1 A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR Laís de Santana Araújo* Ada Augusta Celestino Bezerra** Paula Tauana Santos*** EIXO TEMÁTICO: Espaços Educativos, Currículo e Formação Docente RESUMO O presente trabalho tem a finalidade de refletir sobre a importância da didática na formação do educador. Nesse sentido, foi utilizada a pesquisa do tipo qualitativa. Para tanto, foi feita a pesquisa bibliográfica, e uma pesquisa de campo que teve como objetivo conhecer a prática pedagógica do educador na realidade escolar. Para fundamentação teórica, foram utilizados conceitos de DAMIS (2010), Castanho e Castanho (2010), além de Luckesi (2001). Na pesquisa de campo o ponto de partida foi o conhecimento do projeto político pedagógico da escola, o seu perfil envolvendo as tendências pedagógicas, e ainda, a práxis pedagógica do educador, com os seus resultados e as dificuldades que são encontradas no processo de ensino. A análise recorreu à concepção crítica de didática para analisar as possibilidades de intervenção do educador em sua prática pedagógica. A didática revelou-se do ponto de vista da relação sociedade-educação como fundamental na formação do educador e do cidadão. Palavras-chaves: didática; prática pedagógica; intervenção. ABSTRACT The present work aims to reflect on the importance of didactics in teacher education. Accordingly, we used the qualitative study. For this, the literature search was performed, and a field survey that aimed to understand the pedagogical practices of educators in the school. For theoretical foundations, concepts were used DAMIS (2010), Brown and Brown (2010), and Luckesi (2001). In the field research was the starting point for understanding the political pedagogical project of the school, your profile involving teaching trends, and also the pedagogical praxis of educators, with their results and difficulties which are encountered in the teaching process. The analysis used the critical approach of teaching to examine the possibilities of intervention of the teacher in their teaching. The teaching is revealed from the viewpoint of the society-as a fundamental education in teacher education and citizen. Keywords: teaching, teaching practice; intervention. * Acadêmica do curso de Pedagogia, bolsista de iniciação científica PROBIC/UNIT. Integrante do grupo de Pesquisa GPGFOP/UNIT/CNPq: Políticas Públicas, Gestão Socioeducacional e Formação de Professores. E-mail: [email protected]; laí[email protected] ** Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo. Professora Titular III na UNIT, Aracaju, SE. Líder do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas, Gestão Socioeducacional e Formação de Professor (UNIT/CNPq). E-mail: [email protected]; [email protected] ***Acadêmica do curso de Pedagogia na Universidade Tiradentes, bolsista de iniciação científica PIBIC/UNIT/CNPq. Integrante do grupo de Pesquisa GPGFOP/UNIT/CNPq: Políticas Públicas, Gestão Socioeducacional e Formação de Professores. E-mail: [email protected] 2 INTRODUÇÃO Na atualidade, a exigência progressiva de resultados qualitativos da educação traz à tona a discussão do que fazer para aumentar o índice de aprendizagem dos alunos. Entende-se que o educador, visto como “um sujeito, que junto com outros sujeitos, constrói em seu agir” (LUCKESI, 2001), é um sujeito ativo e capaz de transformar com as suas ações. Tendo em vista que sua formação reflete em sua prática, vamos refletir sobre a contribuição que a didática, como disciplina, oferece a esse profissional. A concepção de Didática não é unívoca entre os teóricos da educação, sofrendo influência dos paradigmas que os orientam. Para o clássico Comênios, Didática seria “a arte de ensinar tudo todos”, portanto apontando para a perspectiva inclusiva, embora referida ao século XVII. Cordeiro (2009) chama a atenção para a origem etimológica da palavra didática, que vem do verbo grego didaska, que significava ensinar ou instruir. Segundo Luckesi (2001) a função da Didática é a de criar condições para que o educador se prepare técnica, científica, filosófica e efetivamente para o tipo de ação que vai exercer. Percebe-se que há contradições nos conceitos mencionados, os quais, ao longo tempo, vêm sendo discutidos e reformulados. Tais conceitos serão aprofundados ao longo desse estudo. Ter numa sala de aula um professor que domina os conteúdos, possui um bom planejamento e alunos motivados, não significa que a aprendizagem aconteça naquele local. Para que aconteça a relação ensino-aprendizagem, consideramos que para ensinar