II – São Paulo, 125 (175) Diário Oficial Poder Executivo - Seção I sábado, 19 de setembro de 2015 Geraldo Alckmin - Governador Volume 125 • Número 175 • São Paulo, sábado, 19 de setembro de 2015 www.imprensaoficial.com.br Fotos são de autoria de internos, produzidas após workshop com o fotógrafo francês Klavdij Sluban; material está em exposição no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso O material exposto teve origem nas oficinas de fotografia ministradas pelo premiado fotógrafo francês Klavdij Sluban, por duas semanas em cada unidade. De 3 a 7 de agosto, o workshop ocorreu na Mario Covas e, de 10 a 14 do mesmo mês, em Arujá, com a participação de dez alunos. Convidado pela Biblioteca Mário de Andrade para a realização de sua primeira exposição no Brasil, Sluban não quis apenas mostrar o seu trabalho, mas, também, proporcionar oficinas de fotografia com jovens em restrição de liberdade na Fundação Casa. Exposição Ver, tornar visível: fotos clicadas pelos internos Breno: surpreso com a qualidade das imagens digitais da máquina profissional tando Entre parêntesis – Jovens na prisão, exposição cuja proposta é provocar questionamento social, por meio da fotografia. Foi uma semana intensa, seguida da festa da exposição, com a presença dos jovens fotógrafos e seus familiares, comenta Vilma Moreira de Oliveira Ribeiro, diretora da unidade Arujá. “Foram encontros interessantes, de muita descontração e troca de ideias”, diz. A diretora conta que nem a barreira da língua tornou-se impedimento: o pessoal arriscava palavras em francês, espanhol e inglês, já que as aulas eram todas em inglês. Os meninos aprenderam rápido o bonjour, merci beaucoup, oui (bom dia, obrigado, sim). O fotógrafo francês não deixou por menos, aprendeu rápido as gírias que eles usam, como “pode pá”, que significa ok, ficou legal. Mesmo assim, os trabalhos foram ELIEL NASCIMENTO Conhecimento – Há mais de 20 anos, o fotógrafo se dedica ao trabalho de retratar jovens no sistema prisional de várias partes do mundo. Ele viaja por diversos países apresen- ELIEL NASCIMENTO Q uem passar pelo Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte da capital, poderá conferir, até o dia 30, a exposição Ver, tornar visível, uma seleção de cem fotos produzidas por jovens internos de duas unidades da Fundação Casa – a Casa Mario Covas, na capital, e a de Arujá, município da Grande São Paulo. CLEO VELLEDA Jovens da Fundação Casa mostram sua rotina em fotografias O fotógrafo Sluban e os jovens da Fundação Casa Arujá conduzidos na presença de uma tradutora. “Foi um curso rico em informações, mas com muito bom humor, enfim uma polaridade cultural, uma mistura de grandes sentimentos e interpretação de fotos”, ressalta Vilma. Enriquecedor – Michel, 17 anos, fala sobre o interesse que a oficina despertou nele e nos outros colegas internos. “Fiz umas fotos da hora, mas a que mais gostei está lá na exposição, mostra uma paisagem que circunda a unidade em Arujá. Fiquei tão animado que desejei ter uma máquina profissional. O legal foi ganhar as fotos e distribuir depois para a família. Chegamos a produzir perto de 200 fotografias digitais durante a oficina. No final da tarde, selecionávamos tudo para, no dia seguinte, submeter à avaliação do Sluban.” Para ele foi enriquecedor, também, ouvir as histórias do fotógrafo sobre a França, o modo de viver do povo francês, e de outros países por onde andou. “Fiquei curioso”, afirma o jovem. Segundo Vilma, os adolescentes tiveram como inspiração as próprias dependências da fundação onde estão internados. Fotografaram uns aos outros, o dormitório, o jardim em volta, os muros e as grades. “Curioso é que em nenhum momento usaram a grade como símbolo de opressão. Eles foram descobrindo aos poucos o ambiente que os cerca. Ficavam ansiosos para a oficina do dia seguinte”, observa. Aprendizado – Na Fundação Casa Mario Covas, as oficinas despertaram interesse semelhante e mudaram a rotina dos jovens, ressalta o coordenador da unidade, Luiz Paranhos. “Os meninos se dedicaram ao máximo em aprender as técnicas de fotografia, iluminação, enquadramento, além de outras. Deu certo porque esse ambiente é muito familiar ao fotógrafo.” São imagens belas, geométricas, a partir de um clique de um muro, grades ou paisagens, uma maneira de dialogar abertamente com o mundo. As oficinas foram ministradas a jovens de 15 a 18 anos. Breno, 17, até então estava acostumado a tirar fotos pelo celular. “Fiquei surpreso com a qualidade das imagens digitais da máquina profissional”, diz. A figura do Sluban, também, o impressionou. “Ele é engraçado, humilde, procurava animar a gente quando estávamos meio para baixo. Figura!” Rafael, 16 anos, pensava que “fosse facinho, facinho esse negócio de fotografia”, mas ficou de queixo caído com tanta informação. “Achei bacana conhecer mais sobre enquadramento, perspectiva e iluminação. Legal, a gente acaba aprendendo mais coisas aqui do que lá fora, onde eu nem teria a oportunidade de fazer um curso desses, nem sei por onde começaria”, relata. Durante as oficinas, Sluban apresentou os principais conceitos de fotografia e todo o processo do trabalho fotográfico – desde captação até noções de edição e seleção de imagens. As fotografias selecionadas foram objeto de outra exposição, exclusiva para os familiares dos jovens da fundação. Maria das Graças Leocádio Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial SERVIÇO Exposição Ver, tornar visível Fotos de jovens da Fundação Casa De terça-feira a sábado, das 10 às 20 horas; domingos e feriados, das 10 às 18 horas Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641 – Vila Nova Cachoeirinha – zona norte da capital Entrada franca A IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO SA garante a autenticidade deste documento quando visualizado diretamente no portal www.imprensaoficial.com.br sábado, 19 de setembro de 2015 às 03:55:39.