talvez os aspectos mais relevantes da festa como cultura não estejam merecendo a devida atenção dos promotores e gestores. 3. A festa do pinhão de São Francisco de Paula/RS - 2009 Os gestores programaram diversas atrações para atender os diferentes públicos que frequentaram o evento. A festa contava com decoração original, a maior parte dos enfeites foi feita com pinhas e pinhão, produto típico da região, que foi utilizado nas mais diferentes formas de decoração, como arranjos, enfeites, bonecos e desenhos. Havia um palco num espaço amplo, situado em ponto estratégico que foi coberto por lonas que protegiam os visitantes das variações climáticas. Esse espaço ficava próximo aos banheiros. No espaço coberto havia acomodações para os visitantes assistirem as apresentações e shows que ali ocorreram durante os dias de festas. A programação artística e cultura foram amplas. Houve apresentações de bandas marciais e de Rock regional e nacional, de grupos de teatro, dos centros de tradições gaúchas e de grupos de alunos das várias escolas do município. A festa transcorreu com diversos “shows bailes” como foi denominado pelos organizadores. Esses ocorriam à noite como atrativo motivador aos visitantes e turistas. A festa foi pensada envolvendo a comunidade local, já que durante o dia muitas atividades foram desenvolvidas pelas escolas municipais, como apresentações de teatro, danças e músicas. Essa estratégia trouxe para festa não apenas professores e alunos, mas os familiares alunos que queriam assistir as apresentações. Paralelo a programação cultural e artística, num pavilhão denominado de Produtos da Terra, onde era comercializado o artesanato e produtos da agroindústria local, como o mel, diferentes tipos de geléias, sucos de uva, vinhos e produtos assados, como pães, biscoitos e grostoli7. Ali também havia demonstrações de arte de fiar e de tecer lã ovina, forma inteligente de preservação da cultura regional. Além da culinária serrana, havia naquele espaço comercialização de peças do artesanato local, muitos deles envolvendo originalmente o pinhão em suas construções, como enfeites e outros. É oportuno destacar que os expositores e comerciantes neste espaço da festa não tiveram nenhum custo financeiro para comercializarem seus produtos, como ocorreu nos demais espaços da festa. Quem entrava no parque pelo estacionamento interno avistava uma sala onde estava a recepção, local destinado as informações. Ali haviam atendentes informadas e atuantes na área 7 Grostoli refere-se a uma massa frita salpicada com açúcar. Seu formato é um retângulo com um corte no meio por onde se passa uma das pontas. Popularmente no sul do Brasil costuma ser denominada “cueca virada”. Essa iguaria na Itália é chamada de Crostoli. 7 do turismo. Gentilmente respondiam perguntas e esclareciam dúvidas pertinentes à festa. A equipe organizadora do evento também ocupava o espaço para receber os convidados especiais da festa, ocasião onde ofertavam um mimo que simbolizava a mala de garupa. A mala de garupa, um típico utensílio gaúcho, é um pequeno saco com uma abertura central e no sentido longitudinal, fechado nas duas extremidades, constituindo dois depósitos de objetos para a viagem. A mala costuma ser colocada sobre o lombo do cavalo, na parte posterior do lombilho, e sobre ela vão os pelegos e a bandana. A Rádio Comunitária de São Francisco de Paula estava temporariamente operando no parque por ocasião da festa. O senhor Eron Sidney França, presidente da Associação Comercial e Industrial – ACI e também secretário municipal do turismo é o radialista principal da emissora, que motivava os municípios a participarem da festa na programação matutina e vespertina que era levado diretamente do parque de exposições. No espaço da festa havia um comércio em número bastante expressivo. As tendas ganharam uma estrutura melhor que nos anos anteriores, segundo alguns expositores, uma vez que havia muita improvisação por a festa ser realizado na rua. Na conversa informal dos pesquisadores com os expositores que pagavam aluguel pelo espaço, ouviu-se muita insatisfação. As reclamações maiores eram pertinentes a limpeza do local e do estado deplorável dos banheiros, o que foi possível constatar a fidedignidade das informações. Na entrada do parque de exposição onde a festa ocorria, estava instalado um Parque de Diversões