é necessário adotar diferentes procedimentos, selecionar conteúdos e livros didáticos, embora não sejam os únicos suportes do trabalho pedagógico do professor. É desejável buscar complementá-las a fim de ampliar o acesso às informações e as atividades propostas no material adotado, ou, ainda, com o objetivo de adequá-lo ao grupo de alunos que o utilizam. Nesse contexto e com essas finalidades propõe-se que a didática, longe de ser um método ou uma receita, subsidie, através da relação pedagógica, a oferta qualitativa do ensino em suas dimensões lingüística, pessoal e cognitiva. “Pensar o ensino e a aprendizagem em termos da relação pedagógica implica admitir a complexidade da situação da sala de aula e considerar as questões de ensino de um ponto de vista dinâmico.” (CORDEIRO, 2009, p. 98) A dimensão linguística da relação pedagógica é muito importante, pois a linguagem influencia na aprendizagem dos alunos e, além disso, possibilita o diálogo, que muitas vezes expressa mensagens que nunca foram ditas em forma de palavras. A mobilização e o uso da linguagem do e no ensino definem, portanto, um determinado estilo de relação pedagógica e têm conseqüências importantes 3 para as maneiras como se darão as interações pessoais dentro da sala de aula e os padrões de relação com o saber que os diversos alunos estabelecerão na escola. (CORDEIRO, 2009, p. 101) Entende-se por dimensão pessoal os processos de auto-reflexão e correção de erros acerca do processo de conhecimento, enquanto a dimensão cognitiva está relacionada às influências que os estudantes recebem a partir do conhecimento adquirido e das informações obtidas nos diversos espaços educativos, notadamente a mídia e o trabalho, além de outras instituições sociais como a família, a igreja e o sindicato. Com essa amplitude, a didática apresenta-se como importante e capaz de influenciar no processo de educar, esse em seu sentido lato que ultrapassa as relações escolares, embora não possa ser considerada a única responsável pelos resultados obtidos, sucesso ou fracasso escolar. O ensino e a aprendizagem ocorrem a partir da “relação triádica” entre o professor, os alunos e o conhecimento, como esclarece Cordeiro (2009). Este artigo tem a finalidade de refletir sobre a importância da Didática na formação do educador, a partir de pesquisa bibliográfica que dá o suporte teórico e de uma pesquisa de campo que teve como objetivo conhecer a prática pedagógica do educador na realidade escolar em Aracaju (SE). O ponto de partida e o de chegada residem no projeto político pedagógico da escola, no seu perfil envolvendo as tendências pedagógicas e, ainda, a práxis pedagógica do educador, com os seus resultados e as dificuldades que são encontradas no processo de ensino, sem perder de vista as especificidades do processo de aprendizagem. É feita uma contextualização da educação, atentando para a demanda de profissionais que a sociedade almeja. Em seguida, discute a expectativa contemporânea em relação à formação do professor-educador e como ela está acontecendo na atualidade. Abordaremos as diferentes concepções de didática e identificaremos na escola, objeto de estudo, qual é a educação que se pretende oferecer para a sociedade. CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO E DA PRÁXIS PEDAGÓGICA DOCENTE O processo histórico da educação brasileira, assim como em vários países, é caracterizado pelas determinações de dois modelos de sociedade, feudal e capitalista. Na sociedade feudal a educação oferecida estava fundamentada na escolástica. Este ensino priorizava a forma lógica de organização do pensamento do professor para a exposição de argumentos “pró” e “contra” uma questão colocada por ele. A esta, o aluno devia apresentar argumentos e objeções, até chegar a um argumento único que geralmente revela a posição do mestre. (DAMIS, 2010, p.17) 4 No contexto do modelo capitalista, está voltada para as características regentes desse modo de produção da existência como: exploração, lucro e produtividade. A educação passa a ser uma atividade planejada, que têm objetivos e que requer resultados visando participar do processo de desenvolvimento econômico em que ciência e tecnologia são vistas como meios de produção e a educação, necessariamente, como formadora de mão de obra, mediante o trabalho escolar de pesquisa, ensino e extensão. Embora a educação na sociedade capitalista acabe sendo considerada uma mercadoria ou até capital humano, é de fato um bem disputado enquanto direito humano subjetivo e pelo próprio desenvolvimento capitalista