ENERGIA EÓLICA: perspectivas e análises. Selma A. Moura Braga - Vice-Diretora Centro Pedagógico /EBAP/UFMG. Guilherme Borges Leão – Graduando em Geografia/UFMG. Marcelo Medeiros de Lima – Estudante oitavo ano Centro Pedagógico/EBAP/UFMG. Matheus Silva Soares - Estudante oitavo ano Centro Pedagógico/EBAP/UFMG. Sidney Willian Teixeira Barreto - Estudante oitavo ano Centro Pedagógico/EBAP/UFMG. Apresentação A partir de um desejo do grupo de estudar o tema “energia”, em especial as consideradas renováveis e limpas, é nesse sentido que o mesmo se interessou pelo estudo da energia eólica, visto que esta possui uma perspectiva de crescimento no Brasil, além de peculiaridades em relação a outros tipos de fontes energéticas, além de ser um importante recurso para se buscar a sustentabilidade ambiental. Os autores do presente trabalho participam do Projeto “Clube de Ciências” 1 do Centro Pedagógico da UFMG, onde desde o ano passado os alunos do presente trabalho estudam temas relacionados à “energia”. O ano de 2011 foi dedicado ao estudo da energia hidrelétrica, já em 2012 o grupo optou por entender mais sobre energia eólica. Introdução (justificativa e objetivo geral) A transdiciplinaridade técnico-científica, se bem utilizada, pode implicar resultados ligados diretamente a uma relevância de caráter social e sustentável para a natureza. O objetivo do presente trabalho é justamente expor essas características da energia eólica, ou seja, sua função e usos para a sociedade, os benefícios e 1 Nesse projeto os alunos têm encontros semanais entre eles e seus orientadores. No decorrer do ano eles pesquisam e desenvolvem trabalhos sobre o tema escolhido pelo grupo. malefícios do uso desse tipo de energia, bem como mostrar, a grosso modo, um panorama do potencial eólico brasileiro. Nesse contexto, o estudo se justifica na medida em que a energia eólica não gera emissão de gases estufas na atmosfera e de outras substâncias nocivas ao ambiente. A operacionalização de um parque eólico é relativamente simples e o custo da produção dessa energia a médio e longo prazo é baixo, possibilitando assim um excedente de capital governamental para se utilizar no aprimoramento de estudos nesse campo, ou mesmo, utilizar tais recursos em outros tipos de investimentos para a sociedade. Sabe-se que na estação seca no Brasil o uso de termelétricas é maior. Esse uso por sua vez, lança gases nocivos ao ambiente, afetando também a população. Esses gases podem potencializar o efeito estufa e doenças relacionadas à poluição atmosférica. Segundo Silva (2003) “(...) uma turbina eólica de 750 kW, em média, é capaz de produzir anualmente 2 milhões de quilowatt-hora de eletricidade. Considerando que, em média, 0,60 kg de CO2 equivalente são emitidos para cada kWh produzido, esta turbina impede a emissão na atmosfera de 1.200 toneladas de CO2 num único ano” (Silva,2003, p. 12). Outra justificativa importante que valoriza o uso da energia eólica, diz respeito ao valor de produção dessa energia, visto que é relativamente baixo se comparado com outras fontes energéticas, como mostra a tabela abaixo: Figura 1: Tabela representando o valor de custo da produção de diferentes tipos de energia. Fonte: SILVA, 2003, p.13. Metodologia Como metodologia de estudo, o grupo lançou mão de leituras bibliográficas específicas sobre o assunto e de pesquisas na Internet. Para a sistematização do pensamento, o grupo valeu-se da construção de um blog2, onde semanalmente é feito atualizações sobre o que foi discutido no “Clube de Ciências” ou sobre algum assunto interessante no que diz respeito à energia eólica. O Grupo também realizou a montagem de um vídeo sobre características da energia estudada, também realizou a montagem de um protótipo de uma torre eólica, visando assim, mostrar seu funcionamento e perceber empiricamente, a conversão da energia cinética do vento em energia elétrica. Concomitantemente a esse processo, o grupo, juntamente com seus orientadores do “Clube de Ciências”, fazem discussões semanais sobre o tema estudado e sobre o desenvolvimento do trabalho. Resultados obtidos e Conclusões Segundo Silva (2003), a capacidade instalada (MW) no ano de 2002 de energia eólica em países como Alemanha, EUA e Espanha era de aproximadamente: 12.000, 4.600 e 4.800, respectivamente. Enquanto que no Brasil era de apenas 22 MW. Embora os valores apresentados sejam baixos, a tendência no mundo, e em especial no Brasil, é de uma perspectiva de grande crescimento. Sendo que o Nordeste brasileiro representa o maior potencial eólico do território nacional. 