com muitos aparelhos de uso infantil e juvenil. O custo do ingresso para a utilização de cada brinquedo custava 3 reais e 5 cinco reais para utilização de dois. No ambiente de festa havia um amplo restaurante que fora montado no parque de exposição por ocasião da festa e que oferecia diversos tipos de comida campeira que são analisadas posteriormente. O destaque principal neste ambiente foi à ornamentação original feita com pinhas e pinhões em um ambiente campeiro. Na Festa do Pinhão de São Francisco de Paula, ninguém precisava comprar pinhão, uma que havia distribuição gratuíta ao visitante e era servido cozido. Nesta 13° edição da Festa do Pinhão foi possíel observar muitos aspectos positivos, como por exemplo, o conceito de ser uma festa com a participação da comunidade. Além dos expositores vindos de outras regiões, que pagam pelo seu espaço, a festa diponibilizou espaços em pavilhões para os munícipes exporem e comercializar seus produtos. Os munícipes expositores não pagaram pelos espaços utilizados. A programação da festa foi enriquecida com muitas apresentações culturais, inclusive com apresentações de alunos das escolas do município. Essa estratégia além de dar visibilidade aos escolares mostrarem suas habilidades artísticas, serviu de incentivo às produções artísticas e culturais promovidas nos ambientes escolares. 8 Outro fator positivo que merece destaque especial, foi a estratégia utilizada pelos gestores municipais ao disponibilizarem ônibus de uma empresa local para os municípies poderem participar da festa. Os ônibus circulavam pela cidade com uma frequência de meia em meia hora para transportar gratuitamente munícipes e visitantes até o local da festa. A grande maioria de expositores feirantes não eram residentes do município promotor do evento. Nas conversas informais que os pesquisadores realizam com os feirantes, as reclamações mais ouvidas diziam respeito falta de limpeza dos espaços que eram locados pelos gestores e as péssimas condições dos banheiros masculinos e femininos do parque de exposição. Outro aspecto que chamou atenção dos pesquisadores foi o local destinado ao estacionamentos dos carros. Haviam dois estacionamentos, um na frente de entrada do parque de exposições. Este sem nenhum custo aos que chegavam a festa motorizados. Outro no interior do parque, onde o serviço terceirizado era pago. O espaço de estacionamento era aberto, e estava localizado aproximadamente a mais de 600 metros dos pavilhões, sem pavimentação adequada para tempo chuvoso. 3.1 O pinhão como gastronomia da festa Por ocasião da visita feita a Festa do Pinhão na cidade de São Francisco de Paula/RS, em 2009 foi possível observar de que forma o pinhão vem sendo utilizado na festa como gastronomia. Nessa edição foi distribuído um livreto de 18 páginas intitulado, Mostra da gastronomia serrana: receitas. A pesquisa bibliográfica para verificar como o pinhão vem sendo utilizado na gastronomia, indica que existem algumas formas mais comuns de se preparar o pinhão. O cozido na água (1) a tradicional sapecada (2) e o pinhão assado sobre a chapa do fogão à lenha (3). Estas três receitas são a base da gastronomia histórica feita com pinhão. O pinhão cozido na água e com uma pitada de sal, é ainda o modo mais utilizado de se consumir o fruto. A outra forma especial é denominada sapecada, receita preparada e executada embaixo da araucária, na forma mais primitiva de se deliciar com o fruto. O ritual gastronômico ocorre debaixo da árvore. Recolhe-se as grinpas secas caídas da árvores, amontoando-as em forma de pilha e ateia-se fogo. Os pinhões são jogados na fogueira. As grimpas ao serem consumidas pelo fogo formam braseiro que assa os pinhões. Eles após assados nas brasas, estarão prontos para serem consumidos. 