que requer qualidade desde a educação básica até a superior, demandando novos atributos na formação do trabalhador. A educação não deve ser vista como atividade planejada, pois passamos a valorizar a sociedade heterogênea, ela é vista como uma mediação entre as relações sociais. Também, passa a ser reconhecida em três modalidades: a educação formal, que acontece na escola, a informal, que se desenvolve nas relações sociais e a educação não formal, que acontece na família, na igreja, em associações, em empresas etc. A aprendizagem ocorre nos diversos espaços. Embora o conceito de educação sofra alterações ao longo dos anos, os objetivos dela permanecem sendo o que se pretende alcançar através da prática educativa. Vamos analisar a tabela proposta por Castanho e Castanho (2010), que contempla três tipos de finalidades para a educação libertadora. OBJETIVO EDUCACIONAL Técnico Consensual Político-cultural CONHECIMENTO VISADO natural histórico-hermenêutico praxiológico INTENÇÃO EDUCATIVA instrumental Comunicativa Emancipatória O objetivo técnico corresponde a uma intenção educativa instrumental, que possibilita, através dos conhecimentos das ciências naturais, a criação de meios técnicos. E esses não são neutros. O segundo é o consensual que através do conhecimento histórico-hermenêutico busca a intenção comunicativa que permite identificar, descrever e criticar as relações que são estabelecidas entre os homens. E o terceiro é o objetivo político-cultural que com a intenção emancipatória reflete sobre a ciência da práxis. Essa intenção também está contida nos outros 5 objetivos citados. Ela visa o cidadão e a cidadania, ao mesmo tempo, não aceita os órgãos públicos como aparelhos mantenedores da ideologia dominante. Desde o século XVII, quando surgiu à didática, o seu conceito vem sendo tema de discussão. Comênius, Herbart, Montessori, Alain, Dewey, Decroly, Lourenço Filho, Freinet, Neill, Paulo Freire, Snyders , entre outros, construíram modelos didáticos que ora se igualam, ora se contradizem, isso porque eles tentaram responder aos problemas educacionais de suas respectivas época. Em cada situação a didática adotada por eles significou muito para o progresso do ensino. Tomar consciência que a Didática hoje oscila entre diferentes paradigmas pode ser algo muito auspicioso para a comunidade pedagógica. Na verdade ela nunca foi monolítica: é o que prova a própria necessidade de adjetivação adotada tantas vezes: Didática renovada, ativa, nova, tradicional, experimental, psicológica, sociológica, filosófica, moderna, geral, especial etc. (CASTRO, 1991, p.21) Na maioria das vezes, a tendência de didática que predomina está relacionada ao aspecto técnico e instrumental, ou seja, à forma de como o professor deve organizar e desenvolver o ensino dos conteúdos. Tomando como referência a didática proposta por Comênius, criada no período de transição do feudalismo para o capitalismo, século XVII, a Didática Magna, “toda juventude, com tão diversas índoles, pode ser educada e formada por um único método, primeiro, único e idêntico” (Comênius, 1997), com nove princípios básicos: Primeiro princípio: A natureza aguarda o momento propício. Segundo princípio: A natureza prepara a matéria antes de começar a introduzir-lhe a forma. Terceiro princípio: Ao obrar, a natureza toma um indivíduo apto e prepara-o antes, oportunamente. Quarto princípio: Em suas obras, a natureza não procede confusamente, mas de modo claro. Quinto princípio: A natureza começa todas as operações pelas partes mais internas. Sexto princípio: A natureza inicia todas as suas formações pelas coisas mais gerais e acaba pelas mais particulares. Sétimo princípio: a natureza não procede por saltos, mas gradualmente. Oitavo princípio: depois e iniciar uma obra, a natureza não a interrompe, mas conclui. Nono princípio: a natureza está sempre atenta para evitar as coisas contrárias e nocivas. (Comênius, 1997, p. 147-163) A arte de ensinar sugerida por Comênius, através do seu modelo didático, dá ênfase ao processo de ensino, porém está restrita apenas ao aspecto técnico e metodológico: o como ensinar e o para quê. Na atualidade, a didática que está envolvida na prática educativa, deve 6 ser vista a partir da relação sociedade-educação, segundo a qual a prática não é neutra. Sendo assim, tomando consciência ou não da função ideológica que tem a sua prática, o educador sempre reproduz uma ideologia. Nesse sentido, Damis (2010) sugere compreender a didática a partir de uma forma teórico-prática, que visa a convivência do homem em