AVALIAÇÃO ANATOMOPATOLÓGICA DE FÍGADO DE CAMUNDONGOS EXPOSTOS AO COMPOSTO DIFENIL DITELURETO POR 15 DIAS SANDRA SARTORETTO PAVIN ([email protected]) / Farmacia/UFSM, Santa Maria/RS ORIENTADOR: BARBOSA, NILDA BERENICE ([email protected]) / UFSM, Santa Maria/RS ROCHA, JOÃO BATISTA TEIXEIRA DA ([email protected]) / UFSM, Santa Maria/RS VIEIRA, FRANCIELLI ARAUJO ([email protected]) / Farmacia/UFSM, Santa Maria/RS DA LUZ, SONIA CRISTINA ALMEIDA ([email protected]) / UFSM, Santa Maria/RS Palavras-Chave: FÍGADO, DIFENIL DITELURETO, ANATOMOPATOLÓGIA Introdução: O elemento telúrio (Te) pertence ao grupo 16 da tabela periódica, denominado família dos calcogênios, é encontrado com maior frequência na forma de teluretos de ouro, bismuto, chumbo e prata. O crescente uso industrial do Te representa sérios riscos ocupacionais e ambientais para a saúde humana, uma vez que este elemento é altamente tóxico. A exposição ao telúrio pode causar o desenvolvimento de neuropatias periféricas e alterações neuromusculares, bem como alterações histopatológicas em órgãos e tecidos como olhos, fígado, timo, medula óssea, coração e rim (Nyska e cols., 1989). Os efeitos tóxicos do Te parecem estar relacionados com o seu estado de oxidação, com a concentração e com a espécie (Nogueira e cols., 2004). O Ditelureto de difenila (PhTe)², é um composto orgânico de telúrio comumente utilizado como intermediário em reações na síntese orgânica. A relevância da toxicidade humana e ambiental do (PhTe)² é ainda incerta, mas inúmeros estudos experimentais in vitro e ex vivo têm demonstrado que este composto causa efeitos tóxicos mesmo quando usado em baixas concentrações (Nogueira e cols., 2004). Dentre estes, destacam-se os efeitos neurotóxicos e teratogênicos em roedores (Nogueira & Rocha, 2011). Em analogia a outras formas de telúrio, o mecanismo(s) pelo qual(s) o ditelureto de difenila induz toxicidade parece envolver a oxidação de tióis. De fato, dados da literatura mostram que o (PhTe)² inibe enzimas como a Na+, K+ ATPase in vitro e in vivo , bem como, a atividade da enzima delta-ALA-D de fígado, rim e cérebro in vitro e in vivo (Nogueira e cols., 2004; Nogueira & Rocha, 2011). Embora as pesquisas acerca da toxicidade de compostos de telúrio venham crescendo bastante nas últimas décadas, ainda existem poucos estudos na literatura mostrando as alterações histopatológicas causadas pela exposição ao Te em órgãos específicos. No entanto, já se sabe que a exposição a determinados compostos de Telúrio pode induzir alterações morfológicas em tecidos como fígado, timo, medula óssea, coração, olhos e rim (DeMeio & Jetter, 1948), bem como, acentuada vacuolização do tecido cerebral (Nogueira e cols., 2004). Assim, tendo em vista o alto risco de exposição ocupacional e aos diversos efeitos tóxicos associados ao telúrio, faz-se necessário a realização de pesquisas que investiguem os tipos de danos teciduais causados pela exposição a compostos contendo o elemento. Objetivo: Avaliar as alterações anatomopatológicos induzidas pela exposição ao composto ditelureto de difenila (PhTe)² em fígado de camundongos. Materiais e Métodos: Camundongos adultos (25-30g) foram divididos nos seguintes grupos (n = 5): (A) Controle (DMSO) (B) Tratados (PhTe)2 10?Mol/Kg. Os animais foram expostos via subcutânea na dose de 10 µmol/kg por 15 dias. O controle foi similarmente tratado com o veículo do composto, dimetil sulfóxido (DMSO; 1mL/kg). (1mL/kg). No final dos períodos experimentais, os animais foram sacrificados por deslocamento cervical e fígado foi rapidamente removidos e fixados em formol 20%. Os cortes teciduais para a análise histológica serão submetidos à coloração por hematoxilina e eosina (H&E) e também colorações especiais, quando a indicação for necessária. Resultados: Análise histológica de Fígado após 15 dias de Exposição ao (PhTe)² na concentração de 10 µMol Secção do fígado de ratos controle apresentaram (A) hepatócitos em cordões com normais poligonais citoplasma eosinofílico, núcleo oval com cromatina dispersa nucléolos e proeminente. Sinusóides radial de drenagem na veia central. O fígado do grupo tratado com (PhTe) ² 10 micromol mostrou (B) Presença de hepatócitos danificados com vacuolização citoplasmática extensa, degeneração hidrópica (edema) e núcleos hipercromáticos Conclusão: As análises histopatológicas demonstram que o composto difenil ditelureto pode ser considerado um agente nefrotóxico e hepatotóxico, uma vez que induziu uma série de alterações morfológicas nestes tecidos . REFERÊNCIAS: DeMeio, R.H.; Jetter, W.W; Tellurium: the toxicity of ingested tellurium dioxide for rats; J. Ind. Hyg. Toxicol; 30; 53-58; 1948. Nyska, A.; Waner, T.; Pirak, M.; Albeck, M.; Sredni, B; Toxicity study in rats of a tellurium based immunomodulation drug, AS-101: a potential for AIDS and cancer patients.; Arch. Toxicol; 63 (5); 386-393; 1989. Nogueira, C.W.; ZENI, G.; ROCHA, J.B.T; Organoselenium and organo-tellurium compounds: toxicology and pharmacology; Chemical Reviews ; 104 ; 6255–6285. ; 2004. Nogueira, C.W. & Rocha, J.B.T; Diphenyl diselenide a Janus-Faced Molecule; J. Braz. Chem. Soc; 1; 1-17.; 2011.