9 Para Pereira (2009), o hábito de comer pinhões assados nas próprias folhas secas dos pinheiros era um ritual indígena, que ainda se repete nas clareiras dos pinheirais. Na região dos Campos de Cima da Serra/RS, conforme o autor, chama-se este prato de “Pinhão assado na borralha” que significa um braseiro quase apagado, coberto de cinzas quente. Na região das colônias italianas este hábito também foi incorporado, porém utilizando-se a palavra “sapecada” para designar o pinhão assado no braseiro resultante das folhas secas (grimpas) dos pinheiros. O destaque relevante e crítico é que no livreto distribuído na Festa do Pinhão visitada, o pinhão sob a forma da sapecada não é referida, considerando a originalidade da forma de consumir o fruto. O pinhão em forma de sapecada foi muito utilizado pelos imigrantes italianos nas zonas rurais. Num primeiro momento a “sapecada” era a forma de preparar o alimento para matar a fome dos imigrantes pioneiros, mais tarde foi incorporada ao lazer colonial. Costa (1975), diz que, antes dos imigrantes utilizarem o pinhão de forma festiva aos domingos usaram a semente para matar a fome nos dificeis primeiros anos da imigração.Seguindo essa linha de raciocíno De Boni (1984) afirma que o pinhão teve destacada presença, como prato subjacente à cozinha e mesa italiana. As informações dos historiadores indicam que a primeira tentativa foi comer o fruto do pinheiro in natura, à medida que as pinhas caiam ao solo e se debulhavam. Posteriormente, os imigrantes, depois quando sentiram necessidade de queimar as grimpas caídas do pinheiro para limpar o terreno para o gado pastar é que descobriram o sabor do pinhão tostado nas brasas da folhas secas. Essa aprendizagem fez com que a sapecada se tornasse numa uma forma de preparar o pinhão ao ar livre, "especialmente aos domingos, quando amigos se reuniam para passar algumas horas reunidos, conforme é destacado por Costa (1974). A receita do pinhão sapecado foi trazido ao fogolaro e depois para a chapa do fogão, tradição que ainda se conserva nos dias atuais. Costa evidencia que a sapecada constituiu-se num lazer domingueiro nas regiões de imigração italiana. Além dos apontamentos antropológicos, no Brasil praticamente inexistem obras que tratem do pinhão como ingrediente na alimentação. Recentemente, tem-se a informação do lançamentos do livro cujo título é Pinhão Indígena – A Culinária do Paraná, de autoria de Helena Menezes. Nessa obra a autora aborda aspectos significativos sobre a história do pinhão, como símbolo e como ingrediente, além de 1 apresentar pratos típicos da culinária do estado do Paraná. A obra foi lançamento do SENAC/PR em 2009. Após as breves reflexões sobre a história do pinhão como alimento, passamos a análise crítica das receitas de pratos com pinhão divulgadas na Festa do Pinhão de São Francisco de Paula/RS, edição de 2009. A primeira crítica ao cardápio sugerido e apresentado aos visitantes é que nem no livreto e nem na festa havia sobremesa feitas com pinhão. A indagação que se impõe é a seguinte: Houve esquecimento dos responsáveis pela elaboração do livreto ou falta de conhecimento de como produzir sobremesas com o fruto? Embora não houvesse receita de sobremesa, constava no livreto as seguintes receitas gastronômicas que poderiam ser desgutadas no restaurante da festa: Churrasco de Pinhão; Paçoca de Pinhão; Linguiça Afervantada de Pinhão e Panqueca de Charque com Pinhão. Estas receitas eram as que continham o pinhão como ingrediente. Mas o cardápio continha também: Charque Assado; Pirão de Charque; Carreteiro, Arroz Brando; Arroz com Galinha Caipira; Charque com Batatas; Farofa de Charque, Farofa de Galinha; Moranga Caramelada; Feijão Campeiro; Feijão Mexido; Couve; Polenta Recheada com Charque e Queijo Serrano; Repolho com Bacon e Charque; Galinha Assada; Batata Acebolada; Canjiquinha com Carne de Porco; Ovelha Acebolada; Espinhaço de Ovelha com Aipim; Bata-Doce; Carne de Porco Frita e Bolinho de Arroz. A análise da gastronomia da festa, permite observar que somente quatro receitas foram feitas com pinhão. O reduzido número de receitas com pinhão demonstra que o este ainda não é um ingrediente amplamento utilizado na culinária. Aproveitamos a discussão da gastronomia feita com pinhão para analisar cada uma das quatro em separado. *Churrasco de Pinhão Ingredientes: 1 kg de carne moída (bovina), 1 kg de pernil moído (suína), 800 g de pinhão moído, alho, cebola de cabeça, pimenta, tempero verde e sal a gosto. Modo de fazer: Misturar todos os ingredientes e sovar tudo por mais de meia hora. Deixar descansar a massa 1 hora aproximadamente. Modelar a massa em uma grelha que possibilite o fechamento da mesma. Assar em brasa por mais ou menos 20 minutos. Como observação na receita constava: a massa para fazer o churrasco não pode ficar muito grossa na grelha. A crítica: a receita não informa se o pinhão é cru ou cozido, como também o que significa