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Trabalho
formação profissional
CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 24 de agosto de 2014
Talento
industrial
As profissões técnicas para ingressar no ramo fabril vão além
do trabalho pesado, como mostra nova cartilha do Senai
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
» ANA PAULA LISBOA
uem pensa na indústria
logo se lembra de atividades ligadas a máquinas pesadas. No entanto,
o cardápio de profissões técnicas para trabalhar no ramo é extenso e tem crescido com a demanda por profissionais especializados em novas áreas. Pensando nisso, o Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial (Senai) lança a cartilha Escolha Profissões da Indústria, um guia de
cursos de capacitação para 48
funções. A publicação é voltada
para quem vai escolher a carreiVinicius é aluno do curso técnico em jardinagem e paisagismo
ra ou se especializar.
As profissões contemplam os
setores de tecnologias de manufatura e engenharias, construção e edificações, da EscolaTécnica de Brasília. Apesar de a contratação
transporte e logística, moda e criatividade, tecnolo- não ser problema, Rocha adverte quanto à importângias da informação e comunicação e serviços (veja cia da especialização para melhor inserção profisquadro). Para cada função, há descrições sobre ativi- sional. “O curso técnico é generalista. É importante
dades, conhecimentos exigidos e locais de trabalho. que o aluno busque aperfeiçoamento”, recomenda.
A técnica em vestuário pelo Instituto Federal de
Segundo Lucchesi, as vantagens do ensino técnico
são o ingresso rápido no mercado e a oferta salarial. Brasília Samanta de Lourdes Farias, 20 anos, foi
“O aluno sai do curso com uma profissão. Na indús- aprovada em duas universidades federais nas áreas
tria, a média salarial é de R$ 2 mil em início de carrei- de arte e moda, mas optou por seguir na área técnica. “As aulas do curso técnico passam uma visão de
ra e de R$ 6 mil com 10 anos de atuação.”
Vinicius Rodrigues, 20 anos, é aluno do curso chão de fábrica. Não sou responsável apenas pela
técnico de jardinagem e paisagismo no Senai de Ta- criação, mas por todas as etapas até o acabamento
guatinga e optou por esse tipo de formação para da peça. A graduação é voltada para o design, enadquirir conhecimentos em construção civil antes quanto o curso técnico é voltado para a indústria.”
de fazer faculdade na área. “O curso aborda
hidráulica, alvenaria, elétrica, pavimentação e en- Faltam profissionais
globa todas as experiências que eu procurava”, conA carência de mão de obra qualificada, motivada
ta. Ele teve oportunidade de fazer trabalhos particulares com paisagismo, mas percebeu que gran- pela falta de interesse e pela oferta insuficiente de
des construtoras estão à procura de profissionais. cursos, afeta muitas áreas no Brasil. Entre as 48 car“Uma vez, fui atrás de uma empresa da área apenas reiras descritas na cartilha do Senai, há cursos
para conhecer, e reclamaram da falta de mão de disponíveis para cerca de 30 profissões no DF. Para
joalheiro, contudo, não há mais formação técnica
obra e até me ofereceram um emprego.”
disponível. O Instituto de Ensino Superior de Brasília
(Iesb) chegou a oferecer uma formação de técnico
Admissão garantida
em design de joias no ano passado, mas a turma foi
O rápido ingresso do profissional técnico no mer- fechada. Segundo a artesã Claudia Theolier, 50 anos,
cado de trabalho se deve à estrutura do curso, que esse é um mercado carente. “Os profissionais em
tem por objetivo qualificar o aluno para exercer uma atuação são velhinhos donos do próprio ateliê. Joaprofissão. É o que explica Gilmar Rocha, coordenador lherias deixaram de ter criadores de joias porque sai
caro e porque não há pessoas bem treinadas. A prefeAntonio Cunha/CB/D.A Press
rência é por importar peças feitas em larga escala.
Por outro lado, estão voltando à moda joias e relógios
feitos a mão. Isso deve estimular cursos”, prevê.
Há oito anos, Claudia e o marido, Guillermo
Theolier, 53 anos, oferecem curso de qualificação
em joalheiro e designer de joias no Espaço Theolier
(105 Norte). “Não há apoio governamental. Aqui, os
cursos são dados por ourives que herdaram a profissão da família”, afirma. Segundo Claudia, uma
formação na área não funciona dentro de grandes
turmas. “Trabalha-se com diamante e peças pequenas e com máquinas que, se não forem bem manuseadas, podem arrancar a mão de uma pessoa. Como você controla essa situação numa sala com
muita gente?”, questiona. Claudia acredita que o
problema das áreas técnicas no Brasil é a desvalorização. “O brasileiro não se acha profissional se não
Claudia e Guilherme Theolier, donos de escola de
for formado em faculdade”, critica.
joalheria em Brasília: área é carente de mão de obra
Q
Para saber mais
Acesse a cartilha e a lista de cursos no DF que preparam para atuação nas áreas descritas no site
www.correiobraziliense.com.br/euestudante.
Participe
Exposição de Práticas Profissionalizantes dos Cursos Técnicos (Expotec)
Entre segunda (25) e sexta-feira (29), das 8h às 22h, no câmpus Edson Machado (613/614 Sul) do Instituto de Ensino Superior
de Brasília (Iesb). Informações: www.iesb.br
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