2 http://clubedecienciascp.blogspot.com.br/ Dutra (2008) entende que a produção de energia eólica ainda é pequena no Brasil, já que “(...) em setembro de 2003 havia apenas 6 centrais eólicas em operação no País, perfazendo uma capacidade instalada de 22.075 kW. Entre essas centrais, destacam-se Taíba e Prainha, no Estado do Ceará, que representam 68% do parque eólico nacional” (Dutra, 2008, p. 100). Figura 2: Gráfico representando a perspectiva de crescimento da produção de energia eólica no mundo. Fonte: http://www.wwindea.org/home/index.php, acessado em 11/09/2012. Analisando a perspectiva de produção de energia eólica no Brasil, percebemos que o potencial eólico brasileiro é bom, ”(...) até poucos anos, as estimativas eram da ordem de 20.000 MW. Hoje a maioria dos estudos indica valores maiores que 60.000 MW. Essas divergências decorrem principalmente da falta de informações (dados de superfície) e das diferentes metodologias empregadas” (Dutra, 2008, p. 95). Segundo o mesmo autor citado acima, a energia eólica se bem empregada pode contribuir para a “(...) a redução da emissão, pelas usinas térmicas, de poluentes atmosféricos; diminuindo a necessidade da construção de grandes reservatórios; e reduzindo o risco gerado pela sazonalidade hidrológica.” (Dutra, 2008, p. 17). Não obstante, o uso dessa energia gera impactos negativos ao ambiente, tais como: poluição sonora; mudança na paisagem natural, podendo então, reduzir o turismo de certas regiões; interferência em aparelhos eletrônicos nas proximidades dos parques eólicos; interferência na rota de pássaros. Figura 3: Mapa representando a localização dos projetos autorizados pela ANEEL e sua distribuição por região. Fonte: SILVA, 2003, p.17. Ao analisar a figura 3, percebemos a predominância de projetos autorizados pela ANEEL na região nordeste e sul, respectivamente na faixa litorânea do estado do Rio Grande do Norte ao Piauí e na faixa litorânea do estado do Rio Grande do Sul. Essa espacialização pode ser explicada, em parte, quando analisamos a figura 4, já que ela mostra essas duas grandes áreas como sendo as de maiores potenciais eólicos ao longo de boa parte do ano. Devido a características climáticas, outras regiões também apresentam grande potencial eólico, como por exemplo: norte do estado de Roraima e a cadeia da Serra do Espinhaço, mas esse potencial se mostra apenas em um pequeno espaço temporal, não apresentando uma constância ao longo do ano, inviabilizando, portanto, a construção de grandes parques eólicos. Figura 4: Conjunto de mapas representando o potencial eólico brasileiro por estações do ano. Fonte: Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, 2011, p. 32. O grupo compreendeu a importância de existir estudos sobre a dinâmica climatológica de ventos para se implantar um parque eólico, já que esses estudos possibilitam maximizar a produção de energia e reduzir gastos econômicos. Ao analisar o estudo de Silva (2003), percebemos alguns critérios fundamentais para o objetivo citado acima, tais como: estudar a escala temporal dos ventos, ou seja, sua regularidade no ano e sua variação sazonal; bem como analisar a sua intensidade e sua constância direcional. O grupo entende também que a energia eólica, se bem estruturada e investida, pode substituir em grande parte as termelétricas, já que essas emitem gases estufas. Nesse sentido, se o preço de produção dessa energia reduzisse cada vez mais, possibilitaria a expansão da indústria eólica e beneficiaria a economia da região nordeste, assim como o meio ambiente, podendo também atrair indústrias e consequentemente gerar empregos. Bibliografia DUTRA, R. Energia Eólica: Princípios e Tecnologias. Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito/CRESESB. Brasília. 2008. Ministério de Minas e energia. Atlas do Potencial Eólico Brasileiro. Centro de Pesquisas de Energia Elétrica/CEPEL. Brasília, 2011. SILVA, G. R. Características de vento da região nordeste – análise, modelagem e aplicações para projetos de centrais elétricas. Dissertação de mestrado submetida à Universidade Federal de Pernambuco. Pós Graduação em Engenharia Mecânica. Recife, 2003. <http://www.cresesb.cepel.br>; acessado em 11/09/2012. <http://clubedecienciascp.blogspot.com.br>; acessado em 11/09/2012. <http://www.wwindea.org/home/index.php>; acessado em 11/09/2012.