X Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo Fatos e Mitos em Ciência do Solo Pelotas, RS - 15 a 17 de outubro de 2014 Núcleo Regional Sul CRESCIMENTO E NUTRIÇÃO DE CEDRO AUSTRALIANO (Toona ciliata M. Roemer var. australis) EM DIFERENTES SUBSTRATOS ORGÂNICOS Patricia Viel(1); Rodrigo Ferreira da Silva(2) ; Douglas Leandro Sheid(3); (1) Graduanda de Engenharia Florestal; Universidade Federal de Santa Maria, CESNORS/FW; Rua Presidente Kennedy, 575, Centro, Frederico Westphalen; [email protected]; (2)Professor Dr. do Departamento de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria; (3) Eng. Agrônomo e Mestrando de Pós Graduação da Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen. RESUMO– A quantidade de lixo produzido vem aumentando consideravelmente nas últimas décadas, o que gera milhões de toneladas de resíduos orgênicos que poderiam ser utilizados na produção de mudas em viveiros. O experimento foi realizado na casa de vegetação da Universidade Federal de Santa Maria, Campus de Frederico Westphalen, RS, e teve como objetivo avaliar o crescimento e a nutrição de Cedro australiano em diferentes substratos orgânicos. O delineamento foi inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e doze repetições, sendo T1 (100% substrato comercial), T2 (100% vermicomposto), T3 (100% composto de resíduo urbano) e T4 (33% substrato comercial, 33% vermicomposto e 33% composto de resíduo urbano). As variáveis analisadas foram: altura de planta, diâmetro do colo, massa seca total e a quantidade de nitrogênio na planta. Os tratamentos com composto de resíduo urbano, como os T3 e T4 se destacaram mais em quase todos os parâmetros avaliados. Palavras-chave: Vermicomposto, Resíduo Urbano, Substratos alternativos. INTRODUÇÃO- Com o aumento da população nas ultimas décadas, tem-se um aumento no consumo de bens que geram uma enorme quantidade de resíduos. A grande quantidade de matéria-prima utilizada nas residências, nas atividades públicas e nos processos industriais, são industrializadas e consumidas, gerando rejeitos e resíduos, (TOREZANI, 2008). Portanto, estes resíduos precisam ser manejados, descartados, ou reutilizados corretamente, caso contrário podem causar danos ao meio ambiente o que implicará em risco a saúde pública. Uma forma de reutilização é o aproveitamento dos resíduos orgânicos, que apresentam alto teor de matéria orgânica, para o desenvolvimento das plantas. De acordo com Berton e Valadares (1991) o composto de lixo urbano sendo utilizado como adubo orgânico propicia reciclagem de nutrientes e melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo. A utilização de resíduos orgânicos na produção de mudas florestais é uma opção para reduzir os gastos com insumos e fertilizantes. O Brasil está em fase de expansões dos projetos florestais industriais, atuais e novos, geralmente utilizando madeira de florestas plantadas (ABRAF, 2008). Nesse sentido, o cedro australiano (Toona ciliata M. Roem var. australis) é uma espécie florestal exótica que ocorre no sudeste da Ásia até o continente australiano. O cedro pode atingir um incremento médio anual de até 30 m3 ha-1ano-1, variando de acordo com as condições de clima, solo, entre outros (VILELA e STEHLING, 2012). Para um bom desenvolvimento de plantas, deve ser utilizado substratos uniformes, que possuam características físicas adequadas tanto ao tipo de cultura quanto ao recipiente utilizado (SPIER, 2008). Adubos orgânicos proveniente da atividade das minhocas são importantes no processo de reciclagem de nutrientes em propriedades rurais, sendo que a utilização de vermicomposto ao solo traz benefícios para as características físicas, químicas e biológicas do solo, o que auxilia no desenvolvimento de plantas (SCHIEDECK et al., 2006). Os adubos alternativos, de fontes orgânicas, além de fornecerem nutrientes, aumentam o teor de matéria orgânica do substrato, o que melhora suas características físicas (BENEDETTI et al., 2009). O objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento e nutrição de mudas de Toona ciliata M. Roem var. australis em diferentes substratos orgânicos. MATERIAL E MÉTODOS- O trabalho foi realizado na casa de vegetação do Departamento de Ciências Agronômicas e Ambientais da Universidade Federal de Santa Maria, Campus de Frederico Westphalen, RS, sendo conduzido no período de Outubro de 2013 á Fevereiro de 2014. As sementes de Cedro autraliano foram adquiridas no Laboratório de Silvicultura da Sociedade de Investigações Florestais (SIF), em Viçosa, Minas Gerais. O composto orgânico de resíduo urbano foi obtido a partir dos resíduos urbanos proveniente das residências, sendo constituído de materiais orgânicos como: cascas de frutas, de ovos, restos de comida. Este composto foi adquirido do Consórcio Intermunicipal de Gestão de Resíduos Sólidos, formado por 30 municípios da região do Alto Uruguai, com sede em Seberi – RS, este por sua vez, passou pelo processo de compostagem por um período de 140 dias, após o composto foi peneirado com o objetivo de separar os materiais com maior dimensão. O vermicomposto foi produzido a partir de esterco bovino, juntamente com demais materiais orgânicos como cascas X Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo Fatos e Mitos em Ciência do Solo Núcleo Regional Sul Pelotas, RS - 15 a 17 de outubro de 2014 de frutas, palha e capim, para isso foram usadas minhocas da espécie Eisenia andrey, sendo que a compostagem para o vermicomposto foi de 60 dias. Para comparação com os substratos propostos foi utilizado o substrato comercial H. DECKERR. O trabalho foi realizado em tubetes plásticos, com volume de 125 cm3. Foram semeadas três sementes por tubete e, quando as mudas apresentaram um par de folhas definitivas, foi realizado o desbaste, permanecendo apenas uma muda em cada tubete. A partir de 45 dias, foi feito aplicações de solução nutritiva de micronutrientes uma vez por semana, e aplicação de nitrogênio a cada quinze dias, até o fim do trabalho. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 04 tratamentos, sendo 100% substrato comercial (T1); 100% vermicomposto (T2); 100% composto de resíduo urbano (T3); 33% substrato comercial + 33% composto de resíduo urbano + 33% vermicomposto (T4), com doze repetições Os tratamentos de porcentagem foram com base em v:v. Os parâmetros avaliados foram: altura de mudas (H) em centímetros; diâmetro de colo (DC) em milímetros. A mensuração da altura foi feita com régua graduada, sendo medido a partir do colo da planta até a ultima folha, o diâmetro do colo foi mensurado com paquímetro digital, sendo medido na base do colo da muda. A partir dos parâmetros avaliados foi calculado o IQD (Indice de Qualidade de Dickson). Ainda foram feitas avaliações químicas do nitrogênio na planta, seguindo a metodologia de Tedesco et al; (1995). Os dados foram submetidos à análise de variância e quando significativo foi realizada análise complementar das médias, comparando-as pelo teste de Scott-Knott à 1% de probabilidade de erro (p≤0,01),utilizando-se o programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2011). RESULTADOS E DISCUSSÃO O tratamento T3 e T4 apresentaram maior altura de mudas e o T1 se destacou por apresentar com a menor altura (Tabela 1). Caldeira et al., (2012) trabalhando com substratos à base de biossólido, terra de subsolo e esterco bovino em Toona ciliata, encontraram resultados semelhantes, no qual as médias de altura variaram de 8,4 e 18,5 cm, tendo sua menor média no tratamento T5 que era composto por 60% terra de subsolo e 40% Biossólido. Na figura 1 podemos ver a diferença entre o T1 e os demais, e notar que a altura das mudas foi inferior com o substrato comercial. Contudo o tratamento que continha composto de resíduo urbano, em mistura com substrato comercial e vermicomposto apresentou as melhores médias de altura para as mudas de Cedro australiano. O As mudas de cedro apresentaram maior diâmetro do colo no tratamento T4, no qual a composição continha os três substratos (Tabela 1). Resultados semelhantes foram encontrados por Conte et al., (2012), nos quais o composto de resíduo urbano misturado ao solo apresentou as melhores médias do diâmetro das mudas de cedro-australiano. Com isso, podemos notar um potencial para se utilizar o composto de resíduo urbano, pois aumenta o diâmetro de mudas de Cedro-australiano, tanto sozinho, quanto em mistura ao substrato comercial e ao vermicomposto. Tabela 1. Altura (H); Diâmetro do Colo (DC) e Índice de Qualidade e Dickson (IQD) de mudas de cedro australiano cultivadas em 100% de substrato comercial (T1), 100% de vermicomposto (T2), 100% de composto de resíduo urbano (T3) e 33% de substrato comercial, 33% de composto de resíduo urbano e 33% de vermicomposto (T4). Trat. H (cm) DC (cm) IQD T1 6,241c 0,23b 0,09b T2 14,137b 0,23b 0,26a T3 15,941a 0,24b 0,29a T4 15,667a 0,26a 0,28a CV % 11,25 8,15 31,22 *Médias com letras iguais a coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 1% de probabilidade de erro. **% = V:V. Na análise do Índice de Qualidade de Dickson, o tratamento que se difere é o T1, apresentando a menor média (Tabela 1). Para Hunt (1990), mudas de qualidade devem apresentar valor do IQD maior que 0,20. Portanto, como os valores do IQD dos tratamentos T2, T3 e T4 apresentaram-se maiores, são consideradas mudas de qualidade para o transplante para o campo. Figura 1 – Mudas de Cedro-australiano submetidas a diferentes substratos. (A) Mudas do tratamento T1 (100% substrato comercial), com substrato comercial ainda em tubetes. (B) Mudas de Cedro prontas para avaliação dos parâmetros. CONCLUSÕES – Os tratamentos T4, com composto de resíduo urbano, vermicomposto e substrato comercial garantiram um melhor crescimento inicial das mudas de Cedro australiano. REFERÊNCIAS 2 X Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo Fatos e Mitos em Ciência do Solo Pelotas, RS - 15 a 17 de outubro de 2014 ABRAF. Anuário Estatístico 2008. Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas. Ano Base 2007, Brasília, 2008. 90 p.: il. BENEDETTI, M. P.; FUGIWARA, A. T.; FACTORI, M. A.; COSTA, C.; MEIRELLES, P. R. L. Adubação com Cama de Frango em Pastagem. Águas de Lindóia/SP FZEA/USP. Associação Brasileira de Zootecnistas, 3p. 2009. BERTON, R. S.; VALADARES, J. M. A. S. Potencial agrícola do composto de lixo urbano no Estado de São Paulo. 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