sociedade. O objeto de estudo passa a ser uma forma de ensino que busca adequar e preparar o aluno para a vida social, essa forma, além do aspecto técnicooperacional, possui um conteúdo que é determinado pelas condições e necessidades predominantes na prática social mais ampla. (DAMIS, 2010, p.22) Essa concepção de didática visa auxiliar na compreensão crítica da arte de ensinar. Sabendo que a didática muda conforme a mudança dos paradigmas e dizendo que o seu objeto de estudo é ensino-aprendizagem do aluno, é possível afirmar que diante do contexto social que vivemos, a didática que ajudará ao educador em sua prática pedagógica é aquela que permite o desenvolvimento do ser humano em todas as áreas e não aquela que se limita ao avanço cognitivo intelectual (CASTRO, 1991). Para cumprir essa função ela deverá apresentar-se como mediação entre o fazer pedagógico e o contexto sociopolítico e cultural. O papel da Didática na formação do educador é fundamental para ajudá-lo em sua práxis pedagógica, pois, a contribuição que ela desempenha no campo educacional nenhuma outra disciplina poderá cumprir, como elucida Castro (1991). O ensino só tem eficiência quando o educador deixa de ver a didática como “orientações mecânicas e tecnológicas” e passam a tê-la como um meio de fazer despertar o gosto por conhecer e aprender. O educador pode desenvolver essas aptidões através de projetos. O projeto ainda pode propiciar diferentes mecanismos de trabalhar o processo de aprendizagem não só na área cognitiva, mas também na motora, quando colocamos o corpo para resolver determinadas situações-problema, assim como nas áreas afetiva, social, emocional, etc. ao buscar o equilíbrio e o desenvolvimento das inteligências inter e intrapessoal. Outra característica marcante nos projetos é a possibilidade do desenvolvimento em múltiplas áreas do conhecimento. (NOGUEIRA, p.95) A didática se apresenta como uma proposta de ação reflexiva, onde o educador faz acontecer, porém ciente do seu papel transformador na sociedade. Há quem diga que essa é uma idealização do profissional educador, porém acreditamos nessa possibilidade de intervenção. 7 A VISÃO DA PRÁTICA EDUCATIVA NA ESCOLA X1 Por isso, os problemas da prática educativa não podem ser reduzidos a questões meramente instrumentais, nas quais a tarefa do docente se reduz à escolha certa de meios e procedimentos e a competente e rigorosa aplicação dos mesmos. Em primeiro lugar, na aula não se encontram todos os problemas claramente definidos, para cujo o diagnóstico e tratamento existam receitas elaboradas por especialistas externos. (...) Em segundo lugar, a aprendizagem escolar se realiza em grupo, sem que isto signifique que se estimule necessariamente a uniformidade. (...) Em terceiro lugar, na prática escolar, como em toda prática social, sempre é necessário reconhecer espaços de indeterminação, aqueles que correspondem ao caráter inacabado da natureza humana que vai se construindo na medida em que se vive e se experimenta social e individualmente (SCHÖN, 2000, p.83, 84). A pesquisa empírica desenvolveu-se na Escola X, escola localizada na cidade de Aracaju/SE, que ministra a educação básica desde a Educação Infantil ao 9º ano, com o horário de funcionamento de 07h00min as 11h15min e das 13h00min as 17h30min, com a participação consensual de PROFMF, entrevistada, que além de lecionar nessa escola também atua como secretária da instituição. PROFMF informou sobre o projeto político pedagógico da escola; falou que ele é traçado anualmente, e constitui-se de projetos pedagógicos com temas geradores cíclicos, ou seja, que acontecem anualmente: são comemorados em datas comemorativas ou em períodos específicos e também culminam em eventos culturais (Feira de ciências, Gincanas e outros). De acordo com suas informações, através da realização dos projetos esperam poder levar aos alunos o conhecimento, pois, na sua opinião, quando um aluno começa a aprender com os projetos ele pode se identificar na área que gostará de atuar futuramente, e tem grandes chances de ser um cidadão de bem, porque aprende valores sociais. A diretora, os coordenadores e todos os professores reúnem-se, antes de começar o período letivo, para discutirem os projetos que serão feitos durante o ano. Para a realização desses projetos existe um sorteio, onde cada professor se responsabiliza por fazer acontecer um projeto no ano. A escola nos meses de fevereiro e junho não realiza os projetos com as datas comemorativas típicas, pois a escola possui costumes religiosos; tem como um dos objetivos levar ao aluno o conhecimento de Deus, com respeito às demais religiões existentes. Os alunos possuem um bom desempenho, de acordo com a PROFMF, pois, na escola não há necessidade de recuperação paralela, só é feita uma prova de recuperação a cada 1 O nome da escola utilizado neste trabalho é fictício. 