modelar a massa numa grelha. Considera-se o tempo de sova de 30 minutos 1 exaustivo e deveria dar-se uma outra opção em substituição a esta técnica. O termo churrasco não é condizente com carne moída, visto que, num estado onde o churrasco é uma das iguarias representativas do gaúcho, o mesmo é feito com pedaços de carne carnes. A utilização de carne moída entra em confronto com os hábitos gaúchos de preparação de churrasco. Também entre em contradição a utilização de carne de dois tipos, a de gado e a de suíno. Conforme Maciel, (2008) o Rio Grande do Sul tem como especialidade ou como prato típico o churrasco. Ele é um pedaço de carne assada sobre sobre brasas, no espeto ou em grelhas. Descrito desta forma não se diferencia de outros assados em geral, porém o churrasco possui um significativo valor simbólico. O valor simbólico do churrasco é que a receita deixa a desejar. Também, não é informado o rendimento da receita. *Paçoca de Pinhão Ingredientes: 1 kg de pinhão moído, 1 kg de charque desfiado, 100g de bacon, cebola de cabeça, alho e sal a gosto. Modo de fazer: Frite o bacon, o alho e a cebola de cabeça. Coloque o charque e o pinhão, misture tudo e ponha sal aos poucos. Mexa sem parar, até aquecer todos os ingredientes, para não grudar no fundo da panela. A Crítica: A receita também não apresenta clareza nas informações, pois não informa se o pinhão moído é cru ou cozido e a expressão sal aos poucos necessitaria vir acompanhada do motivo. *Linguiça Aferventada de Pinhão Ingredientes: 1 kg de carne moída de gado, 1 kg de carne suína moída, 800 g de pinhão moído, sal e pimenta a gosto. Modo de fazer: Colocar em um recipiente plástico os ingredientes acima. Sovar bem e deixe a mistura descansar por uma hora. Depois, basta encher a linguiça em tripa seca. A crítica: A receita esta incompleta, pois não ensina como utilizar a tripa seca, visto que esta deve passar por procedimentos de hidratação antes de ser utilizada e enchida. Além disso, não fica claro se o pinhão utilizado é cru ou cozido. Falta ainda o rendimento da receita. *Panqueca de Charque com Pinhão Ingredientes da massa: 1 litro de leite, 2 ovos, 3 xícaras de farinha de trigo, 1 colher rasa de sopa de sal, 1 colher de sopa de óleo. 1 Modo de fazer: Bater no liquidificador o leite, os ovos e o óleo. Acrescentar o sal e, aos poucos a farinha de trigo, até ficar uma massa lisa e homogenea. Prepare as panquecas em uma frigideira baixinha, deixando-as fininhas. Ingredientes do recheio: 500 g de charque desfiado, 300 g de pinhão moído, 200 g de queijo serrano picado. Modo de fazer: Misture todos os ingredientes e enrole as panquecas. Coloque-as em um prato refratário e ponha por cima das paquecas molho vermelho ou molho branco. Leve ao forn quente por mais ou menos 20 minutos. A crítica: A receita não informa se o pinhão é cru ou cozido. Também não informa o rendimento da receita. A chef Helena Menezes gentilmente enviou uma receita do seu livro Pinhão indígena: a culinária do Paraná com foto explicativa para a visulaização do prato. Atente-se para a precisão das informações e do modo de fazer. *Arroz de cordeiro e pinhão Ingredientes para 5 pessoas: 1 kg de pernil de cordeiro; 1/2 copo de óleo de oliva; 2 cebolas batidinhas na faca; 5 dentes de alho esmagados; 10 tomates cortados em cubos; 1 colher (sobremesa) de orégano; 2 folhas de louro, 1 pitada de curry , 1/2 kg de arroz, 300 g de pinhões cozidos com sal e descascados, 100 g de azeitonas pretas sem caroço, 100 g de azeitonas verdes sem caroço, 1 maço de manjericão picado, 100 g de pistache, sal a gosto. Modo de fazer: Corte o pernil em cubos. Numa panela previamente aquecida, coloque o óleo de oliva e doure a carne, virando os pedaços apenas uma vez. Adicione a cebola e o alho, mexendo com colher de pau. Coloque os tomates e deixe fritar. Tempere com o orégano, o louro, o curry e o sal. Refogue por alguns minutos e cubra com água. Tampe a panela e cozinhe em fogo baixo até que o cordeiro amacie. Adicione o arroz e cozinhe. O arroz deve ficar úmido. Adicione os pinhões (reserve alguns para a decoração), as azeitonas e mais água, se necessário. Corrija o sal, em seguida polvilhe com o manjericão picadinho. Coloque o pistache e ponha os pinhões no contorno do prato. Acomode o arroz no centro, junte os ingredientes da decoração e sirva bem quente. 1 FOTO D: Receita com pinhão, onde ele é utilizado também como decoração. Fonte:Foto enviada por Helena Menezes (2009) para ilustrar a receita. Considerando que o mote da festa analisada é o Pinhão, somos de opinião que ele deveria ser a alma da festa, fundamentalmente, pertinente a gastronomia e as receitas indicadas nos impressos distribuídos. Por outro lado, se houvesse receitas doces para o turista desgustar, ampliaria o cardápio e o receituário uma vez que o pinhão é um fruto neutro que permite iguarias doce e salgada. Os colonos italianos já faziam doce de pinhão como observou Costa (1975), pois sugere que com o pinhão se pode fazer a pinhonada, que é um doce tipo mandolate de pinhão. Para finalizar a análise crítica das receitas distribuídas na Festa do Pinhão de São Francisco de Paula/RS, edição 2009, somos de opinião que o receituário deveria estar melhor descrito, destacando que quem o lê não tem experiência com o fruto, logo, necessita de explicações detalhadas. 3.2 A crítica construtiva A festa em análise é um dos atrativos turísticos significativo do município. Os planejadores e gestores do evento têm como finalidades atrair turistas e celebrar anualmente com os munícipes o pinhão que ainda é farto na região. A festa pelo número de edições já tem tradição, merece ser preservada pela originalidade e inovada no sentido de dar a conhecer aos freqüentadores o significado da araucária como planta na manutenção do ecossistema, do valor cultural de seu fruto e de sua semente como alimento às diferentes espécies que dela se alimentam. A festa pela suas peculiaridades é gastronômica e enseja o consumo de alimentos e bebidas, fundamentalmente pela época do ano em que é realizada numa região fria da serra gaúcha. Portanto, onde muitas pessoas de diferentes idades transitam e consomem alimentos e bebidas, se deveriam ter cuidados especiais com as questões sanitárias. 1 Como pesquisadores e formadores na área do turismo, e depois de conhecermos as instalações sanitárias do Parque de Exposições Davenir Peixoto Gomes onde se realizou a festa em 2009, temos a obrigação de apontar que os banheiros masculinos e femininos não são higiênicos e estão em péssimas condições de uso e conservação. As instalações sanitárias são inadequadas, paredes sem reboco e azulejos, privadas sem acento e tampa, falta de portas nas privadas. Em síntese, não passariam em qualquer avaliação sanitária. Não é admissível que se promova um evento de tal porte, considerando a demanda que frequenta a festa, sem instalações sanitárias adequadas e em boas condições de higiene. Os banheiros masculinos, além de sujos, sequer havia portas. As paredes com tijolos já deteriorados pelo tempo, sem sequer estarem rebocadas e pintadas. Azulejos, nem pensar. É de duvidar que as pessoas, fundamentalmente, as do gênero feminino utilizassem as privadas. Os organizadores e gestores ao tomarem conhecimento desta crítica, dirão: No restaurante havia banheiros em condições. É verdade, mas as pessoas que fizeram refeições no restaurante, que na realidade não são nem 5% dos frequentadores. Os banheiros públicos do parque de exposição necessitam ser melhorados em prol do turismo e respeito aos visitantes da festa. Para o sucesso do turismo em nosso país, somos de opinião que as festas que fazem parte dos calendários turísticos dos municípios, para serem realizadas, deveriam pelo menos ter regularmente um alvará da vigilância sanitária. Isso faria com que os planejadores e gestores de festas populares dessem maior atenção à saúde coletiva, aspecto da maior relevância, fundamentalmente para promoção da festa como atrativo turístico. Este é um quesito que deveria merecer uma fiscalização severa dos poderes públicos. O brilhantismo de um evento para o turista pode terminar no momento em que ele tiver que utilizar o banheiro, considerando a falta de alternativas, já que o parque de exposição fica distante da cidade. 4. Festa e turismo Historicamente a festa tem sido promotora de cultura e na contemporaneidade tem sido um atrativo turístico de destaque. Neste escrito não foi a intenção dos autores aprofundar a discussão da festa como atrativo turístico, mas chamar a atenção que pensar a festa, é pensar nos seus desdobramentos, sentidos e significados, fundamentalmente, quando ocorre em comunidades pequenas e quando tem uma especificidade como é o caso da festa analisada. 