8 semestre. Quando o aluno tem dificuldade em alguma disciplina, o professor tem uma atenção maior com aquele aluno. E, na maioria das vezes, o aluno que tinha dificuldade consegue acompanhar os outros alunos. Nessa escola a avaliação é dividida em 4 unidades, em cada semestre, e as provas valem de 0 a 10. Em apenas dois meses, que são referente à Gincana Cultural e à Feira de Ciências, a nota é dividida (4,0 gincana e 6,0 prova; 3,0 feira de ciências e prova 7,0). A maior dificuldade enfrentada pela escola, na sua perspectiva, é a falta do apoio dos pais dos alunos da Educação Infantil, que, conforme PROFMF, colocam a responsabilidade de todo aprendizado das crianças nos professores. “Os pais não querem ensinar os hábitos de higiene e de boas maneiras, eles transferem toda responsabilidade para a escola”. A educação contemporânea, segundo a educadora está muito carente. Os professores não são valorizados como deveriam, e alguns exercem a profissão sem vocação. Esteve ausente de sua fala a preocupação com a didática na perspectiva mais ampla da relação escola-sociedade e da possibilidade da educação contribuir para a transformação das relações sociais vigentes. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após o estudo e o levantamento de dados que foi realizado identificamos que a escola, objeto do nosso estudo, possui uma boa proposta pedagógica, pois, trabalha com projetos, porém, a forma constatada distancia-se das necessidades concretas e emergentes. Os projetos são pré-estabelecidos no período anterior ao início das aulas e são sorteados entre os professores, independentemente do contexto. É visível que a escola observada tem uma tendência pedagógica voltada para a pedagogia tradicional, pois, valoriza a prova contextualizada como a forma de avaliação do aprendizado do aluno e propicia aos alunos apenas uma recuperação por semestre, não havendo a recuperação paralela. As dificuldades encontradas na escola podem ser resolvidas com projetos que estimulem a participação dos pais para eles se conscientizarem da importância da ajuda deles no processo de ensino-aprendizagem de seus filhos. As condições de infra-estrutura da escola (espaço físico) desafiam continuamente o professor criativo, que faz uso da didática para a possível solução dos problemas. A didática, quando utilizada do ponto de vista da relação sociedade-educação, onde a prática da educação é reconhecida como intencional e que busca a emancipação do indivíduo, 9 ou seja, contribui para o exercício da cidadania, para a convivência social, é fundamental na formação do educador, porém quando reduzida apenas como um subsídio metodológico ela pode representar um perigo, já que nessa prática o educador sempre reflete uma ideologia, e se ele não está consciente acaba reproduzindo a ideologia dominante que prepara o indivíduo apenas para um mercado de trabalho altamente excludente. REFERÊNCIAS CASTANHO, Maria Eugênia; CASTANHO, Sérgio E. M. Revisitando os objetivos da educação. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org.). Didática: o ensino e suas relações. 16. ed. Campinas, SP: Papirus, 2010. Coleção Magistério: Formação e trabalho pedagógico. CASTRO, Domingues de. A trajetória Histórica da Didática. Série Idéias n. 11. São Paulo: FDE, 1991. Disponível em: <http://www.centrorefeducacional.com.br/trajddt.htm>. Acesso em: 23/11/2009 COMÊNIUS, J. A. Didática magna. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 1997. CORDEIRO, Jaime. Didática. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2009. DAMIS. Olga Teixeira. Didática e sociedade: O conteúdo implícito do ato de ensinar. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org.). Didática: o ensino e suas relações. 16. ed. Campinas, SP: Papirus, 2010. Coleção Magistério: Formação e trabalho pedagógico. LUCKESI, Cipriano Carlos. O papel da didática na formação do educador. In CANDAU, Vera (org.). A Didática em questão. Petrópolis: Vozes, 2001. NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos projetos; uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências. São Paulo: Érica, 2005. SCHÖN, D.A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Trad.Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2000, 256p.