1 A festa e o turismo apresentam um nexo histórico no Rio Grande do Sul, fundamentalmente, na Serra Gaúcha. Uma data que não pode ser esquecida é o ano de 1931, quando foi realizada a primeira Festa da Uva em Caxias do Sul. A realização pela primeira vez deste evento serve como marco das festas que a partir dela se desencadearam na serra gaúcha, muitas com tradição e com significativas relevâncias na atividade turística do estado. Baccon, Negrine e Gastal (2008), destacam que foi a partir da década de 1970, com a criação do Sistema Estadual de Turismo, que iniciaram as políticas públicas de incentivo à realização de festas temáticas nos municípios do estado, ainda carentes de maior estrutura instalada, para fluxos de turismo plenos e constantes. A partir daquele ano a festa temática, passou a ser fartamente praticada. Os autores são de opinião que atualmente, a festa, cultivada nas mais variadas comunidades, está plenamente inserida como atrativo relevante no universo turístico regional. Se, por um lado, permite que o turista desfrute das celebrações e comemorações em determinadas comunidades, por outro, proporciona benefícios à população local, ao gerar novos ativos econômicos, diversão e promoção da cultura lúdica tão salutar à qualidade de vida das pessoas que dela participam. As festas populares são boas alternativas de aproveitamento do tempo livre e das horas de lazer e costumam atrair turistas e fomentar o deslocamento de pessoas. Podem caracterizar-se, também, como uma forma de manifestação da cultura local, pois, na medida em que uma festa vai se repetindo no tempo, ao longo dos anos, acaba se agregando ao imaginário da população, reforçando ações coletivas e sedimentando a cultura regional. A expressão festa popular, de acordo com Negrine e Bradacz (2006), é um binômio com significados próprios, sendo entendido como ‘aprovação do povo’, uma vez que as festas costumam manifestar parte da história e da cultura local. O turista que participa de uma festa popular não somente a prestigia, como também acaba por interagir com a cultura local, com os significados e símbolos presentes nas diferentes manifestações culturais, em especial as artísticas e as gastronômicas. Outra reflexão relevante sobre festa é a de Amaral (2001), quando afirma que ela além de ser uma linguagem capaz de expressar simultaneamente múltiplos planos simbólicos, ainda é uma mediação capaz de tornar compreensível a vida cotidiana. A autora sustenta que a festa deva ser também entendida como modo de ação coletiva, que pode responder à necessidade de superação das dificuldades dos grupos e das regiões 1 onde se inserem. Quando bem gerenciadas, têm se revelado num negócio lucrativo que incentiva o crescimento e a reedição da festa. Finalmente, a festa como atrativo turístico não deve ser vista e analisada sob uma única perspectiva, mas desde diferentes olhares e enfoques, inclusive daquele que se relacionam com a saúde que proporcionam melhor qualidade de vida das pessoas, melhorando as emoções de fundo de bem-estar, de prazer e de satisfação plena daqueles que delas participam. De acordo com Negrine (2008), a festa é evento indutor de produção e de circulação de endorfinas, e isso por si só justifica promovê-las. Os cuidados pertinentes a saúde coletiva dos visitantes nunca devem ser esquecidos. Devem ser prioritários a aqueles que planejam e fazem a gestão deste tipo de evento. Referências Almeida, G. Salvem a marmelada! Revista IstoÉ. São Paulo: Três. Ano 32, N0 2058, p. 62, 2009. Amaral, R. C. Festa à brasileira: sentidos do festejar no país que “não é sério”. Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/festas.html. Acesso em 23 out. 2006. Baccon, M. ; Gastal, S. A. ; Negrine, A. S. A Festa: Entre sedentários e nômades. In: V Seminário da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo ANPTUR, 2008, Belo Horizonte/MG. Turismo e Hospitalidade em Destinos Urbanos: perspectivas e desafios. São Paulo: ALEPH, 2008. Collaço, Janine L. Montebello; Nancy de Pilla. (Org). Cortes & Recortes. Brasilia.SENAC. 2008. Costa. R, Costella. I, Salame. 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Secretaria Municipal de Turismo Indústria e comércio de http://pt.wikipedia.org/wiki/Araucaria http://pt.wikipedia.org/wiki/Pinh%C3%A3o acessado em 26/06/2009 às 15hs. 1 SFP.